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TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE_Psicopatologia (Perspectivas Clínicas dos Transtornos Psicológicos) - Susan Krauss Whitbourne & Richard P Halgin (488 páginas)-páginas-374-403

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Objetivos de aprendizagem
 14.1 Entender a natureza dos transtornos da personalidade e o 
sistema diagnóstico alternativo no DSM-5.
 14.2 Identificar as características, as teorias e os tratamentos dos 
transtornos da personalidade do Grupo A.
 14.3 Identificar as características, as teorias e os tratamentos dos 
transtornos da personalidade do Grupo B.
 14.4 Identificar as características, as teorias e os tratamentos dos 
transtornos da personalidade do Grupo C.
 14.5 Analisar a perspectiva biopsicossocial sobre os transtornos da 
personalidade.
SUMÁRIO
Relato de caso: Harold Morrill ..........................349
A natureza dos transtornos da personalidade ... 351
Novidades no DSM-5: Dimensionando 
os transtornos da personalidade ....................351
Os transtornos da personalidade no DSM-5 .. 351
Sistema diagnóstico alternativo de 
transtorno da personalidade na Seção III 
do DSM-5 .....................................................352
Transtornos da personalidade do Grupo A ........355
Transtorno da personalidade paranoide .............355
Transtorno da personalidade esquizoide ............356
Transtorno da personalidade esquizotípica .....357
Transtornos da personalidade do 
Grupo B ..........................................................357
Transtorno da personalidade antissocial .........357
Características do transtorno da 
personalidade antissocial ..............................358
Teorias do transtorno da personalidade 
antissocial .....................................................360
Você decide: Transtorno da personalidade 
antissocial e culpabilidade moral ....................361
Perspectivas biológicas ................................361
Histórias reais: Ted Bundy: Transtorno 
da personalidade antissocial ...........................362
Perspectivas psicológicas .............................363
Tratamento de transtorno da 
personalidade antissocial ..............................364
Transtorno da personalidade borderline .........364
Características do transtorno da 
personalidade borderline ............................365
Teorias e tratamento de TPB ........................366
Transtorno da personalidade histriônica .........368
Transtorno da personalidade narcisista ..........368
Transtornos da personalidade do 
Grupo C ..........................................................371
Transtorno da personalidade esquiva..............371
Transtorno da personalidade dependente .......372
Transtorno da personalidade 
obsessivo-compulsiva ...................................373
Transtornos da personalidade: 
a perspectiva biopsicossocial .........................375
Retorno ao caso: Harold Morrill ........................375
Resumo .............................................................376
Termos-chave ....................................................377
Transtornos da Personalidade
Whitbourne_14.indd 348Whitbourne_14.indd 348 21/11/14 11:4521/11/14 11:45
1414CAPÍTULO
Relato de caso: Harold Morrill
Informação demográfica: Harold é um ho-
mem caucasiano de 21 anos de idade.
Problema apresentado: Harold apresentou-
-se para uma avaliação de emergência no centro 
de orientação de sua universidade devido a ideação 
suicida autorrelatada. Ele declarou à orientadora 
que tinha um desejo forte, penetrante de se matar. 
Apresentou-se irritado e emocionalmente perturba-
do, demonstrando facilidade para frustração em rela-
ção à orientadora várias vezes durante a entrevista. 
Harold relatou que esta não foi a primeira vez que 
quis se matar e, sem ter sido questionado, mostrou à 
orientadora uma grande cicatriz vertical em seu an-
tebraço esquerdo indicando uma tentativa de suicí-
dio anterior. Contou que tinha 17 anos na época em 
que cortou seu pulso e que o fizera sob a influência 
de álcool e cocaína. Comentou que mal se lembrava 
do incidente. Após essa tentativa de suicídio, tinha 
sido internado na unidade psiquiátrica de um hospital 
e fora estabilizado com medicamento, embora tenha 
parado de tomá-lo por conta própria quando recebeu 
alta, contra as recomendações de seus médicos.
Harold ficou muito agitado quando foram feitas 
perguntas sobre seu passado durante a avaliação; 
em um determinado ponto, chegou a gritar com a 
orientadora e ameaçar sair da sala. Quando ela 
conseguiu acalmá-lo, ele disse aos prantos: “Eu 
estou tão cansado de me sentir assim”; então, con-
cordou em continuar com a avaliação. Isso contras-
tou com sua apresentação inicial como um jovem 
agradável e educado, mesmo quando descreveu 
seus sentimentos sobre acabar com a vida.
Harold relatou ter poucos relacionamentos inter-
pessoais íntimos. Declarou que não tinha amigo 
íntimo na faculdade e tinha trocado de dormitório 
quatro vezes apenas durante seu primeiro ano. 
Foi vago ao descrever o raciocínio por trás disso, 
comentando apenas que “todos os meus colegas 
de quarto eram completos idiotas”. Ele continuou 
discutindo seus vários relacionamentos românticos 
durante os últimos quatro anos, quando começou 
a namorar. Disse que cada relacionamento dura-
va poucas semanas, sendo o mais longo de dois 
meses. Quando descreveu os relacionamentos, 
relatou que geralmente terminavam devido a dis-
cussões “explosivas”. Ao ser indagado sobre a 
natureza das discussões, declarou que, em cada 
caso, tinha acusado a mulher de infidelidade e logo 
acabado o relacionamento. Harold elaborou que 
achava que “ninguém jamais poderia me fazer fe-
liz. Eu nem sei por que tento. Nada do que faço me 
faz sentir melhor, então fico tentando coisas novas 
e procurando pessoas novas. Mas nada disso fun-
ciona”. Ele relacionava isso a seus pensamentos 
atuais de suicídio e a suas tentativas de suicídio 
passadas. Quando questionado sobre sua famí-
lia, relatou que tinha “nojo” dela e de como seus 
parentes o tratavam quando criança (ver História 
relevante, a seguir).
Harold comentou que costuma abusar de álcool 
– até sete dias por semana – e que normalmente 
bebe a ponto de apagar. Descreveu que gosta de 
ir a bares e que o fazia com uma identidade fal-
sa antes dos 21 anos. Explicou que gostava de 
conhecer pessoas novas e que beber “o ajudava 
a não ficar tão entediado o tempo todo”. Também 
revelou uma história de abuso de drogas, incluin-
do maconha, cocaína e ecstasy, desde os 13 anos 
de idade. Confessou que havia sido surpreendido 
com substâncias pela polícia no campus, embora 
tivesse evitado ir preso. Ele foi preso por dirigir 
embriagado durante seu primeiro ano de faculda-
de e tinha frequentado aulas de educação contra 
o álcool, as quais chamou de “um total desperdício 
de tempo”. Após a prisão, perdeu sua carteira de 
motorista, o que o aborreceu muito já que em ge-
ral gostava de dirigir para bares em outras cidades 
próximas quando estava se sentindo cansado da 
sua. Ele recuperou a carteira e vinha frequentando 
bares e bebendo muito até três semanas antes da 
avaliação atual.
Whitbourne_14.indd 349Whitbourne_14.indd 349 20/11/14 15:4920/11/14 15:49
350350 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
Neste capítulo, nosso foco desloca-se para o conjunto de transtornos que representam 
padrões de prejuízos de longa duração na autocompreensão, nas formas de relacionar-
-se com os outros e nos traços de personalidade de um indivíduo. Como discutimos no 
Capítulo 4, um traço de personalidade é um padrão persistente de perceber, relacionar-
-se e pensar sobre o ambiente e os outros, um padrão que caracteriza a maioria das 
interações e experiências das pessoas. A maior parte delas é capaz de tirar partido de 
seus traços de personalidade de uma maneira flexível, ajustando suas respostas às ne-
cessidades da situação. Entretanto, quando as pessoas se tornam rigidamente fixadas 
em um determinado traço ou conjunto de traços, elas podem se colocar em risco de 
desenvolver um transtorno da personalidade.
Harold declarou que, nas últimas três semanas, tinha 
passado a maior parte do tempo sozinho em seu quar-
to, pensando em “por que alguém desejaria passar 
seutempo com uma pessoa tão nojenta. Por isso é 
que eu queria morrer”. Ele também tinha largado seu 
emprego de meio período em um supermercado e es-
tava assistindo apenas a poucas aulas por semana. 
Não conseguia lembrar um acontecimento específico 
que tenha causado sua depressão atual. Enquanto era 
indagado sobre sua presente depressão, Harold co-
meçou a chorar e implorou a ajuda da avaliadora. “Eu 
só sei que vou me matar.” Ele mostrou à avaliadora 
marcas de queimadura em suas pernas que pareciam 
ter sido feitas recentemente. Ela perguntou-lhe so-
bre sua ideação suicida atual e conseguiu que fizes-
sem um contrato de segurança, significando que ele 
concordava em não se ferir e afirmava que, caso seus 
pensamentos sobre morte se tornassem muito fortes, 
telefonaria para o pronto-socorro ou para o centro de 
orientação. Então, Harold perguntou à avaliadora se 
poderia ser sua terapeuta. Ela descreveu a política 
do centro de orientação, de que o avaliador não podia 
aceitar para psicoterapia clientes que estavam sendo 
avaliados. “Exatamente como toda mulher”, ele retru-
cou. “Você não quer ficar comigo. De qualquer manei-
ra, acho que você é terrível em seu trabalho.”
História relevante: Harold declarou que tinha fre-
quentado sessões de terapia no passado, mas que “ti-
nha odiado cada um deles”, fazendo referência a seus 
profissional ao explicar por que nunca permanecia mui-
to tempo em terapia. Ele tinha consultado cinco profis-
sionais diferentes desde os 14 anos, mas descreveu as 
experiências como “desagradáveis e simplesmente es-
quisitas. Eles não conseguiram nada de mim”. Quando 
a orientadora lhe perguntou por que tinha feito terapia 
na adolescência, declarou: “Acho que minha mãe pen-
sava que eu era confuso. Eu não achava que precisas-
se”. Ele descreveu sua infância como “um desastre” e 
seu pai como um alcoolista grave, que era com frequên-
cia abusivo do ponto de vista emocional e, às vezes, do 
físico. Relatou que sua mãe tinha dois empregos para 
sustentar a família, e portanto ele passava grande par-
te do tempo sozinho em casa quando criança.
