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Prévia do material em texto

2018
Contabilidade SoCial
Profª. Carla Eunice Gomes Corrêa
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. Maurício Leite
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª. Carla Eunice Gomes Corrêa
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. Maurício Leite
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 V297c
 Vargas, Diego Boehlke
 Contabilidade social. / Diego Boehlke Vargas; Carla Eunice Gomes 
Corrêa; Maurício Leite – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 187 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0197-9
 1.Contabilidade social – Brasil. I. Corrêa, Carla Eunice Gomes. II. 
Leite, Maurício. III. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 339.381
Impresso por:
III
apreSentação
Seja bem-vindo aos estudos de Contabilidade Social! A partir de 
agora, entraremos em uma nova etapa do curso, na qual descobriremos 
instrumentos capazes de mensurar quantitativamente o movimento da 
atividade econômica de um país.
Aqueles indicadores econômicos tão vistos em artigos científicos 
ou em noticiários na televisão, como o Produto Interno Bruto (PIB), as 
exportações e importações e os gastos do governo, serão aqui apresentados e 
discutidos sobre seu real significado.
Você sabia que cada país possui uma maneira de organizar seu 
Sistema de Contas Nacionais? É justamente por meio desses sistemas de 
contas que as informações econômicas são agrupadas. Sua organização é 
fundamental para que possam ser adequadamente utilizadas pelas políticas 
econômicas nacionais. 
Como forma de auxiliá-lo dos estudos apresentados ao longo do livro, 
didaticamente dividimos o tema em três unidades, cada uma delas contando 
com autoatividades de apoio.
Na Unidade 1, você fará uma primeira aproximação dos principais 
temas relativos à Contabilidade Social. Neste capítulo introdutório, você 
conhecerá os conceitos básicos da disciplina e as chamadas identidades 
básicas da Contabilidade Social (Tópico 1). 
Já no Tópico 2, será sistematizado o funcionamento do Sistema de Contas 
Nacionais em economias fechadas e abertas, contando com a presença do governo 
ou não. Por fim, examinaremos os principais agregados macroeconômicos e as 
identidades contábeis presentes no sistema de contas nacionais.
Na Unidade 2, outros três tópicos procuram ordenar nosso estudo em 
Contabilidade Social. No primeiro deles, você verá com maior profundidade 
o Sistema de Contas Nacionais por meio da interpretação das Contas 
Econômicas Integradas e do uso das Tabelas de Recursos e Usos. 
O Tópico 2 avança para o setor externo, cujas exposições garantirão 
que você entenda os principais conceitos do Balanço de Pagamentos, bem 
como identifique e interprete suas contas internas. Já o Tópico 3 foi reservado 
à elaboração da Matriz de Insumo-Produto, criada pelo economista Wassily 
W. Leontief.
Na Unidade 3, avançaremos na disciplina de Contabilidade Social na 
direção da área financeira e dos indicadores econômicos e sociais. O Tópico 
1 será destinado à compreensão do funcionamento e da estrutura do Sistema 
Financeiro Nacional para que possamos analisar as contas monetárias e 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
financeiras das instituições. Em seguida, no Tópico 2, compreenderemos 
a importância dos índices na análise econômica, estudando os índices de 
variação de preço e de quantidade. 
Finalmente, no Tópico 3 da Unidade 3, entenderemos a construção 
de indicadores econômicos e sociais e sua aplicabilidade na economia. 
Discutiremos os conceitos de crescimento e desenvolvimento e analisaremos 
indicadores recentes da economia brasileira.
Cabe lembrar que os temas aqui indicados são o principal material 
para os seus estudos de Contabilidade Social, entretanto, não são os únicos. 
Você verá que, ao longo das páginas deste livro, são indicadas diversas dicas, 
fontes de pesquisa, bibliografias e muito mais para que você possa ampliar 
ao máximo seus conhecimentos. 
Além disso, as autoatividades garantem que o conteúdo estudado 
seja devidamente discutido e aprendido. Portanto, não deixe de fazer e tirar 
as dúvidas posteriormente.
Desejamos um ótimo aprendizado! Bons estudos e um forte abraço!
V
VI
VII
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL..................................................1
TÓPICO 1 – CONTABILIDADE SOCIAL ........................................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 CONCEITOS BÁSICOS ....................................................................................................................4
3 A IDENTIDADE PRODUTO ≡ DISPÊNDIO ≡ RENDA .............................................................7
4 FLUXO CIRCULAR DA RENDA .....................................................................................................14
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................21
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................22
TÓPICO 2 – SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS .................................................23
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................23
2 AS CONTAS NACIONAIS NO SISTEMA SNA 68 .....................................................................23
2.1 ECONOMIA FECHADA E SEM GOVERNO ............................................................................25
2.2 ECONOMIA ABERTA E SEM GOVERNO ................................................................................31
2.3 ECONOMIA ABERTA E COM GOVERNO ...............................................................................34
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................39
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................40
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS ..........................................41
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41
2 DA CONTABILIDADE NACIONAL À MACROECONOMIA................................................41
3 AS IDENTIDADES CONTÁBEIS PRESENTES NO SISTEMA DE 
 CONTAS NACIONAIS .......................................................................................................................45
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................51
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................54
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................55
UNIDADE 2 – O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS E O BALANÇO 
 DE PAGAMENTOS ....................................................................................................57
TÓPICO 1 – O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS (SCN): CONTAS ECONÔMICAS 
 INTEGRADAS (CEI) E TABELAS DE RECURSOS E USOS (TRU) .....................59
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................59
2 SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS ...........................................................................................60
2.1 AS CONTAS NACIONAIS DO BRASIL .....................................................................................62
2.2 TABELAS DE RECURSOS E USOS .............................................................................................65
2.3 AS CONTAS ECONÔMICAS INTEGRADAS ...........................................................................72
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................85
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................87
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................88
Sumário
VIII
TÓPICO 2 – BALANÇO DE PAGAMENTOS: CONCEITOS, ESTRUTURA 
 E REGISTROS ................................................................................................................89
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................89
2 BALANÇO DE PAGAMENTOS ......................................................................................................90
2.1 A ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS .............................................................94
2.2 A CONTABILIDADE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ....................................................107
2.3 BALANÇO DE PAGAMENTOS E CONTAS NACIONAIS ....................................................111
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................116
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................117
TÓPICO 3 – MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO ............................................................................119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 DESAGREGAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS: AS MATRIZES DE 
 INSUMO-PRODUTO ........................................................................................................................120
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................125
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................126
UNIDADE 3 – SISTEMA FINANCEIRO E INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS ...127
TÓPICO 1 – CONTAS MONETÁRIAS E FINANCEIRAS ............................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 MEIOS DE PAGAMENTO: MOEDA CORRENTE E MOEDA ESCRITURAL ......................130
3 FUNÇÕES DO BANCO CENTRAL ...............................................................................................134
4 CONTAS MONETÁRIAS ................................................................................................................136
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................144
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................145
TÓPICO 2 – ÍNDICES DE VARIAÇÃO DE PREÇO E QUANTIDADE .....................................147
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147
2 CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES E PRODUTOS ................................................................148
2.1 PERÍODO DE COLETA ...............................................................................................................152
3 CONSTRUÇÃO DE NÚMEROS-ÍNDICES ..................................................................................152
3.1 CONCEITO DE RELATIVOS ......................................................................................................152
3.2 RELATIVOS ...................................................................................................................................153
3.3 MUDANÇA DE BASE .................................................................................................................155
3.4 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR ................................................................................156
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................159
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
TÓPICO 3 – INDICADORES ECONÔMICOS E SOCIAIS ..........................................................163
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163
2 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ..................................................................................164
3 CONCEITO E CONSTRUÇÃO DE INDICADORES ..................................................................169
4 INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA E SOCIAIS ........................................................171
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................178
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................182
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................183
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À CONTABILIDADESOCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• conhecer os conceitos básicos da Contabilidade Social por meio das 
identidades básicas;
• compreender o funcionamento do fluxo circular da renda;
• sistematizar o funcionamento do Sistema de Contas Nacionais;
• examinar os principais agregados macroeconômicos, 
• identificar as identidades contábeis presentes no Sistema de Contas 
Nacionais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o auxiliarão no seu aprendizado.
TÓPICO 1 – CONTABILIDADE SOCIAL
TÓPICO 2 – SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONTABILIDADE SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
Nas páginas que compõem este livro, você descobrirá a importância 
dos temas ligados à contabilidade social para o estudo da Ciência Econômica. 
Estudaremos desde os conceitos mais elementares a respeito da contabilidade 
social até a utilização das teorias pelos países para a compreensão de suas 
economias. 
Nesta primeira unidade do livro, o objetivo mais geral será conhecer as 
noções iniciais sobre a Contabilidade Social por meio das identidades básicas; 
sistematizar o funcionamento do Sistema de Contas Nacionais e examinar os 
principais agregados macroeconômicos.
