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09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 1/30 NOÇÕES SOBRE SISTEMANOÇÕES SOBRE SISTEMA ÚNICO ÚNICO DE SEGURANÇADE SEGURANÇA PUBLICAPUBLICA Esp. Tiago Ferreira Santos I N I C I A R 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 2/30 introdução Introdução Nesta unidade, estudaremos as relações existentes entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça penal, com enfoque na análise das disposições da lei que instituiu o Sistema Único de Segurança Pública no Brasil. Aprenderemos, também, a importância da sociologia, antropologia e ciência política para a correta compreensão e solução da questão das altas taxas brasileiras de criminalidade e violência. Nesse contexto, serão ainda abordadas a ciência das políticas públicas e a criminologia. Analisaremos, igualmente, a história da segurança pública no Brasil, com enfoque para os períodos anteriores à redemocratização acontecida em 1988, já que é o vigente atualmente. Abordaremos, por �m, os aspectos da violência, diferenciando-a de conceitos vizinhos, além de aprendermos sobre como acontece a seletividade nos sistemas de justiça penal e de segurança. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 3/30 Iniciamos nosso conteúdo, destacando que a Lei n. 13.675/18, que institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), traz, claramente, a �nalidade de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio (BRASIL, 2018, Art. 1º). Não poderia ser diferente, já que essa é também uma determinação constitucional do Art. 144 da Constituição. Os operadores do sistema de segurança pública são, primeiramente, aqueles referidos no Art. 144, da Constituição. Entretanto, a Lei n. 13.675/18 regulou, de forma pormenorizada, o assunto, nos termos do seu Art. 9º. Integram, portanto, o Susp, na condição de integrantes estratégicos, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, por intermédio dos respectivos Poderes Executivos, e os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social dos três entes federados (BRASIL, 2018, Art. 9º). De outro lado, integram o Susp, na condição de integrantes operacionais: polícia federal; polícia rodoviária federal; polícias civis; polícias militares; corpos de bombeiros militares; guardas municipais; órgãos do sistema Sistema de SegurançaSistema de Segurança Pública e Sistema dePública e Sistema de Justiça CriminalJustiça Criminal 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 4/30 penitenciário; institutos o�ciais de criminalística, de medicina legal e de identi�cação; Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres; Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec); Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad); agentes de trânsito; guarda portuária (BRASIL, 2018, Art. 9º). Essa informação é relevante, porque o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública atuam na esfera do sistema da justiça penal. Embora tenham diversos entrelaçamentos entre os dois sistemas, não são instituições nele incluídas, contudo, devido à perspectiva de necessidade de diálogo entre os sistemas, há algumas disposições que preveem a sua participação. Entre as diretrizes da PNSPDS, estão a “integração entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário no aprimoramento e na aplicação da legislação penal” (BRASIL, Art. 5º, XV) e “colaboração do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública na elaboração de estratégias e metas para alcançar os objetivos desta Política” (BRASIL, Art. 5º, XVI). Além disso, há um representante do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública integrando os conselhos de segurança pública e defesa social (BRASIL, 2018, Art. 21), o que novamente denota essa perspectiva de diálogo entre os sistemas; a mesma lei determinou que o processo de avaliação das políticas de segurança pública e defesa social conte com a participação de representantes de diversos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e órgãos (Ministério Público, Defensoria Pública e Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social). A concepção que moldou tal perspectiva, sem dúvidas, foi a trazida por Janaina Camelo Homerin. Segundo a autora, uma articulação entre as diversas instituições que compõem os sistemas de justiça penal e de segurança é indispensável para corrigir as graves de�ciências ainda existentes, nos termos que segue: [...] qualquer medida, mesmo de curto prazo, só poderá surtir o efeito de aliviar a tensão no sistema prisional se encontrar o necessário respaldo do conjunto de atores envolvidos. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 5/30 Sem a articulação de esforços entre gestores públicos (União e estados), operadores do sistema de segurança e justiça (polícias, judiciário, Ministério Público e Defensoria) e poder legislativo, será muito difícil romper a lógica encarceradora que conduziu à insustentabilidade da política criminal brasileira (HOMERIN, 2017, p. 32). Esse diálogo na área de segurança pública não deve ser visto, entretanto, como uma superioridade dos pro�ssionais ou das instituições do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Ordem dos Advogados do Brasil. Na verdade, a própria autora aponta que o sistema de justiça penal também contribui com suas falhas: O funcionamento do sistema de justiça criminal brasileiro contribui fortemente, portanto, para o agravamento de vulnerabilidades de toda sorte, reforçando estigmas, reproduzindo desigualdades preexistentes e, em consequente paradoxo, alimentando o ciclo de violência. A massi�cação do encarceramento implica o desrespeito a preceitos constitucionais, como o acesso à justiça, o devido processo legal e a presunção de inocência, redundando em uma série de prisões ilegais e desnecessárias (HOMERIN, 2017, p. 32). Portanto, os sistemas de justiça penal e de segurança pública devem funcionar integrados, mantendo um permanente diálogo, a �m de encontrar as melhores respostas às questões da criminalidade e da violência. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 6/30 atividadeAtividade Leia o trecho a seguir: “Em síntese, embora encarcere contingente expressivo, o sistema de justiça investiga e pune crimes menos graves antes dos mais graves, encarcera exageradamente presos provisórios e reproduz a desigualdade social e racial." WEICHERT. Violência sistemática e perseguição social no Brasil. Revista brasileira de segurança pública. São Paulo, v. 11, n. 2, 106-129, Ago/Set, 2017. Disponível em: www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/12/RBSP21.pdf. Acesso em: 24 mar. 2019, p. 113. Considerando a a�rmativa apresentada, assinale a alternativa que indica um integrante estratégico do sistema de segurança pública: a) Ministério Público. b) Defensoria Pública. c) Poder Judiciário. d) Município. e) Ordem dos Advogados do Brasil. http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/12/RBSP21.pdf 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 7/30 Uma das disciplinas relacionadas com o tema da violência e da segurança pública é a sociologia jurídica, a qual “examina a in�uência dos fatores sociais sobre o direito e as incidências deste último na sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o social e o jurídico” (SABADELL, 2017, p. 50). Duas abordagens diferentes são possíveis para o sociólogo. A primeira perspectiva a surgir foi a positivista, segundo a quala sociologia do direito integra as ciências sociais, especi�camente, como uma parte da sociologia. Portanto, o método do direito deve permanecer o mesmo tradicionalmente formulado. A Constituição impõe o dever de o Estado promover a segurança pública, portanto é necessária uma perspectiva interdisciplinar, até mesmo para compreender o signi�cado dos seus textos normativos. Surgiu, com base em críticas nesse sentido, uma nova perspectiva: a sociologia no direito, que propõe uma leitura interna ao constatar que “não existe a neutralidade [...] e o direito é uma forma de política” (SABADELL, Relações entre Sociologia,Relações entre Sociologia, Antropologia e CiênciaAntropologia e Ciência PolíticaPolítica 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 8/30 2017, p. 47). O conhecimento sociológico, assim, deve persuadir, a aplicar um direito justo no ponto ótimo, inclusive, adequado às necessidades sociais e à realidade social. Também a antropologia pode ter duas perspectivas, conforme ilustra Norbert Rouland (2003): [...] a antropologia tem duas caras. Uma voltada para o alto-mar das sociedades longínquas, a outra para uma praia mais familiar. Uma antropologia dos fugitivos não é a minha: se me indago sobre as outras sociedades, elas me remetem constantemente para aquela que venho (ROULAND, 2003, p. 403). As análises antropológicas mais relevantes sobre a segurança pública, sem dúvidas, são aquelas destinadas a veri�car o funcionamento das sociedades tradicionais em relação