Formulação de caso: Os comportamentos e a his-
tória relatada de Harold durante a avaliação satisfazem 
os critérios para um transtorno da personalidade como 
definido pelo DSM-5, e seus sintomas satisfazem os 
critérios para transtorno da personalidade borderline. 
Embora ele frequentemente abuse de substâncias, seu 
transtorno da personalidade não foi resultado desse 
uso; em vez disso, é um reflexo de sua impulsividade 
e incapacidade de enfrentar emoções fortes, o que é 
típico de indivíduos borderline.
Seus sintomas de depressão nas últimas três semanas 
satisfazem os critérios para um episódio depressivo 
maior, ainda que não se saiba se isso tem sido recor-
rente para Harold ou se este foi um episódio intenso 
singular. Essa recorrência é possível, dadas suas ten-
tativas de suicídio anteriores, embora estas possam 
estar relacionadas à instabilidade que é característica 
de seus sintomas borderline, e transtorno depressivo 
maior foi excluído como diagnóstico.
Plano de tratamento: A terapia comportamental 
dialética, ou TCD, é atualmente o tratamento preferi-
do para transtorno da personalidade borderline. Uma 
vez que fez um plano de segurança com a orientadora, 
Harold foi encaminhado a um programa ambulatorial 
de TCD particular não muito distante do campus da 
universidade. Também foi encaminhado ao psiquiatra 
da faculdade para uma consulta de medicamento.
Sarah Tobin, PhD
Whitbourne_14.indd 350Whitbourne_14.indd 350 20/11/14 15:4920/11/14 15:49
14.1 A natureza dos transtornos da personalidade 351351
14.1 A natureza 
dos transtornos 
da personalidade
Quando um traço de personalidade se tor-
na um transtorno? O que pode ser uma 
forma característica de responder pode se 
transformar em um padrão fixo que preju-
dique a capacidade da pessoa de funcionar 
de maneira satisfatória. Talvez você seja o 
tipo de pessoa que goste que seu quarto seja 
“exatamente assim”. Se alguém mudar seus 
livros de lugar ou alterar a organização de 
suas roupas nos cabides, você se sente um 
pouco incomodado. Em que momento seu 
desagrado com uma mudança na ordem de 
seus pertences se torna tão problemático 
que você deixa de ser um pouco exigente 
para ter um transtorno da personalidade 
que envolve rigidez extrema? Esse padrão 
comportamental deve colocá-lo em uma 
categoria diagnóstica com um conjunto 
distinto de critérios que o separam de pes-
soas com outros traços de personalidade e 
comportamentos relacionados?
Os transtornos da 
personalidade no DSM-5
Um transtorno da personalidade é um 
padrão arraigado de relacionar-se com 
outras pessoas, situações e acontecimen-
tos com um tipo rígido e mal-adaptativo 
de experiência interior e comportamento, 
o qual remonta à adolescência ou ao iní-
cio da vida adulta. Como conceituados no 
DSM-5, os transtornos da personalidade 
representam uma coleção de conjuntos de 
comportamentos distinguíveis, enquadra-
dos em 11 categorias distintas. Encaixan-
do-se na definição geral de um transtorno 
psicológico, um transtorno da personalida-
de desvia-se acentuadamente da cultura do 
indivíduo e leva a sofrimento ou prejuízo. 
Os tipos de comportamentos que esses transtornos representam podem envolver, por 
exemplo, dependência excessiva, medo esmagador de intimidade, preocupação intensa, 
comportamento exploratório ou raiva incontrolável. Com suas definições atuais, esses 
padrões de comportamento devem se manifestar em pelo menos duas destas quatro 
áreas para ajustar-se aos critérios diagnósticos: (1) cognição, (2) afetividade, (3) funcio-
namento interpessoal e (4) controle do impulso. Como resultado desses comportamen-
tos, o indivíduo vivencia sofrimento ou prejuízo.
O DSM-5 agrupa os 11 diagnósticos em três agrupamentos com base nas carac-
terísticas compartilhadas. O Grupo A inclui transtornos da personalidade paranoide, 
esquizoide e esquizotípica, que compartilham aspectos que envolve comportamen-
to estranho e excêntrico. O Grupo B inclui transtornos da personalidade antissocial, 
borderline, histriônica e narcisista, que compartilham atitudes e comportamentos ex-
cessivamente dramáticos, emocionais e erráticos ou imprevisíveis. O Grupo C inclui 
transtorno da 
personalidade
Padrão arraigado de relacionar-se 
com outras pessoas, situações e 
acontecimentos com um tipo rígido 
e mal-adaptativo de experiência 
interior e comportamento, o qual 
remonta à adolescência ou ao 
início da vida adulta.
Novidades no DSM-5
Dimensionando os transtornos da personalidade
A área dos transtornos da personalidade talvez tenha recebido a maior 
atenção dos clínicos e dos pesquisadores enquanto aguardavam pela divul-
gação das revisões finais do DSM-5. Os clínicos começaram a contestar o 
sistema de categorização nos primeiros DSMs mesmo quando a Associação 
Psiquiátrica Americana estava desenvolvendo o DSM-IV. Os autores do 
DSM-5 propuseram um sistema de conciliação para acomodar tanto os 
críticos quanto os apoiadores do sistema de categorias. A revisão proposta 
do DSM-5 teria mantido seis dos transtornos e acrescentado um sistema de 
classificação dimensional de traços de personalidade patológicos. Essas mu-
danças resolveriam a crítica de que não podemos dividir facilmente a perso-
nalidade em pedaços separados e distintos. Entretanto, tais mudanças não 
foram implementadas, e, ao aprovar as alterações do DSM-5, o Conselho 
de Diretores da Associação Psiquiátrica Americana rejeitou a ideia de refor-
mular os transtornos da personalidade e manteve o sistema do DSM-IV-TR. 
Junto com o voto, o Conselho decidiu mudar o novo sistema de classificação 
dimensional para a Seção III do DSM-5, na qual ele poderia continuar sendo 
testado.
Os apoiadores e os críticos do DSM-5 já estão discutindo um DSM-5.1 
que eliminará inteiramente todas as categorias e usará, em vez disso, o 
sistema dimensional, que permite aos profissionais classificar os traços de 
personalidade de todos os seus clientes.A história dos transtornos da personalidade, que são menos “doenças” 
do que formas características dos indivíduos de se relacionarem com os 
outros e de vivenciarem o self, complica ainda mais essas questões diagnós-
ticas. Como resumir as muitas facetas complexas da personalidade em um 
conjunto distinto de unidades? Ao contrário dos transtornos do humor e de 
ansiedade, que as pessoas podem “superar”, os transtornos da personalida-
de são, por definição (nas mentes de muitos psicólogos), características per-
manentes do indivíduo. Os traços de personalidade podem mudar, e mudam, 
ao longo do tempo. Contudo, os profissionais estão acostumados a pensar 
nesses transtornos como profundamente enraizados, e muitas dessas con-
dições foram enquadradas em uma perspectiva psicanalítica com tradição e 
história longas. É conveniente para os profissionais descrever seus clientes 
como “borderline” em vez de listar todos os traços de personalidade que 
cada indivíduo exibe.
É muito provável que a tensão entre as abordagens categórica e dimen-
sional aos transtornos persista no futuro próximo. Os pesquisadores espe-
ram poder fornecer um sistema que tenha utilidade diagnóstica e empírica, 
finalmente melhorando a natureza do tratamento que podem oferecer aos 
clientes que apresentam essas formas de psicopatologia.
Whitbourne_14.indd 351Whitbourne_14.indd 351 20/11/14 15:4920/11/14 15:49
352352 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
transtornos da personalidade esquiva, dependente e obsessivo-compulsiva, que com-
partilham comportamentos ansiosos e temerosos. Esses agrupamentos não são apoia-
dos em dados empíricos, como bem enfatizam os autores do DSM-5. Talvez eles sejam 
mais bem conceituados como um sistema de categorização grosseiro, possivelmente útil 
em alguns contextos clínicos ou educacionais.
Visto que os transtornos da personalidade se enquadram em categorias separadas, os 
clínicos, quando avaliam indivíduos para um possível diagnóstico, devem decidir quantos 
dos critérios um cliente satisfaz em cada categoria e atribuir um diagnóstico com base 
nisso. O cliente tem ou não tem o transtorno. O profissional pode começar tentando com-
parar os sintomas mais proeminentes que o indivíduo apresenta com os critérios diagnós-
ticos. Se o sujeito não se ajustar aos critérios para aquele transtorno, o médico pode ou 
mudar para outro transtorno ou decidir que o clínico tem um transtorno da personalidade 
“sem outra especificação” (tecnicamente, a décima segunda categoria de transtorno da per-
sonalidade).
Na atualidade, estudos tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido produzi-
ram uma prevalência global entre amostras nacionalmente representativas de 9 a 10%. 
Os transtornos da personalidade são bastante comórbidos com dependência de dro-
gas. Por exemplo, entre pessoas com transtorno da personalidade antissocial, a taxa de 
prevalência ao longo da vida de dependência de álcool é de 27%, e de dependência de 
nicotina, de 59% (Trull, Jahng, Tomko, Wood, & Sher, 2010).
Sistema diagnóstico alternativo de transtorno da 
personalidade na Seção III do DSM-5
Ainda enquanto os autores estavam escrevendo o DSM-IV, um grupo de pesquisadores 
proeminentes declarou abertamente que o sistema diagnóstico categórico era falho. Eles 
afirmaram que os diagnósticos requeriam distinções sutis demais, as quais, eles susten-
taram, não eram claras o suficiente e havia muitos critérios sobrepostos. Logo, os clíni-
cos não podiam justificar empiricamente os diagnósticos, e constataram que era mais 
comum usar o diagnóstico menos preciso de “transtorno da personalidade sem outra 
especificação” (Widiger & Trull, 2007). Uma segunda falha importante com os sistema 
de classificação categórica é que ele não permitia a possibilidade de comportamento 
“um pouco” antissocial ou narcisista: os clientes ajustavam-se ou não a uma categoria 
diagnóstica.