A compreensão do conjunto de todas as atividades econômicas de um 
país e suas inter-relações é uma tarefa difícil, ainda mais em um contexto em 
que desconhecemos os reais volumes de produção, renda, emprego e fluxos 
internacionais. É fundamental que as informações estatísticas e econômicas 
estejam alinhadas, para que empresas, estado e demais agentes econômicos 
possam produzir uma economia justa e igualitária para todos.
Assim, para que serve, afinal, a Contabilidade Social? Qual a importância 
do estado para a regulação da atividade econômica? Como são organizadas as 
contas nacionais no Brasil? Quais são os principais agregados macroeconômicos 
que compõem nossa economia?
Preparamos o presente livro com a pretensão de conter uma leitura fácil 
e dinâmica, cujas páginas contam com ilustrações, informações adicionais e dicas 
para aprofundar o seu estudo.
No Tópico 1, estudaremos a chamada identidade básica das contas 
nacionais, um conceito muito importante para a Contabilidade Social. Além 
disso, iremos compreender do que se trata o fluxo circular da renda.
Desejamos ótimos estudos!
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
4
2 CONCEITOS BÁSICOS
A Contabilidade Social é uma área que integra a Ciência Econômica, 
responsável pela mensuração dos grandes agregados da economia de um 
país em certo período. Trata-se da contribuição da Contabilidade para melhor 
compreendermos as economias mundiais.
Para que uma política econômica seja eficiente, é preciso que saibamos 
com precisão, por exemplo, quanto se produziu em certo período, qual foi o 
nível de investimento, quanto se vendeu para o exterior, e quanto se comprou 
do exterior. Outro exemplo está na execução das políticas fiscais, as quais não 
ocorreriam caso não tivéssemos conhecimento a respeito da arrecadação e dos 
gastos do governo.
NOTA
O estudo dos grandes agregados econômicos nacionais se refere à mensuração 
e ao comportamento da economia como um todo, ou seja, compreender a renda nacional, 
o produto nacional, o nível de inflação, o emprego e o desemprego, o estoque de moedas 
e a taxa de juros, o balanço de pagamentos, a taxa de câmbio. 
O consumo individual e a produção individual, por exemplo, não são considerados 
agregados econômicos pois não condizem com o conjunto de toda a economia de um 
país (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).
Por que é importante avaliarmos os agregados econômicos por meio de 
contas? Por que há necessidade de uma “contabilidade social”? A contabilidade, 
que surgiu em 1494 a partir dos estudos de Luca Pacioli, não estaria preocupada 
em lidar com a vida econômica das empresas? Seria ela adequada para contribuir 
com a economia de um país?
A teoria macroeconômica, bem como a história do pensamento econômico, 
pode ajudar na compreensão das perguntas. Como o próprio nome já diz, a 
macroeconomia possui uma visão macroscópica dos fenômenos econômicos, de 
modo que suas variáveis sempre são agregadas. Daí a importância fundamental 
para a contabilidade social (PAULANI; BRAGA, 2012).
Os objetos de estudo da macroeconomia combinam com as variáveis 
agregadas mensuradas pela contabilidade social. Assim, a contabilidade 
social se torna uma fonte de informação para a execução de diversas políticas 
macroeconômicas.
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
5
FIGURA 1 – OBJETOS DE ESTUDO E AGREGADOS ECONÔMICOS NACIONAIS
FONTE: Os autores
A própria ciência econômica nasce com a preocupação para o crescimento 
econômico e a repartição do produto social ao final do século XVIII. Os principais 
autores da Escola Clássica, tais como Adam Smith, David Ricardo e John Stuart 
Mill, quando investigam o funcionamento da economia, estavam constantemente 
interessados nos resultados econômicos para a dimensão agregada (PAULANI; 
BRAGA, 2012).
Outro economista, Jean Baptiste Say, também revelava maior atenção 
aos aspectos de simultaneidade, interdependência e identidade nas relações 
econômicas, temas próprios da contabilidade social.
No entanto, com a chamada revolução marginalista, ao final do século 
XIX, a preocupação com o nível agregado da economia perde sua força quando 
comparada com o avanço dos estudos das dinâmicas microeconômicas, relativos 
ao comportamento geral dos agentes econômicos, tais como as empresas e os 
consumidores.
NOTA
: A Revolução Marginalista trata de uma nova abordagem trazida para o 
pensamento econômico a partir de economistas como William Stanley Jeveons (1835-
1882), Carl Menger (1840-1921) e Léon Walras (1834-19140) (PAULANI; BRAGA, 2012).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
6
A próxima escola de pensamento da Economia se organiza na teoria 
neoclássica, na virada do século XIX para o século XX. Embora seu principal 
representante, Alfred Marshall, tenha levado em conta os preceitos dos 
economistas clássicos, dividiu a economia por meio de dois conceitos: o real e o 
monetário.
Assim, deixava de lado a preocupação efetiva com o crescimento da 
riqueza e da divisão do produto, cuja análise revelava a utilização de variáveis 
agregadas e sua mensuração. Novamente, subjugava-se a utilização dos conceitos 
e entendimentos próprios à contabilidade social.
A crítica ao pensamento marginalista viria a surgir a partir de John 
Maynard Keynes (1883-1946), com a publicação de “Teoria geral do emprego, 
do juro e da moeda”, em 1936. Ainda, é a partir do momento em questão que a 
macroeconomia, tendo a contabilidade social como fonte de informação, teve seu 
(re)surgimento.
NOTA
A Teoria geral de Keynes traz os contornos definitivos para os conceitos 
fundamentais da contabilidade social, bem como enfatiza a existência de identidades no 
nível macro e a relação entre os diferentes agregados (PAULANI; BRAGA, 2012).
FIGURA 2 – KEYNES E SUA PRINCIPAL OBRA PUBLICADA
FONTE: Disponível em: <https://d3i6fh83elv35t.cloudfront.net/newshour/app/
uploads/2015/08/GettyImages-3092643-1024x683.jpg>. Acesso em: 6 jun. 2018.
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
7
A crise da década de 1930, iniciada com o colapso da quebra da bolsa 
de valores de Nova Iorque em 1929, traz a importância da macroeconomia e da 
contabilidade social. A partir de Keynes, os economistas passaram a saber o que 
era importante medir, mas também como medir e por que medir em termos de 
agregados econômicos. 
Perceba que a Revolução Keynesiana, como costuma ser chamada a 
participação de Keynes no debate acadêmico e político, trouxe a possibilidade 
de os economistas do período verificarem o comportamento e a evolução da 
economia de uma forma sistêmica.
A partir dos primeiros esforços para fechar logicamente o sistema 
de contas nacionais, a teoria macroeconômicae a contabilidade 
social experimentaram desenvolvimentos conjuntos, beneficiando-se 
mutuamente. Ainda, a evolução prática da contabilidade social, rumo 
à produção de estatísticas sistematizadas sobre variáveis agregadas, 
foi tornando possível a verificação empírica das proposições teóricas 
derivadas da macroeconomia, seja no que tange a leis fundamentais, 
seja no que diz respeito a modelos específicos (PAULANI; BRAGA, 
2012, p. 4).
O princípio das partidas dobradas (quando um lançamento a débito deve 
sempre corresponder ao outro de mesmo valor a crédito) e a exigência de um 
equilíbrio interno (a igualdade entre o valor do débito e do crédito em cada uma 
das contas) e externo (igualdade entre todas as contas do sistema) mostraram ser 
fundamentais para a tarefa de mensurar de forma sistêmica e lógica a evolução e 
o comportamento dos agregados econômicos (PAULANI; BRAGA, 2012).
Por meio da perspectiva, a contabilidade passa a ser responsável por 
medir, de forma macroscópica, o comportamento da atividade econômica, como 
se a economia fosse uma grande empresa e seus resultados, em um certo período 
de tempo, apresentados em contas que integram o Sistema de Contas Nacionais. 
O fechamento de todas as informações precisa ser útil aos governos federais, 
no sentido de contribuir com uma ideia mais clara dos rumos de uma sociedade 
econômica, tanto do ponto de vista do setor privado quanto da sociedade civil, 
para que a intervenção governamental seja suficiente na resolução dos problemas 
econômicos e sociais.
3 A IDENTIDADE PRODUTO ≡ DISPÊNDIO ≡ RENDA
É importante ressaltar que é a partir da identidade entre produto, 
dispêndio e renda que há a derivação do fluxo circular da renda e, também, que 
há uma identidade própria do sistema econômico. Uma compra não ocorre se, 
de outro lado, também haja uma venda; produção não ocorre sem dispêndio, 
tampouco, sem geração de renda.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
8
Portanto, não podemos confundir igualdade com identidade. Compra não 
é igual à venda, ou precede a venda, nem explica a venda. Não há uma relação de 
causalidade, mas de identidade. Assim, é usado o sinal de identidade (≡) e não 
de igualdade (=).
