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TCC_CARINE MOLZ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carine Molz 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DO MATERIAL FRESADO 
ESTABILIZADO GRANULOMETRICAMENTE EM BASE DE 
PAVIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria, RS 
2017 
 
 
 
Carine Molz 
 
 
 
 
 
 
 
VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DO MATERIAL FRESADO ESTAB ILIZADO 
GRANULOMETRICAMENTE EM BASE DE PAVIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado ao curso de Engenharia Civil, 
da Universidade Federal de Santa Maria 
(UFSM, RS), como requisito parcial para 
obtenção do título de Engenheira Civil . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profª. Drª. Tatiana Cureau Cervo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria, RS 
2017 
 
 
Carine Molz 
 
 
 
 
 
 
 
VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DO MATERIAL FRESADO ESTAB ILIZADO 
GRANULOMETRICAMENTE EM BASE DE PAVIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado ao curso de Engenharia Civil, 
da Universidade Federal de Santa Maria 
(UFSM, RS), como requisito parcial para 
obtenção do título de Engenheira Civil . 
 
 
 
 
Aprovada em 6 de julho de 2017: 
 
 
 
______________________________________ 
Tatiana Cureau Cervo, Dr. (UFSM) 
(Presidente/Orientadora) 
 
 
_______________________________________ 
Évelyn Paniz 
 
 
_______________________________________ 
Fernando Dekeper Boeira 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria, RS 
2016 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, e a minha família. Obrigada aos meus pais, 
Solange e Marcio, por me proporcionarem a possibilidade de realizar minha 
graduação longe de casa, pelo apoio tanto financeiro quanto emocional, por 
acreditarem no meu potencial e pelo incentivo a sempre sonhar e querer mais. Em 
especial a minha mãe, Solange, por fazer dos seus sonhos a realização dos meus 
sonhos, pelos conselhos e palavras sábias, correções de artigos, textos, e-mails e 
incentivo a vida acadêmica. A minha irmã, Kelli, por todos os momentos de 
convivência, carinho e companheirismo. 
Aos meus amigos de longa data, Charlote, Camila, Gabriela, Tairon e Paola 
pela amizade sólida, convivência, carinho, incentivo e momento de descontração. Ao 
meu namorado Gabriel Said, que mesmo longe, sempre prestou apoio e demonstrou 
carinho, paciência e compreensão em todos os momentos de medos, estresse e 
angústia. 
Aos meus queridos colegas de curso e profissão, pelas incansáveis palavras 
de estímulo, pela ajuda, paciência sempre que necessário, compreensão nos 
momentos de ansiedade, pela amizade e momentos compartilhados. Em especial ao 
Henrique, Silvana, Larissa, Ticiana, Aninha, Fernanda, Jonathan, Leonardo, Gabriel, 
Renan, Thiago, Ivan, Paola e a Ane, que mesmo optando pela mudança de curso 
vivenciou grande parte destes momentos, prestando o seu apoio. 
A todos os meus companheiros de Itep Jr, de Pet Civil e laboratório pelo 
conhecimento compartilhado, estudos, pesquisa e diversão, especialmente Criziéli, 
Helena, Rafael, Luís, Leandro e Chaveli. A ONG Engenheiro sem fronteiras – núcleo 
Santa Maria, da qual eu faço parte e que me motivou a realizar ações sociais e 
voluntárias através dos meus conhecimentos de engenharia. 
Aos professores que participaram da minha formação acadêmica como 
engenheira civil, seja ministrando aulas, ajudando na realização de estudos e 
pesquisas, pelo apoio, amizade, conhecimento partilhado e compreensão. Em 
especial a minha orientadora Tatiana pelo carinho e por todas as oportunidades 
concedidas, tanto de iniciação científica, como de orientação do trabalho de 
conclusão final e estágio supervisionado, pelo conhecimento compartilhado, 
dedicação, paciência, confiança e palavras de incentivo. Ainda, agradeço ao LMCC 
pela disponibilização da estrutura e equipamentos para a realização dos ensaios e 
 
 
em especial ao Sr. João, Cléber, Lucas, Henrique e ao Matheus pela ajuda, 
ensinamentos e estudos na realização dos ensaios. 
Não poderia deixar de agradecer ao Ministério da Educação pela 
oportunidade de realização de intercâmbio na Alemanha durante um ano e meio e a 
RWTH Aachen, pelos aprendizados culturais e técnicos e amizades que esta 
experiência me proporcionou. Obrigado pelo apoio, companheirismo, amizade e 
carinho em todos os momentos difíceis longe da família, Ana, Letícia, Ygor, Jéssica, 
Iuri, Rafael, Jacqueline, Mateus e Gabriel. 
Por fim, agradeço a todas as pessoas que de alguma forma participaram da 
minha formação acadêmica, auxiliando e contribuindo na conclusão desta etapa. 
 
 
 
RESUMO 
 
 
VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DO MATERIAL FRESADO ESTAB ILIZADO 
GRANULOMETRICAMENTE EM BASE DE PAVIMENTOS 
 
 
AUTORA: Carine Molz 
ORIENTADORA: Tatiana C. Cervo 
 
 
As rodovias brasileiras desempenham grande importância econômica para o país, 
visto que a maioria dos grãos produzidos são escoados através deste modal. 
Sabendo-se da necessidade de restauração das vias existentes, aliada a 
preocupação ambiental e com a redução de custos nas obras rodoviárias, surgiram 
novas técnicas para reaproveitar os materiais excedentes gerados neste 
processo.Dentre estas, destaca-sea reciclagem dos resíduosprocedentes daretirada 
do revestimento asfáltico danificado, o fresado. Esta pesquisa objetiva avaliar, 
através de ensaios laboratoriais, a utilização do material fresado puro e estabilizado 
granulometricamente com pó de pedra em camadas subjacentes na pavimentação. 
Neste estudo utilizou-se fresado, obtido através do processamento superficialda BR-
287 em Santa Maria-RS, e pó de pedra basáltica.Tendo em vista as especificações 
granulométricas do DNIT, realizaram-se ensaios laboratoriais de caracterização e 
resistência mecânica da mistura de 70% fresado e 30% de pó de pedra, assim como 
ensaios de caracterização nestes materiais individualmente.Em relação aos 
resultados referentes a resistência da mistura, o ensaio de compactação apresentou 
umidade ótima de 9,9% emassa específica aparente secade 2030 Kg/m³, enquanto 
o ensaio de ISC obteve um valor resultante de cerca de 21%. Ainda, foram 
moldados corpos de prova para realização dos ensaios de Resistência à 
Compressão por Tração Diametral, Módulo de Resiliência e Resistência a 
Compressão Simples. Estes não apresentaram resultados pertinentes devido à 
natureza granular da mistura. Desta forma, analisando os valores obtidos através da 
análise experimental da mistura e do fresado, ambos apresentaram viabilidade de 
utilização, podendo a mistura ser aplicadaem camadas de sub-base e reforço de 
subleito depavimentos. 
 
 
Palavras-chave: Material Fresado. Reciclagem. Pavimento. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
FEASIBILITY OF THE USE OF GRANULOTRICALLY STABILITY RAP IN 
PAVEMENT BASE 
 
 
AUTHOR: Carine Molz 
ADVISOR: Tatiana C. Cervo 
 
 
The Brazilian highways have a great economic importance for the country, since the 
majority of the producedgrains are disposed through this modal. Knowing the 
necessity to rehabilitate the existing roads, together with the environmental concern 
and cost reduction, new techniques have emerged to reuse the materials generated 
in this process.Among these, we highlight the recycling of the residuos from the 
removal of damaged asphalt coating, reclaimed asphalt pavement (RAP).This 
research aims to evaluate, through laboratory tests, the use of the stabilized 
granulometrically RAP with grit in underlying pavement layers.In this study, it was 
used RAP, obtained through the milling surface processing of the BR-287 in Santa 
Maria-RS, and basaltic grit.Considering the DNIT granulometric specifications, the 
laboratory characterization and mechanical resistance tests of the 70% RAP and 
30% grit mixture were carried out, as well as the individually characterization tests in 
these materials.In the results of the strength mixture, the compaction test presented 
9.9% of the optimum water content and 2030 kg / m 3 of dry apparent density, also 
the ISC test result was about 21%.Furthermore, specimens were prepared for the 
compressive strength by diametral tensile, resilient modulus and compressive 
strength tests.These tests did not present relevant results due the granular nature of 
the mixture. In this way, analyzing the values obtained through the experimental 
analysis of the mixture and the milled material, both presented viability of use, being 
able to the mixture to be applied in sub-base layer and reinforcement of subgrade 
layer in pavement. 
 
