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1 Universidade Federal de Alagoas INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA professor Gonzalo Abio (Centro de Educação, UFAL) gonzalo@cedu.ufal.br Revolução ou evolução? A imprensa de Gutenberg (século XV) e estudantes universitários indianos com o laptop Aakash de baixo custo (2011). O papel das tecnologias na sociedade - O que são tecnologias e por que elas são essenciais? Uma definição de Educação a Distância? Evolução histórica da EaD - Um pouco de história sobre a modalidade de estudo a distância Panorama da EaD no Brasil - E no Brasil... Você conhece a história? - A EaD nas universidades brasileiras - A Universidade Aberta do Brasil - Modelos de EaD que operam no Brasil - Tecnologia mais utilizada na EaD Anexo. Cronologia da EaD no Brasil Gonzalo Virsida Marque os trechos de seu interesse e comente. Observe que esta apostila tem várias partes: a primeira (entre as páginas 3 e 12), sobre o papel das tecnologias e gerações tecnológicas. Agora estamos na 4a revolução industrial (muito importante). O que você acha disso? Uma segunda parte (págs. 13 a 15) para você tentar elaborar uma opinião pessoal de Educação a Distância. Uma terceira parte (páginas 15 a 29) com uma introdução histórica para você ver as três gerações e leis principais que ordenam a EaD no Brasil, e, Uma quarta parte (páginas 29 a 33) para você entender e conseguir classificar os cursos de EaD: modelo web (mais virtual ou semipresencial) ou modelo tele-aula (ao vivo ou gravado). 2 TECNOLOGIAS E PEDAGOGIAS – UMA INTRODUÇÃO O que chamamos agora de NTICs representa uma evolução e não uma revolução com respeito às tecnologias mais antigas da educação a distância (DANIEL, 2003, p. 167). DANIEL, John. Educação e tecnologia num mundo globalizado. Brasília: UNESCO, 2003. A Educação a Distância (EAD) é, atualmente, um campo em evidente expansão no Brasil, como forma de atender à crescente e diversificada demanda por educação, sobretudo na formação continuada de professores. Se, um dia, essa modalidade educacional foi vista com desconfiança, hoje, o desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação impulsiona seu crescimento. Contudo, a introdução de sofisticados recursos tecnológicos em velhas práticas educacionais não representa, por si só, uma inovação pedagógica. Assim, os critérios para analisar as propostas de EaD não devem estar voltados para a mediação tecnológica, mas para a concepção didático-pedagógica subjacente ao suporte tecnológico e à sua utilização. Elsa Guimarães Oliveira. Educação a distância na transição paradigmática, Papirus Editora, 2003. Você achou interessante as citações anteriores? Observe que elas não são recentes. Nesta semana continuaremos as reflexões sobre o que é estudar a distância. Vocês são alunos nesta modalidade, mas também não podem esquecer que futuramente serão professores, se não é que já exercem a profissão. Nesta unidade tentamos fazer uma reflexão, ainda que inicial, sobre o papel da tecnologia na sociedade e na educação, assim como continuaremos com a introdução a alguns conceitos e definições relacionados com Educação a Distância. Vamos lá? Dennes Santos A formação continuada dos professores na utilização dos recursos tecnológicos e de aplicativos educacionais ainda se faz precaria. A maioria não tem equipamento ou não tem experiencias com aplicativos e a interface digital, sendo analfabetos digitais, restritos a dar "likes". Havendo resistencia de aprender, como é possivel um professor se recusar a aprender, a aprendizagem é o processo do qual o professor ensina e deve permanecer em constante ação, aprender-ensinar. No entanto fora do ambiente educacional as pessoas são muito mais versáteis na utilização tecnologica, aprendem, semeiam e utilizam com um vontade de aprender, que eu como professor não vejo na educação. Gonzalo Abio Dennes e colegas, a principal brecha hoje não é a tecnológica, pois hoje a grande maioria tem pelo menos um celular e sabe se comunicar por meio de aplicativos de mensageria instantânea, sabe comprar online e procurar um hotel para uma viagem.. As brechas, mais que tecnológicas, são pedagógicas. Os docentes não sabem como aproveitar na escola tudo isso que já usamos em práticas sociais corriqueiras. Logo logo falaremos do letramento digital... 😉 3 O que são tecnologias e por que elas são essenciais? Carruagem de guerra sumério - 2.100 a.C. Algumas tecnologias proporcionavam poder para os povos que as dominavam. TECNOLOGIA É PODER. Desde que surgiu a roda, - a primeira grande invenção tecnológica da humanidade-, a grande maioria dos avanços tecnológicos estão associados às guerras e poderio militar. Vale lembrar, como exemplo, o caso dos aviões, que poucos anos depois das primeiras experiências e voos de Santos Dumont, já foram aperfeiçoados e utilizados na Primeira Guerra Mundial. Outros exemplos são as bombas voadoras V1 e V2 alemãs, cuja tecnologia serviu e base para o desenvolvimento dos primeiros aviões a jato e foguetes espaciais. 4 Montagem feita pelo professor. A Guerra Fria - iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial e que durante quase 50 anos dividiu o mundo em dois grandes blocos de poder - impulsionou a ciência e a tecnologia de forma jamais vista na história da humanidade. Muitos equipamentos, serviços e processos foram descobertos durante a tensão que existiu entre os Estados Unidos e a União Soviética pela ameaça, de ambos os lados, de ações bélicas, sobretudo com o uso da bomba atômica. A corrida espacial, resultante do avanço científico proporcionado por essa tensão, trouxe inúmeras inovações: o isopor, o forno de micro- ondas, o relógio digital e o computador. Por exemplo, o jornalista Fábio Reynol (2004) informa que os aparelhos automáticos para medir pressão arterial encontrados nas portas das farmácias são a evolução de equipamentos desenvolvidos para astronautas, que precisavam de sistemas práticos para avaliar a saúde no espaço. A válvula de um novo tipo de coração artificial foi inspirada em uma bomba de combustível de foguetes. Marca-passos são monitorados graças à mesma tecnologia utilizada em satélites. E até a Fórmula l, famosa por ser uma grande fonte de tecnologia, copiou dos trajes espaciais os macacões antichamas de seus pilotos. Detectores de fumaça e de vazamento de gás, tão comuns em construções hoje em dia, vieram de pesquisas para equipar os veículos espaciais. Também é graças ao espaço, que os ortodontistas contam hoje com o Nitinol, uma liga que, por ser maleável e resistente, é muito empregada na fabricação de satélites e que agora também compõe os "araminhos" de muitos aparelhos ortodônticos. E até a asa-delta, quem diria, não foi invenção de esportistas, mas de Francis Rogallo. projetista da Nasa, que desenvolveu o aparato para guiar espaçonaves depois da reentrada na atmosfera. O inventor não imaginava que sua obra iria fazer muito mais sucesso como esporte, modalidade inaugurada na década de 70. Por outro lado, em matéria de tecnologia não é difícil encontrar previsões erradas. Veja alguns exemplos: 5 Breve nota sobre o telefone (1876) Um homem de cerca de 46 anos de idade, dizendo chamar-se Joshua Coppersmith, foi preso em Nova York por tentar extorquir dinheiro de várias pessoas ignorantes e supersticiosas, exibindo um aparelho que, segundo ele diz, poderá transmitir a voz humana a qualquer distância, através de fios metálicos, de forma que ela será ouvida por qualquer pessoa na outra extremidade da linha. Ele chama o aparelho de "telefone", com a evidente finalidade de imitar a palavra "telégrafo" e ganhar a confiança dos que sabem do sucesso deste último aparelho, sem conhecerem, contudo, os princípios em que se baseia. As pessoas mais esclarecidas sabem que é impossível transmitir a voz humana sobre fios, conforme pode ser feito com pontos e traçosdo código Morse. E, mesmo que fosse possível tal feito do modo indicado, a coisa não teria o mínimo valor prático. Nota policial aparecida no jornal norte-americano Boston Post em 1876. Você acha engraçada essa opinião inicial sobre a inutilidade do telefone? 😃 Vamos ver outros exemplos? Fonte da imagem: Daily Mail “A televisão não vai conseguir se segurar no mercado por mais de seis meses. As pessoas logo vão se cansar de olhar para uma caixa de madeira todas as noites” (Darryl Francis Zanuck, produtor de cinema e um dos fundadores do estúdio 20th Century Fox, em 1946). https://i.dailymail.co.uk/i/pix/2008/10/18/article-1078627-02281598000005DC-210_468x382.jpg Dennes Santos Muito... rs Hoje com todo o potencial desenvolvido e aplicado nas comunicações, é no telefone que se fundiu muitas das interfaces e utilitários, tudo ficou na palma da mão. Beth Torres Engraçado e interessante, pois demonstra o poder que a tecnologia comporta sobre os que tem conhecimento sobre ela, vimos claramente que o engano é notório e isso pode se tornar em muitos casos muito perigoso, como vimos logo a cima 🤔 vitoria freire É engraçado como as pessoas não tinham noção do quanto o telefone se tornaria importante e muito comercializado. Hoje em dia é impossível imaginar um mundo sem esse aparelho que nos faz estar "perto" de pessoas que amamos mesmo que estejamos de lados opostos do mundo. Na verdade nos tempos de hoje seria difícil acreditar se alguém chegasse e dissesse que os telefones não iriam mais existir. 