à prática de condutas consideradas criminosas, desde que se atenha a essa observação, qual seja, remeter, constantemente, à sociedade do pesquisador posteriormente. Nesse sentido, uma das conclusões de Rouland (2003), em seus estudos antropológicos, foi justamente que: A pós-modernidade não consiste em virar a página da modernidade como se fecha um livro, mas em harmonizar suas aquisições com as da pré-modernidade e com os novos desa�os de poder e de civilização (ROULAND, 2003, p. 407). Alguns mecanismos da justiça criminal utilizados por esses povos tradicionais com muita frequência, até mesmo mais que as sociedades modernas ou pós- modernas, correspondem às ideias atualmente em voga, a exemplo de consensualismo, negócios jurídicos em ramos de direito público, conciliação, mediação, descentralização ou "pluralismo jurídico comunitário-participativo" (WOLKMER, 2001, p. 335). Inclusive, há muitos estudos em antropologia jurídica realizados que demonstram o quanto certas práticas atuais são condizentes com o direito 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 9/30 das sociedades tradicionais, a exemplo do modelo adotado pela justiça juvenil. Os nueres são um povo tradicional localizado no sul do Sudão e no oeste da Etiópia apontados na obra de Rouland (2003) por possuírem um sistema de punição para a prática de atos criminosos ou violentos não propriamente jurídico, mas baseado na mediação e na arbitragem. Nesse sentido, o autor o descreve como: No estrito sentido do termo, os nueres não têm direito. Ninguém é investido de funções legislativas ou judiciárias. Existem pagamentos convencionais aceitos em proveito de pessoas que sofreram certos danos - adultério cometido com a esposa, fornicação com a �lha, roubo, membro quebrado etc. -, mas tais pagamentos não constituem um sistema legal, pois não existe nenhuma autoridade constituída e imparcial que possa decidir sobre direitos ou erros (ROULAND, 2003, p. 129). Diante dessa constatação, a pergunta realizada foi: se os nueres, ainda que uma sociedade tradicional, antecipariam as justiças alternativas pós- modernas em expansão atualmente nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil. Nos Estados Unidos da América, essa tendência começou nos anos 1880, por meio da multiplicação das jurisdições arbitrais independentes dos tribunais e referia-se, principalmente, às causas comerciais. Entretanto, houve um avanço nas matérias que passaram a ser consideradas. Vejamos a citação a seguir: No decorrer do século XX, estende-se ao regulamento dos litígios menores, ocorridos entre vizinhos e indivíduos aparentados, ou os que envolvem crianças ou adolescentes (ROULAND, 2003, p. 131) Isso demonstra que não apenas o novo modelo da justiça alternativa foi bem- sucedido, mas também se �rmou gradativamente; hoje em dia, uma parte signi�cativa dos litígios não precisa ir aos tribunais. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 10/30 A antropologia, nesses termos, analisando comparativamente os modelos de justiça penal e segurança pública, propõe uma re�exão: A ciência política é uma disciplina que sofreu uma curiosa transformação. No Brasil, há muitos cientistas sociais que preferem realizar pesquisas apenas teóricas, ou seja, com baixa aplicação prática; contudo, a administração pública precisa de conhecimento, visto que a mera teoria pouco lhe ajudaria. Surgiu, desse modo, a ciência da política pública, “um campo de estudos que se desmembrou das ciências políticas e que recebeu in�uência de uma série de disciplinas, como a economia, a sociologia, a engenharia, a psicologia social, a administração pública e o direito” (SECCHI, 2017, p. 7). A partir de uma especialização das ciências políticas, portanto, nasceu a área de políticas públicas, com objetivo de “levar o conhecimento multidisciplinar, normativo e orientado à resolução de problemas aos processos de elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas” (SECCHI, 2017, p. XI). 