 
Keywords: RAP. Recycling. Pavement. 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Estrutura e execução de um pavimento de concreto ............................... 15 
Figura 2 – Distribuição de tensões no pavimento flexível ......................................... 15 
Figura 3 – Pavimento semirrígido .............................................................................. 16 
Figura 4 - Distribuição de tensões no pavimento flexível. ......................................... 17 
Figura 5 – Estrutura e execução de um pavimento flexível ....................................... 17 
Figura 6 – Materiais utilizados na pavimentação. ...................................................... 20 
Figura 7 – Granulometria das misturas ..................................................................... 21 
Figura 8 – Fresadora a frio. ....................................................................................... 24 
Figura 9 – Técnica de reciclagem profunda. ............................................................. 28 
Figura 10 – Pó de pedra e material fresado, respectivamente. ................................. 30 
Figura 11 – Coleta de material fresado. .................................................................... 31 
Figura 12 – Peneirador mecânico ............................................................................. 32 
Figura 13 – Equipamento utilizado no ensaio Rotarex .............................................. 33 
Figura 14 – Ensaio Rice. ........................................................................................... 35 
Figura 15 – Amostra de pó de pedra basáltica. ......................................................... 36 
Figura 16 – Exploração Rochosa em Itaara-RS ........................................................ 36 
Figura 17 – Separação do pó de pedra por peneiras. ............................................... 37 
Figura 18 – Ensaio do Picnômetro. ........................................................................... 37 
Figura 19 – Mistura 70% fresado e 30% pó de pedra. .............................................. 38 
Figura 20 – Ensaio de Compactação. ....................................................................... 39 
Figura 21 – Ensaio CBR – Corpo de prova imerso em água..................................... 40 
Figura 22 – Corpos de prova nas formas 6,3x10 cm e 10x20 cm, respectivamente. 41 
Figura 23 – Compactação do corpo de prova 10x20 cm com soquete manual ......... 41 
Figura 24 – Corpos de prova desmoldados. ............................................................. 42 
Figura 25– Ensaio de Módulo de Resiliência. ........................................................... 43 
Figura 26 – Ensaio de Resistência a Tração por Compressão Diametral. ................ 43 
Figura 27 – Granulometria do fresado. ...................................................................... 46 
Figura 28 – Fresado BR-287 (2016) x Fresado RSC-287 (2011). ............................. 48 
Figura 29 – Granulometria fresado x CPA (Faixa III) ................................................ 50 
Figura 30 – Composição granulométrica do pó de pedra. ......................................... 51 
Figura 31 – Curva Granulométrica ............................................................................ 52 
Figura 32 – Curva de Compactação. ......................................................................... 53 
Figura 33 – Curva Pressão-Penetração. ................................................................... 56 
Figura 34 – Comparação entre o fresado da BR-287 e outros estudos .................... 58 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Técnicas de reciclagem de pavimentos. .................................................. 27 
Tabela 2 – Composição granulométrica do Fresado. ................................................ 45 
Tabela 3 – Faixas granulométricas para dosagem de CPA - DNER-ES-386/99 ....... 49 
Tabela 4 – Distribuição Granulométrica do pó de pedra. .......................................... 50 
Tabela 5 – Resultado do ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC). ................... 55 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
CAP Cimento Asfáltico de Petróleo 
CBR California Bearing Ratio 
cm Centímetros 
CNT Confederação Nacional dos Transportes 
CP Corpo de Prova 
CPs Corpos de Prova 
CPA Camada Porosa de Atrito 
DERSA Desenvolvimento Rodoviário S.A – São Paulo 
DMM Densidade Máxima Medida 
DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem 
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte 
g Grama 
g/cm³ Grama por centímetro cúbico 
ISC Índice de Suporte Califórnia 
kg/m³ Kilograma por metro cúbico 
LMCC Laboratório de Materiais de Construção Civil 
mm Milímetros 
MPa MegaPascal 
NBR Norma Brasileira 
RCS Resistência à Compressão Simples 
RTCD Resistência a Compressão por Tração Diametral 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12 
1.1. OBJETIVOS ................................................................................................... 13 
1.1.1. Objetivo geral ................................................................................................ 13 
1.1.2. Objetivos específicos ................................................................................... 13 
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 14 
2.1. TIPOS DE PAVIMENTOS .............................................................................. 14 
2.1.1. Pavimento Rígido ......................................................................................... 14 
2.1.2. Pavimento Semirrígido ................................................................................. 15 
2.1.3. Pavimento flexível ........................................................................................ 16 
2.2. MATERIAIS UTILIZADOS NA PAVIMENTAÇÃO ........................................... 18 
2.3. ESTABILIZAÇÃO GRANULOMETRICA ......................................................... 21 
2.4. FRESAGEM DE PAVIMENTOS ..................................................................... 23 
2.5. RECICLAGEM NA PAVIMENTAÇÃO ............................................................. 24 
2.5.1. Objetivos da reciclagem de pavimentos .................................................... 26 
2.5.2. Técnicas de reciclagem de pavimentos ...................................................... 26 
3. METODOLOGIA ............................................................................................. 30 
3.1. MATERIAIS UTILIZADOS .............................................................................. 30 
3.1.1. Material fresado ............................................................................................ 30 
3.1.2. Granulometria do material fresado ............................................................. 32 
3.1.3. Teor de betume e densidade máxima medida ............................................ 32 
3.1.4. Pó de pedra .................................................................................................. 34 
3.2. COMPOSIÇÃO DA MISTURA ........................................................................ 37 
3.3. ENSAIO DE COMPACTAÇÃO ....................................................................... 37 
3.4. ENSAIO CBR ..................................................................................................38 
3.5. ENSAIOS MECÂNICOS ................................................................................. 39 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 44 
4.1. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA ...................................................................... 44 
4.1.1. Material fresado ............................................................................................ 44 
4.1.2. Pó de pedra ................................................................................................... 49 
4.1.3. Mistura 70% fresado e 30% pó de pedra ..................................................... 51 
4.2. ANÁLISE DO ENSAIO DE COMPACTAÇÃO ................................................. 52 
4.3. ANÁLISE DO ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA ...................................... 52 
4.4. POSSÍVEIS UTILIZAÇÕES DO FRESADO .................................................... 55 
5. CONCLUSÕES FINAIS .................................................................................. 58 
6. SUGESTÕES ................................................................................................. 60 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 61
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Brasil é um país de grande extensão territorial e economia essencialmente 
agrícola e que, segundo a Confederação Nacional do Transporte, possui um sistema 
principal de escoamento de produção e circulação de pessoas através do modal 
rodoviário (CNT, 2015). Desta forma, Johnston (2010) cita que o crescimento 
econômico acelerado do país torna necessária a pavimentação de rodovias para que 
o transporte de cargas seja facilitado. O autor também menciona que os países 
subdesenvolvidos como o Brasil possuem dificuldade em manter sua malha 
rodoviária com a qualidade necessária esperada para o transporte de cargas e de 
pessoas. 
Tendo em vista a realidade precária de muitas vias brasileiras e a importância 
econômica que as mesmas representam, surge a necessidade de manutenção das 
rodovias existentes, gerando grandes quantidades de resíduo resultante da 
fresagem de trechos de revestimento deficiente. Este excedente gerado, muitas 
vezes, é depositado em locais irregulares e, como solução de baixo custo para esta 
problemática, aponta-se a possibilidade de utilização deste material nas diversas 
camadas do pavimento, contribuindo para a preservação ambiental (FONSECAet al, 
2014). Além disso, a reciclagem de pavimentos também provoca reduções no custo 
final da obra, devido ao menor gasto com ligante, exploração de jazidas de agregado 
natural, consumo de energia, entre outras vantagens. 
Os projetos de pavimentação no Brasil possuem umavida útil, em média, de 
10 a 15 anos e, durante a sua construção, utilizam grandes quantidades de 
agregados naturais e geram resíduos, provocando impactos ambientais. Da mesma 
forma, o processo de reparação e restauração das mesmas também utiliza fontes 
pétreas naturais e produz grandes quantidades de excedente. Visando a redução 
destes impactos e a adoção de soluções sustentáveis, novas técnicas e tecnologias 
de reciclagem de matérias surgiram aliadas a preocupação ambiental atual, como o 
emprego de resíduos da construção civil, de material fresado e de escória de alto 
forno em diferentes camadas do pavimento, por exemplo (SPECHT et al, 2013). 
O excedente resultante da fresagem da camada asfáltica é constituído, em 
maioria, de agregado pétreo - areia, filler e brita- e cimento asfáltico oxidado. Barros 
(2012) menciona que este pode ser considerado um material de boa qualidade para 
a pavimentação, e, desta forma, a não utilização do mesmo é considerada um 
13 
 
desperdício de material e de alternativa de destino ecologicamente correto, já que 
este é um rejeito da pavimentação. Assim, o autor ainda cita que o residual fresado 
pode ser reutilizado como agregado reciclado de revestimento asfáltico, aterros, 
reforços de subleito, misturadas com outros materiais para a constituição de 
camadas de base ou sub-base, entre outras aplicações. 
 
1.1. OBJETIVOS 
 
1.1.1. Objetivo geral 
 
Avaliar a viabilidade de utilização de material fresado estabilizado 
granulometricamente com pó de pedra para emprego em camadas de base e sub-
base de pavimentos. 
 
1.1.2. Objetivos específicos 
 
• Determinar a granulometria individualizada do material fresado e do pó de 
pedra. 
• Determinar o peso específico do pó de pedra através do ensaio Picnômetro. 
• Determinar o peso específico do material fresado através da metodologia 
Rice. 
• Determinar o teor de betume do material fresado através do ensaio Rotarex. 
• Compor a porcentagem da mistura de pó de pedra e material fresado e 
realizar os ensaios de compactação e CBR. 
• Realizar moldagem de corpos de prova e os ensaios de módulo de resiliência, 
resistência a tração por compressão diametral e resistência à compressão simples. 
• Analisar a possibilidade de utilização da mistura e do material fresado 
individualmente como camadas subjacentes na pavimentação; 
 
 
14 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
Este capítulo irá contextualizar e introduzir os temas que serão apresentados 
e discutidos durante o desenvolver desta pesquisa. 
 
2.1. TIPOS DE PAVIMENTOS 
 
A necessidade de expansão de território, o acesso as áreas cultiváveis e de 
matéria prima fez com que surgissem as primeiras estradas na China, sendo 
aperfeiçoadas mais tarde pelos romanos (BALBO, 2007). Assim como antigamente, 
a malha rodoviária pode ser considerada essencial para o desenvolvimento 
econômico e social de um país e deve apresentar características para desempenhar 
o seu propósito. 
O pavimento é uma estrutura, executada após a etapa de terraplanagem, 
destinada a resistir as solicitações impostas pelo tráfego de veículos e clima. Da 
mesma forma, este deve ser concebido com a máxima durabilidade e o mínimo 
custo possível, garantindo o conforto e a segurança dos usuários, apresentando 
boas condições de rolamento (BERNUCCI et al, 2008).Para isto, o pavimento deve 
ser composto por camadas de diferentes materiais e espessuras, apoiadas sobre o 
solo local de fundação, garantindo o alívio de pressões nas camadas subjacentes 
(BALBO, 2007). 
Segundo Bernucci et al (2008), os pavimentos podem ser qualificados como 
rígidos ou flexíveis. Ainda, o Manual de pavimentação do DNIT (2006) considera 
também a existência dos pavimentos semirrígidos. As diferenças entre as 
classificações serão apresentadas nos itens seguintes. 
 
2.1.1. Pavimento rígido 
 
Os pavimentos rígidos apresentam elevada rigidez na camada de 
revestimento, a qual absorve a maior parte das solicitações impostas a estrutura. 
Como exemplo, cita-se os pavimentos de concreto, os quais tem sua superfície 
constituída por lajes de concreto de cimento Portland (BERNUCCI et al, 2008). A 
Figura 1 apresenta a estrutura de um pavimento rígido de concreto e a execução do 
mesmo. 
15 
 
 
Figura 1–Estrutura e execução de um pavimento de concreto 
 
 
 
Fonte: Bernucci et al (2008, p. 339). 
 
