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As mãos que revelam o homem

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NORBERT GLAS 
, 4 5 o v f ä o s 
fievelam 0 ^Homert1 
AMTROPQSOFICA 
t 
Norbert Glas 
AS MÃOS 
REVELAM O HOMEM 
Tradução de 
GERARD BANNWART 
ANTROPOSÓFICA 
Sumário 
Prefácio 9 
FISIOGNOMONIA GERAL DAS MÃOS 11 
FISIOGNOMONIA ESPECIAL DAS MÃOS E DOS DEDOS 
I. O polegar 41 
II. O dedo indicador 47 
III. O dedo médio 53 
IV. O dedo anular 57 
V. O dedo mínimo 68 
VI. A mão 75 
MÃOS E TEMPERAMENTO 79 
COOPERAÇÃO ENTRE AS MÃOS ESQUERDA E DIREITA 
Posfácio 105 
índice das ilustrações 107 
Prefácio 
Após o primeiro volume de fisiognomonia, Das Antlitz offenbart den 
Menschen (A face revela o homem), e o segundo, Die Temperamente (Os 
temperamentos)*, segue agora, no terceiro volume, a tentativa de desco-
brir nas formas das mãos os segredos da figura humana. Assim como em 
ambas as obras mencionadas, também aqui o autor se apóia totalmente na 
contemplação do homem, tal como foi transmitida à nossa época por Ru-
dolf Steiner, em sua obra de vida. 
O presente estudo é o resultado de longos anos de experiência médica; 
propõe-se proporcionar a qualquer pessoa a possibilidade de uma compreen-
são dos enigmas do ser humano sem, no entanto, transmitir conhecimentos 
particularmente especializados. Educadores e professores, psicólogos e mé-
dicos podem encontrar, nas exposições e ilustrações, uma ajuda para sua 
atividade profissional. Desejamos dar ao leitor um estímulo que possa 
conduzi-lo a uma observação prática. Quem contemplar o homem com amor 
descobrirá, em suas mãos, uma plenitude de mistérios que, de certo modo, 
poderão desvendar-lhe os enigmas da alma. Por fim, mencione-se ainda que 
notar em si mesmo algumas fraquezas pode ser um passo importante para 
o autoconhecimento; pois estas são superáveis quando simplesmente ele-
vadas à consciência. Não nos deveríamos afligir acerca de nossas limitações, 
mas sim ficar satisfeitos por podermos modificar e melhorar em nós mes-
mos muitas coisas por meio da vontade própria, mesmo que alguns aspec-
tos desagradáveis já se tenham inscrito em nossa aparência corpórea. 
Assim, que este livro possa ser aceito não apenas como uma publicação 
voltada para a pedagogia, mas também para a auto-educação. 
* Editados em português em seguida ao presente tomo, alterando-se a ordem original. (N.E.) 
9 
FISIOGNOMONIA GERAL DAS MÃOS 
VIII. 
Chega-se a uma fisiognomonia compreensível das mãos tão logo se possa 
aplicar, à multiplicidade de sua configuração, uma estruturação natural. Pri-
meiramente, note-se que as mãos devem ser encaradas como um desfecho 
dos braços. Desta maneira, pertencem àquela parte do corpo que deve ser 
agregada à região do meio. De acordo com a concepção de Rudolf Steiner, 
o homem deve ser visto, em sua forma, como um ser trimembrado. Mais 
pormenores a esse respeito encontram-se, por exemplo, em Rudolf Steiner, 
Von Seelenrãtseln (Dos enigmas da alma). Nesse livro o presente autor fun-
damentou também o estudo fisiognomônico Das Antlitz offenbart den Men-
scben (A face revela o homem). Neste ponto bastaria indicar que esse ho-
mem "do meio" relaciona-se com aqueles órgãos que regulam o ritmo. Co-
ração e pulmão são os pontos centrais para ambas as atividades rítmicas: 
circulação sangüínea e respiração. Braços e mãos irradiam, em certa medi-
da, desta região central rumo à periferia. As mãos são livremente móveis; 
em sua posição normal não tocam o solo, como por exemplo os pés, que 
são direcionados para baixo, nem são dirigidas para cima quando em posi-
ção natural, como é o caso óbvio da cabeça. Em geral sua área de atuação 
situa-se mais no meio, na horizontal, mesmo quando têm a possibilidade 
de cavar em profundidade ou de empurrar para cima. 
O parentesco das mãos com o organismo rítmico leva a uma evidente 
bimembração, tal como esta existe na respiração e na circulação sangüínea. 
Olhando-se para as costas da mão e para os dedos, ou para a palma da mão 
(ilustrações 1 e 2), sempre se evidenciará uma certa bimembração: de um 
lado os quatro dedos, do mínimo ao indicador, e a parte da mão que lhes está 
associada, e do outro o polegar com a polpa respectiva. Uma metade da mão, 
nomeadamente aquela com os quatro dedos, tem parentesco com o homem 
que vive no sistema respiratório; a outra, a metade do polegar, com o que 
vive na circulação sangüínea. As condições respiratória e circulatória 
refletem-se muito especialmente na pele de nossas mãos. Quando a respira-
ção é pouco profunda, origina-se um represamento do sangue, mostrando-
se logo a seguir, sob as unhas, uma coloração azulada; por isso a cor da pele 
simultaneamente também se modifica. Quando sentimos calor, não só nos-
sas faces se tornam vermelhas, mas também nossas mãos. Sendo o teor de 
ferro no sangue muito baixo, na anemia, as unhas denunciarão a palidez do 
sangue circulante sob as mesmas. Em determinadas doenças que se fazem 
acompanhar de uma respiração mais difícil e da decorrente inibição da cir-
culação sangüínea, torna-se visível, após algum tempo, um instumescimen-
to das falangetas, chegando a um exagerado abaulamento das unhas. Todas 
as enfermidades referentes a este fenômeno desenrolam-se no espaço torá-
13 
xico — portanto, no lugar onde se encontram os principais órgãos do ho-
mem rítmico: os pulmões e o coração. As doenças em que se apresentam 
as formas descritas na medicina como "dedos de baqueta de tambor" (ilus-
tração 3) são: tuberculose dos pulmões com formação de cavidades, abces-
sos e gangrena do pulmão, dilatações dos brônquios (a assim chamada 
bronco-ectasia), supurações no espaço da pleura, falhas cardíacas congêni-
tas (bebês cianóticos). 
No caso de um estreitamento da artéria pulmonar surge, po vezes, uma 
curvatura adunca das unhas, muito característica. Excluindo-se as unhas, essas 
deformidades encontram-se apenas nas partes moles dos dedos, e naõ nos 
ossos. Após a cura das doenças mencionadas, sobrevêm também uma invo-
lução das deformidades dos dedos. Tais processos doentios evidenciam a 
relação direta que existe entre as mãos e os órgãos da cavidade toráxica. 
Uma vez que as referidas enfermidades são acompanhadas tanto de fenô-
menos de congestão da circulação quanto de dificuldades respiratórias, não 
se deve efetuar, no caso das alterações dos dedos, uma separação entre os 
dois processos do homem rítmico. 