6 Fonte da imagem: Crowl “Eu acredito que há mercado para talvez cinco computadores” (Thomas Watson, presidente da IBM em 1943). “Não há nenhuma razão para alguém querer um computador em casa” (Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp. em 1977). Fonte da imagem: biohackinfo.com “Em dois anos, o problema do spam estará resolvido” (Bill Gates, fundador da Microsoft, em 2004). Novas tecnologias ao se disseminarem na sociedade, levam a novas experiências e a novas formas de relação com o outro, com o conhecimento e com o processo de ensino-aprendizagem. Foi assim, no passado, com a disseminação da escrita, que é também uma tecnologia, da mesma forma que os livros. A própria origem da educação e da escola depende muito dessas duas tecnologias de recuperação de informação. Para o filósofo francês Lyotard (1988; 1993), o grande desafio da espécie humana na atualidade é a tecnologia. Segundo ele, a única chance que o homem tem para conseguir acompanhar o movimento do mundo é adaptar-se à complexidade que os avanços tecnológicos impõem a todos, indistintamente. Dessa forma a educação tem um duplo desafio: adaptarse aos avanços das https://biohackinfo.com/wp-content/uploads/2020/04/microsoft-patent-wo2020060606-cryptocurrency-mining-human-body-heat-miners-id2020-un-united-nations-proof-of-work-bill-gates-mark-of-the-beast-bichip-bezh-1024x576.jpg http://www.crowl.org/lawrence/history/ibm_360.full.jpg Pâmela Ferreira Concordo com Lyotard, alguns podem ter maior facilidade em se adaptar as novas tecnologias, mas não podemos esquecer que muitos tem grande dificuldade em se adaptar, principalmente as pessoas mais idosas. Essas nasceram em uma época que já existiam muitas inovações tecnológicas, porém nada comparado ao que temos hoje em dia, como também muitos não tiveram acesso a educação, o que só aumenta esse desafio. Aline Salles É verdade Pâmela, uma coisa é você ter o acesso a tecnologia, outra coisa é voce saber utiliza-la. Para muitas pessoas adaptar-se ao uso das tecnologias é como enfrentar um desafio ou obstáculos que muitos não conseguem. Aline Salles Olhando para essa citação feita há um bom tempo atrás, é possivel perceber que nos dias de hoje, faz-se necessário o uso seja de computador ou de celular, que de acordo com o avanço das tecnologias, a cada dia é imprescindivel estarmos conectados seja para obter informações, ou dados, para estudar ou trabalhar, ficando assim evidente uma das muitas razões para termos um computador em casa Pâmela Ferreira Não precisamos nem ir muito longe na história da humanidade para perceber o quanto as tecnologias são muito importantes, o quanto aproximou pessoas, países e culturas. A cada nova tecnologia temos que nos reinventar para não ficar para trás na evolução humana. 7 tecnologias e orientar o caminho de todos para o domínio e a apropriação crítica desses novos meios. A evolução social do homem confunde-se com as tecnologias desenvolvidas e empregadas em cada época. Diferentes períodos da história são reconhecidos pelo avanço tecnológico correspondente. As idades da pedra, do ferro e do ouro, por exemplo, correspondem ao momento histórico-social em que foram criadas "novas tecnologias" para o aproveitamento desses recursos da natureza. Também devemos considerar que devido aos avanços tecnológicos as mudanças na sociedade acontecem cada vez mais rapidamente. Vale pensar que passaram muitos anos desde a revolução agrária em que os povos nómades começaram a cultivar a terra até a chegada da revolução industrial, com as primeiras fábricas impulsionadas pela energia dos rios, mas principalmente com a aparição das máquinas movidas a vapor e logo, no limiar do século vinte, com os numerosos inventos e tecnologias que surgiram com o uso da eletricidade. Da sociedade agrária, passou-se à sociedade industrial e não é necessário muito esforço para percebermos a rapidez com que as mudanças de cunho tecnológico vêm ocorrendo em nossa sociedade nas últimas décadas valendo-se dos avanços tecnológicos digitais. Expressões como “sociedade da informação” que depois derivou em “sociedade do conhecimento” têm sido utilizadas para caracterizar a sociedade pós-industrial, principalmente a partir dos anos 90 (UNESCO). https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000141908 Jaqueline Pereira Acredito que a evolução social ocorreu justamente por meio das tecnologias. Podemos notar que no inicio as tecnologias pareciam algo sem importância, mas com o tempo o surgimento tecnológico e seus avanços mudaram o curso da humanidade, hoje sabemos como elas são indispensáveis para qualquer atividade realizada. Pâmela Ferreira Realmente é o que ocorre, os avanços tecnológicos refletem na sociedade, ocasionando mudanças positivas, como também negativas. Usando como exemplo as novas funcionalidades do celular, ao mesmo tempo que aproximaram mais pessoas, elas afastaram do contato físico. Jaqueline Pereira Concordo Pâmela, um dos desafios dessa geração é saber usar corretamente as tecnologias, pois é preciso tomar cuidado para que não possamos substituir as pessoas pelos nossos aparelhos, pois relações físicas é importantíssimo para o desenvolvimento humano. 8 Sociedade agrária > sociedade industrial > sociedade da informação Na quarta revolução industrial as mudanças ocorrem pelo impacto de tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Computação Cognitiva, Realidade Virtual (RV),Realidade Aumentada (RA) Internet das Coisas, Computação em Nuvem, Blockchain, Veículos Autônomos e 5G – a Quinta Geração de Comunicações Móveis, que torna a mobilidade um fenômeno universal, em que tudo se interliga ou se conecta (Link). Fonte: Estadão, 14 de abril de 2019. http://especiais.estadao.com.br/mundodigital/ola-mundo/ A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela também altera comportamentos. Fonte: Charge de Márcio Silva “Pilincho”, 9 de abril de 2011. http://chargedopilincho.blogspot.com.br/2011/04/os-tempos-mudaram.html http://chargedopilincho.blogspot.com.br/2011/04/os-tempos-mudaram.html https://globoplay.globo.com/v/8969034/ Dennes Santos Sim, temos pontos positivos e negativos dessas mudanças, o mundo se tornou mais acessível, mas também precisamos não esquecer de viver no mundo real, além dodigital. Beth Torres Realmente essa charge nos faz refletir bastante, e analisar se o avanço tecnológico tem melhorado as relações interpessoais ? Gonzalo Virsida Prestem muita atenção nesta 4a revolução industrial. Quem não viu ainda, assista o vídeo que está no Link no final do parágrafo. Tudo isso já tem reflexos no dia a dia nosso. Como influencia ou pode influenciar na educação? O que você acha disso? Comente. Dennes Santos É um grande avanço de novas possibilidades, que na educação também será beneficiada, hoje sem uma internet rápida fica complicado assistir uma video aula por exemplo. Já por outro lado, o quanto isso irá custar $ as classes mais baixas. vitoria freire O avanço é evidente, todas as mudanças que a sociedade sofreu com a chegada das tecnologias é nítida. Hoje em dia aprendemos muito através da internet, podemos ter cursos online na comodidade de casa, podemos fazer pesquisas para ajudar nos trabalhos acadêmicos, podemos acessar histórias e culturas de todos os países do mundo e com tudo que estamos vivendo hoje, com essa pandemia sem poder tocar, abraçar as pessoas a internet está sendo uma aliada. Beth Torres Em cada avanço é exigido ainda mais da educação acompanhar toda essa evolução/desenvolvimento das tecnologias, e cabe aos protagonistas (professores) acompanhar tudo isso, o problema está na realidade em que vivemos, apesar que, mesmo de forma precária a globalização tecnológica alcançará todo o mundo, e países como o nosso não vão querer ficar para trás, por isso o impacto na educação será muito rápida e gigantesca, e acompanhe quem puder! 