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AULA 1 SEGURANÇA E SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO Profª Daniele Buba 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo à nossa aula. Nestas páginas, videoaulas e demais conteúdos associados, vamos abordar nosso principal objeto de estudo, a saúde e segurança do trabalho, por uma perspectiva diferente, envolvendo a gestão de negócios. Os temas abordados aqui irão ajudar você a estabelecer uma reflexão sobre a evolução dos meios de trabalho, a segurança do trabalhador e as origens da prevenção. Vamos também introduzir algumas definições básicas para o desenvolvimento da disciplina, mostrar um pouco sobre a história da segurança do trabalho, de além apresentar os benefícios de um ambiente seguro e quem são os integrantes internos e externos em um processo de gestão de segurança do trabalho. Traçamos um percurso que busca trazer exemplos antigos e atuais para lhes ajudar na compreensão dos temas e conceitos tratados nesta aula. Espero que estas aulas contribuam para o seu aprendizado e para o seu futuro profissional. CONTEXTUALIZANDO O trabalho sempre fez parte da vida das pessoas. Foi através dessa ação social que as civilizações conseguiram se desenvolver, gerando riquezas materiais, satisfação pessoal e desenvolvimento econômico. Apesar de ser uma atividade muito valorizado em todas as sociedades, precisamos também considerar os problemas que o trabalho causa no ser humano. Em muitos casos, o homem, no exercício de suas atividades, fica exposto a riscos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil registra mais de 700 mil acidentes de trabalho por ano, o que faz do país o 4º em número de acidentes em todo o mundo, atrás apenas de China, Índia e Indonésia. “Desde 2012, a economia já sofreu um impacto de R$ 22 bilhões, por conta de pessoas afastadas de suas funções após sofrerem ferimentos durante o trabalho. Se fossem incluídos os casos de acidentes em ocupações informais, esse número poderia chegar a R$ 40 bilhões”. (Souza, 2017) Qual a responsabilidade do Gestor na diminuição dos acidentes do trabalho? De que forma eu e você estamos envolvidos na prevenção de acidentes? Nesta aula, vamos abordar questões que nos ajudam a pensar sobre a evolução do trabalho e o número crescente de acidentes. Para tanto, pretendemos 3 debater a história da prevenção e os aspectos organizacionais do trabalho, a partir de conceitos em saúde e segurança do trabalho, os quais serão utilizados em toda a disciplina. TEMA 1 – PRINCIPAIS CONCEITOS Saúde e Segurança no Trabalho (SST) é uma área de conhecimento que envolve uma série de ações para a prevenção de acidentes de diferentes atores envolvidos em processos de produção em qualquer área da economia. Apesar de estar geralmente relacionada a profissionais específicos ou especialistas, para que a SST cumpra seu verdadeiro papel, ou seja, contribua para reduzir acidentes e doenças ocupacionais, é fundamental que todos (Estado, empregador e empregado) estejam envolvidos em ações preventivas. Para começar, vamos apresentar alguns conceitos básicos que nos permitem compreender a importância, os fundamentos e a aplicação da SST no ambiente corporativo. A partir de Ruppenthal (2013, p.23), listamos uma série de termos e conceitos imprescindíveis para que você consiga acompanhar toda a nossa disciplina de modo a aplicar seu conteúdo no seu cotidiano de trabalho. Confira: a) Acidente: Os principais são o conceito legal e o prevencionista. - Legal: Ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laboral para o trabalho. - Prevencionista: Ocorrência não programada, inesperada, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, lesões nos trabalhadores ou danos materiais. b) Causa: É aquilo que provocou o acidente. Existe três tipos de causas: Atos inseguros, Condições Inseguras e Fator Pessoal de Insegurança. - Ato inseguro: É todo ato, consciente ou não, emitidos pelo trabalhador ou empresa. - Condição Insegura: Consiste em irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de trabalho. - Fator pessoal de Insegurança: Problema pessoal do indivíduo que pode vir a provocar acidentes. c) Dano: É o resultado negativo do acidente (prejuízo). Os danos podem ser: - Pessoais: lesões, ferimentos, perturbação mental - Materiais: danos em aparelhos, equipamentos - Administrativo: prejuízo monetário, desemprego em massa d) Desvio: é qualquer ação ou condição que tem potencial para conduzir, direta ou indiretamente, a danos e que se encontre desconforme com as normas. e) Incidente: Também denominado de “quase-acidente”. Qualquer evento ou fato com potencial para provocar danos. 4 f) Nível de exposição: Relativa exposição a um risco que favorece a materialização do risco. g) Perdas: prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento através de seguros ou outros meios. h) Perigo: fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos. i) Risco: probabilidade de ocorrência de um ato ou evento perigoso. j) Segurança: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental do empregado, no trabalho para a empresa. É um compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a perigos. k) Sinistro: Prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento por seguro ou por outros meios. Nossa disciplina de Saúde e Segurança do Trabalho trabalha ainda com outros conceitos e definições importantes, que serão repassados ao longo das aulas, tendo sido em sua maioria extraídos da NBR 14280 – “Cadastro de acidentes de trabalho”, e da literatura citada no final de cada tema. TEMA 2 – BREVE PERCURSO HISTÓRICO Doenças e acidentes sempre acompanharam o homem no seu processo de evolução. Conforme Figueiredo Júnior (2009, p.17), A invenção do machado de pedra, um artefato que representou um avanço na história da humanidade, provocava graves acidentes devido a práticas inseguras em seu manejo. Portanto, tanto o homem pré- histórico quanto o da Idade da Pedra já estavam expostos a perigos na vida diária pela luta da sua existência. O homem pré-histórico estava exposto a perigos que constituíam parte de sua luta pela sobrevivência, procurando proteção contra os animais ferozes e contra os fenômenos naturais. Com a descoberta do fogo e das armas, e vivendo em grupos, os seres humanos obtiveram mais proteção, o que favoreceu a vida coletiva. As primeiras referências escritas, relacionadas ao ambiente de trabalho e aos seus riscos inerentes, datam de 2360 a.C. Encontradas em um papiro egípcio, o documento intitulado Seller II cita o relato de um cidadão da época: Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em missões. O que vejo sempre é o operário em seu trabalho; ele se consome nas goelas de seus fomos. O pedreiro, exposto a todos os ventos, enquanto a doença o espreita, constrói sem agasalho; seus dois braços se gastam no trabalho; seus alimentos vivem misturados com os detritos; ele se come a si mesmo, porque só tem como pão os seus dedos. O barbeiro cansa os seus braços para encher o ventre. O tecelão vive encolhido - joelho ao estômago - ele não respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio, são vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a morrinha de peixe, seus olhos são abatidos de fadiga, suas mãos não param e suas vestes vivem em desalinho. (Soto, 1978) 5 Conforme Carvalho (2014, p.24), o marco histórico de maior evidência com relação à saúde dos trabalhadores foi em 1700, na Itália, quando o médico Bernardino Ramazzini lançou um livro de 52 capítulos, com cerca de 100 ocupações diferentes, chamado De Morbis Artifi cum Diatriba, traduzido com o título As doenças dos Trabalhadores. Os problemas relacionados com a saúde dotrabalho aumentaram a partir da Revolução Industrial, proporcionalmente à evolução e à potencialização dos meios de produção. Pressionado pelas condições degradantes nas fábricas, o Parlamento Britânico aprovou, em 1802, a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes que estabeleceu o limite de 12 horas de jornada de trabalho por dia, proibiu o trabalho noturno e introduziu medidas de higiene nas fábricas. Em 1833, o Parlamento Britânico criou a Lei das Fábricas. Essa lei previa a inspeção nas fábricas, delimitava que a idade mínima para o trabalho seria de nove anos, proibia o trabalho noturno aos menores de 18 anos e limitava para 12 horas a jornada de trabalho, que não poderia passar de 69 horas semanais. Imagine como a lei era antes. A Conferência de Paz de 1919, da Sociedade das Nações, criou, através do Tratado de Versailles, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo objetivo era atribuir às questões trabalhistas um tratamento uniformizado, com fundamento na defesa dos direitos do trabalhador. Surgiram assim as primeiras normas relativas à segurança e saúde no trabalho. Saiba mais Veja no link abaixo a atuação OIT no Brasil. OIT – Organização Internacional do Trabalho. OIT no Brasil. S.d. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/oit-no-brasil/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 4 jul. 2018. O filme Tempos Modernos (1936), dirigido e estrelado por Charles Chaplin, conta a história de um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço. O filme mostra como alguém pode ser levado à loucura pela monotonia frenética do trabalho. TEMPOS MODERNOS. Direção: Charles Chaplin. EUA: United Artists, 1936. 87 min. 6 Carvalho (2014, p.25) cita o registro do primeiro acidente de trabalho no Brasil ocorrido em 1785 no Estado de Minas Gerais, com a arrebentação de um dique erguido para a extração de diamantes e a morte de 60 negros que trabalhavam no local. No período colonial, havia no Brasil somente a exploração da nova terra pelos portugueses, atividades nos engenhos de cana-de-açúcar e mineração de pedras preciosas e ouro. Após a chegada da corte portuguesa, em 1808, começaram a surgir as primeiras fábricas. A partir de então, verificam-se as primeiras ações de SST no Brasil. Confira: 1890 – Criação do Conselho de Saúde Pública e da primeira legislação sobre condições de trabalho na indústria; 1919 – Criação da primeira lei de acidente do trabalho; 1920 – Reconhecimento da profissão do médico do trabalho; 1930 – Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio; 1934 – Criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho; 1978 – O Ministério do Trabalho regulamenta a Portaria n. 3.214, com 28 Normas Regulamentadoras (NR), relativas à Segurança do Trabalho; 1988 – Criação da Constituição da República Federativa do Brasil; 1988 – Foram aprovadas as Normas Regulamentadoras Rurais (NRR); 1999 – O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio passa a se chamar Ministério do Trabalho e Emprego – tem. A Constituição Federal de 1988 marcou a introdução da SST na esfera jurídica, ficando garantida a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (Brasil, 1988, art. 7°, XXII). As condições mínimas de trabalho a que pode ser submetido o empregado no Brasil devem articular-se com o princípio fundamental da dignidade da pessoa. (Brasil, 1988, art. 1°, III). TEMA 3 – RISCOS E BENEFÍCIOS A área de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) passou por mudanças nas últimas décadas, marcadas pela valorização e por conquistas sociais do trabalhador. O princípio da responsabilidade múltipla, ou seja, aquela que envolve Estado, Empregador e Empregados na promoção à saúde dos trabalhadores, 7 dentro de um sistema participativo, favoreceu a evolução de práticas e políticas que orientam o sistema de saúde e segurança em muitas empresas. Mesmo assim, são comuns no noticiário nacional títulos como: “Tocantins registra mais de 1,3 mil acidentes de trabalho este ano”, “Morre trabalhador ferido em incêndio de turbina de usina em Pontal, SP”, “Gari morre após ser atropelado por carro em Porto Alegre/RS”, “Trabalhador morre após ser sugado por misturador de ração durante manutenção”. O que precisa ser melhorado ou mudado nesses casos? É possível prever um acidente de trabalho? Ações preventivas em SST são definidas como os meios que buscam minimizar riscos e incorporar melhores condições de trabalho, através: da análise das condições de trabalho; do planejamento das atividades; do atendimento aos requisitos legais; de treinamentos periódicos; e do controle da documentação relativa à segurança do trabalho. Além da melhoria da qualidade de vida das pessoas, verifica-se ganhos para a organização, como o aumento da produtividade com redução do custo do produto final. Isso ocorre porque são evitadas interrupções no processo, absenteísmo (faltas por problemas de saúde), custos gerados por acidentes e/ou doenças ocupacionais e multas previstas por Lei. Mas, para isso, são necessárias ações preventivas por parte de todos os envolvidos no processo de trabalho. E você? Já viu ou participou de alguma ação preventiva em SST na sua empresa? Saiba mais Trabalho é um termo que vem do latim tripalium ou tripalus, uma ferramenta de três estacas que prendia pessoas para serem martirizadas; um verdadeiro instrumento de tortura. RODRIGUES, S. Uma verdade inconveniente: o trabalho nasceu da tortura. Veja, 1 nov. 2011. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/uma- verdade-inconveniente-o-trabalho-nasceu-da-tortura/>. Acesso em: 4 jul. 2018. 8 Saúde e segurança do trabalho, conforme conceitua a Organização Mundial de Saúde (OMS), é um estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença e enfermidade. O desenvolvimento tecnológico e o intenso movimento pela qualidade e produtividade surgem como uma necessidade na maioria das organizações. Mas até que ponto a aplicação de novas formas de trabalho e das chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), contribuem para melhorar as condições de trabalho? Como o trabalhador se prepara para o cenário atual, repleto de novos referenciais? O quanto essas novas habilidades requisitadas estão em sintonia com a saúde e a segurança do trabalho? De acordo o 1º Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade de 2017, publicado pela Previdência Social, os problemas de saúde mental são considerados a 3ª causa de afastamento do trabalho, perdendo apenas para as doenças osteomusculares e as lesões por causas externas. A doença mental que mais afeta os trabalhadores é a depressão, sendo também a maior responsável pelos afastamentos (Brasil, 2017). Saiba mais Este vídeo produzido pela Fundacentro, instituição pública responsável pela verificação de condições de trabalho no Brasil, mostra que cerca de 35% da população trabalhadora ativa sofre de alguma espécie de transtorno mental adquirido no trabalho. ESTRESSE e saúde mental no trabalho. Fundacentro, 27 jun. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dpIOegBeuLw>. Acesso em: 4 jul. 2018. Os principais fatores causadores de sofrimento psíquico ao trabalhador são decorrentes de ações para cumprimento de metas quase impossíveis de serem atingidas, de dificuldades em operar novas ferramentas, de tempos contínuo das TICs, e de uma maior intensificação do trabalho, incluindo a redução dos tempos de lazer e descanso, prazos apertados, dentre outros. Tais demandas podem gerar estresse ocupacional, síndrome de burnout, depressão e ansiedade advindos do ambiente laboral. Saiba mais 9 A síndrome de burnout está sendo considerada por médicos e especialistas como a doença do século XXI. A enfermidadeatinge os chamados workaholics (viciados no trabalho) e seus sintomas costumam surgir devido ao excesso de horas no trabalho, a diminuição da vida social. A doença faz o trabalhador esquecer até mesmo de cuidados básicos com a saúde, como higiene e alimentação. SIL, F. Excesso de trabalho pode causar danos psíquicos, profissionais e físicos TRESSE e saúde mental no trabalho. O Globo, 3 nov. 2011. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/emprego/excesso-de-trabalho-pode-causar- danos-psiquicos-profissionais-fisicos-2712953>. Acesso em: 4 jul. 2018. TEMA 4 – ASPECTOS ORGANIZACIONAIS Como vimos nos temas anteriores, a segurança do trabalho é o conjunto de recursos e técnicas aplicadas, de caráter preventivo ou corretivo, com vistas a proteger os trabalhadores dos riscos de acidentes implicados em um processo de trabalho. Essas questões dizem respeito não apenas aos integrantes de uma organização, mas também aos órgãos que criam e fiscalizam as leis referentes à SST. Vamos ver os principais a seguir. A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) é o órgão nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho. Ela também faz a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho em todo o território nacional. A Norma Regulamentadora NR 01, do MTE, descreve que a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) é o órgão regional competente para executar e fiscalizar o cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho, além de (Brasil, 1983): a) adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; c) embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos; d) notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de insalubridade; e) atender requisições judiciais para realização de perícias sobre segurança e medicina do trabalho nas localidades onde não houver 10 Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho registrado no MTb. Saiba mais Você sabe o que são Normas Regulamentadoras (NRs)? Trata-se do conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho, obrigatórios às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O empregador, a empresa individual ou coletiva, é aquele que admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados. Dentre as principais exigências da legislação brasileira para empregadores, estão as comunicações