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 11/30 A ideia de aplicar os seus métodos analíticos é para que se evite uma decisão pública realizada devido à mera manutenção da tradição por meio de imitação, repetição e preconceitos ou, pior, em razão de interesses pessoais de toda sorte, pois essas são as formas que geralmente conduzem as formulações de políticas públicas no Brasil, motivo da sensação do cidadão da sua ine�ciência. Diante do contexto de proliferação dos seus estudos, as características originais desse campo do conhecimento (normatividade, multidisciplinaridade e foco na resolução de problemas) diminuíram sua intensidade, possibilitando pesquisas mais plurais, como aponta Secchi (2017): A normatividade passou a conviver com a pesquisa positiva, neutra, contrária à explicitação de valores. A análise prescritiva voltada à resolução de problemas perdeu espaço para a pesquisa de política pública (policy research), com viés teórico. A multidisciplinaridade também cedeu espaço com a consolidação de um vocabulário próprio, esquemas de análises e referenciais teórico-metodológicos próprios do campo disciplinar de política pública (SECCHI, 2017, p. 7-8). As ciências diversas, portanto, convergem para enfrentar os problemas da segurança pública. A ciência política e a sua rami�cação interdisciplinar, a ciência das políticas públicas, dão suas contribuições, mas também as diversas disciplinas, a exemplo da sociologia e antropologia, também são convocadas para cooperar com o complexo tema da violência e da criminalidade. Nesse contexto, importa destacar que não “é no Direito Penal, porém, que se estuda o delito como fato social, que é objeto da Criminologia, baseada em pesquisas de ordem sociológica, antropológica, psicológica etc.” (REALE, 2002, p. 347). 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 12/30 atividadeAtividade Leia o trecho a seguir: "A antropologia se edi�ca, pois, no século XX, sobre bases mais sólidas. Repudia principalmente as teorias evolucionistas unilineares do século precedente e se torna ao mesmo tempo mais rigorosa e mais modesta. Longe de insistir na superioridade das culturas ocidentais, os antropólogos contestam a noção de progresso". ROULAND,N. Nos con�ns do direito. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 73. Acerca da contribuição da antropologia jurídica para a segurança pública, assinale a alternativa correta: a) A antropologia mais relevante para segurança pública é a voltada para o alto-mar das sociedades longínquas, ou seja, uma antropologia dos fugitivos. b) O direito da pós-modernidade não possui correlação com as sociedades tradicionais estudadas pelos antropólogos. c) Os povos tradicionais não conheciam institutos similares à mediação, ao pluralismo jurídico, ao consensualismo, à descentralização etc. d) A pós-modernidade consiste em virar a página da modernidade como se fecha um livro, ou seja, inicia um novo capítulo da história dissociado da pré- modernidade e da modernidade. e) Os povos tradicionais utilizam, com maior frequência do que nós, institutos que parecem corresponder aos nossos desejos atuais: mediação, pluralismo jurídico, consensualismo, descentralização etc. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 13/30 O Direito Constitucional consiste no ramo da ciência jurídica considerado primordial, pois a Constituição condiciona os campos do direito, “conferindo- lhes estrutura diversa de Estado para Estado” (REALE, 2002, p. 342). Nesse sentido, uma das principais perspectivas para se entender a história da segurança pública no Brasil é por meio da realização de um estudo das principais normas constitucionais no Brasil, em matéria de direitos e garantias penais e de segurança pública. No Brasil, ao todo, vigoraram 8 constituições. A primeira foi outorgada em 25 de março de 1824, pelo Imperador D. Pedro I, após sua elaboração por um Conselho de Estado. O ambiente histórico-cultural desse período era marcado por uma sociedade escravocrata e por um Estado monárquico e liberal. Por in�uência dos ideais liberais e do iluminismo, em seu texto existia um título sobre as disposições gerais e garantias dos direitos civis e políticos. Embora não houvesse em seu corpo qualquer disposição expressa sobre o sistema de segurança pública, nem a respeito das instituições que o integravam, algumas normas constitucionais sobre direito penal e processual História da SegurançaHistória da Segurança Pública no BrasilPública no Brasil 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 14/30 penal já estavam expressas, ainda que em um rol sucinto situado no último título do texto constitucional. Alguns exemplos de incisos do art. 179, da Constituição de 1824, que trazem direitos fundamentais a incidir no âmbito da justiça penal, são: (1) a prisão apenas podia ser executada por autoridade legítima, exceto no caso de �agrante delito; (2) ninguém podia ser sentenciado, salvo pela autoridade competente, em razão de lei anterior e