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DIREITO CONSTITUCIONAL

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DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
1 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
2 
AUTORIDADES 
 
Governador do Estado do Rio de Janeiro 
Exmº Sr Wilson Witzel 
 
Secretário de Estado de Polícia Militar 
Exmº Sr Coronel Rogério Figueredo de Lacerda 
 
Subsecretário de Estado de Polícia Militar 
Ilmº Sr Coronel Márcio Pereira Basílio 
 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
Ilmº Sr Coronel Rogério Quemento Lobasso 
 
Comandante do CFAP 31 de Voluntários 
Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Marcelo Andre Teixeira da Silva 
 
Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar - 
CEADPM 
Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandra Ferraz de Oliveira 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
3 
APRESENTAÇÃO 
 
Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais latente e 
veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo , aperfeiçoar os 2º Sargentos da Polícia 
Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade semipresencial, 
através de módulos, sendo destes um disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem, por 
intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a Distância da Polícia Militar (CEADPM) e 
um módulo de disciplinas práticas ministrado do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de 
Praças (CFAP 31 Vol.). 
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte EaD autonomia de 
estudos e de horários, mas também é necessário disciplina e dedição para o êxito dessa jornada, 
pois depende do esforço coletivo e também individual para que tenhamos policiais cada vez mais 
qualificados,bem treinados e aperfeiçoados para cumprirmos nossa missão, buscando cada vez 
mais a excelência de nossas ações. 
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação e da 
tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa consciente, 
respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o cumprimento de suas 
funções com dignidade e excelência. 
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através deste 
curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus companheiros 
de profissão. Que seja um momento de repensar as práticas e fortelecer seu vínculo profissional, 
ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as particularidades de ser um 
Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro. 
 
 
Desejamos a todos bons estudos! 
 
Rogério Quemento Lobasso - Coronel PM 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
 
Marcelo André Teixeira da Silva – Ten. Coronel 
Comandante do CFAP 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
4 
Desenvolvedores 
CEADPM 
Supervisão Geral EAD 
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva 
 
Equipe Técnica 
SUBTEN PM Wilian Jardim de Souza 
3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos 
 
Diagramação 
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes 
CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira 
CB PM Thiago Silva Amaral 
 
Design Instrucional 
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva 
CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira 
 
Vídeo e animação 
CB PM Joyce Gaspar de Almeida 
 
Designer Gráfico 
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes 
SD PM Leonardo da Silva Ramos 
 
Suporte ao Aluno 
2º SGT PM Anderson Inacio de Oliveira 
 
CFAP 
Supervisão Geral do Curso 
MAJ PM Maria Isabel Conceição Silva Sardinha 
Coordenação Pedagógica 
CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva 
Equipe Técnica 
TEN PM Ped Paulo Paulo Baptista 
2ºSGT PM Elaine Xavier Oliveira Alves de Lima 
CB PM Juliana Pereira de Carvalho 
Conteudista 
1º TEN PM Cleveland Rodrigues Leite Junior 
Revisor de Conteúdo 
1º TEN PM Claudio Cesar Peres Rodrigues A. Farias 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
5 
SUMÁRIO 
 
Introdução ................................................................................................................................... 10 
Direito constitucional .................................................................................................................. 11 
Dos príncípios, dos direitos e das garantias fundamentais (art. 5º ao 17 da crfb/88) ................. 29 
Direitos constitucionais penais ................................................................................................... 47 
Da nacionalidade ......................................................................................................................... 57 
Dos direitos políticos ................................................................................................................... 65 
Organização dos poderes ............................................................................................................ 71 
Das forças armadas – militares federais ..................................................................................... 83 
Conclusão .................................................................................................................................... 96 
Referências .................................................................................................................................. 97 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
10 
 INTRODUÇÃO 
 
Sabemos que a Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, determinou o aspecto 
político constitucional do Brasil como o de um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais 
importante mecanismo da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios e preceitos 
fundamentais do Estado brasileiro. 
Estado Democrático de Direito é muito mais do que meramente Estado de Direito,pois 
assegura a igualdade entre os homens, e tem como características a submissão de todos ao 
império da lei, a divisão formal do exercício das funções derivadas do poder, entre os órgãos 
executivos, legislativos e judiciários, como forma de evitar a concentração de forças e combater 
o arbítrio, o estabelecimento formal de garantias individuais, o povo como origem formal de todo 
e qualquer poder e ainda a igualdade de todos perante a lei. 
 
Sargento policial militar aluno do Curso de Aperfeiçoamento na matéria 
de Direito Constitucional, você relembrará alguns tópicos do que fora 
estudado nos cursos de formação de soldado, cabo e sargento. Agora, 
que tal ampliar seus conhecimentos nesta importantíssima e primordial 
matéria? 
Objetiva-se que o graduado saiba aprimorar seus conhecimentos jurídicos 
constitucionais para continuar a resguardar e legitimar suas ações dentro da legalidade bem 
como prepare o graduado para que este dê suporte e esclarecimento aos seus subordinados 
quando estiverem na atividade policial e surgirem dúvidas quanto ao comportamento mais 
apropriado embasado na lei maior do País e ainda ajudar ao comando na orientação a tropa na 
diminuição de erros por desconhecimento ou descuido do que determina a Carta magna. 
Compreendendo a matéria de direito constitucional através do histórico, conceitos, 
estrutura, direitos e garantias Pétreas ,organização do estado, segurança pública e as 
competências das Polícias federais e estaduais, principalmente a Polícia Militar somados a 
jurisprudência e a doutrina majoritária recente, realizando uma abordagem sistemática com 
gráficos ajudará sobremaneira ao futuro Sargento aperfeiçoado ter uma visão ampla, a fim de 
evitar equivocadas interpretações dos artigos da Contituição Federal e sua inadequada aplicação 
ao caso concreto e ainda evitar a uma prática não protegida pela lei. Insta aduzir derradeiramente 
que não é nossa atribuição questionar a legislação Constitucional mesmo que a referida lei em 
nossa opinião não possua sentido ou não responda aos reclamos da sociedade. 
A Constituição federal determina as competências das diversas Instituições cabendo a 
polícia militar consciente de sua missão constitucional exercita-la cumprindo rigorosamente o 
que se determina em lei. 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
11 
DIREITO CONSTITUCIONALVocê sabia que o estudo do Direito Constitucional e do Direito, como um 
todo necessariamente começa com a seguinte pergunta: o que se entende 
por Constituição? Necessário, portanto uma breve contextualização 
histórica. 
 
Conceito liberal de constituição 
 
Com a vitória do constitucionalismo surge, no século XIX, a ideia de Constituição ideal, 
com CARL SCHMITT. Seu conceito está atrelado à ideologia político-liberal, considerando-se 
essencial: a garantia das liberdades, com a participação política; a divisão dos poderes; a 
Constituição como documento escrito. 
Assim, essa ideia de Constituição foi albergada pela Declaração de Direitos do Homem 
e do Cidadão, de 1789, em seu art. 16, nos seguintes termos: “Toda sociedade na qual não está 
assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não tem 
Constituição”. 
 
Conceito orgânico de constituição 
 
 
Sargento, durante sua carreira, você já deve ter ouvido falar no 
vocábulo “constituição”? Sabe o que significa? Vamos aprender? 
 