Os exemplos a seguir procuraram clarear as ideias. Nas próximas linhas, 
compreenderemos que o produto de um país pode ser mensurado a partir de três 
óticas: a ótica do dispêndio, a ótica do produto, e a ótica da renda.
a) Ótica do dispêndio:
Imaginemos uma economia hipotética H na qual não exista governo e não 
realize transações com o exterior. Na economia, existem apenas quatro setores 
econômicos, cada um deles com uma empresa: produção de sementes (setor 1), 
produção de trigo (setor 2), produção de farinha de trigo (setor 3) e produção de 
pães (setor 4). Ao final do ano X, teríamos as seguintes transações entre os setores, 
apresentadas no Quadro 1:
QUADRO 1 – TRANSAÇÕES OCORRIDAS NA ECONOMIA H NO ANO X
A empresa do setor 1 produziu sementes no valor de $500 e vendeu-as à empresa do setor 2.
A empresa do setor 2 produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu-o à empresa do setor 3.
A empresa do setor 3 produziu farinha de trigo no valor de $2.100 e vendeu-a à empresa do setor 4.
A empresa do setor 4 produziu pães no valor de $2.520 e vendeu-os aos consumidores finais.
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 10)
Primeiramente, procuraríamos responder, qual foi o produto da 
economia? Para tanto, precisaríamos saber o que foi produzido no ano X. A partir 
dos dados, podemos presumir que foi produzido um valor de $6.620, que se 
refere à soma das sementes ($500), do trigo ($1.500), da farinha de trigo ($2.100) 
e de pães ($2.520).
Ao final do período X, a economia H não possui todos os itens à disposição. 
As sementes foram consumidas para a produção do trigo, o trigo na farinha de 
trigo, e a farinha de trigo na produção de pães. Temos, portanto, apenas os pães, 
no valor de $2.520, relativo à produção. Os demais bens foram utilizados em 
diferentes estágios da cadeia produtiva na forma de insumos.
Assim, temos o valor bruto da produção, no valor de $6.620, que 
corresponde ao que foi produzido, incluindo aquilo que foi utilizado como insumo 
no processo produtivo de outros bens, chamado de consumo intermediário: as 
sementes, o trigo e a farinha de trigo.
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
9
Para encontrarmos o valor do produto de uma economia, o produto agregado, 
é preciso deduzir do valor bruto da produção o valor do consumo intermediário.
ATENCAO
A forma mais fácil de encontrarmos o valor do produto de uma economia 
é considerar apenas o valor dos bens finais produzidos. No exemplo da economia 
H foram os pães.
NOTA
Os bens finais de uma economia são aqueles produtos que estão prontos para 
serem consumidos pelos indivíduos. São aqueles itens que não precisarão passar por etapa 
de produção alguma para poderem ser consumidos, tampouco serão utilizados para o 
consumo intermediário.
Contudo, aqueles produtos que não foram utilizados na esfera da 
produção também precisam ser contabilizados no produto da economia. Assim, 
caso a empresa do setor 2, por exemplo, que produz trigo, não queira vender todo 
o trigo produzido para a produção de farinha de trigo, a parcela restante também 
será somada ao produto da economia. 
Assim, a parcela não consumida no processo de produção não será 
nomeada de consumo intermediário, nem de bem final, pois trata-se de uma 
produção realizada pela economia que, no futuro, tornar-se-á um bem final.
Assim, podemos perceber que não é a natureza de um bem que determina 
se ele é final ou intermediário, mas a sua utilização no momento da contabilização 
das contas nacionais. No caso do trigo, se suas unidades ainda não tiverem sido 
utilizadas no consumo intermediário, para os efeitos da contabilidade nacional, 
ele é considerado um bem final.
A forma de perceber o produto de uma economia é chamada de ótica da 
despesa ou ótica do dispêndio. A interpretação procura responder: para produzir 
quais tipos de bens a economia despendeu esforços, força de trabalho, recursos, 
capital material? 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
10
No caso da economia H, o dispêndio foi totalmente concentrado para a 
produção de pães e no caso da empresa do setor 2 não vender todo o trigo, o 
dispêndio da economia H seria relativo à produção de pães para o consumo e (b) 
para a produção de trigo para o consumo futuro.
NOTA
A ótica da despesa ou ótica do dispêndio avalia o produto de uma economia, 
considerando a soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos no período que 
não foram destruídos (ou absorvidos como insumos) na produção de outros bens e serviços 
(PAULANI; BRAGA, 2012).
b) Ótica do produto:
Vimos, portanto, que a ótica do dispêndio procura averiguar o produto 
total de certa economia em determinado período. Entretanto, para que 
compreendamos a identidade produto ≡ despesa ≡ renda, precisamos considerar 
as três óticas em conjunto.
A ótica do produto propriamente dita é denominada pelos economistas 
como valor adicionado. Para entendermos a dimensão, utilizaremos novamente 
as informações de exemplo anteriores, dispostas no Quadro 2:
QUADRO 2 –TRANSAÇÕES OCORRIDAS NA ECONOMIA H NO ANO X
A empresa do setor 1 produziu sementes no valor de $500 e vendeu-as à empresa do setor 2.
A empresa do setor 2 produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu-o à empresa do setor 3.
A empresa do setor 3 produziu farinha de trigo no valor de $2.100 e vendeu-a à empresa do setor 4.
A empresa do setor 4 produziu pães no valor de $2.520 e vendeu-os aos consumidores finais.
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 12)
Agora, perguntamos: o que foi produzido na economia quando olhamos 
unidade produtiva por unidade produtiva? A empresa do setor 1 produziu $500 
em sementes, e como não precisou comprar nenhum insumo, seu produto é, de 
fato, $500.
Já a empresa do setor 2 produziu $1.500, mas ela só pôde produzir o valor 
a partir da compra das sementes no valor de $500 da empresa do setor1. Assim, 
para o cálculo do produto a partir da ótica, os insumos utilizados devem ser 
descontados para encontrarmos o produto. O produto da empresa do setor 2 foi 
de $1.000, que é a diferença entre o valor de sua produção ($1.500) e o valor da 
produção que adquiriu da empresa do setor 1 ($500).
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
11
O valor adicionado é justamente a quantia que é adicionada em um determinado 
ambiente de produção. A empresa do setor 2 adicionou $1.000 aos $500 que recebeu em 
sementes da empresa do setor 1. Transformou sementes em trigo.
ATENCAO
Quando miramos para o caso dos demais setores de nosso exemplo, temos 
a conclusão exposta no Quadro 3:
QUADRO 3 – PRODUTO DA ECONOMIA H NO ANO X
Produto (ou valor adicionado) do setor 1 $500
Produto (ou valor adicionado) do setor 2: $1.500 – $500 $1.000
Produto (ou valor adicionado) do setor 3: $2.100 – $1.500 $600
Produto (ou valor adicionado) do setor 4: $2.520 – $2.100 $420
Produto total ou valor adicionado total $2.520
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 15)
O produto total ou o valor adicionado total para a economia foi de $2.520, 
pois refere-se à soma de todos os valores adicionados ao longo de todas as etapas 
de produção. Tanto pela ótica do dispêndio, vista anteriormente, quanto aqui, 
na ótica do produto, o produto total para a economia é o mesmo. Trata-se de 
enxergar e mensurar o mesmo agregado econômico por meio de óticas diferentes 
para o mesmo período.
NOTA
Pela ótica do produto, a avaliação do produto total da economia consiste 
na consideração do valor efetivamente adicionado pelo processo de produção em cada 
unidade produtiva (PAULANI; BRAGA, 2012).
Logo, o produto de uma economia pode ser mensurado a partir do valor 
adicionado deduzindo, de cada unidade produtiva, o consumo intermediário do 
valor bruto da produção.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
12
c) Ótica da renda
A identidade produto ≡ renda leva em conta que para produzirmos 
qualquer produto, precisamos consumir previamente fatores de produção. Dito 
de outra forma, devemos empregar determinados fatores de produção (mão de 
obra, empréstimos, insumos etc.) durante a produção de um produto.
Para os objetivos dos nossos estudos, podemos considerar que os fatores 
de produção são classificados em trabalho e capital. O trabalho se refere à força 
de trabalho humano, enquanto o capital se refere às máquinas, aos equipamentos, 
aos imóveis utilizados na produção, moinhos, celeiros, dentre tantos outros 
elementos que podemos imaginar que são utilizados para o processo de produção.
É, portanto, entre o trabalho e o capital que devemos repartir o produto 
gerado por uma economia, uma vez que certo produto só pôde ser feito a partir da 
participação dos fatores de produção. Nas economias de mercado, a forma encontrada 
para repartir o produto gerado foi a partir de uma remuneração monetária.