Em relação a disposição dosesforços, Balbo (2007) menciona que os 
pavimentos rígidos apresentam semelhança na distribuição do campo de tensões, 
sendo este gradualmente disperso em toda a placa. Desta forma, as pressões 
impostas ao solo de fundação são aliviadas e reduzidas, conforme demostra a 
Figura 2. 
 
Figura 2– Distribuição de tensões no pavimento flexível 
 
 
 
Fonte: Balbo(2007, p.47). 
 
2.1.2. Pavimento Semirrígido 
 
16 
 
Os Pavimentos semirrígidos (Figura 3) apresentam a camada de base 
estabilizada quimicamente, constituída por um material aglutinante com 
características cimentíceas. Como exemplo, Balbo (2007) cita uma estrutura 
composta por uma camada de solo-cimento na base, considerada rígida, e 
revestimento asfáltico, sendo este flexível. 
 
Figura 3– Pavimento semirrígidoFonte:Autora. 
 
2.1.3. Pavimento flexível 
 
Os pavimentos flexíveis, segundo o Manual de pavimentação do DNIT (2006), 
são aqueles nos quais, após a aplicação de um carregamento, todas as camadas 
sofrem deformação elástica significativa, ocorrendo a distribuição equivalente das 
cargas entre as mesmas. Nestas estruturas, o campo de tensões se encontra no 
ponto de aplicação do carregamento com pressões concentradas (BALBO,2007), 
conforme ilustrado na Figura 4.Ainda, as camadas constituintes destes pavimentos 
não trabalham a tração, sendo as superiores de melhor qualidade, ou seja, de maior 
capacidade de suporte, devido à proximidade de aplicação de cargas. 
 
17 
 
Figura 4 - Distribuição de tensões no pavimento flexível. 
 
 
 
Fonte: Balbo(2007, p.47). 
 
O revestimento superficial associado aos pavimentos flexíveis, em geral, é 
composto de concreto asfáltico apoiado obrigatoriamente sobre uma camada de 
base granular e possuindo uma fundação em solo denominada subleito. 
Dependendo da resistência necessária e das solicitações originárias do tráfego na 
via, podem ser incorporadas acima da fundação uma camada de reforço de subleito 
e/ou, ainda, uma de sub-base (BERNUCCI et al, 2008). Assim, a forma estrutural 
mais completa possível do pavimento é aquela que incorpora as camadas de 
revestimento, base, sub-base, reforço de subleito e subleito (BALBO, 2007), 
conforme ilustra a Figura 5. 
 
Figura 5 – Estrutura e execução de um pavimento flexível 
 
 
 
Fonte. (BERNUCCI et al, 2008, p. 338). 
 
18 
 
O revestimento asfáltico é constituído pela composição, em proporções 
adequadas, de agregados e ligante asfáltico betuminoso, resultando em uma mistura 
coesiva. Esta camada tem como finalidade promover a impermeabilização superficial 
do pavimento e melhorar as condições da superfície, proporcionando conforto e a 
segurança aos usuários da via. Além disto, esta deve resistir de forma direta as 
ações provocadas pelos veículos e pelo clima, transmitindo estas solicitações 
aliviadas a estrutura subjacente (BERNUCCI et al, 2008). 
As camadas de base, sub-base e reforço de subleito tem como finalidade 
resistir aos esforços transmitidas pelo revestimento, apresentando pequenas 
deformações e permeabilidade compatível com o esperado, garantindo a drenagem 
do pavimento. Deste modo, estas devem ter seus materiais constituintes 
selecionados adequadamente para que possam cumprir sua função estrutural. Entre 
os possíveis constituintes destas camadas se encontram, em geral, agregados 
graúdos e miúdos, solo e, dependendo da necessidade, podem ser adicionados 
cimento, cal, emulsão asfáltica, ou outros materiais (BERNUCCI et al, 2008). 
O Subleito é composto pelo material local consolidado e compactado, logo 
não apresenta espessura definida (BALBO, 2007). Esta é considerada a fundação 
do pavimento necessitando, muitas vezes, devida regularização para nivelamento. 
Quando apresenta baixa capacidade de suporte, pode ser executada uma camada 
complementar de reforço de subleito para elevar a resistência. Porém, em algumas 
situações, este reforçonão consegue desempenhar a funcionalidade esperada, desta 
forma, o solo residual deve ser parcialmente retirado e substituído por outro material 
que apresenta maior capacidade de suporte (PINTO C., 2010). 
 
2.2. MATERIAIS UTILIZADOS NA PAVIMENTAÇÃO 
 
Para a execução do pavimento deve-se buscar, sempre que possível, a 
utilização dos materiais próximos do local, garantindo assim um menor custo na obra 
e também manutenção da infraestrutura (BALBO, 2007). O Manual de pavimentação 
do DNIT (2006) determina que os materiais granulares utilizados na pavimentação 
podem ser classificados quanto a natureza dos seus constituintes em naturais ou 
artificiais. Os agregados naturais são empregados sem alterações após o processo 
de exploração da jazida pétrea e beneficiamento, como a brita, enquanto que os 
19 
 
artificiais necessitam de correção química e física para a sua utilização, sendo 
rejeitos da indústria, como a escória de alto forno. 
Ainda, Bernucci et al (2008) considera a existência de agregados reciclados. 
Em meio a estes estão alocados os materiais oriundos de reuso, os quais 
proporcionam uma solução ambientalmente viável de redução de exploração de 
reservas naturais e de destino para os rejeitos provenientes da pavimentação e da 
construção civil. Como exemplo, os excedentes reciclados que apresentam maior 
frequência de uso são a escória de alto forno, o resíduo da construção civil (RCC), 
escórias oriundas da exploração de rochas ornamentais e o fresado. 
Os agregados granulares e solo, entre os materiais utilizados na 
pavimentação, não apresentam propriedades coesivas entre os grãos e trabalham 
adequadamente apenas a compressão. Entre estes, os constituintes mais 
empregados para as camadas de base, sub-base e reforço de subleito são: a brita 
graduada simples (BGS), a brita corrida, macadame hidráulico e seco, composições 
de agregados estabilizados granulometricamente, solo-agregado e solo melhorado 
com cimento ou cal (BERNUCCI et al, 2008). 
Os materiais cimentados são compostos de solos ou agregados pétreos com 
acrescimento de um aditivo, em pequenas proporções, como cal ou cimento, 
proporcionando uma elevação na rigidez da camada e consequentemente 
aumentando a resistência a compressão e a tração (BALBO, 2007). Entre estes, os 
agregados estabilizados quimicamente de frequente utilização na pavimentação são: 
a brita graduada tratada com cimento (BGTC), concreto compactado com rolo 
(CCR), solo-cimento e solo-cal (DNIT, 2006). 
Além destes, as misturas asfálticas apresentam resistência a tração superior 
aos outros materiais devido a coesão entre seus constituintes proporcionada pela 
incorporação de ligante asfáltico (BERNUCCi, 2008). Balbo (2007) justifica a 
utilização destas, citando que para a estabilização não se torna necessário o uso 
demasiado de agente aglomerante. Como exemplo destas misturas se encontram o 
solo-asfalto, solo-emulsão, entre outros. A Figura 6 ilustra alguns materiais utilizados 
na pavimentação. 
 
20 
 
Figura 6– Materiais utilizados na pavimentação. 
 
 
 
Fonte: Bernucci et al(2008. p. 353). 
 
21 
 
2.3. ESTABILIZAÇÃO GRANULOMETRICA 
 
A estabilização de solos ou agregados pétreos pode ser definida como um 
processo que altera as propriedades dos materiais, promovendo uma melhoria 
significativa no comportamento mecânico dos mesmos (BARROS,2013). Segundo o 
Manual do DNIT (2006), a estabilização granulométrica das camadas do pavimento 
ocorre para a adequação do agregado nas especificações vigentes. Desta forma, 
para esta conformação, muitas vezes os materiais sofrem beneficiamento, como 
peneiramento e britagem, ou a mistura de outros agregados para a composição da 
granulometria adequada. 
A distribuição granulométrica dos agregados influencia em diversas 
propriedades que definem o comportamento do material nas camadas do pavimento 
e asseguram a equilíbrio da estrutura. Yoder e Witczak (1975) citam que a 
estabilidade de uma camada granular também é dependente da forma e tamanho 
das partículas, densidade, coesão e fricção interna. Desta forma, de acordo com 
estes autores, a Figura 7 apresenta três arranjos granulométricos diferentes. 
 
Figura 7–Granulometria das misturas 
 
 
 
Fonte. Yoder e Witczak (1975, p. 357). 
 
 As características estruturais e granulométricas de cada arranjo apresentado 
por Yoder e Witczak (1975)na Figura 7 são explicadas a seguir: 
(a) O agregado que não possui finos preenchendo seus vazios, apresentando 
estabilidade devido ao contato entre os grãos graúdos. Desta forma, o material não 
oferece coesão entre seus constituintes, possui baixa densidade e difícil manuseio, 
porém é altamente permeável. 
22 
 
(b) O agregado contém finos preenchendo seus vazios e tem a estabilidade 
garantida devido ao contato entreos grãos. Desta forma, a mistura é considerada 
muito estável com moderada dificuldade construtiva, menor permeabilidade e alta 
densidade. 
(c) O agregado apresenta excesso de finos, os constituintes “flutuam” na 
mistura, não existindo contato entre os grãos graúdos. Desta forma, este material é 
de fácil compactação, porém oferece baixa densidade e estabilidade prejudicada na 
presença de água. 
 Para que um material apresente a máxima estabilidade e resistência as 
solicitações impostas pelo tráfego, é necessária elevada fricção interna entre as 
partículas miúdas e graúdas do material, sendo a falta ou o excesso de finos 
prejudicial ao desempenho esperado do agregado (PIRES, 2014). A presença 
demasiada de finos faz com que o material perca permeabilidade e rigidez, 
aumentando suas deformações, diminuindo sua resistência (BERNUCCI et al, 2008). 
Em contrapartida, a escassez destes materiais faz com que o agregado não ofereça 
coesão e garanta a resistência necessária. 
Assim, para a constituição das camadas na pavimentação, procura-se 
agregados que possuam uma distribuição bem definida, com preenchimento de seus 
vazios por grãos miúdos, garantindo o entrosamento entre as partículas e a 
resistência ao cisalhamento do material, conforme ilustrado na Figura 7 na situação 
(b) (YODER e WITCZAK, 1975). 
Além da estabilização granulométrica, para que o material tenha a resistência 
esperada, por vezes se torna necessária a realização da estabilização química. Esta 
ocorre com a adição de componentes que aumentam a rigidez da estrutura, 
proporcionando um aumento na resistência a compressão e a tração (BERNUCCI et 
al, 2008). Entre estes materiais estabilizantes pode-se citar a adição de cimento, 
cinza de casca de arroz, estabilizantes, cal, entre outros. 
A estabilização granulométrica do fresado, juntamente com a compactação da 
mistura, apresenta importância associada ao aumento significativo da rigidez e da 
resistência ao cisalhamento do material (SPECHT et al, 2013). Desta forma, esta 
correção se torna necessária para a melhoria estrutural e do desempenho da 
camada, elevando sua capacidade de suporte e garantindo um acréscimo na vida 
útil. 
23 
 
Salientando-se a importância da estabilização do fresado, Pires (2014) 
desenvolveu uma pesquisa experimental sobre a utilização deste material corrigido 
quimicamente, com a adição de cinza de casca de arroz e diferentes teores de 
cimento Portland, e granulometricamente, através do acréscimo de agregado 
natural. Como conclusão do estudo o autor obteve resultados positivos, 
demostrando que as estabilizações são fundamentais para o acréscimo de 
resistência na estrutura. 
 
