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FUNDAMENTOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

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AULA 3 - GOVERNANÇA CORPORATIVA 
Professora Sirlei Pitteri 
 
 1 
FUNDAMENTOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA 
(Adaptado do resumo do capítulo 1 de Rossetti e Andrade, 2014) 
 
 A Governança corporativa não é, seguramente, um modismo a mais. Seu desenvolvimento 
tem raízes firmes e existem fortes razões para adotá-la e disseminá-la. Organizações multilaterais 
como as Nações Unidas (ONU) e Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
(OCDE) veem as boas práticas da governança corporativa como pilares da arquitetura econômica 
global e um dos instrumentos do desenvolvimento, em suas três dimensões - econômica, social e 
ambiental. 
 Ocorreram várias razões simultâneas para o despertar e para os avanços da governança 
corporativa nos últimos 20 anos. As transformações pelas quais passaram as economias de todo 
o mundo estão entre elas. Como a governança nasceu no mundo ocidental, são particularmente 
fortes os seus vínculos com as transformações pelas quais passou o sistema capitalista, ao 
longo de sua formação histórica e, em especial, no último século. 
 Daí o interesse em tratarmos da formação desse sistema e das razões pelas quais a 
governança corporativa se estabeleceu, definitivamente, como uma prática inseparável do 
sistema capitalista. 
 
CONCEPÇÕES MAIS CONHECIDAS DO CAPITALISMO 
 
Idealista - concebida por Werner Sombart, sociólogo e economista alemão. Foi uma figura de 
destaque da Escola historicista alemã e está entre os mais importantes autores europeus do 
primeiro quarto do século XX, no campo das Ciências Sociais. 
Segundo Sombart, a essência do sistema capitalista está no empreendimento, muito mais do 
que nas relações de poder. 
Nota da professora Sirlei Pitteri - Nessa linha de pensamento encontramos Joseph Alois Schumpeter, 
considerado um dos mais importantes economistas da primeira metade do século XX. Foi um dos primeiros 
a considerar as inovações tecnológicas como motor do desenvolvimento capitalista. Além disso, marcou 
profundamente a história da reflexão política com sua teoria democrática a qual redefiniu o sentido de 
democracia e também a ideia de "destruição criativa". A destruição criativa ou destruição criadora em 
economia é um conceito popularizado em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), 
ganhando força no contexto da ascensão do neoliberalismo e do neoconservadorismo. 
 
Racionalista - concebida por Max Weber, intelectual, jurista e economista alemão considerado 
um dos fundadores da Sociologia. Weber utiliza a expressão espírito do capitalismo para 
descrever um dos comportamentos mais comuns dos empreendedores: a busca do lucro, de 
forma sistemática e racional. 
Nota da professora Sirlei Pitteri - Em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Max Weber 
busca relações entre o desenvolvimento do capitalismo a partir do protestantismo ou da ética protestante. 
Uma das correntes do protestantismo importantes para entender como se desenvolveu a ética capitalista 
foi o neo-pentecostalismo: são liberais quanto aos costumes e pregam a prosperidade. No Brasil, as mais 
conhecidas são Igreja Universal do Reino de Deus, a Renascer em Cristo e a Comunidade Evangélica 
Sara Nossa Terra. 
Crítica - concebida por Karl Marx, filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. 
Nascido na Prússia e mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em 
Londres, no Reino Unido. 
 
AULA 3 - GOVERNANÇA CORPORATIVA 
Professora Sirlei Pitteri 
 
 2 
Nota da professora Sirlei Pitteri - A teoria econômica de Karl Marx em sua obra "O Capital" baseou sua 
análise econômica em uma teoria da história denominada materialismo histórico. A crítica moral de Marx 
ao capitalismo se baseava em duas características essenciais, que o diferenciava dos outros sistemas 
econômicos: (1) a separação do produtor dos meios de produção dava origem a uma classe de 
proprietários e uma classe de trabalhadores; (2) a infiltração do vínculo monetário em todas as 
relações humanas, tanto na esfera da produção quanto na esfera da distribuição. Esse era um dos motivos 
porque Marx deplorava as profundas disparidades de riqueza e pobreza criadas por essa relação de classes. 
Partindo do princípio de que o modo de produção capitalista baseava-se na oposição entre capital e 
trabalho, Marx desenvolveu a teoria do valor-trabalho e da mais-valia, ou seja, o valor da força de 
trabalho era inferior ao valor da mercadoria produzida por ela e tal diferença explicava a existência do lucro. 
 