NOTA
A remuneração do fator trabalho é denominada salário e a remuneração do 
fator capital é denominada lucro.
Consequentemente, as remunerações pagas aos fatores de produção, ou 
seja, as rendas, consideradas em conjunto em certo período, devem ser iguais ao 
produto obtido por uma economia. Assim, chegamos novamente à identidade da 
contabilidade social, agora expressa pela identidade produto ≡ renda.
De volta ao exemplo apresentado anteriormente, suponhamos que 
saibamos as rendas pagas aos fatores de produção dos quatro setores da Economia 
H no ano X, conforme a Tabela 1:
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
13
Como observamos, o total das remunerações pagas aos fatores de 
produção é idêntico ao total do produto obtido na economia no período X. 
NOTA
O produto gerado por uma economia em um determinado período de tempo 
é igual à renda gerada no mesmo período (PAULANI; BRAGA, 2012).
Ainda, podemos notar que a soma das remunerações de cada setor 
também iguala o produto da economia, embora a mensuração do produto pela 
ótica da renda não exija que se investigue setor por setor. 
Para encontrarmos o produto pela ótica da renda, basta apenas que sejam 
somadas as remunerações pagas aos diferentes fatores de produção: o total gasto 
com salários e o total dos lucros ganhos no período (conforme podemos visualizar 
na última linha da Tabela 1).
Pela ótica da renda, podemos avaliar o produto gerado pela economia 
em um determinado período de tempo, considerando o montante total 
das remunerações pagas a todos os fatores de produção nesse período 
(PAULANI; BRAGA, 2012, p. 18).
Podemos apreender que a identidade produto ≡ dispêndio ≡ renda 
permite avaliar o produto de uma economia para um certo período por meio de 
três óticas: do dispêndio, do produto e da renda.
TABELA 1 – RENDA DA ECONOMIA H NO ANO X
Setor Salários Lucros Renda Nacional (salários + lucros)
Setor 1 $400 $100 $500
Setor 2 $800 $200 $1.000
Setor 3 $480 $120 $600
Setor 4 $336 $84 $420
Total $2.016 $504 $2.520
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 18)
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
14
FIGURA 3 – A IDENTIDADE PRODUTO ≡ DISPÊNDIO ≡ RENDA EM UMA ECONOMIA
FONTE: Os autores
A Figura 3 procura detalhar as principais características de cada uma das 
três óticas.
A identidade produto ≡ dispêndio ≡ renda está presente em todo o 
funcionamento da economia, cuja dinâmica origina um conceito muito importante 
na economia, relativo ao fluxo circular da atividade econômica, que será visto nas 
páginas seguintes.
4 FLUXO CIRCULAR DA RENDA
Todos os dias, a todo o momento, em todas as nossas atividades, ocorrem 
transações e fluxos que determinam os aspectos materiais de nossas vidas em 
sociedade.
Ao comprarmos um simples pão na padaria, por exemplo, passamos 
a estabelecer inúmeras relações com diferentes pessoas e instituições, fazendo 
com que os mecanismos da economia girem e produzam determinado tipo de 
sociedade.
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
15
FONTE: Os autores
FIGURA – 4 INTER-RELAÇÕES ENTRE OS AGENTES ECONÔMICOS
Para compreendermos certa economia, suponhamos que o dinheiro não 
componha os fluxos existentes, restando assim, apenas um conjunto de bens e 
serviços ao final de um período de atividades econômicas.
Mas qual finalidade produzimos bens e serviços? Para que servem as 
mercadorias? Ora, os bens e serviços são utilizados para saciar nossas necessidades, 
sejam quais elas forem, portanto, servem para serem consumidos pela própria 
sociedade que os produziu e garantir que a reprodução social e material ocorra.
Os indivíduos que compõem certa sociedade aparecem duas vezes na 
dinâmica de reprodução social. Em cada momento, desempenham um papel distinto: às 
vezes são produtores; às vezes, consumidores daquilo que foi produzido.
ATENCAO
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
16
Para que indivíduos de uma sociedade desempenhem o papel de 
consumidores, basta que haja vontade em demandar certos produtos. Entretanto, 
para que desempenhem o papel de produtores, é preciso que sejam proprietários 
de fatores de produção, donos de indústrias, de máquinas e equipamentos, de 
matérias-primas. Contudo, todas as pessoas possuem ao menos um fator de 
produção, a força de trabalho, que é de propriedade de cada um de nós.
Assim, procuramos organizar a sociedade por meio de dois conjuntos: as 
famílias e as empresas (ou unidades produtivas). As empresas produzem para 
que as famílias consumam bens e serviços. 
Uma vez que as famílias também são proprietárias de fatores de produção 
– sua força de trabalho – os produtos produzidos retornarão para o consumo 
dos indivíduos. As famílias “trocam” seu único fator de produção para que as 
empresas possam produzir por bens e serviços.
Agora, se voltarmos à identidade da contabilidade social produto ≡ 
dispêndio ≡ renda, perceberemos que a ótica do produto se refere às atividades 
dos indivíduos como produtores, ou às atividades das próprias empresas, uma 
vez que a ótica do produto procura avaliar unidade produtiva por unidade 
produtiva. Por outro lado, a ótica do dispêndio se refere às demandasdos 
consumidores, ou às atividades das famílias.
Lembrando que o dinheiro não existe na economia que estamos supondo. 
O fluxo para a economia será apenas de bens e serviços e, possivelmente, ocorrerá 
da seguinte forma:
FIGURA 5 – FLUXO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA SEM A PRESENÇA DE DINHEIRO
FONTE: Adaptado de Paulani e Braga (2012)
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
17
Já a Figura 6, a seguir, apresenta o fluxograma do conjunto muito simples 
de transações, ainda sem a presença do dinheiro. É a forma mais comum de 
apresentarmos as relações que ocorrem entre as empresas e as famílias.
FIGURA 6 – FLUXOGRAMA DA RELAÇÃO EMPRESA-FAMÍLIA
FamíliasEmpresas
4
3
2
1
Bens de serviços finais
Fatores de produção 
(Trabalho e capital material)
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 21)
Por meio do fluxograma, é possível visualizar dois movimentos: primeiro, 
aquele expresso pela linha 1, que diz respeito aos fatores de produção (a mão de 
obra) das famílias sendo levados às empresas. O segundo movimento está na linha 
3, que corresponde aos bens e serviços finalizados sendo levados até às famílias.
O passo Número 2 da Figura 6 não aparece aqui, pois se trata das atividades 
internas das empresas durante o processo de produção de bens e serviços. Assim 
como o passo 4, uma vez que se refere ao consumo, uma atividade interna às famílias.
Agora, uma vez que compreendemos a ótica do produto e do dispêndio 
no fluxo da atividade econômica, resta-nos conhecer o funcionamento da ótica 
da renda.
Para tanto, vamos abandonar nossa suposição inicial e considerar a 
presença do dinheiro para a economia. As sociedades econômicas vivem da 
troca de mercadorias, por exemplo, certa quantia de força de trabalho por certa 
quantidade de produtos. 
As trocas são mediadas ou intermediadas por dinheiro. Assim, o fluxo 
simples de relações visto anteriormente vai ser complementado pela variável 
dinheiro, o chamado fluxo monetário.
O fluxo para a economia, composto por bens, serviços e dinheiro, ocorrerá 
da seguinte forma:
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
18
FIGURA 7 – FLUXO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA COM A PRESENÇA DE DINHEIRO
FONTE: Adaptado de Paulani e Braga (2012)
A Figura 8, a seguir, apresenta o fluxograma do conjunto mais complexo 
de transações, que conta com a presença do dinheiro. É a forma mais comum de 
apresentarmos as relações que ocorrem entre as empresas e as famílias quando há 
participação do dinheiro. A linha cheia representa os bens e serviços, enquanto a 
linha pontilhada é utilizada para demonstrar os fluxos monetários. 
FIGURA 8 – FLUXOGRAMA DOS BENS E SERVIÇOS E O FLUXO MONETÁRIO
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 21)
Famílias
4
3
1
Bens de serviços finais
Força de trabalho e capital material
Empresas
2
Salário e Lucro [$]
Salário e Lucro [$]
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE SOCIAL
19
Com a leitura da Figura 8, constatamos o movimento concreto dos bens e 
serviços, bem como o movimento do dinheiro. No passo 1, há um fluxo de fatores 
de produção (os bens reais), representado pela mão de obra das famílias para 
empresas. Entretanto, há também um fluxo monetário, no sentido contrário, das 
empresas para as famílias, representado pelos salários e lucros pagos (a linha 
pontilhada).
No passo 3, temos outro movimento: há um fluxo real das empresas para 
as famílias, que são os bens e serviços finais produzidos e um fluxo monetário 
das famílias para as empresas, representado pela renda gasta com a aquisição dos 
bens e serviços (a linha pontilhada).