aos trabalhadores, as quais devem informar sobre riscos no local de trabalho, meios de prevenção e procedimentos no caso da ocorrência de um acidente. Quando a empresa não cumpre esses itens, pode ser penalizada com pagamento de multas e interdição da empresa, o que acarreta na suspensão das atividades e também faz com que a empresa esteja sujeita a passivos trabalhistas. A NR 01 do MTE define empregado como a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário (Brasil, 1983). Dentre os principais deveres do empregado, estão o respeito às normas de saúde e segurança, o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI) e a realização de exames médicos. Quando o trabalhador não cumpre esses requisitos, ele pode ser advertido, desligado da organização por justa causa, ou mesmo perder direitos trabalhistas. Gráfico 1 – Responsabilidades das partes envolvidas em SST 11 Fonte: Elaborado com base em Atlas, 2015. Os programas de segurança e saúde no trabalho são orientados normalmente para o atendimento à legislação trabalhista, que é normatizada, formulada e fiscalizada pelo Estado. O papel do empregador é aplicar essas normas e exigir que sua equipe (empregados) cumpra o seu papel na prevenção de acidentes. Caso o empregador não aplique as normas de segurança, cabe ao empregado denunciá-lo, para que o Estado fiscalize e se necessário aplique as sanções passíveis. Saiba mais Você já ouviu falar em responsabilidade solidária? As empresas que contratam prestadoras de serviços também estão sujeitas a sofrer sanções relacionadas a SST no Brasil. Veja um caso no link abaixo. TEIXEIRA, P. V. F. Energisa pagará R$ 300 mil em danos morais a três filhas de eletricista morto em serviço. Olhar Jurídico, 31 mar. 2017. Disponível em: <http://www.olhardireto.com.br/juridico/noticias/exibir.asp?id=35523¬icia=ene rgisa-pagara-r-300-mil-em-danos-morais-a-tres-filhas-de-eletricista-morto-em- servico>. Acesso em: 4 jul. 2018. TEMA 5 – O PAPEL DO SESMT Estado •Fiscaliza •Normatiza •Regula •Legisla •Pune Empregador • Aplica • Normatiza • Cobra Empregado • Aplica • Denuncia 12 As empresas privadas e públicas que tenham empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) devem manter obrigatoriamente os chamados Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), conforme a NR 04 do MTE. Trata-se de um órgão interno da empresa, composto por profissionais especializados que devem desenvolver ações cuja finalidade promover é a promoção da saúde e proteção da integridade do trabalhador no local de trabalho. A quantidade de especialistas do SESMT (Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do Trabalho) depende da gradação do risco da atividade principal e do número total de empregados do estabelecimento (veja os exemplos nos quadros a seguir). Quadro 1 – Relação de grau de risco Fonte: Atlas, 2015. O Quadro 1 define o Grau de Risco (1, 2, 3 ou 4) de uma empresa através da sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE. Quadro 2 – Dimensionamento 13 Fonte: Atlas, 2015. O Quadro 2 dimensiona o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT da empresa, através do Grau de Risco correspondente com o número de empregados no estabelecimento. Para ajudar a entender como funciona esse dimensionamento, vamos partir de um exemplo, ok? Acompanhe comigo. Suponha que uma empresa possua o CNAE 01.11-3 (Cultivo de cereais). Conforme o Quadro 1 da NR 04, essa empresa possui Grau de Risco (GR) 3. Analisando o Quadro 2, da NR 04, verificamos que, se essa mesma empresa tem entre 101 e 250 funcionários próprios, seu SESMT será composto por apenas 1 Técnico em Segurança do Trabalho. Mas se essa empresa possuir entre 1.001 e 2.000 funcionários, seu SESMT será composto por 1 Médico do Trabalho, 1 Engenheiro de Segurança do Trabalho, 4 Técnicos de Segurança do Trabalho e 1 Auxiliar ou Técnico de Enfermagem. Os profissionais integrantes do SESMT devem ter formação e registro profissional emitido por conselho profissional, quando existente. Saiba mais 14 O CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) representa a organização através de códigos, das entidades produtoras de bens e serviços em atuação no Brasil. Cumpre a função de categorizar e classificar as atividades econômicas em exercício. Grau de Risco (GR) é um valor numérico variável (1 a 4), referente à intensidade do risco da atividade econômica principal da empresa, descrita pela Classificação Nacionalde Atividades Econômicas. Um detalhe importante é que a empresa que contratar outra para prestar serviços em seu estabelecimento deverá estender a assistência do SESMT aos empregados da contratada. As atribuições dos profissionais integrantes do SESMT também estão previstas na NR04. Dentre s principais atividade a serem desenvolvidas, estão: verificar as condições de trabalho, procurando observar possíveis riscos de acidentes e riscos à saúde; desenvolver e apoiar ações preventivas, como atividades educativas e de conscientização de empregados e empregadores; atuar de forma emergencial sempre que um acidente ocorrer para reduzir os prejuízos à saúde das pessoas envolvidas. O SESMT são agentes da prevenção e promoção a saúde laboral, pesquisando os riscos no ambiente de trabalho e promovendo ações para neutralizá-los, além de desenvolverem atividades referentes ao cumprimento das Normas Regulamentadoras e outras funções designadas pelo empregador. FINALIZANDO Depois da aula que você acabou de acompanhar, consegue responder qual a responsabilidade do Gestor na diminuição dos acidentes do trabalho? De que forma eu e você estamos envolvidos na prevenção de acidentes? Como vimos nesta aula, Segurança do Trabalho é o conjunto de recursos e técnicas aplicadas para proteger os trabalhadores dos riscos de acidentes e doenças ocupacionais em um processo de trabalho. Sua responsabilidade é inerente a todos os integrantes de uma empresa (empregador e empregado) e também aos órgãos governamentais que criam e fiscalizam as leis referentes a SST. Assim, é preciso que todos (Estado, empregador e empregado) se envolvam nas ações de prevenção e na diminuição de acidentes. 15 LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica ROSSETE, C. A. (Org.). Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. p. 2-9, p. 44-54. Texto de abordagem prática ACIDENTES com perfurocortantes na limpeza hospitalar. Cipa, 9 out. 2017. Disponível em: <http://revistacipa.com.br/acidentes-com-perfurocortantes-entre- trabalhadores-da-limpeza-hospitalar/>. Acesso em: 4 jul. 2018. 16 REFERÊNCIAS ATLAS. Manuais de legislação: Segurança e Medicina do Trabalho. 72. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2015. BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. BRASIL. Portaria n. 6, de 9 de março de 1983. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 mar. 1983. BRASIL. Previdência Social. 1º Boletim quadrimestral sobre benefícios por incapacidade de 2017 adoecimento mental e trabalho: a concessão de benefícios por incapacidade relacionados a transtornos mentais e comportamentais entre 2012 e 2016. 2017. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2017/04/1º-boletim- quadrimestral.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2018. CARVALHO, D. de F. B. de. Fatores críticos para a capacitação a distância em saúde e segurança do trabalho: estudo de caso em empresas de Curitiba e Região Metropolitana. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. FIGUEIREDO JÚNIOR, J. V. Prevenção e controle de perdas: abordagem integrada. Natal: IFRN Editora, 2009. RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de riscos. Santa Maria: Rede e-Tec Brasil, 2013. SOTO, J. M. G. O problema dos acidentes do trabalho e a política prevencionista no Brasil. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 6, n. 21, p. 23-28, jan./fev./mar. 1978. SOUZA, R. Brasil tem 700 mil acidentes de trabalho por ano. Estadão, 5 jun. 2017. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/06/05/internas_economia,87 4113/brasil-tem-700-mil-acidentes-de-trabalho-por-ano.shtml>. Acesso em: 4 jul. 2018. AULA 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO Profª Daniele Buba 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vinda(o) à nossa aula. Nestas páginas, vídeo-aulas e demais conteúdos associados vamos apresentar a classificação dos riscos ambientais (ocupacionais), a avaliação da exposição aos riscos ambientais, o que é e como elaborar um mapa de risco. Trataremos um pouco sobre os principais equipamentos de proteção coletiva e, no final, abordaremos sobre equipamento de proteção individual, seus tipos, a necessidade do seu uso e a legislação pertinente. Lembre-se que cada tema faz parte de um conjunto maior, o curso, e novos conhecimentos estarão sendo apresentados. Você perceberá que esta aula irá completar alguns temas já tratados, como Insalubridade, e que outros, como as Normas Regulamentadoras, são tratados constantemente. O curso foi desenvolvido para que as informações e conhecimentos sejam gradativos, apresentados em cada etapa, para que no final sua formação esteja completa. Traçamos um percurso que busca trazer exemplos práticos para envolver você, aluno, nas normas mais atuais em SST. Espero que este seja um momento de contribuição para seu aprendizado e para seu futuro profissional. CONTEXTUALIZANDO Para reduzir os índices de acidentes e doenças do trabalho no País, é preciso agir com competência técnica e de maneira regular em cada ambiente onde existem riscos, sejam eles provocados por agentes físicos, químicos, biológicos, mecânicos ou situações ergonômicas. Ao mostrar a melhor forma de identificar eventuais riscos ambientais, este curso facilita a tarefa das empresas na busca de soluções adequadas para que tornem seus ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Os temas a seguir tratam da importância da identificação desses riscos nos postos de trabalho, pois esse é o primeiro passo para a prevenção, seja por meio de medidas administrativas, uso de equipamento de proteção coletiva ou individual. 3 TEMA 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS A Revista Proteção fez a seguinte reportagem, em setembro de 2011: Coleta de lixo urbano expõe garis a sucessivos riscos Se no ano passado você morava em uma casa ou apartamento localizado em área urbana de algum município brasileiro, você certamente contribuiu para o aumento de 6,8% na geração de resíduos sólidos urbanos ocorrida no país no período. Ao todo, a população do Brasil descartou um total de 60,87 milhões de toneladas de lixo em 2010, segundo dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Na prática, isso significa que cada um de nós produziu o equivalente a 378,4 quilos de lixo por ano. Passamos em 2010 de um quilo por dia, na média, o que ajuda a tornar ainda mais pesada a carga de trabalho que diariamente compromete a saúde dos coletores de lixo que atuam no Brasil, principalmente os dedicados à coleta porta a porta de resíduos domiciliares. São eles os que mais sofrem com a variada combinação de riscos que começa com a própria matéria-prima do trabalho dos coletores. Com o lixo orgânico, os garis têm, próximo do corpo, material que pode trazer vírus, bactérias e substâncias tóxicas perigosas. Além disso, nas cidades que não contam com coleta mecanizada, estão expostos a agravos biomecânicos, pois precisam subir e descer do caminhão inúmeras vezes para correr até os portões de casas e edifícios para recolher as sacolas de lixo. Ao coletar os sacos de resíduos, outro problema. O levantamento de peso, devido à falta de limites para a carga de cada recipiente e à ausência de parâmetros para o tamanho e a altura das lixeiras dispostas em frente às residências e estabelecimentos comerciais. Os perigos trazidos pelas características operacionais da atividade são agravados por um cenário de pouca atenção da maior parte da sociedade brasileira em relação a esses profissionais, que, na visão da maioria das pessoas, seriam os personagens do estrato profissional mais baixo. Aqueles que fazem o que ninguém quer fazer. (Disponível em: <http://www.protecao.com.br/noticias/leia_na_edicao_do_mes/coleta_d e_lixo_urbano_expoe_garis_a_sucessivos_riscos/J9yAAnji>.Acesso em: 14 jun. 2018) Na reportagem anterior, temos o exemplo de uma atividade, como outras, capaz de gerar no ambiente substâncias e fenômenos físicos que, dependendo da sua concentração ou intensidade, ao entrarem em contato com o organismo dos trabalhadores, podem causar danos à sua saúde. Conforme a NR 09 – Programa de prevenção de riscos ambientas do MTE, os riscos ambientais devem ser considerados quanto à sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição no ambiente de trabalho, garantindo condições de segurança para o trabalhador. Conforme a NR 09 – Programa de prevenção de riscos ambientais do MTE, os riscos ambientais podem ser físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (ou de acidentes): 4 Riscos físicos – São exemplos as vibrações, ruídos excessivos, temperatura extrema, pressão anormal, radiação, tanto nas formas ionizantes quanto não-ionizantes. Riscos químicos – Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador, nas formas de poeiras, fumos gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da atividade e o tempo de exposição. A penetração pelo organismo pode ocorrer através da via respiratória (inalação pelas vias aéreas), via cutânea (absorção pela pele) ou via digestiva (ingestão). Riscos biológicos – São as diferentes formas de microrganismos aos quais os colaboradores possam estar expostos como fungos, bactérias, protozoários, vírus ou parasitas, e cujo contato se dá através da pele, da ingestão ou ainda pelas vias respiratórias. Algumas atividades profissionais favorecem este contato, tais como indústrias alimentícias, hospitais, limpeza pública, laboratório. Riscos ergonômicos – Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São causados pela não adequação do ambiente de trabalho às limitações fisiológicas dos indivíduos, como sobrecarga de peso, intenso esforço físico, postura inadequada, jornada excessiva de trabalho, exigência de produtividade desproporcional, trabalho noturno, repetição de movimentos, entre outros fatores que causam estresse físico ou mental. Risco de acidentes ou mecânicos – Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade e seu bem-estar físico. São os agentes de riscos relacionados a máquinas, equipamentos e outros elementos que podem causar dano através da incidência de acidentes de trabalho. Dentre eles, ausência de equipamento de proteção, ferramentas com defeito ou inadequadas, risco de explosão ou incêndio, luminosidade inadequada, armazenamento e estocagem inadequados, animais peçonhentos, entre outros fatores que aumentem o risco de acidentes. (NR 09. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR09/NR-09- 2016.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2018) As duas últimas categorias, embora não contempladas pela NR 09, devem ser observadas da mesma maneira, já que o objetivo principal é garantir a segurança de todos. Voltando para a reportagem do início do nosso tema, você consegue pontuar todos os Riscos envolvidos na atividade de um gari? O Quadro 1 apresenta os principais riscos. Quadro 1 – Principais riscos da atividade de um gari Risco Causa Consequência Físico Ruído causado pelo trânsito da cidade Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição, aumento da pressão arterial, problemas do aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto. Vibração do caminhão Cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias etc. 5 Calor Taquicardia, aumento de pulsação, cansaço, irritação, prostração térmica, choque térmico, fadiga térmica perturbações das funções digestivas, hipertensão etc. Radiação não-ionizante causada pelo trabalho ao ar livre (sol) Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e nos outros órgãos. Químico Chorume Irritantes: irritação das vias aéreas superiores. Asfixiantes: dores de cabeça, náuseas, sonolência. Inalação de Monóxido de Carbono do escapamento do caminhão Dor de cabeça e redução da capacidade respiratória. Biológico Contaminação com fungos, bactérias, protozoários, vírus ou parasitas Infecções cutâneas ou sistêmicas, podendo causar contágio. Ergonômico Levantamento de peso Diversos problemas, como na coluna, nos membros inferiores e superiores. Acidente Correr entre carros Atropelamento. TEMA 2 – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS AMBIENTAIS Imagine que você começou a produzir cervejas artesanais para a família e que o negócio deu certo. Hoje você fabrica seis tipos diferentes da bebida: pilsen, lager, weiss, stout, frutada e red ale e revende a cerveja artesanal para todo Brasil. No início, era apenas você, hoje a produção conta com mais 10 funcionários, envolvidos diretamente na fabricação da cerveja. Como proprietário do negócio, você conhece bem os três processos básicos da produção da cerveja: mostura, fervura e fermentação. Mas como avaliar a exposição aos agentes ambientais envolvidos no processo? Em toda avaliação da exposição aos riscos ambientais é importante conseguir estabelecer relações entre o ambiente, seus riscos e os possíveis danos à saúde dos trabalhadores. Conhecer as características de cada agente envolvido no processo é fundamental na definição de seu potencial de agressividade e na escolha de medidas para a sua neutralização. Quais seriam os riscos envolvidos no processo de fabricação da cerveja artesanal? A primeira etapa seria uma avaliação qualitativa do processo, na qual seriam verificadas cada etapa e seus possíveis riscos. Avaliação qualitativa: é o estudo prévio das condições de