II. 
A distinção entre "mão dos dedos" e "mão do polegar" — conforme 
ambas as partes devem ser chamadas, a bem da simplificação — será reco-
nhecida em outros fenômenos. Antes que isso possa ser mostrado, faz-se 
ainda necessário atentar, do ponto de vista fisiológico, para o seguinte: os 
órgãos da respiração pertencem, em verdade, ao organismo rítmico, porém 
em seus processos estão muito próximos das funções dos nervos, o que sig-
nifica que apresentam uma estreita relação com o sistema nervoso. Isso se 
expressa também no fato de as manifestações da consciência estarem am-
plamente ligadas ao organismo nervoso. A consciência penetra ainda na res-
piração a ponto de sermos, até certo grau, capazes de influenciar arbitraria-
mente a respiração. É muito grande a sensibilidade dos nervos que se en-
contram nas mucosas dos órgãos respiratórios. Manifesta-se de modo mui-
to penoso, em forma de hipersensibilidade, por exemplo na assim chamada 
febre do feno. Neste caso percebe-se diretamente como no campo da respi-
ração se faz valer algo que lembra até uma atividade dos órgãos dos senti-
dos (os pólens, ou cheiros, ou quaisquer partículas de pó, são percebidos 
por essas mucosas tal como uma aspereza o é pelo tato, ou um odor pelo 
olfato). Neste aspecto é muito estreita a relação entre as atividades respira-
tória e nervosa. 
14 
15 
A mão com os quatro dedos triarticulados tem, antes de tudo, mais a 
ver com o homem que respira (só mais adiante, ao se falar sobre cada dedo, 
entrar-se-á em mais pormenores). O relacionamento da organização nervo-
sa com os dedos revela-se tão logo se observe a grande sensibilidade ao ta-
to, especialmente das pontas dos dedos. Nesta região, sobretudonos dedos 
indicador e médio, a sensação para cada contato é tão delicada que no ce-
go, por exemplo, molda-se um aparelho sensório que se transforma num 
verdadeiro substituto dos olhos. O sistema nervoso ligado ao tato alcança, 
em certas circunstâncias, uma tal perfeição que se equipara a um milagre. 
Do tatear participam, quando muito, os dedos da "mão dos dedos", não 
mais o polegar. A "mão do polegar", por pertencer ao homem circulató-
rio, vive em estreita relação com o vizinho sistema metabólico. Do mesmo 
modo como este é sempre a base para todo elemento volitivo, assim o pole-
gar e sua polpa adjacente — na qual também se espelha, na maioria das ve-
zes, a cor róseo-encarnada do semblante — têm mais relação com as ativi-
dades volitivas da mão do que com as percepções dos sentidos (como é o 
caso, por exemplo, do dedo indicador). O parentesco da "mão do polegar" 
com o ritmo sangüíneo talvez possa encontrar uma espécie de confirmação 
também no fato de — exatamente na extensão da polpa do polegar para 
baixo — encontrar-se aquele ponto onde, há milhares de anos, a batida da 
artéria radial, o pulso do homem, é sentida pelos médicos. 
Penetrar em certos gestos pode levar à compreensão da mão, à medida 
que os mesmos estejam relacionados com a bimembração. Sejam lembra-
dos aqui dois movimentos opostos: presuma-se que o sangue, com seu ca-
lor inerente, entre em especial efervescência. O coração bate mais rápido 
que o normal, a cabeça torna-se vermelha e quente. O ponto alto de uma 
tal explosão de irritação, ira ou fúria freqüentemente consiste em que a pes-
soa irritada cerre o punho ou até ameace outros com o mesmo. Para conse-
guir cerrá-lo, começa por enrolar fortemente os quatro dedos triarticula-
dos da mão (na maioria das vezes será a direita) e cobre com o polegar os 
irmãos, que são os mais prudentes e que, graças à sua estreita pertinência 
à fria respiração, possuem um parentesco com a cabeça. O polegar assume, 
num tal momento, a postura de um tirano que quer refrear qualquer oposi-
ção (ilustração 4). Aqui existe um movimento exagerado da vontade. 
Há uma postura anímica bem contrária à mostrada acima. A pessoa não 
chega exatamente a ficar fora de si, como em uma irritação, mas quer refle-
tir um pouco e deseja interiorizar-se; recolhe-se a fim de encontrar com-
preensão para um pensamento. Quem for observado em tal momento mos-
trará amiúde o seguinte gesto de uma das mãos, às vezes também de ambas: 
o polegar é como que escondido na palma da mão, os quatro dedos restan-
tes o comprimem e o envolvem fortemente (ilustração 5). Essa postura po-
de também ser adotada de maneira exageradamente freqüente e convulsi-
va; neste caso revela menos a — em outra situação — virtude da reflexão, 
e muito mais o esforço por querer guardar tudo quanto possível em si. Atra-
16 
vés desta postura pode trair-se, por exemplo, aquele que tem a mania de 
guardar segredos, ou aquele mais rusticamente voltado para o materialis-
mo, o avarento; este não quer dar nada, ou, como popularmente se diz com 
muito acerto, "Ele é um mão-fechada". Também se pode observar que cer-
tas pessoas, de manhã após o sono, antes de se decidirem por alguma ativi-
dade igualmente envolvem seu polegar, cobrindo-o com os outros dedos: 
a vontade não atua para fora. 
A partir do que segue pode-se ainda reconhecer em que extensão a "mão 
dos dedos" tem a ver com o homem respiratório. A respiração consiste de 
três ocorrências que se sucedem uma à outra, a saber: a expiração, a inspi-
ração e o momento de transição, o qual pode parecer como que uma pausa, 
mas que, na respiração uniforme, mal é perceptível no tempo. Essas três 
ocorrências refletem-se em forma e função nos quatro dedos. Com a expi-
ração o homem sai de si mesmo com uma parte de seu ser, embora isso fi-
que quase invisível para os olhos. Ele se liga ao meio ambiente. Tal fato cor-
responde em alto grau àquilo que vive no dedo indicador (em parte já cha-
mamos a atenção sobre isso). Ele imerge de maneira bem visível no mundo 
exterior, unindo-se a este. 
O contrário acontece na inspiração. Nesta, não só o ar é trazido para 
dentro, mas todo o nosso ser esforça-se para o interior. Consuma-se uma 
verdadeira interiorização, tal qual a que pode ser percebida na alma em to-
das as emoções. Nas mãos, essa vivência reflete-se nos dedos anular e míni-
mo, conforme se tornará claro no exposto adiante. Entre ambas as ocorrên-
cias, todavia, é necessário ainda considerar o momento no qual a expiração 
se transforma em inspiração e, inversamente, a inspiração em expiração. 