9 A ampliação do uso de determinada tecnologia impõe-se à cultura existente e transforma não apenas o comportamento individual, mas o de todo o grupo social. A já mencionada descoberta da roda, por exemplo, transformou radicalmente as formas de deslocamento, redefiniu a produção, a comercialização e a estocagem de produtos e deu origem a inúmeras outras descobertas. Outro exemplo é o telefone celular que muitos portam consigo e que se tornou um aparelho multitarefa com grande poder de processamento e armazenamento de informações, o qual pode ser considerado uma prótese digital da memória. Devemos pensar que o conceito de novas tecnologias é variável e contextual. Em muitos casos, confunde-se com o conceito de inovação. Com a rapidez do desenvolvimento tecnológico atual, ficou difícil estabelecer o limite de tempo que devemos considerar para designar como "novos" os conhecimentos, instrumentos e procedimentos que vão aparecendo. Por exemplo, o rádio dos carros ou a rádio que escutamos por Internet é uma tecnologia rejuvenescida, mas não tão nova. Ao se falar em novas tecnologias, na atualidade, estamos nos referindo, principalmente, aos processos e produtos relacionados com os conhecimentos provenientes da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações. Essas tecnologias caracterizam-se por serem evolutivas, ou seja, estão em permanente transformação. Caracterizam-se também por terem uma base imaterial, ou seja, muitas delas não são tecnologias materializadas em máquinas e equipamentos. Seu principal espaço de ação é virtual e sua principal matéria-prima é a informação. Como já foi dito acima, a educação não está isenta de mudanças provocadas pelas tecnologias. A transformação social e cultural impulsiona uma mudança de paradigma educacional devido à alteração profunda das infraestruturas tecnológicas, das mídias e das linguagens que aparecem e se desenvolvem nos últimos tempos. Surgem novas necessidades de letramentos. Aline Salles É possivel observar que o uso das tecnologias traz influências de forma não apenas indivindual, mas também no grupo social ao qual pertencemos. Nos apropriamos enquanto sujeitos dessas transformações e mudanças, que a cada dia evolui. Sendo possivel notar que os novos conhecimentos que vão surgindo vem se atrelando aos avanços tecnologicos e o ser humano vai tentando se adaptar a esse novo mundo. Beth Torres Isso me deixa um pouco preocupada com relação a capacidade e esforço no desenvolvimento e armazenamento de conhecimento, estamos em uma era que não é tão necessário a leitura de livros e a pesquisa mais profunda de determinados assuntos, pois temos informações na palma de nosso mão através do celular, tudo é muito prático, não preciso me preocupar em lembrar de nada o celular vai me lembrar, não preciso me preocupar com certos conteúdos de algumas disciplinas por exemplo, pois eu posso buscar esse conteúdo a qualquer momento pois estará armazenado na nuvem, então, estamos em tempos de muita praticidade, pois não temos tempo. Dennes Santos Quando foram criadas as invenções as tecnologias para utilização elas evoluíram tão rápido que comparando o primeiro computador com o modelo atual, que a cada dia é produzido um novo, há um enorme diferença em sua interface, de como o ser humano se relaciona com a maquina. Não é de se excluir que a educação tambem seja praticada dentro da rede, aplicativos e metodologias podem ser criados/aperfeiçoados para a educação. 10 CURIOSIDADES. Alguns dados para pensar: Fontes: IBGE. PNAD 2018. https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no- brasil.html // INFOGRÁFICO: Quem são os consumidores na internet e o que compram. Agência de notícias CNI, 16-01-2020. https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/infografia/infografico-quem-sao-os-consumidores-da-internet-e-o-que-compram/ ---------------- A cada dois dias, a Humanidade gera um volume de informação equivalente à que foi criada desde o início dos tempos até 2003. Essas foram palavras pronunciadas pelo presidente de Google, Eric Schmidt, em uma conferência em agosto de 2010. É verdade que esse volume não é apenas informação estruturada para sua compreensão pelo ser humano, pois uma parte dela corresponde com os dados trafegados entre as redes, as chamadas telefônicas, as imagens digitalizadas, etc., mas ainda assim é um volume de dados muito significativo, você não acha? https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/infografia/infografico-quem-sao-os-consumidores-da-internet-e-o-que-compram/ https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.html%20// https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.html%20// Beth Torres Nossa!!!! é muita informação !! 11 Segundo o relatório Digital Economy Compass de Statista a quantidade de dados gerados no mundo em 2018 foi de 33 zettabytes (1 zettabytes corresponde com 1 bilhão de terabytes), isto é 16,5 vezes mais que apenas nove anos atrás, mas com novos desenvolvimentos como a Internet das coisas, estima-se que a quantidade de dados terá um grande aumento, ascendendo em 2035 para 2.142 zettabytes. Se você ainda tiver dúvidas sobre o volume de informação que é gerado na Internet, veja este infográfico dinâmico que mostra como mudam os dados nos serviços da web 2.0 mais populares: http://pennystocks.la/internet-in-real-time ou o volume de dados gerados a cada 1 minuto na Internet em este infográfico em espanhol: Fonte: ¿Qué sucede en Internet en un minuto? Statista, 18 sept. 2020. https://es.statista.com/grafico/17539/datos-creados-online-en-un- minuto/ Pense em como as tecnologias permeiam e perpassam o dia a dia de cada um de nós. O que você faz hoje mediado pelas tecnologias, principalmente as digitais? Referências bibliográficas KENSKI, V. M. Educação e tecnologias. O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007. https://es.statista.com/grafico/17539/datos-creados-online-en-un-minuto/ https://es.statista.com/grafico/17539/datos-creados-online-en-un-minuto/ http://pennystocks.la/internet-in-real-time/ https://es.statista.com/grafico/17734/cantidad-real-y-prevista-de-datos-generados-en-todo-el-mundo/Aline Salles As tecnologias nos dias de hoje é algo essencial na vida do ser humano. A maioria de nossas ações são mediadas pelas tecnologias, seja através de uma conversa informal pelo celular, ou até mesmo assistir a televisão. Hoje utilizo as tecnologias à todo instante e a cada dia aprendo mais sobre a utlização delas. Dennes Santos Quase toda interação social hoje passa pela internet, principalmente com a pandemia. Mas mesmo antes os números já mostravam que as pessoas com acesso a internet já dedicam a maior parte de seus dados a entretenimento. Hoje, eu utilizo a rede em quase tudo do dia a dia. Gonzalo Virsida Você pode comentar aqui mesmo no final, ou em trechos anteriores desta parte da apostila. Beth Torres Praticamente tudo, trabalho, estudo, comunicação, misericórdia tá quase impossível viver sem isso hoje em dia kkkkk 12 LYOTARD, J.R. O inumano. Considerações sobre o tempo. Lisboa: Estampa, 1988. ______ Moralités postmodernes. Paris: Galilée, 1993. REYNOL, F. Guerra fria promoveu a corrida tecnológica. Guerra e Ciência, 2004. Disponível em: http://bit.ly/NUSF2l E agora, com a pandemia? http://bit.ly/NUSF2l Gonzalo Abio Vamos ver a fonte desta ilustração na próxima semana. Gonzalo Virsida Idem Gonzalo Abio Pense nisso também. O que acho dessa imagem? 😉 13 Uma definição de Educação a Distância? Será interessante que pense como poderíamos definir o que é EaD. A EaD pode ser considerada uma forma de ensino e aprendizagem intencionada e estruturada de tal forma que educadores e aprendizes podem estar fisicamente separados, pois utiliza principalmente ferramentas relacionadas com as TIC como meio de comunicação e disponibilização de informações. A seguir, você verá algumas definições de EaD entre as muitas disponíveis. Não queremos que aprenda as definições, na realidade queremos que entenda os elementos principais que não devem faltar em uma possível definição de EaD que você mesmo produzirá. G. Dohmem (1967): Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo, onde o aluno se instrui a partir do material que lhe é apresentado, onde o acompanhamento e a supervisão do sucesso do aluno são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível de ser feito a distância, através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer essa distância, mesmo sendo longa. Miguel A. Ramón Martínez (1985): A Educação a Distância é uma estratégia para operacionalizar os princípios e os fins da educação permanente e aberta, de tal maneira que qualquer pessoa, independentemente do tempo e do espaço, possa converter-se em sujeito protagonista de sua própria aprendizagem, graças ao uso sistemático de materiais educativos, reforçado por diferentes meios e formas de comunicação. José Manuel Moran (1999): Educação a Distância é o processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, em que professores e alunos ficam separados espacial e/ou temporalmente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, tais como: telemáticas, a Internet, o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e outras tecnologias. Lorenzo García Aretio (1994): O Ensino à Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na sala de aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização e tutoria que propiciam a aprendizagem independente e flexível