Buscar

Evolução da proteção social

Prévia do material em texto

EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL
A primeira referência histórica à proteção social no Brasil é a criação, em 1543, da Santa Casa de Misericórdia de Santos por Brás Cubas, o que também ocorreu na Bahia, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, em Olinda e em São Paulo. Eram entidades voltadas para a assistência de enfermos e inválidos. Em 1795, foi criado o Plano dos Oficiais da Marinha, assegurando o pagamento de pensão de meio soldo às viúvas e às filhas do oficial falecido. Todavia, o primeiro documento legislativo a tratar de Proteção Social no Brasil foi a Constituição de 1824, a qual dedicou o inciso XXXI de seu art. 179 aos denominados “socorros públicos”, uma espécie de Santa Casa de Misericórdia (Assistência Social). Em 1835, o Governo Imperial aprovou o Montepio Geral dos Servidores do Estado, o MONGERAL, entidade assemelhada à previdência privada. Em 1889, foi criada a Caixa de Pensões dos Operários da Imprensa Nacional. A Constituição brasileira de 1891, no art. 75, previa a aposentadoria por invalidez aos funcionários públicos que se acidentassem em serviço.
II.I – A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n. 4.682/1923) é indicada como o marco do surgimento da proteção social no Brasil; inclusive, a data de sua edição é o aniversário da Previdência Social (24 de janeiro). A referida norma contemplou os ferroviários, uma das poucas classes organizadas, já que, naquela época, nosso país tinha uma economia basicamente rural. O modelo implantado previa a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s) por empresa de ferrovia, sem a participação do governo em sua administração, cujo papel limitava-se a autorizar a sua criação. Era uma espécie de Previdência Privada, com contribuições do empregado e do empregador. Posteriormente, a Lei n. 5.109, de 20 de dezembro de 1926, estendeu o Regime da Lei Eloy Chaves aos portuários e marítimos, e a Lei n. 5.485, de 30 de junho de 1928, o estendeu aos trabalhadores dos serviços telegráficos e radiotelegráficos.
II.II – Período do Presidente Getúlio Vargas Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, tendo como uma das atribuições orientar e supervisionar a Previdência Social, inclusive como órgão de recursos das decisões das Caixas de Aposentadoria e Pensões. Nesse momento, o Estado brasileiro começou a assumir o controle do sistema de previdência (década de 30), enfraquecendo o modelo de previdência por empresa de ferrovia e passando a adotar o modelo por categoria profissional. Assim, foram criadas autarquias denominadas Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP’s). Nesse contexto, foram criados, durante a década de 30, os seguintes IAP’s: 
• Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos – IAPM (1933)
• Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários – IAPC (1933) 
• Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Trabalhadores em Trapiches e Armazéns (1934) 
• Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Operários Estivadores (1934) 
• Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários – IAPB (1934) 
• Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários – IAPI (1936) 
• Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado – IPASE (1938) 
II.III – Constituição de 1934 A Constituição de 1934 foi a primeira a utilizar a palavra “previdência” e prever a tríplice forma de custeio, ou seja, governo, trabalhadores e empregadores deveriam contribuir para a manutenção da Previdência Social. Lembre-se de que, no modelo da Lei Eloy Chaves (CAP’s), somente trabalhadores e empregadores contribuíam para o sistema. Conforme previsto em seu artigo 124, § 1º, h, era instituída a previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de trabalho ou de morte.
II.IV – Constituição de 1937 e de 1946 A Constituição de 1937 utilizou pela primeira vez a expressão “seguro social”. A Constituição brasileira de 1946 abandonou o termo “seguro social”, substituindo-o pelo termo “Previdência Social”. 
II.V – Unificação da Legislação A Lei n. 3.807, de 26 de agosto de 1960, conhecida como Lei Orgânica de Previdência Social – LOPS, unificou a legislação referente aos IAP´S – Institutos de Aposentadorias e Pensões, já que, antes, cada Instituto possuía legislação própria.