 Essas três concepções clássicas do capitalismo remetem para os séculos XVI e XVII os 
primeiros movimentos de formação desses sistema. Mas ele se desenvolveu mais fortemente a 
partir do século XVIII com a Revolução Industrial. São oito os fatores históricos que se associam à 
evolução do sistema capitalista: 
 
1 - A ética calvinista (João Calvino foi um teólogo cristão frances que influenciou fortemente a 
reforma protestante) promoveu, no século XVI, a conciliação da diligência empreendedora com a 
vida espiritual. Trabalho produtivo e virtude tornaram-se sinônimos e a energia empresarial 
passou a ser vista, aos olhos calvinistas, como uma inviolável e sagrada determinação divina. 
Essa aprovação da busca pela riqueza foi um estímulo para a evolução da economia capitalista, 
embora não se possa medir o grau de sua influência. 
 
2 - A doutrina liberal (Adam Smith foi um filósofo e economista britânico nascido na Escócia. 
Teve como cenário para a sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. É o pai da 
economia moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico). A 
doutrina liberal se desenvolveu a partir da segunda metade do século XVIII e foi um importante 
marco de sustentação do sistema capitalista de mercado. Como suporte doutrinário do sistema, 
propôs a substituição da mão invisível interventora do Estado pela mão invisível do interesse 
próprio. A propriedade privada, a liberdade de empreendimento e a livre concorrência foram 
alçadas à condição de princípios essenciais da ordem econômica. Foram princípios que 
favoreceram o dinamismo empresarial e a prosperidade econômica. 
 
3 - A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX ocorreu junto com a rebelião das ideias 
liberais e levou a mudanças substantivas nos modos de produção e nas novas relações entre 
agentes econômicos. A congruência desses dois movimentos históricos transformou as formas e 
as escalas de produção, o modo de suprimento dos mercados e o surgimento da economia fabril, 
impulsionando e reconfigurando a acumulação capitalista. 
 
4 - Avanços tecnológicos, diversificação da indústria, novas escalas de produção em série 
foram mudanças que ocorreram em velocidades crescentes com a Revolução Industrial. Nas 
indústrias de base e nas atividades de todas as cadeias produtivas, as escalas, em poucos anos, 
cresceram em ritmo geométrico, quando não exponencial. Como exemplo, o modelo T de Henry 
Ford - em dez anos a produção cresceu 68 vezes - de 10.607 unidades em 1908-1909 para 
730.041 em 1916-1917. Em contrapartida, os preços recuaram pela metade, ampliando o 
mercado ao mesmo tempo em que, pelo aumento das escalas, a receita operacional da empresa 
aumentou 30 vezes. 
 
 
AULA 3 - GOVERNANÇA CORPORATIVA 
Professora Sirlei Pitteri 
 
 3 
5 - Ascensão do capital como fator de produção foi uma das bases das transformações do 
sistema capitalista. No passado, a terra era o fator dominante e sua propriedade significava 
prestígio e poder. Mas, a partir do século XVIII e mais ainda nos séculos XIX e XX, emergiu uma 
nova classe dominante, composta pelos produtores de bens de capital, proprietários de grandes 
manufaturas e pelos empreendedores das bases de infraestrutura da economia. Osimpactos 
foram grandes, em especial a exigência de intermediação e de aglutinação de grandes poupanças 
para financiar o crescimento econômico. 
 
6 - Sistema de sociedade anônima foi uma das mais importantes formas de captar recursos 
para as dimensões do capitalismo ocidental. O sistema acionário estabeleceu-se tanto na Europa 
quanto nos Estados Unidos, irrigando o crescimento das empresas. As precursoras deste sistema 
foram as "companhias licenciadas" dos séculos XVI, XVII e início do XVIII. Mas a primeira 
sociedade anônima moderna foi fundada em 1813, com 76 acionistas. Rapidamente, esta 
instituição penetrou em todos os setores produtivos. Em 1899, nos Estados Unidos, o censo 
econômico registrou que 66,7% de todos os produtos manufaturados provinham de SAs. No início 
do século XX, completou-se a institucionalização desse modelo. Eram, então, comuns 
corporações com mais de 100 mil acionistas. A maior dos Estados Unidos, a AT&T contava com 
mais de 500 mil acionistas. 
 