trabalho, visando coletar o maior número possível de informações e dados necessários, das 6 condições relacionadas aos trabalhadores e ambientes, a fim de fixarem-se as diretrizes do levantamento quantitativo. Os riscos seriam separados conforme vimos no tema anterior: Riscos físicos, riscos químicos, riscos biológicos, riscos mecânicos (acidentes) e riscos ergonômicos. Nessa etapa, você classificou como riscos (Obs: o processo real da fabricação de cerveja artesanal envolve mais riscos, este exemplo é apenas didático): Quadro 2 – Avaliação dos riscos ambientais na produção de cerveja artesanal Risco Descrição do risco Etapa do processo Físico ruído moagem e envase calor fervura Acidentes queimadura fervura e fermentação Ergonômico levantamento de peso embalagem Agora é necessário realizar a avaliação quantitativa dos riscos físicos encontrados. Não é possível avaliar quantitativamente os riscos de acidentes e ergonômicos, apenas mensurar o potencial de dano que pode causar e o controle que deverá ser tomado. Avaliação quantitativa: representa as condições reais nas quais se encontra o ambiente de trabalho, a intensidade dos agentes físicos ou a concentração dos agentes químicos existentes no local analisado. Na avaliação quantitativa será possível verificar se os riscos estão dentro de um Limite de Tolerância – LT. Saiba mais A definição de Limite de Tolerância – LT da American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH: Os limites de exposição referem-se a concentrações de substâncias químicas dispersas no ar (assim como a intensidade de agentes físicos de natureza acústica, eletromagnética, ergonômica, mecânica e térmica) e representam condições às quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde. Na NR 15 temos a seguinte definição: “Entende-se por ‘Limite de Tolerância’ a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada com a 7 natureza e o tempo de exposição aoagente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.” Voltando para nosso exemplo da cerveja artesanal, você contratou uma empresa para avaliar os níveis de ruído e calor da produção. Foi constatado durante a avaliação que o calor se encontra dentro dos Limites de Tolerância, isso significa que a exposição ao calor não acarretará possíveis doenças ocupacionais. Mas o ruído apresentou 90 dB(A) para uma jornada de 8 horas de trabalho, acima do Limite de Tolerância. Curiosidades O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho. Sua ocorrência e os efeitos à saúde dos indivíduos expostos são consideráveis, sendo um dos maiores focos de atenção dos profissionais voltados para a segurança e saúde do trabalhador. A NR 15 – Atividades e operações insalubres, em seu Anexo – 1 Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente, estabelece a tabela a seguir com o nível de ruído do ambiente de trabalho e a máxima exposição diária permissível. Tabela 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente – Anexo 1 – NR 15 Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária PERMISSÍVEL 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 102 104 105 106 108 110 112 114 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos 8 Em nosso exemplo, o ruído deveria ficar abaixo do Limite de Tolerância de 85dB(A), para 8 horas trabalhadas, mas está com 90 dB(A). Agora está na hora de avaliar como melhorar as condições de trabalho na produção, para diminuir a exposição dos funcionários ao risco físico – ruído. Lembre-se das consequências desse risco para seus funcionários, apresentadas no tema anterior: cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição, aumento da pressão arterial, problemas do aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto, além do pagamento do adicional de insalubridade citado na aula passada (pagamento do adicional de 20% sobre o salário mínimo regional para cada trabalhador exposto). Nos próximos temas, iremos abordar as formas de prevenção aos riscos ambientais. TEMA 3 – MAPA DE RISCOS AMBIENTAIS Você já viu um Mapa de Riscos? Mapa de riscos é uma representação dos pontos de riscos encontrados nos postos de trabalho. O mapeamento ajuda na identificação de locais perigosos e pontos vulneráveis da empresa e a desenvolver atitudes mais cuidadosas por aquelas pessoas expostas a esses riscos. O Anexo IV – NR – 5, da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do MTE, descreve como elaborar um Mapa de Riscos. Etapas de elaboração: a) conhecer o processo de trabalho no local analisado; b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação da Tabela I do Anexo IV – NR – 5; c) identificar as medidas preventivas existentes; d) identificar os indicadores de saúde; e) causas mais frequentes de ausência ao trabalho; f) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local; g) elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, incluindo por meio de círculo: • o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na Tabela I Anexo IV – NR – 5; • o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro do círculo; 9 • a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos diferentes de círculos. h) o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na Tabela I do Anexo IV – NR – 5; Após discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Riscos, completo ou setorial, deverá ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores. Quadro 3 – Anexo IV – NR – 5 Classificação dos principais riscos ocupacionais de acordo com a sua natureza Padronização das cores correspondentes Grupo 1 Verde Grupo 2 Vermelho Grupo 3 Marrom Grupo 4 Amarelo Grupo 5 Azul Riscos físicos Riscos químicos Riscos biológicos Riscos ergonômicos Riscos de acidentes Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transporte manual de peso Máquinas e equipamentos sem proteção Radiações Ionizantes Névoas Protozoários Exigência de postura inadequada Ferramentas inadequadas ou defeituosas Radiações não ionizantes Neblinas Fungos Controle rígido de produtividade Iluminação inadequada Frio Gases Parasitas Imposição de ritmos excessivos Eletricidade Calor Vapores Bacilos Trabalho em turno e noturno Probabilidade de incêndio ou explosão Pressões anormais Substâncias, compostos ou produtos químicos em geral Jornadas de trabalho prolongadas Armazenamento inadequado Umidade Monotonia e repetitividade Animais peçonhentos Outras situações causadoras de "stress" físico e/ou psíquico Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes Fonte: Atlas, 2015. 10 Vamos ver, agora, um modelo de Mapa de Riscos de uma Oficina Mecânica. Esse desenho apresenta o layout da oficina, contendo todos os seus ambientes: entrada e saída de serviços, escritório, banheiro, almoxarifado, oficina mecânica, lataria e a seção de pintura. Cada ambiente recebeu uma circunferência com o tamanho pequeno, médio ou grande e a cor referente ao seu risco, classificada conforme a Tabela 1 do Anexo IV da NR 05. Podemos dizer, então, que o ambiente Lataria possui o risco físico e químico no grau médio. Figura 1 – Modelo de um Mapa de Riscos de uma oficina mecânica TEMA 4 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVO – EPC Alguma vez você já passou por alguma área que estava sendo realizada a limpeza do piso e a equipe da limpeza sinalizou que o piso estava úmido com uma placa amarela, com o seguinte dizer: Cuidado, piso molhado! Ou, então, viu uma fita zebrada nas cores amarelo e preto que delimitavam uma área que estava sendo feita alguma manutenção? Esses são exemplos comuns do uso de Equipamento de Proteção Coletivo – EPC. A NR 09 – Programa de proteção a riscos ambientais – PPRA, que vamos tratar com mais detalhes na próxima aula, determina que o empregador deve avaliar os riscos existentes nos postos de trabalho e adotar inicialmente medidas de proteção coletiva, depois medidas administrativas ou de organização do trabalho para só depois adotar medidas de proteção individual, caso ainda persista algum risco. 