dos alunos. Dennes Santos Definir um conceito para a EaD, uma educação que busca formar/informar os alunos em protagonistas de seu processo de ensino-aprendizagem, mediado por um ou mais professores (tutor), de forma não presencial e planejada de técnicas institucionais de acordo com a LDB. Gonzalo Abio A EaD é boa para ensino fundamental ou médio (EF ou EM)? Dennes Santos E. Médio, Para o fundamental ainda há uma grande dependencia da presença do professor, os alunos não estão preparados para um "autoestudo" como coloca Dohmen 1967 ou Martinez 1985. vitoria freire Para o ensino médio pode funcionar melhor que para o fundamental, pois as crianças tem mais dificuldade em manter a atenção nas aulas, além disso tem também a importância de ter os pais por perto na hora da aula caso seja EaD pois sabemos que nem todas os alunos do fundamental vão realmente assistir e se concentrar nas aulas a distancia. Beth Torres Atualmente, a legislação não permite aulas a distância na educação infantil e no ensino fundamental (do 1º ao 9º ano). A modalidade é permitida para até 30% da carga horária do ensino médio em cursos noturnos e 20% nos diurnos. Também é liberada em 40% da carga horária de cursos presenciais de ensino superior. Fonte: https://abmes.org.br/noticias/detalhe/3684/covid-19-mec-libera-ensino-a-distancia-na-educacao-basica-por-30- Pâmela Ferreira De todas as definições apresentadas, concordo especialmente com essa, visto que apresenta os diversos meios para ocorrer o processo de ensino-aprendizagem, indo além da internet. Aline Salles A Educação a Distância é uma modalidade de ensino organizada de forma a instruir o sujeito no processo de ensino e aprendizagem de forma que a comunicação entre discentes e docentes sejam por via tecnológica ou virtual. 14 Moore e Kearsley (1996): Educação a distância é o aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar diverso do professor e como consequência requer técnicas especiais de planejamento de curso, técnicas instrucionais especiais, métodos especiais de comunicação, eletrônicos ou outros, bem como estrutura organizacional e administrativa específica. Decreto 5.622, de 19.12.2005, que regulamenta o Art. 80 da Lei 9394/96 – LDB. A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Para uma definição de EaD, Preti (1996) destaca os seguintes elementos: - A distância física professor-estudante: a presença física do professor ou do tutor, isto é, do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar, não é necessária e indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, “virtualmente”; - Estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento, por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões; - Um processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EaD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilize e incentive a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem; - O uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado um avanço espetacular, permitem romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem por parte dos estudantes que estudam individualmente, mas não isolados e sozinhos. Além disso, oferecem possibilidades de estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgação de dados e de acesso às informações mais distantes, com rapidez incrível. - A comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e participativas. Gonzalo Virsida Muita atenção nestes elementos propostos por Preti (1996), pois vários deles devem estar presentes em qualquer definição de EaD. Você pode propor sua própria definição aqui mesmo ou no mural de Padlet atrelado à semana 4. 15 Talvez seja necessário acrescentar que existem outros conceitos que focalizam algunsdesses aspectos mencionados, como são: aprendizagem ubíqua (ubiquitous learning, u-learning), aprendizagem móvel (mobile learning ou m-learning), e mais recentemente, a aprendizagem fluída, “sem costuras”, sem interrupções (seamless learning), assim como a aprendizagem híbrida, mista (hybrid learning, blended learning) e a estratégia de aprendizagem invertida ou aula invertida (flipped classroom). Representação artística da aula invertida. Gari Galván, 2019. Evolução histórica da EaD Estes são alguns exemplos de cursos bastante conhecidos no Brasil Hoje em dia parece que EaD é só através da Internet e computadores, mas nem sempre foi assim. Algumas das imagens acima, representativas de diversas instituições ou cursos, são um exemplo disso. https://medium.com/@GaryPy/qu%C3%A9-es-el-aula-invertida-flipped-classroom-y-c%C3%B3mo-se-relacionan-con-las-tic-6dbedab495d0 Gonzalo Abio Vocês já conhecem os conceitos a continuação? Dennes Santos A educação hibrida vem sendo destaque para um ascensão na rede publica, com elementos da Ead e o professor nos encontros presenciais. Este seja, talvez, o melhor caminho no que se diz a respeito do E. fundamental e Médio. Beth Torres A ideia é que o aluno absorva o conteúdo através do meio virtual e ao chegar na sala presencial ele já esteja ciente do assunto a ser desenvolvido. Dessa forma, a sala de aula presencial se torna o local de interação professor-aluno, para sanar dúvidas e construir atividades em grupo. A sacada desse processo de aprendizagem é colocar o aluno como protagonista em um processo de aprendizagem. Nesse processo ele tem toda a autonomia necessária para adquirir novos conhecimentos e habilidades quando lhe for mais conveniente. Graças ao uso da tecnologia, é o próprio aluno que decide quando, como e onde eles irão aprender. Fonte: https://www.edools.com/sala-de-aula-invertida/ Aline Salles É uma aprendizagem que pode fazer analogia a crença cristã, no sentido de que é aquilo que está presente ou pode estar em toda parte ao mesmo tempo, ou seja, é uma aprendizagem que se constroi a todo instante e o que o foco é no aprendizado , podendo a comunicação ser feita em qualquer hora ou lugar. Ficando evidente nesso processo que a aprendizagem acontece de forma espontanea. 16 No esquema simplificado a continuação veremos a representação de três gerações de EaD, segundo a forma em que é veiculada preferencialmente a informação. Fonte: Gonzalo Abio Poderíamos pensar que uma geração só aparece depois da outra, mas no esquema você verá que elas não ficam totalmente separadas. Existem áreas de contato entre as gerações porque, por exemplo, os tele-cursos só depois de vários anos de percurso é que tiveram a capacidade de ser interativos (pelo avanço das tecnologias de comunicação e aumento na velocidade do fluxo de dados). Por outro lado, veremos que, mesmo já existindo cursos pela televisão, ainda hoje eles coexistem com cursos por correspondência, com envio de material impresso, áudio, CD- ROM, vídeo-aulas ou vários deles juntos. Ao mesmo tempo, podem ser utilizados canais diferentes para envio de conteúdos e recepção das atividades ou dúvidas (por exemplo: teleaulas ou vídeoaulas com recepção de trabalhos via correios e dúvidas pelo telefone 0800 ou outras combinações). O trabalho e estudo pode ser eminentemente individual, como acontecia principalmente nas primeiras versões de EaD, mas nos últimos tempos a criação de conhecimento por meio de interações e discussões entre os alunos participantes cobrou uma importância muito maior. De qualquer forma, essa coparticipação não elimina a responsabilidade e autoregulação do processo por parte dos próprios alunos. Devemos pensar também que a educação pode ser presencial, a distância ou mista, ou seja, esta última em um modelo híbrido 17 que agrupa as melhores caraterísticas de cada modalidade, como acontece nos cursos da UAB (leia o conceito de Blended Learning no glossário geral de termos de EaD do curso). Você pode melhorar também o glossário escrevendo nele. Um pouco de história sobre a modalidade de estudo a distância Conhecendo sua história também pode-se perceber melhor a sua utilidade. Veja abaixo: No mundo atual, em que muito se fala de globalização, não só econômica, mas também cultural e educacional, a educação a distância, apresenta-se como o ensino do futuro e para um futuro que se perspectiva de grande investimento na educação ao longo da vida, centrado no aprendiz, e em que o docente é mais um orientador de percursos de aprendizagens autogeridas por cada um dos estudantes do que um professor ex cathedra perante uma turma de estudantes que o seguem. É por isto que a educação a distância se distingue do ensino presencial: pela sua flexibilidade curricular, pela existência de unidades creditáveis – quer estejam integradas num curso de graduação ou de pós- graduação, quer disponibilizadas em disciplinas regulares (Maria José Ferro Tavares – Universidade Aberta do Portugal). A Educação a Distância (EaD) surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam frequentar um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade. Segundo Lobo Neto (1995), um primeiro marco da educação a distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de março de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: "Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston". 