No processo de revisão do DSM-IV-TR, os painéis de transtornos da personalidade 
desenvolveram uma série de modelos alternativos para fugir do sistema diagnóstico 
categórico. De uma só vez, pesquisadores propuseram eliminar inteiramente as cate-
gorias e substituí-las por classificações dimensionais, tais como as escalas baseadas no 
Modelo dos Cinco Fatores. Contudo, as categorias pareciam ter seu valor e, contanto 
que os pesquisadores pudessem delinear critérios distintos com base empírica, os au-
tores do DSM-5 propuseram uma possível conciliação. Eles reformularam os 12 trans-
tornos da personalidade originais (11 categorias mais “sem outra especificação) em seis 
(mais uma categoria adicional para indivíduos que não se enquadravam nestas). Em 
cada transtorno da personalidade, os autores estabeleceram critérios de base empírica 
(Livesley, 2011) ao longo das dimensões de relacionamentos pessoais (self) e interpes-
soais. Esse sistema dimensional é mostrado na Tabela 14.1. Além disso, nessa estrutura, 
os profissionais teriam avaliado todos os clientes em um conjunto consistente de cinco 
traços de personalidade. No final, decidiram que o sistema dimensional passaria para 
a Seção III, na qual receberia mais estudos, e então, no futuro, a questão seria revista.
Nas dimensões apresentadas na Seção III, mostradas na Tabela 14.1, os clínicos po-
dem atribuir classificações ao longo de quatro conjuntos de critérios. Os dois primeiros 
refletem o “funcionamento” da personalidade, significando como o indivíduo a expressa 
em sua identidade e auto-orientação. Os dois segundos evidenciam sua personalidade 
nos relacionamentos com outras pessoas em termos da capacidade de entender-lhes os 
pontos de vista e de formar relacionamentos íntimos. Os clínicos classificam os indiví-
duos de leve a extremo nessas esferas. O terceiro conjunto de critérios envolve classifi-
cações dos traços de personalidade específicos do indivíduo. Nesse sistema, uma pessoa 
Whitbourne_14.indd 352Whitbourne_14.indd 352 20/11/14 15:4920/11/14 15:49
14.1 A natureza dos transtornos da personalidade 353353
TABELA 14.1 Estrutura do transtorno da personalidade da Seção III do DSM-5
Funcionamento da personalidade Funcionamento interpessoal
Traços de 
personalidadeIdentidade Autodirecionamento Empatia Intimidade
Antissocial Egocentrismo, au-
toestima derivada 
de ganho, poder ou 
prazer pessoal
Fixação de metas ba-
seada em gratificação 
pessoal; ausência de 
padrões internos pró-
-sociais associados 
com fracasso em sujei-
tar-se a comportamen-
to ético legal ou cultu-
ralmente normativo
Falta de preocupação 
com sentimentos, 
necessidades ou so-
frimento dos outros; 
ausência de remorso 
após ferir ou maltratar 
alguém
Incapacidade para 
relacionamentos 
mutuamente íntimos, 
visto que exploração 
é um meio primário 
de se relacionar com 
os outros, incluindo 
por fraude e coerção; 
uso de dominância 
ou intimidação para 
controlar os outros
Antagonismo:
Manipulação
Falsidade
Insensibilidade
Hostilidade
Desinibição:
Irresponsibilidade
Impulsividade
Assunção de risco
Evitativa Autoestima baixa 
associada com 
autoavaliação como 
socialmente inca-
paz, pessoalmente 
desagradável ou 
inferior; sentimen-
tos excessivos de 
vergonha ou inade-
quação
Padrões irrealistas 
para comportamento 
associado com relu-
tância em perseguir 
metas, assumir riscos 
pessoais ou iniciar 
atividades novas que 
envolvem contato in-
terpessoal
Preocupação e sen-
sibilidade a crítica ou 
rejeição, associadas 
com inferência dis-
torcida dos pontos de 
vista dos outros como 
negativos
Relutância em envol-
ver-se com pessoas a 
menos que certo de 
ser apreciado; mutua-
lidade diminuída em 
relacionamentos ínti-
mos devido a medos 
de ser envergonhado 
ou ridicularizado pelos 
outros
Distanciamento
Afastamento
Intimidade
Esquiva
Anedonia
Afetividade 
negativa
Ansiedade
Borderline Autoimagem 
acentuadamente 
empobrecida, mal 
desenvolvida ou 
instável, com fre-
quência associada 
a excessiva auto-
crítica; sentimentos 
crônicos de vazio; 
estados dissociati-
vos sob estresse
Instabilidadenas me-
tas, nas aspirações, 
nos valores ou nos 
planos de carreira
Capacidade compro-
metida de reconhecer 
os sentimentos e as 
necessidades dos 
outros associada com 
hipersensibilidade 
interpessoal (i.e., 
propenso a sentir-se 
menosprezado ou in-
sultado); percepções 
dos outros seletiva-
mente tendenciosas a 
atributos negativos ou 
vulnerabilidades
Relacionamentos 
íntimos intensos, ins-
táveis e conflituosos, 
marcados por des-
confiança, carência e 
preocupação ansiosa 
com abandono real 
ou imaginado; rela-
cionamentos íntimos 
frequentemente 
vistos em extremos 
de idealização e 
desvalorização e se 
alternando entre en-
volvimento excessivo 
e afastamento
Afetividade 
negativa
Labilidade emo-
cional
Ansiedade
Separação
Hostilidade
Depressão
Desinibição
Impulsividade
Assunção de risco
Antagonismo
Hostilidade
Narcisista Referência excessi-
va aos outros para 
autodefinição e re-
gulação da autoes-
tima; autoavaliação 
exagerada pode 
ser inflacionada 
ou deflacionada 
ou vacilar entre os 
extremos; a regu-
lação emocional 
reflete flutuações 
na autoestima
Fixação de metas 
baseada em obter a 
aprovação dos outros; 
os padrões pessoais 
são irracionalmente 
altos a fim de se ver 
como excepcional, 
ou muito baixos com 
base em um senso de 
direito com frequência 
inconsciente das pró-
prias motivações
Capacidade prejudica-
da de reconhecer ou 
identificar-se com os 
sentimentos e as ne-
cessidades dos outros; 
excessivamente sin-
tonizado com as rea-
ções dos demais, mas 
apenas se percebidas 
como relevantes a si 
próprio; superestima 
ou subestima o próprio 
efeito sobre os outros
Relacionamentos 
largamente superfi-
ciais e existem para 
servir à regulação 
da autoestima; mu-
tualidade limitada 
por pouco interesse 
genuíno nas expe-
riências dos outros 
e predominância de 
uma necessidade de 
ganho pessoal
Antagonismo
Grandiosidade
Busca de atenção
(continua)
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354354 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
deve ter um prejuízo significativo em ambas as áreas de funcionamento da personalidade 
para receber um diagnóstico de transtorno da personalidade. Com respeito aos traços de 
personalidade, o indivíduo deve exibir sinais patológicos em pelo menos uma de cinco es-
feras de traço: antagonismo, desinibição, distanciamento, afetividade negativa e compul-
sividade (ver Tab. 14.3). Os profissionais podem classificar todos os clientes nesses traços 
de personalidade se tal avaliação for conceitualmente útil. O novo sistema diagnóstico 
reduz o conjunto de 79 critérios do DSM-IV-TR para 25 critérios centrais. Os pofissionais 
podem usar a categoria restante de “traço de transtorno da personalidade especificado” 
para pessoas que apresentam prejuízo significativo no funcionamento da personalidade, 
mas que se classificam na extremidade mal-adaptativa de um ou mais traços.
Nesse modelo alternativo, o indivíduo teria que satisfazer os critérios gerais para 
transtorno da personalidade mostrados na Tabela 14.2. O modelo de traço na Tabela 
14.3 é orientado para personalidade anormal, não normal, e, portanto, não é o mesmo 
que o Modelo de Cinco Fatores. Por exemplo, o distanciamento nesse sistema é uma va-
TABELA 14.1 Estrutura do transtorno da personalidade da Seção III do DSM-5 (Continuação)
Funcionamento da personalidade Funcionamento interpessoal
Traços de 
personalidadeIdentidade Autodirecionamento Empatia Intimidade
Transtorno 
da perso-
nalidade 
obsessivo-
-compul-
siva
Senso de identida-
de derivado pre-
dominantemente 
de trabalho ou pro-
dutividade; expe-
riência e expressão 
de emoções fortes 
restritas
Dificuldade em con-
cluir tarefas e atingir 
metas associada a 
padrões internos de 
comportamento rígidos 
e exageradamente 
elevados e inflexíveis; 
atitudes excessiva-
mente meticulosas e 
moralistas
Dificuldades em com-
preender e valorizar 
ideias, sentimentos e 
comportamentos das 
outras pessoas
Relacionamentos 
vistos como secun-
dários a trabalho e 
produtividade; rigi-
dez e teimosia afe-
tam negativamente 
os relacionamentos 
com os outros
Compulsividade
Perfeccionismo 
rígido
Afetividade 
negativa
Perseveração
Transtorno 
da perso-
nalidade 
esquizotí-
pica
Limites confusos 
entre si mesmo e 
os outros; autocon-
ceito distorcido; 
expressão emocio-
nal frequentemente 
não congruente 
com contexto ou 
experiência interna
Metas incoerentes ou 
irreais; padrões inter-
nos pouco claros
Dificuldade importante 
em compreender o 
impacto de seus atos 
sobre os outros; inter-
preta mal, frequente-
mente, as motivações 
e os comportamentos 
das outras pessoas
Prejuízos acentua-
dos em desenvolver 
relacionamentos 
íntimos associados 
com desconfiança e 
ansiedade
Psicoticismo
Excentricidade
Desregulação cog-
nitiva e perceptual
Crenças e expe-
riências incomuns
Distanciamento
Afetividade restrita
Afastamento
Afetividade 
negativa
Desconfiança
TABELA 14.2 Critérios gerais para um transtorno da personalidade da Seção III
Esta descrição resume os critérios de traço de personalidade da Seção III do DSM-5.
• Prejuízo na personalidade moderado ou maior refletido no funcionamento pessoal e interpessoal (Tab. 14.1)
• Um ou mais traços de personalidade patológicos (Tab. 14.3)
• Esses prejuízos são relativamente inflexíveis, generalizados através de uma variedade de situações, estáveis ao lon-
go do tempo, e podem ser rastreados até a adolescência ou início da idade adulta.
• Outro transtorno psicológico não explica melhor esses prejuízos, nem eles são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma 
substância ou de outra condição médica.
