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unidade 1 ética na enfermagem

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Autora: Profa. Lidiana Flora Vidôto da Costa
Colaboradoras: Profa. Raquel Machado Coutinho
 Profa. Renata Guzzo
Ética em Enfermagem 
e Exercício Profissional
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Professora conteudista: Lidiana Flora Vidôto da Costa
É professora titular da Universidade Paulista (UNIP) desde 2004, graduada em Enfermagem pela Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), em 1988, mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de 
Campinas (Unicamp), em 2008, e doutora em Patologia Ambiental e Experimental pela Universidade Paulista (UNIP), em 
2015. Ministra as disciplinas de Ética em Enfermagem e Exercício Profissional no curso de graduação em Enfermagem 
da UNIP e de Aspectos Éticos, Filosóficos, Políticos e Legais em Saúde nos cursos de pós-graduação em Enfermagem 
em Obstetrícia, Enfermagem em Urgência e Emergência e Enfermagem do Trabalho.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C837e Costa, Lidiana Flora Vidôto da.
Ética em Enfermagem e Exercício Profissional. / Lidiana Flora 
Vidôto da Costa. – São Paulo: Editora Sol, 2016.
112 p., il
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2-078/16, ISSN 1517-9230.
1. Enfermagem e bioética. 2. Ética profissional. 3. Dilemas Éticos. 
I. Título.
CDU 616-083
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial:
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Rose Castilho
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Sumário
Ética em Enfermagem e Exercício Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ÉTICA PROFISSIONAL ..................................................................................................................................... 13
1.1 Ética e Moral .......................................................................................................................................... 13
1.2 Fundamentos da Ética ........................................................................................................................ 16
1.2.1 Consciência ............................................................................................................................................... 17
1.2.2 Valores ......................................................................................................................................................... 17
1.2.3 Autonomia e liberdade ......................................................................................................................... 19
1.2.4 Responsabilidade e verdade ............................................................................................................... 20
1.2.5 Respeito e reciprocidade ...................................................................................................................... 21
1.3 Responsabilidades ética e legal ...................................................................................................... 22
1.3.1 Responsabilidade civil ........................................................................................................................... 23
1.3.2 Responsabilidade penal ........................................................................................................................ 27
1.3.3 Responsabilidade ética ......................................................................................................................... 31
2 ÉTICA PROFISSIONAL E AS PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES...................................................................... 32
2.1 Conceitos ................................................................................................................................................. 32
2.1.1 Deontologia ............................................................................................................................................... 32
2.1.2 Diceologia .................................................................................................................................................. 33
2.1.3 Imprudência .............................................................................................................................................. 33
2.1.4 Negligência ................................................................................................................................................ 35
2.1.5 Imperícia ..................................................................................................................................................... 36
2.2 Lei do Exercício Profissional ............................................................................................................. 37
2.3 Resoluções relevantes do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) ............................ 39
2.3.1 Resolução Cofen nº 390/2011 ............................................................................................................ 39
2.3.2 Resolução Cofen nº 389/2011 ............................................................................................................ 39
2.3.3 Resolução Cofen nº 388/2011 ............................................................................................................ 40
2.3.4 Resolução Cofen nº 381/2011 ............................................................................................................ 40
2.3.5 Resolução Cofen nº 376/2011 ............................................................................................................ 41
2.3.6 Resolução Cofen nº 516/2016 ........................................................................................................... 43
2.3.7 Resolução Cofen nº 487/2015 ........................................................................................................... 43
2.4 Código de Ética dos profissionais de enfermagem e os dilemas éticos ......................... 45
2.5 Entidades de classe e a Enfermagem ........................................................................................... 49
2.5.1 Sindicatos ................................................................................................................................................... 50
2.5.2 Associações e sociedades de especialistas .................................................................................... 50
2.5.3 Conselhos de Enfermagem .................................................................................................................53
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3 ÉTICA E PESQUISA EM SAÚDE .................................................................................................................... 55
4 LEGISLAÇÃO, DEONTOLOGIA E AS INTERFACES COM A ENFERMAGEM E O CLIENTE .......... 61
4.1 Direitos do paciente ............................................................................................................................ 61
Unidade II
5 ENFERMAGEM E BIOÉTICA .......................................................................................................................... 64
5.1 Conceito e história ............................................................................................................................... 64
5.2 Princípios da bioética.......................................................................................................................... 67
5.2.1 Justiça .......................................................................................................................................................... 67
5.2.2 Autonomia ................................................................................................................................................. 68
5.2.3 Beneficência .............................................................................................................................................. 70
5.2.4 Não maleficência .................................................................................................................................... 70
6 PRINCIPAIS DILEMAS ÉTICOS E AS INTERFACES COM A ENFERMAGEM .................................. 71
6.1 Aborto ....................................................................................................................................................... 72
6.1.1 Conceitos .................................................................................................................................................... 72
6.1.2 História do aborto .................................................................................................................................. 72
6.1.3 A legalização do aborto no mundo e no Brasil .......................................................................... 73
6.1.4 Aborto: prevalência no mundo, dilemas éticos e políticos .................................................... 75
6.1.5 O aborto, o enfermeiro e a ética profissional .............................................................................. 77
6.2 Violência, discriminação étnica e social ...................................................................................... 79
6.3 Transfusão sanguínea e as filosofias religiosas ........................................................................ 82
6.4 Doação e transplante de órgãos .................................................................................................... 85
6.5 Bioética diante das questões da morte e do processo de morrer .................................... 88
6.5.1 Eutanásia .................................................................................................................................................... 88
6.5.2 Distanásia ................................................................................................................................................... 89
6.5.3 Ortotanásia ................................................................................................................................................ 90
7 GENÉTICA E DILEMAS ÉTICOS..................................................................................................................... 92
7.1 Células-tronco de embriões ............................................................................................................. 92
7.2 Alimentos transgênicos ..................................................................................................................... 93
8 DESCOBERTA DO MAPEAMENTO GENÉTICO HUMANO E AS IMPLICAÇÕES ÉTICAS ......................94
8.1 Nanotecnologia ..................................................................................................................................... 95
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Ética em Enfermagem e Exercício Profissional busca fornecer elementos para a 
capacitação para a tomada de decisão ético-legal no exercício da profissão.
Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz de construir significados a partir da abordagem dos 
fundamentos da Ética, de caracterizar as responsabilidades profissionais, destacando a questão da 
autonomia e dos dilemas éticos da profissão, e promover reflexões éticas sobre as questões de saúde 
e da vida humana. Deverá, ainda, ser capaz de promover discussões sobre o Código de Ética dos 
Profissionais de Enfermagem e sobre as tomadas de decisões éticas enquanto classe, no exercício 
ético legal da profissão.
A disciplina tem como objetivos:
• conhecer as distinções entre Ética e Moral e os fundamentos da Ética, além de discutir seus 
principais conceitos;
• compreender e utilizar o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem no embasamento de 
atos éticos decisórios;
• reconhecer dilemas éticos e legais no exercício da Enfermagem;
• conhecer as responsabilidades éticas e legais do profissional de enfermagem;
• diferenciar as diversas entidades representativas da Enfermagem e suas finalidades científicas, 
técnicas e culturais;
• avaliar as influências de códigos e leis, nacionais e estaduais, na garantia de direitos de grupos 
populacionais, consumidores e usuários de serviços de saúde;
• construir conhecimentos sobre Ética, deontologia e bioética;
• conhecer e discutir os princípios fundamentais da bioética e os envolvimentos com as profissões 
de saúde;
• construir o saber em Enfermagem, relacionando a necessidade do conhecimento para a atuação 
responsável do enfermeiro, respeitando os princípios de Ética e bioética;
• conhecer os aspectos éticos e legais na pesquisa de Enfermagem;
• discutir e conhecer as perspectivas do exercício da Enfermagem atual;
• discutir os significados de autonomia, privacidade, confidencialidade e as inter-relações voltadas 
à realidade das ações assistenciais desenvolvidas nas instituições de saúde;
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• discutir a atuação ética e legal do profissional enfermeiro frente às questões: eutanásia, aborto, 
transplante de órgãos, planejamento familiar, reprodução assistida, engenharia genética;
• conhecer o Código de Defesa do Consumidor e os direitos do paciente e suas implicações éticas 
e legais;
• conhecer os aspectos éticos e legais envolvendo a pesquisa de enfermagem em seres humanos e 
suas implicações éticas e legais;
• conhecer as diretrizes da formação e da atuação da comissão de Ética em enfermagem nas 
instituições de saúde;
• identificar as perspectivas do exercício profissional de enfermagem.