na forma por ela prescrita; (3) aboliram-se açoites, torturas, marcas de ferro quente e todas as demais penas cruéis (BRASIL, 1824, Art. 179). As instituições responsáveis pela segurança pública tornaram-se, portanto, tema de legislação. No caso, uma lei instituiu e regulou a guarda nacional, instituição responsável pela segurança pública na época, além de extinguir os corpos de milícias e as guardas municipais e de ordenanças (BRASIL, 1831). Essa Constituição, como visto, foi outorgada pelo Imperador, ou seja, o Brasil não estava em um período democrático. A primeira Constituição promulgada em um regime democrático foi em 1891, a qual previu, no Título IV, Seção II, uma declaração de direitos, o que demonstra a in�uência do modelo liberal dos Estados Unidos da América estampada na nomenclatura do país adotada na época, qual seja, República dos Estados Unidos do Brasil. Entretanto, a realidade política brasileira diferenciava-se muito da referência adotada, pois “os primeiros presidentes republicanos tiveram de enfrentar revoltas internas ou foram eles mesmos adversários da constituição, suspendendo-a para ceder ao caudilhismo, a tentação autoritária sempre presente ou latente na América do Sul” (LOSANO, 2007, p. 291). A Constituição de 1891, de um lado, manteve-se igualmente omissa sobre a organização do sistema de segurança pública; do outro, reforçou a proteção no direito penal e processual penal, prevendo, por exemplo, a plena defesa e 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 15/30 o habeas corpus, e proibindo outras tantas penas (galés; banimento judicial; pena de morte, salvo legislação militar em tempo de guerra etc.). As normas da declaração de direitos se situavam no �nal do texto constitucional, após os enunciados sobre a organização dos poderes. Ressaltar tal situação é interessante, porque a atual Constituição inverte essa ordem, o que possui um forte teor simbólico. Em matéria de segurança pública, a Constituição de 1891, devido à sua in�uência do ordenamento jurídico dos Estados Unidos da América, possibilitou uma ampla atuação dos estados, conferindo-lhe maior respaldo jurídico para estruturarem as polícias civis e militares. A história constitucional brasileira aponta que a sua terceira Constituição, a de 1934, embora tenha vigorado por curto período, foi igual e democraticamente promulgada. Do ponto de visto histórico-cultural, ela inaugurou uma preocupação normativa sem precedentes no Brasil com os direitos sociais e a 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 16/30 ordem econômica e social. Nesse sentido, rompeu a tradição do liberalismo, abrindo espaço para o intervencionismo. Após dispor sobre a organização dos poderes, no Título III - Da Declaração de Direitos, especi�camente, no Art. 113, estabelece os direitos e as garantias individuais, os quais não inovam signi�cativamente em relação aos direitos fundamentais trazidos; não à toa, são chamados de direitos de primeira dimensão, sem negar, portanto, o direito de propriedade e todas as demais garantias, até então previstas. Dessa forma, a Constituição de 1934 possibilitou a intervenção do Estado no domínio econômico nos Art. 115 a 119, reconheceu os sindicatos e as associações pro�ssionais no Art. 120, e estabeleceu direitos sociais mínimos dos trabalhadores no Art. 121, os chamados direitos de segunda dimensão. Esse giro copernicano ocorrido no direito constitucional brasileiro não foi um fenômeno isolado. A Constituição Mexicana de 1917 inaugurou essa nova realidade, seguida pela Constituição Alemã de 1919, referência normativa que in�uenciou diversos países no mundo, inclusive o Brasil. Do ponto de vista do sistema de segurança pública, essa Constituição trouxe algumas disposições, ainda que tímidas. Primeiro reconheceu de modo expresso competir privativamente à União “organizar a defesa externa, a polícia e segurança das fronteiras e as forças armadas” (BRASIL, 1934, Art. 5º, inciso V) e “prover aos serviços da polícia marítima e portuária, sem prejuízo dos serviços policiais dos Estados” (BRASIL, 1934, Art. 5º, inciso XI). Previu, também textualmente, a competência privativa para legislar sobre “organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais dos Estados e condições gerais da sua utilização em caso de mobilização ou de guerra” (BRASIL, 1934, Art. 5º, inciso XIX, alínea l). Ao tratar da segurança nacional, a Constituição determinou, ainda, que as polícias militares fossem reservas do