• Os prejuízos não são mais bem entendidos como normais para o nível de desenvolvimento ou o contexto social e cul-
tural de um indivíduo.
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14.2 Transtornos da personalidade do Grupo A 355355
riante patológica de introversão (ou extroversão baixa). Ao desenvolverem esses fatores 
para o DSM-5, os autores deixaram claro que, embora estas sejam dimensões bipolares 
(i.e., bidirecionais), as pessoas com um desses transtornos pontuariam na extremidade 
mal-adaptativa das esferas de distanciamento, antagonismo, desinibição e afetividade 
negativa. Entretanto, o quinto traço no Modelo de Cinco Fatores, abertura a experiên-
cia, não se ajusta a essa estrutura porque não é um aspecto de qualquer dos transtornos 
da personalidade. Em vez disso, os autores introduziram no DSM-5 a dimensão de psi-
coticismo no que associam com transtorno da personalidade esquizotípica.
14.2 Transtornos da personalidade 
do Grupo A
O Grupo A dos transtornos da personalidade no DSM-5 inclui aqueles caracterizados 
por comportamento excêntrico. Em outras palavras, indivíduos com esses transtornos 
apresentam características que poderiam levar os outros a vê-los como ligeiramente 
bizarros, incomuns ou peculiares.
Transtorno da personalidade paranoide
Pessoas com transtorno da personalidade paranoide são desconfiadas ao extremo e es-
tão sempre de guarda contra possível perigo ou dano. Sua visão de mundo é muito estrei-
tamente focada, na medida em que buscam confirmar suas expectativas de que os outros 
irão tirar vantagem delas, tornando quase impossível confiarem mesmo em seus amigos 
e associados. Elas podem acusar um cônjuge ou companheiro(a) de infidelidade, mesmo 
se não existir evidência que o justifique. Por exemplo, podem acreditar que uma chama-
da inexplicável que aparece em uma conta telefônica é prova de um caso extraconjugal. 
São incapazes de assumir a responsabilidade por seus erros e, em vez disso, projetam a 
culpa nos outros. Se essas pessoas forem criticadas, se tornam hostis. Também tendem 
a interpretar mal comentários inocentes e acontecimentos insignificantes, atribuindo-
-lhes um sentido oculto ou ameaçador. Podem guardar rancor por anos, com base em 
transtorno da 
personalidade paranoide
Transtorno da personalidade cujo 
aspecto marcante é que o indivíduosuspeita indevidamente dos outros 
e está sempre de guarda contra 
possível perigo ou dano.
TABELA 14.3 Esferas da personalidade no sistema de classificação da Seção III do DSM-5
Afetividade negativa envolve vivenciar emoções negativas frequente e intensamente.
Facetas do traço: Labilidade emocional, ansiedade, insegurança na separação, perseveração, submissão, hostilidade, 
depressão, desconfiança, afetividade restrita (–).
Distanciamento envolve afastamento das outras pessoas e das interações sociais.
Facetas do traço: Afetividade restrita, depressão, desconfiança, afastamento, anedonia, esquiva de intimidade.
Antagonismo envolve comportamentos que colocam a pessoa em desacordo com as outras.
Facetas do traço: Manipulação, sedução, grandiosidade, busca de atenção, insensibilidade, hostilidade.
Desinibição envolve iniciar comportamentos por impulso, sem refletir sobre possíveis consequências futuras. Com-
pulsividade é o polo oposto desta esfera.
Facetas do traço: Irresponsabilidade, impulsividade, distratibilidade, assunção de risco, perfeccionismo rígido (–).
Psicoticismo envolve experiências incomuns e bizarras.
Facetas do traço: Crenças e experiências incomuns, excentricidade, desregulação cognitiva e perceptual.
MINICASO
Transtorno da personalidade paranoide
Anita é uma programadora de computadores que sempre se preocupa com o fato de que as outras pessoas vão explorar seu 
conhecimento. Ela considera “altamente confidencial” o novo programa de gerenciamento de banco de dados que está criando. 
Teme mesmo que, quando sair do escritório à noite, alguém entrará de forma furtiva e roubará suas anotações. Sua desconfiança 
dos outros permeia todas as suas relações interpessoais. Suas suspeitas de que está sendo enganada contaminam até suas 
transações rotineiras em bancos e lojas. Anita gosta de pensar em si mesma como racional e capaz de tomar decisões objetivas; 
considera sua incapacidade de confiar nas outras pessoas uma reação natural a um mundo cheio de “alpinistas corporativos” 
oportunistas e hipócritas.
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356356 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
um desrespeito real ou imaginado por parte de outra pessoa. Embora indivíduos com 
este transtorno possam ser relativamente bem-sucedidos em certos tipos de empregos 
que requeiram vigilância aumentada, sua vida emocional tende a ser isolada e limitada.
Uma certa dose de pensamento e comportamento paranoide poderia ser adequa-
da em algumas situações, como em ambientes políticos perigosos nos quais as pessoas 
devem estar alertas apenas para permanecerem vivas; entretanto, pessoas com transtor-
no da personalidade paranoide pensam e se comportam de formas que não estão rela-
cionadas com seu ambiente. Particularmente frustrante para os parentes e conhecidos 
dessas pessoas é sua recusa em buscar ajuda profissional, porque elas não reconhecem 
a natureza de seu problema. No caso improvável de buscarem terapia, sua rigidez e 
defensiva tornam muito difícil para o profissional, fazer progresso e trabalhar visando 
qualquer tipo de mudança duradoura.
A pesquisa sobre as taxas de divórcio de pessoas com transtorno da personalidade 
histriônica e paranoide indica que essas condições interferem na qualidade dos rela-
cionamentos interpessoais (Disney, Weinstein, & Oltmanns, 2012). Com sua cautela e 
desconfiança, parece evidente que esses indivíduos tenham dificuldade em estabelecer 
o tipo de intimidade interpessoal que ajuda a manter a qualidade de um relacionamento 
íntimo de longo prazo.
Transtorno da personalidade esquizoide
Uma indiferença a relacionamentos sociais e sexuais caracteriza o transtorno da per-
sonalidade esquizoide, bem como uma gama limitada de experiência e expressão 
emocional. Indivíduos com este transtorno preferem ficar sozinhos do que com outras 
pessoas e parecem não ter qualquer desejo por aceitação ou amor, mesmo por suas fa-
mílias. O envolvimento sexual com outros tem pouco apelo. Como se poderia esperar, 
os outros os percebem como frios, reservados, retraídos e isolados, contudo o indivíduo 
esquizoide costuma não tomar conhecimento e ser insensível aos sentimentos e pensa-
mentos alheios.
Ao longo de toda a vida, as pessoas com transtorno da personalidade esquizoide 
buscam situações que envolvam interação mínima com os outros. Aquelas capazes de 
tolerar o ato de trabalhar são, em geral, atraídas por empregos nos quais passem todas 
as suas horas de trabalho sozinhas. Elas raramente se casam, preferem viver sozinhas, 
talvez em uma única peça, onde defendem sua privacidade e evitam quaisquer rela-
ções com vizinhos. Não parecem ser particularmente angustiadas ou um risco para os 
outros. Entretanto, seu isolamento autoimposto e suas limitações emocionais são mal-
-adaptativos a seu funcionamento social.
Os transtornos da personalidade tanto paranoide quanto esquizoide teriam sido 
eliminados no novo sistema do DSM-5, trazendo o número total de transtornos da per-
sonalidade para apenas seis. Os pesquisadores acreditavam que a pesquisa existente não 
apoiava sua inclusão continuada na nomenclatura psiquiátrica, visto que não podiam 
ser unicamente identificados (Hopwood & Thomas, 2012); entretanto, no sistema atual, 
eles permanecem como diagnósticos.
transtorno da 
personalidade esquizoide
Transtorno da personalidade 
caracterizado primariamente por 
uma indiferença a relacionamentos 
sociais, bem como por uma gama 
muito limitada de experiência e 
expressão emocional.
MINICASO
Transtorno da personalidade esquizoide
Pedro, que trabalha como guarda de segurança noturno em um banco, gosta de sua ocupação porque pode entrar no mundo 
privado de seus pensamentos sem interrupções de outras pessoas. Ainda que seus vários anos de serviço o tornem elegível para 
uma posição de segurança diurna, ele tem repetidamente rejeitado essas oportunidades porque o trabalho diurno exigiria que 
lidasse com funcionários e clientes do banco. Pedro mora há mais de 20 anos em um pequeno quarto em uma pensão. Não tem 
televisão nem rádio e tem resistido a quaisquer tentativas dos outros residentes para envolvê-lo em atividades sociais. Ele deixou 
claro que não está interessado em conversa fiada e prefere ser deixado em paz. Os vizinhos, os colegas de trabalho e mesmo os 
membros de sua família (os quais ele também evita) o percebem como uma pessoa peculiar que parece impressionantemente fria 
e isolada. Quando seu irmão morreu, Pedro decidiu não comparecer ao funeral porque não queria ser incomodado por todos os 
pêsames e compaixão de parentes e outras pessoas.
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14.3 Transtornos da personalidade do Grupo B 357357
Transtorno da personalidade esquizotípica
Confusões e distorções no sentido básico de identidade do indivíduo são um aspec-
to central do transtorno da personalidade esquizotípica. Falta a esses indivíduos um 
sentido claro de direção ou motivação, e eles não possuem um conjunto claro de pa-
drões contra o qual comparar seu comportamento. Não apenas têm dificuldade para 
entender seu próprio senso de individualidade e motivação, mas também dificuldade 
para entender os motivos e os comportamentos dos outros. Eles associam a confusão 
que sentem em relação a si mesmos e aos outros com uma falta de confiança, o que lhes 
causa dificuldade para estabelecer relacionamentos íntimos.
Os traços de personalidade patológica das pessoas com esse transtorno estão no limite 
extremamente mal-adaptativo da dimensão de psicoticismo. Elas podem defender ideias 
excêntricas e ter crenças e experiências incomuns, bem como dificuldade para formar per-
cepções e cognições precisas sobre seu mundo. Como mostramos na Tabela 14.1, também 
têm afeto restrito e tendências a afastamento, que refletem o traço de personalidade patoló-
gico de distanciamento. Elas expressam afetividade negativa, como desconfiança extrema.