Os passos 2 e 4 são iguais ao esquema anterior mais simples, referindo-se 
às atividades internas das empresas durante a produção, e das famílias durante 
o consumo.
Para completar nossa análise sobre a identidade da contabilidade social 
produto ≡ dispêndio ≡ renda, é importante perceber que com a existência do fluxo 
monetário, podemos compreender a ótica renda, que considera os membros da 
sociedade em sua condição de proprietários de fatores de produção.
Segundo Paulani e Braga (2012, p. 23), uma síntese sobre as três óticas 
poderia ser descrita da seguinte forma:
Na sociedade em que vivemos [...], a ótica do produto considera a 
atividade dos indivíduos como produtores, ou seja, a atividade das 
unidades produtivas ou empresas. Já́ a ótica do dispêndio (ou do gasto, 
ou da demanda) refere-se a sua atuação como consumidores, ou seja, 
como famílias. Finalmente, a ótica da renda analisa os indivíduos em 
sua condição de proprietários de fatores de produção. As transações 
ocorrem entre famílias e empresas e envolvem fluxos reciprocamente 
determinados de bens e serviços concretos, por um lado, e de dinheiro, 
por outro.
Assim, vimos ao longo deste tópico, que há uma identidade entre produto, 
dispêndio e renda, mas, ainda, é preciso reforçar que o conjunto das atividades 
e transações de uma economia (o agregado) se trata de diversas idas e vindas de 
bens/serviços e de dinheiro.
É justamente ao fluxo de idas e vindas de bens/serviços e de dinheiro que 
damos o nome de fluxo circular da renda.
A economia é vista como um fluxo, pois está em constante movimento, 
e é circular, pois tende a passar sempre pelos mesmos pontos, ainda que em 
momentos e em condições diferentes. Por fim, o fluxo circular é da renda (e 
não da despesa nem do produto) porque está associado ao lado monetário das 
transações.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
20
Se pararmos para pensar, “aquilo” que está sempre circulando é o dinheiro. 
O dinheiro utilizado para remunerar os fatores de produção (matérias-primas, 
mão de obra...) é o mesmo utilizado para a aquisição de bens/serviços finais (por 
exemplo, as compras nos supermercados pelas famílias). Assim, o dinheiro vai e 
volta ao longo da economia.
Por outro lado, os bens/serviços reais (ou concretos) têm caminho apenas 
de ida. Os fatores de produção saem das famílias e vão para as empresas. Quando 
saem das empresas, já estão transformados em bens finais prontos para o consumo. 
Esses bens também não irão circular, pois também têm caminho apenas de ida: 
das empresas para as famílias.
IMPORTANT
E
Você entendeu o sentido do termo “fluxo circular da renda”? Cada uma dessas 
palavras possui um significado importante para o entendimento do crescimento econômico.
Outra ideia interessante sobre a proposição teórica do fluxo circular da 
renda é que o fluxo é contínuo e ininterrupto. Ele nunca cessa, embora possa 
apresentar mudanças de intensidade em determinados períodos. 
Em uma economia real, o fluxo nunca começa do passo 1 e/ou termina 
no passo 4, porque de fato o fluxo é constante. Assim, para que possamos avaliar 
os resultados dos movimentos para uma economia, precisamos dar um pause em 
todas as transações econômicas durante certo período para, então, podermos 
medir o volume de produção, salários, fatores de produção, entre outros 
indicadores que se queria.
Assim, quanto maior for a intensidade do fluxo em certo período escolhido, 
por exemplo, um ano, maior será a produção, a renda e o dispêndio da economia 
para aquele ano.
Ao registrarmos um aumento do fluxo entre um período e outro, por 
exemplo, um aumento do fluxo entre este ano e o ano anterior, estaremos 
revelando um crescimento econômico: maior produção, maior emprego, maior 
renda e maior consumo. 
Entretanto, se a variação da intensidade do fluxo circular da renda for 
negativa entre o período atual e o anterior, estaremos diante de uma redução da 
atividade econômica.
Caro acadêmico, esperamos que os estudos ao longo do Tópico 1 tenham 
sido esclarecedores. Nos próximos tópicos, aprofundaremos o entendimento 
a respeito da Contabilidade Social. Acompanhe nossa revisão e resolva as 
autoatividades para melhor assimilarmos e aproveitarmos os conceitos. 
21
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os grandes agregados econômicos nacionais se referem à mensuração e ao 
comportamento da economia como um todo.
• A teoria keynesiana é responsável por formular os conceitos fundamentaisda 
contabilidade social.
• O princípio das partidas dobradas considera que haja um equilíbrio interno e 
externo entre as contas nacionais.
• O sistema econômico possui uma identidade entre produto, dispêndio e renda.
• A partir da ótica do dispêndio, o produto de uma economia mostra-se pela 
soma dos valores de todos os bens e serviços finais que não foram destruídos 
ou consumidos na produção de outros bens e serviços.
• Pela ótica do produto, o produto da economia consiste no valor efetivamente 
adicionado pelo processo de produção em cada unidade produtiva.
• A partir da ótica da renda, o produto de uma economia se refere à soma das 
remunerações pagas a todos os fatores de produção.
• A relação entre empresas e famílias sem a presença de dinheiro pode ser vista 
na troca entre fatores de produção e bens/serviços finais.
• Quando ocorre a mediação do dinheiro entre empresas e famílias, os salários/
lucros são transferidos às famílias e a renda despendida é transferida às 
empresas.
• Quanto maior for a intensidade do fluxo circular da renda, maior será o 
crescimento da economia por meio do aumento da produção, do emprego, da 
renda e do consumo.
RESUMO DO TÓPICO 1
22
1 Considere uma economia que produz R$1.500 em bens finais (camisetas) 
e R$1.000 em bens intermediários (fios), sendo que uma parte dos bens 
intermediários, no valor de R$200, não foi consumida no período. 
a) Explique como calcular o produto de uma economia pela ótica do dispêndio.
b) Qual é o produto desta economia a partir da ótica do dispêndio.
2 De que forma se calcula o produto de uma economia por meio do método do 
valor adicionado (ou ótica do produto)?
3 Descreva como ocorre o fluxo de bens e serviços em uma economia que 
considera a presença do dinheiro.
4 Explique o motivo pelo qual o crescimento econômico depende da 
intensidade do fluxo circular da renda na economia.
AUTOATIVIDADE
23
TÓPICO 2
SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O tópico que você estudará a partir de agora é muito importante para 
todo o estudo da disciplina de Contabilidade Social.
O tema a ser visto aqui será relativo ao Sistema de Contas Nacionais, 
lançado pela Organização das Nações Unidas, cujas diretrizes vêm sendo 
atualizadas e utilizadas em diversas partes no mundo.
 
Portanto, em um primeiro momento, procuraremos compreender como 
surge a ideia da elaboração de um sistema deste tipo para, então, analisar o caso 
das economias fechadas e abertas, que se trata de uma forma de examinar as 
contas nacionais sem considerar as transações com os demais países.
 
Em seguida, dedicaremos uma parte dos estudos para verificar a 
participação do governo nas contas nacionais. Será o caso de especificar as 
economias fechadas e abertas, mas com a participação do governo e sem a 
participação do governo.
Tenha uma boa leitura!
2 AS CONTAS NACIONAIS NO SISTEMA SNA 68
Os esquemas mais elementares vistos ao longo da Unidade 1 são 
fundamentais para analisarmos a estrutura do Sistema de Contas Nacionais (SCN) 
que é, de fato, utilizado pelos países na execução de suas políticas econômicas.
O que acontece é que as economias reais são muito mais complexas do 
que os modelos e fluxogramas vistos anteriormente, embora sejam extremamente 
úteis aos nossos estudos. 
As transações econômicas existentes, por exemplo, ocorrem em número 
elevado, impossibilitando que todas as características da relação entre empresas 
e famílias fossem colocadas no papel. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
24
A atuação do governo, por outro lado, também é muito importante 
para compreendermos corretamente o fluxo circular da renda, alterando-o 
substancialmente cada uma das etapas. Ainda, há relações travadas entre agentes 
econômicos de outros países, ou seja, uma economia nunca é inteiramente 
“fechada”, mas procura realizar transações constantes com economias de 
diferentes países.
NOTA
Quando nos referirmos às economias “fechadas”, significa que certo país não 
realiza transações econômicas, como compras ou vendas de produtos, com outros países 
do mundo. Já as economias “abertas” possuem atividades econômicas com outros territórios.
Outro exemplo de como a economia real é muito mais complexa do 
que nossos modelos iniciais, pode ser visto pelos fatores de produção, cuja 
remuneração vai além dos salários e dos lucros. Assim, os aluguéis e os juros 
também devem ser contemplados no conceito de renda. 