O vocábulo “constituição” designa, genericamente, a especial forma de ser de um corpo, 
de um objeto, de um ser vivo. É sua organização, sua formação, enfim, sua “constituição”. 
A Constituição é o produto pelo qual podemos reconhecer que houve a manifestação do 
denominado poder constituinte genuíno. Com a eclosão do poder constituinte, o resultado de sua 
atividade haverá de ser a produção de um novo texto fundamental. 
O termo, contudo, apresenta diversos significados. No sentido comum, constituição é o 
que forma determinado corpo (ideia de estrutura), como já sublinhado. Nesse sentido é que 
alguns autores, transplantando o conceito comum para a seara normativa, definem juridicamente 
a Constituição como a particular maneira de ser de um 
Estado. 
Para empreender estudos próprios da Ciência do 
Direito Constitucional, deve-se partir de seu objeto, que é a 
Constituição. Decorre disso o interesse em aprofundar, aqui, 
o conceito do termo. Para tanto, a Constituição deve ser 
visualizada, basicamente, de três prismas: o formal, o 
material e o substancial. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
12 
Conceito jurídico de constituição 
 
Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela 
que determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos 
que o integram e as competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. Cabe 
também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias 
fundamentais, sendo a matéria do ramo do Direito Público de onde decorrem todas as demais 
normas do ordenamento jurídico. 
 
Estrutura das constituições 
 
Você sabia que as Constituições, de forma geral, dividem-se em 
três partes: preâmbulo, parte dogmática e disposições transitórias? 
 
O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem como 
função definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova 
constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. 
Além disso, serve de elemento de integração dos artigos que lhe seguem, bem como 
orienta a sua interpretação. Também sintetiza a ideologia do poder constituinte originário, 
expondo os valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. 
Na Constituição Federal Brasileira de 1988 vigente no País, do ponto de vista estrutural, 
contém um preâmbulo, o corpo (arts. 1.º a 250) e um ADCT (arts. 1.º a 97). 
E no preâmbulo os seguintes dizeres: 
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos 
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade” 
 
A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que 
prevê os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente da 
Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1º ao 250. Destaca-se que falamos em “corpo 
permanente” porque, a princípio, essas normas não têm caráter transitório, embora possam ser 
modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. Por fim, a parte 
transitória da Constituição visa integrar a ordem jurídica antiga à nova, quando do advento de 
uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando 
o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Suas normas 
são formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, 
apresente numeração própria (vejam ADCT Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias). 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
13 
Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma 
constitucional. Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de 
constitucionalidade das leis. 
No direito Constitucional estuda-se as diversas Constituições existentes no mundo e suas 
peculiaridades, sendo certo que a doutrina propõe diversos critérios para classifica-las, porém não 
é objetivo deste trabalho pois visamos relembrar as características e classificações da 
Constituição Federal Brasileira de 1988 que está vigente e deverá sempre nortear o nosso 
comportamento profissional. 
A chamada Carta cidadã foi aprovada em dois turnos de votação, por maioria absoluta 
dos membros da Assembleia Nacional Constituinte, que ocorreu em 5 de outubro de 1988, data 
da promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil. 
No que se refere a classificação da Constituição de 1988 podemos aduzir que é escrita, 
do tipo codificada, elaborada em processo democrático, dogmática eclética, rígida, formal, 
analítica, normativa, dirigente, social princípio lógica e expansiva. 
Vejamos logo abaixo as principais características das Constituições existentes e a 
definição sintetizada de cada uma, observe o significado das características da Constituição 
Brasileira. 
 
Classificação das constituições 
 
 Quanto à origem 
 
 
 
OUTORGADAS 
Impostas, surgem sem participação 
popular. Resultam de ato unilateral de 
vontade da classe ou pessoa dominante 
no sentido de limitar seu próprio poder. 
DEMOCRÁTICAS 
Nascem com participação popular, 
por processo democrático. 
CESARISTAS 
Outorgadas, mas necessitam de 
referendo popular. 
DUALISTAS 
Resultam de um compromisso entre a 
monarquia e a burguesia, dando origem 
às monarquias constitucionais. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
14 
 Quanto à forma 
 Quanto ao modo de elaboração 
 Quanto à estabilidade 
 
 
 Quanto ao conteúdo 
 
 
MATERIAIS 
Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais da 
vida estatal, ainda que fora do texto constitucional escrito. 
 
 
 
FORMAIS 
Conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma 
Constituição rígida, independentemente de seu conteúdo. 
IMUTÁVEIS Não podem ser 
modificadas. 
RÍGIDAS 
Modificadas por procedimento mais 
dificultoso que aquele de alteração das 
leis. Sempre escritas. 
SEMIRRÍGIDAS 
Processo legislativo de alteração 
mais dificultoso que o ordinário 
para algumas de suas normas. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
15 
 Quanto à extensão 
 
 Quanto à correspondência com a realidade 
 
 
 Quanto à finalidade 
 
 
 Quanto ao conteúdo ideológico 
ANALÍTICAS Conteúdo extenso. Contêm normas 
apenas formalmente constitucionais. 
SINTÉTICAS Restringem-se aos elementos 
materialmente constitucionais. 
NORMATIVAS 
Limitam, de fato, o poder, 
por corresponderem à 
realidade. 
NOMINATIVAS 
Não conseguem regular o processo 
político, embora esse seja seu objetivo, 
por não corresponderem à realidade 
social. 
SEMÂNTICAS 
Não têm por objeto regular a política 
estatal, mas apenas formalizar a situação 
da época. 
CONSTITUIÇÕES- 
GARANTIA 
Objetivam proteger as liberdades 
públicas contra a arbitrariedadedo 
Estado. 
CONSTITUIÇÕES- 
DIRIGENTES 
Traçam diretrizes para a ação 
estatal, prevendo normas 
programáticas.. 
CONSTITUIÇÕES- 
BALANÇO 
Descrevem e registram o estágio da 
sociedade em um dado momento. 
LIBERAIS Buscam limitar o poder estatal. 
SOCIAIS 
Têm como objetivo realizar a igualdade material e a 
efetivação dos direitos sociais. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
16 
 Quanto ao local da decretação 
 
 Quanto ao sistema 
 
Breve histórico das constituições brasileiras 
 
Vamos aprender um pouco mais sobre a história das Constituições 
Brasileiras? 
 
Serão apontadas as principais características das Constituições brasileiras, desde o 
período do Império até a atual Constituição de 1988. Releva notar que o surgimento das diversas 
Leis Fundamentais esteve sempre associado a rupturas de alterações sociais e políticas. 
 
 CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 
 
A Constituição Imperial foi promulgada por D. Pedro I, dois anos após a independência 
do País, em 07 de setembro de 1822, a Constituição Política do Império do Brasil foi promulgada 
em 25 de março de 1824. 
O território foi dividido em províncias. Desse modo, quanto à forma de Estado, era 
unitário, e não federal. Quanto à forma de governo, era uma monarquia hereditária. No tocante 
à divisão dos Poderes, além dos clássicos Legislativo, 
Executivo e Judiciário, havia o Poder Moderador, este 
exercido privativamente pelo Imperador (doutrina de 
Benjamin Constant). 
Quanto à mutabilidade, era semirrígida. A 
eleição era indireta e censitária, ou seja, definida com 
base na renda, sendo vedada às mulheres e aos 
analfabetos. 
HETEROCONSTITUIÇÕES 
Elaboradas fora do Estado em 
que produzem seus efeitos. 
AUTOCONSTITUIÇÕES Elaboradas dentro do Estado que 
regem. 
PRINCIPIOLÓGICAS Nelas, predominam os 
princípios. 
PRECEITUAIS Nelas, prevalecem as 
regras. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
17 
 CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891 
 
A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A Constituição da República 
dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Adotou como forma 
de Estado a federação; como forma de governo, a república; e como sistema, o presidencialismo. 
Foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos da América. Previa a existência dos três 
Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário (doutrina de Montesquieu). 
 
 CONSTITUIÇÃO DE 1934 
 
Com a Revolução de 1930, ascendeu ao Poder Getúlio 
Vargas. Em grande parte, por força da Revolução 
Constitucionalista, que exigia do governo uma Constituição, foi 
promulgada em 16 de julho de 1934 a segunda grande 
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 
Manteve-se a federação, a república presidencialista e os três 
poderes. 
Como inovação, instituiu-se o voto secreto, obrigatório 
para os maiores de 18 anos estendendo-o também às 
mulheres. Foi a primeira Constituição a trazer um capítulo sobre 
a ordem econômica e social, inspirando-se na Constituição de 
Weimar, criando a Justiça do Trabalho. Continha, ainda, 
normas sobre a família, educação e cultura. 
 