O isolamento social, a excentricidade, a comunicaçãopeculiar e a adaptação social 
pobre que vêm com o transtorno da personalidade esquizotípica inserem esses sujeitos 
no espectro esquizofrênico (Camisa et al., 2005). De acordo com essa visão, os sintomas 
do transtorno representam uma forma latente de esquizofrenia, significando que pes-
soas com sintomas esquizotípicos são vulneráveis ao desenvolvimento de uma psicose 
plena se expostas a circunstâncias de vida difíceis que desafiem sua capacidade de man-
ter contato com a realidade. Em apoio a essa posição, pesquisadores verificaram que 
adolescentes com transtorno da personalidade esquizotípica e aqueles com um defeito 
genético específico ligado à esquizofrenia apresentavam padrões de desempenho se-
melhantes em medidas de síndromes prodrômicas, como sintomas de desorganização, 
problemas com foco de atenção e tolerância prejudicada a estresse (Shapiro, Cubells, 
Ousley, Rockers, & Walker, 2011).
O tratamento para pessoas com transtorno da personalidade esquizotípica é com-
parável às intervenções que costumam ser utilizadas para tratar esquizofrenia. Espe-
cificamente, os medicamentos que agem sobre a dopamina são mais eficazes e podem 
ajudar a aliviar os déficits cognitivos na memória e no funcionamento executivo (Mc-
Clure et al., 2010).
14.3 Transtornos da personalidade 
do Grupo B
Os transtornos da personalidade do Grupo B incluem aqueles que são marcados por 
comportamentos dramáticos, emocionais ou erráticos. Esses comportamentos incluem 
impulsividade, senso de identidade (self) inflado (ou aparentemente inflado) e tendên-
cia a buscar estimulação.
Transtorno da personalidade antissocial
Sinônimo de “psicopatas” ou “sociopatas” no passado, o DSM-5 define as pessoas que rece-
bem o diagnóstico de transtorno da personalidade antissocial como altamente impulsivas 
e incapazes de se arrepender de suas ações. A televisão retrata assassinos em série com essas 
transtorno da 
personalidade 
esquizotípica
Transtorno da personalidade que 
envolve primariamente crenças, 
comportamento, aparência e estilo 
interpessoal estranhos. As pessoas 
com esse transtorno podem ter 
ideias ou preocupações bizarras, 
tais como pensamento mágico e 
crenças em fenômenos psíquicos.
transtorno da 
personalidade antissocial
Transtorno da personalidade 
caracterizado por falta de 
consideração pela moral ou pelos 
padrões legais da sociedade e 
por estilo de vida impulsivo e 
arriscado.
MINICASO
Transtorno da personalidade esquizotípica
Joe é um calouro de universidade que criou um sistema elaborado para decidir quais matérias fazer de acordo com o número da 
cadeira. Ele não fará uma matéria que tenha o número 5, porque acredita que, se o fizer, poderá ter que “apelar para a Quinta 
Emenda”. Raramente conversa com as pessoas em seu dormitório, pois acredita que pretendem roubar suas ideias. Adquiriu 
uma reputação de ser um pouco “excêntrico” devido a sua maneira bizarra de se vestir, sua tendência à reclusão e seus desenhos 
ameaçadores de animais sinistros exibidos na porta de seu quarto. O som do elevador próximo, ele alega, é na verdade um con-
junto de vozes entoando um cântico monástico.
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358358 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
características e mais um pouco. Entretanto, podemos encontrar pessoas com personalida-
de antissocial operando em situações muito mais mundanas. O fenômeno do “psicopata de 
colarinho branco” descreve executivos corporativos que exploram impiedosamente tanto 
investidores quanto empregados, buscando seu próprio ganho à custa das contas bancárias 
e do sustento de suas vítimas (Jonson, 2011). Esses indivíduos também cometem atos de 
bullying no local de trabalho, aumentando o risco de supervisão injusta (Boddy, 2011).
Características do transtorno da 
personalidade antissocial
O diagnóstico de comportamento antissocial tem suas origens no trabalho de Hervey Cle-
ckley, cujo livro de 1941, The Mask of Sanity, representou a primeira tentativa científica de 
listar e categorizar os comportamentos da personalidade “psicopática”.* Cleckley (1976) 
desenvolveu um conjunto de critérios para psicopatia, um agrupamento de traços formam 
o núcleo da personalidade antissocial. Os traços específicos da psicopatia incluem ausência 
de remorso ou vergonha por atos prejudiciais cometidos contra outras pessoas; julgamento 
pobre e fracasso em aprender com a experiência; egocentrismo extremo e incapacidade 
para o amor; falta de reatividade emocional aos outros; impulsividade; ausência de “ner-
vosismo”; e desonestidade, falsidade e insinceridade. Cleckley usou o termo “demência se-
mântica” para se referir à incapacidade do psicopata de reagir adequadamente a expressões 
de emotividade. As outras pessoas podem achar difícil enxergar as verdadeiras característi-
cas dos psicopatas porque eles são capazes de disfarçar seus comportamentos egocêntricos 
e impulsivos por trás de um verniz de charme superficial e aparente inteligência.
A noção de psicopatia de Cleckley permanece um conceito-chave nas descrições 
de transtorno da personalidade antissocial. Com base no trabalho desse pesquisador, o 
psicólogo canadense Robert D. Hare desenvolveu a Lista de Verificação de Psicopatia-
-Revisada (PCL-R) (Hare, 1997), um instrumento de avaliação cujos dois fatores são 
traços de personalidade psicopática centrais e estilo de vida antissocial (Tab. 14.4). 
Os traços de personalidade centrais incluem loquacidade e charme superficial, senso 
de grandioso autoestima, mentira patológica, falta de empatia com os outros, ausência 
de remorso ou culpa e indisposição em aceitar a responsabilidade pelos próprios atos. 
O traço de estilo de vida antissocial gira em torno da impulsividade, uma característica 
que pode levar a comportamentos expressos em um estilo de vida instável, delinquência 
juvenil, problemas comportamentais precoces, ausência de metas de longo prazo realis-
tas e necessidade por estimulação constante (Hare & Neumann, 2005).
Os critérios diagnósticos no DSM-5 requerem que um indivíduo apresente um pa-
drão invasivo de 3 de 7 possíveis comportamentos, incluindo fracasso em ajustar-se às 
normas sociais, falsidade, impulsividade, agressividade, desconsideração pela segurança 
* N. de R. T.: O conceito de personalidade psicopática já havia sido descrito anteriormente 
pelo psiquiatra alemão Kurt Schneider (1887-1967), noção que englobava diferentes alterações 
de personalidade, e não somente o grupo das personalidades antissociais, o qual se constituía 
em um dos 10 grupos por ele descritos sob esse conceito.
psicopatia
Agrupamento de traços que 
formam o núcleo da personalidade 
antissocial.
MINICASO
Transtorno da personalidade antissocial
Tommy era o líder de uma gangue de rua de adolescentes que tinha a reputação de ser a mais perversa do bairro. Ele cresceu 
em uma atmosfera doméstica caótica, tendo sua mãe vivido com diversos homens violentos que tinham sério envolvimento 
com tráfico de drogas e prostituição. Aos 18 anos, Tommy foi preso por ter assaltado e esfaqueado brutalmente uma mulher 
mais velha. Essa foi a primeira de uma longa série de prisões por crimes que variavam de tráfico de drogas a roubos de carros e 
falsificação. Em um período, entre penas de prisão, ele conheceu uma mulher em um bar e casou com ela no dia seguinte. Duas 
semanas mais tarde, espancou-a por ela ter se queixado de seu consumo de álcool incessante e seu envolvimento com indivíduos 
obscuros. Tommy a abandonou quando ela ficou grávida e se recusou a pagar pensão para a criança. Agora como traficante de 
drogas e líder de uma cadeia de prostituição infantil, ele não demonstra arrependimento pelo que fez, alegando que “a vida me 
guiou nessa direção”.
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14.3 Transtornos da personalidade do Grupo B 359359
própria ou alheia, irresponsabilidade e ausência de remorso. Embora na verdade não vi-
venciem sentimentos de remorso, aspessoas com esse transtorno da personalidade po-
dem fingir seu arrependimento por prejudicar os outros a fim de sair de uma situação 
difícil quando são apanhadas. Esses indivíduos também se esforçam para apresentar-se 
sob a luz mais favorável possível. Você poderia pensar neles como os “bajuladores” que 
podem enrolar qualquer um por qualquer coisa, como pedir dinheiro ou favores que 
eles não têm intenção de pagar ou retribuir.
Existe uma diferença entre transtorno da personalidade antissocial e comporta-
mento antissocial. Roubar, mentir e trapacear são exemplos de comportamento antis-
social. Também existe uma diferença entre este e comportamento criminoso. O termo 
“criminoso” tem significado no sistema legal, mas não é um conceito psicológico. Con-
tudo, muitos indivíduos que acabam na prisão satisfazem os critérios psicológicos para 
transtorno da personalidade antissocial. Ao mesmo tempo, nem todos os indivíduos 
com esse transtorno se envolvem em comportamento explicitamente criminoso; em 
vez disso, sua condição pode se manifestar em comportamentos como problemas no 
trabalho, promiscuidade e agressividade.