Ainda, as empresas também realizam interações entre si, originando 
novos fluxos de renda, bem como as famílias, que podem constituir também 
interações autônomas. Noutra análise, percebemos que as famílias nem sempre 
gastam toda a renda recebida. Tal comportamento dará origem a conceitos que 
serão vistos posteriormente, relativos ao investimento e à poupança.
FIGURA 9 – AS RELAÇÕES ECONÔMICAS E SUAS COMPLEXIDADES
FONTE: Os autores
TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
25
A partir das informações podemos supor que cada país possui sua própria 
forma de conduzir as contas nacionais. A base teórica e conceitual é importante 
para que compreendamos a lógica básica por trás do que é específico para cada 
país.
Cada país possui uma forma própria de apresentar as informações 
do sistema de contas nacionais; de maneira que não desrespeite os conceitos 
fundamentais da contabilidade social.
O formato das contas nacionais pode, portanto, variar de país para 
país, e para que possamos comparar as diferentes metodologias, a ONU ficou 
responsável (Organização das Nações Unidas) pela elaboração do chamado SNA, 
System of National Accounts. 
Assim, de tempos em tempos, a ONU lança um conjunto de recomendações 
a serem seguidas pelos países de todo o mundo, com o objetivo de homogeneizar 
e padronizar o formato de apresentação do Sistema de Contas Nacionais. 
Em 1968, foi lançado o SNA 68, que vigorou por um longo período, até ser 
substituído pelo complexo SNA 93, em 1993. Embora tenha ocorrido a mudança 
nos sistemas, os princípios básicos do sistema não se alteram.
Vejamos primeiramente a estrutura do SNA 68 para, mais adiante, 
analisarmos o novo sistema, bem como o caso do Brasil.
2.1 ECONOMIA FECHADA E SEM GOVERNO
Os estudos vistos até o momento mostram que a Contabilidade Social 
reúne instrumentos capazes de mensurar a atividade econômica de um país em 
um determinado período. 
Assim são três as formas pelas quais podemos perceber a produção de 
uma economia. Para que uma economia funcione, é preciso haver produção pois, 
sem produção, não haverá nem dispêndio, tampouco, renda.
Portanto, a conta de produção é a conta mais importante do sistema de 
contas nacionais de uma economia, uma vez que é a partir da produção que as 
outras contas ganham forma.
Na primeira situação que veremos, não será considerada a participação 
do governo e iremos supor que nossa economia não realiza transação econômica 
alguma com outros países, ou seja, tratar-se-á de uma economia fechada.
Pela ótica do dispêndio, vimos que são considerados os bens finais 
produzidos, mas também os bens que não foram destruídos (ou consumidos) ao 
longo do processo produtivo. Por exemplo, os pães (bens finais) e o trigo, que não 
foram consumidos na produção de mais pães.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
26
Em uma outra situação, poderia ter ocorrido que, no momento da 
mensuração do produto, outros produtos tivessem sobrado, tais como farinha de 
trigo e sementes. Ainda, que alguns pães não tivessem sido vendidos. Seria o caso 
da formação de um nível de estoque ao final do período mensurado.
Por meio das situações apresentadas, podemos prever que de uma forma 
será composta a conta de produção: de um lado, teremos o produto; de outro, a 
utilização do mesmo produto pelo consumo das famílias (consumo pessoal ou 
consumo privado) e pela formação ou variação de estoques (valor do estoque de 
trigo, de pães não vendidos, de farinha de trigo e de sementes).
E os estoques, de que são constituídos? Comovimos, trata-se de 
mercadorias com consumo futuro. Tudo aquilo que é produzido, mas não 
consumido no mesmo período, recebe o nome de investimento.
E os investimentos? São constituídos apenas de mercadorias não 
consumidas? A resposta é não! Imagine que nossa economia hipotética tivesse 
produzido pães (e vendidos estes pães), pães (não vendidos), farinha de trigo 
(ainda não vendida) e fornos para assar pães (que ainda não foram devidamente 
ligados e utilizados na produção).
Obviamente, os fornos para assar pães têm caráter especial, porque 
serão utilizados inúmeras vezes para a produção de pães até o momento que se 
desgastem por completo e necessitem ser substituídos por novos fornos. Assim, 
procuramos separar os investimentos em variação de estoques e formação de 
capital fixo. 
NOTA
O investimento costuma ser dividido em variação de estoques, que congrega os 
bens cujo consumo e absorção futuros se darão de uma única vez, e a formação bruta de capital 
fixo, que agrega os bens que não desaparecem depois de uma única utilização e possibilitam 
a produção (e, portanto, o consumo) ao longo de um determinado período de tempo, ou seja, 
possibilitam a produção de um fluxo de bens e serviços (PAULANI; BRAGA, 2012).
TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
27
FIGURA 10 – EXEMPLOS DE CAPITAL FIXO
FONTE: Os autores
Ao contrário dos bens que se incluem em “variação dos estoques”, o 
capital fixo possibilita o consumo de Bens e Serviços Finais por um longo período 
de tempo, embora não seja eterno. Um novo furgão para cargas, por exemplo, 
possibilita que um serviço de entregas seja realizado por muito tempo, até o 
momento de ser substituído ou reformado.
É justamente determinada característica do capital fixo que dá origem 
a uma nova rubrica em nossa conta da produção: a depreciação. O capital fixo 
será utilizado por muito tempo, até o momento que necessite ser recolhido para 
manutenção ou até que se desgaste por completo. Aí teremos os conceitos de 
produto bruto e produto líquido.
Para obter o valor do produto líquido de uma economia em um determinado 
período, é preciso deduzir, do valor total produzido, ou seja, do valor do produto bruto, 
aquela parcela meramente destinada à reposição da parte desgastada do estoque de capital 
da economia, a chamada depreciação (PAULANI; BRAGA, 2012).
ATENCAO
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
28
A partir dos conceitos apresentados, é possível apresentarmos a conta de 
produção de nossa economia fechada e sem governo. Do lado esquerdo, teremos 
o produto líquido e a depreciação que juntos formam o produto bruto. Do outro 
lado, teremos a utilização ou o destino da produção, formado por consumo 
pessoal, variação de estoques e formação bruta de capital fixo. Analise a estrutura 
da conta de produção a partir do quadro a seguir:
QUADRO 4 – CONTA DO PRODUTO (ECONOMIA FECHADA E SEM GOVERNO)
Débito Crédito
A produto líquido C consumo pessoal
B depreciação D variação de estoques
E formação bruta de capital fixo
Produto Bruto Despesa Bruta
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 38)
Portanto, com tal modelo da conta do produto, procuramos revelar 
o produto como dispêndio, levando em conta os bens finais produzidos e 
consumidos e aqueles bens que não foram consumidos no período.
Já outra versão da conta da produção procura demonstrar a renda gerada 
no processo de produção. Aqui também temos a situação de uma economia 
fechada e sem governo, mas o produto é apresentado a partir da soma das 
diversas remunerações realizadas aos fatores de produção como contrapartida 
por terem cedido sua força de trabalho e alocado suas matérias-primas.
Se, anteriormente, reduzimos os tipos de fatores de produção para apenas 
dois, salários e lucros, agora procuraremos nos aproximar um pouco mais de 
uma economia real. Analise as informações do quadro a seguir.
QUADRO 5 – CONTA DO PRODUTO (SEGUNDA VERSÃO)
Débito Crédito
a1 salários C consumo pessoal
a2 lucros D variação de estoques
a3 aluguéis E formação bruta de capital fixo
a4 juros
A renda ou produto nacional líquido
(A=a1+a2+a3+a4)
B depreciação
Renda ou Produto Bruto Despesa Bruta
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 40)
TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
29
Por que os lançamentos da conta da produção aparecem separados no 
lado do débito e no lado do crédito? Os agentes mais importantes são as empresas, 
porque é por meio delas que a produção é realizada e os fatores de produção são 
consumidos. Quanto maiores foram os valores ali lançados, maior terá sido o 
consumo dos fatores de produção e maior será a produção.
Já o lado do crédito se refere ao crédito que as empresas recebem pelos 
bens que foram produzidos, sejam eles já consumidos (consumo pessoal), ainda 
não consumidos (variação de estoques), ou bens que servirão para a produção de 
outros bens (formação bruta de capital fixo). A conta da produção é construída 
sob o ponto de vista das empresas. A renda nacional aparece como um débito e a 
despesa como um crédito.
Com a primeira e a segunda versão da conta da produção, podemos 
perceber a identidade produto = renda = dispêndio. Revela o equilíbrio interno 
do sistema de contas – exigência do princípio das partidas dobradas. 
NOTA
O princípio das partidas dobradas reza que, para um lançamento a débito, 
deve sempre corresponder outro de mesmo valor a crédito. O equilíbrio interno se refere 
à exigência de igualdade entre o valor do débito e o do crédito em cada uma das contas, 
enquanto o equilíbrio externo implica a necessidade de equilíbrio entre todas as contas do 
sistema (PAULANI; BRAGA, 2012).