INTRODUÇÃO
Caro aluno, pode ser que, no decorrer do curso, as disciplinas técnicas-operativas sejam as que 
mais atraiam sua atenção e, consequentemente, sua dedicação aos estudos. É importante saber como 
atender a uma parada cardiorrespiratória, como administrar um medicamento, realizar uma sondagem 
vesical ou um curativo. É sabido que esses interesses ocorrem à maioria dos alunos que passam pela 
graduação do curso, porém, é sabido também que a prática de enfermagem inclui dois componentes 
igualmente importantes: o técnico-operativo e o ético-moral (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007, p. 13).
Como futuro profissional, lembre-se sempre de que o enfermeiro não pode focar suas atividades 
diárias apenas no fazer pelo fazer, ou idealizar as rotinas estabelecidas e as normas técnicas dos serviços 
de saúde e educação.
No ensino da Enfermagem, a Ética fazparte do currículo, sendo uma disciplina com conteúdo que 
deve permitir a criação de espaços para a reflexão, com a característica de fazer “parar para pensar”. 
Seu objetivo é fazer o profissional raciocinar adequadamente bem para conduzir com competência, 
comprometimento e responsabilidade sua profissão.
A Ética pode ser definida como saber que agrega e integra as várias disciplinas do currículo de 
enfermagem, para que todos tenham uma linguagem comum, relacionada aos princípios éticos que 
norteiam nossa profissão (FORTES, 1998, p. 32).
Precisamos buscar a percepção e a reflexão de nossas ações, conhecendo as consequências de cada 
uma delas para os nossos pacientes, a sociedade profissional e a comunidade institucional. E devemos 
fazê-lo de acordo com as fundamentações da Ética e da bioética para que nossas ações se reflitam numa 
assistência de equilíbrio: não puramente técnica ou puramente focada em legislações e na boa vontade 
do cuidar.
Precisamos, prezado aluno, buscar desenvolver nossas atividades profissionais embasadas no 
conhecimento científico e no respeito ao indivíduo, sempre permeadas pela Ética. Essa é uma postura 
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que deve ser adotada pelos profissionais, assumindo a responsabilidade social e respeitando o direito à 
cidadania. Nesse contexto, faz-se necessário que a Enfermagem avalie sua postura e suas práticas não 
apenas sob a perspectiva deontológica, mas que, ao contrário, analise sua atuação compreendendo a 
complexidade dos fatores envolvidos – cultura, religião e ciência – pautada no diálogo, na tolerância e 
no respeito a todas as partes envolvidas (COFEN, 2015).
A prática assistencial e a Ética profissional caminham juntas, equilibrando-se, tendo como único 
objetivo a relação intrínseca que existe entre a evolução e a qualidade dos processos de cuidar de 
enfermagem e os aspectos de excelência técnico-científica e éticos-morais desses cuidados idealizados 
e prestados.
O conhecimento do enfermeiro sobre a legislação acerca de sua profissão e das atividades que a 
permeia, assim como das regras e das diretrizes, possibilita-lhe compreender e questionar os reflexos 
de suas atividades, as consequências de suas ações, seus direitos e deveres, suas responsabilidades e, 
inclusive, suas obrigações. Conhecer as resoluções dos órgãos representativos de sua profissão, como o 
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren), implica estar 
sempre atento às mudanças, às discussões e aos pensamentos da categoria.
Se, por um lado, temos as diretrizes dos conselhos, temos, por outro, as ciências e as técnicas 
modernas, que produzem mudanças qualitativas no agir do homem.
As novas tecnologias engendram crescimento brutal dos poderes do homem, tornando-o 
objeto de suas técnicas. Tudo isso pode se converter em ameaça, exigindo reformulação Ética 
para o nosso tempo. As antigas e as novas tendências dessas novas tecnologias devem ser vistas 
sob o ponto de vista da bioética e dos seus possíveis impactos à população assistida, às gerações 
que virão e, por que não, ao planeta em que vivemos. Como exemplo, temos a genética e a 
nanotecnologia, que são temas atuais e de evidência na sociedade técnico-científica, e podem 
impactar a sociedade em que vivemos.
Você pode se perguntar: de que forma? Vamos refletir: Não é maravilhoso pensar que genes 
específicos para determinados tipos de câncer e drogas que, com modificações moleculares, 
poderão agir especificamente nesse tipo de célula cancerígena, estão prestes a ser descobertos 
e que, assim, o tratamento será muito mais eficiente do que os que existem atualmente? Qual o 
ponto de vista dos cientistas? O que pensam os religiosos? Todos os pacientes portadores desse 
tipo de câncer poderão pagar por este tratamento? E qual será o impacto desse tratamento 
para a saúde pública? Será que alguns tipos de neoplasias malignas deixarão de ter taxas de 
morbidade e mortalidade altas no planeta? Será que todos os países do planeta poderão oferecer 
esse tratamento à população? Todos esses questionamentos deverão ser discutidos em uma esfera 
ampla, pluralista, de acordo com os princípios da benevolência, da não maledicência, da autonomia 
e da justiça, e é isso que denominamos “bioética”.
Outros temas importantes de bioética que valem a pena discutir são: o aborto, a violência, os transplantes 
de órgãos, a discriminação racial e social, a eutanásia e tantos outros que trataremos neste livro.
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Assim, como tudo na vida, as experiências e os novos conhecimentos fazem a evolução do ser 
humano, e podemos afirmar que o mesmo ocorre na Enfermagem. Os avanços tecnológicos e científicos 
contribuem constantemente para as mudanças de conduta no fazer e pensar das profissões, e a 
Enfermagem está incluída nessa jornada de transformações.
A figura seguinte demonstra uma estudante de enfermagem atendendo uma criança na década de 
1940. E hoje? Você se vê assim? O ambiente hospitalar mudou? E o uso de equipamentos de proteção 
individual? Onde estão as luvas para que a enfermeira aplique a medicação? Será que as luvas para 
procedimentos já existiam? O que fez com que mudanças ocorressem com o passar do tempo? A 
resposta, como você pode imaginar, é: conhecimentos e tecnologia.
Agora resta pensar: devido ao fato de os conhecimentos dos mecanismos de transmissões de doenças 
e das tecnologias estarem em constante evolução, tornou-se uma diretriz do trabalho da enfermagem o 
uso das luvas para procedimentos. O mercado de artigos hospitalares dispõe desse material com opções 
de tamanhos, contendo matéria-prima antialérgica, com luvas produzidas por diversas opções de 
materiais, em látex e até mesmo em silicone, entalcadas ou sem talco, enfim, é a tecnologia atendendo 
aos avanços da ciência.
Nesse simples exemplo, vale salientar que, além das diretrizes nacionais e internacionais voltadas 
para as medidas de segurança ocupacional para evitar que os profissionais da saúde fiquem expostos 
às doenças em seu ambiente de trabalho, existem as leis que asseguram essas diretrizes, exigindo, por 
exemplo, que os empregadores forneçam os materiais necessários para o trabalhador.
Mas será que todos os profissionais de saúde, atualmente, utilizam essa tecnologia, esses 
conhecimentos e os benefícios das diretrizes e das leis para a utilização das luvas para procedimentos, 
como exemplificada, ou para qualquer outra conduta necessária para o atendimento do paciente, 
ou para as relações com as equipes de trabalho, a família e a comunidade? Será que muitos 
profissionais de enfermagem ainda adotam bases técnicas e procedimentos arraigados em épocas 
primitivas do saber?
Com todas as melhorias e anteparos técnicos, científicos e legais criados com a evolução da 
humanidade, há garantias de que todos os profissionais de enfermagem façam respeitar as condutas 
desejadas para a assistência prestada? A resposta é simples: claro que não.
Muitas vezes, mesmo dispondo da tecnologia e da ciência a seu favor, alguns profissionais de 
enfermagem se apropriam desses privilégios. Poderão faltar os insumos necessários para o trabalho, 
o interesse pela atualização profissional e, principalmente e mais importante, a consciência das 
consequências de suas decisões para as condutas adotadas.
Acredita-se que a conduta humana é muito complexa. O processo de conduta não é apenas racional, 
pois dependerá de diversos fatores distintos para cada um. A consciência, as percepções, as crenças e 
os valores, mesmo na presença da evolução do conhecimento e da tecnologia, poderão tramitar entre 
a razão e a objeção.