11 EPC pode ser definido como um dispositivo, sistema fixo ou móvel, que age na fonte do risco de forma coletiva, com o objetivo de garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores e de terceiros. Na construção civil, conseguimos visualizar facilmente exemplos de EPC, como dispositivos protetores de plano vertical (cortinas), sistema de guarda-corpo, proteção de aberturas no piso por cercados, além de dispositivos de proteção para limitação de quedas (bandejão). Esses dispositivos evitam a queda da equipe da obra e também que o material aplicado durante a construção caia e cause algum acidente em terceiros (pessoas que estão transitando nas proximidades). A figura a seguir mostra a instalação de uma cortina que sinaliza e evita que pedestres passem dentro da obra de uma galeria subterrânea. Figura 2 – Instalação de uma cortina de sinalização Fonte: Alexey Belyaev/Shutterstock. Podemos citar outros exemplos de EPC, como: • Enclausuramento acústico de fontes de ruído; • Ventilação dos locais de trabalho; • Capelas químicas; • Extintores de incêndio; • Cobertura e isolação de condutores elétricos ou postes nos trabalhosem redes de distribuição de energia elétrica; • Proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, como representado pela figura a seguir: Figura 3 – Proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos 12 Fonte: Mr.1/Shutterstock. A implantação de EPC garante ao máximo a integridade física de trabalhadores e terceiros, não necessitando de fiscalização direta, pois independe da vontade pessoal de se utilizar ou não. Se comparado com o EPI, o EPC possui melhor custo a médio e longo prazo. É fundamental que durante a implantação de um EPC seja realizado treinamentos aos trabalhadores, informando suas eventuais limitações. (Segurança do Trabalho Sempre. Disponível em: <http://segurancadotrabalhosempre.com/o-que-e-epc-vantagens-e- beneficios/>. Acesso em: 14 jun. 2018) TEMA 5 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI Você sabe o que é um Equipamento de Proteção Individual – EPI? Conforme a NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI, do MTE, podemos dizer que EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à sua proteção contra riscos que possam ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. A NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI, do TEM, trata dos requisitos mínimos que as empresas devem seguir quando optarem por seu uso. O quadro a seguir destaca os principais pontos dessa norma. Quadro 4 – NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. 13 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: • sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; • enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; • para atender a emergências. Responsabilidades do empregador • adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade; • exigir seu uso; • orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; • substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; • responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, • registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. Responsabilidades do trabalhador • usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; • responsabilizar-se pela guarda e conservação; • comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, • cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. O gerenciamento do uso do EPI constitui desde a escolha do EPI adequado, entrega, treinamento e fiscalização do uso. É imprescindível sua realização de forma adequada e registrada, pois pode ser considerada como prova em ações judiciais de indenização, adicional de insalubridade, além de processos junto ao INSS. Exemplos de EPIs: 14 • EPI para proteção da cabeça: capacete. Fonte: Ajintai/Shutterstock. • EPI para proteção dos olhos e face: máscara de solda e óculos. Fonte: Petrovic/Shutterstock. Fonte: Jedmatangi/Shutterstock. 15 • EPI para proteção auditiva: protetor auditivo tipo plug e tipo concha. Fonte: Florin Oprea/Shutterstock. Fonte: Barghest/Shutterstock. 16 • EPI para proteção respiratória: peça semifacial filtrante (PFF1) para proteção das vias respiratórias contra poeiras e névoas. Fonte: Modustollens/Shutterstock. • EPI para proteção dos membros superiores: Luvas Fonte: Productions/Shutterstock. • EPI para proteção dos membros inferiores: calçado e calça. Fonte: Oxford Media Library/Shutterstock. 17 • EPI para proteção do corpo inteiro: macacão e cinturão de segurança com dispositivo trava-queda. Fonte: Tawansak/Shutterstock. FINALIZANDO Apresentamos, nesta aula, a classificação dos riscos ambientais (ocupacionais), a avaliação da exposição aos riscos ambientais, o que é e como elaborar um mapa de risco. Tratamos um pouco sobre os principais equipamentos de proteção coletiva e no final abordamos sobre equipamento de proteção individual, seus tipos, a necessidade do seu uso e a legislação pertinente. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica ROSSETE, C. A. (Org.). Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Pearson Education Do Brasil, 2014. Leia os capítulos 1, 2 e 3. Leia na integra a NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm>. Acesso em: 14 jun. 2018. 18 Texto de abordagem prática A reportagem apresenta alguns riscos na produção de cerveja artesanal. Disponível em: <Http://Cervejaemalte.Com.Br/Blog/Seguranca-No-Trabalho/>. Acesso em: 14 jun. 2018 Leia o artigo O valor da prevenção em acidentes de trabalho da revista Cipa, que trata da importância do uso do EPI na prevenção de acidentes. Disponível em: <http://revistacipa.com.br/o-valor-da-prevencao-em-acidentes-de- trabalho/>. Acesso em: 14 jun. 2018. Saiba mais Assista ao vídeo da Fundacentro que mostra todos os tipos de agentes estudados aqui. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=ab8xfZJWYTk>. Acesso em: 14 jun. 2018. Assista ao vídeo: Cerveja – como tudo funciona, da Discovery Channel. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YrVAgz5SNVc>. Acesso em: 14 jun. 2018. 19 REFERÊNCIAS ATLAS, E. Manuais de legislação – segurança e medicina do trabalho. 72. ed. São Paulo: Atlas, 2015. REVISTA CIPA. O valor da prevenção em acidentes de trabalho. Disponível em: <http://revistacipa.com.br/o-valor-da-prevencao-em-acidentes-de-trabalho//>. Acesso em: 14 jun. 2018. ESCOLA SUPERIOR DE CERVEJA E MALTE. Segurança no trabalho. Disponível em: <http://cervejaemalte.com.br/blog/seguranca-no-trabalho/. Acesso em: 14 jun. 2018. ROSSETE, C. A. (Org.). Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. _____. Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. AULA 4 SEGURANÇA E SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO Profª Daniele Buba 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vinda(o) à nossa aula. Nestas páginas, vídeo-aulas e demais conteúdos associados, vamos falar sobre Sistema de Gestão em SST, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, e vamos finalizar tratando sobre os principais Treinamentos em SST, por uma perspectiva diferente, envolvendo a Gestão de Negócios. Os temas abordados aqui irão ajudar você a entender a importância de implantar um Sistema de Gestão em SST e também que investir em treinamento é a melhor forma de prevenção. Esperamos que estes temas contribuam para seu aprendizado e para seu crescimento profissional. CONTEXTUALIZANDO Os riscos nos postos de trabalho têm evoluído juntamente com as formas de produção, e o ambiente competitivo em que as empresas estão inseridas faz com que elas não percebem os danos a que estão expondo seus funcionários, assim, é necessário utilizar sistemas de gestão para controlar os riscos de maneira a reduzir as lesões, incapacidades, mortes e danos materiais para níveis mínimos aceitáveis. Um Sistema de Gestão em SST baseia-se nas Normas Regulamentadoras e na realidade do seu processo e tem como objetivo em proporcionar um método de avaliar e melhorar comportamentos relativos à prevenção de incidentes e de acidentes no localde trabalho, por meio da gestão efetiva no local de trabalho. A implementação de segurança e saúde no trabalho e a respectiva conformidade com as exigências estabelecidas pela legislação são de responsabilidade e dever do empregador. A aplicação de uma abordagem sistêmica à gestão de SST na empresa assegura que o nível de prevenção e de proteção sejam sempre avaliados e devem reagir e se adaptar aos desvios que ocorram em relação aos seus objetivos e propósitos, visando à melhoria contínua. Algumas empresas têm sua gestão em SST voltada apenas para o atendimento aos requisitos legais e não adotam uma visão geral do tema, fator fundamental para a implantação de um sistema de gestão de forma eficaz. A ideia de estabelecer uma cultura de segurança parece simples, mas é difícil se todas 3 as partes não estiverem comprometidas. No entanto, isso deveria interessar a todas as partes envolvidas (empresas, governo, trabalhadores e sociedade), seja pelos altos custos que os acidentes de trabalho geram seja pelos aspectos sociais e humanos que envolvem. TEMA 1 – SISTEMA DE GESTÃO EM SST Um Sistema de Gestão em SST começa com o desenvolvimento e implantação de Programas de Saúde e Segurança que descrevem como, quando e por quem devem ser atingidos os objetivos. Todos os programas exigidos nas NRs foram revisados ou criados a partir de Sistemas de Gestão com um único objetivo, que é a eliminação dos riscos nos ambientes de trabalho, levando em consideração a saúde e segurança, como: PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional: Esse programa é descrito pelo MTE (NR 07,1978) e visa à prevenção, rastreamento e diagnóstico de riscos decorrentes da ocupação de determinadas funções no ambiente de trabalho por meio de avaliações