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Interbits – SuperPro ® Web 
3 ANO B
PROVA A
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O elefante
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O ElefanteO. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983. 
1. (Ime 2019) Considere os versos 19 a 23 do poema, transcritos abaixo:
“E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.”
Abaixo, você encontrará alguns ditados populares elencados. Qual destes ditados mais se aproxima da ideia veiculada no verso 23, “alheia a toda fraude”? 
a) “Fazer o bem sem olhar a quem.” 
b) “O pior cego é aquele que não quer ver.” 
c) “Perto dos olhos, longe do coração.” 
d) “Em terra de cego, quem tem um olho é rei.” 
e) “Os olhos são a janela da alma.” 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
preferiram (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
ANDRADE, Carlos Drummond. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967. p. 110-111.
 
2. (Fmp 2018) No poema, depois de refletir sobre o tempo presente, o eu lírico constata que é preciso 
a) suportar com resignação as dificuldades da vida, sem enganar a si mesmo. 
b) procurar conviver com os amigos, porque eles são importantes na nossa vida. 
c) enfrentar com coragem o isolamento, já que ele impede a realização pessoal. 
d) esperar com paciência a velhice para usufruir as experiências acumuladas. 
e) lutar contra as dificuldades do dia a dia para poder viver com tranquilidade. 
 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: 
Velhice
Vinícius de Moraes
1Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente
Olhando as coisas através de uma filosofia sensata
E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite.
Nesse dia Deus talvez tenha entrado definitivamente em meu espírito
Ou talvez tenha saído definitivamente dele
Então todos os meus atos serão
encaminhados no sentido do túmulo
E todas as ideias autobiográficas da
mocidade terão desaparecido:
Ficará talvez somente a ideia do testamento bem escrito.
Serei um velho, não terei mocidade, nem sexo, nem vida
Só terei uma experiência extraordinária.
Fecharei minha alma a todos e a tudo
Passará por mim muito longe o ruído da vida e do mundo
Só o ruído do coração doente me avisará de uns restos de vida em mim.
Nem o cigarro da mocidade restará.
Será um cigarro forte que satisfará os pulmões viciados
E que dará a tudo um ar saturado de velhice.
Não escreverei mais a lápis
E só usarei pergaminhos compridos.
Terei um casaco de alpaca que me fechará os olhos. 
 
Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio
Cheio de irritação para com a vida
Cheio de irritação para comigo mesmo.
O eterno velho que nada é, nada vale, nada vive
O velho cujo único valor é ser o cadáver de uma mocidade criadora. 
 
MORAES, Vinícius. Velhice. Disponível em:http://www.viniciusdemoraes.com.br/ptbr/poesia/poesias-avulsas/velhice. Acesso: 23/9/17. 
3. (Uece 2018) Os versos “Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente/ Olhando as coisas através de uma filosofia sensata/ E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite” (referência 1) podem ser traduzidos pelo seguinte ditado popular: 
a) A velhice é a segunda meninice. 
b) Quanto mais idade, mais maturidade. 
c) A velhice é um tirano que castiga os prazeres com pena de morte. 
d) A juventude leviana faz velhice desolada. 
 
4. (Uece 2018) Vários aspectos do poema Velhice, de Vinícius de Moraes, manifestam valores estéticos afirmados na poesia do Modernismo da década de 1930 com a qual o autor estava ligado, com exceção da 
a) adoção do verso livre (sem métrica) e do verso branco (sem rima). 
b) ampliação do campo temático, que contempla, dentre outras coisas, aspectos das inquietações religiosas. 
c) escolha de temas pautados na cultura e na identidade nacional. 
d) ênfase a temas como o sensualismo erótico, o amor e os prazeres da carne. 
 
