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DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 1 DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 2 AUTORIDADES Governador do Estado do Rio de Janeiro Exmº Sr Wilson Witzel Secretário de Estado de Polícia Militar Exmº Sr Coronel Rogério Figueredo de Lacerda Subsecretário de Estado de Polícia Militar Ilmº Sr Coronel Márcio Pereira Basílio Diretor-Geral de Ensino e Instrução Ilmº Sr Coronel Rogério Quemento Lobasso Comandante do CFAP 31 de Voluntários Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Marcelo Andre Teixeira da Silva Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar - CEADPM Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandra Ferraz de Oliveira DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 3 APRESENTAÇÃO Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais latente e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo , aperfeiçoar os 2º Sargentos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade semipresencial, através de módulos, sendo destes um disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a Distância da Polícia Militar (CEADPM) e um módulo de disciplinas práticas ministrado do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP 31 Vol.). É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte EaD autonomia de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina e dedição para o êxito dessa jornada, pois depende do esforço coletivo e também individual para que tenhamos policiais cada vez mais qualificados,bem treinados e aperfeiçoados para cumprirmos nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações. O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa consciente, respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o cumprimento de suas funções com dignidade e excelência. Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através deste curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus companheiros de profissão. Que seja um momento de repensar as práticas e fortelecer seu vínculo profissional, ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro. Desejamos a todos bons estudos! Rogério Quemento Lobasso - Coronel PM Diretor-Geral de Ensino e Instrução Marcelo André Teixeira da Silva – Ten. Coronel Comandante do CFAP DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 4 Desenvolvedores CEADPM Supervisão Geral EAD CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva Equipe Técnica SUBTEN PM Wilian Jardim de Souza 3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos Diagramação 2º SGT PM Wallace Reis Fernandes CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira CB PM Thiago Silva Amaral Design Instrucional CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira Vídeo e animação CB PM Joyce Gaspar de Almeida Designer Gráfico 2º SGT PM Wallace Reis Fernandes SD PM Leonardo da Silva Ramos Suporte ao Aluno 2º SGT PM Anderson Inacio de Oliveira CFAP Supervisão Geral do Curso MAJ PM Maria Isabel Conceição Silva Sardinha Coordenação Pedagógica CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva Equipe Técnica TEN PM Ped Paulo Paulo Baptista 2ºSGT PM Elaine Xavier Oliveira Alves de Lima CB PM Juliana Pereira de Carvalho Conteudista 1º TEN PM Cleveland Rodrigues Leite Junior Revisor de Conteúdo 1º TEN PM Claudio Cesar Peres Rodrigues A. Farias DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 5 SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................................... 10 Direito constitucional .................................................................................................................. 11 Dos príncípios, dos direitos e das garantias fundamentais (art. 5º ao 17 da crfb/88) ................. 29 Direitos constitucionais penais ................................................................................................... 47 Da nacionalidade ......................................................................................................................... 57 Dos direitos políticos ................................................................................................................... 65 Organização dos poderes ............................................................................................................ 71 Das forças armadas – militares federais ..................................................................................... 83 Conclusão .................................................................................................................................... 96 Referências .................................................................................................................................. 97 DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 10 INTRODUÇÃO Sabemos que a Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, determinou o aspecto político constitucional do Brasil como o de um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais importante mecanismo da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios e preceitos fundamentais do Estado brasileiro. Estado Democrático de Direito é muito mais do que meramente Estado de Direito,pois assegura a igualdade entre os homens, e tem como características a submissão de todos ao império da lei, a divisão formal do exercício das funções derivadas do poder, entre os órgãos executivos, legislativos e judiciários, como forma de evitar a concentração de forças e combater o arbítrio, o estabelecimento formal de garantias individuais, o povo como origem formal de todo e qualquer poder e ainda a igualdade de todos perante a lei. Sargento policial militar aluno do Curso de Aperfeiçoamento na matéria de Direito Constitucional, você relembrará alguns tópicos do que fora estudado nos cursos de formação de soldado, cabo e sargento. Agora, que tal ampliar seus conhecimentos nesta importantíssima e primordial matéria? Objetiva-se que o graduado saiba aprimorar seus conhecimentos jurídicos constitucionais para continuar a resguardar e legitimar suas ações dentro da legalidade bem como prepare o graduado para que este dê suporte e esclarecimento aos seus subordinados quando estiverem na atividade policial e surgirem dúvidas quanto ao comportamento mais apropriado embasado na lei maior do País e ainda ajudar ao comando na orientação a tropa na diminuição de erros por desconhecimento ou descuido do que determina a Carta magna. Compreendendo a matéria de direito constitucional através do histórico, conceitos, estrutura, direitos e garantias Pétreas ,organização do estado, segurança pública e as competências das Polícias federais e estaduais, principalmente a Polícia Militar somados a jurisprudência e a doutrina majoritária recente, realizando uma abordagem sistemática com gráficos ajudará sobremaneira ao futuro Sargento aperfeiçoado ter uma visão ampla, a fim de evitar equivocadas interpretações dos artigos da Contituição Federal e sua inadequada aplicação ao caso concreto e ainda evitar a uma prática não protegida pela lei. Insta aduzir derradeiramente que não é nossa atribuição questionar a legislação Constitucional mesmo que a referida lei em nossa opinião não possua sentido ou não responda aos reclamos da sociedade. A Constituição federal determina as competências das diversas Instituições cabendo a polícia militar consciente de sua missão constitucional exercita-la cumprindo rigorosamente o que se determina em lei. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 11 DIREITO CONSTITUCIONALVocê sabia que o estudo do Direito Constitucional e do Direito, como um todo necessariamente começa com a seguinte pergunta: o que se entende por Constituição? Necessário, portanto uma breve contextualização histórica. Conceito liberal de constituição Com a vitória do constitucionalismo surge, no século XIX, a ideia de Constituição ideal, com CARL SCHMITT. Seu conceito está atrelado à ideologia político-liberal, considerando-se essencial: a garantia das liberdades, com a participação política; a divisão dos poderes; a Constituição como documento escrito. Assim, essa ideia de Constituição foi albergada pela Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, em seu art. 16, nos seguintes termos: “Toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não tem Constituição”. Conceito orgânico de constituição Sargento, durante sua carreira, você já deve ter ouvido falar no vocábulo “constituição”? Sabe o que significa? Vamos aprender? O vocábulo “constituição” designa, genericamente, a especial forma de ser de um corpo, de um objeto, de um ser vivo. É sua organização, sua formação, enfim, sua “constituição”. A Constituição é o produto pelo qual podemos reconhecer que houve a manifestação do denominado poder constituinte genuíno. Com a eclosão do poder constituinte, o resultado de sua atividade haverá de ser a produção de um novo texto fundamental. O termo, contudo, apresenta diversos significados. No sentido comum, constituição é o que forma determinado corpo (ideia de estrutura), como já sublinhado. Nesse sentido é que alguns autores, transplantando o conceito comum para a seara normativa, definem juridicamente a Constituição como a particular maneira de ser de um Estado. Para empreender estudos próprios da Ciência do Direito Constitucional, deve-se partir de seu objeto, que é a Constituição. Decorre disso o interesse em aprofundar, aqui, o conceito do termo. Para tanto, a Constituição deve ser visualizada, basicamente, de três prismas: o formal, o material e o substancial. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 12 Conceito jurídico de constituição Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela que determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. Cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias fundamentais, sendo a matéria do ramo do Direito Público de onde decorrem todas as demais normas do ordenamento jurídico. Estrutura das constituições Você sabia que as Constituições, de forma geral, dividem-se em três partes: preâmbulo, parte dogmática e disposições transitórias? O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem como função definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. Além disso, serve de elemento de integração dos artigos que lhe seguem, bem como orienta a sua interpretação. Também sintetiza a ideologia do poder constituinte originário, expondo os valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. Na Constituição Federal Brasileira de 1988 vigente no País, do ponto de vista estrutural, contém um preâmbulo, o corpo (arts. 1.º a 250) e um ADCT (arts. 1.º a 97). E no preâmbulo os seguintes dizeres: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade” A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que prevê os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1º ao 250. Destaca-se que falamos em “corpo permanente” porque, a princípio, essas normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. Por fim, a parte transitória da Constituição visa integrar a ordem jurídica antiga à nova, quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Suas normas são formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, apresente numeração própria (vejam ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 13 Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma constitucional. Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de constitucionalidade das leis. No direito Constitucional estuda-se as diversas Constituições existentes no mundo e suas peculiaridades, sendo certo que a doutrina propõe diversos critérios para classifica-las, porém não é objetivo deste trabalho pois visamos relembrar as características e classificações da Constituição Federal Brasileira de 1988 que está vigente e deverá sempre nortear o nosso comportamento profissional. A chamada Carta cidadã foi aprovada em dois turnos de votação, por maioria absoluta dos membros da Assembleia Nacional Constituinte, que ocorreu em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil. No que se refere a classificação da Constituição de 1988 podemos aduzir que é escrita, do tipo codificada, elaborada em processo democrático, dogmática eclética, rígida, formal, analítica, normativa, dirigente, social princípio lógica e expansiva. Vejamos logo abaixo as principais características das Constituições existentes e a definição sintetizada de cada uma, observe o significado das características da Constituição Brasileira. Classificação das constituições Quanto à origem OUTORGADAS Impostas, surgem sem participação popular. Resultam de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante no sentido de limitar seu próprio poder. DEMOCRÁTICAS Nascem com participação popular, por processo democrático. CESARISTAS Outorgadas, mas necessitam de referendo popular. DUALISTAS Resultam de um compromisso entre a monarquia e a burguesia, dando origem às monarquias constitucionais. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 14 Quanto à forma Quanto ao modo de elaboração Quanto à estabilidade Quanto ao conteúdo MATERIAIS Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais da vida estatal, ainda que fora do texto constitucional escrito. FORMAIS Conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma Constituição rígida, independentemente de seu conteúdo. IMUTÁVEIS Não podem ser modificadas. RÍGIDAS Modificadas por procedimento mais dificultoso que aquele de alteração das leis. Sempre escritas. SEMIRRÍGIDAS Processo legislativo de alteração mais dificultoso que o ordinário para algumas de suas normas. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 15 Quanto à extensão Quanto à correspondência com a realidade Quanto à finalidade Quanto ao conteúdo ideológico ANALÍTICAS Conteúdo extenso. Contêm normas apenas formalmente constitucionais. SINTÉTICAS Restringem-se aos elementos materialmente constitucionais. NORMATIVAS Limitam, de fato, o poder, por corresponderem à realidade. NOMINATIVAS Não conseguem regular o processo político, embora esse seja seu objetivo, por não corresponderem à realidade social. SEMÂNTICAS Não têm por objeto regular a política estatal, mas apenas formalizar a situação da época. CONSTITUIÇÕES- GARANTIA Objetivam proteger as liberdades públicas contra a arbitrariedadedo Estado. CONSTITUIÇÕES- DIRIGENTES Traçam diretrizes para a ação estatal, prevendo normas programáticas.. CONSTITUIÇÕES- BALANÇO Descrevem e registram o estágio da sociedade em um dado momento. LIBERAIS Buscam limitar o poder estatal. SOCIAIS Têm como objetivo realizar a igualdade material e a efetivação dos direitos sociais. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 16 Quanto ao local da decretação Quanto ao sistema Breve histórico das constituições brasileiras Vamos aprender um pouco mais sobre a história das Constituições Brasileiras? Serão apontadas as principais características das Constituições brasileiras, desde o período do Império até a atual Constituição de 1988. Releva notar que o surgimento das diversas Leis Fundamentais esteve sempre associado a rupturas de alterações sociais e políticas. CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 A Constituição Imperial foi promulgada por D. Pedro I, dois anos após a independência do País, em 07 de setembro de 1822, a Constituição Política do Império do Brasil foi promulgada em 25 de março de 1824. O território foi dividido em províncias. Desse modo, quanto à forma de Estado, era unitário, e não federal. Quanto à forma de governo, era uma monarquia hereditária. No tocante à divisão dos Poderes, além dos clássicos Legislativo, Executivo e Judiciário, havia o Poder Moderador, este exercido privativamente pelo Imperador (doutrina de Benjamin Constant). Quanto à mutabilidade, era semirrígida. A eleição era indireta e censitária, ou seja, definida com base na renda, sendo vedada às mulheres e aos analfabetos. HETEROCONSTITUIÇÕES Elaboradas fora do Estado em que produzem seus efeitos. AUTOCONSTITUIÇÕES Elaboradas dentro do Estado que regem. PRINCIPIOLÓGICAS Nelas, predominam os princípios. PRECEITUAIS Nelas, prevalecem as regras. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 17 CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891 A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Adotou como forma de Estado a federação; como forma de governo, a república; e como sistema, o presidencialismo. Foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos da América. Previa a existência dos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário (doutrina de Montesquieu). CONSTITUIÇÃO DE 1934 Com a Revolução de 1930, ascendeu ao Poder Getúlio Vargas. Em grande parte, por força da Revolução Constitucionalista, que exigia do governo uma Constituição, foi promulgada em 16 de julho de 1934 a segunda grande Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Manteve-se a federação, a república presidencialista e os três poderes. Como inovação, instituiu-se o voto secreto, obrigatório para os maiores de 18 anos estendendo-o também às mulheres. Foi a primeira Constituição a trazer um capítulo sobre a ordem econômica e social, inspirando-se na Constituição de Weimar, criando a Justiça do Trabalho. Continha, ainda, normas sobre a família, educação e cultura. CONSTITUIÇÃO DE 1937 Conforme narra a história, em 1937 ocorreu o golpe de Getúlio Vargas para manter-se no poder. Era o início do Estado Novo, ditadura que perdurou até 1945. Em 10 de novembro de 1937 foi outorgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Nesta nova Constituição foi fortalecido o Poder Executivo. Os direitos individuais eram sempre condicionados ao bem público. De observar que, embora os direitos e as garantias estivessem previstos, alguns desses poderiam ser suprimidos em caso de estado de emergência e – curiosamente – na parte final da Constituição havia um dispositivo que instituía o estado de emergência no País. Em razão de ter sido inspirada nos regimes nazifascistas, esta foi apelidada de Constituição polaca, em alusão à Constituição polonesa fascista de 1935, outorgada pelo Marechal Josef Pilsudski. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 18 CONSTITUIÇÃO DE 1946 Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados ditatoriais nazistas foram derrotados. A isso se seguiu um movimento inicial de democratização, o que foi acompanhado pelo Brasil. Getúlio Vargas convocou eleições diretas para a presidência e para o Poder Legislativo. Foi eleito, com o apoio de Vargas, o General Eurico Gaspar Dutra. Foi então, promulgada, em 18 de setembro de 1946 a quarta Constituição brasileira, a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, inspirada nas anteriores de (1891 e 1934). CONSTITUIÇÃO DE 1967 e a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 1 DE 1969 No contexto internacional da Guerra Fria, em 1964 houve uma tomada de poder liderada pelos militares do Brasil destituindo o Governo do Presidente eleito João Goulart, era o início de um regime militar que perdurou até 1985. Outorgada em 24 de janeiro de 1967, a Constituição do Brasil apoiava-se na busca pela Segurança Nacional. Alguns constitucionalistas entendem que o regime militar imposto era legítimo e sustentam que a Constituição de 1967 foi promulgada, mas não é o entendimento predominante. Amplos poderes foram concedidos à União e ao Poder Executivo. Durante o regime militar, foram expedidos diversos Atos Institucionais, dos quais o de número 5 representou praticamente a supressão das garantias individuais. Em 17 de outubro de 1969 foi outorgada a Emenda Constitucional número 1, considerada por muitos doutrinadores como uma nova Constituição do Brasil, tanto que, com essa Emenda Constitucional, a Constituição do Brasil passou a ser denominada como hoje a conhecemos, ou seja, Constituição da República Federativa do Brasil. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Importa destacar que a luta pela redemocratização se iniciou com a tomada do poder pelos militares em 1964. Porém, o regime militar perdurou por mais de vinte anos. Em 1984 houve intensa luta, destacando-se o movimento pelas “diretas já”, o qual pretendia que as eleições para Presidente de 1985 fossem diretas, o que não ocorreu. Venceu as eleições o candidato que apoiava a democracia, falamos de Tancredo Neves. Eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, não chegou a tomar posse, pois faleceu. Assumiu o Vice-Presidente José Sarney, que, embora tenha sido aliado dos militares, deu continuidade ao processo de redemocratização. Os membros do Congresso Nacional foram convocados para formar a Assembleia Nacional Constituinte. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal reuniram-se na sede do Congresso Nacional. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 19 A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu como forma de governo a república e como sistema, o presidencialismo, sendo o governante eleito a partir daquela data para exercer as suas atividades de chefe do executivo federal eleito através do voto do cidadão onde exerceria o mandato por um período determinado de 05 anos sem a possibilidade de reeleição porém com as mudanças realizadas pela Emenda Constitucional de Revisão nº 5, de 1994 e Emenda Constitucional nº 16, de 1997 fora vetado o período de cinco anos passando a ser de 04 com possibilidade de uma consecutiva reeleição, sendo este Presidente eleito responsável por todos os seus atos Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000), podendo ainda, ser submetido a processo de impeachment, se praticar um crime de responsabilidade (Lei do Impeachment nº. 1.079 de 10 de abril de 1950), na forma do artigo 86 da CRFB/88. No Brasil temos dois exemplos de impeachment de Presidentes da República: o primeiro ocorrido em 02 de outubro de 1992 – do Presidente Fernando Collor de Mello e, por derradeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, no dia 31/08/2016. Mediante um plebiscito, ocorrido no dia 21 de abril de 1993, em atendimento a determinação artigo 2º doAto das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de 1988 para escolher a forma de governo (república ou monarquia) a maioria do povo brasileiro decidiu pela continuidade da República presidencialista que está em vigor até a presente data. A República Federativa do Brasil é um Estado Federal Soberano, ou seja, possui independência em relação aos Estados estrangeiros, não se submete a outra forma de poder que não seja o que é inerente ao nosso próprio ordenamento jurídico (União - Soberania). Sendo assim, o Estado brasileiro é formado pela União, 01 (um) Distrito Federal, 26 (vinte e seis) Estados membros e 5.570 (cinco mil quinhentos e setenta) Municípios, (CF, art. 1º e art. 18). Todos eles são pessoas jurídicas de direito público, autônomos entre si (Estados e Municípios - Autonomia). Os Estados estão submetidos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. A República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil,pois não existe em nosso ordenamento jurídico o fenômeno da secessão. Por fim, quanto ao regime, está expresso no artigo 1º da Lei Maior o Estado Democrático de Direito, ou seja, um Estado no qual todo o poder se exerce do povo e para o povo, ou seja, no qual a própria lei deverá sempre ser fruto da vontade popular, assegurando-se, igualmente, os direitos fundamentais para preservar a dignidade da pessoa humana. O vínculo entre as entidades componentes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) é indissolúvel, ou seja, nenhuma delas pode abandonar o restante para fundar um novo país, não é admitido o fenômeno da secessão. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 20 A pirâmide de Kelsen – hierarquia das normas Sargento, você já ouviu falar em pirâmide de Kelsen? O que seria? Vamos aprender? No Brasil, vigora o princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual as normas constitucionais, obra do poder constituinte originário, estão num patamar de superioridade em relação às demais leis, servindo de fundamento de validade para estas. Assim, as normas podem ser separadas: Para compreender bem o Direito Constitucional, é fundamental que estudemos a hierarquia das normas, através do que a doutrina denomina “pirâmide de Kelsen”. Essa pirâmide foi concebida pelo jurista austríaco para fundamentar a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes). Iremos, a seguir, nos utilizar da “pirâmide de Kelsen” para explicar o escalonamento normativo no ordenamento jurídico brasileiro. A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu vértice (topo), por ser estar fundamentado de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais. Na Constituição, há normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. As normas constitucionais originárias são produto do Poder Constituinte Originário (o poder que elabora uma nova Constituição); elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. CF, EC e Internacionais sobre Direitos humanos aprovados com as regras exigidas para EC (art 5°,§2°, CF) Caráter constitucional Tratados internacionais sobre Direitos humanos aprovados em rito ordinário Caráter supralegal Leis complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Resoluções, Decretos Legislativos, Decretos autônomos e Tratados Internacionais em geral Infraconstitucionais Infralegais Decretos regulamentares, portarias e instruções normativas DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 21 As normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a Constituição); são as chamadas emendas constitucionais, que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen. Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias. Assim, não importa qual é o conteúdo da norma. Todas as normas constitucionais originárias têm o mesmo status hierárquico. Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se situam no mesmo patamar, porém entre normas constitucionais originárias e derivadas, há uma importante diferença entre elas: as normas constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais originárias não podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Já as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) são passíveis de controle de constitucionalidade. Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se uma nova e importante possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser equivalentes às emendas constitucionais Artigo 5º § 3º da CF/88. Situam-se, portanto, no topo da pirâmide de Kelsen, tendo “status” de emenda constitucional. Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito especial, ingressam no chamado “bloco de constitucionalidade”. Em virtude da matéria de que tratam (direitos humanos), esses tratados estão gravados por cláusula pétrea e, portanto, imunes de modificação ou extinção pelo Estado brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de emenda constitucional foi a “Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”. Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinário, têm, segundo o STF, “status” supralegal. Isso significa que se situam logo abaixo da Constituição e acima das demais normas do ordenamento jurídico. As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos são as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral incorporados ao ordenamento jurídico e os decretos autônomos. Ao contrário do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo grau hierárquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e estaduais ou entre leis estaduais e municipais não será resolvido por um critério hierárquico a solução dependerá da repartição DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 22 constitucional de competências. Deve-se perguntar o seguinte: de qual ente federativo (União, Estados ou Municípios) é a competência para tratar do tema objeto da lei? Nessa ótica, é plenamente possível que, num caso concreto, uma lei municipal prevaleça diante de uma lei federal. Existe hierarquia entre a Constituição Federal, as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios? Sim, a Constituição Federal está num patamar superior ao das Constituições Estaduais que, por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas. As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico das leis ordinárias. O que as diferencia é o conteúdo: ambas têm campos de atuação diversos, ou seja, a matéria (conteúdo) é diferente. Como exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobredireito tributário sejam estabelecidas por lei complementar. As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomodinâmica). Os regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as resoluções do CNMP (Conselho Nacional do Ministério público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados), por constituírem resoluções legislativas, também são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis ordinárias. Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infra legais. Elas são normas secundárias, não tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de impor obrigações. Não podem contrariar as normas primárias, sob pena de invalidade, é o caso dos decretos regulamentares, portarias, instruções normativas, dentre outros decretos regulamentares. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 23 Poder constituinte A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com Constituição escrita e rígida, distingue poder constituinte de poderes constituídos. Você sabia que Poder Constituinte é aquele que cria a Constituição, enquanto os poderes constituídos são aqueles estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua criação? E que o poder constituinte pode ser de dois tipos: originário ou derivado? Poder constituinte originário (poder constituinte de primeiro grau ou genuíno) é o poder de criar uma Constituição. Apresenta 6 (seis) características: político, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado juridicamente e autônomo, cria o ordenamento jurídico de um Estado dando validade a uma nova ordem constitucional, ou seja, nova ordem jurídica, rompendo com a anterior com efeito de criar um novo Estado, não se sujeitando a qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua manifestação, não se submete a limites determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidadãos, por exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento jurídico anterior. O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) é o poder de modificar a Constituição Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais. É fruto do poder constituinte originário, estando previsto na própria Constituição. Tem como características ser jurídico, derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: I) Poder Constituinte Reformador e II) Poder Constituinte Decorrente. O primeiro poder constituinte reformador consiste no poder de emendar a Constituição federal. Já o segundo poder constituinte decorrente é aquele que a CF/88 confere aos Estados membros de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições estaduais. Ambos devem respeitar as limitações e condições impostas pela Constituição Federal. O Poder constituinte difuso é o poder de fato que atua na etapa da mutação constitucional, meio informal de alteração da Constituição. Cabe a ele, portanto, alterar o conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, mas de modo informal, sem qualquer modificação da literalidade do texto da Constituição. É um poder de fato porque nascido do fato social, político econômico. É informal porque se manifesta por meio das mutações constitucionais, modificando o sentido das Constituições, mas sem nenhuma alteração do seu texto expresso este fenômeno ocorre nos em matéria Constitucional federal quando Supremo Tribunal Federal (STF). DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 24 Mutação constitucional Sargento, o que seria Mutação Constitucional? Vamos estudar? Mutação constitucional é o fenômeno que modifica determinada norma da Constituição Federal sem que haja qualquer alteração no seu texto. É considerada alteração informal porque não são cumpridos os requisitos formais necessários à modificação do seu conteúdo textual. Exemplo emblemático de mutação Constitucional sobre a mesma matéria em curto espaço de tempo é o tema de cumprimento de pena depois da confirmação de condenação em segunda instância. Cláusulas pétreas Você sabia que as cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um Estado? Em outras palavras, são dispositivos que podem ser alteradas, mas não abolidas, que tende a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. A existência de cláusulas pétreas ou limitações materiais implícitas é motivo de controvérsia na literatura jurídica. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 60, § 4º, traz em seu bojo as Cláusulas Pétreas. As matérias que estão sob o manto das Cláusulas Pétreas não podem ser alteradas para restringir ou retirar direitos, no entanto, permite que todos os direitos sob o seu manto sejam majorados. São objetos das Cláusulas Pétreas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais. São denominadas "cláusulas pétreas" os dispositivos elencados no parágrafo 4º do artigo 60 da Carta Magna. Assim está disposto: Desde a Constituição de 1988, o entendimento sobre a prisão em segunda instância já mudou algumas vezes utilizando a mutação Constitucional para exercer o poder Constituinte difuso. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só podia ser preso após o trânsito em julgado, ou seja, depois do recurso a todas as instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter prisão preventiva decretada contra si. Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda instância já poderia começar a cumprir sua pena, ou seja, poderia parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo ano, o STF reafirmou a decisão, que passou a ter validade para todos os casos no Brasil. Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância voltou ao Supremo Tribunal Federal para novo julgamento o Supremo analisou três Ações Declaratórios de Constitucionalidade capazes de discutir o alcance da norma constitucional de presunção de inocência por maioria de 6 x 5 que cumprimento da pena deve começar após esgotamento de recursos, ou seja, a prisão condenatória apenas depois do trânsito em julgado. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 25 A denominação República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil. Não é possível a modificar o sistema de voto direto, onde cada cidadão devidamente alistado tem direito a voto. Deverá sempre ser secreto (o cidadão tem o direito de não revelar o seu voto, evitando assim perseguições políticas ou qualquer outra intimidação). Deve também ser universal, ou seja, todos os brasileiros, natos ou naturalizados têm a oportunidade de se alistar e votar, a menos que se encaixem em certos casos previstos no artigo 14 da Carta Magna. Deve este voto ser ainda periódico, ou seja, o cidadão deve ter a oportunidade de votar de tempos em tempos. Não se admite discutir a retirada oua introdução de outro poder, sendo esta organização tripartite do Estado em Judiciário, Legislativo e Executivo clausula pétrea. Estes poderes são independentes e harmônicos entre sí, e não existe hierarquia entre eles, e sim competências específicas.Direitos individuais elencados no artigo 5° e seus incisos, possuindo maior relevo a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade, ente outros. Insta aduzir, apesar de serem direitos pétreos não são absolutos, podendo ser reduzidos ou até retirados quando o interesse público for afetado, sendo certo que deverá estar previsto em lei. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir - a forma federativa de Estado; - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. (BRASIL, 1988). Forma federativa de Estado Voto direto, secreto, universal e periódico A Separação dos Poderes Os Direitos e Garantias Individuais DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 26 Princípios fundamentais Policial, você saberia dizer quais são os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil que estão disciplinados nos artigos 1º a 4º da Constituição? Os princípios fundamentais estão disciplinados nos artigos 1º a 4º da Constituição. Trata- se de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo), que adota o regime político democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); constitui um Estado de Democrático de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos fundamentais aos particulares). Ademais, traz os fundamentos da República federativa do Brasil, que são: soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa e o pluralismo político. A soberania é um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade não se subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania é considerada um poder supremo Fundamentos da RFB e independente, não estando limitado a nenhum outro poder na ordem interna e no plano internacional, não se subordina à vontade de outros Estados. (Art. 4º, V, CF/88). A cidadania, Objeto e um direito fundamental das pessoas, representa um verdadeiro status do ser humano o de ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito de participação na vida política do Estado. A previsão da cidadania como fundamento do Estado brasileiro exige que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões políticas do Estado no direito de sufrágio, ou seja votar e ser votado. A dignidade da pessoa humana é outro fundamento da República Federativa do Brasil e sendo a base de todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio que coloca o ser humano como a preocupação central para o Estado brasileiro: a proteção às pessoas deve ser vista como um fim em si mesmo. Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana é princípio supremo, “significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. ” O princípio da dignidade da pessoa humana possui elevada densidade normativa e pode ser usado, por si só e independentemente de regulamentação, como fundamento de decisão judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), o princípio da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Público, impelindo-o a adotar políticas para sua total implementação. O pluralismo político princípio que visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais no processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção filosófica e política. Como seu corolário, tem-se a liberdade de criação e funcionamento dos partidos políticos e por isso dezenas de partidos políticos representam o seu eleitor nas casas legislativas e no poder executivo em todo o País e principalmente no congresso nacional. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 27 No artigo 2º estão elencados os Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, todos são independentes e harmônicos entre si, ou seja, estão impedidos de invadir a esfera de competência dos demais, devendo atuar de forma integrada, inclusive controlando- se reciprocamente. A Constituição estabelece diversas situações nas quais os poderes deverão atuar conjuntamente, como é o caso da lei, uma vez que o projeto após ser aprovado pelo Legislativo será sancionado ou vetado no Executivo; também a escolha dos Ministros do STF, que será feita com a nomeação pelo Presidente (Executivo) após aprovada a escolha pelo Senado Federal (Legislativo). Por fim, também integra esse sistema os mecanismos de controle recíprocos, como, por exemplo, a fiscalização do Executivo pelo Legislativo (art. 70), ou o controle de constitucionalidade pelo judiciário. Temos no art. 3º os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que são: construir uma sociedade livre, justa e solidária: garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, por fim, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Legislativo Judiciário Executivo O b je ti vo s Fu n d am en ta is d a R FB Soberania Pluralismo Cidadania Fundamentos Da RFB Valores Sociais do trabalho e Dignidade da Pessoa humana DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 28 Independência nacional O art. 4º estabelece os princípios que devem reger a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais: independência nacional; autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade entre os Estados; prevalência dos direitos humanos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; e concessão de asilo político. Construir uma sociedade livre, justa e solidária Garantir o desenvolvimento nacional Erradicar a pobreza e a Marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais Promover o bem de todos, sem Preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação O b je ti vo s Fu n d am en ta is d a R FB Concessão de asilo político Prevalência Dos direitos humanos cooperação entre os povos para o progresso da humanidade Autodeterminaç ão dos povos Brasil e as Relações internacionais Repúdio ao Terrorismo e ao racismo Não- Intervenção solução pacífica dos conflitos Igualdade entre os Estados Defesa da paz DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 29 DOS PRÍNCÍPIOS, DOS DIREITOS E DAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. 5º AO 17 DA CRFB/88) Iniciamos aqui a Unidade II de nossa apostila. Nela nós vamos estudar os Princípios e as Garantias Constitucionais de nossa Constituição Federal. Ao final desta aula os alunos estarão habilitados a reconhecer os direitos aqui estudados e praticar em seu cotidiano e respeitando tais institutos no exercício de suas funções, elevando e honrando a instituição policial a que representam. Você saberia dizer o que são direitos fundamentais? Vamos aprender? Preliminarmente devemos refletir que Direitos fundamentais são os direitos da pessoa humana consagrados, em um determinado momento histórico, em um certo Estado. São direitos constitucionalmente protegidos, ou seja, estão positivados em uma determinada ordem jurídica. Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca transmitir uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico. Eles foram fruto de uma evolução histórico-social,de conquistas progressivas da humanidade do conceito de “gerações de direitos humanos” nossa doutrina majoritária reconhece a existência de três gerações de direitos: Primeira Geração: são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. São chamadas liberdades negativas pois traduzem a liberdade de não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado ficando este proibido de intervir indevidamente na esfera privada. Exemplo: Direito a locomoção, associação, reunião Segunda geração: são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas programáticas, também chamados de liberdades positivas. Para o Estado, constituem obrigações de fazer algo em prol dos indivíduos, objetivando que todos tenham de “bem-estar”. Exemplo: Direito a saúde, educação, segurança, trabalho... Terceira geração: são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de terceira geração têm como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. São os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Constata-se que as três gerações seguem a sequência do lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Diante disto os direitos fundamentais podem ser classificados em direitos de primeira geração ou dimensão (direitos e garantias civis e políticos), de segunda geração ou dimensão (direitos sociais, econômicos e culturais) e de terceira geração ou dimensão (direitos de solidariedade, como a um meio ambiente sadio e à paz, ou seja, os direitos difusos). DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 30 Distinção entre direitos fundamentais e garantias fundamentais A Constituição Federal trouxe em seu título II, os direitos e garantias fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: Direitos individuais e coletivos, Direitos sociais, Direitos de nacionalidade, Direitos políticos e Direitos de sufrágio. São estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de locomoção corresponde a garantia do “habeas corpus”; ao direito à liberdade de manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Finalmente, os direitos fundamentais são bens jurídicos em si mesmos considerados, conferidos às pessoas pelo texto constitucional, enquanto as garantias fundamentais são os instrumentos por meio dos quais é assegurado o exercício desses direitos, bem como a devida reparação, nos casos de violação. Impõe ao estado o Dever de Abstenção Dos Direitos civis e políticos LIBERDADE 1ª geração Gerações Dos direitos fundamentais Direitos sociais, econômicos e culturais FRATERNIDADE Direitos difusos e coletivos 4a GERAÇ DEMOCRACIA, INFORMAÇÃO, PLURALISMO ENGENHARIA GENÉTICA DIREITO à PAZ 5ª geração 4ª geração 3ª geração 2ª geração Direitos fundamentais IGUALDADE Impõem ao estado o dever de atuação Garantias fundamentais DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 31 Direitos e garantias fundamentais Diante das três gerações de direitos elencados acima percebemos que na Constituição Federal do Brasil segue esta linha estabelecendo os direitos e garantias fundamentais no título II da Constituição de 1988 (arts 5º a 17), abrangendo os direitos e deveres individuais e coletivos, os direitos sociais, a nacionalidade, os direitos políticos e os partidos políticos. Você sabia que os direitos fundamentais se caracterizam por serem: históricos, inalienáveis, imprescritíveis, irrenunciáveis e relativos? É histórico porque seu conteúdo altera-se com o passar dos tempos; inalienáveis, pois não são passiveis de valorização econômica; imprescritíveis, já que, independentemente de não serem exercitados permanecem invocáveis; irrenunciáveis porque são direitos fundamentais da própria existência humana, razão pela qual, ainda que se deseje, não será passível abrir mão de tais direitos.4 Dos direitos e dos deveres individuais e coletivos Você já ouviu falar nos direitos e nos deveres individuais e coletivos contemplados no artigo 5º da CRFB/88? Contemplados no artigo 5º da CRFB/88, estabelece: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade”. O dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais – os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade e desses derivam todos os outros direitos inseridos nos incisos do artigo 5º da CF/88. Tais dispositivos são considerados como cláusulas pétreas, conforme reza o artigo 60, § 4º da CRFB/88. Desse modo não podem ser suprimidos apenas para acrescentar mais direitos através de emenda à Constituição. Necessário ressaltar que embora haja referência apenas aos estrangeiros residentes no país, tal dispositivo não pode ser interpretado de modo a afastar aos estrangeiros não residentes direitos fundamentais, portanto, um estrangeiro que está no país a turismo, para estudar ou a trabalho também terá assegurado os direitos e as garantias disciplinados neste artigo constitucional, há consenso na doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer pessoa que se encontre em território nacional, mesmo que seja um estrangeiro residente no exterior, este se estiver passando férias no Brasil será, titular de direitos fundamentais como qualquer outro cidadão. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 32 No que se refere ao direito à vida, a doutrina considera que é dever do Estado assegurá- lo em sua dupla acepção: a primeira, enquanto direito de continuar vivo; a segunda, enquanto direito de ter uma vida digna. A vida deve ser compreendida seu sentido mais amplo, pois é o bem jurídico mais relevante de todo o ser humano é o mais elementar dos direitos fundamentais, sem vida, nenhum outro direito poderá ser fruído, ou sequer cogitado. Nesse sentido, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca pela felicidade, como forma de realização do princípio da dignidade da pessoa humana. O direito à vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a vida intrauterina. Sem essa proteção, estaríamos autorizando a prática do aborto, que somente é admitida no Brasil quando há grave ameaça à vida da gestante ou quando a gravidez é resultante de estupro. Relacionado a esse tema, há um importante julgado do STF sobre a possibilidade de interrupção de gravidez de feto anencefálico. O feto anencefálico é aquele que tem uma má- formação do tubo neural (ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). Trata-se de uma patologia letal: os fetos por ela afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem nascido. A Corte garantiu o direito à gestante de “submeter-se a antecipação terapêutica de parto na hipótese de gravidez de feto anencefálico, previamente diagnosticada por profissional habilitado, sem estar compelida a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado”. O STF entendeu que, nesse caso, não haveria colisão real entre direitos fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencefálico, por ser inviável, não seria titular do direito à vida. O feto anencefálico, mesmo que biologicamente vivo, porque feito de células e tecidos vivos, seria juridicamente morto,de maneira que não deteria proteção jurídica. Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células-tronco embrionárias. Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem, tampouco, a dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste procedimento. Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito à vida é absoluto, sendo admitida pela Constituição Federal de 1988 a pena de morte em caso de guerra declarada. A doutrina considera que, por se tratar de cláusula pétrea, emenda constitucional não pode estabelecer, no Brasil, novas hipóteses de pena de morte. Essa ampliação não poderia nem mesmo ser feita por meio de uma nova Constituição, em respeito ao princípio da vedação ao retrocesso. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 33 Depois da análise do “caput” do artigo 5º da Carta Magna, passaremos à análise dos seus incisos: A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia. O princípio da igualdade determina que se dê tratamento igual aos que se encontra em situação equivalente de que se trata de maneira desigual os desiguais na medida de suas desigualdades. O princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleça tratamento diferenciado entre pessoas que guardam distinções de grupo social, de sexo, de profissão, de condições econômicas ou de idade entre outras; o que não se admite é que o parâmetro diferenciador seja arbitrário, desprovido de razoabilidade. Em suma, o princípio da igualdade não veda tratamento discriminatório entre os indivíduos quando há razoabilidade para a discriminação. Exemplo: cotas nas universidades para os Afrodescendentes; concurso público com vagas determinadas exclusivamente para determinado sexo (neste caso as peculiaridades das atribuições do Direito à busca pela Felicidade (uniões homo afetivas são entidades familiares) Direitos Sociais (art. 6º - art. 11) Sobrevivência + Existência digna Alcança a vida intra e extrauterina) DIREITO à VIDA É relativo Com a interrupção de gravidez de anencéfalo É compatível Com a pesquisa com células- troncoembrionárias DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 34 cargo devem justificar no edital do concurso, ou seja, concurso para preenchimento de vaga de agente penitenciário feminino para unidade prisional feminino). Os legisladores e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela “igualdade perante a lei”, não podendo