TABELA 14.4 Itens e fatores nas escalas PCL-R
PCL-R PCL:YV PCL:SV
F1 P1
Interpessoal Interpessoal Interpessoal
 1. Loquacidade – charme superficial
 2. Senso grandioso de autoestima
 4. Mentira patológica
 5. Enganador – manipulador
 1. Gestão de impressão
 2. Senso grandioso de autoestima
 4. Mentira patológica
 5. Manipulação para ganho pessoal
 1. Superficial
 2. Grandioso
 3. Falso
Afetivo Afetivo Afetivo
 6. Ausência de remorso ou culpa
 7. Afeto frívolo
 8. Insensível – falta de empatia
 16. Fracasso em aceitar responsabilidade
 6. Ausência de remorso
 7. Afeto frívolo
 8. Insensível – falta de empatia
 16. Fracasso em aceitar responsabilidade
 4. Ausência de remorso
 5. Falta de empatia
 6. Não aceita responsabili-
dade
F2 P2
Estilo de vida Comportamental Estilo de vida
 3. Necessidade de estimulação
 9. Estilo de vida parasítico
 13. Ausência de metas de longo prazo 
realistas
 14. Impulsividade
 15. Irresponsabilidade
 3. Busca de estimulação
 9. Orientação parasítica
 13. Ausência de metas
 14. Impulsividade
 15. Irresponsabilidade
 7. Impulsivo
 9. Não tem objetivos
 10. Irresponsabilidade
Antissocial Antissocial Antissocial
 10. Controles comportamentais pobres
 12. Problemas comportamentais precoces
 18. Delinquência juvenil
 19. Revogação de liberdade condicional
 20. Versatilidade criminal
 10. Controle pobre da raiva
 12. Problemas comportamentais precoces
 18. Comportamento criminoso sério
 19. Violações sérias da liberdade
 20. Versatilidade criminal
 8. Controles comporta-
mentais pobres
 11. Comportamento antis-
social adolescente
 12. Comportamento antis-
social adulto
Os itens da PCL-R, PCL:YV e PCL:SV são de Hare,14,20 Forth et al.24 e Hart et al.,23 respectivamente. Reimpressa com permissão dos 
detentores dos direitos autorais, RD Hare e Multi-Health Systems. Note que os títulos dos itens não podem ser pontuados sem referência 
aos critérios formais contidos nos manuais publicados. Os itens da PCL-R 11, Comportamento sexual promíscuo, e 17, Relacionamentos 
conjugais de muito curto prazo, contribuem para a pontuação total, mas não têm influência em qualquer dos fatores. Os itens da PCL:YV 
11, Comportamento sexual impessoal, e 17, Relacionamentos interpessoais instáveis, contribuem para a pontuação total, mas não têm 
influência em qualquer dos fatores. F1 e F2 são os fatores da PCL-R originais, mas com a adição do item 20. As Partes 1 e 2 (P1 e P2) 
são descritas no manual da PCL:SV.23
FONTE: Hare & Neumann, 2009.
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360360 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
O transtorno da personalidade antissocial parece surgir na infância, tanto em ter-
mos de desenvolvimento de traços psicopáticos como em taxas de violação da lei. Po-
demos considerar um certo grau de comportamento antissocial normativo em adoles-
centes; entretanto, esse comportamento pode ter consequências para toda a vida se ele 
levá-los a abandonar a escola, a acumular uma ficha criminal e prisões e a desenvolver 
uma adição de drogas (Salekin, 2008).
Ao longo da idade adulta, indivíduos com esse transtorno parecem se tornar menos 
propensos a cometer atos criminosos (Moran, 1999). A taxa de homicídios para pessoas 
com mais de 35 anos é mais baixa do que para aquelas com menos de 34 anos, e ainda 
mais baixa para as com mais de 50 anos (Bureau of Justice Statistics, 2011). No total, as 
taxas para crime violento caem de aproximadamente 1.000 por 100 mil entre pessoas 
de 35 a 39 anos para 93 por 100 mil entre sujeitos com mais de 60 anos (Federal Bureau 
of Investigation, 2004). Menos de 1% de todos os prisioneiros, federais e estaduais tem 
mais de 65 anos, e 5% têm de 55 a 64 anos (Glaze, 2011). Os componentes da psicopa-
tia que envolvem impulsividade, desvio social e comportamento antissocial são menos 
proeminentes em internos de prisões que estão na faixa dos 40 anos ou mais (Harpur 
& Hare, 1994). Talvez os indivíduos antissociais vivenciem um esgotamento ou tenham 
se tornado mais competentes em evitar ser descobertos, ou talvez alguns dos casos mais 
extremos sejam eliminados da população porque essas pessoas são mortas ou presas no 
curso de suas atividades criminosas.
Outra possibilidade é que o envelhecimento traga consigo uma redução dos com-
portamentos impulsivos que associamos com transtornos da personalidade antissocial, 
bem como histriônica e borderline. A hipótese do amadurecimento sugere que indiví-
duos mais velhos sejam mais capazes de controlar suas tendências de alto risco (Segal, 
Coolidge & Rosowsky, 2000). Um estudo longitudinal de homens da adolescência à 
meia-idade apoia essa hipótese. Os traços de personalidade relacionados com compor-
tamento antissocial diminuíram em uma grande maioria de homens na meia-idade 
(Morizot & Le Blanc, 2005).
Teorias do transtorno da personalidade antissocial
Como vimos, o transtorno da personalidade antissocial representa um padrão de com-
portamento profundamente arraigado, com efeitos amplos sobre os indivíduos e as pes-
soas com as quais eles têm contato. Nesta seção, vamos considerar as explicações mais 
convincentes para o desenvolvimento desse transtorno da personalidade. É importante 
hipótese do 
amadurecimento
Proposição de que pessoas com 
personalidade antissocial e outros 
transtornos do Grupo B se tornam 
mais capazes de controlar seus 
comportamentos à medida que 
envelhecem.
Os comportamentos antissociais 
típicos incluem mentir, trapacear 
e roubar.
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14.3 Transtornos da personalidade do Grupo B 361361
lembrar que algumas dessas investigações dizem respeito a criminosos, que podem ou 
não ter recebido o diagnóstico específico de transtorno da personalidade antissocial.
Perspectivas biológicas Estudos de herança familiar fornecem fortes 
evidências a favor das explicações genéticas do transtorno da personalidade antissocial, 
do traço de personalidade de psicopatia e do comportamento antissocial, com estimati-
vas de hereditariedade de até 80%. Para explicar essa variação genética, a atenção deles 
está concentrada nos genes relacionados à atividade da serotonina e da dopamina. Um 
em particular é a monoaminoxidase A, uma enzima codificada pelo gene MAOA. Uma 
mutação nesse gene resulta em níveis anormalmente altos de dopamina, serotonina e 
norepinefrina. Altos níveis desses neurotransmissores estão associados com maior im-
pulsividade. Pesquisadores também acreditam que dependência química da mãe durante 
a gravidez possa levar a influências epigenéticas por meio da metilação de DNA (Gunter, 
Vaughn, & Philibert, 2010). A subnutrição no início da vida pode atuar como outro fator 
de risco para o desenvolvimento de transtorno da personalidade antissocial. Em um es-
tudo de crianças testadas dos 3 aos 17 anos,aquelas que vivenciaram malnutrição aos 3 
anos mostraram mais agressividade e atividade motora enquanto cresciam. Aos 17 anos, 
Você decide
Transtorno da personalidade antissocial e culpabilidade moral
Se o transtorno da personalidade antissocial é uma condição psicológica, as pessoas 
que satisfazem o diagnóstico devem ser consideradas responsáveis por atos criminosos 
que possam cometer? E quanto a pessoas que têm o traço de personalidade de psicopa-
tia? Elas são de algum modo mais ou menos culpáveis? A questão da responsabilidade 
criminal permeia a literatura ética sobre o transtorno da personalidade antissocial e o 
traço de personalidade relacionado de psicopatia. De acordo com Robert Hare, quando 
o sistema judicial aplica a um criminoso o termo “psicopatia” em vez de “transtorno 
da personalidade antissocial”, é provável que ele receba uma sentença mais rigorosa, 
porque a corte percebe a pessoa (em geral um homem) como desprovida de quaisquer 
qualidades redentoras. O filósofo canadense Ishtiyaque Haji contesta a ideia de que 
pessoas com altos níveis de psicopatia sejam mentalmente saudáveis e, portanto, 
responsáveis por seus crimes (Haji, 2010). Ele refere que esses indivíduos têm menos 
responsabilidade moral por seus crimes do que aqueles que não têm altos níveis do tra-
ço de psicopatia. Segundo Haji, a insensibilidade emocional, que é uma marca da psico-
patia, torna o indivíduo menos capaz de avaliar as consequências morais de suas ações.
Levando esse argumento mais além, considere os fatores que podem levar um in-
divíduo a desenvolver altos níveis do traço de psicopatia. Talvez a falta de sensibilidade 
emocional tenha relação com uma anormalidade do desenvolvimento do cérebro, como 
alguns pesquisadores sugerem. Se eles verdadeiramente não conseguem vivenciar 
empatia, como podem perceber o dano que podem estar causando a uma vítima? De 
maneira similar, se não possuem a base neurológica para aprender o medo, e portanto 
são menos propensos a evitar as consequências negativas da atividade criminosa, seria 
essa falha do desenvolvimento cerebral um fato que os torna semelhantes a pessoas 
que têm uma doença física? Sem a capacidade de estimar a punição que pode decorrer 
de um crime, indivíduos com altos níveis de psicopatia não podem aprender com suas 
experiências e parecem condenados a continuar sendo “emocionalmente depravados’’ 
(nas palavras de Haji).
A questão de se as pessoas com altos níveis de psicopatia têm um prejuízo verda-
deiro que as impede de reconhecer as implicações morais de suas ações sem dúvida 
continuará. Cada caso de assassinato em série cometido por um indivíduo com trans-
torno da personalidade antissocial ou por alguém com altos níveis de psicopatia parece 
levantar a questão novamente. Com evidências cada vez mais sofisticadas sobre os 
fatores neurodesenvolvimentais que predispõem indivíduos ao desenvolvimento desse 
transtorno, podemos afinal entender a questão com maior clareza.
P: Você decide: Pessoas com transtorno da personalidade antissocial devem ser consi-
deradas responsáveis por seus comportamentos ilegais?
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362362 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
HISTÓRIAS REAIS
Ted Bundy: Transtorno da personalidade antissocial
“... o filho da puta mais frio e insensível 
que você jamais vai conhecer.”
O abominável assassino em série Ted Bundy nasceu em 1946, em Burlington, Vermont. Embora a 
identidade de seu pai seja desconheci-
da, várias fontes suspeitaram de que 
talvez seu avô tenha sido abusivo e vio-
lento com sua mãe. Isso fez com que 
o rapaz nutrisse durante toda a vida 
um ressentimento contra sua mãe por 
ela nunca ter revelado quem era seu 
pai. Por sua vez, ele admirava seu avô, 
que era conhecido por seu fanatismo 
e propensão à violência. A mãe de Ted 
lembra que, quando criança, ele tinha 
comportamentos estranhos, incluindo 
colocar facas em torno da cama dela 
enquanto ela dormia, despertando para 
encontrá-lo em pé sobre ela e sorrindo.