18 Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por correspondência, e na Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetizou os princípios da taquigrafia em cartões postais que trocava com seus alunos. No entanto, o desenvolvimento de uma ação institucionalizada de educação a distância teve início a partir da metade do século XIX. Em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram o Institut Toussaint et Langenscheidt que foi a primeira escola por correspondência destinada ao ensino de línguas. Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aceitou a proposta de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de extensão universitária. Exemplo de material enviado por correspondência para autoestudo de espanhol pelo método criado por Toussaint e Langenscheidt (1856). (Fontes: GARCIA ARETIO, 1999 e Wikipedia). Um ano depois, em 1892, o reitor da Universidade de Chicago, William R. Harper, que já havia experimentado a utilização da correspondência na formação de docentes para as escolas dominicais, criou uma Divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão daquela universidade. Por volta de 1895, em Oxford, Joseph W. Knipe, após experiência bem-sucedida preparando por correspondência duas turmas de estudantes para o Certificated Teacher’s Examination iniciou os cursos do Wolsey Hall utilizando o mesmo método de ensino. No final da Primeira Guerra Mundial, surgiram novas iniciativas de ensino a distância, em virtude de um considerável aumento da demanda social por educação, confirmando, de certo modo, as palavras de William Harper, escritas em 1886: Chegará o dia em que o volume da instrução recebida por correspondência será maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o número http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Toussaint-Langenscheidt_Spanisch_30.59-60.png 19 dos estudantes por correspondência ultrapassará o dos presenciais. O aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilizaçãodos meios de transporte e, sobretudo, o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da comunicação e da informação influíram decisivamente nos destinos da educação a distância. Em 1922, a antiga União Soviética organizou um sistema de ensino por correspondência que em dois anos passou a atender 350.000 usuários. A França criou em 1939 um serviço de ensino por via postal para a clientela de estudantes deslocados pelo êxodo. A partir daí, começou a utilização de um novo meio de comunicação, o rádio, que penetrou também no ensino formal. O rádio alcançou muito sucesso em experiências nacionais e internacionais, tendo sido bastante explorado na América Latina nos programas de educação a distância do Brasil, Colômbia, México, Venezuela, entre outros. Curso via rádio. The University of New York, 1922. Lembro que quando eu era estudante do sexto ano na escola em Cuba, introduziram na grade curricular nos anos 70 o estudo de uma disciplina chamada “Educação musical” e como não existiam um número suficiente de professores habilitados, a solução foi oferecer essa disciplina via rádio para todos os escolares enquanto os professores responsáveis de cada turma auxiliavam na tarefa com materiais específicos que recebiam em papel. Gonzalo Abio A história do rádio para educação no Brasil foi na década seguinte. O Instituto Raditécnico Monitor https://www.institutomonitor.com.br/quemsomos e Rádio Roquete-Pinto, ainda antes, são dois exemplos dos inícios do rádio na educação a distância no Brasil http://www.observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/ed677-o-radio-na-educacao-a-distancia/ Dennes Santos Sim, e durante está pandemia algumas cidades do interior se utilizaram do rádio para chegar aos alunos. 20 Após as décadas de 1960 e 1970, a educação a distância, embora mantendo os materiais escritos como base, passou a incorporar de forma articulada o áudio e o videocassete, as transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais recentemente, a tecnologia de multimídia, que combina textos, sons, imagens, em conjunto com diversos mecanismos de geração de caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e instrumentos para fixação de aprendizagem com feedback imediato (programas tutoriais informatizados), etc. Na atualidade, o ensino não presencial mobiliza os meios pedagógicos de quase todo o mundo, tanto em nações industrializadas quanto em países em desenvolvimento. Novos e mais complexos cursos são desenvolvidos, tanto no âmbito dos sistemas de ensino formal quanto nas áreas de treinamento profissional. Podem-se ver inúmeros exemplos visitando-se os sites de universidades e empresas especializadas em e-learning. Atenção: Em nosso curso faremos diferenciação entre cursos regulares oferecidos pela EaD ou mais especificamente por EOL (Ensino On-line), daqueles cursos de e-learning ou ensino corporativo que são normalmente oferecidos em cursos de curta duração e com propósitos muito específicos para os empregados das grandes empresas. Mais adiante discutiremos mais um pouco sobre o tema do e-learning. Hoje, é difícil encontrar algum país que não tenha adotado a educação a distância em programas formais e não formais, atendendo a milhões de estudantes. A educação a distância tem sido usada para treinamento e aperfeiçoamento de professores em serviço. Programas não formais de ensino têm sido largamente utilizados para adultos nas áreas da saúde, agricultura e previdência social, tanto pela iniciativa privada como pela governamental. Não quero deixar de mencionar uma alternativa surgida nos últimos anos. São os MOOC (Cursos Online Abertos e Massivos) que as mais importantes universidades do mundo oferecem, incluindo algumas universidades brasileiras (vide notícia). Esses cursos estão baseados nas teorias conectivistas de aprendizagem na era digital e também na filosofia dos conteúdos abertos (ver no glossário a https://porvir.org/usp-veduca-lancam-primeiro-mooc-da-america-latina/ 21 definição de MOOC). Embora não seja objetivo para ser avaliado em nosso curso não esqueçam desse nome! E no Brasil.... Você conhece a história? No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Técnico Monitor, em 1939 e hoje Instituto Monitor, depois do Instituto Universal Brasileiro em 1941 e o Instituto Padre Reus em 1974, várias experiências de educação a distância foram iniciadas e levadas a termo com relativo sucesso. As experiências brasileiras, governamentais e privadas, foram muitas e representaram, nas últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de recursos. Os resultados do passado não foram suficientes para gerar um processo de aceitação governamental e social da modalidade de educação a distância no Brasil. Porém, a realidade brasileira já mudou e hoje existem leis e normas para a modalidade de educação a distância em nosso país. Abaixo, destacamos vários projetos que contribuíram para disseminação da Educação a Distância no Brasil: Em 1904: escolas internacionais, que eram instituições privadas, ofereciam cursos pagos, por correspondência; Em 1934: Edgard Roquete-Pinto instalou a Rádio-Escola Municipal no Rio. Estudantes tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas. Utilizava também correspondência para contato com estudantes; Em 1939: surgiu o Instituto Monitor, em São Paulo; Em 1941: primeira Universidade do Ar, que durou dois anos; Em 1947: Nova Universidade do Ar, patrocinada pelo SENAC, SESC e emissoras associadas; Em 1961/65: Movimento de Educação de Base (MEB) – Igreja Católica e Governo Federal utilizavam um sistema radio--educativo: educação, conscientização, politização, educação sindicalista etc. Em 1970: Projeto Minerva – convênio entre Fundação Padre Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta para produção de textos e programas; Em 1972, o Governo Federal enviou à Inglaterra um grupo de educadores, tendo à frente o conselheiro Newton Sucupira: o relatório final marcou uma posição http://www.institutouniversal.com.br/ http://www.institutouniversal.com.br/ http://www.institutomonitor.com.br/ 22 reacionária às mudanças no sistema educacional brasileiro, colocando um grande obstáculo à implantação da Universidade Aberta e a Distância no Brasil; Na década de 70: Fundação Roberto Marinho – programa de educação supletiva a distância, para 1º e 2º graus; Em 1992, foi criada a Universidade Aberta de Brasília (Lei 403/92), podendo atingir três campos distintos: Ampliação do conhecimento cultural: organização de cursos específicos de acesso a todos; Educação continuada: reciclagem profissional às diversas categorias de trabalhadores e àqueles que já passaram pela universidade; Ensino superior: englobando tanto a graduação como a pós-graduação. A EaD nas universidades brasileiras A história da educação brasileira mostra que, até os anos 90, no final do século XX, a grande maioria das Instituições de Ensino Superior não tinha envolvimento com educação a distância. A primeira iniciativa de EaD, como vimos anteriormente, surgiu no país em 1904, com o ensino por correspondência. O Instituto Monitor, o Instituto Universal Brasileiro e outras organizações similares, foram responsáveis pelo atendimento de mais de três milhões de estudantes em cursos abertos profissionalizantes ofertados pela modalidade de ensino por correspondência, mas não eram cursos universitários. Nas décadas de 1970 e 1980, fundações privadas e organizações não governamentais iniciaram a oferta de cursos supletivos a distância, no modelo de teleducação, com aulas via satélite complementadas por kits de materiais impressos, demarcando a chegada da segunda geraçãode EaD no país. A maior parte das Instituições de Ensino Superior brasileiras mobiliou-se para a EaD com o uso de novas tecnologias da comunicação e da informação somente na década de 1990. Em 1994, teve início a expansão da Internet no ambiente universitário. Dois anos depois, surgiu a primeira legislação específica para educação a distância no ensino superior. 