Para que o sistema entre em equilíbrio externo, ou seja, para haja um 
equilíbrio entre todas as contas, consideraremos também a conta de apropriação 
e a conta de capital.
Primeiro, vejamos a conta de apropriação. A conta nos mostra de 
que maneira as famílias alocam a renda que recebem por terem trabalhado 
certo período. Se na conta de produção as pessoas eram consideradas agentes 
envolvidos nas atividades produtivas, na conta de apropriação elas são vistas 
como unidades de dispêndio.
Assim, as remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de 
produção são lançadas como crédito. Os salários dos funcionários; os lucros 
dos empresários; os aluguéis e os juros dos rentistas: todos créditos recebidos 
enquanto o consumo e a poupança líquida são relativos aos usos e destinos da 
renda, portanto, lançados como débito. Analise como ficou a conta de apropriação 
em sua primeira versão.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
30
QUADRO 6 – CONTA DE APROPRIAÇÃO (PRIMEIRA VERSÃO)
Débito Crédito
C consumo pessoal a1 salários
F poupança líquida a2 lucros
a3 aluguéis
a4 juros
Utilização da Renda Líquida Renda líquida
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 41)
Para que haja um equilíbrio externo, como já comentamos, cada 
lançamento a crédito na conta de apropriação precisa receber um lançamento a 
débito na conta de produção.
O lado do crédito possui os mesmos itens do lado do débito da conta 
de produção. Logo, cada um dos lançamentos a débito na conta de produção 
encontra seu par nos lançamentos a crédito na conta de apropriação. No lado do 
crédito da conta de produção, o item consumo pessoal encontra seu par aqui na 
conta de apropriação, como um lançamento a débito. 
Contudo, alguns itens permaneceram sem contrapartida na conta do 
produto. Os itens D (variação de estoques) e E (formação bruta de capital fixo) 
requerem lançamentos a débito. B (depreciação) requer um lançamento a crédito. 
Já na conta de apropriação, o item F também requer um lançamento a crédito.
Para que o sistema se complete, é preciso adicionar uma terceira conta que 
apresente os lançamentos faltantes: a conta de capital. Analise a conta de capital 
em sua primeira versão a partir do quadro a seguir.
QUADRO 7 – CONTA DE CAPITAL, PRIMEIRA VERSÃO
Débito Crédito
D variação de estoques F poupança líquida
E formação bruta de capital fixo B depreciação
Investimento BrutoPoupança Bruta
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 43)
Além da conta de capital completar e fechar o sistema, uma vez que todas 
as contas passam a ter os lançamentos pareados, revela uma identidade também 
importante para a contabilidade social: investimento ≡ renda.
TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
31
NOTA
A identidade entre investimento e despesa mostra que “se a variação de estoques 
e a formação bruta de capital fixo devem ser considerados investimento, porque possibilitam, 
viabilizam ou ensejam consumo futuro. Eles também devem ser considerados poupança, 
pois indicam que, dos esforços de produção da sociedade em um determinado período de 
tempo, nem tudo foi consumido naquele período, mas parte foi guardada (poupada) para 
ser consumida no futuro” (PAULANI; BRAGA, 2012, p. 43).
Como a poupança diz respeito a um crédito (poupado para um consumo 
futuro), o investimento deve ser suficiente para compensar a poupança efetuada, 
por isso, está lançado como um débito.
2.2 ECONOMIA ABERTA E SEM GOVERNO
Agora que já entendemos o funcionamento básico do sistema de contas 
nacionais, podemos partir para um modelo mais complexo, no qual teremos uma 
economia que realiza transações econômicas com os demais países do mundo, 
mas sem ainda considerar a participação do governo.
Quando uma economia passa a se relacionar com outras economias 
mundiais, dizemos que há uma interação com o resto do mundo. Assim, há uma 
troca de produtos entre o resto do mundo, que possibilita a venda de produtos 
nacionais para o resto do mundo, configurando uma exportação e, também, a 
compra de produtos que foram produzidos pelo resto do mundo, a importação.
IMPORTANT
E
Na Unidade 2, estudaremos por completo a relação entre exportações e 
importações com o auxílio do balanço de pagamentos, da balança comercial e da balança 
de serviços e rendas.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
32
Um elemento importante nas contas que consideram o setor externo 
da economia diz respeito à contabilização dos bens e serviços fatores e os não 
fatores. Ora, as transações econômicas entre os países não se restringem somente 
à compra e à venda de produtos, mas envolvem situações mais complexas, como 
a utilização de fatores de produção externos. Assim, passamos a considerar o 
pagamento e recebimento de lucros de empresas nacionais e estrangeiras, os 
juros, os aluguéis, os royalties. 
Por meio da perspectiva, é possível imaginar que a produção de uma 
economia pode ter sido parcialmente realizada a partir da utilização de fatores 
de não residentes: capital físico, trabalho, investimento ou tecnologia cujos donos 
são de outro país. No caso, a renda gerada a partir de fatores de produção de não 
residentes não pode ser considerada interna e nacional, pois precisa ser reenviada 
para os países de origem.
Agora, por outro lado, se a produção de uma economia contar com a utilização 
de fatores de produção localizados em outros países, os fatores de produção dos 
residentes têm o direito de receber a renda gerada ao longo do processo. 
O que importa, portanto, é o saldo das transações com o exterior. Às 
vezes, o produto interno de uma economia será maior que o produto nacional 
quando utilizou mais fatores de não residentes (estrangeiros) do que de residentes 
(nacionais). A diferença entre o recebimento e o envio de renda é negativo.
Às vezes, o produto interno de uma economia será menor do que o 
produto nacional quando utilizou mais fatores de residentes (nacionais) do que 
de não residentes (estrangeiros). A diferença entre o recebimento e o envio de 
renda é positiva. Com base nos conceitos, podemos apresentar a conta do setor 
externo em sua primeira versão, conforme o quadro a seguir.
QUADRO 8 – CONTA DO SETOR EXTERNO (PRIMEIRA VERSÃO)
Débito Crédito
G exportações de bens e serviços não fatores I importações de bens e serviços não fatores
H renda recebida do exterior J renda enviada ao exterior
K resultado do BP em transações correntes
Total do Débito Total do Crédito
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 47)
Como é uma conta com o resto do mundo, no lado dos débitos aparecem 
os itens que representam débito de nossa economia com o resto do mundo; no 
lado dos créditos aparecem os itens que representam crédito com o resto do 
mundo.
TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
33
A diferença observada em H e J determinará o produto interno e o produto 
nacional de uma economia. Se o resultado for positivo (mais renda recebida do 
que enviada) soma-se ao produto interno; se for negativo, diminui-se do produto 
interno, gerando um produto nacional menor que o produto interno.
E como ficam as demais contas do sistema nacional com a inclusão do setor 
externo? As contas afetadas pelos novos lançamentos são as contas do produto e 
de capital. Vejamos a estrutura de cada uma delas.
QUADRO 9 – CONTA DO PRODUTO (TERCEIRA VERSÃO)
Débito Crédito
I importações de bens e serviços não fatores G exportações de bens e serviços não fatores
J-H renda líquida enviada (+) ou recebida (-) 
do exterior
C consumo pessoal
a1 salários D variação de estoques
a2 lucros E formação bruta de capital fixo
a3 aluguéis
a4 juros
A renda ou produto nacional líquido
(A=a1+a2+a3+a4)
B depreciação
Oferta de Bens e Serviços Demanda por Bens e Serviços
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 48)
A modificação mais evidente na conta de produção é a participação do 
setor externo. Assim, são considerados não apenas os valores produzidos a partir 
dos fatores nacionais, mas também, os valores produzidos com fatores de não 
residentes.
Com a adição do setor externo, a conta de produção passa a demonstrar a 
oferta total no lado do débito, que diz respeito à oferta de produtos disponíveis. 
Enquanto no lado do crédito, que são lançadas as exportações, a conta de 
produção revela a demanda total da economia. Para completar o fechamento do 
sistema, basta apenas encontrarmos um lançamento a crédito para o item K da 
conta do setor externo.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
34
NOTA
A rubrica K, relativa à soma do resultado do Balanço de Pagamentos em 
transações correntes, refere-se à soma do saldo das exportações e importações de bens e 
serviços não fatores, com o saldo da renda enviada e renda recebida do exterior (PAULANI; 
BRAGA, 2012).
QUADRO 10 – CONTA DE CAPITAL (SEGUNDA VERSÃO)
Débito Crédito
D variação de estoques F poupança líquida
E formação bruta de capital fixo B depreciação
K resultado do BP em transações correntes
Investimento Bruto Total Poupança Bruta Total
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 48)
O lançamento K no lado do crédito da conta de capital procura compensar 
o lançamento a débito na conta do setor externo. Se com a análise percebemos 
que investimento tem identidade com a poupança, quer dizer que uma parte da 
poupança será composta pelas transações com o exterior (rubrica K). Uma parte 
do investimento interno será composta pela importação de poupança externa.
