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0553 - Introdução ao Estudo do Direito, Legislação Social e Cidadania

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Prévia do material em texto

(
Introdução ao Estudo do Direito, Legislação Social e Cidadania
) (
2º SEMESTRE 
)
Créditos e Copyright
 
 (
MARCONDES, Luciana Nogueirol Lobo.
                  
 
Introdução ao Estudo do Direito, Legislação Social e Cidadania
. Luciana Nogueirol Lobo Marcondes. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2011. 101p. (Material didático. Curso de Serviço Social).
                 Modo de acesso:
 
www.unimes.br
                  1. Ensino a distância. 2. Serviço Social. 3. Introdução ao Estudo do Direito, Legislação Social e Cidadania. I. Título
                                                                                               CDD 301
)
 
 
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
Copyright (c) Unimes Virtual
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, COMERCIAIS, CONTÁBEIS E ECONÔMICAS
PLANO DE ENSINO
 
CURSO: Bacharelado em Serviço Social
COMPONENTE CURRICULAR: Introdução ao Estudo do Direito, Legislação Social e Cidadania
SEMESTRE: 2º
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas
 
EMENTA: 
A estrutura do Estado; a divisão dos poderes e as Instituições responsáveis pela efetivação dos Direitos e Garantias Fundamentais à cidadania. O Direito e sua relação com a Constituição Federal e as Legislações Ordinárias no Brasil. Instrumentos Jurídicos de defesa do cidadão: ação popular, Habeas data, Habeas corpus, Mandado de segurança e de injunção. A legislação social e seus regulamentos: LOAS e ECA (Lei Orgânica da Assistência Social e Estatuto da Criança e do Adolescente), Estatuto do Idoso, direitos de pessoas com necessidades especiais. Lei Maria da Penha, meio ambiente e seguridade social.
OBJETIVO GERAL: 
Estudar nossa Carta Magna para compreender a estrutura do Estado democrático de Direito, a divisão dos Poderes e nossa legislação social.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
Unidade I : INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO
Reflexão sobre o homem e sua vida em sociedade, mostrando a importância do Direito na comunidade.
Unidade II: ESTRUTURA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Apresentar as diversas características que um texto constitucional pode ter, bem como demonstrar as existentes na Lei Maior Brasileira.
Unidade III: DA DIVISÃO DOS PODERES
Explicar os Poderes presentes na atual Constituição Brasileira, bem como a divisão destes.
Unidade IV: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Adentrar no texto constitucional propriamente dito, mostrando alguns dos direitos mais relevantes a todos.
Unidade V: A LEGISLAÇÃO SOCIAL E SEUS REGULAMENTOS
Abordar alguns pontos específicos da assistência a sociedade tutelada pelo Direito.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
Unidade I: INTRODUÇÃO AO MUNDO DO DIREITO
Aula 01: O homem e a sociedade
Aula 02: Conceito e características do Direito
Aula 03: Sanção no Direito
Aula 04: Direito e Justiça
Aula 05: Fontes do Direito
Aula 06: Lacunas e Meios de Integração do Direito
Aula 07: Ramos do Direito
Unidade II: ESTRUTURA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Aula 08: Conceito de Constituição
Aula 09: Características da Constituição Federal de 1988
Aula 10: Interpretação da Carta Magna de 1988
Aula 11: O Poder Constituinte
Aula 12: Emenda Constitucional
Aula 13: Cláusulas Pétreas
Unidade III: DA DIVISÃO DOS PODERES
Aula 14: Da organização do Estado
Aula 15: Poder Executivo
Aula 16: Poder Legislativo
Aula 17: Poder Judiciário
Aula 18: O princípio da separação dos Poderes
Aula 19: Breves comentários sobre o Ministério Público
Unidade IV: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Aula 20: Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
Aula 21: Alguns dos direitos previstos no artigo 5º da Carta Magna
Aula 22: Habeas Corpus
Aula 23: Mandado de Segurança e Habeas Data
Aula 24: Mandado de Injunção
Aula 25: Ação popular e Ação Civil Pública
Unidade V: A LEGISLAÇÃO SOCIAL E SEUS REGULAMENTOS
Aula 26: Seguridade Social
Aula 27: Lei Orgânica da Assistência Social
Aula 28: Estatuto da Criança e do Adolescente
Aula 29: Estatuto do Idoso
Aula 30: Direitos das pessoas com necessidades especiais
Aula 31: Lei Maria da Penha
Aula 32: Meio Ambiente e o Direito
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
NUNES, Rizzatto. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 9ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 27ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
BRASIL. Leis, decretos. Constituição da República Federativa do Brasil. 45ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
MACHADO, Costa (org). Constituição Federal Interpretada. 4ª Ed. Barueri/SP: Edições Manole, 2013.  (Biblioteca Digital Pearson)
MARTINS, Sergio Pinto. Constituição, CLT. São Paulo: Atlas, 2007.
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Lei nº 11.340 de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
Lei Maria da Penha. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
 
 
METODOLOGIA
A disciplina esta dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/ aprendizagem.
AVALIAÇÃO
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos, como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
	
Sumário
Aula 01 - O homem e a sociedade	10
Aula 02 - Conceito e características do Direito	12
Aula 03 - Sanção no Direito	14
Aula 04 - Direito e Justiça	16
Aula 05 - Fontes do Direito	18
Aula 06 - Lacunas e Meios de Integração do Direito	19
Aula 07 - Ramos do Direito	21
Aula 08 - Conceito de Constituição	23
Aula 09 - Características da Constituição Federal de 1988	25
Aula 10 - Interpretação da Carta Magna de 1988	28
Aula 11 - O Poder Constituinte	30
Aula 12 - Emenda Constitucional	32
Aula 13 - Cláusulas Pétreas	34
Aula14 - Da organização do Estado	36
Aula 15 - Poder Executivo	38
Aula 16 - Poder Legislativo	41
Aula 17 - Poder Judiciário	43
Aula 18 - O princípio da separação dos Poderes	45
Aula 19 - Breves comentários sobre o Ministério Público	47
Aula 20 - Características dos Direitos e Garantias Fundamentais	49
Aula 21 - Alguns dos direitos previstos no artigo 5º da Carta Magna	51
Aula 22 - Habeas Corpus	53
Aula 23 - Mandado de Segurança e Habeas Data	54
Aula 24 - Mandado de Injunção	56
Aula 25 - Ação popular e Ação Civil Pública	58
Aula 26 - Seguridade Social	61
Aula 27 - Lei Orgânica da Assistência Social	63
Aula 28 - Estatuto da Criança e do Adolescente	66
Aula 29 - Estatuto do Idoso	70
Aula 30 - Direitos das pessoas com necessidades especiais	73
Aula 31 - Lei Maria da Penha	76
Aula 32 - Meio Ambiente e o Direito	78
 (
Núcleo de Educação a Distância
) (
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
)
 (
SERVIÇO SOCIAL
)
Aula 01 - O homem e a sociedade
Iniciamos nossa primeira aula situando o homem dentro do mundo do direito. Como sabemos o homem, desde o iní-cio da história, é um ser sociável, pois sempre viveu em grupos, ou seja, o homem necessita viver em sociedade. Isto decorre de seu impulso associativo, imprescindível, inclusive, para a sobrevivência da espécie. Não dá para imaginaro homem vivendo isolado.
E este fenômeno da vida em grupo não ocorre apenas com o homem. Os animais também vivem dessa forma. Basta olhar para o céu e observarmos as aves; no mar e no rio e atentarmos para os vários grupos de peixes. Entretanto, enquanto os animais vivem em grupo exclusivamente por instinto, no que concerne ao homem, prepondera o elemento vontade, que é inerente a sua condição humana.
Percebemos que o homem encontra-se inserido em grupos menores, como a família, o condomínio, o bairro onde vive, um clube, a escola, os colegas de trabalho. Finalmente, ele faz parte de um município, de uma nação, do Estado (país). Nós somos um exemplo de vivência ainda mais intensa e expressiva, em razão da internet, e é graças a ela que agora estamos convivendo, trocando experiências.
Na verdade a vida em grupo humana se dá porque somos dotados de duas características básicas, a sociabilidade e a politicidade:
Sociabilidade- revela-se pelo impulso que o homem tem de viver junto de seu semelhante, trocando experiências, emoções, comunicando-se.
Politicidade- envolve as várias relações que os homens mantém entre si, por integrarem a mesma comunidade.
E na medida em que o homem se integra em grupos, vai assumindo papéis e responsabilidades perante o próximo e perante a comunidade como um todo. Revela-se, então, o ser político que ele é. Paralelamente, passa a ser titular de direitos e obrigações.
Consequentemente surgem conflitos que podem ser solucionados, antes mesmo da aplicação propriamente dita do direito (leis), através da aplicação de regras de moral, religião e trato social. Muitos conflitos sociais não
chegam ao judiciário em decorrência de uma postura moral, ou devido a comportamentos religiosos que acabam por solucionar a lide.
Saiba mais!
Ao analisar as características do direito, da moral e da religião, verifica-mos diferenças pontuais, pois enquanto no direito temos a heteronomia, bilateralidade e a coercibilidade, na moral e na religião denota-se a pre-sença da autonomia, unilateralidade e incoercibilidade. Ou seja, a pessoa deve cumprir uma norma legal mesmo que discorde dela, e caso não o faça poderá ser forçado a fazê-lo.
