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Afogamentos Prof. José Cláudio Carvalho Cordeiro AFOGAMENTO O afogamento é o resultado da dificuldade ou da impossibilidade de respirar por afundamento em qualquer líquido. Pode levar à parada cardiorrespiratória e ao estado de choque. Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos, as atividades cerebrais cessarão totalmente, causando a morte. Por essa razão é necessário realizar socorro rápido e imediato. No Brasil, o afogamento é a 2ª causa de morte entre 5 e 14 anos de idade. No Rio de Janeiro tem o maior número de resgates em todo o mundo. Os homens, em maioria solteiros, representam mais da metades das mortes por afogamentos, conforme podemos verificar no gráfico abaixo. COMO AGIR? - Retirar rapidamente a vítima da água com uma boia, se não puser em risco a sua própria vida. - Chamar uma ambulância ou SAMU ligando para o 192. - Se a vítima estiver inconsciente e não respirar, começar imediatamente a fazer respiração boca a boca e massagem cardíaca até a vítima voltar a respirar. - Virar a cabeça da vítima para o lado para que ela consiga expelir a água ingerida; - Deitar a vítima de lado, em posição lateral de segurança, caso ela comece a respirar; - Tirar a roupa molhada e aquecer a vítima com cobertores ou bolsas quentes; - Aguardar a chegada da ambulância e ajuda médica. A vítima, geralmente, apresenta pulso fraco, perda de consciência e queda de temperatura. Pode ter a pele de cor azulada ou extremamente pálida. COMO PREVINIR? - Após ingerir alimentos espere no mínimo 1 hora para entrar na água (evitando congestão alimentar). - Se ingerir bebida alcoólica, não entre na água. - Evite pular na água em locais desconhecidos, pois muitas pessoas se acidentam batendo com a cabeça em pedras, galhos e no fundo de rios. - Procure se banhar em locais onde haja salva-vidas, pois a quase totalidade dos afogamentos acontece em locais desprotegidos. - Respeite a sinalização do local e a orientação dos salva-vidas. - Converse com o salva-vidas antes de entrar na água. Ele pode fornecer dicas valiosas sobre correnteza, buracos e locais de maior risco para banho. - Crianças devem ser incentivadas a aprenderem a flutuar a partir de um ano e nadar a partir de quatro anos. - Mantenha atenção constante nas crianças. - Nunca nade sozinho. - Prefira sempre nadar em águas rasas. SE VOCÊ FOR O AFOGADO, O QUE FAZER? • Mantenha a calma – a maioria das pessoas morre por conta do desgaste muscular desnecessário na luta contra a correnteza. • Mantenha-se apenas flutuando e acene por socorro. Só grite se realmente alguém puder lhe ouvir, caso contrário você estará se cansando e acelerando o afogamento. Acenar por socorro geralmente é menos desgastante e produz maior efeito. • No mar, uma boa forma de se salvar é nadar ou deixar se levar para o alto mar, fora do alcance da arrebentação e a favor da correnteza, acenar por socorro e aguardar. Ou se você avistar um banco de areia, tentar alcançá-lo. • Em rios ou enchentes, procure manter os pés à frente da cabeça, usando as mãos e os braços para dar flutuação. Não se desespere tentando alcançar a margem de forma perpendicular, tente alcançá-la obliquamente, utilizando a correnteza a seu favor. COMPORTAMENTOS ASSOCIADOS COM AFOGAMENTO Sinais: - Cabeça baixa na água, boca no nível da água e falta de equilíbrio na vertical. - Cabeça inclinada para trás com a boca aberta. - Olhos vidrados e vazios, incapazes de focar. - Olhos abertos, com expressão de medo evidente no rosto. - O cabelo pode ir para o rosto, mas a pessoa não tenta tirá-lo da face. - Hiperventilação ou respiração ofegante. - Parece tentar nadar em uma determinada direção, mas não faz progressos. - Parece tentar rolar nas costas para flutuar. - Incontrolável