Exército, situação na qual passariam a gozar dos mesmos direitos atribuídos a ele, estivessem mobilizadas ou a serviço da União”. A sua perspectiva, portanto, foi de incluir a União em alguns aspectos do sistema da segurança pública, mesmo reconhecendo que 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 17/30 o papel principal permanecia com os Estados, até por ausência de estrutura de seus órgãos oupara realizar as polícias marítima, aérea e de fronteiras. A Constituição seguinte foi a de 1937, outorgada e inauguradora do Estado Novo, um regime autocrático. Conforme leciona Mario Losano (2007, p. 292), a “ditadura de Vargas assinalou uma forte cisão na história institucional do Brasil, tanto que se costuma distinguir a época da 'República Velha' – de 1891 a 1930 – daquela do 'Estado Novo' – de 1937 a 1945”. Dentre os retrocessos durante a sua vigência, há a suspensão dos direitos sociais trabalhistas em matéria constitucional e de diversos direitos e garantias individuais, já que o Decreto n. 10.358/1942 declarou estado de guerra no território nacional. Sem dúvidas, a suspensão dos direitos fundamentais de primeira dimensão impactou a atuação das instituições de segurança pública, as quais puderam deixar de obedecer a diversos direitos e a garantias de direito penal e processual penal, a exemplo da proibição, à exceção do �agrante delito, de a prisão se efetuar senão depois de pronúncia do indiciado, salvo os casos determinados em lei e mediante ordem escrita da autoridade competente. Além disso, o direito passou a admitir um amplo rol de hipóteses para a aplicação da pena de morte, como descreve, por exemplo, o Art. 122 da Constituição de 1937: “tentar subverter por meios violentos a ordem política e social, com o �m de apoderar-se do Estado para o estabelecimento da ditadura de uma classe social” (BRASIL, 1937). Durante o Estado Novo, a pretendida centralização na União das polícias marítima, aérea e de fronteiras começou a se desenhar, em virtude da transformação, mediante decreto presidencial, da “Polícia Civil do Distrito Federal em Departamento Federal de Segurança Pública (D.F.S.P.)” (BRASIL, 1943, Art. 1º), o qual começou a se estruturar nacionalmente. A seguir, a Constituição de 1946 realizou a primeira redemocratização brasileira, restabelecendo a normalidade dos direitos e garantias individuais no Art. 141 e dos direitos sociais trabalhistas e previdenciários no Art. 157. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 18/30 “Renascia assim uma frágil democracia, destinada a ser subjugada pela ditadura militar, que durou de 1964 a 1984 (LOSANO, 2007, p. 294)”, o que demonstra a “difícil relação com a democracia de tipo ocidental” (LOSANO, 2007, p. 293). A principal contribuição da Constituição de 1946 para o sistema de segurança pública foi obrigar, novamente, os seus principais atores a obedecerem aos direitos fundamentais de primeira dimensão. Entretanto, durante a sua vigência, que previa formalmente os direitos e as garantias individuais, novamente eles foram suspensos e não aplicados, pois os atos institucionais frequentemente os suspendiam (por exemplo, o Ato Institucional n. 5. O mérito da Constituição do regime militar foi instituir formalmente a Polícia Federal, já que, até então, havia meramente o Departamento Federal de Segurança Pública. Finalmente, em 1988, com a Constituição-cidadã, os direitos e as garantias individuais foram restabelecidos e trazidas normas democráticas de segurança pública, elencando as principais instituições ainda hoje existentes, no que foi complementada pela recente Lei n. 13.675, de 11 de junho de 2018. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 19/30 atividadeAtividade Leia o trecho a seguir: “A primeira Constituição brasileira nascia de cima para baixo, imposta pelo rei ao 'povo', embora devamos entender por 'povo' a minoria de brancos e mestiços que votava e que de algum modo tinha participação na vida política”. FAUSTO, B. História do Brasil. 14. ed. São Paulo: Edusp, 2012. Sobre a Constituição de 1824, assinale a alternativa correta: a) A prisão apenas podia ser executada por autoridade legítima, inclusive no caso de �agrante delito. A. b) Ninguém podia ser sentenciado, salvo pela autoridade competente em razão de lei anterior e na forma por ela prescrita c) Aboliram-se açoites, marcas de ferro quente e todas demais penas cruéis, não incluída expressamente a tortura na vedação. d) Previa expressamente que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. e) Dispôs expressamente sobre a guarda nacional. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 20/30 Hannah Arendt (2009) realiza importante distinção entre poder, violência e autoridade. Enquanto “o poder corresponde à habilidade humana não apenas para agir, mas também para agir em concerto” (ARENDT, 2009, p. 60) e a insígnia da autoridade é o reconhecimento para além de qualquer questionamento daqueles que foram solicitados a obedecer, a violência caracteriza-se por ser apenas um meio, um instrumento. Em termos políticos, a�rmar a distinção entre poder e violência é pouco; tecnicamente, eles são conceitos opostos. Onde houver absolutamente um, o outro não existirá, embora se reconheça que situações extremas são difíceis de veri�car na realidade. Mesma lógica deve ser usada para diferenciar a violência de autoridade. A�nal, sempre que alguma instituição ou pessoa precisa utilizar meios violentos, necessariamente, é porque a sua autoridade já foi questionada. Ilustrativo dessa situação é o exemplo trazido por Arendt (2009) do pai que agride o �lho: “Um pai pode perder a autoridade tanto ao bater em seu �lho Violência e SeletividadeViolência e Seletividade 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 21/30 quanto ao discutir com ele, ou seja, tanto se comportando em relação a ele como um tirano quanto o tratando como igual” (ARENDT, 2009, p. 62). Dúvidas não restam das diferenças entre poder, autoridade e violência, as quais, infelizmente, nem sempre são compreendidas pelos pro�ssionais que atuam nos sistemas de justiça e segurança, em que diversos autores apontam haver uma certeza seletividade de sua clientela. Zygmunt Bauman (1998) constata que todo “ano, um milhão e meio de americanos povoam as prisões americanas. Cerca de quatro e meio milhões de americanos adultos estão sob alguma forma de controle judicial” (BAUMAN, 1998, p. 59). Portanto, não se pode, num cenário desses, defender que há um Estado policial, penal e penitenciário mínimo, ao contrário. Tal circunstância também ocorre no âmbito da segurança pública brasileira, em razão de o Brasil estar na terceira posição no ranking internacional de população carcerária (CONSULTOR JURÍDICO, 2017). Como compreender o fenômeno de ampliação da atuação do Estado na esfera policial, penal e penitenciária, se aparentemente o modelo adotado se distancia do Estado mínimo, ao menos nesse campo? Embora seja um fenômeno proeminente nos Estados Unidos da América, que lidera os rankings de população carcerária, Bauman (1998, p. 60) indica que há provas do surgimento de um novo modelo universal consistente em uma radical liberdade do mercado, ao mesmo tempo que se sustenta um progressivo desmantelamento do estado de bem-estar social, vinculando tal cenário a uma propensão a punir os pobres. A violência do sistema penal e penitenciário destina-se principalmente à pureza pós-moderna, que se expressa cotidianamente com o poder punitivo sobre os hipossu�cientes. Loïc Wacquant (2003) é mais incisivo, a�rmando claramente que as prisões são “as masmorras do subproletariado”, especialmente, das pessoas de cor das cidades. Conforme o autor: 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 22/30 É su�ciente, para discernir as funções desempenhadas pela extensão desmesurada do aparelho carcerário americano no mesmo momento em que a criminalidade recua, desenhar, em linhas gerais, o per�l sociológico da "clientela" que ele recebe em seu ponto de entrada. Evidencia-se imediatamente que o meio milhão de reclusos que abarrotam as quase3.300 casas de detenção do país - e os 10 milhões que passam por seus portões a cada ano - são recrutados prioritariamente nos setores mais deserdados da classe operária, e notadamente entre as famílias do subproletariado de cor nas cidades profundamente abaladas pela transformação conjunta do salariado e da proteção social. E mostra, portanto, que, reelaborando sua missão histórica, o encarceramento serve bem antes à regulação da miséria, quiçá à sua perpetuação, e ao armazenamento dos refugos do mercado (WACQUANT, 2003, p. 33) Embora com algumas peculiaridades que merecem serem explicitadas, há um entendimento convergente, no que diz respeito à seletividade também em Michel Foucault (2009), para quem “o enxerto da prisão no sistema penal não tenha acarretado reação violenta de rejeição se deve sem dúvida a muitas razões” (FOUCAULT, 2009, p. 242). Entretanto, ele destacou a capacidade