 CONSTITUIÇÃO DE 1937 
 
Conforme narra a história, em 1937 ocorreu o golpe de Getúlio Vargas para manter-se 
no poder. Era o início do Estado Novo, ditadura que perdurou 
até 1945. Em 10 de novembro de 1937 foi outorgada a 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Nesta nova 
Constituição foi fortalecido o Poder Executivo. 
Os direitos individuais eram sempre condicionados ao 
bem público. De observar que, embora os direitos e as 
garantias estivessem previstos, alguns desses poderiam ser 
suprimidos em caso de estado de emergência e – 
curiosamente – na parte final da Constituição havia um 
dispositivo que instituía o estado de emergência no País. 
Em razão de ter sido inspirada nos regimes 
nazifascistas, esta foi apelidada de Constituição polaca, em 
alusão à Constituição polonesa fascista de 1935, outorgada 
pelo Marechal Josef Pilsudski. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
18 
 CONSTITUIÇÃO DE 1946 
 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados ditatoriais nazistas foram derrotados. 
A isso se seguiu um movimento inicial de democratização, o que foi acompanhado pelo Brasil. 
Getúlio Vargas convocou eleições diretas para a presidência e para o Poder 
Legislativo. 
Foi eleito, com o apoio de Vargas, o General Eurico Gaspar Dutra. 
Foi então, promulgada, em 18 de setembro de 1946 a quarta Constituição 
brasileira, a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 
inspirada nas anteriores de (1891 e 1934). 
 
 CONSTITUIÇÃO DE 1967 e a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 1 DE 1969 
 
No contexto internacional da Guerra Fria, em 1964 houve uma tomada de poder liderada 
pelos militares do Brasil destituindo o Governo do Presidente eleito João Goulart, era o início de 
um regime militar que perdurou até 1985. Outorgada em 24 de janeiro de 1967, a Constituição do 
Brasil apoiava-se na busca pela Segurança Nacional. Alguns constitucionalistas entendem que 
o regime militar imposto era legítimo e sustentam que a Constituição de 1967 foi promulgada, 
mas não é o entendimento predominante. Amplos poderes foram concedidos à União e ao Poder 
Executivo. 
Durante o regime militar, foram expedidos diversos Atos Institucionais, 
dos quais o de número 5 representou praticamente a supressão das garantias 
individuais. Em 17 de outubro de 1969 foi outorgada a Emenda Constitucional 
número 1, considerada por muitos doutrinadores como uma nova Constituição 
do Brasil, tanto que, com essa Emenda Constitucional, a Constituição do Brasil 
passou a ser denominada como hoje a conhecemos, ou seja, Constituição da 
República Federativa do Brasil. 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
Importa destacar que a luta pela redemocratização se iniciou com a tomada do poder 
pelos militares em 1964. Porém, o regime militar perdurou por mais de vinte anos. Em 1984 houve 
intensa luta, destacando-se o movimento pelas “diretas já”, o qual pretendia que as eleições para 
Presidente de 1985 fossem diretas, o que não ocorreu. Venceu as eleições o candidato que 
apoiava a democracia, falamos de Tancredo Neves. 
Eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, não chegou a 
tomar posse, pois faleceu. Assumiu o Vice-Presidente José Sarney, que, embora tenha sido 
aliado dos militares, deu continuidade ao processo de redemocratização. Os membros do 
Congresso Nacional foram convocados para formar a Assembleia Nacional Constituinte. A 
Câmara dos Deputados e o Senado Federal reuniram-se na sede do Congresso Nacional. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
19 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu como forma de 
governo a república e como sistema, o presidencialismo, sendo o governante eleito a partir 
daquela data para exercer as suas atividades de chefe do executivo federal eleito através do 
voto do cidadão onde exerceria o mandato por um período determinado de 05 anos sem a 
possibilidade de reeleição porém com as mudanças realizadas pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº 5, de 1994 e Emenda Constitucional nº 16, de 1997 fora vetado o período de cinco 
anos passando a ser de 04 com possibilidade de uma consecutiva reeleição, sendo este 
Presidente eleito responsável por todos os seus atos Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 
Complementar nº 101, de 04/05/2000), podendo ainda, ser submetido a processo de 
impeachment, se praticar um crime de responsabilidade (Lei do Impeachment nº. 1.079 de 10 de 
abril de 1950), na forma do artigo 86 da CRFB/88. No Brasil temos dois exemplos de 
impeachment de Presidentes da República: o primeiro ocorrido em 02 de outubro de 1992 – do 
Presidente Fernando Collor de Mello e, por derradeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, no 
dia 31/08/2016. 
Mediante um plebiscito, ocorrido no dia 21 de abril de 1993, em atendimento a 
determinação artigo 2º doAto das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da 
Constituição Federal de 1988 para escolher a forma de governo (república ou monarquia) a 
maioria do povo brasileiro decidiu pela continuidade da República presidencialista que está em 
vigor até a presente data. 
A República Federativa do Brasil é um Estado Federal Soberano, ou seja, possui 
independência em relação aos Estados estrangeiros, não se submete a outra forma de poder 
que não seja o que é inerente ao nosso próprio ordenamento jurídico (União - Soberania). Sendo 
assim, o Estado brasileiro é formado pela União, 01 (um) Distrito Federal, 26 (vinte e seis) 
Estados membros e 5.570 (cinco mil quinhentos e setenta) Municípios, (CF, art. 1º e art. 18). 
Todos eles são pessoas jurídicas de direito público, autônomos entre si (Estados e Municípios -
Autonomia). 
Os Estados estão submetidos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. A 
República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto 
por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos 
estados membros em um Estado (país) independente do Brasil,pois não existe em nosso 
ordenamento jurídico o fenômeno da secessão. 
Por fim, quanto ao regime, está expresso no artigo 1º da Lei Maior o Estado Democrático 
de Direito, ou seja, um Estado no qual todo o poder se exerce do povo e para o povo, ou seja, 
no qual a própria lei deverá sempre ser fruto da vontade popular, assegurando-se, igualmente, 
os direitos fundamentais para preservar a dignidade da pessoa humana. 
 
O vínculo entre as entidades componentes da Federação 
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) é indissolúvel, 
ou seja, nenhuma delas pode abandonar o restante para 
fundar um novo país, não é admitido o fenômeno da secessão. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
20 
A pirâmide de Kelsen – hierarquia das normas 
 
Sargento, você já ouviu falar em pirâmide de Kelsen? O que seria? 
Vamos aprender? 
 
