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Carga térmica de refrigeração conforme ASHRAE ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers Carga térmica de refrigeração A carga térmica de refrigeração considera as taxas de calor na câmara: 1) Carga de transmissão –calor transferido para o interior do espaço refrigerado através das superfícies; 2) Carga do produto –calor removido dos produtos ou produzido pelos produtos existentes dentro da câmara; 3) Carga de infiltração de ar –calor do ar que entra no espaço refrigerado; 4) Carga interna –calor referente a lâmpadas, motores elétricos e pessoas trabalhando dentro da câmara 5) Carga referente ao equipamento de refrigeração 1) Carga de transmissão O calor sensível através de paredes, piso e forro; em regime estacionário é 𝑄𝑡𝑟 𝑄𝑡𝑟=𝑈𝐴𝑇 𝑄𝑡𝑟- ganho de calor em [W] U – coeficiente global de transferência de calor [W/m2K] A – área [m2] T –diferença de temperatura do ar externo (ou solo ou outra sala) e a temperatura do espaço refrigerado [°C] 1) Carga de transmissão O coeficiente global de transferência de calor, U para paredes, piso e forro pode ser calculado pela equação: hi= coeficiente de transferência de calor por convecção interno [W/m 2K] k= condutividade térmica do material [W/mK] he= coeficiente de transferência de calor por convecção externo [W/m 2K] L = espessura do material [m] 1) Carga de transmissão N =1 – paredes e forros de um material somente, como painéis térmicos, onde se despreza o efeito térmico das chapas metálicas, por serem finas e boas condutoras de calor. Para pisos devem ser consideradas as camadas de concreto existentes, normalmente, na ordem, piso, isolante, contra-piso e solo. Neste caso existe apenas coeficiente de convecção interno. Os Coeficientes de transferência de calor por convecção, incluindo radiação infravermelha com emissividade 0,9, pode ser calculados com a equação: u é a velocidade do ar junto à superfície, m/s. Espessura mínima de isolamento para poliuretano A espessura mínima de isolamento para poliuretano, função da temperatura interna da câmara. Para outros isolantes é preciso corrigir a espessura do isolamento com a equação: Onde x é a espessura corrigida, xT a espessura tabelada e k a condutividade do isolante que será utilizado. Diferencial de temperatura O diferencial de temperatura é calculado por: TE = temperatura externa, que depende da cidade, usando-se o dia de verão de 0,4% na temperatura de bulbo seco TI = temperatura interna, que depende das condições internas de estocagem AS = acréscimo por efeito do sol Em alguns casos a diferença de temperatura T deve ser ajustada para considerar o efeito do sol na carga térmica. Acréscimo por efeito do sol [°C] Os valores da tabela se aplicam sobre um período de 24h A tabela acima não deve ser usada para cálculos de ar condicionado 2) Carga do produto As principais cargas devidas aos produtos colocados dentro das câmaras frias são: - calor que deve ser removido para reduzir a temperatura do produto até a temperatura de estocagem - Calor gerado por frutas e vegetais 2) Carga do produto 1. Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura inicial até outra acima do congelamento, para produtos resfriados 2) Carga do produto 2. Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura inicial até a temperatura inicial de congelamento do produto Q2 = calor removido [kJ] m = massa de produto [kg] Cpr = calor específico do produto resfriado [kJ/kg] Ti = temperatura inicial acima do congelamento [°C] Tc = temperatura de congelamento do produto [°C] 2) Carga do produto 3. Calor removido para congelar o produto: 2) Carga do produto 4. Calor removido para resfriar o produto desde a temperatura inicial de congelamento do produto até a temperatura final de estocagem do produto congelado: Q4 = calor removido [kJ] m = massa de produto [kg] Cpc = calor específico do produto congelado [kJ/kg] Tc = temperatura inicial do congelamento do produto [°C] Tf = temperatura final de estocagem do produto congelado [°C] 2) Carga do produto 5. Calor removido para resfriar pallets, caixas, containers e outros materiais de contenção de alimentos 2) Carga do produto 6. Potência térmica para resfriar o produto desde a temperatura inicial até a temperatura final: 2) Carga do produto 7. Potência térmica na respiração de frutas e vegetais No armazenamento de frutas e/ou vegetais ocorre oxidação da glicose dos alimentos conforme equação abaixo, liberando calor 2) Carga do produto 8. Potência total de refrigeração devida ao produto • Nas equações acima não é considerado o ganho de calor latente devido a remoção de umidade do produto. A quantidade de umidade removida pode ser estimada como uma pequena porcentagem da massa de produto, o que permite o cálculo do calor