5. (Uece 2018) Pela leitura atenta do poema Velhice, depreende-se que o autor, ao tratar do tema da velhice, constrói o seu texto com um tom 
a) melancólico. 
b) esperançoso. 
c) alegre. 
d) irônico. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Fragmento do poema do poeta mineiro Murilo Mendes (1901-1975).
O pastor pianista
Soltaram os pianos na planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
Murilo Mendes
 
6. (Mackenzie 2018) Observe as afirmações.
I. O tema da música, frequente na poesia de Murilo Mendes, é trabalhado nos versos acima sob influência do surrealismo.
II. Os versos revelam ecos da poesia cerebral e racionalista do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto.
III. Pode-se afirmar que a poesia de Murilo Mendes é multifacetada, pois em diferentes poemas há tanto uma perspectiva de denúncia social como também diálogos com o experimentalismo da poesia concreta.
Assinale a alternativa correta. 
a) Estão corretas as afirmações I e II. 
b) Estão corretas as afirmações I e III. 
c) Estão corretas as afirmações II e III. 
d) Todas as afirmações estão corretas.e) Nenhuma das afirmações está correta. 
 
7. (Enem PPL 2017) Fazer 70 anos
Fazer 70 anos não é simples.
A vida exige, para o conseguirmos,
perdas e perdas no íntimo do ser,
como, em volta do ser, mil outras perdas.
[...]
Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião!
Nós o conseguimos...
E sorrimos
de uma vitória comprada por que preço?
Quem jamais o saberá?
ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando. São Paulo: Círculo do Livro, 1992 (fragmento).
O pronome oblíquo “o”, nos versos “A vida exige, para o conseguirmos” e “Nós o conseguimos”, garante a progressão temática e o encadeamento textual, recuperando o segmento 
a) “Ó José Carlos”. 
b) “perdas e perdas”. 
c) “A vida exige”. 
d) “Fazer 70 anos”. 
e) “irmão-sem-Escorpião”. 
 
8. (Ufrgs 2017) Leia o poema José, de Carlos Drummond de Andrade.
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
(...)
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Assinale a alternativa correta sobre o poema. 
a) O diálogo com José, interlocutor, pode ser lido como uma forma de o sujeito-lírico refletir sobre o desamparo existencial. 
b) O poema em versos curtos apresenta o caminho para superação dos impasses de José. 
c) As repetições indicam a monotonia da existência do trabalhador comum, José, em crise com sua condição operária. 
d) O sujeito-lírico, na ausência de respostas, não consegue decifrar para onde José marcha, embora este saiba seu caminho. 
e) A expressão “e agora, José?” põe em relevo a indignação do sujeito-lírico com seu interlocutor, incapaz de se definir. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o poema a seguir e responda à(s) questão(ões).
RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958. 
9. (Epcar (Afa) 2017) Analisando os versos do poema “Retrato”, assinale a opção correta. 
a) Percebe-se que foi utilizado, no poema, o pronome “este” e suas variações, em referência a algo que, do ponto de vista espacial, está próximo do eu lírico. 
b) A repetição do advérbio de modo “assim” (v. 2) reforça as características físicas do eu lírico no passado. 
c) Em “Tão simples, tão certa, tão fácil” (v. 10), o advérbio em destaque foi empregado para atenuar as mudanças sofridas pelo eu lírico ao longo da vida. 
d) A substituição da expressão “em que espelho” (v. 11) por “onde” poderia ocorrer sem provocar alteração no sentido e na sintaxe do verso original. 
 
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.
Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que 1aprouve ao dia findar,
aceito a noite.
E com ela aceito que brote
uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos,
mais vasto é o céu. Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?
E nem destaco minha pele
da confluente escuridão.
Um fim unânime concentra-se
e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito
que o dia 2carreia consigo,
já não oprime. Assim a paz,
destroçada.
Vai durar mil anos, ou
extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
No mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo, és suave.
(Claro enigma, 2012.)
1 aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).
2 carrear: carregar. 
10. (Unifesp 2017) Personificação: recurso expressivo que consiste em atribuir propriedades humanas a uma coisa, a um ser inanimado ou abstrato.
(Dicionário Porto Editora da Língua Portuguesa. www.infopedia.pt. Adaptado.)
Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte verso: 
a) “Vazio de quanto amávamos,” (3ª estrofe) 
b) “E nem destaco minha pele” (4ª estrofe) 
c) “Esta rosa é definitiva,” (6ª estrofe) 
d) “Pois que aprouve ao dia findar,” (1ª estrofe) 
e) “No mundo, perene trânsito,” (7ª estrofe) 
 