No Brasil, vigora o princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual as normas 
constitucionais, obra do poder constituinte originário, estão num patamar de superioridade em 
relação às demais leis, servindo de fundamento de validade para estas. Assim, as normas podem 
ser separadas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para compreender bem o Direito Constitucional, é fundamental que estudemos a 
hierarquia das normas, através do que a doutrina denomina “pirâmide de Kelsen”. Essa pirâmide 
foi concebida pelo jurista austríaco para fundamentar a sua teoria, baseada na ideia de que as 
normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas 
jurídicas superiores (normas fundantes). 
Iremos, a seguir, nos utilizar da “pirâmide de Kelsen” para explicar o escalonamento 
normativo no ordenamento jurídico brasileiro. A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu 
vértice (topo), por ser estar fundamentado de validade de todas as demais normas do sistema. 
Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a 
todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas 
infraconstitucionais. Na Constituição, há normas constitucionais originárias e normas 
constitucionais derivadas. As normas constitucionais originárias são produto do Poder 
Constituinte Originário (o poder que elabora uma nova Constituição); elas integram o texto 
constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
CF, 
EC e 
Internacionais sobre 
Direitos humanos 
aprovados com as 
regras exigidas para EC 
(art 5°,§2°, CF) 
Caráter 
constitucional 
Tratados internacionais sobre 
Direitos humanos aprovados em rito 
ordinário 
Caráter 
supralegal 
Leis complementares, Leis Ordinárias, Leis 
Delegadas, Resoluções, Decretos Legislativos, Decretos 
autônomos e Tratados Internacionais em geral 
Infraconstitucionais 
Infralegais Decretos regulamentares, portarias e instruções 
normativas 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
21 
As normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do Poder 
Constituinte Derivado (o poder que altera a Constituição); são as chamadas emendas 
constitucionais, que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen. Não existe hierarquia 
entre normas constitucionais originárias. Assim, não importa qual é o conteúdo da norma. Todas 
as normas constitucionais originárias têm o mesmo status hierárquico. 
Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais 
derivadas. Todas elas se situam no mesmo patamar, porém entre normas constitucionais 
originárias e derivadas, há uma importante diferença entre elas: as normas constitucionais 
originárias não podem ser declaradas inconstitucionais. Em outras palavras, as normas 
constitucionais originárias não podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Já as 
emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) são passíveis de controle de 
constitucionalidade. 
Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se uma nova e 
importante possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados e convenções 
internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional (Câmara 
dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, passaram a ser equivalentes às emendas constitucionais Artigo 5º 
§ 3º da CF/88. 
Situam-se, portanto, no topo da pirâmide de Kelsen, tendo “status” de emenda 
constitucional. Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado “bloco de constitucionalidade”. Em virtude da matéria de que 
tratam (direitos humanos), esses tratados estão gravados por cláusula pétrea e, portanto, imunes 
de modificação ou extinção pelo Estado brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a 
receber o status de emenda constitucional foi a “Convenção Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinário, 
têm, segundo o STF, “status” supralegal. Isso significa que se situam logo abaixo da Constituição 
e acima das demais normas do ordenamento jurídico. 
As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados 
internacionais sobre direitos humanos são as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as 
medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções legislativas, os tratados 
internacionais em geral incorporados ao 
ordenamento jurídico e os decretos autônomos. 
Ao contrário do que muitos podem ser 
levados a acreditar, as leis federais, estaduais, 
distritais e municipais possuem o mesmo grau 
hierárquico. Assim, um eventual conflito entre leis 
federais e estaduais ou entre leis estaduais e 
municipais não será resolvido por um critério 
hierárquico a solução dependerá da repartição 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
22 
constitucional de competências. Deve-se perguntar o seguinte: de qual ente federativo (União, 
Estados ou Municípios) é a competência para tratar do tema objeto da lei? Nessa ótica, é 
plenamente possível que, num caso concreto, uma lei municipal prevaleça diante de uma lei 
federal. 
Existe hierarquia entre a Constituição Federal, as Constituições Estaduais e as Leis 
Orgânicas dos Municípios? Sim, a Constituição Federal está num patamar superior ao das 
Constituições Estaduais que, por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas. 
As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais 
dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico das leis ordinárias. O que as diferencia é o conteúdo: 
ambas têm campos de atuação diversos, ou seja, a matéria (conteúdo) é diferente. Como 
exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobredireito tributário sejam 
estabelecidas por lei complementar. 
As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares. Caso 
isso ocorra, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomodinâmica). Os 
regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são considerados normas primárias, equiparados 
hierarquicamente às leis ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as resoluções do CNMP 
(Conselho Nacional do Ministério público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). 
Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados), por 
constituírem resoluções legislativas, também são considerados normas primárias, equiparados 
hierarquicamente às leis ordinárias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infra legais. Elas são normas 
secundárias, não tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de impor obrigações. Não podem 
contrariar as normas primárias, sob pena de invalidade, é o caso dos decretos regulamentares, 
portarias, instruções normativas, dentre outros decretos regulamentares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
23 
Poder constituinte 
 
A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com Constituição 
escrita e rígida, distingue poder constituinte de poderes constituídos. 
 
Você sabia que Poder Constituinte é aquele que cria a 
Constituição, enquanto os poderes constituídos são aqueles 
estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua 
criação? E que o poder constituinte pode ser de dois tipos: 
originário ou derivado? 
 
Poder constituinte originário (poder constituinte de primeiro grau ou genuíno) é o 
poder de criar uma Constituição. Apresenta 6 (seis) características: político, inicial, 
incondicionado, permanente, ilimitado juridicamente e autônomo, cria o ordenamento jurídico de 
um Estado dando validade a uma nova ordem constitucional, ou seja, nova ordem jurídica, 
rompendo com a anterior com efeito de criar um novo Estado, não se sujeitando a qualquer forma 
ou procedimento predeterminado em sua manifestação, não se submete a limites determinados 
pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos 
cidadãos, por exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento jurídico 
anterior. 
O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) é o poder de 
modificar a Constituição Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais. É fruto do 
poder constituinte originário, estando previsto na própria Constituição. Tem como características 
ser jurídico, derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. 
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: 
I) Poder Constituinte Reformador e 
II) Poder Constituinte Decorrente. 
O primeiro poder constituinte reformador consiste no poder de emendar a Constituição 
federal. Já o segundo poder constituinte decorrente é aquele que a CF/88 confere aos Estados 
membros de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições 
estaduais. Ambos devem respeitar as limitações e condições impostas pela Constituição Federal. 
O Poder constituinte difuso é o poder de fato que atua na etapa da mutação 
constitucional, meio informal de alteração da Constituição. Cabe a ele, portanto, alterar o 
conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, mas de modo informal, sem 
qualquer modificação da literalidade do texto da Constituição. É um poder de fato porque nascido 
do fato social, político econômico. É informal porque se manifesta por meio das mutações 
constitucionais, modificando o sentido das Constituições, mas sem nenhuma alteração do seu 
texto expresso este fenômeno ocorre nos em matéria Constitucional federal quando Supremo 
Tribunal Federal (STF). 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
24 
Mutação constitucional 
 
Sargento, o que seria Mutação Constitucional? Vamos estudar? 
 
Mutação constitucional é o fenômeno que modifica determinada norma da Constituição 
Federal sem que haja qualquer alteração no seu texto. É considerada alteração informal 
porque não são cumpridos os requisitos formais necessários à modificação do seu conteúdo 
textual. 
Exemplo emblemático de mutação Constitucional sobre a mesma matéria em curto 
espaço de tempo é o tema de cumprimento de pena depois da confirmação de condenação em 
segunda instância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cláusulas pétreas 
 
 Você sabia que as cláusulas pétreas são limitações materiais ao 
poder de reforma da constituição de um Estado? 
 
Em outras palavras, são dispositivos que podem ser alteradas, mas não abolidas, que 
tende a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. A existência de 
cláusulas pétreas ou limitações materiais implícitas é motivo de controvérsia na literatura jurídica. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 60, § 4º, traz em 
seu bojo as Cláusulas Pétreas. As matérias que estão sob o manto das Cláusulas Pétreas não 
podem ser alteradas para restringir ou retirar direitos, no entanto, permite que todos os direitos 
sob o seu manto sejam majorados. São objetos das Cláusulas Pétreas: a forma federativa de 
Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos e 
garantias individuais. São denominadas "cláusulas pétreas" os dispositivos elencados no 
parágrafo 4º do artigo 60 da Carta Magna. Assim está disposto: 
Desde a Constituição de 1988, o entendimento sobre a prisão em segunda 
instância já mudou algumas vezes utilizando a mutação Constitucional para 
exercer o poder Constituinte difuso. 
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só podia 
ser preso após o trânsito em julgado, ou seja, depois do recurso a todas as 
instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter 
prisão preventiva decretada contra si. 
Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em 
segunda instância já poderia começar a cumprir sua pena, ou seja, poderia 
parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele 
momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo 
ano, o STF reafirmou a decisão, que passou a ter validade para todos os 
casos no Brasil. 
Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância 
voltou ao Supremo Tribunal Federal para novo julgamento o Supremo 
analisou três Ações Declaratórios de Constitucionalidade capazes de 
discutir o alcance da norma constitucional de presunção de inocência por 
maioria de 6 x 5 que cumprimento da pena deve começar após esgotamento 
de recursos, ou seja, a prisão condenatória apenas depois do trânsito em 
julgado. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
25 
 
 
 
 
A denominação República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma 
federação, isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que 
possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil. 
 