23 Do ponto de vista legal, teve-se em 1996, a consolidação da última reforma educacional brasileira, instaurada pela Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ou LDB) que oficializou na política nacional a educação a distância no país como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino. Segue o texto do artigo 80 da lei mencionada: Artigo 80 da Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º. A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º. A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º. A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. Como podemos ver, o primeiro artigo da lei determina a necessidade de credenciamento das instituições. O segundo define que cabe à União a regulamentação dos requisitos para registro de diplomas. O terceiro artigo disciplina a produção, o controle e avaliação de programas de educação a distância; e o quarto faz referência a uma política de facilitação de condições operacionais para apoiar a sua implementação, conforme a transcrição a seguir. 24 A mesma Lei 9.394/96 estabelece ainda a exigência de que, a partir de 2006, todos os professores que viessem a ser contratados para ministrar aulas no ensino fundamental e médio deveriam estar habilitados, com o terceiro grau concluído. Esta exigência criou um movimento em direção à qualificação dos professores leigos que já estavam no exercício da profissão, apontando para o uso da educação a distância como ferramenta para a oferta das licenciaturas então necessárias. O Ministério da Educação formou em 1997 um grupo de especialistas para criar a regulamentação do artigo 80 da LDB. Como resultado deste trabalho, surgem os Decretos 2.494 e 2.561, em fevereiro e abril de 1998, respectivamente, e a portaria 301, de 7 de abril de 1998, formando o conjunto de instrumentos que indicaram os procedimentos que deveriam ser adotados pelas instituições para obter o credenciamento do MEC para a oferta de cursos de graduação a distância. Em abril de 2001 o Conselho Nacional de Educação edita a Resolução 01, que disciplina a oferta dos cursos de pós-graduação a distância no país, fixa limites e estabelece exigências para o reconhecimento de cursos a distância ofertados por instituições estrangeiras. Muito interessante é a Portaria 2.253 de 2001, que permite às universidades, centros universitários, faculdades e centros tecnológicos oferecer até 20% da carga horária de cursos já reconhecidos na modalidade a distância. Uma nova portaria, a 4.059, em 10 de dezembro de 2004 mantém essa possibilidade de oferecimento de até 20% da carga horária total do curso na modalidade semi-presencial. Esta é a famosa “Lei do 20%”, que facilita a introdução da educação semipresencial ou modelo híbrido de educação, mas alguns autores opinavam que porque estabelecer rigidamente esse limite de até 20% e não deixar de forma mais liberada a proporção de tempo que seja necessária para as atividades online e atividades presenciais de cada disciplina? Deveria ser possível 30%, 40%, 50%... de atividades online, sempre em dependência das necessidades do curso e depois da aceitação dos planos de aula. Efetivamente, em 2019 aparece a Portaria 2.117 do Ministério da Educação que permite ofertar na modalidade a distância até 40% da carga horária total dos cursos de graduação presenciais http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=11/12/2019&jornal=515&pagina=131&totalArquivos=217 25 ofertados por IES do Sistema Federal de Ensino, menos em cursos de medicina. O Decreto Federal n. 5.622, em 20 de dezembro de 2005, e mais recentemente o Decreto Federal n. 9.057, de 25 de maio de 2017, regulamentaram o artigo 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 , que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. O art. 1º do mencionado decreto 9.057 define a EaD: Considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. A Universidade Aberta do Brasil (UAB) A UAB foi criada pelo Ministério da Educação através do decreto nº 5.800, de 08/06/2006, com foco nas políticas e na gestão da educação superior, sob cinco eixos: 1- Expansão pública da educação superior, considerando os processos de democratização e acesso; 2- Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas educacionais dos estados e municípios; 3- Avaliação da EaD com base nos processos de flexibilização e regulação viabilizados pelo MEC; 4- Contribuições para a investigação em EaD no país; 5- Financiamento dos processos de implantação, execução e formação de recursos humanos em EaD. 26 Podemos ver que os eixos norteadores da UAB facilitam iniciativas de acesso ao ensino superior e democratização para toda a população, além de favorecer o aperfeiçoamento dos processos de gestão das IES. A UAB tem como base o aprimoramento da EaD e visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior. Isso só é possível com acordos e parcerias entre as esferas federal, estaduais e municipais do governo. A prioridade da UAB é a formação de professores para educação básica pela modalidade de EaD mediada por TIC, utilizando a Internet e suas interfaces. O sistema UAB não tem como finalidade a criação de uma nova IES, e sim a articulação com instituições já existentes, levando ensino superior de alta qualidade aos diversos municípios brasileiros que não possuem cursos superiores em sua região, o que possibilita o acesso ao ensino superior para camadas da população excluídas do processo educacional. A UAB em parceria com as universidades públicas e os IFETS (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia), está presente em quase todos os estados brasileiros. Em janeiro de 2009 havia 562 polos da UAB distribuídos pelo país. Em agosto de 2009 selecionou mais 163 novos polos, no âmbito do Plano de Ações Articuladas, para equacionar a demanda e a oferta de formação de professores na rede pública da educaçãobásica, ampliando a rede para um total de 720 polos. Até novembro de 2012 integravam o Sistema UAB 103 instituições públicas de ensino superior (IPES): 56 universidades federais, 30 universidades estaduais e 17 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs). Juntando os cursos de formação pedagógica, extensão e sequencial, totalizam-se 268.028 matrículas ativas em outubro de 2012 e 42.611 concluintes até este período (UAB, 2012). O que é um polo de apoio presencial? Os polos de apoio presencial são as unidades operacionais para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância pelas instituições públicas de ensino superior no âmbito do Sistema UAB. Mantidos por municípios ou governos estaduais, os polos oferecem 27 a infraestrutura física, tecnológica e pedagógica para que os alunos possam acompanhar os cursos a distância. O polo de apoio presencial também pode ser entendido como "local de encontro" onde acontecem os momentos presenciais, o acompanhamento e a orientação para os estudos, as práticas laboratoriais e as avaliações presenciais. A UAB na UFAL A UAB iniciou suas atividades com um convênio financiado pelo Fundo das Estatais através do Banco do Brasil, com a oferta do Curso de Administração a distância em 2006. Essas atividades foram iniciadas em parceria com 25 IFES com a finalidade de atender à demanda de servidores públicos que não tinham qualificação em nível superior. A UFAL foi uma das universidades escolhidas para ofertar este curso devido à larga experiência na EaD. A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC) da UFAL realizou em 2006 o vestibular para 500 vagas do Curso Piloto de Administração na modalidade a distância para três cidades do estado: Maceió, Porto