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Figura 1 
Portanto, caro aluno, fazemos o convite para que você participe de alguns ensinamentos acerca 
dessas temáticas,para que possamos exercitar o poder de ter uma mente livre, interessada pelos 
conhecimentos e aprimoramentos, de modo a favorecer a compreensão e o discernimento para o 
exercício profissional pleno.
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ÉTICA EM ENFERMAGEM E EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Unidade I
1 ÉTICA PROFISSIONAL
 
1.1 Ética e Moral
Desde a Antiguidade, os homens têm se preocupado com as questões éticas e morais, vinculadas 
à natureza, à política, às regras de convivência social e ao comportamento humano. As concepções 
sobre o ajuizamento ético têm evoluído ao longo da história da humanidade (OGUISSO, 2012, p. 45). 
A situação histórica atual é bem diferente daquela da época de Aristóteles, Platão e Sócrates, na qual 
o bem era a preservação da ordem natural, ou dos ensinamentos judaicos e cristãos, na qual o bem 
equivalia à obediência às orientações divinas.
A Moral e a Ética não possuem um significado rígido e estático na história da Filosofia. A Moral 
está associada aos costumes, regras, convenções e tabus estabelecidos pela sociedade. Já a Ética 
está associada aos valores morais que dão orientação ao comportamento humano na sociedade 
(BOFF, 2003, p. 2).
Esses dois termos possuem origens etimológicas distintas e, inicialmente, nos primórdios, Ética e 
Moral tinham praticamente o mesmo significado, diferindo apenas na semântica.
A palavra “moral” é originária do termo latino “morales”, que significa “relativo aos costumes”, isto 
é, aquilo que se consolidou como verdadeiro do ponto de vista da ação. A Moral pode ser definida como 
o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e que são utilizadas constantemente por cada cidadão. Tais 
regras orientam cada indivíduo que vive na sociedade, norteando os seus julgamentos sobre o que é 
certo ou errado, moral ou imoral, e as suas ações. A Moral é construída por uma sociedade com base nos 
valores históricos e culturais.
Como exemplo, podemos dizer que, na sociedade em que vivemos hoje, quando avistamos casais de 
namorados andando de mãos dadas pelas ruas, julgamos ser algo bonito, inspirador, terno, porém, em 
outros tempos, nessa mesma sociedade, isso poderia ser considerado imoral. Portanto, a consciência e 
os valores morais podem mudar com o tempo.
Quando falamos de Moral, podemos pensar em um outro exemplo. A Moral pode ser distinta 
quando comparamos, em uma mesma época, dois ou mais grupos de pessoas que convivem. É comum 
encontramos populações ou até mesmo grupos que possuem opiniões distintas sobre determinado 
assunto ou comportamento social e costumes diferentes. Podemos dizer que o que são consideradas 
atitudes e costumes “normais”, corriqueiros e cotidianos para uma população, podem ser “aberrações” 
para outra. Um exemplo claro disso seria o costume do traje usado pela mulher em público. De acordo 
com a interpretação dos talibãs do livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, os homens e as mulheres 
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Unidade I
devem viver com modéstia e discrição máximas enquanto estiverem expostos em público. Portanto, o 
uso da burca, uma peça do vestuário tradicional das mulheres muçulmanas, principalmente as afegãs, 
caracterizada por cobrir todo o corpo, o cabelo e o rosto, começou a ser considerado obrigatório pelas 
mulheres no Afeganistão entre 1995 e 2001 (período do regime do talibã).
Sabe-se que aproximadamente 60% das mulheres afegãs atualmente continuam utilizando a burca, 
seja por tradição ou por medo de represálias dos pequenos núcleos de muçulmanos extremistas que 
permanecem na região. Dessa forma, podemos dizer que essa população atribui preceitos morais a 
esse costume e que caso uma mulher habituada a diferentes costumes para se vestir não use a burca, 
provavelmente será vista como uma pessoa agindo de modo imoral.
E o contrário também pode acontecer. O costume de uma mulher afegã pode ser visto por uma 
comunidade que não tem esse hábito como um ato que reduz a mulher à servidão e ameaça a sua 
dignidade. Ou seja, sua vestimenta, assim, não seria vista como um sinal de religião, mas de subserviência. 
Nesse caso, estão sendo questionados o princípio da laicidade e o da ponderação entre o direito à 
liberdade religiosa e o direito à igualdade de gênero.
Assim, podemos concluir que um costume considerado moral, como um determinado “modelo ideal 
de boa conduta socialmente estabelecida”, que reflete certa forma de vida, pode se alterar em um 
período de tempo diferente ou diferir de uma população para outra.
 Lembrete
Valores morais são os conceitos, juízos e pensamentos considerados 
“certos” ou “errados” por determinada pessoa ou por um determinado 
grupo na sociedade.
A palavra “Ética” é proveniente do grego “ethos”, significa, literalmente, “morada”, “hábitat”, 
“refúgio”, ou seja, o lugar onde as pessoas habitam, caráter, modo de ser de uma pessoa. O filósofo 
Aristóteles acreditava que a Ética era caracterizada pela finalidade e pelo objetivo a ser atingido, que 
seria viver bem, ter uma boa vida. A palavra “Ética” também pode ser definida como um conjunto de 
conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano na tentativa de explicar as regras 
morais de forma racional e fundamentada. Nesse sentido, trata-se de uma reflexão sobre a Moral.
A Filosofia foi a primeira a surgir, antes de se tratar da Ética propriamente dita, emergindo quando se 
concluiu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser 
revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrário, podia ser conhecida por todos, através 
da razão, que é a mesma em todos. Surgiu, dessa forma, quando se descobriu que tal conhecimento 
depende do uso correto da razão ou do pensamento e que, além de a verdade poder ser conhecida por 
todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos (CHAUÍ, 2000, p. 20).
A Ética como teoria filosófica tem por objetivo estudar o comportamento dos indivíduos frente aos 
apelos morais da sociedade em que estes vivem. Ela se manifesta de diferentes maneiras conforme a 
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cultura, costumes e hábitos de determinadas populações. Traduz, assim, a maneira de buscar a harmonia 
entre todos os indivíduos, uma forma de conviver e viver com outras pessoas, de modo que cada um 
buscasse seus interesses e todos ficassem satisfeitos.
 Lembrete
Do ponto de vista da Filosofia, a Ética se dedica a pensar sobre as ações 
humanas e seus fundamentos, refletindo, portanto, sobre os valores e 
princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
Nesse sentido, pode-se considerar a Ética um tipo de postura que se refere a um modo de ser, 
à natureza da ação humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as situações da vida e do modo 
como estabelecemos relações com outra pessoa. Quais são as nossas responsabilidades pessoais em uma 
relação com o outro? Como lidamos com as outras pessoas em sociedade? Uma conduta Ética pode ser 
um tipo de comportamento mediado por princípios e valores morais.
Assim, Ética é a parte da Filosofia que estuda a Moral, pois reflete e questiona as regras morais, 
compreendendo que a Ética por si só não avalia se um ato é correto ou incorreto.
Contudo, apesar de esses conceitos serem distintos, existe uma estreita articulação entre si, na 
medida em que a Ética tem como objeto de estudo a própria Moral. Embora a Ética e a Moral estejam 
interligadas, são independentes (PEDRO, 2014).
 Saiba mais
O filme a seguir, baseado em um dos mais famosos livros sobre a 
Filosofia, é excelente para se entender questões filosóficas, Ética e Moral, e 
pode propiciar uma inter-relação com o conteúdo sobre Ética e Moral:
O MUNDO de Sofia. Dir. Erik Gustavson. Noruega; Suécia: Audiovisuellt 
Produksjonsfond, 1999. 113 minutos.Leia também o texto a seguir:
PEDRO, A. P. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades 
em torno de um conceito comum. Kriterion, Belo Horizonte, v. 55, n. 130, p. 
483-498, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-512X2014000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso 
em: 1 ago. 2016.
Quem pratica a Ética são sujeitos éticos, que devem ter liberdade de pensamento, sem serem coagidos 
por forças internas ou externas para que os atos éticos sejam livres, voluntários e conscientes.
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Unidade I
Hoje em dia, Ética tem se confundido com ideologia, política, entre outros conceitos, porém a 
abordagem da Ética contemporânea difere da tradicional, pois origina-se de uma sociedade secular 
e democrática, afastando-se das conotações das morais religiosas, e respira em preceitos pluralistas, 
aceitando a diversidade de enfoques, posturas e valores.