Uma pausa respiratória só será mais facilmente mensurável na respiração 
intensificada ou reduzida, enquanto que, de outra forma, a transição se con-
suma continuamente. Contudo, é importante levar em consideração o pon-
to de mudança. Utilizando-se, por exemplo, mais oxigêncio do ar, a inver-
são da expiração para inspiração ocorrerá mais rapidamente; utilizando-se 
menos, a mudança processar-se-á mais lentamente. Estabelece-se portanto, 
no momento da pausa de transição, frequentemente mal mensurável, um 
verdadeiro equilíbrio no processo respiratório. O portador do equilíbrio en-
tre o exterior e o interior, na mão, é o dedo médio. Ele não se situa de fato 
no meio apenas anatomicamente, mas tem também a capacidade de produ-
zir continuamente a compensação. Na medida do necessário, ele pode 
inclinar-se mais para o dedo indicador ou para o anular e, assim, trazer a 
harmonia para a forma e o movimento. Isso ficará ainda mais evidente na 
abordagem específica do dedo, num capítulo posterior. 
18 
VIII. 
Se, na observação das mãos, houver alguma referência principalmente 
ao homem rítmico, será inteiramente correto falarmos de uma bimembra-
ção; pois o homem do meio tem em sua base ambos os importantes proces-
sos da respiração e da circulação sangüínea. Na configuração total do cor-
po existem, porém, três áreas a distinguir, de conformidade com Rudolf Stei-
ner: o sistema neuro-sensorial com a cabeça e os órgãos dos sentidos; o 
já mencionado sistema rítmico e, como terceiro, o sistema metabólico-
motor, cujo nome fala por si. Cada qual destes três sistemas de órgãos cons-
titui também o fundamento para a respectiva atividade da vida anímica, a 
saber: o pensar, o sentir e o querer. Esta trimembração do corpo e da alma 
espelha-se igualmente na mão — o que se torna visível nos dedos. O pensar 
e o perceber, em sua relação com os processos nervosos, refletem-se pre-
dominantemente nos dedos indicador e médio. Não há nenhuma dúvida a 
respeito de que nestes dois dedos existe, ou pode ser desenvolvido por exer-
cício, o mais delicado sentido do tato. A dita "sensibilidade nas pontas dos 
dedos" * tem, nas pontas destes dois, sua autêntica pátria. Aqui o olho po-
de muito bem, por assim dizer, ser mais facilmente substituído, tal como 
o que o cego se esforça por fazer. 
Se for necessário chamar a atenção com as mãos para algo percebido 
no mundo exterior, então o dedo indicador, e nenhum outro, apontará de 
forma bem óbvia para o objeto em questão. O caçador que espreita a caça 
e visa a atirar num animal deixa o dedo indicador descansar sobre o gati-
lho, para apertá-lo no momento oportuno. Neste caso, portanto, o olho e 
o dedo indicador trabalham de fato em plena harmonia. 
O ato de apontar com o segundo dedo pode ser executado no âmbito 
de três direções. Há, por exemplo, um apontar para cima porque algo im-
portante emergiu no pensamento. Na "Última Ceia" de Leonardo vemos 
como Tomé estende, significativamente, o dedo indicador para cima (ilus-
tração 6). É bem verdade que o dedo aponta para algo importante, mas o 
movimento parece de fato inibido. Em Tomé reinam dúvidas, e por detrás 
destas está o cético; daí mostrar-se na ilustração vima certa estreiteza no gesto 
executado. Mas o gesto de indicar para cima também pode ser poderoso. 
Para algo muito grandioso e sagrado deve ser chamada a atenção. Assim, 
em Leonardo, o dedo indicador da mão direita do Batista é dirigidopara 
cima (ilustração 7). João aponta com o dedo para o céu, de onde descerá 
o Salvador, que ele pode anunciar profeticamente. Com esse dedo o ho-
* Tradução literal da expressão alemã Fingerspitzengefühl, equivalente a tato, sensibilidade, 
no sentido figurado. (N.R.) 
19 
mem é remetido a um plano superior. "Eis Aquele de quem eu disse: depois 
de mim virá Aquele que foi antes de mim, pois Ele era antes de mim. E de 
Sua plenitude todos nós recebemos graça por graça." (Jo 1,15.) 
Em contraposição a isso, o dedo indicador aponta para baixo quando 
é necessário expressar que na Terra tudo chegou a um ponto de decadên-
cia: "Ó raça de víboras, quem vos mostrou, pois, que sereis poupados à ira 
futura? Vede, produzi frutos dignos da expiação..." (Mt 3, 7-8). Estas são 
as palavras com que João clama aos fariseus e aos saduceus. Leonardo dese-
nhou um pequeno esboço do Batista — o qual aparentemente profere uma 
admoestação e, com imperiosa severidade, dirige o dedo indicador direta-
mente para o solo (ilustração 8). 
O grande pintor buscou ainda, com todo o cuidado, uma terceira posi-
ção para o segundo dedo. Nesta, o dedo indicador é apontado rigorosamente 
na horizontal. Aqui se encontra a região dos membros superiores, à qual, 
juntamente com o coração, também pertence o homem rítmico. Deste emana 
todo amor carinhoso. Em "Madona na Gruta" (versão parisiense no Lou-
vre), o anjo protetor que pousa ao lado do Menino Jesus estende seu dedo 
indicador bem reto para a frente, para mostrar o pequeno João mergulhado 
em profunda adoração. Este pode ser sentido como o gesto verdadeiramente 
correto com o qual se chama a atenção de uma criança para algo significati-
vo (ilustração 9)-
8 
21 
IV. 
Ainda que mais tarde tenhamos de abordar a estrutura peculiar de cada 
um dos dedos, façamos neste ponto uma inserção relacionada a um hábito 
pelo qual os dedos indicador e médio são, com muita freqüência, judiados. 
Trata-se da inclinação para roer unhas, que hoje em dia está assustadora-
mente difundida, sobretudo entre crianças. No primeiro volume de fisiog-
nomonia foi exposto e esclarecido de que forma, em tais casos, apresenta-
se a ânsia inconsciente de combater as forças endurecedoras do organismo. 
O roedor de unhas tenta livrar-se de uma das partes mais duras de seu cor-
po (os ossos, ainda mais duros, não lhe são acessíveis). Por isso rói as unhas. 
22 
Deve-se considerar que existe uma estreita relação entre os processos ner-
vosos de um lado e, de outro, as ancilosidades e endurecimentos que se apre-
sentam no corpo. Esta é a razão pela qual os processos vivos do crescimento 
enfraquecem continuamente tão logo a atividade nervosa atue com maior 
intensidade. A própria célula nervosa tem — comparada, por exemplo, com 
uma célula do fígado — uma vitalidade proporcionalmente muito menor. 
Isso se torna igualmente perceptível nos dedos: as pontas dos dedos, que 
por sua abundante distribuição de nervos possuem uma sensibilidade tão ele-
vada, são recobertas pela unha dura. Em comparação, poder-se-ia dizer que, 
da mesma forma como o cérebro — o mais importante e complexo órgão 
do sistema nervoso — está envolto e recoberto em grande escala pela abó-
bada craniana, assim também a unha dura e recurvada se coloca, em menor 
escala, sobre a ponta de dedo — que é um órgão dos sentidos sumamente 
rico em nervos e sensível — como uma espécie de "cobertura craniana". 