3 ANO B
PROVA B
01. (Unifesp 2017) 
Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que 1aprouve ao dia findar,
aceito a noite.
E com ela aceito que brote
uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos,
mais vasto é o céu. Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?
E nem destaco minha pele
da confluente escuridão.
Um fim unânime concentra-se
e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito
que o dia 2carreia consigo,
já não oprime. Assim a paz,
destroçada.
Vai durar mil anos, ou
extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
No mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo, és suave.
(Claro enigma, 2012.)
1 aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).
2 carrear: carregar. 
Constituem termos que reforçam o tom pessimista do poema: 
a) “noite”, “vazio” e “fim”. 
b) “dia”, “pele” e “cor”. 
c) “coisas”, “vácuo” e “imaginação”. 
d) “lâmpada”, “céu” e “escuridão”. 
e) “ordem”, “povoações” e “espírito”. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O texto de Gonzaga foi publicado pela primeira vez em 1792, em Portugal. Cerca de um século e meio depois, Cecília Meireles (em 1953) publica, no Brasil, a primeira edição do Romanceiro da Inconfidência.
LIRA XIV
Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
		Estão os mesmos deuses
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
		Já foi Pastor de gado.
		[...]
Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim, façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
		Um coração que frouxo,
A grata posse de seu bem difere,
A si, Marília, a si próprio rouba,
		E a si próprio fere.
Ornemos nossas testas com as flores,
E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
		Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
		Também, Marília, morre.
Com os anos, Marília, o gosto falta,
E se entorpece o corpo já cansado;
Triste, o velho cordeiro está deitado,
E o leve filho sempre alegre salta.
		A mesma formosura
É dote que só goza a mocidade:
Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
		Mal chega a longa idade.
Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
		Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
		E ao semblante a graça.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: PROENÇA FILHO. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1996. p. 597-598.
Romance LXXIII ou da inconformada Marília
Pungia a Marília, a bela,
negro sonho atormentado:
voava seu corpo longe,
longe por alheio prado.
Procurava o amor perdido,
a antiga fala do amado.
Mas o oráculo dos sonhos
dizia a seucorpo alado:
“Ah, volta, volta, Marília,
tira-te desse cuidado,
que teu pastor não se lembra
de nenhum tempo passado...”
E ela, dormindo, gemia:
“Só se estivesse alienado!”
Entre lágrimas se erguia
seu claro rosto acordado.
Volvia os olhos em roda,
e logo, de cada lado,
piedosas vozes discretas
davam-lhe o mesmo recado:
“Não chores tanto, Marília,
por esse amor acabado:
que esperavas que fizesse
o teu pastor desgraçado,
tão distante, tão sozinho
Em tão lamentoso estado?”
A bela, porém gemia:
“Só se estivesse alienado!”
E a névoa da tarde vinha
com seu véu tão delicado
envolver a torre, o monte,
o chafariz, o telhado...
Mas os versos! Mas as juras!
Mas o vestido bordado!
Bem que o coração dizia
– coração desventurado –
“Talvez se tenha esquecido...”
“Talvez se tenha casado...”
Seu lábio porém gemia:
“Só se tivesse alienado!”
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. In: _____. Obra poética. Rio de Janeiro, José Aguilar, 1958. p. 849-850. 
02. (Uefs 2017) Sobre os dois poemas, é correto afirmar:
I. No primeiro poema, encarnando ainda as características do momento literário anterior, Gonzaga exalta a beleza do amor impossível, convocando a mulher amada a corresponder à pureza desse amor idealizado e platônico.
II. Fiel aos ditames de seu momento literário, o autor do primeiro poema, frente à passagem inexorável do tempo, convoca a amada a vivenciar a felicidade de um amor bucólico, simples, cheio de pureza como a vida pastoril no campo.
III. No segundo poema, Cecília Meireles resgata a história de amor tematizada no primeiro texto, criando espaço para a voz desesperada de Marília, que, apesar das evidências, ainda acredita na veracidade e permanência do amor de Dirceu.
IV. Um dos enlaces entre os dois poemas é o fato de que, no primeiro há o temor de Dirceu sobre a ação deletéria do tempo sobre o amor, o que se confirma no segundo, em que Marília chora e se desespera frente ao silêncio de Dirceu.
V. Cecília Meireles, no segundo poema, quebra não só os padrões literários observados no primeiro texto, dando espaço para uma estética mais ligada ao modernismo, como também nega a veracidade do idílio amoroso de Gonzaga.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a 
a) I e II. 
b) II e V. 
c) IV e V. 
d) I, III e IV. 
e) II, III e IV. 
 
03. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) Carlos Drummond de Andrade publicou em 1940 a obra Sentimento do Mundo, poesia de cunho social e político e marcada pela resistência diante dos totalitarismos. Poesia engajada e participante. Assim, indique nas alternativas abaixo a que contém trecho que indicia a recusa de escapismos e de fuga da realidade. 
a) Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede
Mas como dói! 
b) Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco. 
c) Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
A vida presente. 
d) A noite é mortal,
Completa, sem reticências,
A noite dissolve os homens,
Diz que é inútil sofrer,
A noite dissolve as pátrias,
Apagou os almirantes
Cintilantes! Nas suas fardas.
A noite anoiteceu tudo...
O mundo não tem remédio...
Os suicidas tinham razão 
 
04. (Ufrgs 2016) Leia o poema de Cecília Meireles, na coluna da esquerda, e o de Mario Quintana, na coluna da direita, abaixo.
Canção excêntrica
Ando à procura de espaço
Para o desenho da vida
Em números me embaraço
E perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
Em vez de abrir um compasso,
projeto-me num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
É já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.
Seiscentos e sessenta e seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio
Seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre os poemas.
( ) O poema de Cecília Meireles apresenta vocabulário ligado à geometria e regularidade estrutural e métrica, apontando para a necessidade de o sujeito lírico definir sua vida com exatidão.
( ) O poema de Mario Quintana busca a definição da vida, a partir da metáfora com o universo escolar e a passagem do tempo.
( ) A sucessão “6 horas, 6ª feira, 60 anos”, no poema de Quintana, indica a finitude: fim do dia útil, fim da semana útil, consequentemente, fim da vida útil.
( ) Os dois poemas, embora os sujeitos líricos sejam uma mulher e um homem, encerram com um tom melancólico, porque a realidade não corresponde às suas expectativas. 
a) V – V – V – V. 
b) V – F – F – V. 
c) V – V – F – F. 
d) F – F – V – F. 
e) F – V – V – F. 
 
05. (Enem PPL 2016) Maria Diamba
Para não apanhar mais
falou que sabia fazer bolos:
virou cozinha.
Foi outras coisas para que tinha jeito.
Não falou mais:
Viram que sabia fazer tudo,
até molecas para a Casa-Grande.
Depois falou só,
só diante da ventania
que ainda vem do Sudão;
falou que queria fugir
dos senhores e das judiarias deste mundo
para o sumidouro.
LIMA, J. Poemas negros. Rio de Janeiro: Record, 2007.
O poema de Jorge de Lima sintetiza o percurso de vida de Maria Diamba e sua reação ao sistema opressivo da escravidão. A resistência dessa figura feminina é assinalada no texto pela relação que se faz entre 
a) o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino. 
b) a exploração sexual e a geração de novas escravas. 
c) a prática na cozinha e a intenção de ascender socialmente. 
d) o prazer de sentir os ventos e a esperança de voltar à África. 
e) o medo da morte e a vontade de fugir da violência dos brancos. 
 
06. (Enem 2ª aplicação 2016) Do amor à pátria
São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual – uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.
MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.
O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque 
a) o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente. 
b) os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva. 
c) o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia. 
d) o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia. 
e) a natureza é determinante na percepção do valor da pátria. 
 
07. (Pucrs 2016) Sobre Carlos Drummond de Andrade, é correto afirmar: 
a) É autor de versos cujos temas, retirados do quotidiano, expressam a dolorosa situação do homem, que, mesmo entre tantos outros, continua sozinho no mundo. 
b) Pertence a uma geração de representativos poetas brasileiros como Manoel Bandeira, Mário de Andrade e Raimundo Corrêa. 
c) É considerado um poeta simbolista porque tematiza as relações entre o mundo real e a fantasia do homem contemporâneo. 
d) Publicou também as obras Vou me embora pra Pasárgada e A verdadeira arte de viajar. 
e) Foi autor deuma poética extensa e escreveu um único romance, intitulado Mar morto. 
 