2.4. FRESAGEM DE PAVIMENTOS 
 
Segundo o manual de terminologias rodoviárias do DNIT (2007), a fresagem é 
definida como uma técnica de reciclagem de pavimentos que provoca a retirada da 
camada asfáltica superficial, podendo ser realizada com tecnologias a quente ou a 
frio. Este processo ocorre antes da restauração da superfície de rolagem, quando o 
revestimento apresenta defeitos significativos que não podem ser corrigidos com 
reparos localizados. 
A fresagem é um processo que possibilita a reobtenção do agregado natural 
graúdo, porém este se encontra envolto por revestimento asfáltico envelhecido e 
desgastado, apresentando um arranjo granulométrico modificado (PIRES, 2014). A 
composição granulométrica do fresado é dependente do grau de oxidação do 
revestimento asfáltico, da temperatura ambiente, do estado de deterioração do 
pavimento, da espessura de corte e do estado dos dentes que provocam o 
arrancamento do material da máquina fresadora (BALBO, 2007). 
A escolha do processo específico de fresagem do pavimento, conforme David 
(2006) é dependente da capacidade estrutural e das condições que o revestimento 
do pavimento apresenta, dos equipamentos disponíveis, da avaliação dos custos, 
das condições ambientais, entre outros fatores. Esta técnica pode ser realizada a 
quente ou a frio. Na fresagem a frio, ocorre o desbastamento abrasivo da superfície, 
na temperatura ambiente e em espessura previamente determinada, através do 
auxílio das lâminas de corte de uma máquina fresadora. Na execução a quente o 
revestimento é previamente aquecido, seguido da remoção superficial mecânica 
(BARROS, 2013). A Figura 8 ilustra uma máquina realizando fresagem a frio, técnica 
amplamente utilizada no país. 
 
24 
 
Figura 8– Fresadora a frio. 
 
 
 
Fonte: Wirtgen Goup (2017). 
 
Bonfim (2011) cita que a fresagem é uma técnica empregada visando a 
manutenção do greide da pista, podendo substituir o material asfáltico danificado por 
novo, proporcionando desta forma um aumento da vida útil do pavimento além de 
melhorias no rolamento. Ainda, o autor menciona que a fresagem pode ser 
classificada quanto à espessura de corte em superficial, rasa e profunda e também 
em relação a rugosidade resultante na pista em padrão, fina ou microfresagem. 
 
2.5. RECICLAGEM NA PAVIMENTAÇÃO 
 
As primeiras ideias de reciclagem de pavimentos surgiram em 1915 nos 
Estados Unidos (DAVID, 2006). Porém, apenas na década de 70, devido à crise 
econômica internacional e a diminuição da oferta de materiais asfálticos, surgiram 
novas técnicas de reaproveitamento dos resíduos gerados das pistas deterioradas 
(BONFIM, 2011). 
No Brasil, a fresagem de pavimentos teve início na década de 80 com a 
execução de um trecho de restauração da rodovia Anchieta, na cidade de São 
Paulo, para a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S.A), utilizando uma máquina 
fresadora americana e reciclagem a frio (BONFIM,2011). 
A reciclagem na pavimentação, segundo David (2006), pode ser definida 
como o processo de reutilização dos excedentes, gerados a partir do beneficiamento 
25 
 
em campo, na restauração ou construção de nova via. Nesta técnica, para a 
constituição de uma nova camada pode ser utilizada a totalidade ou parte da 
estrutura do pavimento, com adição, ou não, de outros materiais. 
O material fresado é um resíduo local, desta forma não possui custos 
vinculados a sua compra, sendo esta uma vantagem associada à sua utilização 
(PINTO M. et al, 2011). Entretanto, Bonfim (2011) cita que existem poucos 
profissionais que dominam as técnicas e têm experiência com fresagem. Desta 
forma, devido ao maior interesse e procura por tecnologias de reciclagem de 
pavimentos, a indústria está ofertando, cada vez mais, equipamentos específicos 
para realizar a fresagem (DAVID, 2006). 
Atualmente, no Brasil, desenvolvem-se cada vez mais projetos que 
contemplam a utilização do resíduo fresado. Barros (2013) pesquisou a possibilidade 
de uso do material fresado composto com solo de jazida natural para base e sub-
base de pavimentos, de modo a proporcionar uma alternativa técnica, econômica e 
ambiental para este resíduo. Como resultado do estudo, este autor obteve 
viabilidade de utilização em ambas camadas para uma proporção de mistura de 50% 
fresado e 50% solo. 
Da mesma forma, Pinto M. et al (2011) realizou o estudo de outra alternativa 
para o resíduo gerado da fresagem de pavimentos através da incorporação deste, 
sem adições, na regularização e nivelamento do acostamento rodoviário. Esta 
pesquisa avaliou um trecho experimental na RSC-287 e comprovou, através de 
ensaios laboratoriais e em campo, a possibilidade de utilização do material, mesmo 
sem a estabilização granulométrica e química. 
Ademais, Pinto C. (2010) apresentou um estudo através de análises 
mecânicas que comprova a viabilidade técnica de utilização do fresado como reforço 
de subleito. Segundo este autor, o fresado apresentou desempenho similar a outros 
agregados, possibilitando uma alternativa de substituição dos materiais naturais por 
este resíduo da pavimentação. 
 
26 
 
2.5.1. Objetivos da reciclagem de pavimentos 
 
A reutilização do material fresado na pavimentação tem como objetivo a 
preservação ambiental,diminuindo a exploração de jazidas pétreas através do 
menor consumo de agregados naturais. Ao mesmo tempo, o reuso do fresado 
proporciona a redução de custos com transporte e de área de bota-fora para este 
material, o qual necessita local ambientalmente adequado para depósito 
(DAVID,2006). 
Da mesma forma, a reciclagem do fresado promove a redução dos custos de 
construção, transporte, energia nas etapas produtivas, tempo de execução, extração 
de matéria prima, proporciona o aproveitamento de agregados e ligante asfáltico, a 
preservação da geometria original da rodovia e do meio ambiente (DAVID, 2006). 
O Manual de Restaurações do DNIT cita que o reuso do ligante asfáltico 
consiste em outra vantagem importante na reciclagem dos pavimentos. O asfalto 
presente no fresado se encontra oxidado e envelhecido, porém suas características 
podem ser restauradas através do auxílio de um agente rejuvenescedor ou com a 
adição um novo ligante asfáltico. Além disso, o reaproveitamento do fresado permite 
a redução do consumo de um novo material asfáltico nas camadas de restauração 
(DNIT, 2006). 
 
2.5.2. Técnicas de reciclagem de pavimentos 
 
Para a seleção do método de reciclagem de pavimentos é necessário, 
segundo o Manual de Restauração do DNIT (2006), a análise de diversos fatores. 
Destacam-se entre estes: as condições ambientais, o tráfego atual na via, restrições 
em relação a geometria da pista, informações de projeto, histórico de desempenho e 
das intervenções realizadas na estrutura, as observações e possíveis causas dos 
defeitos que a via apresenta baseado em ensaios laboratoriais e levantamento 
visual, entre outros. 
As técnicas de reciclagem do fresado podem ser diferenciadas através do 
local de produção do agregado, in situ ou em usina, pela temperatura de produção 
da mistura, à frio ou a quente, ou pela simples reutilização do material após a 
fresagem (BARROS, 2013). A Tabela 1 apresenta um esquema representativo dos 
principais tipos de reciclagem, segundo Bonfim (2011). 
27 
 
 
Tabela 1–Técnicas de reciclagem de pavimentos. 
 