de fabricar delinquência. O início desse processo acontece com a vigilância policial, a qual fornece a matéria prima à prisão, qual seja, os infratores. Posteriormente, ela os converte em delinquentes, alvo permanente do controle policial, responsável por sempre fazerem-nos voltarem à prisão. Além de selecioná-los desse modo, a prisão também é capaz de fabricá-los de forma indireta, visto que promove a miséria às pessoas integrantes da família do presidiário. Portanto, em substituição ao criminoso eventual, há seleção e fabricação dos delinquentes, de natureza bem diferente da dos infratores eventuais e desorganizados, pois eles passam a ser organizados, hierarquizados, solidários entre si. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 23/30 atividadeAtividade Leia o trecho a seguir: “O que faz do homem um ser político é sua faculdade para a ação; ela o capacita a reunir-se com seus pares, a agir em concerto e a almejar objetivos e empreendimentos que jamais passariam por sua mente”. ARENDT, H. Sobre a violência. Tradução: André de Macedo Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 102. Assinale a alternativa correta de acordo com o pensamento de Hannah Arendt: a) A violência, de modo inequívoco, designa algo no singular, uma entidade individual; é a propriedade inerente a um objeto ou pessoa e pertence ao seu caráter. b) O poder distingue-se pelo seu caráter instrumental. c) Um exemplo de manifestação de poder é a utilização de uma arma de fogo para obter a ação em concerto dos demais envolvidos. d) O poder corresponde à habilidade humana não apenas para agir, mas para agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um indivíduo: pertence a um grupo e permanece em existência apenas enquanto este se conserva unido. e) A insígnia da violência é o reconhecimento inquestionável daqueles a quem se pede que obedeçam. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 24/30 indicações Material Complementar LIVRO Dos delitos e das penas Cesare Beccaria Editora: Martin Claret ISBN: 9788572328203 Comentário: Embora não tenha conferido importância à prisão, Cesare Beccaria idealizou os princípios que regem o direito penal moderno fundado nas ideias iluministas, motivo pelo qual a sua leitura permite compreender melhor os alicerces da atual prática e os limites em matéria de segurança. 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 25/30 FILME Carandiru Ano: 2003 Comentário: No �lme, observamos um exemplo de ação policial violenta contra os prisioneiros da Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru. Para os defensores de uma mera opressão, até mesmo com prática de atos ilegais contra os investigados, acusados ou culpados, a questão é se a medida repressiva adotada cooperou com a redução das taxas de criminalidade ou apenas ajudou a aumentá-las. T R A I L E R 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 26/30 conclusão Conclusão Nesta unidade, vimos que os sistemas de segurança pública e de justiça criminal interagem na elaboração da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, embora o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil não integrem o Sistema Único de Segurança Pública. Além disso, aprendemos que os problemas da área de segurança pública demandam uma solução interdisciplinar, sendo certo que a sociologia, a antropologia e a ciência política, especialmente a ciência das políticas públicas, contribuem bastante para sua correta compreensão. A história da segurança pública no Brasil indica que houve oscilações entre regimes autoritários e democráticos; em cada um desses períodos, o regime jurídico incidente sobre as instituições de segurança pública ganhava contornos relativamente bem delineados. Aprendemos também que violência, cuja instrumentalidade é o marco característico, não se confunde com o poder e com a autoridade. Além disso, analisamos que as instituições da segurança pública e da justiça penal são seletivas quanto à sua clientela. referências 09/05/2019 Ead.br https://fadergsead.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 27/30 Referências Bibliográ�cas ARENDT, H. Sobre a violência. Tradução: André de Macedo Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 102. BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução: Mauro Gama, Cláudia Martinelli Gama. Revisão técnica: Luís Carlos Fridman. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. BRASIL. 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