 Observação
Platão, Aristóteles e Sócrates foram filósofos inauguradores da filosofia 
ocidental como a que concebemos ainda hoje, em muitos aspectos. O 
período em que despontaram é considerado o período áureo da Filosofia, 
dada a sua imensa contribuição para o avanço do pensamento filosófico e 
ético na época e até mesmo na atualidade.
1.2 Fundamentos da Ética
Como já foi mencionado anteriormente, o homem é um ser social que aprende com suas experiências, 
aprendizagem que exige tempo e maturidade.
A cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a 
Moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano. Ela muda com o tempo, 
evoluindo continuamente e mudando a forma de pensar e agir em sociedade. Com isso, por exemplo, 
assumem-se diferentes valores na forma de viver, relacionar-se, comer, vestir, comemorar.
O homem, tendo a consciência do universo em que vive, criando e modificando continuamente 
esse ambiente, pode requisitar, interferir e criar sua evolução na história. Com isso, sente a liberdade de 
conquistar novos pensamentos e criações.
Sabemos também que:
A Ética e a Moral devem partir de experiências originárias que se encontram 
no cotidiano das pessoas para identificar seus fundamentos, como a 
liberdade, os valores, o cuidar e o solidarizar-se com os outros. Desse modo, 
a Ética e a Moral buscam fazer com que as pessoas sejam melhores e mais 
responsáveis pelos seus próprios atos (OGUISSO, 2012, p. 49).
E seguindo aqui a máxima de Aristóteles dita na Ética a Nicômaco e repetida em seu pensamento 
sobre a Moral de forma geral: “somos o resultado de nossas escolhas”.
Portanto, a Ética possui elementos importantes nos quais se fundamenta e eles devem nos 
estruturar como seres humanos, resultando, positivamente ou não, em nossas escolhas.
Dentre estes fundamentos, encontram-se: consciência, valores, autonomia, liberdade, 
responsabilidade, verdade, respeito e reciprocidade, que serão detalhados a seguir.
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1.2.1 Consciência
Consciência é a capacidade de julgar o que é correto e o que não é, de acordo com valores morais, 
de conhecimento e de sabedoria.
Sendo racionais, os seres humanos têm a capacidade de sentir a própria identidade, podendo 
interpretar o presente, o futuro e o passado. Portanto, quanto maior o conhecimento, a paciência para 
compreender a situação, melhor será o julgamento entre o correto e o não correto, o que deve e não 
deve ser feito, e as consequências dos próprios atos.
A pessoa que possui consciência e vontade pode compreender o que se passa ao redor melhor do 
que aquela que não as possui. Portanto, o conhecimento, a experiência e a reflexão fazem com que o 
indivíduo desenvolva em seu percurso, na vida, consciência de seus próprios atos.
Porém, viver em sociedade representa as relações do homem com o mundo e com outros homens, 
primordiais para a evolução. Ele não evolui sozinho, não constrói sua identidade sem essas experiências, 
seja com o outro ou com o mundo.
 Observação
Para refletir: o enfermeiro possui sua consciência, formada com base 
em suas experiências construídas no decorrer de sua vida. A equipe de 
saúde, a família do paciente e o próprio paciente também a possuem. 
Contudo, será que todos compartilham de uma mesma consciência? Será 
que ao compartilharmos essas experiências e ao procurarmos compreender 
a identidade alheia, estamos facilitando a convivência e o entendimento 
entre as pessoas?
1.2.2 Valores
Os valores são fundamentais para a formação da conduta moral e da Ética na vida do ser humano, 
pois os atribuímos aos objetos (naturais ou não naturais), aos sentimentos e às emoções, uma vez que o 
agir humano é uma forma de expressar valores.
[O valor é uma] qualidade abstrata e secundária de um objeto, estado ou 
situação que, ao satisfazer uma necessidade de um sujeito, suscita nele 
interesse ou aversão por essa qualidade.
[...] O valor radica no objeto, mas sem o interesse de um sujeito, o objeto 
deixaria de ter valor. Os valores ideais são ideias consistentes e objetivas do 
mundo racional humano (CABANAS, 1999).
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Unidade I
A manifestação de uma pessoa ou de um grupo dependerá dos valores atribuídos por eles mesmos, 
e, dessa forma, a manifestação dependerá de um juízo de valor. Exemplo: note a diferença entre as duas 
descrições a seguir:
• “O paciente é baixo e musculoso” é um juízo real, pois apresenta as características físicas da 
pessoa, assim como de fato é.
• “O paciente tem um bom preparo físico”, por outro lado, é um juízo de valor, pois as características 
físicas “baixo e musculoso” foram avaliadas como sendo próprias de pessoas consideradas “com 
bom preparo físico”.
Portanto, a tomada de decisão estará embasada nos valores éticos agregados, que poderão diferir de 
pessoa para pessoa, de comunidades para comunidades, de populações para populações, entre outros. 
Essas atitudes estão ligadas a valores que orientam e justificam tais comportamentos. Um valor é uma 
experiência transmitida ou vivida que elegemos para dar sentido à nossa vida cotidiana.
Esse valor é considerado uma referência justa, verdadeira e, portanto, necessária. Como os valores 
são constantes, orientam nossa conduta – valor moral – pela vida inteira. E é pelo valor ético que nossa 
vontade é controlada, independentemente da presença do outro (TRANCOSCO, 2013).
O modo de pensar, a vontade e agir religam os elementos construtivos da tomada de decisão, 
mostrando, mediante o ato em si, a identidade de cada pessoa, pois o homem existe para criar e realizar 
coisas, e dessa forma construindo o modo de viver, aprendendo a cuidar de si do outro e do mundo.
 Lembrete
O valor é uma variável da mente que ajuda a pessoa a tomar decisões 
(OGUISSO; SCHIMIDT, 2007, p. 33).
Os valores atribuídos diferem significativamente entre as pessoas, 
sociedades e populações, diferenciando as tomadas de decisão sobre um 
mesmo dilema ético.
Exemplo de aplicação
Para refletir: o enfermeiro possui valores agregados em sua vida desde sua infância. Com as 
experiências e conhecimentos adquiridos em sua formação acadêmica e posteriormente profissional, 
amplia, muda e concebe novos e importantes valores profissionais e éticos. Pensando nisso, reflita:
• Você acredita que o conhecimento e a experiência profissional transformam e melhoram a 
capacidade do enfermeiro de compreender sua equipe e o próprio paciente?
• Quais são os valores envolvidos?
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1.2.3 Autonomia e liberdade
Autonomia é um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independência, 
liberdade ou autossuficiência.O antônimo de autonomia é heteronomia, palavra que indica 
dependência, submissão.
Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre-arbítrio, de acordo com a própria vontade 
(desde que não se prejudique outra pessoa), é a sensação de estar livre e não depender de ninguém.
Os significados desses dois vocábulos correspondem a uma determinada corrente filosófica, a 
da liberdade incondicional. Com respeito às suas diferenças, pode-se sustentar que a liberdade é a 
capacidade do sujeito de agir com autonomia. Desse modo, por exemplo, a autonomia profissional pode 
ser vista como um componente da liberdade do enfermeiro (PRZENYCZKA et al., 2012, p. 428).
Pensando em autonomia como o direito de governar-se pelas próprias regras, de forma independente, 
deve-se aceitar que sua ação, de responsabilidade própria, deve também reportar-se à comunidade 
(OGUISSO; SCHIMIDT, 2007 p. 35).
O homem é um ser de decisões, colocando-se diante de diversas alternativas para escolhas em 
relação às suas ações, tomando decisões com base na orientação que buscou. Assim, vai construindo e 
realizando, o que condiz com a liberdade.
 Observação
Aqueles que conservarem mais conhecimento, certamente, estarão 
numa posição vantajosa para o exercício de sua autonomia. E quanto mais 
os enfermeiros são expostos aos conceitos e ideias de outras disciplinas, 
como a Antropologia, a Sociologia e a Filosofia, seguramente, maior será a 
assimilação satisfatória e razoavelmente rápida desses conceitos na prática 
da enfermagem (PRZENYCZKA et al., 2012, p. 430).
A liberdade é o poder incondicional da vontade para determinar a si mesma; sem constrangimentos 
internos ou externos, o agente é totalmente pleno em suas ações.
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 Saiba mais
As referências a seguir podem propiciar uma inter-relação com o 
conteúdo de liberdade e autonomia:
CRASH: no limite. Dir. Paul Haggis. Alemanha; EUA: Bob Yari Productions, 
2004. 112 minutos.