II.VI – Criação do INPS Após a unificação da legislação dos IAP’s em 1960, por meio da Lei n. 3.807/1960, estava aberto o caminho para a unificação dos referidos institutos, o que ocorreu com o Decreto-Lei n. 72, de 21 de novembro de 1966, que, em seu artigo 1º, previa: Art 1º Os atuais Institutos de Aposentadoria e Pensões são unificados sob a denominação de Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). No entanto, considerando que o mencionado Decreto-Lei só entrou em vigor no ano de 1967, podemos concluir que, efetivamente, o INPS só foi criado em 1967, mesmo ano em que o acidente do trabalho foi incorporado à previdência pública (INPS).
II.VII – Década de 70 
• Inclusão dos empregados domésticos na Previdência Social.
• Criação do Ministério da Previdência e Assistência Social, desmembrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social. 
• Criação da Dataprev. 
• Marco regulatório da Previdência Privada no Brasil. 
II.VIII – Por intermédio da Lei no 6.439/1977, cria-se o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – o Sinpas – sob a orientação, coordenação e controle do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, com a finalidade de integrar as funções atribuídas às entidades, as quais são descritas abaixo:
• Instituto Nacional da Previdência Social – INPS. Função: conceder e manter os benefícios e outras prestações em dinheiro. Ou seja, o INPS fica apenas com a parte de concessão e manutenção de benefícios, semelhante ao que é o atual INSS.
• Instituto de Administração Financeira da Previdência Social – Iapas. Função: promover a arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições e demais recursos destinados à Previdência e Assistência Social. Ou seja, exercia a função do custeio, semelhante à atual Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no que diz respeito à arrecadação das contribuições previdenciárias.
• Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – Inamps. Função: prestar assistência médica. Atualmente, essa competência pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS).
• Central de Medicamentos – Ceme. Função: distribuir medicamentos às pessoas carentes. Atualmente, essa competência pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS). 
• Fundação Legião Brasileira de Assistência – LBA. Função: prestar assistência às pessoas carentes. Atualmente, essa função pertence, em nível federal, à Secretaria Especial do Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania. 
• Fundação Nacional do Bem-estar do Menor – Funabem. Função: prestar assistência ao bem-estar do menor. 
• Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – Dataprev. Função: prestar serviço de processamento de dados. 
II.IX. Constituição de 1988 Inaugurou o novo modelo de proteção social denominado de Seguridade Social, que é definido pelo art. 194 da CF/88 da seguinte forma: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
A Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, dispôs sobre a organização da Seguridade Social e instituiu seu novo Plano de Custeio, e a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, instituiu o Plano de Benefícios da Previdência Social. Atualmente, o Decreto n. 3.048/1999 regulamenta as Leis n. 8.212/1991 e 8.213/1991. Recentemente, a legislação previdenciária sofreu várias alterações por intermédio das Leis n. 13.063/2014, 13.134/2015, 13.135/2015, 13.146/2015, 13.172/2015, 13.183/2015, 13.202/2015, da Lei Complementar n. 150/2015 e da Lei n. 13.457/2017. 
II.X – Criação da Super Receita Na época do SINPAS, a Lei n. 6.439/1977 previa a Competência do IAPAS para promover a arrecadação, fiscalização e cobrançadas contribuições e dos demais recursos destinados à previdência e assistência social. Com a unificação do INPS com o IAPAS, em 1990, (INPS + IAPAS = INSS), por intermédio da Lei n. 8.029/1990, a atribuição de fiscalizar e arrecadar ficou a cargo da nova autarquia, ou seja, do INSS. Posteriormente, a Lei n. 11.098/2005 atribuiu à Secretaria da Receita Previdenciária, órgão do Ministério da Previdência Social, as competências relativas à arrecadação, à fiscalização, ao lançamento e à normatização de receitas previdenciárias. Pouco tempo depois, a Lei n. 11.457/2007 transferiu a competência de arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar as receitas previdenciárias para a Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão do Ministério da Fazenda. Em breve resumo, o INSS perdeu a competência para fiscalizar as receitas previdenciárias, sendo essa atribuição, atualmente, exercida pela Receita Federal.

Continue navegando