2.3 ECONOMIA ABERTA E COM GOVERNO
Após compreendermos o sistema de contas nacionais a partir de 
economias fechadas e abertas sem a presença do governo, completaremos nosso 
modelo considerando a participação do elemento governo no desenvolvimento 
das economias.
Ao passo que o governo arrecada impostos dos mais diversos tipos e 
para os diferentes fins, consome bens e serviços para possibilitar o fornecimento 
de outros bens e serviços à população, tais como saúde, educação, segurança 
pública etc. Também realiza transferências para o setor privado e subsidia muitos 
dos setores econômicos. Daí a importância da conta do governo no sistema de 
contas nacionais, uma conta que tem como objetivo agregar todas as operações e 
transações do governo com a sociedade.
Analise a primeira conta disposta no quadro a seguir. Enquanto os impostos 
e receitas do governo aparecem no lado do crédito da conta, as transferências do 
governo para o setor privado e os subsídios para os setores são listados no lado 
do débito da conta do governo.TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
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QUADRO 11 – CONTA DO GOVERNO
Débito Crédito
L consumo do Governo P impostos diretos
M transferências Q impostos indiretos
N subsídios
R outras receitas correntes líquidas
O saldo do governo em conta corrente
Utilização da Receita Total da Receita
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 50)
Assim, no lado do crédito, a conta governo mostra o valor total da receita 
arrecada pelo governo a partir de diferentes rubricas. Já no lado do débito da 
conta do governo, temos apresentada a utilização da receita total do governo.
É justamente de tal conta que surge um saldo que pode ser negativo ou 
positivo: a relação entre a arrecadação e os gastos do governo. Se o saldo for positivo, 
indica um superávit das contas públicas quando o governo arrecada mais do que 
gasta, gerando uma poupança do governo. Se o saldo for negativo, significa que o 
governo gastou mais do que arrecadou, gerando um déficit das contas públicas, 
precisando ser financiado por poupanças privadas internas ou externas.
No lado do crédito da conta do governo percebemos que os impostos 
são separados em impostos diretos e impostos indiretos. Os impostos diretos 
são aqueles exigidos de forma direta ao consumidor e incidem sobre a renda 
e as propriedades. Os exemplos estão no Imposto de Renda, no Imposto sobre 
a Propriedade Territorial (IPTU), no Imposto sobre a Propriedade de Veículos 
Automotores (IPVA).
Os impostos indiretos não são pagos como impostos pelo consumidor, 
mas como parte do preço dos produtos consumidos. Já estão incluídos nos valores 
dos produtos no momento que os consumimos, como é o caso do Imposto sobre 
Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e 
Serviços (ICMS).
Outra rubrica é relativa às transferências do governo, que se referem 
à devolução da arrecadação para a sociedade. As transferências demonstram a 
característica conhecida como “mão única”, pois é um repasse direto de renda para 
o setor privado da economia. Os exemplos estão em pensões do tipo auxílio-doença, 
auxílio-maternidade, ou programas como o Bolsa Família. Nas situações, não há tipo 
de contrapartida algum, pois são ações diretas do governo para com a sociedade.
E o item N relativo aos subsídios? Os subsídios significam as abdicações 
do governo em receber determinada receita que teria direito do setor privado. 
Quando o governo decide subsidiar a produção de determinado produto, 
pode reduzir os impostos daquele determinado produto com objetivos de 
desenvolvimento para o país. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
36
O caso dos alimentos é o mais comum. Para que a população não seja 
altamente prejudicada por uma safra ruim ou pela alta repentina de preços, o governo 
normalmente subsidia a produção por meio da redução do ICMS dos produtos.
Os últimos conceitos importantes para podermos apresentar o sistema 
completo de contas nacionais dizem respeito ao produto a preços de mercado 
(Produtopm) e ao produto a custo de fatores (Produtocf).
Uma vez que a atuação do governo altera o preço dos produtos tanto 
por meio da cobrança dos impostos quanto por meio das políticas de subsídios, 
é preciso que o acréscimo no valor tenha como contrapartida o pagamento aos 
fatores de produção.
O produto a preços de mercado inclui o valor dos impostos indiretos 
compensados dos subsídios. Já o produto a custo de fatores não considera o 
valor adicional.
Tais conceitos relativos à atuação do setor público possibilitam o 
fechamento das contas nacionais para uma economia aberta e com governo. 
Analise cada uma das contas em sua versão final a partir dos quadros a seguir:
QUADRO 12 – CONTA DE PRODUÇÃO
Débito Crédito
I importações de bens e serviços não fatores G exportações de bens e serviços não fatores
J-H renda líquida enviada (+) ou recebida (-) 
do exterior
C consumo pessoal
a1 salários L consumo do governo
a2 lucros D variação de estoques
a3 aluguéis E formação bruta de capital fixo
a4 juros
A renda ou produto nacional líquido
(A=a1+a2+a3+a4)
B depreciação
Q-N impostos indiretos líquidos de subsídios
Oferta de Bens e Serviços Demanda por Bens e Serviços
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 54)
TÓPICO 2 | SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTAS NACIONAIS
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QUADRO 13 – CONTA DE APROPRIAÇÃO
Débito Crédito
C consumo pessoal a1 salários
P-M impostos diretos líquidos de transferências a2 lucros
R outras receitas correntes líquidas a3 aluguéis
F poupança privada líquida a4 juros
Utilização da Renda Líquida Renda Líquida
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 54)
QUADRO 14 – CONTA DO GOVERNO
Débito Crédito
L consumo do Governo P impostos diretos
M transferências p.1 empresas
N subsídios p.2 famílias
O saldo do governo em conta corrente Q impostos indiretos
R outras receitas correntes líquidas
Utilização da Receita Total da Receita
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 54)
QUADRO 15 – CONTA DO SETOR EXTERNO
Débito Crédito
G exportações de bens e serviços não fatores I importações de bens e serviços não fatores
H renda recebida do exterior J renda enviada ao exterior
K resultado do BP em transações correntes
Total do Débito Total do Crédito
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 54)
QUADRO 16 – CONTA DE CAPITAL
Débito Crédito
D variação de estoques F poupança líquida
E formação bruta de capital fixo B depreciação
K resultado do BP em transações correntes
O saldo do governo em conta corrente
Investimento Bruto Total Poupança Bruta Total
FONTE: Paulani e Braga (2012, p. 54)
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIAL
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A introdução do governo altera a dinâmica das contas, sendo que a que 
mais recebe impacto é conta de produção. Encontramos, por exemplo, a rubrica 
“Q-N impostos indiretos líquidos de subsídios” na conta de produção, que 
compensa o lançamento a crédito na conta do governo. O valor aparece na conta 
de produção justamente pela cobrança de impostos indiretos.
No lado do crédito da conta de produção também percebemos uma 
mudança a partir da inserção da rubrica “L consumo do governo”, que compensa 
o lançamento a débito na conta do governo.
Na conta de apropriação são adicionados os lançamentos “P-M impostos 
diretos líquidos de transferências” e “R outras receitas correntes líquidas”. O 
primeiro se refere à decisão de consumir ou poupar estar relacionada com os 
recursos em sua forma líquida e isenta de impostos, no caso, diretos. 
O segundo lançamento, da rubrica R, é lançado como débito na conta 
de apropriação, tendo sua compensação de forma idêntica no lado do crédito 
na conta do governo. Os detentores de renda também realizam outros tipos de 
pagamento além dos presentes nos impostos diretos, tais como taxas, multas, 
aluguéis para o Estado, constituindo as outras receitas para o governo.
Por fim, temos o lançamento a débito da rubrica “O saldo do governo em 
conta corrente” na conta do governo, que encontrará um lançamento a crédito na 
conta de capital. A partir do momento do governo ser introduzido, também se 
torna gerador de poupança e, logo, de investimento.
A identidade entre investimento e poupança ocorre pelo fato do lado direito 
(crédito) da conta de capital estar composto por depreciação e pelas três fontes 
geradoras de poupança: o setor privado, o setor externo e o governo e, por no lado 
esquerdo (débito), aparecer a formação bruta de capital, relativa ao investimento 
total, formado por formação bruta de capital fixo e variação de estoques.
Caro acadêmico! Esperamos que os estudos desenvolvidos ao longo 
deste tópico tenham sido esclarecedores. Com a adição do setor público e do 
setor externo, ou seja, considerando uma economia aberta para as transações 
econômicas internacionais e com participação do governo, podemos encerrar 
nosso sistema.
Assim, adicionando lançamentos a débito para cada lançamento a crédito, 
conforme preza o princípio das partidas dobradas, temos o equilíbrio interno de 
cada uma das contas e o equilíbrio externo entre todas as contas que compõem o 
sistema de contas nacionais. 
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