LIMA, G. G. Criança: objeto a liberado? Educação em Revista, Belo 
Horizonte, v. 25, n. 1, p. 203-218, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982009000100011&lng=e
n&nrm=iso>. Acesso em: 30 jun. 2016.
PRZENYCZKA, R. A. et al. O paradoxo da liberdade e da autonomia 
nas ações do enfermeiro. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v. 21, n. 
2, p. 427-431, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n2/
a22v21n2>. Acesso em: 23 jun. 2016.
LARANJA mecânica. Dir. Stanley Kubrick. Reino Unido; EUA: Warner 
Bros., 1971. 136 minutos.
1.2.4 Responsabilidade e verdade
Verdade significa aquilo que está intimamente ligado a tudo o que é sincero, que é verdadeiro, é a 
ausência da mentira, é a afirmação do que é correto, do que é seguramente o certo e está dentro da 
realidade documentada e vivida. O que é verdade? Verdade é aquilo em que você acredita.
O valor da verdade é que, a partir de nossas interpretações sobre os fatos, a forma como pensamos 
se incorpora em nossas estruturas sociais e individuais, transformando vidas. A verdade tem valor 
significativo no dia a dia, nas políticas de saúde, de educação, economia, religiosidade, entre tantos 
outros seguimentos.
As verdades surgem quando vamos interpretar os fatos da vida cotidiana. Então alguém vai dizer: 
“A enfermeira não administrou o medicamento corretamente, merece ser processada”. Outro vai dizer: 
“O que leva o enfermeiro a fazer isso: falta de recursos ou jornada dupla de trabalho para sustentar os 
filhos e ganhar tão pouco?”. Veja, são interpretações diferentes do mesmo fato, o que nos leva a afirmar 
que essas pessoas têm valores diferentes, e, portanto, suas verdades são distintas.
Saber o que é verdadeiro na profissão dependerá de disciplina, de pensamentos, experiências e 
discussões com a classe profissional, além de conhecimento e aprimoramento contínuos. A percepção, 
a sensibilidade e a investigação contribuirão para a verdade.
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As verdades que advêm de múltiplas experiências têm grande valor, e, com base nessa compreensão, 
o homem deve tornar-se responsável por aquilo que escolhe ao criar algo em torno de si (OGUISSO; 
SCHIMIDT, 2007, p.37). Ser responsável significa assumir a própria vida, jamais justificar seus erros, muito 
menos atribuindo a culpa às circunstâncias ou a qualquer outra pessoa, pois nada que não tenhamos 
permitido nos acontece, consciente ou inconscientemente.
A responsabilidade é o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento ou do 
comportamento de outras pessoas. Ser responsável é assumir não somente os próprios acertos, mas 
também os próprios erros, sem se envergonhar, mas tirando proveito disso.
1.2.5 Respeito e reciprocidade
Respeito significa consideração, deferência, apreço e reverência. O respeito é um dos valores mais 
importantes da convivência entre os seres humanos, e tem grande importância na interação social. 
Pensando nas inter-relações da enfermagem, sabemos que o respeito deve ser reverenciado nas ações 
diárias, tanto nos relacionamentos multidisciplinares, como no atendimento prestado ao paciente e 
na atenção às normas, diretrizes e legislações da profissão. O respeito impede que uma pessoa tenha 
atitudes reprováveis em relação à outra.
O enfermeiro deve falar sobre um tema com respeito (como diferentes religiões, crenças e condutas) 
e falar de forma ponderada e sensível. Respeitar envolve ouvir o que o outro tem a dizer, buscando 
interpretar o que ouvimos, ter compaixão, ser tolerante, honesto e atencioso; é entender a necessidade 
do autoconhecimento para poder respeitar a si próprio e, então, respeitar o outro.
A reciprocidade, por sua vez, significa correspondência mútua, recíproca e está intimamente 
relacionada ao respeito.
Veja, se o enfermeiro agir com respeito, favorecerá a reciprocidade. É fácil entender. Quando 
demonstramos respeito por alguém, por uma situação vivenciada, pela instituição em que trabalhamos, 
ocorre a reciprocidade, ou seja, a credibilidade de que nossas ações são dignas de confiança e de respeito.
O contrário também ocorre. Agir com desrespeito resultará na reciprocidade, ou seja, trará àquele 
que age assim a imagem de ser um profissional com atitudes não confiáveis perante os olhos do próximo 
(paciente, equipe, comunidade) e, logo, indigno de respeito.
Exemplo de aplicação
Sobre respeito e reciprocidade na assistência de enfermagem e de acordo com os princípios éticos-
humanistas, reflita:
• Como enfrentar as dificuldades radicais que se apresentam diante de nós?
• Como atuar no novo cenário em que coisas que fazíamos tão bem precisam ser reaprendidas?
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• Como lutar sem deixar valores fundamentais?
• Como saber a medida exata no momento certo?
• Como responder aos questionamentos anteriores com respeito e reciprocidade?
Figura 2 – Respeito e reciprocidade
1.3 Responsabilidades ética e legal
A palavra responsabilidade tem origem nas palavras latinas: repondere e responsus e significa 
responder ou ser responsável.
Nos dicionários de língua portuguesa Houaiss e Michaellis, encontramos as seguintes definições 
para “responsabilidade”:
1. obrigação de responder pelas ações próprias ou dos outros. 2. caráter ou 
estado do que é responsável (HOUAISS; VILLAR, 2009).
Dever jurídico de responder pelos próprios atos ou de outrem, sempre que 
estes violem os direitos de terceiros protegidos por lei e de reparar os danos 
causados [...] Dever de dar conta de alguma coisa que fez ou mandou fazer, 
por ordem pública ou particular [...] Imposição legal ou Moral de reparar ou 
satisfazer qualquer dano ou perda (POLITO, 2008).
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Na linguagem jurídica, responsabilidade significa violação do direito, o que obriga ao dever da reparação, 
com admissão das consequências que o dano cause, conduzindo a uma ordem jurídica na sociedade.
Como enfermeiros, precisamos conhecer e compreender esses conceitos para que a tomada de 
decisão tenha não somente o respaldo técnico-científico, mas também a inferência das normas, das 
diretrizes e das legislações vigentes.
Estudaremos três tipos de responsabilidades para o exercício profissional do enfermeiro: a 
responsabilidade civil, a penal e a ética.
 Observação
No caso de o enfermeiro ou de qualquer membro da equipe de 
enfermagem ser responsável por algum dano, seja de ordem física 
ou psíquica, a alguém, decorrente das práticas de seu exercício 
profissional, poderá responder perante a responsabilidade civil, penal 
e ética, distintamente.
1.3.1 Responsabilidade civil
A responsabilidade civil parte do posicionamento de que todo aquele que violar um dever jurídico 
através de um ato lícito ou ilícito tem o dever de reparar o dano, pois todos temos um dever jurídico 
originário: o de não causar danos a outrem. Ao violar esse dever jurídico originário, passamos a ter um 
dever jurídico sucessivo, o de reparar o dano que foi causado (CAVALIERI FILHO, 2012, p. 2).
Chama-se direito civil o ramo do direito que trata do conjunto de normas reguladoras dos direitos 
e obrigações de ordem privada concernente às pessoas, aos seus direitos, obrigações, bens e relações 
enquanto membros da sociedade.
Em outros tempos, como na época medieval, a resposta a um descumprimento das regras estabelecidas, 
mesmo que causado por uma única pessoa, resolvia-se através da vingança coletiva, como as guerras 
entre reinos, e com a morte de inúmeros inocentes.
 Saiba mais
O filme a seguir pode propiciar uma inter-relação com o conteúdo 
sobre a responsabilidade civil reparada por meio de uma guerra. Trata-se 
de Troia, filme épico de guerra baseado na Ilíada, célebre poema do autor 
grego Homero sobre a guerra de Troia.
TROIA. Dir. Wolfgang Petersen. EUA; Malta; Reino Unido: Warner Bros., 
2004. 163 minutos.
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Sabe-se também que o homem, em outros tempos, já tratou das reparações dos danos por meio de 
sistemas de penas pelos quais o autor de um delito devia sofrer castigo igual ao dano por ele causado. 
Eram os tempos daquela que ficou conhecida como a Lei de Talião.
A existência da Lei de Talião foi descoberta por meio do Código de Hamurabi, conjunto de leis 
escritas escritas em 1780 a.C., no reino da Babilônia.