Talvez se permita dar vazão à fantasia e imaginar que o homem leva na peri-
feria de suas mãos dez pequenas cabecinhas, cada qual dotada de um peque-
nino cérebro, com uma cobertura craniana feita da substância córnea da unha. 
Yale notar o número de roedores de unhas que, ao serem indagados, 
informam que na maioria das vezes iniciam pelos dedos indicador e médio. 
Trata-se normalmente de pessoas que se sentem organicamente perturba-
das tão logo lhes são apresentadas exigências mentais — muitas vezes ape-
nas de natureza leve. A situação pode agravar-se, porém, até ao ponto em 
que cada interferência do estado vígil já ofereça motivo para se ocuparem 
das unhas. Basta, por exemplo, pesquisar quando é que certas crianças bus-
cam refúgio em seu hábito, e elas esclarecem: assim que sentem fome — 
o que aliás sempre torna o homem mais alerta — ou quando estão deitadas 
na cama e não conseguem adormecer. Estas circunstâncias valem também 
para os roedores de unhas adultos. Para estes, acrescentar-se-ia ainda que 
preocupações especiais das quais não conseguem libertar-se podem ser uma 
razão especial para sua propensão. O ato de roer unhas emerge, como pro-
pensão, a partir da vida volitiva inconsciente e instintiva, sendo por isso 
mesmo tão difícil de combater. Para que primeiramente os dedos indicador 
e médio sejam atacados há boa razão. Ambos têm, entre todos os dedos, 
a mais forte ligação com o sistema neuro-sensorial. 
As muitas tentativas para curar o hábito de roer unhas não são muito 
bem sucedidas, conforme ensina a experiência. De qualquer maneira, po-
rém, pode-se combater o hábito a partir de dois lados: no primeiro deles 
conduz-se a pessoa pelo lado volitivo — tudo se relaciona com uma cons-
ciência muito maior da vontade. Para adultos podem ser recomendados exer-
cícios regulares da vontade, os quais podem ser encontrados, por exemplo, 
no livro de Rudolf Steiner O conhecimento dos mundos superiores.* No 
F.diç-ão brasileira em Iraci, de Erika Reimann (5. ed. São Paulo: Antroposófica, 2002) . (N.E.) 
23 
caso de crianças, isso deverá ser conduzido pelo educador de maneira es-
pecial, ocupando-se a criança corretamente e alimentando-a de modo apro-
priado. A nível anímico, deve ser rigorosamente evitada a tensão do medo, 
tanto quanto o tédio. Ou deve-se então procurar, pelo lado mental, elevar 
o pensar do nível abstrato mais para o objetivo e para o figurativo. O ensi-
no vivificado artisticamente e liberto de toda aridez levará cada criança, ao 
menos por algum tempo, a esquecer sua mania. Mas se a educação não se 
entrosar no sentido proposto, os impulsos insatisfeitos se precipitarão co-
mo pequenos lobos dilaceradores sobre as unhas, não poupando então ne-
nhuma delas. O resultado é uma mão cujas cabeças dos dedos estão despo-
jadas da proteção; observados de cima, os dedos parecem mutilados (ilus-
tração 10). 
A descrição de um jovem que rói unhas tornará mais facilmente com-
preensível o que aqui se quer dizer. Ele tem treze anos de idade e rói suas 
unhas há tanto tempo quanto possa lembrar-se. Tem cabelos acentuadamente 
ruivos e um rosto de cor rósea, fresca. Certa vez Rudolf Steiner citou que, 
no ruivo, a atividade do processo sulfúrico é especialmente intensa (por 
exemplo, na proteína). Na maioria das vezes os ruivos tendem mais à trans-
piração que outros, com cabelos mais escuros; os processos do metabolis-
mo ocorrem com maior rapidez, o sangue lhes sobe mais depressa à cabeça. 
A conseqüência disso são ataques de ira facilmente suscitáveis, conforme 
também era o caso do rapaz mencionado. Suas mãos são acentuadamente 
moles nas articulações e assemelham-se àquelas de crianças muito novas. 
A pele nada tem de rijo. Ele deseja — é claro que inconscientemente — per-
manecer o maior tempo possível na moleza agradável de seu corpo. A par-
tir desta tendência quer eliminar os pontos duros dos dedos e rói as unhas 
de maneira francamente devastadora. Nele, o comprimento de uma unha 
é reduzido para quase a metade de uma unha sadia. 
Um pensamento interessante, que não pode ser pura e simplesmente 
rejeitado, parece ser ainda o seguinte: na total condição corpórea de um 
roedor de unhas desse tipo encontra-se uma certa avidez por enxofre; co-
mo também existem pessoas que, de forma muito mais acentuada, têm uma 
ânsia notadamente grande por sal. A queratina é uma parte essencial da unha, 
com um conteúdo relativamente elevado de enxofre (2 - 5%). Talvez um 
ser faminto de enxofre tente satisfazer seu apetite roendo unhas. Pode ser 
que para isso nem seja necessário considerar quantidadesespecialmente al-
tas da substância. Um oposto total ao homem que rói as unhas é aquele que 
se compraz em deixar suas unhas crescerem demais. Com isto denuncia que 
ama justamente as forças do endurecimento atuantes nele, e que também 
quer mostrá-lo à sua redondeza. A criança teimosa e intransigente, tal co-
mo a descreveu e delineou o médico Heinrich Hoffman no famoso "João 
Felpudo", possui, óbvia e consequentemente, as unhas excessivamente lon-
gas, as quais o pestinha não deixa encurtar (ilustração 10a). 
24 
1 0 a 
25 
VIII. 
A falange provida de unha aponta portanto, de um modo mais geral, 
para a relação do homem com processos formativos também endurecedo-
res, cujo ponto de partida é representado pelo sistema neuro-sensorial. Ten-
temos agora, após a observação precedente, encontrar novamente nas mãos 
o reflexo do corpo humano trimembrado com as correspondentes emoções 
da alma. 
O dedo condutor, o dedo do pensamento e da percepção, conforme 
ficou demonstrado de várias maneiras pelos exemplos já mencionados, é 
sobretudo o dedo indicador, e em parte também o médio, como se mostra-
rá adiante. Se, por exemplo, quisermos recolher-nos pensativamente, sen-
tiremos que existe um centro, para isso, em um ponto que se encontra aci-
ma da raiz do nariz e entre ambas as sobrancelhas. Nesta região se encontra 
visível, também do ponto de vista fisionômico, uma contração das dobras 
da testa dirigidas para baixo. Desta maneira uma pessoa conserva um as-
pecto que descrevemos, na maioria das vezes, como pensativo. A pessoa 
em questão como que se recolhe em seu próprio ponto central, também ani-
micamente, quando deseja pensar. "Concentrar-se" é apenas a tradução de 
uma tal atividade. Com que freqüência, porém, no momento de uma con-
centração, alguém coloca justamente o seu dedo indicador nesse exato lu-
gar acima do nariz! O dedo indicador desempenha aí o papel principal, mes-
mo que casualmente outros dedos possam acompanhar o movimento. 