Ademais, para a lei, enquanto uma pessoa ostenta direitos, outra, certa-mente, apresenta obrigações. Por exemplo, se uma pessoa reside em um condomínio, diante das determinações legais, essa tem o dever de pagar as despesas condominiais, queira ou não queira, ache justo ou não, pois assim determinam as regras de direito. Caso não o faça, poderá o condo-mínio ingressar em juízo obrigando o cumprimento desse dever.
Por outro lado, não há que se falar em cumprimento de uma regra moral ou religiosa se a pessoa não estiver agindo de acordo com sua vontade, com aquilo que acredita e tem a intenção de fazer. Além disso, se uma regra moral ou religiosa não for cumprida, as demais pessoas não podem obrigar sua realização.
Até a nossa próxima aula!
Qualquer dúvida que você tenha no decorrer de nosso curso, traga até nós.
Aula 02 - Conceito e características do Direito
Na aula de hoje vamos analisar o conceito de direito e seus significados. A história do direito é, na verdade, a história da própria evolução da vida. Todas as regras disciplinadoras da vida em sociedade recebem o nome de Direito. Ex. direito à felicidade, direito à vida digna, direito de ser respeitado em seu ambiente de trabalho, etc.
A finalidade maior do direito é realizar e regular as relações humanas, buscando a paz e a prosperidade no meio social, impedindo e reprimindo a desordem, os crimes. Sem o Direito imperaria a voz do mais “forte”, do medo.
O Direito e a força são dois pontos que se encontram ligados, porém a forma como se dá essa ligação apresenta diversas vertentes. Sobre o tema há, principalmente, três correntes de pensamentos:
a)  Uma primeira linha de pensamento sustenta haver incompatibilidade entre direito e força, da mesma forma que não há conciliação entre mo-ral e força, pois entende que as pessoas voluntariamente cumprem suas obrigações. Essa teoria idealiza o mundo jurídico, desconsiderando o que ocorre na realidade social. Seria realmente uma vitória se todas as pessoas voluntariamente cumprissem com suas obrigações. Mas sa-bemos que isso está longe de ser nossa realidade social;
b)  Diametralmente oposta, de acordo com Reale (2001, p. 47), temos a teoria que vê no Direito uma expressão da força, Lhering (in Reale 2001), seu idealizador, defende que o Direito se reduz à fórmula NORMA+COAÇÃO. Para seus adeptos, esclarece o jurista, o Direito é uma ordenação coercitiva da conduta humana. A crítica maior que se faz a esta corrente está ligada ao fato de que várias pessoas cumprem voluntariamente as normas, independentemente de qualquer aplicação de coação/força;
c)  Para uma terceira corrente o Direito é a ordenação coercível da conduta humana. Segundo Miguel Reale a diferença em relação à corrente anterior reside no fato de que para os primeiros a força está sempre presente no mundo jurídico, enquanto que para os últimos, a coação no Direito é meramente potencial. É denominada Teoria da Coercibilidade. Essa é certamente a teoria em vigor, pois a princípio as pessoas cumprem com suas obrigações. E apenas para a parcela que deixa de agir de acordo com a lei, o Direito tem a possibilidade de aplicar a força, dentro dos ditames da lei.
Diante disso, o fato é que temos o dever de cumprir a lei, não podendo alegar ignorância ou desconhecimento. Logo, podemos até lutar pela mudança, mas enquanto a norma não for revogada ou modificada, devemos cumpri-la. Da exposição acima, conclui-se que segundo Reale (2001, pp.48-49) o Direito é uma ordenação heterônoma e coercível da conduta humana.
Assim, podemos concluir que as normas de direito possuem uma estru-tura IMPERATIVO-ATRIBUTIVA, pois ao mesmo tempo em que impõem um DEVER jurídico a alguém, atribuem um PODER ou DIREITO subjetivo a outrem. Daí, o porquê se diz que a cada direito corresponde um dever. Por exemplo, se o trabalhador possui direitos, o empregador possui deveres.
Procure rever o que foi estudado até o momento, a fim de consolidar os conceitos que serão indispensáveis no transcorrer de todo o curso!
Aula 03 - Sanção no Direito
Nesta aula você verá as diferenças existentes entre a coação, sanção e coerção dentro do universo jurídico.
Primeiramente, cabe lembrar que no direito o termo sanção pode ser em-pregado com duplo significado, tudo dependendo do contexto em que se encontra. Ou seja, pode ser tanto uma etapa do processo de criação de uma lei realizada pelo poder executivo, como também uma penalidade imposta a quem viola regra jurídica.
E como tal a sanção é definida por Gusmão (2002, p.82) como sendo a
“conseqüência jurídica danosa, prevista na própria norma, aplicável no caso de sua inobservância, não desejada por quem a transgride, sendo-lhe aplicável pelo poder público”.
A sanção, enquanto penalidade, apresenta as seguintes características:
a)  predeterminação: a sanção jurídica é predeterminada, pois se sabe com antecedência qual a penalidade a ser imposta diante do descumpri-mento específico de cada tipo legal. Ex. o Código Penal ao definir o crime de furto traz, simultaneamente, a pena para o infrator. E isso se dá não só no direito penal, mas sim nos diversos ramos do direito. Ex. se a pessoa excede a velocidade permitida ao local, receberá uma multa;
b) organização: a sanção jurídica é organizada, pois o Estado, responsável por solucionar os conflitos de interesse, ocorrendo a violação da regra jurídica, mobiliza-se para impor a sanção. Cabe lembrar, ainda, que a sanção pode ser positiva (premial) ou negativa. A positiva seria como um prêmio para aquele que cumpre corretamente a norma, como por exemplo, um desconto para quem paga a mensalidade escolar antecipadamente.
A sanção vista como penalidade e composta por dois elementos, isto é, a coerção, que é o efeito psicológico, preventivo e a coação (como sinônimo de força), que traduz a aplicação da pena propriamente dita.
Nesse sentido manifesta-se o Nunes (2002):a coerção e a coação são elementos intrínsecos da sanção que atuam em momentos diferentes”. E acrescenta “a coerção é o efeito psicológico da sanção e que tem função preventiva. Age sobre o destinatário como um aviso: se ele não cumprir a regra jurídica, poderá sofrer os efeitos concretos da sanção”. Já “a coação é o último estágio da aplicação da sanção: é a sua aplicação forçada, contra a vontade do agente que descumpriu a norma. (NUNES, 2002, p.182)
Assim, primeiramente, as normas jurídicas fixam uma prestação (um de-ver fazer), porém, em caso de descumprimento será imputado ao infrator uma sanção. Nunes (2002, p. 185) prossegue dando o exemplo da norma jurídica que proíbe fumar em determinado local e estabelece que aquele que transgredir a proibição receberá multa em valor específico. A prestação, no caso, é o dever de não fumar; a sanção será a multa referida.
Através do exemplo acima citado fica mais claro, você notar a função e o alcance da sanção. Deverá ter em mente que a sanção é uma consequência jurídica, que atinge o destinatário de uma norma jurídica, quando ele descumpre a prestação prevista.
Espero que você tenha entendido esse tema tão relevante na disciplina do comportamento social. Até a próxima aula!
Aula 04 - Direito e Justiça
Nesta aula será mostrada a diferença entre Direito e Justiça. Ficará claro que, por vezes, esses valores se confundem, porém, eles não refletem a mesma proposição.
Com o intuito de demonstrar a diferença não só conceitual, como também prático, transcrevo um pensamento fundamental para os operadores do Direito,
(Couture, 1999, p.39) “Teu dever é lutar pelo direito, mas no dia em que encontrares o direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”. Ao analisar tal citação, você irá refletir e compreender o espírito, e já notará que a Justiça é um valor superior ao Direito.
Por esse pensamento nota-se o quão pode ser conflituoso o embate entre
Direito e Justiça, como se o primeiro não devesse sempre estar atrelado ao segundo. Este mandamento acima transcrito reflete e demonstra a importância do significado de Justiça.
Como já visto, a necessidade do homem viver em grupos acaba de gerar conflitos, e, dentre outros meios, esses conflitos são resolvidos através de normas/regras. Com o passar da civilização estas regras foram sendo organizadas, culminando com o surgimento do Direito codificado.
A palavra direito tem origem no adjetivo “DIRECTUS”, significando qualidade do que está conforme a RETA, ou seja, que não possui inclinação ou curvatura.
Já os romanos usavam a palavra “JUS”, para designar o que era justo, lícito, e desta palavra surgiram, em nossa língua os termos justiça, juiz, jurisprudência, entre outras. Além disso, a palavra direito é utilizada com vários significados:
· Ciência do Direito - refere-se ao setor de conhecimento humano, que investiga e sistematiza os fenômenos jurídicos.
· Direito natural - traduz-se na existência de um direito fundado na natureza das coisas e, em último tempo, envolve princípios naturais de proteção ao ser humano. É espontâneo. Ex.: direito a vida, integridade física e moral, dentre outros. 
· Direito Positivo - é o Direito institucionalizado pelo Estado. São as normas jurídicas de cumprimento obrigatório vigentes em um país.
· Direito como sinônimo de justiça – como bem sabemos nem sem-pre o que achamos justo encontra-se posto como lei, entretanto, em vários momentos o termo direito apresenta a conotação de justiça. Ex. o respeito à dignidade da pessoa humana é Direito de todos.
Pense nisso!
No conceito clássico, mas extremante atual de Ulpiano, citado por Náder (1999, p.101), a justiça “consiste na constante e firme vontade de dar a cada um o que é seu”.