 Observação
O Código de Hamurabi é um conjunto de 280 leis talhadas numa rocha 
de diorito, criadas na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C, pelo Rei 
Hamurabi, da primeira dinastia babilônica. Tendo como objetivo principal 
unificar o reino através de um código de leis comuns, Hamurabi mandou 
espalhar cópias desse código em várias regiões do reino. O código é baseado 
na Lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”.
O sistema legislativo que tem como base a Lei de Talião serviu de modelo por séculos, vigorando em 
muitas legislações remotas, predominante e comumente na Idade Média.
A Lei de Talião era interpretada não só como um direito, mas até como uma exigência social de 
vingança em favor da honra pessoal, familiar ou tribal. A expressão: “olho por olho, dente por dente” 
fora vivenciada em quase todas as leis das diversas nações, embora vista por nossos olhos atualmente 
como absurda e até passível de causar indignação.
Contudo, temos que ter em mente que se tratava de outra época, em que o homem era 
“bárbaro”, tinha pouca ou nenhuma consciência do que era o respeito ao seu semelhante, e 
que só era contido pelo medo dos castigos, tão ou mais cruéis do que o ato passível de punição 
(MARQUES, 2000). Entre as penas estabelecidas pelo modelo de Lei de Talião, podem-se citar: a 
morte, a mutilação através do corte de membros, o tormento, a prisão, o açoite e a multa. Os 
crimes sexuais praticados por homens, por exemplo, poderiam ser condenados à castração ou à 
amputação do pênis.
 Lembrete
Antigamente, a resposta civil se dava através da vingança coletiva, 
como as guerras entre reinos, por exemplo. Posteriormente, o conceito de 
vingança evoluiu para uma reação individual, como a justiça pelas próprias 
mãos, como no caso da Lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”. 
Atualmente, para se viver em sociedade e reparar um dano causado a 
outrem, no Brasil, amparamo-nos pela lei federal, denominada Código de 
Direito Civil.
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Em um país há duas leis fundamentais: a Constituição e o Código Civil. A primeira estabelece a 
estrutura e as atribuições do Estado em função do ser humano e da sociedade civil; a segunda se refere 
à pessoa humana e à sociedade civil como tais, abrangendo suas atividades essenciais. O Código Civil é 
“a Constituição do homem comum”, do homem que vive em sociedade, assegurando-lhe, por exemplo, 
as reparações aos danos causados por outros, seja direta ou indiretamente.
A reparação de danos, prevista na lei, pode ocorrer de duas formas:
• reparação natural ou específica;
• reparação pecuniária ou por equivalência.
A reparação natural ou específica consiste em reparar o dano causado por meio da indenização de 
forma integrável, ou seja, se quebrar um vaso alheio, o responsável comprará outro igual para fazer a 
reposição, ou de forma monetária, que possibilitará ao prejudicado adquirir o mesmo vaso.
Na enfermagem, quando causamos um dano a um paciente, a outra pessoa da equipe de trabalho 
ou até mesmo à instituição, se esse dano for reparável de forma natural, a substituição ou ressarcimento 
monetário serão suficientes.
Por exemplo, imagine um enfermeiro que verifica que o paciente está com uma prótese dentária 
que precisa ser retirada para a realização de um exame. O enfermeiro se descuida e perde a prótese do 
paciente. Ele, então, de acordo com o Código Civil, irá ressarcir o paciente, para que seja providenciada 
nova prótese.
Porém, existem danos que são irreparáveis da forma natural, e a indenização, nesses casos, é feita por 
meio de um novo “estado”, o que mais se aproximar do anterior. Ocorre então a reparação denominada 
“pecuniária” ou por equivalência, ou seja, um valor monetário é atribuído aos danos de modo que 
permita, de forma justa, reparar o dano. Esse preço não é pensado para amenizar a dor, mas para ser 
um meio de atenuar as consequências da lesão, pois se sabe que não há equivalência para a dor sofrida 
com certos danos.
Exemplo de aplicação
Considere a reparação pecuniária ou por equivalência decorrente de um dano causado acidentalmente, 
sem intenção, por um enfermeiro, a um paciente, e que lhe traga, por exemplo, como consequência, a 
perda de um dos membros inferiores. Como esta fatalidade poderá ser reparada?
Antes de responder, reflita: trata-se apenas da invalidez? Como podemos reparar os danos 
referentes aos seus sentimentos sobre a mudança dos hábitos e da rotina à qual ele tentará se adaptar? 
Como reparar o tempo que levará para o paciente se reabilitar e a perda de um membro funcional? 
As atividades profissionais exercidas pelo paciente antes do dano continuarão sendo realizadas? Ele 
perderá o emprego? E a ansiedade e o medo do enfrentamento dessa nova situação? Como ficará o 
deslocamento do paciente para as atividades da vida diária? Como ele enfrentará a sociedade? Poderá 
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tornar-se improdutivo? Terá depressão? Como cuidará de sua família? Ele possui carteira profissional e 
é registrado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), órgão federalpertencente ao Ministério da 
Previdência Social, para receber os seus benefícios?
Para ser obrigada a reparar um dano, a pessoa deve ser juridicamente capaz de fazê-lo. De acordo com 
o artigo 5º do Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002), são considerados civilmente incapazes indivíduos 
menores de 16 anos, e aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tenham necessário 
discernimento para a prática desses atos e aqueles que, mesmo por causa transitória, não possam 
exprimir sua vontade. Essa incapacidade cessa para os menores por:
• concessão dos pais;
• casamento;
• colação de grau no ensino superior;
• exercício de emprego público efetivo;
• estabelecimento civil ou comercial, desde que o menor, ao completar 16 anos, tenha 
economia própria.
Pontos relevantes relacionados à responsabilidade do enfermeiro para se conhecer no Código 
Civil brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
[...]
Art. 944: A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da 
culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
[...]
Art. 951: O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de 
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, 
por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, 
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho 
(BRASIL, 2002).
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Como exemplo, o enfermeiro responsável pelo dano físico ou outro ao paciente, de acordo com 
o Código Civil, poderá arcar com as despesas do novo tratamento, indenizando o cliente, inclusive 
referente aos lucros cessantes, até o fim de sua convalescença. Se houver danos permanentes, poderá, 
além disso, ser condenado ao pagamento de pensão vitalícia ao paciente, e decorrendo morte, arcar 
com as despesas do funeral, bem como com pensão aos dependentes do falecido (OGUISSO, 2012).
O fato de o enfermeiro ser responsabilizado na esfera civil não afasta a possibilidade de se ver 
responsabilizado também na esfera penal e na ético-administrativa (no âmbito do Conselho Federal 
de Enfermagem). Deduz-se, portanto, que a responsabilização do enfermeiro pode vir nas três esferas 
anteriormente mencionadas, pois são independentes entre si, conforme a legislação vigente.
 Saiba mais
Leia os textos a seguir:
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 
Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 15 jul. 2016.
CAVALIERI FILHO, S. Programa de Responsabilidade Civil. 10. ed. São 
Paulo: Atlas, 2012.
MARQUES, A. A Lei de Talião ainda sobrevive para o autor do crime 
de estupro. 2000. Disponível em: <http://www.soleis.com.br/artigos_taliao.
pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016.
RAMOS, V. Responsabilidade civil no direito brasileiro: pressupostos 
e espécies. 2014. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/
exibir/8754/Responsabilidade-civil-no-Direito-brasileiro-pressupostos-e-
especies>. Acesso em: 20 jun. 2016.
1.3.2 Responsabilidade penal
O profissional de enfermagem pode ser chamado a responder na esfera penal se for responsável 
por danos, lesões físicas ou maus-tratos causados a outras pessoas direta ou indiretamente, mesmo 
que sem intenção.
A responsabilidade penal significa a obrigação ou o direito de responder perante a lei por um fato 
cometido, fato este considerado pela lei vigente como um crime ou uma contravenção, ou seja, é um 
atributo jurídico.
Para ser responsável penalmente por um determinado delito, são necessárias três condições básicas: 
ter efetivamente praticado o delito à época do fato, ter tido entendimento do caráter criminoso da ação 
e ter sido livre para escolher entre praticá-lo ou não (BRASIL, 1940).
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Alguns pontos relevantes do Código Penal brasileiro aos quais devemos atentar no exercício 
profissional de enfermagem são a coautoria e a falsidade ideológica, por serem infrações que o 
enfermeiro pode estar arriscado a cometer em seu dia a dia.