movimento de braços e pernas. - A pessoa parece não ter resposta, não chama ou acena. Sintomas: - Náuseas - Vômitos - Dor de cabeça e no peito - Hipotermia - Espuma rosada na boca e no nariz - Queda da pressão arterial - Apneia e parada cardiorrespiratória Se você for o socorrista – cuidado para não se tornar a vítima Decida o local por onde irá atingir ou ficar mais próximo da vítima. Tente realizar o socorro sem entrar na água Se a vítima se encontra a menos de 4 m (piscina, lagos, rios), estenda um cabo, galho, cabo de vassoura para a vítima. Se estiver a uma curta distância, ofereça sempre o pé ao invés da mão para ajudá-la – é mais seguro. Se a vítima se encontra entre 4 e 10 m (rios, encostas, canais), atire uma boia (garrafa de 2 litros fechada, tampa de isopor, bola), ou amare-a a uma corda e atire a vítima segurando na extremidade oposta. Deixe primeiro que a vítima se agarre ao objeto e fique segura. Só então a puxe para a área seca. Se for em rio ou enchentes, a corda poderá ser utilizada de duas formas: Cruzada de uma margem a outra obliquamente, de forma que a vítima ao atingi-la será arrastada pela corrente à margem mais distante; ou fixando um ponto a margem e deixando que a correnteza arraste-a para mais além da mesma margem. Se você decidiu entrar na água para socorrer Avise a alguém que você tentará salvar a vítima e que chame socorro profissional. Leve consigo sempre que possível algum material de flutuação (prancha, bóia, ou outros). Retire roupas e sapatos que possam pesar na água e dificultar seu deslocamento. É válida a tentativa de se fazer das calças um flutuador, porém isto costuma não funcionar se for sua primeira vez. Entre na água sempre mantendo a visão na vítima. Pare a 2 m antes da vítima e lhe entregue o material de flutuação. Sempre mantenha o material de flutuação entre você e a vítima. Nunca permita que a vítima chegue muito perto, de forma que possa lhe agarrar. Entretanto, caso isto ocorra, afunde com a vítima que ela lhe soltará. Deixe que a vítima se acalme, antes de chegar muito perto. Se você não estiver confiante em sua natação, peça a vítima que flutue e acene pedindo ajuda. Não tente rebocá-la até a borda da piscina ou areia, pois isto poderá gastar suas últimas energias. As pessoas precisam ficar calmas, o pânico pode afetar o seu desenvolvimento na água, portanto quando for resgatar alguém, procure manter a calma. Durante o socorro, mantenha-se calmo e, acima de tudo, não exponha você ou a vítima a riscos desnecessários. GRAUS DE AFOGAMENTO: Grau 1: Tosse sem espuma na boca ou nariz. As vítimas aspiraram uma quantidade mínima de água, suficiente para produzir tosse. Geralmente tem um aspecto geral bom, e a ausculta pulmonar normal ou com sibilos ou roncos, sem o aparecimento de estertores sendo que seu nível de consciência é bom com a vítima apresentando lucidez, porém podem estar agitadas ou sonolentas. Tais vítimas sentem frio e tem suas frequências cardíacas e respiratórias aumentadas devido ao esforço físico, estresse do afogamento e também pela descarga adrenérgica. Não apresentam secreções nasais e bocais e podem ainda estar cianóticas devido ao frio. TRATAMENTO: - Verificação dos sinais vitais - Fazer a vítima repousar - Tranquilizar - Aquecer - Conduzir ao hospital caso necessário GRAUS DE AFOGAMENTO: Grau 2: Pouca espuma na boca e/ou nariz. É apresentado pelas vítimas que aspiram quantidade de água suficiente para alterar a troca gasosa (O2 – CO2). São vítimas lúcidas, agitadas ou desorientadas, e se for constatada cianose, nos lábios e dedos, temos o comprometimento do sistema respiratório. Verifica-se também o aumento das frequências cardíacas e respiratórias, sendo notada também a presença de estertores durante a auscultação pulmonar de