Ted e sua mãe mudaram-se para 
o Estado de Washington, onde ela se 
casou com Johnny Bundy, que o ado-
tou formalmente. O casal teve quatro 
filhos deles e, ainda que tentassem in-
cluir Ted em todas as suas atividades, 
ele preferia ficar de fora dos assuntos 
da família e manter-se isolado. Ted des-
creveu vários relatos de sua infância 
a biógrafos, embora em geral pareça 
que se apresentava como um homem 
charmoso e extrovertido. Entretanto, 
no íntimo ele não sentia desejo de ter 
qualquer relação com os outros e tinha 
dificuldade para manter amigos e na-
moradas.
Após abandonar a faculdade, Ted 
começou a trabalhar em um centro de 
atendimento telefônico a suicidas e 
matriculou-se em uma faculdade co-
munitária onde estudou psicologia. Fi-
nalmente, entrou para a faculdade de 
direito na Universidade de Utah, mas, 
no final de seu primeiro ano, parou de 
frequentar as aulas. Ele mudou-se de 
volta para o Noroeste Pacífico (Esta-
dos de Washington e Oregon) e traba-
lhou em campanhas políticas; em torno 
dessa época, mulheres jovens come-
çaram a desaparecer. Os analistas de 
perfil nos casos das mulheres assassi-
nadas tinham Ted em sua lista de sus-
peitos, embora tivessem dificuldades 
de acreditar que um jovem atraente 
e motivado pudesse ser capaz de tais 
crimes. Entre os anos de 1974 e 1978, 
Ted foi responsável pelos macabros as-
sassinatos de pelo menos 30 mulheres 
em Utah, Washington, Oregon, Idaho 
e Flórida. Os detalhes desses assas-
sinatos são pavorosos. Em seu livro 
The Bundy Murders, Kevin M. Sullivan 
descreve que “O planejamento, a caça, 
a captura e o subsequente assassínio 
de suas vítimas (sem mencionar sua 
inclinação pela necrofilia) constituiriam 
um processo demorado”. Ted declara-
damente abordava suas jovens vítimas 
em lugares públicos, com frequência à 
luz do dia, e fingia ser ou uma figura 
de autoridade ou estar ferido antes de 
levá-las para uma área isolada onde as 
molestava, agredia e, por fim, assassi-
nava.
Ted escapou da prisão após sua pri-
meira captura. Foi afinal condenado 
pelo assassinato de Kimberly Le-
ach. Em The Bundy Murders, Ke-
vin M. Sullivan descreve esse as-
sassinato: “Ele estava intoxicado, 
mas não com álcool. Sua intoxica-
ção era o profundo e perverso de-
sejo ao qual ele tinha sucumbido 
há muito tempo. Esse desejo, que 
tinha tão completamente assumi-
do o controle e suplantado todos 
os outros aspectos de sua vida, 
nunca parou de procurar vítimas 
enquanto ele estava vivo”.
Após sua condenação, Bundy 
foi sentenciado à morte por ele-
trocussão no Estado da Flórida, 
em 1989. The Bundy Murders 
descreveu como Ted alcançou 
uma notoriedade na mídia durante 
seu julgamento e o tempo subse-
quente passado no corredor da 
morte. No decorrer do julgamen-
to, ele tentou usar sua experiên-
cia na faculdade de direito para 
defender-se de uma condenação.
O dr. Emmanuel Tanay, pro-
fessor de psiquiatria na Wayne 
State University, conduziu uma 
entrevista clínica com Ted a fim de 
julgá-lo inocente por razão de insanida-
de. Um relato da entrevista segue-se:
“Bundy é um homem de 32 anos 
de aparência bonita, vestido com a 
elegância casual de um jovem profes-
sor universitário. Ele estava meticulo-
samente arrumado, com unhas bem 
cuidadas e cabelos recém-lavados. 
Estava no comando total da situação. 
O delegado e seus auxiliares pare-
ciam mais membros de sua comitiva 
do que policiais guardando um prisio-
neiro... No início da entrevista, o sr. 
Bundy comentou sobre as precauções 
de segurança, dizendo que elas eram 
resultado da ‘mística de Bundy’, que 
tinha se desenvolvido como resultado 
das atividades dos noticiários. Isso foi 
apresentado na forma de uma queixa; 
contudo, foi minha impressão que o sr. 
Bundy estava sentindo orgulho de sua 
condição de celebridade. Nas quase 
três horas que passei com ele, consi-
derei que estava com um humor alegre, 
Executado em 1989 por assassinato, Ted 
Bundy admitiu ser responsávelpela morte 
de pelo menos 30 pessoas.
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14.3 Transtornos da personalidade do Grupo B 363363
elas tinham uma probabilidade mais alta de transtorno da conduta, um precursor do 
transtorno da personalidade antissocial (Liu, Raine, Venables, & Mednick, 2004).
O hipocampo, a estrutura cerebral envolvida no processamento da memória de 
curto prazo, parece funcionar anormalmente em indivíduos com psicopatia. Embora o 
volume do hipocampo não pareça diferir entre amostras de psicopatas e não psicopa-
tas, essas estruturas cerebrais parecem ter formas anormais em pessoas com a condição 
(Boccardi et al., 2010). Estudos de neuroimagem também indicam que sujeitos com 
altos níveis de psicopatia têm déficits no funcionamento do lobo frontal, significando 
que são menos capazes de inibir o estímulo de áreas corticais do cérebro envolvidas na 
agressão (Pridmore, Chambers, & McArthur, 2005).
Perspectivas psicológicas Estreitamente relacionada à perspecti-
va biológica é a hipótese de que o transtorno da personalidade antissocial cause dé-
ficits neuropsicológicos refletidos em padrões anormais de aprendizagem e atenção. 
Lembre que Cleckley acreditava que indivíduos psicopatas não apresentam reatividade 
emocional. David Lykken (1957) levou essa ideia para o laboratório e demonstrou que 
indivíduos psicopatas expostos a estímulos aversivos de fato fracassaram em demons-
trar a resposta de medo normal. Portanto, eles não aprendem com suas experiências 
negativas. Chamamos esse déficit de evitação passiva do condicionamento clássico, sig-
nificando que as respostas corretas envolvem aprender a evitar 
responder a um estímulo anteriormente punido. A aprendizagem 
deficiente da evitação passiva em pessoas com altos níveis do tra-
ço de personalidade de psicopatia pode estar relacionada com dé-
ficits na ativação dos circuitos do sistema límbico responsáveis 
pelo processamento emocional (Birbaumer et al., 2005).
As pessoas com altos níveis de psicopatia também têm difi-
culdades para processar estímulos emocionais negativos tais como 
expressões faciais tristes (Sommer et al., 2006). Pesquisadores acre-
ditam que esse déficit de processamento emocional poderia estar 
relacionado à incapacidade que esses indivíduos têm de desenvol-
ver um senso de moralidade. Uma vez que não conseguem empati-
zar com suas vítimas, não sentem remorso por prejudicá-las.
A hipótese de modulação da resposta tenta explicar o fracas-
so de indivíduos com altos níveis de psicopatia em aprender com 
as experiências negativas e em processar informações emocionais 
(Glass & Newman, 2009). De acordo com essa explicação, as pes-
até jovial; era espirituoso, mas não su-
perficial, e falava livremente; porém, 
uma comunicação significativa nunca 
foi estabelecida. Ele foi indagado so-
bre sua aparente falta de preocupação 
tão fora de sintonia com as acusações 
que enfrentava. Reconheceu que esta-
va enfrentando uma possível sentença 
de morte, entretanto: ‘Vou atravessar 
essa ponte quando eu chegar lá’. O 
sr. Bundy tem uma incapacidade de 
reconhecer a importância das provas 
apresentadas contra ele. Seria simplis-
ta caracterizar isso como meramente 
mentira na medida em que age como 
se sua percepção da importância das 
provas fosse real... Em seu processo 
de tomada de decisão, ele é guiado 
por suas necessidades emocionais, às 
vezes em detrimento de seus interes-
ses legais. Sua necessidade patológica 
de desafiar a autoridade, de manipular 
seus associados e seus adversários, 
fornece-lhe ‘emoções’ em detrimento 
de sua capacidade de cooperar com 
seu advogado.”
No final, Ted decidiu não alegar in-
sanidade. Como Sullivan escreve, “na 
mente de Bundy, tudo o que já tinha 
feito estava aparentemente fora da 
esfera da ‘insanidade’. A remoção e o 
confisco das cabeças de suas vítimas 
e ter feito sexo com os cadáveres 
não constituíam, em sua mente, uma 
aberração mental. Ele referia-se a 
esse tipo de coisa apenas como ‘meu 
problema’. Cometer assassinato, 
Ted Bundy disse uma vez ao escritor, 
nada mais era do que se ‘expressar 
(acting out)’”.
Após o tribunal ter rejeitado sua 
última apelação, Ted Bundy foi exe-
cutado na cadeira elétrica na manhã 
de 24 de janeiro de 1989. Sobre sua 
execução, Sullivan escreve: “Aparen-
temente, Bundy estava livre de quais-
quer sentimentos de animosidade para 
com aqueles que ajudaram a colocá-lo 
lá, uma vez que fazia gestos corporais 
conciliatórios (acenos de cabeça, etc.) 
para as pessoas que entravam na sala. 
Mas, quando chegou o momento de 
sua última declaração, ele falou ape-
nas em dar seu ‘amor a minha família 
e amigos’, deixando às vítimas de sua 
raiva homicida pouco mais do que um 
tapa na cara final”.
Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial 
podem ter comportamentos manipuladores devido a uma 
ausência de remorso por prejudicar outras pessoas.
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364364 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
soas têm um foco dominante e não dominante de sua atenção em qualquer situação. 
Por exemplo, você pode estar concentrando sua atenção agora em sua leitura, mas, ao 
mesmo tempo, no segundo plano, está cercado por ruídos, como música, outros estu-
dantes conversando ou o som do tráfego. Embora sua resposta primária neste momento 
seja tentar entender o que está lendo, você poderia mudar para os sinais secundários se 
alguma coisa exigisse sua atenção, como outro estudante lhe falando diretamente. Você 
precisa prestar atenção suficiente àqueles sinais secundários para mudar se necessário, 
mas não tanto que lhe impeça de realizar sua tarefa principal.