Quanto à geometria 
original 
Sem 
modificação Quando se mantém as cotas do greide 
Com 
modificação 
Quando não se mantém as cotas do 
greide 
Quanto ao local de 
processamento 
Quanto ao local de 
processamento 
Em usina Fixa ou móvel, quente ou frio 
In situ Quente ou frio 
Mista 
Reciclagem in situ da base e aplicação 
de reciclagem a quente processada em 
usina com material fresado 
Quanto à fresagem 
do material A frio Realizada na temperatura ambiente 
 A quente Realizada com pré-aquecimento do pavimento 
Quanto à 
profundidade de 
corte 
Superficial Apenas da camada de revestimento 
 Profunda Camada de revestimento, base e até 
sub-base 
Quanto à origem da 
mistura reciclada Mistura a frio PMF 
 Mistura a 
quente 
CBUQ, PMQ 
Quanto ao uso da 
mistura 
Como base 
reciclada 
 Como camada de ligação BINDER 
 Como revestimento 
Quanto aos materiais 
adicionados 
Agregados Correção granulométrica 
Cimento 
Portland e Cal 
Aumento da capacidade estrutural 
Emulsão 
especial e CAP 
Rejuvenescimento 
Misturas 
asfálticas 
Adição de material fresado 
 
Fonte: Adaptação de BOMFIM, 2011, p. 104) 
 
Barros (2013) descreve que, segundo a associação de reciclagem asfáltica 
dos Estados Unidos (The AsphaltRecyclingandReclaiming – ARRA), as cinco 
principais categorias de reciclagem de pavimentos se subdividem em: a quente e a 
frio, a quente e a frio in situ, a quente e a frio em usina e profunda. 
28 
 
Na reciclagem a frio, toda ou parte da estrutura do pavimento é removida e 
reduzida para dimensões apropriadas. Após estes procedimentos, o fresado é 
misturado na temperatura ambiente, em usina ou no próprio local, com outros 
materiais como agregados naturais, emulsificante, estabilizante químico, entre 
outros (DNIT, 2006). Neste tipo de processamento ocorre a quebra de parte do 
agregado devido ao corte, e desta forma a granulometria original do material é 
alterada. 
Da mesma forma, na reciclagem a quente é realizada a retirada total ou 
parcial do revestimento do pavimento, este é beneficiado de modo a adquirir 
dimensões especificas e então ocorre a mistura do fresado in situ ou em usina, 
mediante aquecimento, com outros aditivos. Esta técnica pode ser aplicada para a 
correção de defeitos superficiais sem remoção do material do local, aumentando a 
capacidade estrutural da camada, podendo ser executada antes de um 
recapeamento (DNIT, 2006). 
A reciclagem profunda (FullDepthReclamation) é uma técnica realizada in situ 
para obtenção de uma nova camada de base ou sub-base estabilizada, com a 
adição de cal hidratada, cimento, agregados, entre outros. Barros (2013 apud Araujo 
2001) Estes aditivos têm como finalidade proporcionar a esta mistura características 
adequadas ao novo pavimento (ARAUJO,2001 apud BARROS,2013). 
 
Figura 9–Técnica de reciclagem profunda. 
 
 
 
Fonte:D&J Enterprises (2017). 
 
Ademais, a reutilização do fresado pode ocorrer através do aproveitamento do 
material na mesma obra, porém este não deve ser utilizado em camadas que 
29 
 
desempenhem função estrutural. Da mesma forma, podem ser reaproveitados em 
camadas de base granular tanto em rodovias quanto em ferrovias ou em obras com 
solicitações de tráfego baixas (MOREIRA e PEREIRA,2007). A reciclagem in situ 
apresenta como vantagens o menor custo de transporte, consequentemente 
também menor desgaste da via, e de energia (FONSECA, 2007 apud 
BARROS,2013). 
 
30 
 
3. METODOLOGIA 
 
A metodologia desta pesquisa teve início com a escolha do tema de trabalho, 
e o consequente estudo deste. Após esta etapa, os materiais foram coletados e 
então realizaram-se os ensaios pertinentes, que serão mencionados nos tópicos 
deste capítulo. Por fim, teve início a redação do trabalho com as respectivas 
conclusões, considerações e sugestões. 
 
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS 
 
 Para este trabalho foram utilizados material fresado e agregado natural miúdo 
– pó de pedra basáltica - armazenados nas dependências do LMCCna UFSM. Estes 
foram anteriormente coletados por alunos da universidade auxiliados pelo LMCC e 
empregados para outros estudos. A Figura 10 apresentauma amostra dos materiais 
utilizados nesta pesquisa. 
 
Figura 10 – Pó de pedra e material fresado, respectivamente. 
 
 
 
Fonte: Autora. 
 
3.1.1 Material Fresado 
 
Neste estudo, optou-se pela utilização de fresado originário da técnica de 
fresagem à frio in situ, a qual consiste no desbastamento da camada de 
31 
 
revestimento asfáltico danificada, em temperatura ambiente, com auxílio de uma 
máquina com lâminas de corte. A escolha deste resíduo ocorreu devido a 
disponibilidade de material, o qual se encontrava armazenado aos fundos do LMCC. 
Desta forma, retirou-se uma amostra manualmente da totalidade de fresadocom 
auxílio de uma pá e de um carrinho de mão, conforme ilustra a Figura 11. Para a 
realização de todos os ensaios planejados foram utilizados cerca de 30 Kg de 
material, os quais foram quarteados e devidamente preparados para cada 
experimento. 
 
Figura 11– Coleta de material fresado. 
 
 
 
Fonte: Autora. 
 
A origem do fresado utilizada nesta pesquisaé conhecida, e teve seu 
procedimentode coleta em campo no ano de 2015, no estágio inicial de restauração 
da BR-287, localizada no bairro Camobi, na cidade de Santa Maria-RS. Silva (2016) 
participou deste processo, desta forma, o mesmo cita que para o desbastamento 
superficial do trecho foi necessário o auxílio de uma máquina Caterpiller PM102, que 
realizou uma espessura de corte de cerca de 4cm. Após este processamento, o 
32 
 
responsável do LMCC auxiliou na retirada cerca de 5m³ deste material, 
armazenando-o nas dependências da universidade para estudos futuros. 
3.1.2 Granulometria do Material Fresado 
 
A caracterização granulométrica do fresado foi realizadade acordo com a 
normaDNER-ME 083/98.Neste trabalho, optou-se pela retirada dos maiores grumos 
da amostra, resultando em agregados passantes nas peneiras 2” e 1”. Para esta 
análise foram ensaiadas duas amostras, as quais foram peneiradas manualmente e 
com auxílio de um peneirador vibrador mecânico, conforme ilustrado na Figura 12. 
 
Figura 12–Peneirador mecânico 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
3.1.3 Teor de Betume e Densidade Máxima Medida (DMM ) 
 
33 
 
A análise do teor de betume percentual da amostra de fresado foi realizada 
através do ensaio Rotarex elétrico conforme a DNER-ME 053/94. Como resultado 
deste experimento obteve-se um percentual de betume de aproximadamente 
5,63%.Este valor é considerado coerente conforme Silva (2016) que obteve para o 
mesmo material um percentual de cerca de 6,2%. A Figura 13 apresenta o 
equipamento utilizado neste ensaio. 
 
Figura 13–Equipamento utilizado no ensaio Rotarex 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
Para a caracterização do fresado também foi realizadoo ensaio Rice, 
conforme visualiza-se naFigura 14, que resulta na Densidade Máxima Medida 
(DMM) de amostras asfálticas. Para isto, utilizou-se a normativa NBR 15619/2012 – 
Misturas asfálticas – Determinação da massa específica máxima medida em 
amostras não compactas, obtendo-se um resultado de DMM de cerca de 2,458 
g/m³.Da mesma forma, Silva (2016) obteve DMM de 2,433 g/m³ para o mesmo 
material, visualizando-se uma pequena variação nos resultados devido as diferentes 
amostragens. 
34 
 
 
35 
 
Figura 14–Ensaio Rice. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
3.2 PÓ DE PEDRA 
 
A utilização de agregado natural é necessária para a estabilização 
granulométrica do fresado, devido à falta de finos em sua constituição. Tanksi (2016) 
apud Yoder e Witczak (1975) cita que a estabilidade de uma mistura é dependente 
de sua granulometria, pois a fricção interna entre as partículas deve ser alta para 
resistir aos esforços solicitantes, sendo a presença demasiada ou insuficiente de 
finos prejudicial ao desempenho esperado do material. 
O agregado pétreo utilizado nesta pesquisa é proveniente da formação 
rochosa basáltica, sendo constituído pela fração miúda (Figura 5).Optou-se pela 
utilização de pó de pedra basálticoproveniente da exploração rochosa no município 
de Itaara-RS. A Figura 15 demostra as instalações da empresa fornecedora de 
agregado. 
 
36 
 
Figura 15–Amostra de pó de pedra basáltica. 
 
 
 
Fonte: Autor. 
 
Figura 16–Exploração Rochosa em Itaara-RS 
 
 
 
Fonte: Dalla Pasqua (2017). 
 
 A caracterização granulométrica do pó de pedra foi realizada atravésdo 
peneiramento manual de duas amostras do agregado natural, apresentado na Figura 
17. Estas foram secas em estufa e preparadas de acordo com a norma DNER-ME 
083/98. 
 
37 
 
Figura 17–Separação do pó de pedra por peneiras. 
 
 
 
Fonte: Carine Molz. 
 
Além da granulometria do agregado natural miúdo, também foi determinada a 
massa específica do material para a sua caracterização física. Assim, realizou-se o 
ensaio do Picnômetro (Figura 18) de acordo com a norma NBR 6508/84, resultando 
em um peso específico médio do pó de pedra de 2,651g/m³. Da mesma forma 
Tanski(2016) encontrou o peso específico médio do pó de pedra, proveniente da 
mesma empresa fornecedora, como 2,66g/m³, porém este utilizou a normativa ASTM 
C 127/2007. 
 
Figura 18–Ensaio do Picnômetro. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
38 
 
3.3 COMPOSIÇÃO DA MISTURA 
 
A dosagem inicial da amostra teve como referência os limites da faixa 
granulométrica C do DNIT através doarranjo percentual dos constituintes, fresado e 
pó de pedra. Porém, devido a granulometriamajoritária graúda de ambos os 
materiais, a mistura não se enquadrou totalmente na faixa esperada. 
Tendo em vista a não manipulação granulométrica dos materiais, optou-se 
pela composição de 70% fresado e 30% pó de pedra, conforme já verificadocomo 
viávelem outras bibliografias. Salienta-se também que é possível a utilização de um 
pó de pedra constituído de maior fração miúda para o ajuste da faixa de trabalho 
como opção do comprador, não se aplicando ao caso desta pesquisa. Acomposição 
da misturaé demonstrada na Figura 19. 
 
Figura 19–Mistura 70% fresado e 30% pó de pedra. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
3.4 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO 
 
A compactação foi realizada na mistura de trabalho, constituída por 70% de 
fresado e 30% pó de pedra, baseando-se na NBR 7182/1986 e simulando a 
aplicação prática de solicitações, com reuso de material. Nesta pesquisa, optou-se 
pela utilização de Energia Intermediária, aplicando-se 27 golpes por camada, 
utilizando-se de um soquete e molde com dimensões e pesos conhecidos e 
39 
 
ensaiando cinco pontos de umidades crescentespara a obtenção da curva de 
compactação. 
Figura 20–Ensaio de Compactação. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
Este ensaio objetiva a determinação da relação da densidade aparente 
máxima, a qual encontra-se no ápice da curva de compactação, com a umidade 
ótima. Esta é de suma importância, pois será utilizada na compactação de campo 
para que ocorra um aumento da resistência ao cisalhamento e redução da 
permeabilidade e compressibilidade. 
 