Calvo e Santana do Ipanema. Em 2007, a Secretaria de Educação a Distância/Ministério da Educação (SEED/MEC) lançou um edital contemplando o sistema UAB e possibilitando às Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) ampliar o número de cursos na modalidade a distância, em ação com os municípios e estados para interiorizar o ensino superior de qualidade através da EaD. Com isso, foram criados os cursos de licenciatura em Pedagogia e Física, bacharelado em Sistema da Informação e Tecnólogo em Hotelaria. Nesse momento, em Alagoas, os municípios de Maceió, Porto Calvo, Santana do Ipanema, Olho D`Água das Flores, São José da Laje e Maragogi oferecem cursos na modalidade a distância, de nível técnico e de bacharelado e licenciaturas, além de cursos de pós-graduação latu sensu em parceria com a UFAL e o Instituto Federal de Educação Tecnológica (IFET). Em janeiro de 2009 foi realizado o concurso vestibular para preenchimento de mais 750 vagas no sistema UAB em vários municípios e, ainda a inserção do curso de licenciatura em Matemática e Pedagogia na cidade de São José da Laje. 28 De acordo com a COPEVE, ainda em 2009 foi realizado vestibular para preenchimento de 50 vagas de licenciatura em Matemática para o polo Maceió e 250 vagas para o curso regular de bacharelado em Administração Pública para os polos de Maceió, Arapiraca, Penedo e Piranhas, que fazem parte do Plano Nacional de Formação de Administradores Públicos (PNAP). E mais três cursos de pós-graduação latu sensu: Gestão Pública, Gestão Pública Municipal e Gestão em Saúde Pública. A UAB conta ainda com o PAR, que tem duração de quatro anos e, nele, são organizadas as ações a ser efetivadas para atingir as metas definidas pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). A partir do decreto no. 6.755, de janeiro de 2009, é instituída a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, com a finalidade de organizar, em regime de colaboração entre a União , os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para as redes públicas da educação básica. O plano oferece cursos de graduação em nível de licenciatura, gratuitos e com qualidade, por instituições públicas de ensino superior: 48 federais, 28 estaduais e 14 universidades comunitárias [1] A previsão de oferta inicial para os 21 estados brasileiros mais o Distrito Federal supera a marca de 330 mil vagas, com começo em alguns estados no segundo semestre de 2009 e as demais entradas para os anos de 2010 e 2011. Segundo a Secretaria de Educação do Estado de Alagoas (SEE/AL), o PAR de Alagoas [2] contempla 80 itens ligados a quatro grandes dimensões: gestão educacional, formação de professores e profissionais de apoio e serviços educacionais, prática pedagógica e de avaliação, infraestrutura física e recursos pedagógicos. A proposta é discutir as articulações necessárias para a realização da formação dos educadores e trabalhadores da educação. Estão previstas parcerias com instituições de ensino superior do estado, como UFAL, IFET, UNEAL e UNCISAL. Uma das propostas é a ampliação dos polos de Maceió e no interior. Em 2009, o Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Básica, lança o Programa Emergencial de Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica Pública sob coordenação do MEC em colaboração com as universidades públicas. Os cursos de formação inicial do PARFOR dividem-se em três categorias: a) 1ª licenciatura para professores 29 sem formação superior; b) 2ª licenciatura para professores que atuam fora de sua formação específica; c) formação pedagógica para bacharéis sem licenciatura. Em 2013 foi aberto o Vestibular da Universidade Aberta do Brasil da UFAL para cursos de graduação à distância. Ao todo são 900 vagas, divididas para demanda da Plataforma Paulo Freire e Demanda Social, distribuídas para os cursos de Sistemas de Informação, Física Licenciaturas Letras Espanhol, Ciências Sociais, Pedagogia e Geografia. Os municípios contemplados são: Maceió, Arapiraca, Maragogi, Olho D`Água das Flores, Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios. Por sua vez, o Instituto Federal de Alagoas (IFAL) abriu 525 vagas – distribuídas nos campus Maceió, Maragogi, Palmeira dos Índios, Arapiraca, Santana do Ipanema e Mata de São João/BA (Licenciatura em Letras-Português, Licenciatura em Ciências Biológicas e Tecnológico em Hotelaria). A coordenação das atividades de EaD na UFAL foi inicialmente uma responsabilidade de um Comitê Gestor de EaD (2005), mas atualmente é coordenada pela Coordenadoria Institucional de Educação à Distância (CIED). A CIED é um órgão de apoio acadêmico vinculado à Reitoria, que coordena os planos de ações de Educação à Distância na nossa universidade. Não restam dúvidas de que a EaD como política pública trouxe um aumento significativo na oferta de vagas no ensino superior brasileiro, transformou o cenário da educação no país e possibilitou o estudo de pessoas desprivilegiadas geograficamente – e tudo isso com uma educação gratuita e de qualidade ofertada por IES. O impacto da modalidade a distância atinge todos os níveis de educação, dando às pessoas acesso ao conhecimento e mudando o modelo pedagógico usado nas IES, com exploração das TIC não só nos cursos da modalidade a distância, mas também nos de ensino presencial. Modelos de EaD que operam no Brasil 30 É importante saber que existem no Brasil dois grandes modelos de EaD, com muitas variáveis Segundo Moran (2011) são o modelo de tele/videoaula e o modelo web. Modelo de tele/videoaula No modelo de tele/videoaula aparece mais o professor no seu papel tradicional, sendo visto pelos alunos ao vivo (teleaula) ou em aula gravada (vídeoaula). Além das aulas, há leituras e atividadespresenciais e virtuais. Figura: sala com alunos assistindo uma teleaula ou videoaula (fonte: http://bit.ly/1lmI3bx). No modelo de teleaula os alunos vão a determinadas salas, nos polos, em que assistem a aulas transmitidas por satélite, ao vivo, uma ou duas vezes por semana. Eles enviam perguntas e o professor responde as que considera mais relevantes. Em geral, depois da teleaula, os alunos se reúnem em pequenos grupos para realizar atividades de discussão e aprofundamento de questões relacionadas com a aula dada, sob a supervisão de um mediador, chamado de professor-tutor local. Além das aulas, os alunos costumam receber material impresso e orientações de atividades para fazer durante a semana, individualmente, com o acompanhamento de um professor-tutor online ou eletrônico. No formato de videoaula, as aulas são produzidas em estúdio e vistas pelos alunos, individualmente ou reunidos em salas, com acompanhamento de um professor-orientador/tutor ou não. Dennes Santos um dos pontos a destacar para entender e conseguir classificar e diferenciar do modelo WEB. 31 Também há dois modelos predominantes utilizando a videoaula, um semipresencial (em salas) e outro online. O modo mais usual é o de salas, em que o aluno vai presencialmente uma ou várias vezes por semana e um tutor supervisiona a exibição do vídeo e as atividades relacionadas ao conteúdo da disciplina. Esse modelo é útil particularmente para cidades pequenas, sem condições de instalar uma instituição de ensino superior presencial. No outro modelo de vídeoaula (o modelo online) os alunos acessam as videoaulas via web ou as recebem por CD ou DVD. Os alunos assistem as videoaulas em casa ou no trabalho, leem o material impresso e fazem as atividades, que são entregues a um tutor online num ambiente de aprendizagem digital, como o Moodle. Os alunos só vão a um polo para a avaliação online. Modelo web No segundo modelo (o modelo web), o professor não dá aula, ele se comunica por materiais impressos e digitais, escritos de forma dialogada e com tutoria presencial em polos e/ou virtual, pela internet. Usa alguns vídeos de forma eventual, não sistematicamente. Encontro presencial de alunos que estudam no curso de pedagogia pela UAB-UFAL (polo de São José da Laje, AL, 2009) (foto do autor). Dennes Santos Aqui encontramos o que a separa da modalidade Telecurso. É possivel notar que o aluno deve se tornar protagonista de sua aprendizagem. 32 No caso do modelo web também foca no conteúdo disponibilizado pela internet e por CD ou DVD. Além do material encontrado na web, os alunos costumam ter material impresso por disciplina ou módulo. Os ambientes principais de aprendizagem são o Moodle, o Blackboard e o Teleduc. Algumas instituições têm o seu próprio ambiente digital de aprendizagem. Começa-se a utilizar a web- conferência para alguns momentos de interação presencial com os alunos, visando orientar, solucionar dúvidas e manter os vínculos afetivos. Web-conferência para alunos do curso de Letras Espanhol (UAB-UFSM), possibilidade facilitada pela maior velocidade de Internet disponível na atualidade (modelo web) (imagem capturada pelo autor em 2011). Até agora temos basicamente dois modelos diferentes de ensino superior a distância via web: o mais virtual e o semipresencial. No modelo mais virtual, a orientação dos alunos é feita a distância, pela internet ou telefone. Os alunos se reportam ao professor e ao tutor durante o semestre e, em geral, se encontram presencialmente só para fazer as avaliações. É um modelo predominantemente via internet, e os encontros presenciais são mais espaçados porque não existem os polos para o apoio semanal. 