7 - Automatismo das forças de mercado, incentivo ao lucro e euforia contagiante com o 
crescimento da riqueza - três fundamentos do sistema capitalista estavam estabelecidos nas 
primeiras décadas do século XX. O crescimento econômico e o do mercado de capitais 
impressionavam pelos números. A riqueza acionária multiplicava-se. Mas veio o crash de 1929-
1933, uma derrocada sem precedentes, movida a ingredientes que exigiam correções - da febre 
especulativa à perda da prudência, passando pela insuficiência da demanda no setor real da 
economia. Estabeleceram-se, então, novos princípios para remodelagem do sistema capitalista, 
sintetizados na General Theory, de John Maynard Keynes. A teoria keynesiana abriu espaço 
para as boas práticas da moderna governança corporativa. 
 
8 - Desenvolvimento da ciência da administração acompanhou todos os grandes movimentos 
de formação e de maturação do sistema capitalista. Registraram-se sempre grandes afinidades 
históricas entre as revoluções tecnológicas, a acumulação de capital e as inovações 
organizacionais. Tornaram-se parte de um mesmo todo a formação do capitalismo, a evolução do 
mundo corporativo e o desenvolvimento da ciência da administração. Mas essas estreitas 
relações jamais foram tão profundas quanto no século XX, dando suporte para avanços 
qualitativos em três mundos afins: o do capitalismo, o das corporações e o dos seus gestores. 
 
O GIGANTISMO E O PODER DAS CORPORAÇÕES 
 Um amplo conjunto de fatores influenciou no agigantamento das corporações. O sistema 
capitalista recuperou-se do grande crash dos anos 1930 e as corporações voltaram a registrar 
notáveis índices de crescimento. Em 1955, as receitas operacionais das 500 maiores companhias 
dos Estados Unidos representavam 37,7% do PIB. Essa relação cresceu seguidamente: em 1970 
essas corporações participavam em 46,3% do PIB; em 1995 já somavam 57,7% do PIB e em 
2013 representavam 72,7% do PIB. 
 As receitas totais desse grupo de empresas cresceram de US$ 149,7 bilhões (1995) para 
US$ 12 trilhões em 2013, nos Estados Unidos. No mundo, as receitas totais das 500 maiores 
 
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foram de US$ 31,1 trilhões, com a média de US$ 62,1 bilhões por companhia em 2013. Essa cifra 
supera o PNB de 123 países. Somente as corporações norte-americanas contribuem com 41,5% 
do Produto Mundial Bruto (PMB). Somente 31 países em todo o mundo, em 2013, apresentavam 
PNB superior à média das receitas operacionais das 5 maiores companhias globais - US$ 446,6 
bilhões. 
AS BOLSAS DE VALORES E A DISPERSÃO DE CAPITAL NO MUNDO 
 O número de grandes companhias listadas nas bolsas de valores de todo o mundo 
também tem aumentado significativamente: de 1990 = 21.585 empresas para 2013 = 43.348 
empresas. O valor de mercado dessas empresas se expandiram notavelmente: em 1990 era de 
US$ 8,89 trilhões - 40,23% do PMB (estimado em US$ 22,11 trilhões) e em 2013 era de 
US$ 59,8 trilhões - 79,90% do PMB (estimado em US$ 74,9 trilhões). No ano de 2007, antes da 
crise do biênio 2008-2009, a capitalização das companhias abertas havia superado a dimensão 
da economia global. 
 O agigantamento das corporações tem sido acompanhado por um processo histórico de 
dispersão do capital de controle, sob o impacto de cinco fatores: 
(1) Constituição de grandes empresas na forma de S/As abertas 
(2) Abertura de capital das empresas fechadas 
(3) Aumento do número de investidores nos mercados de capitais 
(4) Processos sucessórios (de empresas familiares) 
(5) Fusões e aquisições 
 
DESPERSONALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE 
 O sistema acionário possibilitou, de um lado, o expansionismo e o agigantamento do 
mundo corporativo e a concentração do poder econômico das 500 maiores empresas das 
economias dos países. 
 Porém, de outro lado, manifestou-se dentro de um importante movimento, oposto ao da 
concentração: a dispersão do número de acionistas e a despersonalização da propriedade. A 
consequência é que os acionistas tornaram-se, em grande e crescente número de empresas, 
proprietários passivos. 
 