Não é possível a modificar o sistema de voto direto, onde cada cidadão devidamente 
alistado tem direito a voto. Deverá sempre ser secreto (o cidadão tem o direito de não revelar o 
seu voto, evitando assim perseguições políticas ou qualquer outra intimidação). Deve também 
ser universal, ou seja, todos os brasileiros, natos ou naturalizados têm a oportunidade de se 
alistar e votar, a menos que se encaixem em certos casos previstos no artigo 14 da Carta Magna. 
Deve este voto ser ainda periódico, ou seja, o cidadão deve ter a oportunidade de votar de 
tempos em tempos. 
 
Não se admite discutir a retirada oua introdução de outro poder, sendo esta organização 
tripartite do Estado em Judiciário, Legislativo e Executivo clausula pétrea. Estes poderes são 
independentes e harmônicos entre sí, e não existe hierarquia entre eles, e sim competências 
específicas.Direitos individuais elencados no artigo 5° e seus incisos, possuindo maior relevo a vida, 
a liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade, ente outros. Insta aduzir, apesar de serem 
direitos pétreos não são absolutos, podendo ser reduzidos ou até retirados quando o interesse 
público for afetado, sendo certo que deverá estar previsto em lei. 
 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir 
- a forma federativa de Estado; 
- o voto direto, secreto, universal e periódico; III - 
a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. (BRASIL, 1988). 
Forma federativa de Estado 
Voto direto, secreto, universal e periódico 
A Separação dos Poderes 
Os Direitos e Garantias Individuais 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
26 
 Princípios fundamentais 
 
Policial, você saberia dizer quais são os princípios fundamentais da 
República Federativa do Brasil que estão disciplinados nos artigos 1º 
a 4º da Constituição? 
Os princípios fundamentais estão disciplinados nos artigos 1º a 4º da Constituição. Trata-
se de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo), que adota o 
regime político democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); constitui um 
Estado de Democrático de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos 
fundamentais aos particulares). Ademais, traz os fundamentos da República federativa do Brasil, 
que são: soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e da 
livre-iniciativa e o pluralismo político. 
A soberania é um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade não se 
subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania 
é considerada um poder supremo Fundamentos da RFB e independente, não estando limitado a 
nenhum outro poder na ordem interna e no plano internacional, não se subordina à vontade de 
outros Estados. (Art. 4º, V, CF/88). 
A cidadania, Objeto e um direito fundamental das pessoas, representa um verdadeiro 
status do ser humano o de ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito de participação 
na vida política do Estado. A previsão da cidadania como fundamento do Estado brasileiro exige 
que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões políticas do Estado no direito 
de sufrágio, ou seja votar e ser votado. 
A dignidade da pessoa humana é outro fundamento da República Federativa do Brasil 
e sendo a base de todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio que coloca o ser humano 
como a preocupação central para o Estado brasileiro: a proteção às pessoas deve ser vista como 
um fim em si mesmo. Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana é princípio supremo, 
“significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o 
ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos 
fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo 
sistema de direito constitucional positivo. ” 
O princípio da dignidade da pessoa humana possui elevada densidade normativa e pode 
ser usado, por si só e independentemente de regulamentação, como fundamento de decisão 
judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), o 
princípio da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Público, impelindo-o a adotar políticas 
para sua total implementação. 
O pluralismo político princípio que visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais 
no processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção filosófica e 
política. Como seu corolário, tem-se a liberdade de criação e funcionamento dos partidos 
políticos e por isso dezenas de partidos políticos representam o seu eleitor nas casas legislativas 
e no poder executivo em todo o País e principalmente no congresso nacional. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No artigo 2º estão elencados os Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário, todos são independentes e harmônicos entre si, ou seja, estão impedidos de invadir 
a esfera de competência dos demais, devendo atuar de forma integrada, inclusive controlando-
se reciprocamente. 
A Constituição estabelece diversas situações nas quais os poderes deverão atuar 
conjuntamente, como é o caso da lei, uma vez que o projeto após ser aprovado pelo Legislativo 
será sancionado ou vetado no Executivo; também a escolha dos Ministros do STF, que será feita 
com a nomeação pelo Presidente (Executivo) após aprovada a escolha pelo Senado Federal 
(Legislativo). 
 
Por fim, também integra esse sistema os mecanismos de controle recíprocos, como, por 
exemplo, a fiscalização do Executivo pelo Legislativo (art. 70), ou o controle de 
constitucionalidade pelo judiciário. 
Temos no art. 3º os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que 
são: construir uma sociedade livre, justa e solidária: garantir o desenvolvimento nacional; 
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, por fim, 
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
Legislativo 
Judiciário Executivo 
O
b
je
ti
vo
s 
Fu
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en
ta
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a 
R
FB
 
Soberania 
Pluralismo 
Cidadania 
Fundamentos 
Da RFB 
Valores 
Sociais do 
trabalho e 
Dignidade da 
Pessoa 
humana 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
28 
 
Independência 
 nacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 4º estabelece os princípios que devem reger a República Federativa do Brasil 
nas suas relações internacionais: independência nacional; autodeterminação dos povos; não 
intervenção; igualdade entre os Estados; prevalência dos direitos humanos; repúdio ao 
terrorismo e ao racismo; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; cooperação entre os povos 
para o progresso da humanidade; e concessão de asilo político. 
 
 
 
 
 
 
 
Construir uma sociedade livre, justa e 
solidária 
Garantir o desenvolvimento nacional 
Erradicar a pobreza e a 
Marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais 
Promover o bem de todos, sem 
Preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação 
O
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Fu
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R
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Concessão 
de asilo 
político 
Prevalência 
Dos direitos 
humanos 
cooperação 
entre os povos 
para o progresso 
da humanidade 
Autodeterminaç
ão dos povos 
Brasil e as 
Relações 
internacionais 
Repúdio ao 
Terrorismo e 
ao racismo 
Não- 
Intervenção 
solução 
pacífica dos 
conflitos 
Igualdade 
entre os 
Estados 
Defesa da 
paz 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
29 
DOS PRÍNCÍPIOS, DOS DIREITOS E DAS GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS (ART. 5º AO 17 DA CRFB/88) 
 
Iniciamos aqui a Unidade II de nossa apostila. Nela nós vamos estudar os Princípios e 
as Garantias Constitucionais de nossa Constituição Federal. Ao final desta aula os alunos 
estarão habilitados a reconhecer os direitos aqui estudados e praticar em seu cotidiano e 
respeitando tais institutos no exercício de suas funções, elevando e honrando a instituição policial 
a que representam. 
 
Você saberia dizer o que são direitos fundamentais? Vamos aprender? 
 