Coautoria significa autoria coletiva, pluralidade de agentes de um crime; sua característica é a 
simultaneidade de dois ou mais agentes na prática do mesmo delito, ou seja, quando mais de uma 
pessoa, ciente ou voluntariamente, participa da mesma infração penal.
Regras comuns às penas privativas de liberdade
Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas 
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º – Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço.
§ 2º – Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na 
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (BRASIL, 1940).
O enfermeiro, como líder de equipe, responde tecnicamente pela equipe e, portanto, se algum técnico 
de enfermagem cometer qualquer erro, o enfermeiro será corresponsável pelo ato.
O técnico de enfermagem, por exemplo, poderá alegar que cometeu o delito por nunca ter sido 
orientado na instituição sobre esse procedimento. Embora seja obrigação do profissional conhecer e 
realizar suas atividades fundamentando-se nas normas técnico-científicas, o juiz poderá interpretar 
que a ausência de capacitações e de treinamentos durante o período em que o técnico exerceu suas 
atividades na instituição facilitou a ocorrência, e como responsável técnico, o enfermeiro poderá 
responder o processo como coautor.
De acordo com a Lei do Exercício Profissional (Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986), ficam claras as 
funções privativas do enfermeiro:
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I – privativamente:
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da 
instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de 
enfermagem;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos 
serviços da assistência de enfermagem;
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j) prescrição da assistência de enfermagem;
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida 
(BRASIL, 1986);
Outros exemplos caberiam também, como delegar uma atividade que envolva tecnologia nova 
sem preparo ou capacitação prévia da equipe para o uso do novo equipamento. Nesse caso, se algum 
integrante da equipe de enfermagem realizar um procedimento com o equipamento em questão que 
cause algum dano ao paciente por uso inadequado, o enfermeiro será considerado coautor.
Portanto, fica clara a participação indireta do enfermeiro como líder de equipe e responsável por ela, 
sendo vulnerável, no caso, a cometer esse tipo de crime.
E o que fazer para evitar essa vulnerabilidade?
É aconselhável que o enfermeiro tenha um planejamento das atividades desenvolvidas na unidade 
em que trabalha, quer seja um hospital, uma unidade básica de saúde ou até mesmo uma empresa. 
Nesse planejamento, estão engajados:
• a construção de normas técnicas assistenciais e administrativas, atualizadas de acordo com as 
diretrizes vigentes.
• o treinamento e a capacitação técnica da equipe perante as normas descritas, com anuência do 
funcionário por meio dos registros dessas práticas educativas.
• a avaliação do profissional capacitado duranteas atividades profissionais, da mesma forma, 
documentada.
Embora seja esperado que essas ações sejam inerentes no trabalho do enfermeiro, vale a pena 
ressaltar que essas três ações distintas permitirão que o enfermeiro trabalhe com segurança legal, 
quando pensamos na defesa de algum eventual processo envolvendo crime de coautoria.
Outro tipo de crime previsto no Código Penal brasileiro é a falsidade ideológica. É importante 
falarmos a respeito, visto que o enfermeiro, no cotidiano de sua profissão, deve ficar atento, pois poderá 
facilmente cometê-lo, tanto por indução quanto por coerção.
A questão concerne os registros de enfermagem. Por meio desses instrumentos, os profissionais de 
enfermagem diariamente anotam todas as atividades assistenciais realizadas no cliente ou planejadas 
para ele durante o atendimento. Cabe também lembrar que, além das anotações, o enfermeiro, 
privativamente, realiza o planejamento das ações de enfermagem para cada paciente, conhecido 
como Sistematização da Assistência de Enfermagem. Deixar de registrar informações, por omissão ou 
esquecimento, e registrar informações não verdadeiras ou diferentes do ocorrido em encontro com o 
paciente poderão ser consideradas infrações penais, ou seja, crime de falsidade ideológica.
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O Código Penal refere-se ao crime de falsidade ideológica como:
Art 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele 
devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da 
que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou 
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante (BRASIL, 1940).
A penalidade prevista é de reclusão de um a cinco anos e multa, se o documento for público; e de 
um a três anos, se o documento for particular.
Exemplo de aplicação
Reflita sobre as possibilidades de o enfermeiro ou qualquer outro profissional da equipe de 
enfermagem cometer falsidade ideológica.
Será que a falta de tempo, a pressa e as demandas de pacientes de alta complexidade com 
dimensionamento de pessoal inadequado, ou até mesmo as superpopulações despejadas nas enfermarias 
e nos prontos-socorros, ultrapassando a capacidade prevista de atendimento, não expõem a qualidade 
do atendimento, podendo levar à falta de registros ou até mesmo a registros incompletos?
O medo de descrever no prontuário do paciente uma situação vivenciada no ambiente profissional 
que possa comprometer a instituição, ou a equipe médica, por exemplo, e de sofrer retaliações pode 
levar o enfermeiro a omitir informações importantes?
Outro tema importante previsto no Código Penal brasileiro são os maus-tratos que o enfermeiro 
ou algum membro da equipe de enfermagem possa cometer ao deixar de assistir as necessidades do 
paciente sob sua responsabilidade, tratando-se especificamente do caso de negligenciar o cuidado. 
Verifique que a lei é abrangente, pois considera maus-tratos não apenas a privação da condição física 
do cuidado, mas também a privação da educação, guarda ou vigilância ao paciente e à família.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou 
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis 
(BRASIL, 1940).
 Observação
Reflita sobre as possibilidades do enfermeiro ou de qualquer outro 
profissional da equipe de enfermagem cometer maus-tratos.
As consequências dessas privações, sob o ponto de vista das ações de 
enfermagem, podem levar o paciente e a família a lesões físicas e psicológicas.
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Como exemplos dessas consequências, podemos citar desconforto, 
infecções, sofrimento ou agravamento da doença e até mesmo antecipação 
da morte.
1.3.3 Responsabilidade ética
Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e 
representam imperativos de sua conduta.
 Observação
O conjunto de valores de uma profissão está expresso nos códigos 
de Ética. Na enfermagem, esses valores podem ser a promoção da saúde, 
a prevenção das enfermidades, a recuperação da saúde e o alívio do 
sofrimento (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Somente o ser humano é constituído como ser ético, por causa do uso da razão, capacidade, 
liberdade e consciência de seus próprios atos, envolvendo a si mesmo, o outro e a sociedade de acordo 
com a interiorização das convicções pessoais. Assim, cada indivíduo possui sua própria Ética (OGUISSO; 
SCHIMIDT, 2007, p. 45).
Figura 3 – He that Entereth not by the Door, Udo Keppler (Áustria, 1838-1894), ilustração, 1898
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2 ÉTICA PROFISSIONAL E AS PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES
2.1 Conceitos
A enfermagem compreende um componente próprio de conhecimentos científicos e técnicos, construído 
e reproduzido por um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas que se processa pelo ensino, pesquisa e 
assistência. Realiza-se na prestação de serviços à pessoa, família e coletividade, no seu contexto e circunstâncias 
de vida. O aprimoramento do comportamento ético do profissional passa pelo processo de construção de uma 
consciência individual e coletiva e pelo compromisso social e profissional configurado pela responsabilidade no 
plano das relações de trabalho com reflexos no campo científico e político (COFEN, 2007).
Portanto, é fundamental que a formação do enfermeiro seja desenvolvida por meio de competências 
e habilidades, necessitando, assim, de experiências e oportunidades do ensino-aprendizagem que vão 
além do cognitivo. Por meio da formação por competências, espera-se que o futuro profissional seja 
capaz de articular diversos conhecimentos na solução de problemas do cotidiano, relacionando cultura, 
sociedade, saúde, Ética e educação, garantindo capacitação de profissionais com autonomia para 
assegurar a integralidade da assistência prestada (BARBOSA; FERNANDES; RIGITANO, 2004).
 Saiba mais
Com relação a esse tema, leia:
LIMA, J. O. R. et al. A formação ético-humanista do enfermeiro: um olhar 
para os projetos pedagógicos dos cursos de graduação em enfermagem de 
Goiânia, Brasil. Interface, Botucatu, v. 15, n. 39, p. 1.111-1.125, out./dez. 
2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/2011nahead/aop3211.
pdf>. Acesso em: 23 jun. 2016.
2.1.1 Deontologia
Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que significa ciência 
do dever e da obrigação.
A deontologia é um tratado dos deveres e da Moral. É uma teoria sobre as escolhas dos indivíduos, o 
que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente deve ser feito.