Como interpretar esse conceito perante minha realidade?
Espero você na próxima aula ainda mais dedicado e interessado, pois estamos só iniciando nosso estudo do Direito.
Até lá!
Aula 05 - Fontes do Direito
Trataremos a seguir, a origem do Direito, vamos a nossa aula!
Fonte do Direito é, na verdade, o seu nascedouro. Nesse sentido, as normas jurídicas são formadas pelas fontes e que se dividem em formais e materiais:
· Fontes materiais: são os elementos que contribuem para a formação do conteúdo das normas jurídicas, como por exemplo, os fatores climáticos, geográficos, econômicos, entre outros, que originam normas jurídicas concedendo incentivos fiscais para empresas que no nordeste se instalem.
· Fontes formais: são as formas como as normas jurídicas se tornam conhecidas, sendo que a mais usual é a lei.Essas fontes podem vir da sociedade ou do próprio Estado, nesse sentido as fontes se dividem em:
· Estatais: são originadas em atos estatais, como se dá com a lei e a jurisprudência. Isto é, a lei é criada preponderantemente pelo poder legislativo e a jurisprudência pelo judiciário;
a) Legislação: É a mais importante fonte do Direito. Abrange todas as modalidades de normas jurídicas escritas, como por exemplo, a Constituição Federal, as Leis Ordinárias, as Medidas Provisórias, etc.
b) Jurisprudência: São as decisões reiteradas dos tribunais, no mesmo sentido e sobre o mesmo tema, ocorrendo no momento em que o poder judiciário aplica a lei ao caso concreto.
· Não estatais: estas advêm da sociedade, como por exemplo, os costumes e a doutrina.
a)   Costume: é o conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pela sociedade, através do uso reiterado e uni-forme, gerando na população certeza de sua obrigatoriedade. 
b) Doutrina: É exteriorizada através dos trabalhos dos juristas, materializada em seus livros comentando temas relacionados com o Direito.
Na próxima aula verificaremos que o Direito apresenta lacunas e que essas são supridas através das formas de integração do Direito. Até lá!
Aula 06 - Lacunas e Meios de Integração do Direito
Sabemos que a sociedade se modifica diariamente sem que o Legislativo consiga alcançar essas alterações. Veremos agora como resolver este problema.
Como citado acima, a sociedade evolui rapidamente, como exemplo vemos a evolução das tecnologias, internet, ciência, economia e descobertas que são anunciadas diariamente. Todo esse dinamismo social gera conflitos, de tal forma que o legislador está sempre um passo atrás.
Diante desta defasagem, o Poder Judiciário é, muitas vezes, chamado a resolver questões ainda não regulamentadas especificamente por lei. Surgem, então, as lacunas. Conforme determina a Lei Maior, o juiz, ao exami-nar o processo, não pode alegar ausência de lei para se escusar de julgar o caso concreto. Logo, diante da lacuna, o judiciário deve se utilizar, para resolver a lide, dos meios de integração do direito.
Esses mecanismos estão elencados no artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil. Tem-se a lacuna sempre que não existir lei específica regulando um caso concreto; também se entende como lacuna quando a lei for obscura ou dúbia.
Assim, diante da lacuna o juiz para julgar o caso concreto deve utilizar os meios de integração do direito, dispostos no artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil e o artigo 126 e 127, ambos do Código de Processo Civil:
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
· Art. 126. “O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito”.
· Art. 127. “O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.
· Os artigos acima citados retratam o reconhecimento do legislador quando a impossibilidade de legislar sobre todos os fatos cotidianos, posto que apresenta ao juiz meios de julgar os casos concretos diante da ausência de lei especifica. Logo, os instrumentos para preenchimento do vazio legislativo são:
• Analogia: consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, a solução existente para outro caso semelhante. Por exemplo, antes da criação da Lei de União Estável utilizava-se, poranalogia, a Lei do Divórcio.
Obs. Salienta-se que no que tange o Direito Penal a analogia somente pode ser aplicada em benefício do réu.
· Costume: este, além de ser uma das fontes do direito, como vimos na aula anterior, também é usado para dirimir as lacunas na lei. Somente para lembrar, posto que a definição já foi relatada, sabe-se que os costumes são criados pela sociedade, que age na mesma direção, de forma aparentemente obrigatória, por um longo período. Ex. o uso do cheque pré-datado é um costume, posto que, conforme determinação legal, o cheque é, na verdade, uma ordem de pagamento a vista. Porém, de acordo com o costume enraizado na sociedade, o “cheque pré” origina-se de um acordo celebrado entre pessoas maiores e capazes. Logo, caso uma das partes descumpra esse acordo, o prejudicado poderá ser indenizado pelos danos morais e materiais sofridos.
· Princípios Gerais do Direito: são ideias fundamentais que orientam e servem de suporte para a compreensão do ordenamento jurídico, bem como para a criação de novas normas jurídicas, como por exemplo, o princípio da isonomia, do contraditório, da ampla defesa, etc.
· Equidade: por este meio de integração o Juiz, verificando que inexiste lei para o caso concreto, irá, primeiramente, verificar se cabe a aplicação da analogia. Caso não haja uma lei análoga, procurará pelos costumes e posteriormente pelos princípios gerias do direito. Contudo, se depois desses passos ainda não encontram solução para o caso concreto se recorrerá da equidade. Salienta-se, contudo, que esta somente pode ser utilizada pelo juiz nos casos autorizados pelo legislador. Assim, pela equidade o juiz pode abrandar o rigor da lei, para adaptá-la a uma situação peculiar, especial. Ex.: ao decidir sob guarda de filhos o juiz deve buscar a solução que melhor atenda aos interesses da criança.
Caro aluno, como você pode ver esse tema é extremamente complexo e intrigante. Sendo assim, não deixe de aprofundar seus conhecimentos através da bibliografia apresentada. Bom estudo!
Aula 07 - Ramos do Direito
O Direito, como se fosse uma árvore, apresenta diversos ramos e frutos. Vamos conhecer o “sabor” destes!
O Direito apresenta diversas divisões, porém, a mais relevante é aquela que divide entre Direito Público e Privado. Modernamente, além deste, se tem o Direito Difuso.
O ramo do Direito Privado se subdivide em outros vários Direitos.
São eles:
· 
· Direito Civil: trata das relações entre as pessoas, regulamentando seus direitos e suas obrigações, como por exemplo, o casamento, o divórcio, contrato, propriedade, entre outros;
· 
· Direito Empresarial: este surgiu com a edição do Novo Código Civil, em 2002. Anteriormente era apenas chamado de Direito Comercial, porém, atualmente, de uma forma mais abrangente, regulamenta não só a fi-gura do comerciante, mas sim do empresário, ou seja, regula tanto aquele que realiza o comércio como aquele que fabrica, produz, manufatura, etc;
Deve-se ressaltar que o Direito Comercial continua existindo, contudo, atualmente, regula apenas as relações de comércio marítimo.
· 
· Direito do Trabalho: este, na verdade, pertence a um ramo misto, ou seja, em alguns momentos trata do Direito Privado, como por exemplo, quando regulamente as relações entre empregado e empregador, e, em outras oportunidades, remete-se ao Direito Público, quando trata das convenções coletivas das categorias profissionais.
O Direito Público, por outro lado, disciplina os interesses gerais da coletividade com prevalência sobre os interesses particulares.
O Direito Público abarca matérias tais como 
· Direito Constitucional: é a espinha dorsal da pirâmide jurídica do Estado, isto é, a base indelegável dos demais ramos do direito, posto que todos devam obediência a Carta Magna, base deste ramo, que na próxima unidade passaremos a estudar mais a fundo os pontos deste direito;
· Direito Administrativo: este ramo estabelece as regras relativas à administração dos bens públicos, disciplinando os serviços públicos e a atuação destes;
· Direito Penal: define crimes e contravenções e comina penas. Seu principal diploma, porém não o único, é o Código Penal;
· Direito Financeiro: neste ramo inclui-se o Direito Tributário. Tem por fim cuidar da organização das finanças do Estado.
· Direito Processual Civil e Direito Processual Penal: estes, de acordo com suas especificidades, tratam da distribuição da Justiça, estabelecendo o rito, o procedimento, a forma da prática dos atos do processo. Por exemplo, é o Direito Processual Penal que traz os caminhos que seguirão uma ação que tramitará pelo Tribunal do Juri, quais os recursos possíveis, lembrando que, como se dá nos demais ramos do direito, tudo de acordo com a Constituição Federal.
Por fim, já estudado anteriormente, doutrinadores mais modernos, já abarcam junto à divisão dos ramos do direito, uma nova categoria, denominado de Direito Difuso, que tem a finalidade de regulamentar interesses e direitos de determinados grupos, e muitas vezes da própria sociedade, como já colocamos sobre o Direito do Trabalho. São eles:
· Direito Previdenciário: previsto no artigo 194 da Constituição Federal, trata da gestão administrativa da seguridade social, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados;
· Direito Ambiental: trata das normas jurídicas que tem por fim adequar o comportamento humano com o meio ambiente que o rodeia. Salienta-se que como o direito difuso pertence a todos os cidadãos e não a uma ou outra pessoa;
· Direito do Consumidor: trata das relações existentes entre fornece-dor de produtos ou serviços e seu destinatário final, denominado consumidor. Tem como diploma base o Código de Defesa do Consumidor;
· Direito Econômico: regulamenta as formas de interferência do Esta-do no processo de geração de rendas e riquezas do país, com o intuito de atingir metas sociais desejáveis.