intensidade leve a moderada, em alguns campos do pulmão. TRATAMENTO: - Verificação dos sinais vitais - Aquecimento corporal - Apoio psicológico - Tratar estado de choque - Atendimento médico especializado GRAUS DE AFOGAMENTO: Grau 3: Muita espuma na boca e/ou nariz com pulso radial palpável. A vítima aspira uma quantidade importante de água, apresentando sinais de insuficiência respiratória aguda, com dispnéia intensa (dificuldade respiratória), cianose de mucosas e extremidades,estertoração intensa, indicando um edema pulmonar agudo, e também a presença de secreção nasal e bocal. Deve-se tomar cuidados com as vítimas no que tange à vômitos, pois pode ser um fator de agravamento caso não sejam tomadas medidas para evitar a aspiração. Para evitar que haja aspiração de vômito, deve-se virar a cabeça da vítima para o lado. No grau 3 a vítima apresenta nível de consciência de agitação psicomotora ou torpor (acorda se estimulado intensamente) e apresenta também taquicardia (frequência cardíaca acima de 100 batimentos por minuto), contudo sem hipotensão arterial (pressão arterial sistólica menor que 90mmHg). TRATAMENTO: - Verificação dos sinais vitais - Ministrar O2 de 10 a 15 Lpm, devido à dispnéia - Aquecimento corporal - Tratar o estado de choque - Atendimento médico especializado GRAUS DE AFOGAMENTO: Grau 4: Muita espuma na boca e/ou nariz sem pulso radial palpável. Assemelha-se muito com o de grau 3, no que tange à quantidade de água aspirada, porém o nível de consciência pode variar de agitação ao coma sendo que a vítima quando em coma não desperta mesmo com estímulo doloroso intenso. A vítima apresenta taquicardia e também um quadro de hipotensão ou choque. Cabe lembrar que as diferenças entre o grau 3 e o grau 4 só serão importantes para o atendimento hospitalar, sendo que para o socorrista o procedimento não difere muito de um caso para o outro. TRATAMENTO: - Verificar sinais vitais - Ministrar O2 de 10 a 15 Lpm - Aquecer a vítima - Tratar o estado de choque - Atendimento médico especializado GRAUS DE AFOGAMENTO: Grau 5: Parada respiratória, com pulso carotídeo ou sinais de circulação presente. A vítima apresenta-se em apnéia (parada respiratória), contudo apresenta pulso arterial, indicando atividade cardíaca. Apresenta um quadro de coma leve a profundo (inconsciente) com cianose intensa grande quantidade de secreção oral e nasal. TRATAMENTO: - Verificação dos sinais vitais - Efetuar ventilação na vítima (boca a boca) - Aquecer a vítima - Tratar o estado de choque - Atendimento médico especializado GRAUS DE AFOGAMENTO: Grau 6: Parada Cardiorrespiratória (PCR) Trata-se da Parada Cardiorrespiratória, representada pela apnéia e pela ausência de batimentos cardíacos. TRATAMENTO: - Reanimação Cardiopulmonar - RCP (30 compressões cardíacas + 2 boca a boca) - Tendo sucesso na RCP, deve-se aquecer a vítima - Tratar o estado de choque - Atendimento médico especializado 3 FATOS SOBRE AFOGAMENTO Muitas pessoas têm verdadeira fobia de água, têm pavor de se imaginar em alto-mar ou até mesmo em um rio raso. Mas saiba que afogamento é mesmo coisa muito séria: o pulmão grita por oxigênio e o desespero de não conseguir respirar é imenso. Só quem já passou por isso é que pode descrever o quanto tudo isso é apavorante. 