Há ainda um outro gesto, quando alguém deseja retirar-se do barulho 
do mundo. A reflexão sobre si mesmo deve ter lugar, há que reinar silêncio, 
o qual não deve ser interrompido por palavras. Mesmo para crianças inquie-
tas e tagarelas, tal gesto pode ser feito quando devem ouvir aquilo que o 
professor lhes tem a transmitir: o dedo indicador faz o sinal do silêncio ao 
ser dirigido para cima e apontado para o meio da boca. Quem teria repre-
sentado isso mais expressivamente que Fra Angélico? (ilustração 11). 
Também a partir de outros movimentos, menos dirigidos ao coração, 
pode-se sempre voltar a reconhecer como o segundo dedo, às vezes ainda 
acompanhado do dedo médio, é levado à relação com o ato de indicar, cha-
mar a atenção, pensar. Quando alguém quer indicar, com um breve gesto, 
que seu companheiro não parece ser muito claro em suas idéias, toca, com 
o dedo indicador direito, o cotovelo esquerdo. Com isso deseja expressar 
que a sensatez lhe escorregou da cabeça, desapareceu para baixo. * Aqui im-
porta apenas que, mais uma vez, é o dedo indicador que assume a liderança 
quando se trata das forças da cabeça. 
Em algumas regiões predomina o costume de, quando alguém cometeu 
* Mímica estranha no Brasil. (N.R.) 
26 
uma tolice de fato, escarnecer-se dele da seguinte maneira: ambos os indi-
cadores, o esquerdo do lado esquerdo, o direito do lado direito, recolhidos 
os demais dedos, são mantidos esticados contra as fontes correspondentes 
e postos a girar em movimentos leves. Pode-se assim dar a entender: "Em 
você bem que deve haver alguns parafusos soltos na cabeça." * 
1 1 
VI. 
O parentesco dos dedos indicador e médio com todos os processos da 
percepção e com as forças da imaginação e do pensamento tem seu signifi-
cado pedagógico e terapêutico. Através de indicações de Rudolf Steiner e 
da elaboração das mesmas na assim chamada "eurritmia curativa"**, 
* Gesto que, no Brasil, é executado com apenas um dos indicadores. (N.R.) 
* * V.M. Kirchner-Bockholt, Grundelemente der Heileurythmie, Dörnach (Suíça), Phil.- An-
throposophischer Verlag, 1962. 
27 
demonstrou-se ao longo dos anos como, por exemplo, exercícios bem espe-
cíficos com os dois dedos mencionados — especialmente, porém, com o dedo 
indicador — podem exercer uma influência extraordinariamente benéfica 
sobre algumas formas de estrabismo e, em particular, sobre a miopia. Isto 
tem significado em nosso contexto à medida que, a partir daí, torna-se claro 
que exatamente o "dedo do pensamento", o "dedo da percepção", pode 
influir curativamente, através de exercícios adequados, em um órgão dos 
sentidos como os olhos. A influência sobre a miopia por meio de determina-
dos exercícios do segundo dedo também parece ser, por uma outra razão, 
extraordinariamente digna de nota. O dedo indicador sempre pretende apon-
tar para o derredor. Aponta justamente, de acordo com toda a sua essência, 
para o mundo ao redor, para tudo o que se passa fora. O míope, porém, tem 
exatamente a tendência oposta; ele gosta de fechar-se em si mesmo. O mun-
do exterior o interessa tão pouco que ele nem sequer lhe dirige os olhos di-
retamente. Entretanto, torna-se assim inteiramente compreensível por que 
o míope deve ser tratado de maneira como se o retirássemos de sua própria 
concha, onde ele quer continuamente esconder-se. Isso pode ser feito de 
modo muito adequado por meio dos exercícios com o dedo indicador, o 
qual, além disso e consoante sua natureza, quer sempre revolutear. 
Em oposição a esses "pensadores" e "videntes" entre os dedos está 
o polegar. Nele se revela o elemento volitivo e, ligado a este, também o me-
tabolismo do homem. O punho cerrado, do qual se falou anteriormente, 
tem o polegar como sua força condutora. Na criança bem pequena, os pro-
cessos da formação e do metabolismo desempenham o mais importante dos 
papéis. Rudolf Steiner, certa vez, descreveu expressivamente como o lac-
tente vive a partir de sua natureza volitiva e como também pode ser enten-
dido a partir dela. Isso se expressa de maneira encantadora quando a crian-
ça, com inteira dedicação, suga o leite ao mesmo tempo que cerra seus pe-
queninos punhos com firmeza. Muitas, já deitadas a dormir, mantêm ainda 
a mesma atitude. Quando, porém, o lactente acorda com fome e chora, notar-
se-á com freqüência como no ritmo do choro a mão se abre e novamente 
se fecha em punho. Numa ação recíproca, os quatro dedos envolvem o po-
legar por fora (como na "atitude interiorizada") e depois o polegar volta 
a colocar-se sobre os quatro dedos (como na "atitude de ira"). 
A relação deste dedo com as manifestações do metabolismo pode ain-
da ser verificada no fato de que, já na mais tenra idade do recém-nascido, 
é exatamente o polegar que será sugado. Bem no início pode-se notar que 
primeiro, talvez, todos os dedos juntos sejam introduzidos na boca, mas is-
to se modifica relativamente depressa e a seguir só o polegar servirá para 
chupar. A criança o faz quando está com fome; mas também após ser ali-
mentada introduz o dedão rapidamente entre os lábios. Os prazeres que fo-
ram sentidos em todo o organismo ao mamar o leite não querem ser aban-
donados. Neste ponto interessa-nos sobretudo que precisamente o polegar 
foi o escolhido dentre todos os demais dedos. Este pertence à atividade me-
28 
tabólica e por isso o bebê quer simplesmente continuar a sugar dele tudo 
aquilo que de outro modo lhe oferece o seio materno — ou também a ma-
madeira. A chupeta representa apenas o substituto inferior para ambos! 
Considere-se, porém, que em geral sempre se fala só do "chupador do de-
dão", mas jamais do chupador do dedo indicador! 
Um movimento relacionado sobretudo com o polegar merece ser ain-
da especialmente mencionado. Quem se senta quieto, se enfada, ou por qual-
quer razão não adormece, tenta, sem normalmente tomar consciência dis-
so, trazer atividade à sua imobilidade corporal e anímica. Desejaria avivar 
a vontade arrasada. O que faz o homem, freqüentemente, nesta condição? 
Começa a girar os polegaresum em torno do outro — não o faz com ne-
nhum outro dedo senão precisamente com aquele que se encontra mais pró-
ximo do organismo da vontade. No assim chamado girar dos polegares, por-
tanto, reside de fato um significativo tratamento do tédio. Aqui cabe tam-
bém fazer correr entre os dedos um colar enfiado com pérolas de madeira. 