Várias outras classificações existem, porém, tendo em vis-ta nosso curso, as divisões já apresentadas são mais que suficiente para embasar nossa profunda caminhada pelo Direito Constitucional
Aula 08 - Conceito de Constituição
Antes mesmo de analisarmos os termos e diretrizes da Constituição Federal faz-se necessário conceituar esse instituto de primeira grandeza. Primeiramente, deve-se apresentar o significado terminológico de Constituição.
Vários filósofos, no decorrer de toda a história, objetivaram conceituar o real significado do termo “constituição”. De acordo com o Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa:
Constituição, lato senso: Ato de constituir, de estabelecer, de firmar. Lei fundamental e suprema dum Estado, que contém normas respeitantes à formação dos poderes públicos, forma de governo, distribuição de competências, direitos e deveres dos cidadãos, etc; carta constitucional. (AURÉLIO, 1988, p.172)
Por outro lado, analisando o termo com olhos voltados para o Direito, ou seja, vendo a constituição como Carta Magna que é: concluímos ser ela a Lei Maior, o estatuto jurídico primeiro do país, devendo ser este se-guido e obedecido pelas demais normas que compõe o ordenamento jurídico nacional.
Nesse sentido, conheça a posição de Moraes (2008):
A Constituição deve ser entendida como a lei funda-mental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competência, direi-tos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. (MORAES, 2008, p.35)
A Constituição Federal Brasileira de 1988, inicialmente, em seu artigo 1º estabelece que:
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V– o pluralismo político, asseverando que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente” (parágrafo único, art. 1°).
A partir deste ponto fica clara a disposição do legislador constituinte em adotar o regime do Estado Democrático de Direito para nortear os ditames da República Brasileira, assegurando, desta forma, os direitos e garantias individuais.
Saiba mais!
De acordo com o artigo 5 º, § 2º, da CF os direitos e garantias individuais são encontrados no texto da Lei Maior não só no Capítulo denominado Dos Dire-tos e Deveres Individuais e Coletivos, mas sim em diversos outros artigos.
O Estado Democrático de Direito é regido por vários princípios, como por exemplo:
· Princípio da constitucionalidade, (art. 1°, CF/88);
· Princípio da justiça social (art. 170, caput, e 193, CF/88);
· Da igualdade (art. 5°, caput, I, CF/88);
· Da divisão de poderes,
· Princípio da independência do juiz (arts. 2° e 95, CF/88);
· Princípio da legalidade (art. 5°, II, CF/88);
· Princípio da segurança jurídica (art. 5°, XXXVI a LXXIII, CF/88);
· e o sistema de direitos fundamentais (Títulos II, VII e VIII, da CF/88). 
Aula 09 - Características da Constituição Federal de 1988
Vamos aproveitar esta aula para conhecer os traços e trejeitos característicos da nossa atual Constituição. Quanto às características, temos que as Constituições, de uma forma geral, podem ser:
· Tendo em vista seu conteúdo:
a) Materiais;
b) ou formais.
· Quanto à forma:
a) Escritas;
b) ou não escritas.
· Com relação ao seu modo de elaboração
a) Dogmáticas;
b) ou históricas.
· Tendo em vista sua origem:
a) Promulgadas;
b) ou outorgadas.
· Quanto à estabilidade:
a) Imutáveis;
b) Rígidas;
c) Flexíveis;
d) ou semirrígidas.
· Finalmente, quanto à extensão e finalidade:
a) Analítica;
b) ou sintética.
A Constituição material só trata dos temas essencialmente constitucionais, sendo que as demais matérias, mesmo que presentes na constituição escrita, não seriam constitucionais.
Por outro lado, as Constituições formais se apresentam de forma escrita, por meio de um documento solene elaborado pelo Poder Constituinte originário. No que tange a forma, a Constituição pode vir escrita ou não. Considera-se escrita quando esta se apresenta de forma codificada e sistematizada, em um único documento escrito, no qual será fixada a organização do Estado, a organização dos poderes constituídos, seu modo de exercício e limites de atuação, além dos direitos fundamentais.
A não escrita, ao contrário, é aquela cujas normas não constam de um único documento solene, baseando-se, principalmente nos costumes, na jurisprudência, nas convenções e em textos constitucionais esparsos, como é a Constituição Inglesa, ou seja, Unwritten Constitucion.
Quanto ao molde de elaboração, classificam-se em dogmáticas e históricas. Considera-se dogmática aquela vislumbrada como um produto, escri-to e sistematizado por um órgão constituinte. Logo, verifica-se que a Constituição dogmática é conexa a escrita da mesma forma que a Constituição histórica está atrelada a não-escrita. Assim, a Constituição histórica é oriunda da lenta e contínua absorção residual da História da Humanidade, mais precisamente, um povo determinado.
Podem as Constituições ser, ainda, promulgadas ou outorgadas. O conceito de Constituição promulgada deriva do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte composta por representantes do povo, eleitos com o intuito de elaborá-la. Já as outorgadas são elaboradas sem a participação popular, por meio de imposição do poder.
Para pesquisar mais sobre o assunto, leia:
· Constituições Brasileiras promulgadas: de 1988, como também, em 1891, 1934 e 1946.
· Constituições Brasileiras outorgadas: por exemplo, em 1824, 1937 1967.
Com relação à estabilidade, as Constituições podem ser imutáveis, rígidas, flexíveis ou semirrígidas. Considera-se imutável a Constituição que impossibilita qualquer tipo de alteração no seu conteúdo – atualmente não existe.
Rígidas: são Constituições escritas que somente poderão ser alteradas através de um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o usado na elaboração das demais espécies legislativas.
Flexíveis: que em regra, não são escritas podem ser alteradas através de uma simples lei ordinária.
Semiflexível ou semirrígida: é mista, ou seja, algumas regras poderão ser alteradas através de lei ordinária, enquanto outras somente por meio de procedimento legislativo especial.
Nossa atual Carta é tida como super rígida, ou seja, enquanto algumas matérias só podem ser alteras por meio de um processo legislativo dificultoso, outras são imutáveis, só podendo mudar através do surgimento de uma nova Constituição. As Constituições podem ainda ser, tendo em vista a extensão e finalidade, analítica, também denominadas dirigentes e sintéticas ou negativas.
As sintéticas só tratam da estrutura do Estado, sua forma, preveem somente os princípios e normas gerais de regência do país, organizando e limitando o poder do Estado, através da determinação de direitos e garantias fundamentais. Um exemplo clássico desta forma de constituição e a Carta Norte-Americana. Já as Constituições analíticas regulamentam todos os assuntos que entendem relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado. Como exemplo se tem nossa atual Carta Magna.
Desta forma, diante das ponderações acima apresentadas nosso CF se classifica como:
· Formal;
· Escrita;
· Legal;
· Dogmática;
· Promulgada;
· Rígida;
· Analítica.
Espero que tenha gostado desse nosso primeiro mergulho no extenso mar constitucional Espero por você com a mesma dedicação de sempre.
Até a próxima aula!
Aula 10 - Interpretação da Carta Magna de 1988
Depois de conhecer a face da nossa Constituição devemos interpretar suas reações, seus sentidos, a fim de melhor compreendê-la.
Em caso de aparente conflito entre normas, a Constituição resguardará certos bens jurídicos, como por exemplo, a família, a segurança. Para solucionar esse conflito aparente de normas constitucionais temos os seguintes preceitos:
1º - Os Princípios Fundamentais da República e os Direitos e Garantias Fundamentais (normas superiores) devem prevalecer sobre matérias secundárias;
2º - Ao interpretar o texto constitucional deve se analisar o mo-mento histórico e político em que foi criado;
3º - Princípio da Unidade da Constituição: o texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar contradições entre suas normas, e, sobretudo, entre os princípios constitucionais estabelecidos;
4º - Princípio da máxima efetividade: deve ser atribuída a norma constitucional o sentido que mais lhe dê eficácia;
5º - Princípio da Harmonização: por este atribui-se igual valor as matérias constitucionais.
Na verdade, esse conflito é apenas aparente, visto que não existe hierarquia entre as normas constitucionais, pois todas fazem parte da Lei Maior. E mais, a finalidade da interpretar a constituição é possibilitar sua manutenção.
Através da interpretação da nossa atual constituição alguns elementos são encontrados. São eles:
· Elementos orgânicos: São os que regulam a estrutura do Estado e do Poder, como por exemplo, o Título III - Da Organização do Estado e o Título VI - Da Tributação e do Orçamento.
· Elementos limitativos: Referem-se aos direitos e garantias funda-mentais e a nacionalidade. São chamados elementos limitativos por-quanto limitam a atuação do Estado em face do indivíduo. São, na Constituição atual, dentre outros dispersos no texto constitucional, as normas do Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais.
· Elementos sócios ideológicos: Com esses elementos, a Constituição do Estado o filia a uma determina ideologia, a uma postura em face das diversas doutrinas políticas no mundo. Através desses elementos, nós podemos identificar o estado democrático ou um estado fascista, por exemplo. Na nossa Carta temos, dentre outros, o Capítulo II - Dos direitos sociais.
· Elementos de estabilização: a pretensão das constituições é a permanência, mas não à imutabilidade, tanto que possuem regraspara modificação. Como exemplo deste elemento, temos o Título IV- Capítulo I Seção VIII – do Processo Legislativo.