3.5 ENSAIO CBR 
 
O Ensaio CBR (California Bearing Ratio) se baseia na DNER ME 049/94 – 
Solos – Determinação do índice de suporte Califórnia utilizando amostras não 
trabalhadas, e este fornece o Índice de Suporte Califórnia – ISC- que indica a 
capacidade de suporte do material estudado. Para a execução deste experimento 
tornou-se inicialmente necessária a obtenção da umidade ótima e densidade 
máxima aparente seca e a moldagem de um corpo de prova com estes valores. 
Então mediu-se a força de aplicação de um pistão em uma amostra compactada 
confinada que foi imersa em água durante 4 dias. Acoplou-se neste corpo de prova 
um extensômetro, medindo-se assim a expansibilidade da mistura. 
40 
 
A mensuração do ISC é de suma importância para avaliar a resistência do 
material e, desta forma, verificar a possível utilização deste nas diferentes camadas 
do pavimento. O valor percentual que referencia este ensaio e que possui ISC de 
100% é a Brita Califórnia, sendo os resultados de outros materiais comparáveis a 
este valor. A Figura 21 ilustra a execução do ensaio CBR. 
 
Figura 21–Ensaio CBR – Corpo de prova imerso em água. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
3.6 ENSAIOS MECÂNICOS 
 
As propriedades mecânicas da mistura foram mensuradas através da 
realização dos ensaios de módulo de resiliência, resistência à compressão axial e 
resistência à tração por compressão diametral. 
Para os ensaios de Módulo de Resiliência eResistência a Tração por 
Compressão Diametral (DNER-ME 138/94) realizou-se a moldagem de três corpos 
de prova de 6,3 x 10 cm. Da mesma forma,para a verificação da Resistência a 
Compressão Simples (DNER-ME 201/94)da mistura, moldaram-se 4 corpos de prova 
de dimensões 10 x 20 cm (Figura 22). 
 
41 
 
Figura 22–Corpos de prova nas formas 6,3x10 cm e 10x20 cm, respectivamente. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
 A preparação da amostra individual de cada molde ocorreu com a 
composição de 70% de fresado e 30% de pó de pedra compactados com soquete 
manual na umidade ótima, conforme pode ser visualizado na Figura 23. Para os 
corpos de prova de dimensões 6,3 x 10 cm a compactação ocorreu em camada 
única, enquanto para CPs 10 x 20 cm esta foi realizada em três camadas. 
 
Figura 23–Compactação do corpo de prova 10x20 cm com soquete manual 
 
 
 
Fonte. Autora. 
42 
 
 
Por se tratar de uma mistura predominantemente granular sem adição de 
cimento ou emulsão, a cura dos CPs, após a moldagem, foi de aproximadamente 7 
dias, não existindo especificações que citam o tempo de cura ideal. A retirada dos 
corpos de prova dos moldes ocorreu com auxílio de uma máquina manual para o 
desmolde. Esta etapa se apresentou de difícil execução devido ao arranjo da mistura 
que não apresentou propriedadeaglutinante em seus constituintes. Desta forma, os 
CPs moldados apresentaram natureza frágil, sofrendo fácilfragmentação, conforme 
pode ser visualizado na Figura 24. 
 
Figura 24–Corpos de prova desmoldados. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
43 
 
 
A fragilidade dos corpos de prova moldados pode ser justificada devido a não 
adoção de estabilização química da mistura, que pode ser realizada com a 
incorporação de um percentual de cimento Portland, por exemplo. Desta forma, a 
mesma não apresentava propriedades aglutinantes suficiente entre seus 
constituintes para a realização destes ensaios, impossibilitando a leitura dos 
resultados nos ensaios de Módulo de Resiliência (MR), Resistência a Compressão 
Simples (RCS), e a Tração por Compressão Diametral (RTCD), conforme ilustram 
asFiguras 25 e 26. 
 
Figura 25 – Ensaio de Módulo de Resiliência. 
 
 
 
Fonte. Carine Molz. 
 
Figura 26 – Ensaio de Resistência a Tração por Compressão Diametral. 
 
44 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
Salienta-se que o ensaio de Módulo de resiliência foi baseado na norma DNER-
ME 138/94 com variação de temperatura, aplicada para amostras 
asfálticas.Entretanto, devido à natureza granular sem aglutinantes da mistura, para a 
obtenção desta propriedade é indicada a realização do ensaio normatizado para 
solos. Este não foi realizado poiso equipamento não se encontrava disponível no 
período deste estudo. 
 
45 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Este capítulo apresenta os resultados obtidos nos ensaios de caracterização dos 
materiais, assim como na mistura de 70% fresado e 30% pó de pedra. Ao mesmo 
tempo os valores encontrados serão analisados e comparados as normas vigentes e 
a outros estudos pertinentes. 
 
4.1. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA 
 
A análise da granulometria de solos e agregados é necessária para que possam 
ser mensuradas suas características, indicando a possível utilização do mesmo. 
Entretanto, apenas este estudo não é suficiente para verificar a viabilidade de um 
material, desta forma deve ser combinada com outros ensaios. Neste item serão 
apresentadas as análises e devidas comparações das granulometrias do fresado, pó 
de pedra e da respectiva mistura entre estes materiais. 
 
4.1.1. Material Fresado 
 
A composição granulométricamédia do fresado e a curva característica média 
do material, obtidas através do ensaio de peneiramento,pode ser visualizada através 
da Tabela 2 e na Figura 27. 
 
Tabela 2 – Composição granulométrica do Fresado. 
(continua) 
PENEIRA 
ABERTURA 
(mm) 
Média Acumulada 
passante (%) 
Média Acumulada 
Retida (%) 
2" 50 100,00 0,00 
1" 25,4 100,00 0,00 
3/8" 9,5 81,17 18,83 
Nº 4 4,8 54,31 45,69 
Nº 10 2 23,37 76,63 
Nº 40 0,42 1,00 99,00 
 
46 
 
(conclusão) 
PENEIRA 
ABERTURA 
(mm) 
Média Acumulada 
passante (%) 
Média Acumulada 
Retida (%) 
Nº 200 0,075 0,00 100,00 
Fundo >0,075 0,00 100,00 
 
Fonte. Autora. 
 
Figura 27 – Granulometria do fresado. 
 
 
 
Fonte. Carine Molz. 
 
 Analisando a granulometria do fresado, representada pelo formato da curva 
azul contínua da Figura 27, verifica-se que este material não obteve 
enquadramentonas faixas médias especificadaspelo DNIT para base granular, 
aproximando-se da curvamédia representante da faixa A (marrom) para agregados 
miúdos e da C (amarelo) e D (verde) para graúdos. Este fato pode ser explicado 
0
10
20
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40
50
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90
1000
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10
P
or
ce
nt
ag
em
 R
et
id
a 
(%
)
P
or
ce
nt
ag
em
 P
as
sa
nt
e 
(%
)
Diâmetro dos Grãos (mm)
Composicão Granulométrica 
FAIXA A
FAIXA B
FAIXA C
FAIXA D
FAIXA E
FRESADO
200 80 4
0
10 4Peneir 3/4"3/8"
47 
 
devido ao aglutinamento entre os componentes da mistura, formando partículas 
maiores, e também devidoà falta de controle na coleta em campo do fresado, 
resultando em diferentes frações granulométricas. 
Ainda, de acordo com o Manual de pavimentação do DNIT (2006) este 
material pode ser considerado medianamente uniforme e com boa graduação 
(aberta). Os solos bem graduados são compostos de diferente tamanho de 
partículas e apresentam assim melhor comportamento em termos de resistência e 
compressibilidade. 
Por opção de estudo, isentaram-se das amostras ensaiadas os grumos de 
grandes dimensões passíveis de quebra.Desta forma, não foram verificados grãos 
retidos nas peneiras com grade superior à 9,5 mm, indicando a baixa ou 
inexistenteporcentagem de partículas com diâmetros maiores ou iguais a 24,5 mm e 
50mm (1” e 2”). Além disso, observou-se a pequena fração de constituintes miúdos 
retidos e passantes na peneira 200 (0,075mm), devido a aglutinação entre estes 
finos, o material asfáltico e agregados maiores. 
Da mesma forma, Pinto M. et al (2011) não obteve ajuste total do resíduo 
fresado da RSC-287 nas faixas granulométricas do DNIT, propostas na DNER 
303/97, apresentando uma granulometria aberta.Entretanto, mesmo sem respeitar 
as especificações granulométricas, este material apresentou bons resultados 
laboratoriais e comprovou aplicabilidade prática e funcionalidade através da 
reutilização deste, sem alterações ou adições de insumos, para regularização do 
acostamento em um trecho experimental. A Figura 28 apresenta uma comparação 
visual entre a curva granulométrica da RSC-287 (PINTO M. et al, 2011) e a 
apresentada como resultados da BR-287 neste estudo. 
 
48 
 
Figura 28 – Fresado BR-287 (2016) x Fresado RSC-287 (2011). 
 
 
 
Fonte. Autora com adaptaçãode Pinto et al (2011). 
 
Comparando as curvas granulométricas do Fresado da BR-287 (linha 
contínua) com o da RSC-287 (linha pontilhada), verifica-se que o segundo apresenta 
maior quantidade de agregados graúdos retidos nas peneiras 1” e 2”. Este fatose 
deve a retirada dos grumos graúdos da amostra trabalhada, assim como devido a 
variação de tamanho dos constituintes de cada amostra e lote de fresado. 
Cadaprocesso de desbaste do revestimento asfáltico resulta em materiais com 
dimensões distintas, dependendo estas da profundidade de corte, do tipo de 
fresagem, do equipamento, entre outros fatores. 
Ademais, ambos materiais apresentam umarranjo granulométrico semelhante 
e boa graduação, ressaltando a possibilidade de análise experimental e utilização do 
fresado proveniente da BR-287 em campo em relação a sua composição. Salienta-
se ainda a necessidade de verificação dos resultados de outros ensaios para o 
emprego deste, como abrasão Los Angeles para mensurar a abrasão do material, 
equivalente de areia para análise de contaminantes e índice de suporte california 
para verificação da resistência mecânica (PINTO M. et al, 2011). 
Visando a reutilização do fresado estudado em outras camadas na 
pavimentação, analisou-se a possibilidade de aplicação deste, baseado em seu 
0
10
20
30
40
50
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70
80
90
1000
0,01 0,1 1 10
P
or
ce
nt
ag
em
 R
et
id
a 
(%
)
P
or
ce
nt
ag
em
 P
as
sa
nt
e 
(%
)
Diâmetro dos Grãos (mm)
Composicão Granulométrica 
FRESADO BR-
287
FRESADO 
RSC-287
200 80 4 10 4Peneir 3/4"3/8"
49 
 
arranjo granulométrico, como agregado na composição da camada porosa de atrito 
– CPA. Para isto, foi necessário o auxílio da especificação de serviço do DNER-ME 
386/99 para a constituição desta camada, conforme demonstra a Tabela 3. 
 