Preliminarmente devemos refletir que Direitos fundamentais são os direitos da pessoa 
humana consagrados, em um determinado momento histórico, em um certo Estado. São direitos 
constitucionalmente protegidos, ou seja, estão positivados em uma determinada ordem jurídica. 
Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca transmitir 
uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico. Eles foram fruto de 
uma evolução histórico-social,de conquistas progressivas da humanidade do conceito de 
“gerações de direitos humanos” nossa doutrina majoritária reconhece a existência de três 
gerações de direitos: 
 Primeira Geração: são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o 
indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das 
pessoas. São chamadas liberdades negativas pois traduzem a liberdade de não sofrer 
ingerência abusiva por parte do Estado ficando este proibido de intervir indevidamente 
na esfera privada. Exemplo: Direito a locomoção, associação, reunião 
 Segunda geração: são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos 
indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem 
normas programáticas, também chamados de liberdades positivas. Para o Estado, 
constituem obrigações de fazer algo em prol dos indivíduos, objetivando que todos 
tenham de “bem-estar”. Exemplo: Direito a saúde, educação, segurança, trabalho... 
 Terceira geração: são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que 
transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de terceira 
geração têm como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. São os direitos difusos e 
os coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor, o direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Constata-se que 
as três gerações seguem a sequência do lema da Revolução Francesa: Liberdade, 
Igualdade e Fraternidade. 
Diante disto os direitos fundamentais podem ser classificados em direitos de primeira 
geração ou dimensão (direitos e garantias civis e políticos), de segunda geração ou dimensão 
(direitos sociais, econômicos e culturais) e de terceira geração ou dimensão (direitos de 
solidariedade, como a um meio ambiente sadio e à paz, ou seja, os direitos difusos). 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
30 
 
 
Distinção entre direitos fundamentais e garantias fundamentais 
 
A Constituição Federal trouxe em seu título II, os direitos e garantias fundamentais, 
subdivididos em cinco capítulos: Direitos individuais e coletivos, Direitos sociais, Direitos de 
nacionalidade, Direitos políticos e Direitos de sufrágio. 
 
São estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos 
fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os 
direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida corresponde a garantia de vedação à pena de 
morte; ao direito à liberdade de locomoção corresponde a garantia do “habeas corpus”; ao direito 
à liberdade de manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Finalmente, 
os direitos fundamentais são bens jurídicos em si mesmos considerados, conferidos às pessoas 
pelo texto constitucional, enquanto as garantias fundamentais são os instrumentos por meio dos 
quais é assegurado o exercício desses direitos, bem como a devida reparação, nos casos de 
violação. 
Impõe ao estado o Dever de 
 
Abstenção Dos Direitos civis e políticos 
LIBERDADE 
1ª geração 
Gerações 
Dos direitos 
fundamentais 
Direitos sociais, econômicos e culturais 
FRATERNIDADE 
Direitos difusos e 
coletivos 
 
 
4a 
GERAÇ
DEMOCRACIA, INFORMAÇÃO, 
PLURALISMO 
ENGENHARIA GENÉTICA 
DIREITO à PAZ 5ª geração 
4ª geração 
3ª geração 
2ª geração 
Direitos fundamentais 
IGUALDADE 
Impõem ao estado o dever de atuação 
Garantias fundamentais 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
31 
Direitos e garantias fundamentais 
 
Diante das três gerações de direitos elencados acima percebemos que na Constituição 
Federal do Brasil segue esta linha estabelecendo os direitos e garantias fundamentais no título 
II da Constituição de 1988 (arts 5º a 17), abrangendo os direitos e deveres individuais e coletivos, 
os direitos sociais, a nacionalidade, os direitos políticos e os partidos políticos. 
 
Você sabia que os direitos fundamentais se caracterizam por serem: 
históricos, inalienáveis, imprescritíveis, irrenunciáveis e relativos? 
 
É histórico porque seu conteúdo altera-se com o passar dos tempos; inalienáveis, pois 
não são passiveis de valorização econômica; imprescritíveis, já que, independentemente de não 
serem exercitados permanecem invocáveis; irrenunciáveis porque são direitos fundamentais da 
própria existência humana, razão pela qual, ainda que se deseje, não será passível abrir mão de 
tais direitos.4 
 
Dos direitos e dos deveres individuais e coletivos 
 
Você já ouviu falar nos direitos e nos deveres individuais e coletivos 
contemplados no artigo 5º da CRFB/88? 
 
Contemplados no artigo 5º da CRFB/88, estabelece: “todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade”. O 
dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais – os direitos à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade e desses derivam todos os outros direitos inseridos 
nos incisos do artigo 5º da CF/88. Tais dispositivos são considerados como cláusulas pétreas, 
conforme reza o artigo 60, § 4º da CRFB/88. Desse modo não podem ser suprimidos apenas para 
acrescentar mais direitos através de emenda à Constituição. 
Necessário ressaltar que embora haja referência apenas aos estrangeiros residentes no 
país, tal dispositivo não pode ser interpretado de modo a afastar aos estrangeiros não residentes 
direitos fundamentais, portanto, um estrangeiro que está no país a turismo, para estudar ou a 
trabalho também terá assegurado os direitos e as 
garantias disciplinados neste artigo constitucional, há 
consenso na doutrina de que os direitos fundamentais 
abrangem qualquer pessoa que se encontre em 
território nacional, mesmo que seja um estrangeiro 
residente no exterior, este se estiver passando férias 
no Brasil será, titular de direitos fundamentais como 
qualquer outro cidadão. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
32 
No que se refere ao direito à vida, a doutrina considera que é dever do Estado assegurá-
lo em sua dupla acepção: a primeira, enquanto direito de continuar vivo; a segunda, enquanto 
direito de ter uma vida digna. A vida deve ser compreendida seu sentido mais amplo, pois é o 
bem jurídico mais relevante de todo o ser humano é o mais elementar dos direitos fundamentais, 
sem vida, nenhum outro direito poderá ser fruído, ou sequer cogitado. 
Nesse sentido, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca pela 
felicidade, como forma de realização do princípio da dignidade da pessoa humana. O direito à 
vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a vida intrauterina. Sem essa 
proteção, estaríamos autorizando a prática do aborto, que somente é admitida no Brasil quando 
há grave ameaça à vida da gestante ou quando a gravidez é resultante de estupro. 
Relacionado a esse tema, há um importante julgado do STF sobre a possibilidade de 
interrupção de gravidez de feto anencefálico. O feto anencefálico é aquele que tem uma má-
formação do tubo neural (ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). Trata-se de uma 
patologia letal: os fetos por ela afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem 
nascido. 
A Corte garantiu o direito à gestante de “submeter-se a antecipação terapêutica de parto 
na hipótese de gravidez de feto anencefálico, previamente diagnosticada por profissional 
habilitado, sem estar compelida a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de 
permissão do Estado”. O STF entendeu que, nesse caso, não haveria colisão real entre direitos 
fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencefálico, por ser inviável, não seria 
titular do direito à vida. O feto anencefálico, mesmo que biologicamente vivo, porque feito de 
células e tecidos vivos, seria juridicamente morto,de maneira que não deteria proteção jurídica. 
Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células-tronco 
embrionárias. Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem, tampouco, a 
dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, 
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste 
procedimento. 
Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito à vida é absoluto, sendo admitida pela 
Constituição Federal de 1988 a pena de morte em caso de guerra declarada. A doutrina 
considera que, por se tratar de cláusula pétrea, emenda constitucional não pode estabelecer, no 
Brasil, novas hipóteses de pena de morte. Essa ampliação não poderia nem mesmo ser feita por 
meio de uma nova Constituição, em respeito ao princípio da vedação ao retrocesso. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
33 
 