· Elementos formais de aplicabilidade: São todas as normas que trazem as regras de aplicação, como, por exemplo, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais.
Saiba mais!
Diante do princípio da supremacia tem-se a Constituição no ápice do sistema jurídico e disso decorrem as seguintes consequências:
a) A Constituição confere validade a todo o sistema;
b) Ela legitima os poderes estatais na medida em que os reconhece;
c) Distribui as competências;
d) Traz as normas fundamentais do Estado;
e)  Estabelece a estrutura e a organização do Estado e dos poderes estatais.
Espero que esteja gostando! Até a próxima aula.
Aula 11 - O Poder Constituinte
Nesta aula vamos entender quem pode elaborar e modificar nossa Carta Magna.
O Poder Constituinte é o poder de elaborar, editar, reformar, modificar, acrescentar, suprimir normas constitucionais.
Esse poder pertence ao povo, porém é exercido por seus representantes eleitos para os cargos junto ao poder legislativo. Ele se divide em:
• Poder constituinte originário - aquele que elabora uma nova constituição, através de pessoas escolhidas exclusivamente para essa função. Ele não é limitado a nenhuma regra de direito que o antecede. Com este poder é criado o Estado Democrático.
Esse poder originário decorre ou de um momento histórico ou de uma revolução.
O poder constituinte originário, embora incondicionado, sofre algumas limitações. Vai esbarrar necessariamente, na dignidade da pessoa humana, nas regras do direito internacional, nos princípios do direito natural.
Saiba mais!
O Poder Constituinte Originário Revolucionário rompe com uma norma constitucional já estabelecida, excluindo-a, adotando novo ordenamento constitucional conquistado através dessa revolução. Aqui está a diferença entre o históricoe o revolucionário.
Salienta-se que ambas são originárias, pois criam um novo ordenamento constitucional para o Estado, sendo totalmente novo (Histórico) ou retirando um ordenamento constitucional que já existia e colocando outro no lugar (revolucionário).
· Poder constituinte derivado – se dá por meio da edição ou modificação do texto constitucional (acrescenta ou suprime normas de uma Constituição já existente). Ou seja, elaborada a constituição, o próprio poder constituinte originário estabelece as regras para sua alteração posterior, outorgando a um órgão específico essa competência. Do Poder Constituinte Derivado advêm os poderes abaixo apresentados:
· Poder Constituinte Derivado Reformador – se manifesta através das Emendas Constitucionais, que para aprovação necessita de quo-rum qualificado de 3/5 (três quintos) de cada casa do Congresso Nacional e em votação de 2 (dois) turnos, conforme o artigo 60, §2° da Constituição Federal - conforme veremos mais profundamente na próxima aula, tendo em vista a importância do tema.
· Poder Constituinte Derivado Decorrente - se manifesta principal-mente nos estados federais. No caso brasileiro, esse poder é o concedido aos estados-membros no momento em que adotam suas constituições estaduais (claro que sempre obedecendo às regras da Lei Maior).
· Poder Constituinte Derivado Revisor - previsto no artigo 3° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) determinando que: “A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. Tem a função de atualizar a constituição.
 Espero você na próxima aula!
Aula 12 - Emenda Constitucional
De fato existem inúmeras emendas em nossa constituição, mas isso não quer dizer que ela é frágil ou que foi mal ela-borada, ao contrário, significa que o legislador, ao criar a CF de 1988 possibilitou sua adaptação aos tempos.
Para a criação de uma emenda constitucional é necessário um processo legislativo especial, mais dificultoso que o ordinário, conforme dispõe o artigo 60 da CF. Assim, a criação de uma emenda compreende, resumidamente, as seguintes fases:
· Apresentação da proposta de emenda;
· Discussão e votação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando aprovada quando obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos membros de cada uma das casas;
Porém, existem limitações para a criação dessas emendas. São elas:
1. Limitações circunstanciais – A CF de 1988 proíbe a votação e promulgação de emendas constitucionais durante estado de sítio, intervenção federal e estado de defesa;
2. Limitações processuais e formais –
a)  De iniciativa: Somente podem propor uma emenda as seguintes pessoas:
· 
· No mínimo um terço da Câmara dos Deputados ou do Senado (poder constituinte derivado);
· 
· Presidente da República;
· 
· Mais da metade das Assembleia Legislativas existentes no Brasil, manifestando-se, em cada uma delas, pela maioria simples dos seus Deputados locais.
b)  De promulgação: as emendas constitucionais não se submetem a sanção ou veto do Poder Executivo, pois elas são promulgadas direta-mente pela Mesa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
3. Limitações Materiais -
Ou seja, determinadas matérias presentes na lei Maior não podem ser objeto de emenda constitucional, para com isso assegurar a integridade da própria Constituição.
Como exemplo dessas limitações, tem-se o art.60, § 4º da CF, que trata das cláusulas pétreas que serão analisadas na próxima aula.
Na próxima aula vamos estudar as “Cláusulas pétreas”. Até lá!
Aula 13 - Cláusulas Pétreas
Como já vimos, nossa constituição é classificada como super rígida, pois somente pode ser modificada por um processo legislativo especial (emenda constitucional), e se isso não
bastasse apresenta pontos que não podem ser alterados, no vigor da constituição, em nenhuma hipótese. Vejamos quais são os temas tidos como “pedra” pelo constituinte de 1988.
As cláusulas pétreas são normas que o constituinte de 1988 entendeu que deveriam ter um tratamento especial, devido sua importância para a manutenção do Estado, definindo que estas cláusulas não podem ser modificadas nem abolidas.
São as cláusulas pétreas que asseguram ao cidadão os direitos básicos com segurança jurídica. As cláusulas pétreas estão elencadas no rol do art. 60, §4º, da Constituição Federal, e estas não podem ser objeto de de-liberação de proposta de Emenda tendente a aboli-las. Dentre as normas constitucionais que não podem ser objeto de supressão, encontram-se os direitos e garantias constitucionais assegurados aos cidadãos, que serão oportunamente explicados.
Está estipulado no art.60. da Constituição Federal, em seu § 4º que não será objeto de deliberação a proposta de Emenda tendente a abolir:
· Forma federativa;
· Voto direto, secreto, universal e periódico;
· Separação dos poderes;
· Direitos e garantias fundamentais.
Não se pode retirar de um Município o status de membro da federação, pois isso iria ferir a cláusula pétrea relativa a forma federativa.
Nosso país é do tipo federativo, isto é, uma federação se pode retirar de um Município o status de membro da federação, pois isso iria ferir a cláusula pétrea relativa a forma federativa.ração formada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, que são nossos entes federativos. Todos os entes federativos são autônomos, pois tem capacidade de auto-organização (através da criação de suas próprias constituições e leis,
sempre respeitando a CF), autogoverno (com executivos próprios) e auto-administração (por exemplo, pela competência para arrecadar tributos).
Quanto ao voto, cabe lembrar que o poder emana do povo, seja de forma indireta, através do voto, seja de forma direta, por meio de iniciativa popular, plebiscito ou referendo.
As demais cláusulas pétreas serão analisadas na próxima unidade.
Saiba mais!
Através da ADIN (ação direta de inconstitucionalidade) nº. 03 o Supre-mo Tribunal Federal decidiu, pela primeira vez questões materiais frente à Constituição Federal de 1988, estabelecendo que o Princípio da AnterioridadeTributária, é cláusula pétrea, ou seja, imutável.
Aula14 - Da organização do Estado
O Estado se organiza para bem administrar o país. Nesta aula, veremos como se dá essa organização político-administrativa.
O Brasil é uma República Federativa formada pela ligação individual dos
Estados Membros, Municípios, Distrito Federal e a União.
A União detém a soberania nacional, consistente em um poder interno supremo, em um poder externo independente. No Brasil é proibido o direito de secessão_ .
· A capital Federal é Brasília. É a cidade-centro, mas não é sede de Município.
Saiba mais!
A União é pessoa jurídica de direito público interno. Já o Estado Federal é pessoa de direito internacional, sendo formado pela União, Estados Membros, Distrito Federal e Municípios.
A União é a pessoa jurídica de direito público interno, com sede no Distrito Federal, representando a República Federativa do Brasil no exterior, ou seja, se manifesta tanto em nome próprio como em nome da Federação.
Cabem-lhe funções privativas enumeradas nos artigos 21 e 22 da Constituição Federal, como por exemplos, declarar guerra, legislar sobre direito civil.
Os Estados Membros gozam de autonomia mantendo organização, governo e administração próprios, regendo-se pelas constituições estaduais, dentro dos limites da Constituição Federal. Ou seja, tem poderes próprios: Legislativo, Executivo e Judiciário. (Governador, Deputados Estaduais e Magistrados).
Cada estado é representado na Federação através de três Senadores e os
Estados Membros podem se dividir em Municípios.
sf.1 Ato de separar-se daquela a quem se estava unido; retirada, separação. 2 Ação de um território separar-se da nação a que pertencia.(Fonte: Dicionário Michaellis. Disponível em:< http://michaelis.uol.com.br>Acesso em 30 de março de 2011)
A eleição de governador, juntamente com seu vice, realiza-se de quatro em quatro anos, permitindo-se a reeleição por um único período subsequente. Esta eleição é realizada no 1º domingo de outubro (1º turno) e no último domingo de outubro (2º turno - caso houver), e a posse ocorrerá em 1º de janeiro do ano subsequente.