1: Um lago onde as vítimas nunca são encontradas: 2: Água doce e água salgada provocam afogamentos diferentes: 3: Afogamento Atrasado: Em 2008, Johnny Jackson, uma criança autista de apenas 10 anos, nadava em uma piscina com sua mãe que o olhava atentamente. Mesmo usando boias, Johnny se afogou e engoliu uma certa quantidade de água. Ele cuspiu, tossiu e conseguiu voltar ao normal, sem apresentar qualquer dificuldade para respirar. Quando voltou para casa, a mãe deu-lhe um banho e colocou-o para dormir. Minutos depois, Johnny espumava pela boca e seus lábios estavam azuis. A água que havia inalado vagarosamente sugou o oxigênio de seus pulmões. Ele morreu de parada cardíaca a caminho do hospital e os médicos disseram que aconteceu uma condição rara conhecida como “afogamento atrasado”. Qual é a diferença entre Água doce e salgada em relação a Afogamentos? A maioria das pessoas acham que nadar no mar é bem mais perigoso do que nadar em um lago, tudo por causa das ondas e maré que levam o banhista para longe. Mas engana-se redondamente quem pensa dessa forma. 90% dos casos de afogamento ocorrem dentro da água doce. Não acredita? A gente explica. A água doce é bem mais parecida com a composição do nosso sangue do que a água salgada. Quando inalada para os pulmões, ela passa para a corrente sanguínea fazendo nossos glóbulos vermelhos incharem e estourarem imediatamente, diluindo o sangue, levando à insuficiência do órgão. Tudo isso pode demorar não mais do que 3 minutos para acontecer e levar a vítima à morte. As águas do oceano levam muito mais sal do que o nosso sangue. Quando a água salgada é inalada, o corpo regula-se para não levar a água para dentro dos pulmões, tornando o sangue mais espesso por conta do sal, portanto, ao invés de inchar, nossas hemácias "secam". Todo o processo leva em torno de 10 minutos, permitindo uma chance muito maior de resgate/salvamento. Porém, ambos sofrem Hipóxia. O tratamento é o mesmo. O QUE ACONTECE NO CORPO DURANTE O AFOGAMENTO? A pessoa aspira muita água, que encharca os pulmões, causando asfixia, inconsciência e até a morte. O afogamento é a quarta causa de morte acidental em adultos e uma das três principais em crianças. Por ano, acontecem 500 mil afogamentos no mundo. Entre os adultos, metade dos acidentes está relacionada ao consumo de bebida alcoólica, enquanto na infância o afogamento ocorre por falta de vigilância dos pais. Falta de conhecimento do local de mergulho, excesso de confiança e exaustão ao nadar são outros motivos que provocam esse tipo de acidente. POR ÁGUA ABAIXO No afogamento, água entra pelo nariz, invade os pulmões e detona células do sangue. 1- No início do afogamento, a pessoa se debate, tentando se manter na superfície. Ela prende a respiração o quanto pode e aspira, sem querer, pequenas quantidades de água, o que provoca o fechamento da laringe, órgão situado entre a traquéia e a base da língua. Esse é um mecanismo de defesa do nosso corpo para que a água não inunde os pulmões. 2- Depois de alguns minutos, a laringe relaxa e a pessoa involuntariamente respira debaixo d'água, aspirando e engolindo grande quantidade de água. Parte do líquido vai para o estômago e o restante segue o mesmo caminho do ar: percorre a traquéia e chega aos pulmões, passando por brônquios, bronquíolos e alvéolos. 3- Com o pulmão encharcado, a troca gasosa (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico) não funciona mais. A redução da taxa de oxigênio causa danos em todos os tecidos, principalmente nos que precisam de mais ar, como as células nervosas. O cérebro é gravemente lesionado e a pessoa fica inconsciente. 4- Depois de chegar aos alvéolos, a água entra no sangue e penetra nos glóbulos vermelhos, destruindo-os. Com isso, o potássio presente nessas células vaza para o plasma sanguíneo. Em concentração elevada, o potássio é fatal: ele acaba com a diferença de carga dentro e fora da célula, impedindo a transmissão dos impulsos nervosos e, assim, a contração muscular. Com isso, o coração pode parar de bater. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diversão na água exige responsabilidade e prudência. Caso contrário, a diversão pode ir por água abaixo, ou melhor, por água adentro! OBRIGADO!
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