DIVÓRCIO ENTRE A PROPRIEDADE E A GESTÃO 
O divórcio entre a propriedade e a gestão acarretou mudanças profundas nas companhias. 
(1) A propriedade desligou-se da administração; 
(2) Os capitães de indústria, fundadores-proprietários foram substituídos por executivos 
contratados; 
(3) Os objetivos corporativos deixaram de se limitar à maximização dos lucros; 
(4) Várias inadequações e conflitos de interesses passaram a ser observados no interior das 
corporações; 
 Mas foram os conflitos de interesses não simétricos que levaram à reaproximação da 
propriedade e da gestão, pelo caminho da difusão de da adoção de boas práticas de governança 
corporativa. 
 
 
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CONFLITOS DE AGÊNCIA 
 A governança corporativa desenvolveu-se como reação aos oportunismos proporcionados 
pelo afastamento dos proprietários passivos. Os estudos sobre os conflitos entre proprietários e 
gestores (agentes) desenvolveram-se a partir da constatação de que existia um novo fator de 
poder nas organizações. 
 Dois estudos se destacam nesse sentido. O primeiro, elaborado por Berle e Means (1932) 
examinou o desalinhamento entre proprietários passivos e não-proprietários (gerentes). Outro 
estudo, elaborado por Galbraith (1967) destacou como os gestores se tornaram o fator mais 
importante de sustentação do mundo corporativo, pois eram os controladores de complexas 
tecnoestruturas organizadas: a inteligência organizada passou a substituir o empreendedor 
franco-atirador. 
 Os conflitos entre acionistas e gestores passaram a ocorrer e a se aprofundar com o 
tempo, decorrentes da pulverização do capital e do divórcio entre a propriedade e a gestão. A 
teoria já consagrada de governança corporativa denomina esses conflitos como conflitos de 
agência. 
 Os conflitos de agência que resultam em interesses não simétricos dos acionistas e dos 
gestores manifestam-se quando se dá a separação entre a propriedade e a gestão, com a outorga 
da direção das corporações a executivos contratados. 
 Os outorgantes são as grandes massas de acionistas que investem seus recursos na 
aquisição de ações das empresas ou que as recebem em processos sucessórios. Os outorgados 
são os gestores contratados para dirigir as empresas. 
 Os acionistas esperam o máximo de retorno dos seus investimentos. Os gerentes podem 
ter outros interesses, geralmente conflitantes com os dos acionistas: status profissional, altas 
remunerações, preferência por crescimento da empresa em detrimento de retornos financeiros, 
dentre outros benefícios próprios. Para que os interesses dessas partes não se choquem, duas 
premissas devem ser atendidas: 
(1) Os termos do contrato entre os agentes 
(2) O comportamento dos agentesOcorre, porém, que os conflitos dificilmente são eliminados. E por duas razões. A primeira, 
sintetizada no axioma de Klein, segundo o qual não existe contrato completo; a segunda, 
sintetizada no axioma de Jensen-Meckling, fundamenta-se na inexistência do agente perfeito. Os 
contratos completos são praticamente impossíveis, por três razões: 
(1) O grande número de ocorrências imprevisíveis possíveis no mundo dos negócios; 
(2) A multiplicidade de reações a essas ocorrências; 
(3) A crescente frequência com que as ocorrências imprevisíveis passaram a ocorrer. 
 A inexistência do agente perfeito decorre da força do interesse próprio sobrepor-se aos 
interesses de terceiros. 
 
CONFLITOS ENTRE ACIONISTAS MAJORITÁRIOS E ACIONISTAS MINORITÁRIOS 
 Além dos conflitos entre acionistas e gestores, podem também ocorrer conflitos entre 
acionistas majoritários e acionistas minoritários. O gestor oportunista se revela pela dispersão da 
propriedade e pela separação entre a propriedade e a gestão. O acionista oportunista se revela 
quando há concentração da propriedade e sobreposição entre a propriedade e a gestão. 
 