A sede do governo da União encontra-se no Distrito Federal, este diferentemente dos estados, não pode se dividir em municípios, pois já exerce também atribuições próprias de município.
Os Municípios gozam de autonomia no que tange aos interesses locais. O Poder executivo é representado pelo Prefeito; o legislativo pela Câmara Municipal, composta por vereadores. É de se consignar que os Municípios não possuem poder judiciário.
Rege-se o Município por lei originária própria, elaborada pela Câmara Municipal, dentro dos limites da Constituição Federal e Estadual.
Os Municípios podem ser agrupados em regiões metropolitanas, para a execução de funções de interesse comum, mediante lei complementar estadual.
Por fim, cabe ressaltar que atualmente não existem territórios Federais no Brasil. Os últimos que existiam foram transformados em Estados Membros. Contudo, a Constituição Federal permite a criação de novos, mediante plebiscito.
Territórios não têm autonomia, pois fazem parte da União e ostentam na-tureza jurídica de repartição administrativa ou autarquia federal. Os territórios podem se dividir em Municípios.
Aula 15 - Poder Executivo
Vamos analisar o Poder Executivo detalhadamente no âmbito federal.
A Constituição adotou o presidencialismo, onde se vê a junção do Chefe de Estado com o Chefe de Governo, ou seja, ambas as funções são realizadas pela mesma pessoa, o Presidente da República.
· Chefe de Estado – o presidente representa suas relações internacionais, além de corporificar a unidade interna do Estado;
· Chefe de Governo – a representação é interna, exercendo a liderança política nacional, pela orientação das decisões gerais e pela direção da máquina administrativa.
O acúmulo dessas funções se encontra presente no sistema presidencialista, pois no parlamentarismo essas funções são divididas entre duas pessoas (Chefe de Estado – Presidente da República ou Monarca e Chefe de Governo exercido pelo Primeiro Ministro).
O Presidente da República é eleito junto com o Vice-Presidente. Realiza-se de quatro em quatro anos através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, em pleito realizado no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se necessário. Existe a possibilidade de reeleição do Chefe do Poder Executivo para um único período subsequente.
Requisitos para a candidatura ao cargo de Presidente da República e Vice:
· 
· 
·  Ser brasileiro nato;
·  Estar no gozo dos direitos políticos;
·  Ter mais de 35 anos;
·  Não ser inelegível (inalistável, analfabeto, reeleição, cônjuge, parentes consanguíneos e afins até o segundo grau ou por adoção do Presidente da República);
· Possuir filiação partidária; 
Se antes de realizado o 2º turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convoca-se, entre os remanescentes, o de maior votação. Se ainda nesta hipótese, remanescerem candidatos com a mesma votação, qualifica-se o mais idoso.
A posse se dá em 1º de janeiro.
Duração do mandato – 4 anos (a reeleição só é permitida para um único período subsequente).
Em caso de impedimento do Presidente ou do Vice, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da presidência:
· 
· Presidente da Câmara dos Deputados;
·  Presidente do senado Federal;
·  Ou, na falta dos demais, o presidente do Supremo Tribunal Federal.
Somente o Vice Presidente sucederá o Presidente definitivamente em caso de vacância permanente do cargo, enquanto que os demais somente o substituirão temporariamente, ocorrendo da seguinte forma:
· 
· Vacância nos dois primeiros anos: será feita eleição 90 dias depois de aberta a última vaga (eleição direita);
· Vacância nos últimos 2 anos do período presidencial: a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional (eleição indireta).
Saiba mais!
As atribuições do Presidente da Republica estão previstas no artigo 84 da
Lei Maior. Ex – nomear e exonerar Ministro de Estado.
As atribuições do Vice-Presidente – artigos 79, 80, 91, I, todos da Constituição Federal.
Salvo em situações de relevância e urgência (medida provisória), o Presidente da República não pode estabelecer normas gerais criadoras de direitos e obrigações, por ser função do Poder Legislativo. Porém, salienta-se que o Presidente da República pode fazer regulamento, mas estes não podem alterar disposições legais. 
· Ministro de Estado são auxiliares do Presidente, que os pode, livre-mente nomear ou demitir. Para ser Ministro do Estado é necessário:
· 
· Se brasileiro nato ou naturalizado, ou português equiparados;
· Ser maior de 21 anos e
·  Ter pleno exercício dos direitos políticos.
• Conselho da República – é órgão superior de consulta do Presidente da República, composto pelo Vice-Presidente, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado, o líder da maioria na Câmara dos Deputados, líder da maioria no Senado, o Ministro de Justiça e seis cidadãos brasileiros natos.
Os seis cidadãos brasileiros natos deverão ter:
· 
· 35 anos de idade;
· Serão dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado, e os outros pela Câmara dos Deputados, tendo mandato de três anos, sendo vedada a recondução.
• Conselho de Defesa Nacional – é outro órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, sendo composto pelo Vice-Presidente, o Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado, o Ministro da Justiça, Ministros Militares, Ministros das Relações Exteriores, Ministro do Planejamento.
Exemplo de atuação desse órgão: opinar nas hipóteses de declaração de guerra.
Saiba Mais!
No âmbito dos Estados Membros o poder executivo é formado pelo Governador e Vice Governador, enquanto que no Municipal é composto pelo Prefeito e seu vice.
Aula 16 - Poder Legislativo
Vamos analisar o Poder Legislativo do nosso país.
No âmbitofederal, o Poder Legislativo, é exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (legislativo bicameral - composto por duas câmaras).
Nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios o Legislativo é unicameral (composto de uma só câmara).
Câmara dos Deputados é composta de representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional (proporcional à população), para mandato de quatro anos.
Senado Federal é composto de representantes dos Estados Membros e do Distrito Federal, pelo sistema majoritário.
Cada Estado e o Distrito Federal elegem três Senadores, para mandato de oito anos, renovando-se a composição da casa legislativa de quatro em quatro anos (numa eleição, elege-se um Senador, quatro anos depois, elegem-se dois Senadores; na próxima eleição, elege-se um Senador, e assim sucessivamente).
Saiba mais!
· 
· Senadores e os Chefes do Executivo (Presidente da República, Governador e Prefeito) são eleitos pelo sistema majoritário.
· 
· Deputados e Vereadores são eleitos pelo sistema proporcional.
As deliberações legislativas, em regra, são tomadas por maioria simples ou relativa de votos, isto é, pelo voto da maioria dos presentes, desde que presente na sessão maioria absoluta dos membros (Constituição Federal, artigo 47).
Só se aplica outra regra se a CF assim determinar (maioria absoluta, dois terços, três quintos).
A Lei Complementar, para a aprovação, exige maioria absoluta, levando em consideração o número total de integrantes da Casa Legislativa, sendo, por isso, um número fixo de votos, independentemente do número de parlamentares presentes à sessão.
Assim, a maioria absoluta da Câmara dos Deputados, necessária para a aprovação de uma lei complementar, será, sempre, 257 votos (primeiro número inteiro após a metade dos integrantes da Casa, que são 513 Deputados); no Senado Federal, serão, sempre, 41 Senadores (maioria absoluta dos 81 integrantes da Casa).
Para Emenda Constitucional é necessário o voto de três quintos em cada Casa do Congresso Nacional, logo, na Câmara dos Deputados serão necessários 308 votos (três quintos dos 513 integrantes da Casa) para que a proposta seja aprovada.
A função típica do Poder Legislativo é elaborar leis, bem como fiscalizar os atos praticados por outros Poderes, tendo em vista o princípio de freios e contrapesos - comentaremos na aula 18.
Atipicamente, o Poder Legislativo, exerce a função administrativa de seus servidores, bens e serviços e também julga, nos crimes de responsabilidade, diversas autoridades da República.
Na próxima aula veremos como funciona o Poder Judiciário.
Até lá!
Aula 17 - Poder Judiciário
Nesta aula vamos conhecer um pouco mais nosso Judiciário.
O Judiciário é composto por diversos órgãos, sendo que o Supremo Tribunal Federal- STF é o de maior importância, posto que se coloca como o guardião da Constituição, julgando somente matérias constitucionais. Tem sede em Brasília e jurisdição em todo o território nacional. O STF é composto por Ministros que devem ser obrigatoriamente brasileiros natos, tendo em vista a sucessão presidencial.
O Conselho Nacional de Justiça, que tem sede em Brasília, foi criado através da Emenda Constitucional nº 45/04, tendo jurisdição em todo o território nacional.
O Superior Tribunal de Justiça - STJ tem sede em Brasília e jurisdição em todo o território nacional, tendo sua competência estabelecida na Lei Maior.
Há também o Tribunal Regional Federal - TRF e seus juízes federais, os tribunais e juízes do trabalho, os tribunais e juízes eleitorais, tribunais e juízes dos Estados Membros, Distrito Federal e Territórios; tribunais e juízes militares.
· 
· Não existem mais Tribunais de Alçada, a saber, que seus membros fazem parte hoje do Tribunal de Justiça de cada Estado Membro.
A magistratura é formada por juízes e desembargadores. O Juiz exerce sua função em 1º grau e vai se promovendo de entrância em entrância, sendo uma vez por antiguidade e outra por merecimento. (entrância significa fases, etapas da carreira). O Desembargador exerce sua função junto aos tribunais de segundo grau.