Segundo a hipótese de modulação da resposta, indivíduos com altos níveis do 
traço de psicopatia são incapazes de prestar atenção suficiente aos sinais secundários 
para mudar (i.e., modular) sua atenção quando necessário. Portanto, em uma tarefa 
de evitação passiva, eles prestam atenção apenas às experiências nas quais receberão 
uma recompensa e não aprendem com aquelas nas quais incorrem em punição. Em 
seu comportamento no mundo exterior, esse padrão se traduziria em uma tendência a 
focalizar apenas o que podem obter de uma situação (dinheiro, poder ou outras metas 
desejadas), sem considerar que, se buscarem essas recompensas, o resultado pode ser a 
punição. Da mesma forma, eles se concentram em seu próprio prazer, mas não na dor 
que podem causar às pessoas que prejudicam.
A maioria das pesquisas sobre psicopatia está focada nos homens e, na verdade, 
os pesquisadores a príncipio desenvolveram e testaram a hipótese de modulação da 
resposta em populações masculinas. Curiosamente, quando examinaram tanto o pro-
cessamento de emoções quanto a aprendizagem de evitação passiva em mulheres, os 
estudiosos não encontraram diferenças entre mulheres com altos níveis e baixos níveis 
de psicopatia. É possível que as mulheres, comparadas aos homens, sejam mais capazes 
de prestar atenção a respostas não dominantes (Vitale, MacCoon, & Newman, 2011).
As primeiras experiências de vida também podem servir como influências im-
portantes na possibilidade de um indivíduo desenvolver transtorno da personalidade 
antissocial. Os pais de pessoas com esse transtorno são mais propensos a ter sido sobre-
carregados, a não ter competências parentais e a exibir, eles próprios, comportamentos 
antissociais (Lykken, 2000).
Tratamento de transtorno da personalidade 
antissocial
A visão aceita por muitos anos no campo da psicopatologia era que pessoas com trans-
torno da personalidade antissocial eram intratáveis. Seus traços de incapacidade de 
aprender com as experiências negativas e de vivenciar empatia parecem torná-las resis-
tentes a abordagens que envolvem percepção (insight) ou intervenções comportamen-
tais. Os problemas de trabalhar com esses indivíduos incluem as próprias características 
do transtorno: aparente falta de motivação para mudar, tendência à fraudee manipula-
ção e falta de emoção profunda ou duradoura. Ao investigar desfechos de psicoterapias, 
pesquisadores devem tentar chegar a metas de tratamento razoáveis. Devem medir a 
eficácia da terapia em termos de nova prisão ou reincidência (retorno dos sintomas) 
ou devem se concentrar, em vez disso, nas mudanças no desempenho do trabalho, nos 
relacionamentos com os outros e no envolvimento em atividades não criminosas (como 
esportes ou passatempos) (Salekin, Worley, & Grimes, 2010)?
Apesar desses desafios ao sucesso do tratamento, as intervenções mais eficazes são 
aquelas que estão menos focadas em desenvolver empatia e consciência ou personali-
dade. Antes, o tratamento efetivo deve convencer os participantes de que eles são res-
ponsáveis por seu próprio comportamento. Além disso, os terapeutas devem ajudar os 
clientes a desenvolver formas mais pró-sociais de satisfazer suas necessidades pelo uso 
de suas forças. A terapia cognitivo-comportamental parece adequada para infratores 
adolescentes e adultos (Hare & Neumann, 2009).
Transtorno da personalidade borderline
O termo “borderline” neste transtorno da personalidade diz respeito a suas origens, na 
década de 1930, como uma condição na “fronteira” (border) entre formas neuróticas e 
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14.3 Transtornos da personalidade do Grupo B 365365
psicóticas de psicopatologia, no limite da esquizofrenia. Os critérios desse transtorno 
são muito diferentes agora do que eram na época, refletindo que sofreram revisões con-
tínuas, mas a terminologia permanece conosco hoje.
Características do transtorno da personalidade 
borderline O diagnóstico de transtorno da personalidade borderline (TPB) 
baseia-se na demonstração por parte do indivíduo de pelo menos 5 de possíveis 9 com-
portamentos, incluindo esforços frenéticos para evitar abandono; relacionamentos ins-
táveis e intensos; transtorno de identidade; impulsividade em áreas como sexualidade, 
gastos ou direção imprudente; comportamento suicida recorrente; instabilidade afetiva; 
sentimentos crônicos de vazio; dificuldade para controlar a raiva; e sentimentos ocasio-
nais de paranoia ou sintomas dissociativos. No sistema de classificação dimensional na 
Seção III, os profissionais avaliarão os indivíduos ao longo das dimensões de personali-
dade e funcionamento interpessoal, bem como em relação ao grau em que apresentam 
traços de personalidade negativos.
As pessoas com esse transtorno são mais do que inseguras. Elas literalmente con-
tam com os outros para ajudá-las a se sentirem “completas”. Mesmo após ter ultrapassa-
do o tempo costumeiro de questionamento da identidade na adolescência, permanecem 
inseguras e em conflito sobre suas metas de vida. Seus sentimentos crônicos de vazio 
também as levam a quase transformar suas identidades nas das pessoas às quais são 
transtorno da 
personalidade borderline 
(TPB)
Transtorno da personalidade 
caracterizado por um padrão 
invasivo de controle do impulso 
pobre e instabilidade no humor, 
nos relacionamentos interpessoais 
e no senso de identidade.
MINICASO
Transtorno da personalidade borderline
Lisa é uma executiva de 28 anos com longa história de problemas interpessoais. No escritório, seus colegas a veem como inten-
samente mal-humorada e imprevisível. Em alguns dias, é agradável e “alto-astral”, mas em outros exibe uma raiva incontrolável. 
As pessoas com frequência são atingidas por suas atitudes inconsistentes em relação a seus supervisores. Ela vacila entre idea-
lizá-los e desvalorizá-los. Por exemplo, pode elogiar a inteligência de seu supervisor um dia e expressar uma crítica arrasadora no 
dia seguinte. Seus colegas de trabalho mantêm distância dela, porque ficaram aborrecidos com suas constantes exigências por 
atenção. Ela também ganhou uma reputação no escritório por seus envolvimentos promíscuos com uma variedade de pessoas, 
homens e mulheres. Em várias ocasiões, colegas a repreenderam por envolver-se inadequadamente nas vidas pessoais de seus 
clientes. Um dia, após perder uma de suas contas, ela ficou tão perturbada que cortou os pulsos. Esse incidente levou seu super-
visor a insistir que Lisa procurasse ajuda profissional.
Homens que sofrem de transtorno da personalidade borderline são mais propensos a 
apresentar sintomas antissociais do que as mulheres.
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366366 Capítulo 14 Transtornos da personalidade
próximas. Infelizmente para elas, quanto mais buscam a reafirmação e proximidade dos 
outros, mais os afastam. Como resultado, seus sentimentos perturbados apenas ficam 
mais intensos, e elas se tornam cada vez mais exigentes, mal-humoradas e imprudentes. 
Dessa forma, os sintomas do transtorno passam a ser cíclicos e se autoperpetuam, com 
frequência chegando ao ponto em que a pessoa requer hospitalização.
Um termo que a profissão usa para descrever a forma como pessoas com TPB se 
relacionam com os outros é cisão. Isso significa que a preocupação delas com sentimen-
tos de amor pelo objeto de seu desejo e sua atenção pode facilmente se transformar em 
raiva e ódio extremos quando esse objeto as rejeita. Elas podem aplicar essa dicotomia 
todo-bom versus todo-mau a outras experiências e pessoas também. O desespero in-
tenso no qual podem mergulhar também pode levá-las a gestos suicidas, ou como uma 
forma de obter atenção ou para extrair sentimentos de realidade da dor física que esse 
ato causa. Esses chamados “parassuicídios” podem levar a hospitalização, na qual os 
clínicos detectam que o ato foi um gesto, e não um desejo real de morrer na verdade.
Os indivíduos que têm TPB melhoram ao longo do tempo, pelo menos em ter-
mos da gravidade de seus sintomas. Em um estudo longitudinal de 10 anos com 175 
indivíduos com esse transtorno, uma equipe de importantes pesquisadores no campo 
verificou que 85% não tinham mais sintomas, embora melhorassem a taxas mais lentas 
do que pessoas com transtorno depressivo maior ou outros transtornos da personali-
dade. Entretanto, seu funcionamento social global e as pontuações na Avaliação Global 
do Funcionamento (GAF) permaneceram mais baixos ao longo do tempo do que os 
de indivíduos com outros transtornos da personalidade. Portanto, ainda que possam 
vivenciar melhora do funcionamento em termos de sua condição psiquiátrica, as pes-
soas continuam sendo desafiadas quando se trata de seu emprego e de relacionamentos 
interpessoais (Gunderson et al., 2011).
A prevalência ao longo da vida de TPB nos Estados Unidos é de 7%. A prevalência é 
muito mais alta (15 a 20%) em hospitais psiquiátricos e em clínicas ambulatoriais (Gun-
derson, 2011). Houve um tempo em que os pesquisadores acreditavam que as mulheres 
eram mais propensas a ter TPB do que os homens, mas eles consideram a prevalência 
igual entre os gêneros. Entretanto, existem diferenças de gênero em sintomas específicos 
e em outros transtornos que ocorrem em conjunto com um diagnóstico de TPB. Os ho-
mens com TPB são mais propensos a ter transtorno por uso de substância e características 
de personalidade antissocial. As mulheres têm taxas mais altas de transtornos do humor, 
de ansiedade, alimentares e de estresse pós-traumático. Essas diferenças na natureza dos 
transtornos associados podem explicar as estimativas anteriores de taxas mais altas do TPB 
em mulheres, que os clínicos tinham mais probabilidade de encontrar em contextos de 
saúde mental. Em contrapartida, eles têm mais probabilidade de ver homens em progra-
mas de transtorno por uso de substância (Sansone, Dittoe, Hahn, & Wiederman, 2011).
Teorias e tratamento de TPB Os sintomas de TPB estão ligados 
a uma série de fatores biológicos, incluindo alta hereditariedade (42 a 68%) e anor-
malidades nas amígdalas e no córtex pré-frontal, áreas do cérebro envolvidas no pro-
cessamento e na regulação emocional. As pessoas com TPB também podem ter anor-
malidades nos neurotransmissores e nos hormônios

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