diferenciar, quando da elaboração ou aplicação do Direito, aqueles a quem a lei concedeu tratamento igual resguardando assim a igualdade na lei, pois de nada adiantaria ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido que os juízes e demais autoridades tratassem as pessoas desigualmente reconhecendo direito a alguns e negando-os a outros mesmo estando na mesma situação fática. Do princípio da igualdade se originam vários outros princípios da Constituição, como, por exemplo, a vedação ao racismo (art. 5º, XLII, CF), o princípio da isonomia tributária (art. 150, II, CF), dentre outros. Esse inciso trata do princípio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos particulares e ao Poder Público. Para os particulares, traz a garantia de que só podem ser obrigados a agirem ou a se omitirem por lei. Tudo é permitido a eles na falta de norma legal proibitiva. No Poder Público, o princípio da legalidade consagra a ideia de que este só pode fazer o que é permitido pela lei, não pode atuar, nem contrariamente às leis, nem na ausência de lei. Não se exclui, aqui, a possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública, mas a discricionariedade não é, em nenhuma hipótese, atividade desenvolvida na ausência da lei, e sim atuação nos limites da lei, quando esta deixa alguma margem para a Administração agir conforme critérios de oportunidade e conveniência, repita-se segundo os parâmetros genéricos estabelecidos na lei. É importante compreendermos a diferença entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva legal, pois o princípio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a palavra “lei” em um sentido mais amplo, abrangendo não somente a lei em sentido estrito, mas todo e qualquer ato normativo estatal (incluindo atos infralegais) que obedeça às formalidades que lhe são próprias e contenha uma regra jurídica. Por meio do princípio da legalidade, a Carta Igualdade NA LEI Destina-se ao LEGISLADOR IGUALDADE Igualdade PERANTE AP Destina-se aos A LEI LICADORES D O DIREITO II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 35 Magna determina a submissão e o respeito à “lei”, ou a atuação dentro dos limites legais; no entanto, a referência que se faz é à lei em sentido material. O princípio da reserva legal é evidenciado quando a Constituição exige expressamente que determinada matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como decretos autônomos, por exemplo). O vocábulo “lei” é, aqui, usado em um sentido mais restrito. São proibições Constitucionais com fundamento no preceito fundamental da dignidade humana onde a proteção é extensiva a todos as pessoas que estão permanentemente ou transitoriamente no Brasil, independentemente de qualquer coisa. Princípio da dignidade da pessoa Humana, artigo 1º . inciso III da CF/88. Trata-se da liberdade de expressão, que é verdadeiro fundamento do Estado democrático de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde que isso não seja feito anonimamente. A liberdade de expressão pode ser oralmente ou por escrito, e também o direito de ouvir, assistir e ler. A vedação ao anonimato visa garantir a responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros. A liberdade de expressão é ampla, mas não é absoluta, sendo proibidos os discursos de ódio. Preconceituosa e de intolerância. Exige lei formal, ato com força de lei, ou atos expedidos nos limites deste. Maior abrangência. Menor densidade ou conteúdo. LEGALIDADE Exige lei formal, ou atos com força de lei. Menor abrangência. Maior densidade ou conteúdo... RESERVA LEGAL III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 36 Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem, que é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não infrações penais. Essa resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo meio de comunicação utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta- se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas ofendidas pela expressão indevida de opiniões. Consagra-se, nesses incisos, o direito Constitucional Pétreo de liberdade religiosa. No que se refere ao inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável pela prestação religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a administração pública está impedida de exercer tal função. Essa assistência tem caráter privado e incumbe aos representantes habilitados de cada religião. Aplicação a pessoas físicas e pessoas jurídicas. DIREITO DE RESPOSTA Proporcional ao agravo. Pode ser acumulado com indenização por dano material, moral ou à imagem. - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistênciareligiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 37 Você sabia que o art. 5º, inciso VIII, consagra a denominada “escusa de consciência”? Sabe o que isso significa? Vamos aprender? Essa é uma garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos por não cumprir obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou convicções filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obrigação legal, o Estado poderá impor, à pessoa que recorrer a esse direito, prestação alternativa fixada em lei. É uma norma constitucional de eficácia contida, todos têm o direito de manifestar livremente sua crença religiosa e convicções filosófica e política. Essa é uma garantia plenamente exercitável, mas que poderá ser restringida pelo legislador se houver interesse público. Ressalta-se que o direito à escusa de consciência será garantido em sua plenitude. A partir do momento em que o legislador edita norma fixando prestação alternativa, ele está restringindo o direito à escusa de consciência. Aquele que, além de descumprir a obrigação legal a todos imposta, se recusar a cumprir a prestação alternativa, será privado de seus direitos. A liberdade de expressão, contida no art. 5º, IX da CRFB/88 tem por escopo proibir a censura prévia, porém, qualquer direito fundamental, é relativa. Isso porque é limitada por outros direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indivíduo, por exemplo. Nesse sentido, entende o STF que o direito à liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado. Entretanto, esse profissional responderá, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, inciso V. A liberdade de imprensa é plena em todo o tempo, lugar e circunstâncias, tanto em período não- eleitoral, quanto em período de eleições gerais. IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. X -São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 38 Este inciso revela a proteção Constitucional Pétrea do direito à intimidade e a vida privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu modo de pensar e de agir. O direito à honra também é protegido desse modo, o sentimento de dignidade e a reputação dos indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade. O direito à imagem é protegido pois defende a representação que as pessoas possuem perante si mesmas e os outros. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis: elas consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. A violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá observar o grau de reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações por dano material e por dano moral são cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo fato, é possível que se reconheça o direito a ambas indenizações. As pessoas jurídicas também poderão ser indenizadas por dano moral, uma vez que são titulares dos direitos à honra e à imagem. Sobre à privacidade dos agentes políticos o STF expressou através de súmula que esta é relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas isso não significa que quem se dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se mantém no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se refira à sua atividade pública. Também relacionado aos direitos à intimidade e à vida privada está o sigilo bancário, que é verdadeira garantia de privacidade dos dados bancários. Assim como todos os direitos fundamentais, o sigilo bancário não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ de que “havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a quebra do sigilo, não há violação a nenhuma cláusula pétrea constitucional. ” (STJ, DJ de 23.05.2005) O Ministério Público pode determinar a quebra do sigilo bancário de conta da titularidade de ente público. Segundo o STJ, as contas correntes de entes públicos (contas públicas) não gozam de proteção à intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princípios da publicidade e moralidade, que impõem à Administração Pública o dever de transparência.) Na jurisprudência do STF, também se reconhece, em caráter excepcionalíssimo, a possibilidade de quebra de sigilo bancário pelo Ministério Público, que se dará no âmbito de procedimento administrativo que vise à defesa do patrimônio público (quando houver envolvimento de dinheiros ou verbas públicas). MS nº 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. Julgamento 05.10.1995. Devido à gravidade jurídica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancário, este somente se dará em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade das informações solicitadas e cumprir as condições legais. Além disso, para que a quebra do sigilo bancário ou do sigilo fiscal seja admissível, é necessário que haja individualização do investigado e do objeto da investigação. Não é possível, portanto, a determinação da quebra do sigilo bancário para apuração de fatos genéricos. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 39 Princípio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a vida privada do indivíduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no período noturno, o sossego e a tranquilidade. Inicialmente necessário saber qual é o conceito de “casa” e o STF em conceito pacificado nesta Corte revela que o conceito de “casa” é abrangente, estendendo-se a:I) qualquer compartimento habitado; II) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e III) qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade pessoal. HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10- 6-2008, Segunda Turma, DJE de 1º-8-2008. Assim, o conceito de “casa” alcança não só a residência do indivíduo, mas também escritórios profissionais, consultórios médicos e odontológicos, trailers, barcos e aposentos de habitação coletiva (como, por exemplo, o quarto de hotel). Não estão abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes. O STF entende que, embora os escritórios estejam abrangidos pelo conceito de “casa”, não se pode invocar a inviolabilidade de domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base nessa ideia, a Corte considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade policial no estabelecimento profissional, inclusive durante a noite, para instalar equipamentos de captação de som (“escuta”). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia. Diante destas informações, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: em quais hipóteses se pode penetrar na casa de um indivíduo? O ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer nas seguintes situações: Com o consentimento do morador. Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas durante o dia. Perceba que, mesmo com ordem judicial, não é possível o ingresso na casa do indivíduo durante o períodonoturno. A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou, ainda, para prestar socorro. A regra geral é que somente se pode ingressar na casa do indivíduo com o seu consentimento. No entanto, será possível penetrar na casa do indivíduo mesmo sem o consentimento, desde que amparado por ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 40 O conceito de “dia” para fins de aplicação do art. 5º, XI, CF/88, possui divergências doutrinárias sobre o tema. Há autores que entendem que “dia” é o período compreendido entre as 06:00h e as 18:00h e outros utilizam um critério físico- astronômico, destacando que “dia” é o intervalo entre a aurora e o crepúsculo. Cabe aduzir que para efeito da atividade policial o que mais respalda esta ação é o primeiro entendimento. A entrada de autoridade policial em domicílio sem autorização judicial será possível nas situações de flagrante delito. Isso é particularmente relevante no caso da prática de crimes permanentes, nos quais a situação de flagrância se estende no tempo. Exemplo de crimes desse tipo seriam o cárcere privado e o porte de drogas. Objetivando coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de que “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados” RE 603.616. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 05.11.2015. Ressalta-se que a doutrina admite que a força policial, tendo ingressado na casa de indivíduo, durante o dia, com amparo em ordem judicial, prolongue suas ações durante o período noturno. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; O art. 5º, inciso XII, trata da inviolabilidade das correspondências e das comunicações. A princípio, a leitura pode dar a entender que o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e de dados não poderia ser violado; apenas haveria exceção constitucional para a violação das comunicações telefônicas. Não é esse, todavia, o entendimento que prevalece. Como não há direito absoluto no ordenamento jurídico brasileiro, admite-se, mesmo sem previsão expressa na Constituição, que lei ou decisão judicial também possam estabelecer hipóteses de interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos. Nesse sentido, entende o STF que “a administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.” De início, é importante destacar a diferença entre quebra do sigilo telefônico e interceptação telefônica. São coisas diferentes. A quebra do sigilo telefônico consiste em ter acesso ao extrato das ligações telefônicas (grosso modo, seria ter acesso à conta da VIVO/TIM). Por outro lado, a interceptação telefônica consiste em ter acesso às gravações das conversas. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 41 A interceptação telefônica é, sem dúvida, medida mais gravosa e, por isso, somente pode ser determinada pelo Poder Judiciário. Já a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, pode ser determinada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), além, é claro, do Poder Judiciário. A interceptação das comunicações telefônicas só pode ser autorizada por decisão judicial (de ofício ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público) e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Há que se estabelecer, agora, a diferença entre três institutos que possuem bastante semelhança entre si: I) interceptação telefônica; II) escuta telefônica e; III) gravação telefônica. A interceptação telefônica, conforme já vimos, consiste na captação de conversas telefônicas feita por terceiro (autoridade policial) sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores, devendo ser autorizada pelo Poder Judiciário, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou ciência do outro. STJ, HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi. 23.04.2010 . Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas ilegais referentes ao direito pétrio constitucional de inviolabilidade das correspondências e das comunicações: É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização judicial. São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a partir apenas de denúncia anônima, sem investigação preliminar. São ilícitas as provas obtidas mediante gravação de conversa informal do indiciado com policiais, por constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio. São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a prisão foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serão. É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos interlocutores sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a gravação está sendo feita. Nessa situação, tem-se a legítima defesa. É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro. DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2020 42 Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de atividade profissional. Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o exercício de determinada profissão, qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, existente a lei, a profissão só poderá ser exercida por quem atender às qualificações legais. Segundo o STF, nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade. Esse inciso tem dois desdobramentos: assegura o direito de acesso à informação (desde que esta não fira outros direitos fundamentais) e resguarda os jornalistas, possibilitando que estes obtenham informações sem terem que revelar sua fonte. Não há conflito, todavia, com a vedação ao anonimato. Caso alguém seja lesado pela informação, o jornalista responderá por isso. O direito de reunião é um direito típico de uma democracia, estando intimamente relacionado à liberdade de expressão. É um direito individual, mas que se expressa de maneira coletiva. Caracteriza-se como uma “liberdade-condição”, pois viabiliza o exercício de outros direitos
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