periódicas das condições dos locais em que essas funções são desempenhadas. PCA – Programa de Proteção Auditiva: Visa à prevenção e estabilização de perda auditiva entre os trabalhadores em razão de sua exposição a ruídos no local de trabalho. PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho: A implementação desse programa é necessária em obras com mais de vinte funcionários e tem como objetivo a prevenção de riscos ambientais que ocorrem no âmbito da empresa. Além disso, ele ainda tem como meta controlar, reduzir, evitar e neutralizar problemas de postura, ruídos excessivos, poeira nociva e inalação de fumaça, entre outros. PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais: “Exigido pelo MTE (NR9,1994) para todas as empresas que admitam trabalhadores e trata de recomendações às empresas para correção e alteração de seu ambiente físico, de forma a garantir mais segurança e cuidado com a saúde do trabalhador.” (Blog SST. Disponível em: <http://blog.sst.com.br/conheca- os-principais-programas-de-seguranca-e-saude-trabalho/>. Acesso em: 06 jun. 2018) 4 PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos: Sua aplicação diz respeito a ambientes em que se executam atividades mineradoras, conforme descreve a NR 22 – Segurança e Saúde na Mineração, de 1999. O objetivo de um Sistema de Gestão é gerenciar as ações desenvolvidas na área de Saúde e Segurança, visando à efetividade da aplicação dos programas preventivos, que repercutem diretamente na melhoria da qualidade de vida do trabalhador e na redução dos riscos de acidente de trabalho e doenças do trabalho. A OHSAS 18001 cuja sigla significa Occupational Health and Safety Assessment Series (Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional), é uma certificação de padrão internacional que estabelece requisitos relacionados à Gestão da Saúde Ocupacional e Segurança, através do qual é possível melhorar o conhecimento dos riscos existentes na organização, atuando no seu controle em situações normais e especiais. Este padrão é aplicável a qualquer organização de diversos setores e atividades econômicas, orientando tais organizações sobre como promover a melhoria contínua do desempenho de Saúde Ocupacional e Segurança. A OHSAS 18001 foi oficialmente publicada pela BSI – British Standards Institution - e entrou em vigor na Inglaterra no dia 15/4/99. Assim como a ISO 9001 (Gestão da Qualidade) e com a ISO 14001 (Gestão Ambiental) a OHSAS 18001 também possui objetivos, indicadores, metas e planos de ação, porém com o foco voltado para a saúde e segurança ocupacional (Araújo, 2002, p. 84). As normas da série OHSAS 18000 são um guia para implantação de sistemas de gestão de segurança e higiene ocupacional. O Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho compartilha os mesmos princípios gerais que os demais Sistemas de Gestão (Qualidade – ISO 9000 e Ambiental – ISO 14000), o que facilita a implantação de um Sistema Integrado de Gestão em sua forma total ou parcial. (De Cicco, 1999) A OHSAS 18001, estabelece os requisitos para um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, por meio de uma política com objetivos e monitoramento do desempenho. O Ciclo PDCA (Planejar, Executar, Controlar e Agir) pode ser descrito como uma ferramenta que orienta sequência de atividades para se gerenciar uma tarefa, um processo, empresa, etc. (De Cicco, 1999) 5 Figura 1 – Ciclo PDCA Fonte: Baseado em: OHSAS 18001 A implantação de um Sistema de Gestão em SST auxilia na manutenção de um ambiente de trabalho seguro, na redução dos riscos de acidentes e incidentes, evidencia o funcionamento da saúde e segurança na empresa, evita multas por implementar o cumprimento dos requisitos legais, contratuais e sociais, detecta oportunidades de melhoria e possibilita a redução de custos com seguros. TEMA 2 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA Agora, vamos tratar do principal programa de gerenciamento das condições de trabalho e na prevenção das doenças ocupacionais aplicado na segurança do trabalho, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, que é tratado na NR 09. Conforme MTE (NR09, 1994), esta Norma Regulamentadora estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, que deverá ser registrado em um documento-base que contenha todos os aspectos estruturais do programa. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas conforme a realidade de cada estabelecimento, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle. Para a elaboração do PPRA, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes •Checar •Verificar o atingimento de metas •Agir •padronizar e treinar o sucesso •Fazer •Colocar um plano em prática •Planejar • localizar problemas e estabelecer palnos de ação P D CA 6 de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura: a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades; b) estratégia, metodologia e cronograma de ação; c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. O PPRA deverá ser revisado anualmente, avaliando o seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. O cronograma deverá indicar claramente os prazos para o desenvolvimento das etapas e cumprimento das metas do PPRA. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá incluir as seguintes etapas: 7 Figura 2 – Etapas do PPRA Fonte: Baseado em: Atlas, 2015. Por exemplo: uma empresa irá adquirir um novo equipamentoe foi verificado na fase de antecipação e reconhecimento de riscos que ele emite um nível de ruído acima do estipulado pelas normas brasileiras. Verificou-se, por meio da avaliação de riscos, que a trajetória do ruído irá atingir um grupo de funcionários que precisam de concentração na realização das suas atividades, pois trabalham no setor de qualidade final, tornando prioritário o estudo de medidas de controle nessa área. O equipamento foi instalado e, na sequência, projetado uma proteção acústica, para abafar o som. Depois da instalação da proteção, a equipe de segurança do trabalho avaliou o ambiente, suas proximidades e entrevistou alguns funcionários que trabalham próximo ao equipamento, para monitorar se a proteção do equipamento foi suficiente para o Antecipação e reconhecimentos dos riscos Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia Monitoramento da exposição aos riscos Registro e divulgação dos dados Medidas de controle de Riscos 8 controle do ruído. Deverão ser adotadas medidas para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificados riscos potenciais à saúde do trabalhador. Essa medida deverá seguir a seguinte hierarquia: Figura 3 – Hierarquia das medidas de proteção – NR09 Fonte: Baseado em: Atlas, 2015. O empregador deverá garantir que, na ocorrência de riscos ambientais nos locais de trabalho que coloquem em situação de grave e iminente risco um ou mais trabalhadores, estes possam interromper de imediato as suas atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as devidas providências. (Item 9.6.3 da NR 09, MTE) Como vimos na NR 09 do MTE, o PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais normas regulamentadoras na sua elaboração e implantação. TEMA 3 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL: PCMSO Agora vamos focar na NR 07 – Programa Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (MTE, 1994) que trata da obrigatoriedade de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados na elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o objetivo da promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. A seguir, temos os principais pontos transcritos dessa Norma: 1.Medidas de engenharia. Ex: Instalação de Exaustores. 1.Medidas de caráter administrativo. Ex: Rodízio de Atividade. 1.EPC 1.EPI 9 O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória de exames médicos e deverão obedecer aos prazos e à periodicidade: a) Exame médico admissional: antes do início das atividades na empresa. b) Exame médico periódico: para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos: a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho; de acordo com a periodicidade especificada no Anexo n. 6 da NR 15, para os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas; para os demais trabalhadores: anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta e cinco) anos de idade; ou a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 (quarenta e cinco) anos de idade. c) Exame médico de retorno ao trabalho: deverá ser realizada obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto. d) Exame médico de mudança de função: realizado antes da data da mudança de função. e) Exame médico demissional: será obrigatoriamente realizada até a data da homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de 135 (centro e trinta e cinco) dias para as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro I da NR 4 ou 90 (noventa) dias para as empresas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR 4. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário clínico individual, que ficará sob a responsabilidade do médico-coordenador do PCMSO e deverão ser mantidos por período mínimo de 20 (vinte) anos após o desligamento do trabalhador. Compete ao empregador garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia e custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados. 10 TEMA 4 – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES: CIPA Na aula passada falamos sobre todas as Normas Regulamentadoras que devem ser seguidas por empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. Entre essas normas, citamos a NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, que vamos estudar agora de forma mais aprofundada, vendo suas atribuições, seu dimensionamento e sua importância. Vamos lá? A CIPA foi criada na década de 1940, pelo Governo Federal, com o objetivo de reduzir o grande número de acidentes de trabalho nas indústrias. É formada por um grupo de funcionários composto por representantes dos empregados e do empregador, treinados para colaborar na prevenção de acidentes e encontrar meios e soluções capazes de oferecer mais segurança ao local de trabalho e ao trabalhador e ligação entre o empregador, o SESMT e os empregados. Conforme o MTE (NR 05, 1999), a CIPA é formada por representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I (Dimensionamento da CIPA), do Quadro II (Agrupamento de setores econômicos pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, para dimensionamento da CIPA) e do Quadro III (Relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, com correspondente agrupamento para dimensionamento da CIPA). Exemplo: Imagine que você deve verificar quantos Cipeiros serão necessários em uma empresa de fabricação de malte, cervejas e chope, que possui 600 funcionários. 1. Localizar o CNAE da empresa para identificar o grupo ao qual pertence (Quadro III da NR 05). Tabela 1 – Extrato do Quadro III da NR 05 CNAE Descrição Grupo 11.11-9 Fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas C-2 11.12-7 Fabricação de vinho C-2 11.13-5 Fabricação de malte, cervejas e chopes C-2 11 Fonte: Brasil (1978c), adaptado do Quadro III da NR 05 2. Dimensionar a CIPA em função do número de funcionários e do grupo ao qual pertence a empresa (Quadro I da NR 05). Tabela 1 – Extrato do Quadro I da NR 05 Fonte: Brasil (1978c), adaptado do Quadro I da NR 05 Solução: A CIPA da empresa deverá ser constituída de seis representantes titulares e cinco representantes suplentes indicados pelo empregador,seis representantes titulares e cinco representantes suplentes eleitos pelos empregados. A seguir, selecionamos os principais itens da NR 05 CIPA, que trata da votação, dos deveres da CIPA e do treinamento obrigatório de 20 horas. Os representantes do empregador, titulares e suplentes, serão por ele escolhidos. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes são eleitos em sistema de votação secreta, do qual participem todos os empregados da empresa. O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem decrescente de votos recebidos, observará o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR. O seu mandato terá a duração de um ano, permitida uma reeleição. Não é possível a dispensa sem justa causa do empregado eleito para CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato, os candidatos eleitos da CIPA possuem estabilidade. Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR, ele será o representante designado da CIPA. A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número de empregados da empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento. G R U P O S N° de Empregados no Estabelecimento N° de Membros da CIPA 0 a 19 20 a 29 30 a 50 51 a 80 81 a 100 101 a 120 121 a 140 141 a 300 301 a 500 501 a 1000 1001 a 2500 2501 a 5000 5001 a 10000 C1 Efetivos 1 1 3 3 4 4 4 4 6 9 12 15 Suplentes 1 1 3 3 3 3 3 3 4 7 9 12 C1a Efetivos 1 1 3 3 4 4 4 4 6 9 12 15 Suplentes 1 1 3 3 3 3 3 4 5 8 9 12 C2 Efetivos 1 1 2 2 3 4 4 5 6 7 10 11 Suplentes 1 1 2 2 3 3 4 4 5 6 7 9 C3 Efetivos 1 1 2 2 3 3 4 5 6 7 10 10 12 A seguir, vamos repassar alguns trechos da NR 05, lembrando que a legislação na área de segurança do trabalho muda constantemente e precisamos estar sempre atentos a essas mudanças. Alguns deveres da CIPA: identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT. A empresa deverá promover treinamento para os membros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse, sendo que a carga horária deve ter no mínimo vinte horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias e será realizado durante o expediente normal da empresa e poderá ser realizado pelo SESMT da empresa, entidade patronal, entidade de trabalhadores ou por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados. Importante: Conforme MTE (NR 05, 1999), “sempre que duas ou mais empresas atuarem em um mesmo estabelecimento, a CIPA ou designado da empresa contratante deverá, em conjunto com as das contratadas, definir formas de integração e de participação de todos os trabalhadores em relação às decisões das CIPA existentes no estabelecimento.” TEMA 5 – TREINAMENTO EM SST Você já fez algum treinamento relacionado à Segurança do Trabalho? Você acredita que apenas a instalação de dispositivos de segurança nos equipamentos de uma linha de produção é suficiente para acabar com os acidentes? Conforme Bley (2004, p.12), prevenir é um processo e não um produto, um objeto acabado e palpável. É um processo à medida que é composto por cadeias de comportamentos dos profissionais que ao final produzem como 13 resultado, que é no caso da segurança no trabalho, a baixa probabilidade de ocorrer acidentes após a execução de uma atividade. A necessidade de treinamento e conscientização dos empregados, de forma a tornar a segurança do trabalho um processo contínuo no dia a dia do trabalho, pode ser facilmente constatada nas empresas. Ao estabelecer uma política educacional na área da prevenção, a empresa estará garantindo pessoas mais capacitadas para o desenvolvimento de seu trabalho, utilizando-se de procedimentos mais seguros, servindo de “apoio para que os empregados tenham mais condições de participar no processo prevencionista” (Barbosa; Ramos, 2012). A educação para a saúde e a segurança é uma das tradicionais estratégias utilizadas em políticas públicas e programas de prevenção de doenças e acidentes relacionados ao trabalho, como meio de capacitar os trabalhadores para a prevenção de acidentes. No Quadro 1, encontram-se ações educativas obrigatórias presentes nas NRs. Quadro 1 – Treinamentos obrigatórios citados nas NRs do Ministério do Trabalho NORMA ITEM DESCRIÇÃO NR 1 – Disposições Gerais 1.7. c O empregador deve informar ao trabalhador os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho e os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pelas empresas. NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA 5.32 Treinamento aos membros da CIPA. 5.32.2 Treinamento para o designado responsável pelo cumprimento da NR5, quando a empresa estiver desobrigada de compor CIPA. 5.16.o Palestras e Treinamentos relativos à SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho. 5.16.p Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS. NR 6 – Equipamento de proteção individual 6.6.1.d Treinamento quanto ao uso adequado, guarda e conservação dos EPIs. NR 7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional 7.5.1 Treinamento de empregados para prestação de Primeiros Socorros. 14 NORMA ITEM DESCRIÇÃO NR 9 – Programa de prevenção de riscos ambientais 9.3.5.5.b Treinamento dos trabalhadores quanto à correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção dada pelos EPIs. NR 10 – Instalações e serviços em eletricidade 10.8.8 Treinamento para eletricistas. NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais 11.1.5 Treinamento para operadores de equipamentos de transporte com força motriz própria. NR 12 – Máquinas e Equipamentos 12.135 A operação, manutenção, inspeção e demais intervenções em maquinas e equipamentos devem ser realizadas por trabalhadores habilitados, qualificados, capacitados ou autorizados para este fim. 12.138 A capacitação deve: a) ocorrer antes que o trabalhador assuma a sua função; b) ser realizada pelo empregador, sem ônus para o trabalhador. 12.144 Deve ser realizada capacitação para reciclagem do trabalhador sempre que ocorrerem modificações significativas nas instalações e na operação de máquinas ou troca de métodos, processos e organização do trabalho. NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão 13.3.7 Treinamento de Segurança na Operação de Caldeiras. NR 15 – Atividades e operações insalubres ANEXO N.º 6 Item
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