Tabela 3 – Faixas granulométricas para dosagem de CPA - DNER-ES-386/99 
 
Peneira malha 
quadrada 
Faixas 
ABNT Abertura 
(mm) 
Porcentagem em massa 
I II III IV V Tolerância 
3/4" 19 - - - - 100 - 
1/2" 12,5 100,00 100 100 100 70-100 
7 
 
3/8" 9,5 80-100 70-100 80-90 70-90 50-80 7 
Nº 4 4,8 20-40 20-40 40-50 15-30 18-30 5 
Nº 10 2 12-20 5-20 10-18 10-22 10-22 5 
Nº40 0,42 8-14 6-12 6-13 6-13 6-13 5 
Nº80 0,18 - 2-8 - - - 3 
Nº200 0,075 3.-5 0-4 3-6 3-6 3-6 2 
Ligante modificado 
por polimero 
4,0-6,0 0,3 
Espessura da camada 
acabada 
3 <4,0 
Volume de Vazios % 18-25 
Ensaio de Cantabro 
%máx25 
Resistências á tração 
por compressão 
diametral a 25º, Mpa, 
mín. 
0,55 
 
Fonte. Adaptado de DNER 386/1999. 
 
Através da análise das granulometrias expostas na Tabela 3, e considerando 
a tolerância percentual de massa passante das mesmas, verificou-se o 
enquadramento do fresado na faixa granulométrica III, conforme visualiza-sena 
Figura29. 
 
50 
 
Figura 29 – Granulometria fresado x CPA (Faixa III) 
 
 
 
Fonte. Carine Molz. 
 
4.1.2. Pó de pedra 
 
O resultado médio das amostras obtido nos ensaios de Granulometria, assim 
como a respectiva curva granulométrica característica deste material são 
apresentados através da Tabela 4e na Figura 30. 
 
Tabela 4 – Distribuição Granulométrica do pó de pedra. 
(continua) 
PENEIRA ABERTURA 
Média Acumulada 
passante (%) 
Média Acumulada 
Retida (%) 
2" 50 100,00 0,00 
1" 25,4 100,00 0,00 
3/8" 9,5 100,00 0,00 
Nº 4 4,8 94,70 5,3 
Nº 10 2 43,17 56,83 
Nº 40 0,42 16,15 83,85 
0
10
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40
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1000
10
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30
40
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70
80
90
100
0,01 0,1 1 10
P
or
ce
nt
ag
em
 R
et
id
a 
(%
)
P
or
ce
nt
ag
em
 P
as
sa
nt
e 
(%
)
Diâmetro dos Grãos (mm)
Composicão Granulométrica 
Limites
FRESADO
200 80 4 10 4Peneir 3/4"3/8"
51 
 
(conclusão) 
PENEIRA ABERTURA 
Média Acumulada 
passante (%) 
Média Acumulada 
Retida (%) 
Nº 200 0,075 8,46 91,54 
Fundo >0,075 0,00 100,00 
 
Fonte. Autora. 
 
Figura 30 – Composição granulométrica do pó de pedra. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
 Segundo a Figura 29, a composição média representante do pó de pedra 
basaltico utilizada neste estudo apresenta grande parcela de seus contituintes 
retidos na peneira Nº 10, com abertura de 2mm, sendo considerado um pó de pedra 
de granulometria mais graúda. 
 
0
10
20
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70
80
90
1000
10
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30
40
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60
70
80
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100
0,01 0,1 1 10
P
or
ce
nt
ag
em
 R
et
id
a 
(%
)
P
or
ce
nt
ag
em
 P
as
sa
nt
e 
(%
)
Diâmetro dos Grãos (mm)
Limite Faixa 
C DNIT
PÓ-DE-
PEDRA
200 80 4 10 4Peneiras 3/4"3/8"
52 
 
4.1.3. Mistura: 70% Fresado e 30% Pó de Pedra 
 
A composição granulométrica resultante da mistura de 70% fresado e 30% de 
pó de pedra proposta neste estudo, juntamente com as granulometrias individuais 
destes materiais é ilustrada na Figura 31. 
 
 
Fonte. Autora. 
 
 Analisando a Figura 30 observa-se que dentre as faixas 
granulométricas propostas pelo DNIT para bases estabilizadas 
granulometricamentes, a mistura obteve maior proximidade da faixa C, não 
apresentando enquadramento total na mesma. Para a tentativa de ajuste 
granulométrico da mistura nas especificações do DNIT, pode ser citado como 
alternativa a possibilidade de utilização de um pó de pedra com composição mais 
miúda. 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1000
10
20
30
40
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70
80
90
100
0,01 0,1 1 10
P
or
ce
nt
ag
em
 R
et
id
a 
(%
)
P
or
ce
nt
ag
em
 P
as
sa
nt
e 
(%
)
Diâmetro dos Grãos (mm)
Composicão Granulométrica 
Limites
MISTUR
A
FRESAD
O
PÓ-DE-
PEDRA
200 80 4
0
10 4Peneir 3/4"3/8"
Figura 31 - Curva Granulométrica 
53 
 
Ainda, assim como o material fresado, a mistura apresentou uma composição 
com boa graduação, enfatizando a análise das demais características de resistência 
da mesma para verificação de sua aplicabilidade. 
 
4.2. ANÁLISE DO ENSAIO DE COMPACTAÇÃO 
 
O Resultado aproximado obtido na compactação da mistura de 70% fresado e 
30% de pó de pedra pode ser visualizado através da curva de compactação ilustrada 
na Figura 32. A umidade ótima alcançada neste ensaio foi de cerca de 9,9% e a 
massa específica aparente seca é de 2030 Kg/m³. 
 
Figura 32 – Curva de Compactação. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
4.3. ANÁLISE DOÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA 
 
Conhecidos os valores da umidade ótima e da máxima densidade aparente, 
encontradosna curva de compactação, realizou-se o ensaio de Índice de Suporte 
1710
1730
1750
1770
1790
1810
1830
1850
1870
1890
1910
1930
1950
1970
1990
2010
2030
2050
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
M
a
ss
a
 E
sp
e
cí
fi
ca
 A
p
a
re
n
te
 S
e
ca
 (
k
g
/m
³)
Teor de Umidade (%)
Curva de Compactação
54 
 
Califórnia (ISC). Os resultados obtidos e o traçado da curva pressão por penetração 
sãoilustrados na Tabela 5 e na Figura 33. 
 
55 
 
Tabela 5 – Resultado do ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC). 
 
Penetração 
Tempo Penet. Leitura Pressão 
(Mpa) 
Pressão 
(Mpa) 
I.S.C. 
(min) (mm) Defletôm. Calculada Corrigida (%) 
0 0 0 0,00 - - 
0,5 0,63 6 0,06 - - 
1,0 1,27 24 0,20 - - 
1,5 1,90 50 0,41 - - 
2,0 2,54 87 0,70 0,70 10,14 
2,5 3,17 133 1,06 - - 
3,0 3,81 179 1,42 - - 
3,5 4,44 229 1,82 - - 
4,0 5,08 287 2,28 2,28 21,98 
5,0 6,35 387 3,04 - - 
6,0 7,62 475 3,73 - - 
7,0 8,89 585 4,59 - - 
8,0 10,16 672 5,27 - - 
9,0 11,43 760 5,95 - - 
10,0 12,70 850 6,66 - - 
 
Fonte. Autora 
 
56 
 
Figura 33 – Curva Pressão-Penetração. 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
Para este estudo, a mistura trabalhada obteve ISC de cerca de 21,98%. Este 
valor pode ser explicado devido à falta de finos e excesso de partículas graúdas no 
material, não ocorrendo o perfeito preenchimento dos vazios entre os grãos maiores. 
A mistura trabalhada também não apresentou expansibilidade, conforme se visualiza 
na Tabela 4. Esta inexistente expansão se deve ao material pétreo estar envolto de 
ligante asfáltico, o qual não demonstra características permeáveis, impossibilitando 
a absorção de água. Specht et al (2012) caracteriza este resultado como positivo, 
pois a presença de água faz com que a mistura perca resistência, e desta forma, na 
ausência destao material não apresenta grandes deformações. 
Pinto M. et al (2011) realizou o ensaio CBR para uma amostra de fresado da 
RSC-287, obtendo um valor de aproximadamente 38%.Pires (2014) também realizou 
um trabalho de pesquisa utilizando material fresado estabilizado quimicamente, com 
a adição de cinza de casca de arroz e cimento Portland, e granulometricamente, 
encontrando um valor de ISC superior, de cerca de 68%. Esta diferença ocorre 
essencialmente pela adição de materiais os quais tem função de melhorar o arranjo 
físico e a resistência da estrutura. 
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
0 5 10 15
P
re
ss
ã
o
 (
M
P
a
)
Penetração (mm)
57 
 
Quanto as aplicações práticas desta mistura, salienta-se que para a utilização 
de um agregado, tanto na pavimentação como na construção civil, este deve possuir 
as características específicas estipuladas em normas. Asub-baseestabilizada 
granulometricamente deve ter, segundo a normaDNIT-ME 139/2010, um ISC maior 
20% e expansibilidade máxima de 1%. De acordo com o resultado obtido para a 
mistura trabalhada, esta pode ter aplicação prática nesta camada do pavimento. Da 
mesma forma, para a regularização de subleito, segundo o Manual de Pavimentação 
do DNIT, a mistura pode ser viabilizada se o material apresentarISC maior que a do 
solo de fundação e expansão inferior a 1%. 
Ainda, segundo a norma DNIT 141/2010, para bases estabilizadas 
granulometricamente, o ISC deve ser maior ou igual a 60% para um tráfego com 
número de solicitações N � 5x10� e para um N maior, o ISC deve ser maior ou igual 
a 80%, com índice de expansibilidade menor que 0,5%. Tendo em vista estas 
especificações, a mistura estudada apresenta resultados inferiores aos indicados, 
impossibilitando a aplicação em base de pavimentos. 
 