 
Depois da análise do “caput” do artigo 5º da Carta Magna, passaremos à análise dos 
seus incisos: 
A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia. O princípio 
da igualdade determina que se dê tratamento igual aos que se encontra em situação equivalente 
de que se trata de maneira desigual os desiguais na medida de suas desigualdades. 
O princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleça tratamento 
diferenciado entre pessoas que guardam distinções de grupo social, de sexo, de profissão, de 
condições econômicas ou de idade entre outras; o que não se admite é que o parâmetro 
diferenciador seja arbitrário, desprovido de razoabilidade. 
Em suma, o princípio da igualdade não 
veda tratamento discriminatório entre os 
indivíduos quando há razoabilidade para a 
discriminação. Exemplo: cotas nas 
universidades para os Afrodescendentes; 
concurso público com vagas determinadas 
exclusivamente para determinado sexo (neste 
caso as peculiaridades das atribuições do 
Direito à busca pela Felicidade (uniões homo 
afetivas são entidades familiares) 
Direitos Sociais (art. 6º - art. 11) Sobrevivência + 
Existência digna 
Alcança a vida intra e extrauterina) 
DIREITO à VIDA 
É relativo 
Com a interrupção 
de gravidez de 
anencéfalo 
É compatível 
Com a pesquisa com 
células- 
troncoembrionárias 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
34 
cargo devem justificar no edital do concurso, ou seja, concurso para preenchimento de vaga de 
agente penitenciário feminino para unidade prisional feminino). 
Os legisladores e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela “igualdade perante 
a lei”, não podendo diferenciar, quando da elaboração ou aplicação do Direito, aqueles a quem 
a lei concedeu tratamento igual resguardando assim a igualdade na lei, pois de nada adiantaria 
ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido que os juízes e demais 
autoridades tratassem as pessoas desigualmente reconhecendo direito a alguns e negando-os 
a outros mesmo estando na mesma situação fática. Do princípio da igualdade se originam vários 
outros princípios da Constituição, como, por exemplo, a vedação ao racismo (art. 5º, XLII, CF), o 
princípio da isonomia tributária (art. 150, II, CF), dentre outros. 
 
 
 
Esse inciso trata do princípio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos 
particulares e ao Poder Público. Para os particulares, traz a garantia de que só podem ser 
obrigados a agirem ou a se omitirem por lei. Tudo é permitido a eles na falta de norma legal 
proibitiva. 
No Poder Público, o princípio da legalidade consagra a ideia de que este só pode fazer 
o que é permitido pela lei, não pode atuar, nem contrariamente às leis, nem na ausência de lei. 
Não se exclui, aqui, a possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública, mas 
a discricionariedade não é, em nenhuma hipótese, atividade desenvolvida na ausência da lei, e 
sim atuação nos limites da lei, quando esta deixa alguma margem para a Administração agir 
conforme critérios de oportunidade e conveniência, repita-se segundo os parâmetros genéricos 
estabelecidos na lei. 
É importante compreendermos a diferença entre o princípio da legalidade e o princípio 
da reserva legal, pois o princípio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a 
palavra “lei” em um sentido mais amplo, abrangendo não somente a lei em sentido estrito, mas 
todo e qualquer ato normativo estatal (incluindo atos infralegais) que obedeça às formalidades 
que lhe são próprias e contenha uma regra jurídica. Por meio do princípio da legalidade, a Carta 
Igualdade NA LEI 
Destina-se ao 
LEGISLADOR 
IGUALDADE 
Igualdade PERANTE AP
Destina-se aos
 
A LEI 
LICADORES D O 
DIREITO 
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
35 
Magna determina a submissão e o respeito à “lei”, ou a atuação dentro dos limites legais; no 
entanto, a referência que se faz é à lei em sentido material. 
O princípio da reserva legal é evidenciado quando a Constituição exige expressamente 
que determinada matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como decretos 
autônomos, por exemplo). O vocábulo “lei” é, aqui, usado em um sentido mais restrito. 
 
 
São proibições Constitucionais com fundamento no preceito fundamental da dignidade 
humana onde a proteção é extensiva a todos as pessoas que estão permanentemente ou 
transitoriamente no Brasil, independentemente de qualquer coisa. Princípio da dignidade da 
pessoa Humana, artigo 1º . inciso III da CF/88. 
Trata-se da liberdade de expressão, que é verdadeiro fundamento do Estado 
democrático de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde 
que isso não seja feito anonimamente. A liberdade de expressão pode ser oralmente ou por 
escrito, e também o direito de ouvir, assistir e ler. A vedação ao anonimato visa garantir a 
responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros. A liberdade de 
expressão é ampla, mas não é absoluta, sendo proibidos os discursos de ódio. Preconceituosa 
e de intolerância. 
 
 
 
 
Exige lei formal, ato com força 
de lei, ou atos expedidos nos 
limites deste. 
Maior abrangência. 
Menor densidade ou conteúdo. 
 
LEGALIDADE 
 
 
 
 
Exige lei formal, ou atos com força 
de lei. 
Menor abrangência. 
Maior densidade ou conteúdo... 
 
RESERVA LEGAL 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
36 
Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem, que 
é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não 
infrações penais. Essa resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo 
meio de comunicação utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta-
se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas 
ofendidas pela expressão indevida de opiniões. 
 
 
 
Consagra-se, nesses incisos, o direito Constitucional Pétreo de liberdade religiosa. No 
que se refere ao inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável pela prestação 
religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a administração pública está impedida de 
exercer tal função. Essa assistência tem caráter privado e incumbe aos representantes 
habilitados de cada religião.
Aplicação a pessoas físicas e pessoas jurídicas. 
DIREITO DE 
RESPOSTA 
Proporcional ao agravo. 
Pode ser acumulado com indenização por 
dano material, moral ou à imagem. 
- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado 
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias; 
– É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistênciareligiosa 
nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal 
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
37 
 
Você sabia que o art. 5º, inciso VIII, consagra a denominada 
“escusa de consciência”? Sabe o que isso significa? Vamos 
aprender? 
 
 Essa é uma garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos 
por não cumprir obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou convicções 
filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obrigação legal, o Estado 
poderá impor, à pessoa que recorrer a esse direito, prestação alternativa fixada em lei. 
É uma norma constitucional de eficácia contida, todos têm o direito de manifestar 
livremente sua crença religiosa e convicções filosófica e política. Essa é uma garantia 
plenamente exercitável, mas que poderá ser restringida pelo legislador se houver interesse 
público. 
Ressalta-se que o direito à escusa de consciência será garantido em sua plenitude. A 
partir do momento em que o legislador edita norma fixando prestação alternativa, ele está 
restringindo o direito à escusa de consciência. Aquele que, além de descumprir a obrigação legal 
a todos imposta, se recusar a cumprir a prestação alternativa, será privado de seus direitos. 
 
A liberdade de expressão, contida no art. 5º, IX da CRFB/88 tem por escopo proibir a 
censura prévia, porém, qualquer direito fundamental, é relativa. Isso porque é limitada por outros 
direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do 
indivíduo, por exemplo. 
Nesse sentido, entende o STF que o direito à liberdade de imprensa assegura ao 
jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, 
contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos 
de Estado. 
Entretanto, esse profissional responderá, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, 
sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, inciso V. A 
liberdade de imprensa é plena em todo o tempo, lugar e circunstâncias, tanto em período não-
eleitoral, quanto em período de eleições gerais. 
 