08. (Espcex (Aman) 2016) Assinale a alternativa que contém uma das características da segunda fase modernista brasileira. 
a) Os efeitos da crise econômica mundial e os choques ideológicos que levaram a posições mais definidas formavam um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela denúncia social. 
b) Na poesia, ganha corpo uma geração de poetas que se opõem às conquistas e inovações dos primeiros modernistas de 1922. Uma nova proposta é defendida inicialmente pela revista Orfeu. 
c) O período de 1930 a 1945 é o mais radical do movimento modernista, pela necessidade de ruptura com toda arte passadista. 
d) As revistas e manifestos marcam o segundo momento modernista, com a divulgação do movimento pelos vários estados brasileiros. 
e) Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de fontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira”. 
 
09. (Fmp 2016) Somos todos poetas
Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos veem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
MENDES, M. A poesia em pânico. Rio de Janeiro:
Cooperativa Cultural Guanabara, 1938
O texto exemplifica a seguinte afirmativa a respeito da obra de Murilo Mendes: 
a) O estranhamento provocado por metáforas inusitadas instaura uma simbologia especial. 
b) O componente religioso e o tom confessional são característicos de seus poemas. 
c) A estrutura rimada das estrofes é uma característica básica de todos os seus poemas. 
d) A temática de cunho social pauta-se na esperança de eliminação das diferenças sociais. 
e) A ironia de seus textos apoia-se na cuidadosa escolha de palavras de cunho erudito. 
 
10. (Uefs 2016) Abaixo, segue um fragmento do poema “O Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia,
À mesa, ao cortar o pão,
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão,
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção. [...]
MORAES, Vinícius. O Operário em Construção. Rio de Janeiro, 1959. Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesiaavulsas/o-operario-em-construcao>. Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado.
Sobre o fragmento do poema de Vinícius de Moraes, é incorreto afirmar que o operário, a quem o eu poético se refere, 
a) é visto, inicialmente, como um indivíduo subjugado e sem liberdade, ao ser comparado a um “pássaro sem asas” (v. 3). 
b) não consegue fazer de seu trabalho um meio de libertação e acaba, contraditoriamente, na condição de oprimido, denunciada por meio do paradoxo presente nos versos “a casa que ele fazia / Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão.” (v. 12-14). 
c) tem consciência crítica de sua mais-valia, luta por seus direitos e busca reverter a situação ao questionar “como podia / Um operário em construção / Compreender por que um tijolo / Valia mais do que um pão?” (v. 15-18). 
d) dá-se conta, em uma súbita constatação, de que tudo à sua volta é fruto de seu trabalho, “– Garrafa, prato, facão / Era ele quem fazia” (v. 42-43). 
e) constrói sua consciência ao longo do texto, criando uma dicotomia entre a construção de habitações e objetos e a construção de seu próprio olhar crítico, na condição de um “humilde operário” (v. 44) explorado pelo sistema econômico. 
 
Gabarito: PROVA A
Resposta da questão 1:
 [E]
Resposta da questão 2:
 [A]
Resposta da questão 3:
 [B]
Resposta da questão 4:
 [C]
Resposta da questão 5:
 [A]
Resposta da questão 6:
 [B]
Resposta da questão 7:
 [D]
Resposta da questão 8:
 [A]
Resposta da questão 9:
 [A]
Resposta da questão 10:
 [D]
Gabarito: PROVA B
Resposta da questão 01:
 [A]
Resposta da questão 02:
 [E]
Resposta da questão 03:
 [C]
Resposta da questão 04:
 [A]
Resposta da questão 05:
 [A]
Resposta da questão 06:
 [B]
Resposta da questão 07:
 [A]
Resposta da questão 08:
 [A]
Resposta da questão 09:
 [A]
Resposta da questão 10:
 [C]
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