Além disso, a deontologia também pode ser o conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres 
de uma determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria para regular 
o exercício da profissão, lembrando que ela deve estar de acordo com o Código de Ética de sua categoria.
Na enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de Enfermagem 
(Coren) são responsáveis por nortear e elaborar as normas deontológicas da profissão.
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 Observação
O termo “deontologia” (grego “déontos”, que significa “o que é 
obrigatório, necessário”) foi criado, no ano de 1834, pelo filósofo inglês 
Jeremy Bentham, para falar sobre o ramo da Ética em que o objeto de 
estudo é o fundamento do dever e das normas. A deontologia é ainda 
conhecida como “Teoria do Dever”.
2.1.2 Diceologia
Diceologia significa o conjunto dos direitos de uma determinada classe social.
O termo disceologia ou diceologia (do grego dikaio+ logía) está relacionado, portanto, aos estudos 
dos direitos profissionais.
É importante conhecermos essas terminologias, para que vários conceitos de nossa área possam ser 
melhor compreendidos.
2.1.3 Imprudência
Segundo o Dicionário Online de Português (2016a), o termo “imprudência” significa “sem prudência; 
ausência de cautela”. Dirigir bêbado, por exemplo, é uma imprudência.
Além disso, a imprudência também compreende “comportamento, ação ou discurso da pessoa imprudente; 
particularidade ou característica de imprudente” (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2016a).
Sob o aspecto jurídico, imprudência significa “ação irresponsável; falta de observação daquilo que 
poderia evitar um mal” (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2016a).
A seguir incluímos alguns exemplos de uso do termo:
Os integrantes do consórcio e do Metrô foram acusados pelo Ministério 
Público Estadual de negligência e de imprudência, com a argumentação de 
não terem tomado providências que poderiam evitar a cratera. Folha de São 
Paulo, 23/07/2009.
Ele disse ver imprudência e excesso de confiança dos responsáveis e afirmou 
que o correto, nesse tipo de situação, é esvaziar o barco antes do reparo. 
Folha de São Paulo, 23/07/2009.
Em sua imprudência, sem medo de curvas perigosas, permanecem 
trafegando alucinadamente pela via elevada. Folha de São Paulo, 09/08/2009 
(DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2016).
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Na enfermagem, podemos usar o termo imprudência quando realizamos algum ato com afoiteza, 
sem considerar as regras, as normas técnicas e deontológicas.
O caso a seguir, retirado de um trecho de uma sentença divulgada no jornal Carta Forense, em 10 de 
dezembro de 2002, é um exemplo de imprudência que pode ocorrer na enfermagem.
Imprudência de profissional de enfermagem leva à condenação de hospital
Os desembargadores da 6ª Câmara Cível do TJRS mantiveram parcialmente a condenação 
do Hospital Círculo Operário Caxiense e o Círculo Operário Caxiense a indenizarem os pais 
pela morte de sua filha em decorrência de erro no atendimento pós-operatório.
[...]
Em julho de 2009, os pais levaram a filha de um ano para realizar uma cirurgia de 
gastrostomia. No procedimento cirúrgico, seria criado um orifício artificial externo ao 
estômago da menina para auxiliar na alimentação e suporte nutricional. Os autores da 
ação narraram que a bebê também apresentava início de pneumonia, de forma que foram 
orientados a realizar, também, uma traqueostomia no Hospital Círculo Operário Caxiense, 
em Caxias do Sul.
A medida era para facilitar a respiração da menor que sofria de uma síndrome. A 
cirurgia durou cerca de uma hora. Na troca de plantão, no turno da noite, a enfermeira que 
ingressou insistiu em dar banho na criança, mesmo advertida pela mãe sobre as orientações 
do médico de não realizá-lo. Após o banho, o cordão da traqueostomia da paciente ficou 
solto e a técnica de enfermagem, achando que resolveria sozinha, constatou que a criança 
estava cianótica. Buscou, então, ajuda com a médica plantonista e outra enfermeira, que 
tentaram reverter o quadro, mas a menina teve uma parada cardíaca, que a levou à morte, 
devido ao deslocamento da cânula.
Fonte: Ascom-TJ/RS (2012).
No caso anterior, podemos perceber que, ao agir com afoiteza, sem questionar o que deveria ser 
realizado, a técnica de enfermagem tomou a frente e realizou cuidados que, mesmo sem intenção de 
prejudicar a criança, acabaram levando a assistência prestada a um resultado desastroso.
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 Saiba mais
Consulte a reportagem na íntegra:
ASCOM-TJ/RS. Imprudência de profissional de enfermagem leva à 
condenação de hospital. Carta Forense, 10 dez. 2012. Disponível em: <http://
www.cartaforense.com.br/conteudo/noticias/imprudencia-de-profissional-
de-enfermagem-leva-a-condenacao-de-hospital/9594?fb_comment_id=
397113500368385_979885365424526#f2c73c5aa9324c>. Acesso em: 4 
ago. 2016.
Com relação a esse tema, leia o texto a seguir:
FREITAS, G. S.; OGUISSO, T. Ocorrências éticas na Enfermagem. Revista 
Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 56, n. 6, p. 637-639, 2003. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v56n6/a09v56n6.pdf>. Acesso em: 23 
jun. 2016.
No Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, encontram-se reunidas as normas e 
princípios, direitos e deveres pertinentes à conduta ética do profissional, e, entre elas, no Capítulo 
1, Sessão I, como dever do profissional de enfermagem, prevê-se: “Art. 12 – Assegurar à pessoa, 
família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, 
negligência ou imprudência” (COFEN, 2007). Esse artigo é importante porque estabelece o 
compromisso entre o profissional da enfermagem e o seu cliente, para que o melhor seja feito, de 
acordo com as diretrizes técnico-científicas e éticas.
2.1.4 Negligência
A negligência pode ser definida como inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar 
as devidas cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental (DICIONÁRIO ONLINE DE 
PORTUGUÊS, 2016b).
Portanto, negligenciar o atendimento de um paciente é um ato grave, podendo implicar muitas 
vezes em consequências sérias. Como exemplo: um paciente queixa-se de dor e o enfermeiro ignora esta 
queixa e não o medica. Dizemos que ele negligenciou as queixas de dor do paciente, que sofrerá em seu 
leito, mesmo havendo em sua prescrição médica uma conduta que o livraria desse desfortuno.
Outro exemplo, com consequência mais grave, seria identificar que o paciente está com sinais e 
sintomas de choque hemorrágico e ignorar uma conduta, levando o paciente a óbito, para o qual 
responderá nas esferas civil, penal e ética.
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É importante que o enfermeiro esteja sempre atento para o desempenho de suas funções/
atribuições, exercendo sua profissão com domínio técnico e científico, sendo pró-ativo, interessado 
e compromissado com a equipe e com os pacientes.
2.1.5 Imperícia
Imperícia é sinônimo de inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou 
ausência de conhecimentos elementares e básicos da profissão. É a falta de habilidade para praticar 
determinados atos que exigem certo conhecimento na área. Um enfermeiro que, ao realizar o curativo 
em uma ferida no paciente, utilize produtos contraindicados a essa lesão, pode ser acusado de imperícia.
Seria importante ressaltar que a falta de atualização por parte do profissional de enfermagem pode 
fazer com que ele faça procedimentos errados e cause danos ao paciente, o que é considerado imperícia. 
O que em um determinado momento pode ser considerado um procedimento adequado, pode passar a 
não sê-lo mais com a evolução da tecnologia e do conhecimento científico. Descobertas trarão novas 
recomendações e diretrizes, das quais o profissional tem a responsabilidade de se informar, aprimorando-
se por meio da capacitação e atualização científica.
Um exemplo pode ser visto na figura a seguir: a enfermeira aparece oferecendo ao recém-nascido 
uma mamadeira com leite. Atualmente, essa imagem já não condiz com as diretrizes de saúde mundial 
em relação ao cuidado com o recém-nascido, pois preconiza-se o aleitamento materno exclusivo e 
abomina-se o uso de bicos e intermediários.
Um profissional de enfermagem que tenha recebido essas informações em sua graduação e depois 
não se atualize, visto que a tecnologia e os conhecimentos avançam dia a dia, poderá estar cometendo 
imperícia ao oferecer como primeira escolha a mamadeira ao recém-nascido.
Figura 4 
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ÉTICA EM ENFERMAGEM E EXERCÍCIO PROFISSIONAL
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