Sobretudo as pessoas do Oriente gostam de ocupar-se com este jogo quan-
do, por exemplo, estão sozinhas e desejam manter-se despertas. O movi-
mento é efetuado quase que exclusivamente pelo polegar, que empurra as 
pequenas esferas com rapidez digna de nota. 
VII. 
Entre ambos os pólos do ser humano — o homem neuro-sensorial e 
aquele ligado ao metabolismo — vive o homem rítmico. Este forma a base 
do mundo do sentimento. Na mão, a participação desta região espelha-se 
sobretudo nos dedos anular e mínimo. O dedo anular carrega, como símbo-
lo do amor conjugal no mais belo sentido, a aliança de ouro. Também as 
freiras pertencentes à maioria das ordens levam seu anel de ouro no mesmo 
dedo que a esposa. Elas prometeram-se ao noivo divino. Esse é um antigo 
símbolo para o amor mais elevado a que um homem pode entregar-se. 
A maneira pela qual o sentimento vibra em ambos os dedos e neles en-
contra sua expressão é, por vezes, bastante visível em regentes de orques-
tras. Em trechos muito delicados, e também naqueles especialmente carre-
gados de afetividade, o maestro solicita de seus músicos, com os dedos anular 
e mínimo, a íntima expressão do sentimento. O movimento resulta natural 
e inconsciente para o músico. 
É na abordagem mais particular de ambos estes dedos que se torna pos-
sível expor mais de perto, por meio de detalhes e ilustrações adequadas, 
29 
a relação do quarto e do quinto dedos com o sentimento. Neste ponto, 
atente-se apenas para o fato de que esses dois dedos, mas principalmente 
o anular, por sua estreita relação com os sentimentos e a índole da alma 
humana, estão mais direcionados para o interior, desejando como que 
recolher-se do mundo. Graças a tal particularidade desses dois dedos torna-se 
compreensível que determinados exercícios com os mesmos possam servir 
para reconduzir a si mesmo o homem que se vem perdendo na exterioriza-
ção. Uma criança que tenda para o presbitismo* trai-se por sempre desejar 
dispersar-se. Seus olhos estão como que desinteressados da proximidade. 
Os exercícios que, na eurritmia curativa, são empreendidos contra o pres-
bitismo de tais crianças relacionam-se sobretudo com este quarto dedo, que 
tem parentesco com a vida interiorizada do sentimento. 
Há que mencionar ainda o quanto a idéia da trimembração se realiza 
corporalmente até nos menores detalhes. Como exemplo oportuno pode-
se citar a configuração da unha. Neste caso tem-se em mira principalmente 
a forma, sem entrar demasiadamente em particularidades anatômicas. Pode-
se distinguir nitidamente, na unha, três partes. A parte anterior é esbranqui-
çada, sem relação muito viva com a parte restante. Na realidade, constitui 
a porção morta da unha que é repelida e também cortada de forma total-
mente indolor. Até aqui pode ser relacionada com o organismo neuro-
sensorial, uma vez que relativamente ao sistema nervoso se expôs estar ele 
justamente em oposição à vitalidade. Nas vizinhanças da substância nervo-
sa forma-se com freqüência a matéria endurecida. Lembremo-nos do cére-
bro e da cobertura craniana que o envolve. A esta parte da unha segue aque-
la rósea, que é mais extensamente desenvolvida e que está alojada na de-
pressão ungular da pele. A cor avermelhada está relacionada com os vasos 
sangüíneos que transparecem. Para quem olha, esta área é a unha propria-
mente dita. Ela é um espelho para a quantidade de hemoglobina contida 
no sangue e é muito sensível devido à estreita ligação com a pele que lhe 
subjaz. Esta parte da unha pode ser associada, sem mais, ao homem do meio. 
Esta parte também é, em conseqüência, a mais longa, pois que reconhecida-
mente a mão como um todo está extremamente próxima ao sistema rítmico. 
Por fim encontramos ainda a assim chamada raiz da unha. Esta se apre-
senta mais visível no polegar, com o formato de um arco em meia-lua e de 
cor mais clara. Anatomicamente, este local — devido à sua configuração 
— é denominado lúnula, isto é, pequena lua. É a partir daqui que a unha 
nasce e é nutrida. Quando esta região é ferida, cessa o crescimento da unha. 
Aqui se encontra, portanto, da maneira mais clara, a região do metabolis-
mo da unha. Uma vez que o polegar possui, dentre os dedos, a mais profun-
da relação com o metabolismo, exibe também de maneira mais pronuncia-
da a assim chamada lúnula. 
* Deficiência da visão por perda da elasticidade do cristalino, impedindo ver nitidamente ob-
jetos próximos. (N.R.) 
30 
VIII. 
Até este ponto foi descrito em que medida cada um dos dedos corres-
ponde, respectivamente, ao homem trimembrado. Agora será mencionado 
um movimento dos dedos no qual todas as três emoções da alma — isto 
é, pensar, sentir, querer — serão reunidas em uma unidade harmônica no 
gesto da mão. Isto ocorre na concessão da bênção. Tal gesto pode ser en-
contrado em muitos quadros antigos. De maneira esplêndida o Anjo da Anun-
ciação abençoa Maria no quadro de Leonardo (ilustração 12). Nessa pintura 
pode-se tentar comparar a mão do anjo com seu nobre semblante. A fronte 
inclinada para a frente, com sua curvatura arredondada, corresponde intei-
31 
ramente à posição dos dedos indicador e médio. Assim como aquela está 
repleta da força do pensamento divino, pela qual nasceu a imagem do ho-
mem, assim também ambos estes dedos conduzem, como em uma corrente 
sagrada, a forma divina vinda do céu à Mãe de Deus. O amor que se entrega 
a partir do interior pode ser reconhecido na delicada formação do nariz e 
da face, que constitui a parte do meio do rosto. Este sentir envolvente 
expressa-se com clareza na posição dos dedos anular e mínimo. O anjo foi 
enviado por Deus-Pai, de cuja vontade tudo derivou. Mas esta vontade, que 
aqui é pouco visível de imediato, está reprimida na parte do semblante rela-
tiva à vontade, uma vez que a boca e o queixo recuam um pouco. E assim 
está também o polegar escondido pela mão; mas pressente-se que ele deva 
estar levemente inclinado para o lado, descrevendo um suave arco e prote-
gendo a descida divina (ilustração 13)-
Em completa harmonia, enquanto todos os três dedos permanecem re-
conhecíveis, está a mão do Menino Jesus abençoando o pequeno João na 
"Madona na Gruta" (ilustração 9). O dedo indicador e o médio estão levan-
tados de maneira equilibrada, sendo orlados pelos dedos anular e mínimo 
afetuosamente inclinados e limitados do outro lado pelo firme polegar. Es-
ta trindade dos dedos também é mantida em uma harmônica relação com 
o espaço (ilustração 14). 