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Professora Sirlei Pitteri 
 
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OUTROS CONFLITOS E OUTROS DESALINHAMENTOS 
 A governança corporativa surgiu para cuidar dos conflitos entre acionistas majoritários e 
minoritários e também de outros desalinhamentos nas companhias. 
 As reações de ativistas por boas práticas de governança resultaram na criação de 
institutos legais e de marcos regulatórios protecionistas dos direitos e interesses dos acionistas. 
Resultaram também mudanças internas nas corporações, com ênfase na criação de conselhos 
eficazes e guardiões. 
 Outras razões fundamentais também levaram ao despertar da governança corporativa. 
Dentre elas, destacam-se pelo menos três razões adicionais externas e três internas: 
(1) Mudanças no macroambiente - como a desfronteirização de mercados reais e financeiros, 
desengajamento do Estado-empresário e ascensão de novos players globais; 
(2) Mudanças no ambiente de negócios, como as reestruturações setoriais; 
(3) Revisões nas instituições do mercado de capitais, junto com posturas mais ativas dos 
investidores institucionais. 
Dentre as razões internas, destacam-se: 
(1) Mudanças societárias; 
(2) Realinhamentos estratégicos; 
(3) Reordenamentos organizacionais, que vão desde a profissionalização à implantação de 
controles preventivos contra ganância e fraudes. 
 Derivadas do impacto desses fatores, a assimilação e a prática de boas práticas de 
governança corporativa tornaram-se um dos movimentos mais importantes do sistema capitalista, 
do mundo corporativo e da ciência da administração nesta última virada de século, em todos os 
países de todos os continentes - das potências econômicas estabelecidas aos dinâmicos 
emergentes. 
 
REFERÊNCIAS 
ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. Governança Corporativa: fundamentos, desenvolvimento e 
tendências. 7. ed. atualizada e ampliada. São Paulo: Atlas, 2014. 
 
 
 
AULA 3 - GOVERNANÇA CORPORATIVA 
Professora Sirlei Pitteri 
 
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ESTUDO DIRIGIDO 
 
1 - Dentre as três concepções mais conhecidas do sistema capitalista - idealista, racionalista e 
crítica, com qual delas você se identifica mais? Explique sua resposta com base nos conceitos 
apresentados no texto. 
 
2 - Os processos que levaram ao despertar da governança corporativa no mundo administrativo 
têm uma ligação direta com a consolidação mundial do capitalismo no século XXI. O capitalismo, 
durante séculos, foi sendo determinado por fatores históricos que levaram a sua evolução e ao 
seu domínio no cenário atual. Segundo Andrade & Rossetti (2011), oito fatores foram 
determinantes da evolução do capitalismo. Identifique e explique brevemente cada um deles com 
suas palavras. 
ASSINALE VERDADEIRO (V) OU FALSO (F) NAS AFIRMATIVAS A SEGUIR 
3 - No que se convencionou chamar de ascensão do capital, vimos que ocorreu: 
I. O deslocamento fantástico do poder do capital para o poder da propriedade da terra, 
criando uma nova classe dominante em substituição à aristocracia rural. ( ) 
II. O deslocamento fantástico do poder da propriedade da terra para o poder do capital, 
criando uma nova classe dominante em substituição à aristocracia rural. ( ) 
III. O deslocamento fantástico do poder da propriedade para o poder do capital, criando uma 
nova classe dominante em substituição à aristocracia urbana. ( ) 
IV. O deslocamento fantástico do poder da capital para o poder da propriedade da terra, 
criando uma nova classe dominante em substituição à aristocracia urbana. ( ) 
 
4 - Na evolução do capitalismo, podemos verificar que houve um conceito vivenciado na obra do 
sociólogo alemão Max Weber, “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, onde Deus é o 
senhor de toda a vida e, portanto, o trabalho e a virtude econômica também fazem parte da 
determinação divina. Este conceito tem relação com: 
 
a) O crescimento da religião católica nos países desenvolvidos 
b) A ética calvinista 
c) A Revolução Industrial 
d) O ateísmo dos empresários do início do século XX 
e) Nenhuma das anteriores 
 
5 - Um dos fatores que levaram à evolução do capitalismo foi o desenvolvimento 
tecnológico, crescente e sem fronteiras, que assistimos nos últimos séculos e que conduziu todo 
o planeta a uma nova realidade. Qual dos exemplos abaixo pode ser considerado um fator de 
desenvolvimento tecnológico que nos acompanha até os dias atuais: 
a) Novas formas e escalas de produção 
b) Rapidez na logística com os diversos modais atuais para a entrega da produção 
c) Agilidade nos processos com automação ou tecnologia da informação 
d) Surgimento de novas máquinas 
e) Todas as alternativas anteriores 
 
 
AULA 3 - GOVERNANÇA CORPORATIVA 
Professora Sirlei Pitteri 
 
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6 - O agigantamento das corporações tem sido acompanhado por um processo histórico de 
dispersão do capital de controle, sob o impacto de cinco fatores: 
(1) Constituição de grandes empresas na forma de S/As abertas 
(2) Abertura de capital das empresas fechadas 
(3) Aumento do número de investidores nos mercados de capitais 
(4) Processos sucessórios (de empresas familiares) 
(5) Fusões e aquisições 
Explique, utilizando exemplos práticos, cada um desses fatores: 
 
7 - Explique o que significa interesses não simétricos (ou interesses assimétricos) entre 
proprietários e gestores. 
 