33 No modelo semipresencial, como os do Consórcio Cederj, das universidades públicas do estado de Rio de Janeiro, os alunos têm os polos perto de onde moram e, além do tutor online, o tutor presencial no polo, com quem podem tirar dúvidas e participar das atividades solicitadas e dos laboratórios de informática e específicos do curso. Esse modelo é replicado pelas universidades públicas sobre gestão da UAB, que fazem parcerias com as prefeituras para a instalação dos polos de apoio presenciais. Duas perguntas para você: 1- Qual modelo de educação a distância é seguido nos cursos realizados pela consórcio da UAB? 2- Você conhece outros cursos que utilizem um modelo diferente do padrão utilizado até agora pela UAB? Leia de novo a informação apresentada na seção “Modelos de EaD que operam no Brasil” e verifique se esta tabela está correta. Tecnologias mais utilizadas na EaD Como já pudemos nas leituras anteriores, dependendo da duração e do tipo de curso pode haver um mix de tecnologias. Aos poucos, os ambientes digitais de aprendizagem são utilizados de forma mais abrangente na maioria dos cursos. O material impresso continua Aline Salles Modelo web Dennes Santos Web, Dennes Santos Sim, Unyleya. Mas ainda faço criticas com o video de apresentação. Nos 3 pilares da instituição é colocado 1-ser grande; 2-desenvolve tecnologia; 3-Pessoas. A meu ver há um interesse de mercado maior do que a preocupação de formação. Contudo a apresentação expõe toda construção e preparação para os cursos que oferece, não deixando duvidas que está apta a oferecer um serviço educativo de grande recursos tecnológicos e digitais a formação profissional. 34 sendo um aliado importante nos cursos de longa duração, principalmente na graduação. Aumenta também o uso de recursos de comunicação online e offline, como Skype e webconferencia. O uso de mídias móveis, como celulares, smartphones e tablets, deve crescer muito, integrando as tecnologias portáteis e facilitando que alunos e professores possam ensinar e aprender, agora em qualquer momento e lugar (ver conceitos de “aprendizagem móvel” e “aprendizagem ubíqua” no glossário do curso). Esta imagem foi tomada do Portal da SATE-UECE em agosto de 2012. A visualização de conteúdos pelo celular já era realidade em algumas universidades nesse momento. Há uma progressiva utilização de ambientes virtuais flexíveis, customizáveis e gratuitos, como o Moodle, pela relação custo- benefício. Algumas instituições preferem a segurança dos sistemas proprietários, como o Blackboard, pela confiabilidade e garantia de atendimento. Todos os ambientes precisam incorporar mais diretamente os recursos da web 2.0 (ou web social), os recursos colaborativos, as redes sociais aplicadas à educação e as tecnologias móveis. Outra evolução seria a criação de ambientes pessoais de aprendizagem que incorporassem todo o conhecimento registrado do aluno, suas redes de comunicação e seu percurso de aprendizagem. Falta também a inclusão de simuladores, jogos, laboratórios digitais de ponta e ambiente 3-D. Fonte: Este texto foi elaborado em parte com informações de MORAN, José Manuel. Desafios da educação a distância no Brasil. In: ARANTES, Valéria Amorim (Org.). Educação a distância. Pontos e contrapontos. José Armando Valente - José Manuel Moran, 2011, p. 45-86. 35 Para saber mais: ALVES, Lucineia. Educação a Distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância, v. 10, 2011. Disponível em: http://bit.ly/12AgHXz. GARCÍA ARETIO, Lorenzo. Historia de la Educación a Distancia, RIED. Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v. 2, n. 1, p. 8-27, 1999. Disponível em: http://ried.utpl.edu.ec/images/pdfs/volumen2-1.pdf MOTA, Ronaldo. A Universidade Aberta do Brasil. In. LITTO, Fredric; FORMIGA, Marcos (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 297-303. PESCE, Lucila. EAD: Antes e depois da cibercultura. In: Cibercultura: O que muda na educação. TV escola. Salto para o futuro.Ano XXI, Boletim 03, Abril 2011, p. 10-15. Disponível em: http://bit.ly/qo3fZ5. UAB. O que é um polo de apoio presencial. Disponível em: http://bit.ly/18Z6AKH. Infográfico “Distance Learning. A history of flexibility” http://elearningindustry.com/images/The%20History%20of%20Distance%20Learning %20-%20Infographic.jpg http://pt.wikipedia.org/wiki/Educação_a_distância http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001398/139898por.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php? option=com_content&view=article&id=12502&Itemid=823 http://www.abed.org.br/congresso2008/tc/510200863228PM.pdf http://www.uab.capes.gov.br/index.php? option=com_content&view=article&id=216:encontro-reune-coordenadores-do-sistema- uab-para-discussoes-e-apresentacao-do-balanco-de-2012&catid=1:noticia&Itemid=7 http://www.institutoclaro.org.br/banco_arquivos/infograficos_9/index.html http://www.institutoclaro.org.br/banco_arquivos/infograficos_9/index.html http://www.uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=216:encontro-reune-coordenadores-do-sistema-uab-para-discussoes-e-apresentacao-do-balanco-de-2012&catid=1:noticia&Itemid=7 http://www.uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=216:encontro-reune-coordenadores-do-sistema-uab-para-discussoes-e-apresentacao-do-balanco-de-2012&catid=1:noticia&Itemid=7 http://www.uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=216:encontro-reune-coordenadores-do-sistema-uab-para-discussoes-e-apresentacao-do-balanco-de-2012&catid=1:noticia&Itemid=7 http://www.abed.org.br/congresso2008/tc/510200863228PM.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12502&Itemid=823 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12502&Itemid=823 http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001398/139898por.pdf http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_a_dist%C3%A2ncia http://elearningindustry.com/images/The%20History%20of%20Distance%20Learning%20-%20Infographic.jpg http://elearningindustry.com/images/The%20History%20of%20Distance%20Learning%20-%20Infographic.jpg http://bit.ly/18Z6AKH http://bit.ly/qo3fZ5 http://ried.utpl.edu.ec/images/pdfs/volumen2-1.pdf http://bit.ly/12AgHXz 36 Já sou capaz de... (lista de comprovação) Estudar e responder esta lista poderá ajudar você para lembrar e focalizar alguns dos temas mais importantes tratados ao longo destas primeiras semanas do curso. Marque para cada item a opção que você achar que melhor corresponde com seu grau de conhecimento do assunto ou se teve alguma dificuldade na hora de fazer: Bem ; Mais ou menos ; Pouco ou nada Estátua "O pensador", do francês Auguste Rodin (1902) JÁ FIZ /SOU CAPAZ DE/ MEU GRAU DE ENTENDIMENTO SOBRE ESSE ASUNTO É: 1- Posso falar sobre a importância das tecnologias na sociedade e as três revoluções sociais que levaram à aparição de três sociedades diferentes? 2- Posso argumentar sobre a relação existente entre tecnologia e poder? 3- Posso falar sobre por que o conceito de novas tecnologias é variável e contextual? 4- Pesquisei e construí uma definição de EaD? 5- Posso falar sobre as diferenças principais entre o ensino ou aprendizagem formal informal e não formal? 6- Reconheço as diferenças entre as três gerações de EaD e posso mencionar pelo menos um exemplo de curso representativo de cada uma dessas gerações? 7- Posso mencionar o que um MOOC, embora seja brevemente. 8- Posso dizer o que é a lei conhecida como “Lei do 20%” e “Lei do 40%”? 9- Posso definir, pelo menos brevemente o que é UAB e como está organizada? 10- Conheço as diferenças entre os dois modelos de Educação a Distância que operam até este momento no Brasil e suas derivações? 11- Posso mencionar algumas tecnologias que são utilizadas ou que poderiam ser utilizadas no futuro na EaD? 12- Posso diferenciar a EaD do ERE utilizado na pandemia. 13- Posso dar conselhos sobre os cuidados que devem ser tomados no ERE. Dennes Santos Sim, a busca por formas de fazer a educação alcançar a todos mesmo nas maiores distancias, utiliza todos os meios possíveis em cada revolução. Gonzalo Virsida Não deixem de ver e analisar cada item deste checklist Dennes Santos As tecnologias se desenvolvem a fim de aperfeiçoamento e integração para a interface humana, abrindo novas possibilidades de aprendizagem e em vários ramos. Mas sem duvida é o acesso de qualidade e o conhecimento base de utiliza-las que separam o poder a educação das classes sociais.
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