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença. 
X -São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
38 
Este inciso revela a proteção Constitucional Pétrea do direito à intimidade e a vida 
privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito 
a seu modo de pensar e de agir. 
O direito à honra também é protegido desse modo, o sentimento de dignidade e a 
reputação dos indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade. 
O direito à imagem é protegido pois defende a representação que as pessoas possuem 
perante si mesmas e os outros. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são 
invioláveis: elas consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. 
A violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá observar 
o grau de reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações por dano material e por 
dano moral são cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo fato, é possível que se reconheça o 
direito a ambas indenizações. As pessoas jurídicas também poderão ser indenizadas por dano 
moral, uma vez que são titulares dos direitos à honra e à imagem. 
Sobre à privacidade dos agentes políticos o STF expressou através de súmula que esta 
é relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas isso 
não significa que quem se dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se 
mantém no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se refira 
à sua atividade pública. 
Também relacionado aos direitos à intimidade e à vida privada está o sigilo bancário, 
que é verdadeira garantia de privacidade dos dados bancários. Assim como todos os direitos 
fundamentais, o sigilo bancário não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ 
de que “havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a quebra do sigilo, não há violação 
a nenhuma cláusula pétrea constitucional. ” (STJ, DJ de 23.05.2005) 
O Ministério Público pode determinar a quebra do sigilo bancário de conta da titularidade 
de ente público. Segundo o STJ, as contas correntes de entes públicos (contas públicas) não 
gozam de proteção à intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princípios da publicidade 
e moralidade, que impõem à Administração Pública o dever de transparência.) 
Na jurisprudência do STF, também se reconhece, em caráter excepcionalíssimo, a 
possibilidade de quebra de sigilo bancário pelo Ministério Público, que se dará no âmbito de 
procedimento administrativo que vise à defesa do patrimônio público (quando houver 
envolvimento de dinheiros ou verbas públicas). MS nº 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. 
Julgamento 05.10.1995. 
Devido à gravidade jurídica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancário, este 
somente se dará em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade das 
informações solicitadas e cumprir as condições legais. Além 
disso, para que a quebra do sigilo bancário ou do sigilo 
fiscal seja admissível, é necessário que haja 
individualização do investigado e do objeto da investigação. 
Não é possível, portanto, a determinação da quebra do 
sigilo bancário para apuração de fatos genéricos. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
39 
Princípio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a vida 
privada do indivíduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no período noturno, o sossego e 
a tranquilidade. 
Inicialmente necessário saber qual é o conceito de “casa” e o STF em conceito pacificado 
nesta Corte revela que o conceito de “casa” é abrangente, estendendo-se a:I) qualquer 
compartimento habitado; II) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e III) qualquer 
compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade 
pessoal. HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10- 6-2008, Segunda Turma, DJE 
de 1º-8-2008. 
Assim, o conceito de “casa” alcança não só a residência do indivíduo, mas também 
escritórios profissionais, consultórios médicos e odontológicos, trailers, barcos e aposentos de 
habitação coletiva (como, por exemplo, o quarto de hotel). 
Não estão abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes. O STF entende que, 
embora os escritórios estejam abrangidos pelo conceito de “casa”, não se pode invocar a 
inviolabilidade de domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base 
nessa ideia, a Corte considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade 
policial no estabelecimento profissional, inclusive durante a noite, para instalar equipamentos de 
captação de som (“escuta”). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o 
conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia. 
 
Diante destas informações, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: em quais 
hipóteses se pode penetrar na casa de um indivíduo? 
 
O ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer nas seguintes situações: 
 
 Com o consentimento do morador. 
 Sem o consentimento do morador, sob ordem 
judicial, apenas durante o dia. Perceba que, 
mesmo com ordem judicial, não é possível o 
ingresso na casa do indivíduo durante o períodonoturno. 
 A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou, ainda, 
para prestar socorro. 
 
A regra geral é que somente se pode ingressar na casa do indivíduo com o seu 
consentimento. No entanto, será possível penetrar na casa do indivíduo mesmo sem o 
consentimento, desde que amparado por ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
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O conceito de “dia” para fins de aplicação do art. 5º, XI, CF/88, possui divergências 
doutrinárias sobre o tema. Há autores que entendem que “dia” é o período compreendido entre 
as 06:00h e as 18:00h e outros utilizam um critério físico- astronômico, destacando que “dia” é o 
intervalo entre a aurora e o crepúsculo. Cabe aduzir que para efeito da atividade policial o que 
mais respalda esta ação é o primeiro entendimento. 
A entrada de autoridade policial em domicílio sem autorização judicial será possível nas 
situações de flagrante delito. Isso é particularmente relevante no caso da prática de crimes 
permanentes, nos quais a situação de flagrância se estende no tempo. Exemplo de crimes desse 
tipo seriam o cárcere privado e o porte de drogas. 
Objetivando coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de 
que “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período 
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que 
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade 
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados” RE 
603.616. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 05.11.2015. Ressalta-se que a doutrina admite 
que a força policial, tendo ingressado na casa de indivíduo, durante o dia, com amparo em ordem 
judicial, prolongue suas ações durante o período noturno. 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados 
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
O art. 5º, inciso XII, trata da inviolabilidade das correspondências 
e das comunicações. A princípio, a leitura pode dar a entender que o 
sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e de dados 
não poderia ser violado; apenas haveria exceção constitucional para a 
violação das comunicações telefônicas. Não é esse, todavia, o 
entendimento que prevalece. 
Como não há direito absoluto no ordenamento jurídico brasileiro, admite-se, mesmo sem 
previsão expressa na Constituição, que lei ou decisão judicial também possam estabelecer 
hipóteses de interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, 
sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos. 
Nesse sentido, entende o STF que “a administração penitenciária, com fundamento em 
razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, 
sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, 
da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, 
eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de 
salvaguarda de práticas ilícitas.” 
De início, é importante destacar a diferença entre quebra do sigilo telefônico e 
interceptação telefônica. São coisas diferentes. A quebra do sigilo telefônico consiste em ter 
acesso ao extrato das ligações telefônicas (grosso modo, seria ter acesso à conta da VIVO/TIM). 
Por outro lado, a interceptação telefônica consiste em ter acesso às gravações das conversas. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
41 
A interceptação telefônica é, sem dúvida, medida mais gravosa e, por isso, somente pode ser 
determinada pelo Poder Judiciário. Já a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, pode ser 
determinada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), além, é claro, do Poder 
Judiciário. 
A interceptação das comunicações telefônicas só pode ser autorizada por decisão judicial 
(de ofício ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público) e para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. Há que se estabelecer, agora, a diferença 
entre três institutos que possuem bastante semelhança entre si: I) interceptação telefônica; II) 
escuta telefônica e; III) gravação telefônica. 
A interceptação telefônica, conforme já vimos, consiste na captação de conversas 
telefônicas feita por terceiro (autoridade policial) sem o conhecimento de nenhum dos 
interlocutores, devendo ser autorizada pelo Poder Judiciário, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feita por um 
terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. 
A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento 
ou ciência do outro. STJ, HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi. 23.04.2010 . 
Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas 
ilegais referentes ao direito pétrio constitucional de inviolabilidade das correspondências e das 
comunicações: 
 
É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização 
judicial. 
São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a 
partir apenas de denúncia anônima, sem investigação preliminar. 
São ilícitas as provas obtidas mediante gravação de conversa informal do indiciado com 
policiais, por constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado sem as 
formalidades legais do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja 
advertido do seu direito ao silêncio. 
São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a 
prisão foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serão. 
É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos interlocutores 
sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que 
a gravação está sendo feita. Nessa situação, tem-se a legítima defesa. 
É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos 
interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de 
reserva da conversação. 
É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos 
interlocutores sem o conhecimento do outro. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 
42 
 
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de atividade 
profissional. Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o exercício de 
determinada profissão, qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, existente a lei, a profissão 
só poderá ser exercida por quem atender às qualificações legais. Segundo o STF, nem todos os 
ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu 
exercício. A regra é a liberdade. 
 
Esse inciso tem dois desdobramentos: assegura o direito de acesso à informação 
(desde que esta não fira outros direitos fundamentais) e resguarda os jornalistas, possibilitando 
que estes obtenham informações sem terem que revelar sua fonte. Não há conflito, todavia, com 
a vedação ao anonimato. Caso alguém seja lesado pela informação, o jornalista responderá por 
isso. 
O direito de reunião é um direito típico de uma democracia, estando intimamente 
relacionado à liberdade de expressão. É um direito individual, mas que se expressa de maneira 
coletiva. Caracteriza-se como uma “liberdade-condição”, pois viabiliza o exercício de outros 
direitos

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