De modo exemplar o gesto abençoante foi esculpido em nossa época 
por Rudolf Steiner em sua estátua de madeira. Também nessa figura, que 
32 
foi designada com muito gosto por seu criador como o "Representante da 
Humanidade", pode-se perceber de maneira especialmente bela de que mo-
do, no gesto de abençoar, os cinco dedos em ambas as mãos estão harmoni-
camente associadas à trindade. Abençoar um homem significa, no fundo, 
desejar proporcionar-lhe forças para que aquilo que vive em sua alma co-
mo pensar, sentir e querer se eleve para uma unidade superior. Existe ainda 
uma posição algo modificada da mão, ao abençoar, que pode ser encontra-
da nas igrejas orientais. O segundo e o terceiro dedos mantêm sua direção, 
mas o polegar toca a ponta do dedo anular de tal maneira que ambos, por 
vezes, formam um anel fechado. Isto tem a ver, presumivelmente, com o 
fato de nessas igrejas o elemento do consciente no querer ser menos acen-
tuado que o estreito contato do querer (assinalado pelo polegar) com o sen-
tir (simbolizado pelo quarto dedo). Encontra-se esse gesto em quase todos 
os ícones, mais antigos ou mais recentes, onde tenha sido pintada uma figu-
ra abençoando (ilustração 15). 
Tentamosaqui, portanto, primeiramente descobrir na mão uma duali-
dade; isto acontece assim que reconhecemos como as mãos, por sua liga-
ção com os braços, estão integradas diretamente ao organismo rítmico. Pois 
33 
o homem do meio está orientado para dois lados: para o pólo do movimen-
to respiratório e para o pólo do movimento sangüíneo. Dando-se um passo 
à frente, as mãos poderão ser contempladas em relação total com a figura 
humana e as três correspondentes atividades da alma. Com isso dedos e mãos, 
numa clara trimembração, integram-se também a todo o homem trimem-
brado. 
IX. 
O ser humano pode, todavia, ser considerado de um ponto ainda mais 
elevado: voltemo-nos para a espiritualidade que lhe é inerente, para o seu 
34 
eu individual; então se reúne em uma unidade o que antes se desmembrava. 
Pode-se agora lançar a pergunta: isso também é reconhecível na mão? Se 
o for, como e onde isso se expressa de maneira visível? Não se pode res-
ponder a esta pergunta sem antes apontar para fatos significativos. 
Há quadros expressivos nos quais, de certa maneira, a unidade do ser 
humano fica demonstrada, tais como aqueles em que é representada a res-
surreição do Salvador. Podem servir de exemplo a "Disputa" de Rafael ou 
a "Ressurreição" de Grünewald. Porém, antes de se tratar dos movimentos 
dos braços e das mãos neles exibidos, dever-se-ia lembrar as mãos na Cruci-
ficação (ilustração 16). Elas foram despojadas de sua mobilidade. Como? Pe-
los cruéis cravos que transformam as mãos em prisioneiras da força da gravi-
dade. Que a gravidade conseguiu poder sobre o corpo, na morte, é também 
um fato muito digno de nota. A cabeça do Crucificado, neste quadro, sucum-
be igualmente à força da terra; desceu abaixo da altura da viga transversal 
e puxa para baixo os braços e as mãos que, todavia, estão presos. Em vida 
a cabeça é precisamente aquele poder que dirige o corpo para o alto, que 
o impele para cima por força de seu espírito, o qual vive no eu; só assim 
o homem consegue a posição ereta que, na verdade, falta ao animal. É por-
tanto à cabeça erguida que seguem os braços e mãos. No quadro, as mãos 
deveriam seguir a cabeça pendente; elas estão, no entanto, vigorosamente 
presas. É da maior importância o local onde os cravos perfuram as mãos. 
Os ferros foram cravados no meio da palma da mão. Pode-se examinar com 
mais precisão este ponto, até mesmo em si próprio: o local mais sensível 
encontra-se no lado de dentro da palma da mão. Aí, na maioria das vezes, 
35 
a pele costuma exibir dois vincos transversais, um superior e um inferior; 
além disso, freqüentemente uma linha principal dirige-se do lado do dedo 
mínimo, de baixo para cima, em direção ao dedo médio. Essa linha cruza, 
na maioria das vezes, a linha transversal inferior que se estende da esquerda 
para a direita ou da direita para a esquerda. No ponto de cruzamento 
encontra-se o acima considerado ponto central da palma da mão, com o 
respectivo lugar mais sensível. Enquanto considerarmos os membros supe-
riores poderemos, a partir deste ponto, tornar-nos conscientes de toda a 
nossa personalidade. Se quisermos, por exemplo, encontrar-nos com um 
outro homem e então falar ao seu eu, ou se sentimos o desejo de fazê-lo, 
estender-lhe-emos a mão para saudá-lo. Com um "cordial" * aperto de 
mãos, os pontos mencionados da parte interna das mãos de ambas as pes-
soas que se encontram colocar-se-ão bem próximos um ao outro. Isto tem 
um sentido profundo, uma vez que o lugar descrito da mão pode ser consi-
derado um dos importantes pontos do eu do homem. Cegos, quando per-
guntados, relatam que seu principal órgão de percepção, além das pontas 
dos dedos, é acima de tudo a parte mais interna de ambas as superfícies das 
mãos. Com essa parte de suas mãos eles sentem, por exemplo, até mesmo 
se um local ao qual chegaram deve ser considerado belo por eles. Cristo, 
que em relação à evolução da Terra é aquele ser ao qual, por primeiro, foi 
permitido permear inteiramente o corpo com o espírito humano, deve ex-
perimentar dolorosamente esse encravamento no corpo. Contudo, reside 
também em sua missão padecer a enorme dor que sobrevêm quando o ser 
espiritual é violentamente arrancado do físico. Os algozes, seus inimigos, 
feriram-no com prazer no ponto em que a vivência da dor é mais forte, isto 
é, no meio da palma da mão. O resultado é de tal maneira aniquilador 
que a própria cabeça pende para baixo, tal como Grünewald o repre-
sentou. 
Os antigos pintores devem ter conhecido com exatidão esse segredo 
das mãos e seu ponto central. Do contrário seria muito pouco provável que, 
por exemplo, Giovanni Bellini tivesse sabido pintar de tal modo a mão aben-
çoante do Ressurreto com a chaga, conforme o fez no quadro situado no 
Louvre (ilustração 17). O ferimento encontra-se exatamente no local acima 
descrito. Até mesmo as linhas são nitidamente visíveis. 
Os cravos foram removidos e o espírito agrilhoado às mãos pôde 
libertar-se. Como alguém que, ameaçado de submergir na água, com um mo-
vimento vigoroso dos braços nas vagas retira seu corpo das profundezas ao 
levantar a cabeça, assim aparece agora o Ressurreto em ascensão. Talvez 
isso possa ser vivenciado de maneira mais impressionante no outro quadro 
de Grünewald (ilustração 18). Igualmente, como que para comparar, dever-
se-ia sempre ter em mente também a Crucificação: a cabeça pende e puxa 
* Note-se aqui a referência ao coração (lat. cor, cordis). (N.R.) 