latente. Condições de estocagem para frutas e vegetais Condições de estocagem para carnes, laticínios e outros Propriedades térmicas dos alimentos Calor de respiração 3) Carga Interna • Divide-se em equipamento elétrico, equipamentos de movimentação, equipamentos de processamento, pessoas e carga latente • -Equipamento elétrico: energia elétrica dissipada no espaço refrigerado (lâmpadas, motores, aquecedores e outros equipamentos) deve ser incluída na carga térmica interna. As lâmpadas podem ser calculadas com taxas de iluminação, por exemplo 10 W/m2de piso. • -Empilhadeiras: em alguns casos podem ser um grande e variável contribuinte para a carga térmica. O calor dissipado depende do nível energético de operação de cada empilhadeira presente na câmara.O nível energético de uma empilhadeira elevando uma carga é diferente de outra transitando vazia. É necessário consultar catálogo do fabricante. 3) Carga Interna Equipamentos de processo: moinhos, misturadores, equipamentos de cocção e outros podem estar nas áreas refrigeradas ou plantas de processamento de alimentos. Também podem existir equipamentos para empacotamento dos alimentos. • Pessoas: contribuem com a carga térmica, e sua carga depende de fatores como a temperatura da sala, tipo de trabalho, tipo de vestimenta e tamanho da pessoa. A carga térmica de uma pessoa pode ser estimada como: 3) Carga Interna • Onde Qpes–calor liberado pelas pessoas [W] • N –número de pessoas presentes no ambiente • T –temperatura da câmara fria [°C] • O termo dentro do parênteses representa o calor liberado por uma pessoa em W, que aumenta com a diminuição da temperatura interna da câmara (temperatura negativa) • Quando as pessoas entram e saem da câmara, trazem um calor adicional. Porém, elas não permanecem o tempo todo dentro da câmara, ocorrendo uma compensação. 3) Carga Interna -Carga latente: a parcela latente da carga térmica interna é usualmente pequena. Em casos especiais pode ser calculada. 4) Carga do ar de infiltração • O ganho de calor associado ao ar de infiltração pode chegar a metade da carga de refrigeração em câmaras de distribuição e similares. • A infiltração comumente ocorre devido a diferença de densidade do ar entre a câmara e adjacências. O ar frio e denso interno sai pela parte inferior da porta aberta enquanto o ar quente externo entra pela parte superior da porta. 4) Carga do ar de infiltração 4) Carga do ar de infiltração 4) Carga do ar de infiltração • O ganho de calor pelas portas devido às trocas de ar (infiltração) pode ser calculado por 4) Carga do ar de infiltração • Para fluxo completamente estabelecido estrriest uhh A Q 2 4) Carga do ar de infiltração • Fator de densidade Fm As densidades do ar podem ser retiradas das cartas psicrométricas, pelo inverso do volume específico 4) Carga do ar de infiltração • Para uso cíclico, irregular e constante da porta, o fator temporal de abertura da porta pode ser calculado por Dt–porção temporal decimal em quea porta está aberta P –número de passagens pela porta p–tempo em que a porta fica aberta em cada passagem. Para portas convencionais fica na faixa de 15 a 25 s por passagem. o–tempo em que a porta fica aberta em min d–intervalo de tempo em análise, h 4) Carga do ar de infiltração • O fator de fluxo de porta Dfé a relação entre a troca real de ar e a troca de fluxo completamente estabelecido. O fluxo completamente estabelecido ocorre somente quando a porta fica aberta para uma grande sala ou para o exterior, e o fluxo não é impedido por obstruções (como pilhas de produto). Nestas condições de fluxo desimpedido, Dfé fica entre 0,7 e 0,8. • A efetividade E de dispositivos de proteção da porta como portas automáticas rápidas, vestíbulos e cortinas de ar varia de 0,7 a 0,95. Para portas sem dispositivos de proteção, E =0 5) Cargas relacionadas com o equipamento e fator de segurança Ganhos de calor associados com a operação do equipamento de refrigeração consiste essencialmente do seguinte: -Calor do motor do ventilador do forçador de ar -Calor de reaquecimento no caso de controle de umidade -Calor de degelo onde a serpentina opera em temperatura abaixo do congelamento e deve ser periodicamente degelada É necessário inserir também um fator de segurança por possíveis discrepâncias entre os critérios de projeto e condições de operação. Recomenda-se acrescentar 15% as cargas térmicas calculadas para considerar os elementos acima comentados. Bibliografia: • Apostila do Curso da ASBRAV de qualificação profissional: “Refrigeração de alimentos”; Paulo Otto Beyer, Eng. Mec. Prof. Dr.; 2015 • ASHRAE 2014 RefrigerationHandbook–Chapter24 –RefrigeratedLoad • ASHRAE 2014 RefrigerationHandbook–Chapter21 –Commodity StorageRequirements • ASHRAE 2014 RefrigerationHandbook–Chapter19 – ThermalPropertiesofFoods