O Estatuto da Magistratura prevê cursos de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, sendo estes obrigatórios no caso de vitalicia-mento.
Os julgamentos proferidos pelo judiciário são, de regra, públicos e as decisões devem ser sempre fundamentadas.
Exceção: a lei pode mitigar essa publicidade, tendo em vista o interesse individual e a intimidade, bem como o bem e regular andamento do pro-cesso.
· Os Juízes não podem:
a)exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
b) receber custas ou participação em processo;
c) dedicar-se à atividade político-partidária;
d) receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Saiba mais!
Existem os Juízes de Paz, e a Constituição prevê também os Juizados Especiais Federais e Estaduais, para os casos de menor complexidade.
Aula 18 - O princípio da separação dos Poderes
Como vimos anteriormente a Constituição Federal reconhece a existência de três poderes, executivo, legislativo e judiciário, tendo, cada um, suas próprias funções. Entretanto, como veremos adiante eles devem viver de forma integrada e harmônica.
Um dos princípios fundamentais da democracia moderna é o da separação de poderes. Tem este a finalidade de evitar que o poder fique concentrado nas mãos do soberano. Sendo assim, de acordo com a CF temos o Poder Executivo, Legislativo e o Judiciário.
Mencionado princípio é assegurado pelo mecanismo de freios e contrapesos. Por este cada um dos poderes tem sua função prioritária e autonomia, não existindo supremacia entre eles. Entretanto, todos têm o dever de fiscalizar uns aos outros.
Saiba mais!
No sistema presidencial, que é o nosso atualmente, a intervenção ocorre sob a forma de controle e de participação complementar, como se dá, por exemplo, quando o executivo e legislativo participam da escolha dos membros do Supremo Tribunal Federal, que faz parte do judiciário.
Cada um dos poderes exerce uma função preponderante, mas não exclusiva. Desta forma, por exemplo, a função preponderante do poder Legislativo é legislar (fazer leis), porém de forma secundária também executa através da administração de suas Casas e julga, por meio das CPIs.
Contudo, a evolução do Estado moderno demonstra ser insuficiente a ideia de tripartição para controlar a democracia. Assim, vem se afirmando outros órgãos na fiscalização da democracia, como por exemplo, os Tribunais de Contas e, principalmente, o Ministério Público.
Na verdade, essa ideia de separação dos poderes tem sido cada vez mais flexibilizada, tendo em vista a constante ampliação das atividades dos Estados.
Assim, atualmente, os órgãos estatais não exercem simplesmente as funções próprias, mas desempenham também funções atípicas, ou seja,  próprias de outros órgãos. Em face dessa particularidade, é que temos, na relação entre os Poderes, a aplicação do sistema denominado de freios e contrapesos (checks and balances).
Esse mecanismo garante, entre os Poderes, o equilíbrio e a harmonia, por meio do estabelecimento de controle recíproco, o que gera, consequente-mente, o bem da coletividade, que impede o arbítrio e o desmando de um em detrimento do outro.
Existem diversos exemplos de aplicação desse sistema na Constituição Federal, onde se verifica a função principal de um, acoplada a uma participação pequena, mas relevante, em outro. Ex. O Presidente da República, representante do poder executivo no âmbito federal, não interfere na função jurisdicional exercida pelo judiciário, entretanto, os ministros dos tribunais superiores são por ele nomeados, tudo sob o controle do Senado Federal, a quem cabe aprovar ou não o nome escolhido (artigo 52, inciso III, alínea “a”, CF).
Essa é, portanto, a estrutura do princípio da separaçãodos poderes atual, isto é, flexível, permitindo o exercício de funções atípicas pelos três Poderes e cujo equilíbrio e a harmonia são garantidos pelo mecanismo de freios e contrapesos.
Para conhecer mais sobre esse tema extremamente com-plexo e intrigante, não deixe de aprofundar seus conhecimentos através da bibliografia apresentada. Conto com você no nosso próximo encontro, até lá!
Aula 19 - Breves comentários sobre o Ministério Público
Para iniciar esta aula, vamos explanar que o Ministério Público é composto por Promotores de Justiça, logo, a primeira função deste é promover a justiça.
O Ministério Público recebeu na Constituição de 1988 uma autonomia especial, que lhe permite proteger, fiscalizar o respeito à lei e a Constituição, e consequentemente, o respeito aos direitos fundamentais da pessoa, o patrimônio público, histórico, o meio ambiente, o respeito aos direitos humanos, entre outros.
Para exercer de forma adequada as suas funções constitucionais, o Ministério Público não pode estar vinculado a nenhum dos poderes tradicionais, especialmente porque sua função preponderante é a de fiscalização e proteção da democracia e dos direitos fundamentais.
Alguns colocam o Ministério Público como o quarto poder, tendo em vis-ta sua autonomia funcional. Assim, qualquer tentativa de subordinar esta função de fiscalização típica do Ministério Público a qualquer outra função
é, na verdade, redução do mecanismo de controle democrático, e logo, inconstitucional.
A Constituição Brasileira de 1988 reconheceu a necessidade de uma nova função de fiscalização, porém não chegou a mencionar claramente o Ministério Público como um quarto poder. Efetivamente criou esta quarta função autônoma essencial para a democracia que é a função de fiscalização, encarregando o Ministério Público deste ônus.
Para exercê-la de maneira adequada o órgão necessita de efetiva autonomia em relação às outras funções (poderes), logo, não pertence nem ao executivo, nem ao legislativo, nem ao judiciário.
O Ministério Público é instituição permanente, que tem a função de exercer a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
O Ministério Público da União compreende:
a) Ministério Público Federal;
b) Ministério Público do Trabalho;
c) Ministério Público Militar;
d) Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Atenção: O mesmo ocorre com os Tribunais de Contas, posto que não podem pertencer a nenhum dos poderes tradicionais para exercer com eficiência sua função fiscalizadora.
Saiba mais!
Diversas democracias contemporâneas vêm separando as funções de governo das administrativas, com o intuito de eliminar, ou minimizar, os males de um sistema administrativo baseado em cargos de confiança em troca de apoio.
Na próxima unidade vamos conhecer alguns dos nossos direitos e garantias previstos na Constituição Federal. Creio que esse ponto deveria ser incluído no calendário escolar normal, pois todos merecem conhecer.
 
Espero você, até lá!
Aula 20 - Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
Nesta aula vamos estudar a face dos direitos e garantias constitucionalmente previstos. Primeiramente cabe esclarecer que, de acordo com posição dominante na doutrina
e na jurisprudência, os direitos e garantias individuais encontram-se dispersos por todo o texto constitucional, e não apenas no artigo 5º da Lei Maior. Por exemplo, várias vozes da doutrina entendem que o artigo 226 da Constituição Federal é um direito fundamental, pois o menor de 18 anos ao cometer uma infração tem como garantia seu julgamento perante o Estatuto da Criança e do Adolescente, e não de acordo com a Lei Penal.
Saiba mais!
Como já vimos, os direitos e garantias individuais são tratados como cláusula pétrea, e com tal, incapazes de sofrer alteração através de mera emenda constitucional, posto que somente o poder reformador originário teria tal poder, tendo em vista as próprias limitações postas pela constituição.
São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
· Inatos - Nasce com a pessoa, seja ela, física ou jurídica. Logo, têm direito perante a Constituição Federal, os brasileiros (natos ou natura-lizados) e os estrangeiros que estejam no território brasileiro, mesmo que apenas de passagem;
· Absolutos - Cláusula pétrea, não podem ser alterados nem mesmo por emenda a constituição;
· Invioláveis - Não pode ser violado (direito a vida, a locomoção);
· Imprescritíveis - Não prescrevem, nunca deixam de ser exigíveis;
· Históricos - Evoluem com o tempo;
· Inalienáveis - Não se pode transferir para outra pessoa, impossível negociar;
· Irrenunciáveis - Eles podem até não serem exercidos, mas ficam inertes, não podendo renunciar, ou seja, não se pode abrir mão deles. 
A Constituição Federal consagra cinco direitos fundamentais, são eles:
1. Direito a vida;
2. Direito a liberdade;
3. Direito a igualdade;
4. Direito a segurança;
5. Direito a propriedade.
Conto com você para iniciar, verdadeiramente, o estudo pe-los direitos consagrados na nossa Lei Maior
Aula 21 - Alguns dos direitos previstos no artigo 5º da Carta Magna
Vamos estudar alguns dos mais importantes direitos consagrados na Constituição. Iniciamos com o artigo 5º que prevê o princípio da igualdade, segundo o qual “todos são iguais na medida de suas desigualdades”. Deste, deriva o princípio da Igualdade Jurídica, onde as pessoas devem ser tratadas com igualdade perante a lei.
O Inciso I determina que homens e mulheres sejam iguais em direitos e obrigações, mas sempre na medida de suas desigualdades. Por isso, em algumas oportunidades, a mulher tem um tratamento diferenciado, como, por exemplo, no caso da Lei Maria da Penha, que será analisado posteriormente.
O Inciso II prevê o princípio da legalidade. Por este ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não for por determinação legal. Ex.: Se alguém me obriga a fazer algo que a lei não determina, estamos diante do crime de constrangimento ilegal.
Ademais, o artigo 5º proíbe a tortura, o tratamento desumano e a discriminação contra as pessoas devido à liberdade de crença, a censura.