4.4. POSÍVEIS UTILIZAÇÕES DO FRESADO 
 
Considerando os resultados obtidos através do estudo realizado tanto para a 
mistura de trabalho (70% de fresado e 30% de pó de pedra), quanto para 
caracterização individual do fresado da BR-287, elaborou-se uma comparação com 
outras pesquisas, sendo esta apresentada na Figura 34. 
 
58 
 
Figura 34 – Comparação entre o fresado da BR-287 e outros estudos 
 
 
 
Fonte. Autora. 
 
 Através da comparação representadana Figura 34, visualiza-se que esta 
pesquisa não obteve variação significativa em relação aos resultados de DMM e teor 
de betume do fresado. Quanto a resistência do agregado, apresentaram-se 
divergências nos valores encontradosentre os estudos devido a incorporação de 
diferentes materiais, como cimento, cinza de casca de arroz e solo de jazida, por 
exemplo. Estes aditivos objetivam a estabilização da mistura, assim como o aumento 
da resistência, proporcionandoem alguns casos a possibilidade de incorporação 
desta em camadas que necessitam maior capacidade de suporte, como na base de 
pavimentos. Ainda, adiferença de resistência dos materiaistambém é atribuída a 
ENSAIO
SILVA 
(2016)
SPECHT 
et al (2014)
BARROS 
(2013)
PINTO M. et al 
(2011)
PINTO C. 
(2010)
AUTORA (2017)
ORIGEM DO 
FRESADO
RS-287 BR-290 ERS-569 BR-290 BR-104 RSC-287 BR-290 RS-287 
DMM (g/cm³) 2,433 - 2,37 2,37 - - - 2,458
TEOR DE 
BETUME
6,20% - 6,06% 5% - 6,27%
5,6% 
4,69%
5,63%
TEOR DE 
FRESADO
100%,80%,
60%,40%, 
70% 70% 70% 50% 100% 100% 70%
ESTABILIZAÇÃO 
QUÍMICA
CIMENTO 
(6%) 
CIMENTO 
(5%) 
CIMENTO 
(5,37%) , 
CINZA DE 
CASCA DE 
ARROZ 
(15%)
CIMENTO 
(4,86%) , 
CINZA DE 
CASCA DE 
ARROZ 
(15%)
- - - -
ESTABILIZAÇÃO 
GRANULOM.
0%,20%, 
40%,80%
BRITA 3/4' 
(15%) PÓ 
DE PEDRA 
(15%) 
AGREGADO 
NATURAL 
(30%)
AGREGADO 
NATURAL 
(30%)
SOLO 
JAZIDA 
(50%)
- -
PÓ DE PEDRA 
(30%)
DENSIDADE 
(Kg/m³)
2067 2092 1963 2092 2100 1798 1826 2030
UMIDADE 
ÓTIMA (%)
8,30% 8,20% 8,80% 8,20% 8,90% 8,50% 4,20% 9,90%
EQUIVALENTE 
DE AREIA
- - - 64,10% -
ABRASÃO - - - 36,37% -
ISC(%) - 95% 98% 68% 28% 38% 11% 21,98%.
VIABILIDADE DE 
USO
BASE, 
SUB-BASE
BASE BASE
BASE 
(TRÁFEGO 
LEVE)
SUB-BASE ACOSTAMENTO
REFORÇO 
DE 
SUBLEITO, 
SUB-BASE
SUB-BASE, 
REGULARIZAÇÃO 
E REFORÇO DE 
SUBLEITO
AUTOR(ES) DO ESTUDO
PIRES (2014)
59 
 
distinta origem e amostragem do fresado, sendo este fator determinante nesta 
análise. 
Em relação as possibilidades de uso na pavimentação das diferentes 
misturas, tanto as estabilizadas quimicamente, granulometricamente ou sem 
aditivos, grande parte das pesquisas analisadas obteve resultados que 
comprovaram a viabilidade de incorporação do agregado em sub-base e reforço de 
subleito, assim como este estudo. 
 
60 
 
5. CONCLUSÕES FINAIS 
 
A granulometria do fresado da RS-287 apresentou-se majoritariamente 
graúda e bem graduada, porém sem partículas retidas nas peneiras 1” e 2”. Ainda, 
esta não exibiu porcentagem significativa de finos retidos e passantes na peneira 
200, indicando a possível aglutinação entre os componentes da misturaoriginal de 
CBUQ. Quanto aos ensaios de caracterização do fresado, Rice e Rotarex, este 
material apresentou valores para o teor de betume de 5,63% e para a DMM de cerca 
de 2,458 g/m³, ambos condizentes com as bibliografias analisadas. 
O arranjo granulométrico do fresado não obteve enquadramento total nas 
faixas estipuladas pelo DNIT para bases estabilizadas granulometricamente. 
Entretanto, a análise da comparação granulométrica entre o fresado da RS-287 e o 
da RSC-287 estudado por Pinto em 2010 instigou a possibilidade de estudo e 
realização de ensaios de aplicabilidade do excedenteasfáltico estudado como 
camada de regularização de acostamento. 
Da mesma forma, baseando-se na composição granulométrica do fresado da 
RS-287 e buscando outras alternativas de uso para o material estudado, este obteve 
ajuste de seu arranjo na Faixa granulométrica III para utilização em camada porosa 
de atrito. Entretanto, ainda se tornamnecessários demais conformações e ensaios 
para verificação da sua aplicabilidade. 
Na análise do pó de pedra basáltica, este apresentou uma granulometria 
característica, porém com partículas maiores que as desejadas para composição 
com o fresado. A massa específica deste material, obtida através do ensaio do 
picnômetro, obteveum resultadomédio de cerca 2,651g/m³, valor condizente com o 
esperado e com as bibliografias de apoio. 
Por opção de estudo, e embasado em referencial teórico, utilizou-se uma 
mistura de cerca de 70% de fresado e 30% de pó de pedra. A granulometria 
resultante, assim como a do fresado, não obteve enquadramento nas faixas 
propostas para bases estabilizadas pelo DNIT, porém aproximou-se da faixa C. O 
ensaio de compactação desta mistura resultou em uma umidade ótima de cerca de 
9,9%, mais alta que o confessional para materiais graúdos, e a massa específica 
aparente seca de 2030 Kg/m³. Quanto ao ISC obteve-se um resultado considerado 
bom de cerca de 21,98%. 
61 
 
Devido à natureza granular da mistura, esta não apresentou propriedades 
aglutinantes, fragmentando-se durante a retirada da forma de molde. Deste modo, 
as propriedades mecânicas da mistura, mensuradas através dos ensaios módulo de 
resiliência, resistência à tração por compressão diametral e resistência à 
compressão simples, não obtiveram resultados. Salienta-se assim a necessidade de 
incorporação de um material aglutinante. 
Por fim, de acordo com o ISC e com os resultados dos demais ensaios 
obtidos para a mistura, quanto a aplicabilidade desta para camadas subjacentena 
pavimentação, cita-se a possibilidade de incorporação do material em camadas de 
sub-base, e de regularização e reforço de subleito.Estas possibilidades de uso têm 
como fundamentação teórica as normativas vigentes e enfatizam um destino viável e 
ambientalmente correto para este material excedente proveniente das obras de 
restauração rodoviária. 
 
62 
 
6. SUGESTÕES 
 
• Devido à natureza granular do fresado, torna-se interessante a mensuração do 
módulo de resiliência deste. Porém, este ensaio deve ser realizado com a normativa 
e os equipamentos específicos para solo e agregados. Da mesma forma, devem ser 
utilizados moldes tripartidos para facilitar a retirada do material durante a moldagem. 
• Adição de outro componente na mistura com potencial aglutinante, como cimento ou 
cal, para ajuste granulométrico e aumento na resistência. 
• Realização de ensaios e maiores estudos de aplicabilidade do fresado 
individualmente em acostamento rodoviário e como reforço de subleito. 
• Realização de ensaios e maiores estudos de aplicabilidade do fresado em CPA. 
 
63 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15619: Misturas 
asfálticas – Determinação da massa específica máxima medida em amostras não 
compactadas. Rio de Janeiro, 2008. 8p. 
 
_______. NBR 6508: Grãos de solo que passam na peneira de 4,8mm – 
Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 1984. 8p. 
 
_______. NBR 7182/86: Solo - Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 1986. 10p. 
 
_______. NBR 15619: Misturas asfálticas – Determinação da massa específica 
máxima medida em amostras não compactas. Rio de Janeiro, 2012. 10 p. 
 
BALBO, J. T.; Pavimentação Asfáltica: materiais, projetos e resta urações. São 
Paulo, Ed. Oficina dos Textos , 2007. 
 
BARROS, R. F.; Utilização do revestimento fresado da BR-104 como m aterial de 
reforço da camada de base e/ou sub-base . 2013. 54p. Trabalho de conclusão de 
curso (Graduação em Engenharia Civil)-Universidade federal de Pernambuco, 
Caruaru, 2013 
 
BERNUCCI, L.; MOTTA, L. G.; CERATTI, J. A. P.; SOARES, J. B. Pavimentação 
Asfáltica:Formação Básica para Engenheiros . Rio de Janeiro: Petrobrás: ABEDA, 
2008. 504 p. 
 
BONFIM, V. Fresagem de Pavimentos Asfálticos . 3 Ed., São Paulo, Exceção 
Editorial, 2011. 
 
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Pesquisa CNT de rodovias 
2015: relatório gerencial .Brasília:CNT: SEST: SENAT, 2015. 
 
DALLA PASQUA, Engenharia e Construções LTDA. Histórico . Itaara-RS, 2017. 
Disponível em:<http://www.dpasqua.com.br/>. Acesso em 1º de abril de 2017. 
 
DAVID, D. Misturas Asfálticas Recicladas a Frio: Estudo em la boratório 
utilizando emulsão e agente de reciclagem emulsiona do . 2006. 117 p. 
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)–Universidade Federal do Rio Grande

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