8 - Quem são os proprietários ativos e proprietários passivos das corporações e como se 
relacionam com os acionistas majoritários e acionistas minoritários? 
ASSINALE VERDADEIRO (V) OU FALSO (F) NAS AFIRMATIVAS A SEGUIR 
9 - Os conflitos entre acionistas e gestores passaram a ocorrer e a se aprofundar com o correr do 
tempo por conta da pulverização do capital e do divórcio propriedade-gestão. Estes conflitos são 
conhecidos como Conflitos de Agência. Em relação a este tema, podemos afirmar que: 
I. Um dos tópicos que levaram ao conflito de agência foi o agigantamento das corporações, 
pois encontramos organizações com valores superiores ao PIB de diversas nações ( ) 
II. Em organizações empresariais, a busca pela maximização do benefício próprio pode levar 
um indivíduo a tomar decisões prejudiciais a terceiros ( ) 
III. O estabelecimento de limites de remuneração dos gestores podem prejudicar os 
acionistas, pois estes não teriam interesse em trabalhar nas organizações ( ) 
IV. Um dos tópicos que levaram ao conflito de agência foi o encolhimento das corporações, 
pois encontramos organizações cada vez menores que possuem interferência no mercado 
mundial ( ) 
10 - Sobre conflitos de agência, sabemos que existe um conflito de interesses entre os gestores 
executivos e os acionistas. A literatura já identificou diversas formas pelasquais os executivos 
podem depreciar o patrimônio dos investidores, com destaque para: 
I. Realização de gastos desnecessários nas organizações ( ) 
II. Seleção de pessoas não qualificadas para posições gerenciais ( ) 
III. Venda da produção, ativos, ou títulos da companhia abaixo do preço de mercado para 
outras empresas das quais os gerentes são acionistas ( ) 
IV. Seleção de pessoas qualificadas para posições gerenciais ( ) 
V. Realização de gastos necessários nas organizações ( ) 
11 - Por conta de encontrarmos, em certos casos, de um lado o gestor oportunista e, do outro 
lado, devido ao mercado, os acionistas oportunistas, o mundo corporativo começou a 
desempenhar reações que levaram as boas práticas de governança. Entre estas reações, qual 
aquela que não caracteriza uma boa prática de governança: 
 
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I. A própria criação de uma governança nas empresas ( ) 
II. A criação de institutos legais ( ) 
III. A criação de marcos regulatórios protecionistas ( ) 
IV. A formação de Conselhos de Administração dentro das organizações ( ) 
V. O fechamento do capital para melhor controle gerencial do negócio ( ) 
 
12 - Uma das formas pelas quais os executivos podem depreciar o patrimônio das empresas, 
criando o que chamamos de conflito de agência, é a criação de barreiras para as suas 
substituições. Em relação à este tipo de atitude, podemos afirmar que: 
 
I. Um exemplo comum desse tipo de atitude é a criação de medidas defensivas para evitar 
que a companhia seja adquirida por outros, mesmo que de forma vantajosa para seus 
acionistas ( ) 
II. O receio de perder o emprego poderia levar o executivo a escolher estratégias que 
maximizam os resultados de longo prazo em detrimento dos de curto prazo ( ) 
III. O acesso exclusivo a certas informações ou contatos vitais para a companhia, bem como a 
centralização excessiva são outras formas pelas quais os gestores poderiam procurar se 
‘entrincheirar’ em seus cargos ( ) 
IV. A transparência nas informações ou contatos vitais para a companhia, bem como a 
descentralização excessiva são outras formas pelas quais os gestores poderiam procurar 
se ‘entrincheirar’ em seus cargos ( ) 
V. O receio de perder o emprego poderia levar o executivo a escolher estratégias que 
minimizem os resultados de curto prazo em detrimento dos de longo prazo ( )

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