Outro ponto relevante é a inviolabilidade da casa. Ou seja, de regra, a casa é inviolável, só podendo entrar com o consentimento do morador. Contudo, por exceção, o ingresso na casa é permitido, mesmo sem o consentimento do morador, e a qualquer hora, nos seguintes casos:
· 
· Flagrante delito;
· 
· Desastre;
· 
· Ou para prestar socorro.
Mesmo sem o consentimento do morador, mas apenas durante o dia, pode se violar a casa alheia, mediante ordem judicial.
A comunicação telefônica também é inviolável, exceto se houver:
· 
· Lei autorizando;
· 
· Mediante ordem judicial;
· 
· Para investigação criminal ou Processo Penal.
O direito de locomoção, ou seja, o direito de ir e vir, também é um dos mais lembrados quando se refere aos direitos fundamentais.
Este direito somente é assegurado dentro do território nacional em tempo de paz, podendo ser restringido em períodos de guerra. Ademais, esse direito também é restringido se a pessoa for presa mediante ordem judicial.
Nesse sentido deve-se ressaltar o inciso XXXIV do artigo 5º, que garante as pessoas o direito de petição perante aos órgãos públicos, bem como a obtenção de certidões oriundas de repartições públicas independentemente dos pagamentos de taxas, desde que essa pessoa comprove o seu estado de pobreza.
No âmbito penal, vários direitos também adquiriram status constitucional.
São eles:
· Previsão do Tribunal do Júri;
· A irretroatividade da lei penal prejudicial ao réu;
· A imprescritibilidade do crime de racismo;
· O não cabimento de fiança para os crimes hediondos, dentre outros;
· A garantia aos presos de integridade física e moral, direito de saber quem o prendeu e quem o está interrogando;
· O direito das presas de permanecer com seus filhos durante o período de amamentação, dentre outros.
Em nossa próxima aula iremos estudar Habeas Corpus.
Conto com você!
Aula 22 - Habeas Corpus
Vejo o “habeas-corpus”como uma das garantias mais importantes previstas em nosso ordenamento jurídico, posto ser totalmente inaceitável a proibição da possibilidade de ir e vir a um inocente.
O inciso LXVIII, do artigo 5º da CF, prevê o “habeas corpus”, mais conhecido por HC, que tem por fim garantir a liberdade de ir e vir das pessoas quando seu direito de locomoção estiver restringido ou ameaçado. Logo, o HC pode serliberatório ou preventivo.
A origem do HC se encontrar no direito inglês e o significado de sua ex-pressão é “tenha o corpo” ou “exiba o corpo” ou “apresente a pessoa”.
No preventivo, verifica-se o justo receio, isto é, a ameaça a liberdade de locomoção do indivíduo. Neste, requer-se um salvo-conduto para que a pessoa não tenha sua liberdade constrangida por uma ameaça ilegal ou abusiva.
No liberatório, o HC é impetrado para sanar a violência ou coação cometi-da ilegal ou abusivamente contra a liberdade ambulatória da pessoa.
Em ambos os casos, o HC pode ser concedido liminarmente, inclusive sem a audiência prévia do agente ou órgão constrangedor da liberdade de locomoção.
Para ingressar com HC não é necessário advogado, nem mesmo há paga-mento de custas judiciais.
A autoridade co-autora, ou seja, aquela que contrariando a lei restringindo a liberdade de ir e vir das pessoas, poderá ser tanto pública como privada. Ou seja, o HC será impetrado contra o agente ou órgão com poder de de-cisão (liberdade de escolha) que ameaça, coage ou viola ilegal ou abusiva-mente o direito de locomoção do cidadão.
O HC será dirigido ao superior da autoridade que restringiu o direito. Por exemplo, caso a restrição da liberdade se dê através de uma ordem de juiz, o habeas corpus deve ser dirigido ao Tribunal de Justiça respectivo
Por fim cabe ressaltar que o HC, como se dá com as demais garantias constitucionais, poderá ser impetrado tanto por brasileiros como por estrangeiros que aqui estejam, mesmo que apenas de passagem.
Como veremos, através da Constituição Federal, a cada direito individual ou coletivo é concedido uma garantia própria. Assim, o direto de locomoção é garantido pelo HC.
Na próxima aula analisaremos outros direitos Constitucionais. Até lá!
Aula 23 - Mandado de Segurança e Habeas Data
O Mandado de Segurança tem o condão de garantir todos os direitos líquidos e certos não resguardados por meios específicos. Já o Habeas Data, especificamente, concede o acesso a informações pessoais dos interessados.
Condão:1 Dom, faculdade, prerrogativa. 2 Virtude especial, poder misterioso, a que se atribui influência benéfica ou maléfica.
O mandado de segurança é outra garantia capaz de assegurar direitos constitucionalmente previstos, ou seja, desde que esses sejam direitos líquidos e certos, e sem nenhuma outra garantia específica como o habeascorpus e o habeas data.
É este um dos “remédios jurídicos” mais importantes do nosso ordenamento, destinado a proteção de direito líquido e certo, tanto da pessoa física quanto da jurídica, ameaçado ou violado por ato manifestamente ilegal de autoridade pública.
Ato de Autoridade Pública é toda ação ou omissão praticada por autoridade do poder público no exercício das suas funções que possa resultar lesão a um direito subjetivo da parte, e não apenas a interesses gerais da coletividade.
· Direito líquido é aquele que já tem todos seus limites e suas quantidades determinados.
· Direito certo é aquele que não precisa da apresentação de provas, não possibilitando grandes questionamentos. Neste caso, é necessário para propositura, um advogado, diferentemente do HC, como anterior-mente ressaltado.
Além do mandado de segurança individual a Constituição Federal prevê também o mandado de segurança coletivo.
Como espécie do mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo também pode ser definido como um instituto de direito constitucional processual. Neste caso uma só decisão pode atingir um maior número de interessados, ampliando a possibilidade de acesso a justiça e evitando decisões contraditórias.
O mandado de segurança coletivo pode ser proposto pelas pessoas abaixo descritas:
a) Partido político com representação do Congresso Nacional;
b) Organização sindical; 
c) Entidade de classe;
d) Associação legalmente constituída, funcionando no mínimo há 1 ano.
· O prazo para impetrar o mandado de segurança, seja ele individual ou coletivo, é de 120 dias, a contar do dia em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado (prazo decadencial). Tratando-se de writ preventivo, não há que se falar em decadência, pois a lesão temida está sempre presente.
Por seu turno, conforme inciso LXXII, do artigo 5º da Carta Magna, o “ha-beas data” (HD) tem o condão de garantir a todos o acesso a informações pessoais que estejam armazenadas em bancos de dados, de entidades do governo ou aquelas que mesmo privadas prestam serviço público, como por exemplo o Serasa. Também pode ser usado na retificação de dados junto a esses órgãos.
· Essa garantia constitucional encontra-se regulamentada pela Lei 9507/97.
Importante!
Este remédio jurídico somente pode ser proposto se a informação for anteriormente recusada pelo órgão público, ou seja, para ingressar com HD, primeiro é necessário pedir a informação perante a administração para somente depois que esta for negada, ingressar com o HD.
Essa garantia não se confunde com o direito de obter certidões, presente no artigo 5º, inciso XXXIV, alínea “b”, nem mesmo com o direito a informa-ções gerais ou coletivas. Deste modo, havendo recusa no fornecimento de certidões ou de informações de terceiros, o remédio próprio é o mandado de segurança, e não o habeas data. Assim, somente se o pedido for para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante é que o remédio será o habeas data.
Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode propor a ação constitucional do habeas data, desde que seja para obter acesso a informações ao seu respeito. Já o sujeito passivo dessa demanda, será a entidade governamental ou a privada de caráter público que estiver negando a informação solicitada.
Conto com você na próxima aula! Vamos estudar juntos mais uma garantia constitucional, até lá.
Aula 24 - Mandado de Injunção
O Mandado de Injunção é menos usado do que deveria ser, tendo em vista as deficiências do nosso poder legislativo.
Cabe mandado de Injunção sempre que faltar uma norma regulamenta-dora que impossibilite o exercício de direitos e liberdades previstos na Constituição Federal, bem como, dos atributos referentes à nacionalidade, soberania, e cidadania.
Por meio da Injunção, o poder judiciário, julga o caso concreto que não os-tenta lei específica através da equidade. Ou seja, o Poder judiciário concederá ordem de Injunção, toda vez que, em razão da falta de norma jurídica, direito ou liberdade constitucional não possa ser fruído, exercido ou aproveitado pelo impetrante. Logo, o pressuposto para a utilização do mando de Injunção é, pois, a falta de regulamentação de determinado direito.
Salienta-se que o Juiz tem o dever de verificar se o direito existe e determinar o sentido da norma jurídica aplicável e compatibilizá-la ao fato levado a juízo.
A ausência de tal norma regulamentadora pode partir de qualquer ente da administração pública. Por seu turno, tem legitimidade para propor essa ação constitucional qualquer pessoa física ou jurídica, publica ou privada.
O objeto do mandado de Injunção será sempre a criação de uma norma jurídica regulamentadora do direito do impetrante pelo juiz, a fim de gerar a satisfação do pedido, desde que atendidos os pressupostos do artigo 5º, Inciso LXXI, da Lei Maior.
“LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
Por fim, cabe ressaltar que o STF, conforme artigo 102, inciso I, alínea “q” da Constituição Federal, é o órgão competente para julgar os mandados de injunção nos casos abaixo descritos.
· “Art. 102 – Compete

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