36 
18 
37 
os braços para si (Crucificação); os braços estão livres, mergulham na at-
mosfera celestial onde brilham as estrelas e fazem a cabeça resplandecer na 
radiante aura solar (Ressurreição). Como em triunfo, fulguram as chagas das 
mãos em um vermelho ardente. 
De outro modo, mas em essência com a mesma sabedoria a respeito 
de como Cristo se desprende do escuro domínio da Terra, também Rafael 
pintou o Ressurreto na "Disputa" e na "Transfiguração", oferecendo as mãos 
estendidas com as chagas à contemplação. 
Com isto foi apresentada a terceira possibilidade com a qual talvez se 
possa descrever, em sentido mais amplo, aquilo que se mostra nas mãos do 
ser humano. Havia sido indicado, por último, o ponto de vista espiritual; 
anteriormente, aquele mais relacionado ao anímico, que se faz valer mais 
fortemente quando se recorre à trimembração do corpo e da alma, enquan-
to que no início foi possível tratar da polaridade na mão por sua vinculação 
ao homem do meio. 
38 
FISIOGNOMONIA ESPECIAL DAS MÃOS 
E DOS DEDOS 
Os fundamentos de uma fisiognomonia das mãos e dos dedos, apresen-
tados no primeiro capítulo, devem agora servir para passar do ponto de vista 
geral para o mais específico. As particularidades apresentar-se-ão melhor 
quando cada dedo, bem como a mão, forem examinados de per si mais exa-
tamente. 
VIII. 
O POLEGAR 
O que mais salta aos olhos, ao se observar o polegar pelo lado das cos-
tas da mão, é o fato de ele realmente se destacar da série dos demais dedos. 
A diferença essencial consiste em não estar articulado em três estágios, con-
forme os outros quatro, porém visivelmente em apenas dois. Tem-se a im-
pressão de que sua falangeta, na qual se encontra a unha, não corresponde 
às falangetas dos demais dedos. Em geral alcança apenas o limite superior 
da primeira falange do dedo indicador, apresentando aproximadamente o 
mesmo comprimento (ilustração 19). O segundo segmento, isto é, a primei-
ra falange do polegar, do contrário, encontra-se lateralmente à altura do osso 
do dedo indicador no metacarpo. Deve-se notar ainda que os ossos do me-
tacarpo a partir do dedo indicador mantêm-se quase invisíveis (na palma 
da mão não se percebe nenhum sinal deles), enquanto o osso do polegar 
no metacarpo sempre desempenha uma importante colaboração com a pri-
meira falange. Os movimentos de ambos são fáceis de acompanhar. 
A despeito de situar-se muito mais abaixo, a falangeta do polegar per-
tence, sem dúvida, à série terminal dos segmentos da "mão dos dedos". 
Isso resulta do fato deque ela, do mesmo modo como as outras falangetas, 
desenvolve uma unha e possui relações semelhantes com o sistema neuro-
sensorial, apesar de o sentido do tato ser menos desenvolvido no polegar. 
Ela tem, como as outras falangetas, uma verdadeira "cabecinha", mas no 
entanto diferencia-se essencialmente daquelas. Possui constituição mais larga 
e grosseira, sendo menos delicada na forma. Sua unha é mais larga e mais 
longa. Pode-se constatar como o polegar, na posição horizontal das mãos, 
situa-se inclinado para baixo, ao mesmo tempo que todas as outras unhas 
se voltam para cima. Na assim chamada raiz da unha, a unha do polegar 
exibe uma superfície em forma de meia-lua (a assim chamada "lúnula") muito 
mais nítida que os demais dedos. É o local a partir do qual a unha nasce, 
conforme foi mencionado. Não admira que a região relacionada com o cres-
cimento seja tão evidenciada exatamente no polegar; pois ele tem, confor-
me já foi mostrado, pronunciada relação com o metabolismo. A unha do 
polegar, dentre todas as outras unhas da mão, é a mais fortemente desen-
volvida. A participação sensorial do polegar está reduzida a um mínimo; 
nele tudo se dispõe mais para o exercício da força. Ele está mais sujeito à 
vontade, que é ávida por apreender coisas sólidas, terrestres. Os quatro ou-
tros dedos estão como que dispostos um pouco acima dele, são mais aristo-
cratas; ele mesmo, porém, foi inserido mais profundamente no corpo da 
41 
mão. Por seu estreito parentesco com o sangue e com o metabolismo, falta-
lhe um pouco da influência libertadora da respiração. Ele foi criado mais 
para o trabalho terreno. Examine-se, a título de ilustração, a mão esquerda 
do violinista. Todos os dedos, com exceção do polegar, ao tocar livremen-
te são capazes de determinar o tom nas cordas, enquanto a esse compete 
apenas apoiar o instrumento. Isto, naturalmente, não constitui um juízo de-
preciativo; serve apenas para tornar clara sua diferença em relação aos de-
mais dedos. Mas tampouco na mão direita, ao tocar o violino, o polegar 
é determinante para gerar o tom; ele desempenha apenas o papel de assis-
tente necessário, sem o qual o arco simplesmente se desprenderia. 
O caráter articular do polegar expressa-se de maneira muito especial 
em sua extraordinária mobilidade, que quase não se deixa comparar com 
nenhuma das outras articulações — quando muito, com a articulação da mão 
toda. A estreita relação do polegar com o sistema metabólico-motor, entre-
Esqueleto da mão direita 
(lado de dentro) 
tanto, denuncia-se não apenas na grande mobilidade de suas articulações 
e na formação muscular extraordinariamente forte e complexa, mas pela 
total falta de uma parte, que nos demais dedos é essencial, a saber: a do 
meio, como é claramente visível na anatomia dos ossos da mão (ilustração 
19). Um modo goethiano de observar poderia talvez conduzir-nos a consta-
tar o seguinte: a mesma força que, nos quatro dedos, levou à formação da 
42 
falange do meio, foi poupada no polegar, a fim de poder agregá-lo muito 
mais à parte do organismo relacionada com o âmbito metabólico e com a 
vontade ali consolidada. 
Do acima exposto se conclui, como que naturalmente, que deve existir 
uma certa diferença no desenvolvimento do polegar em homens e mulhe-
res. A natureza do corpo masculino contém algo muito mais sólido e terre-
no que o corpo da mulher, o qual pode subtrair-se com maior facilidade 
às influências do pesado e do terreno. Correspondentemente a isso, o es-
queleto feminino se desenvolve de maneira muito mais delicada que o mas-
culino. Isto se mostra igualmente no polegar, cuja falange final apresenta-
se mais estreita em mulheres e, na maioria das vezes, exibe também uma 
unha mais arredondada. O mesmo vale ainda para a respectiva musculatura 
(ilustrações 20, 21 — feminina; 22, 23 — masculina). De maneira bem ge-
neralizada pode-se dizer que a forma do polegar possibilita alguma conclu-
são sobre a conformação da vontade de uma pessoa. Para prevenir mal-en-
tendidos, e mesmo possíveis ofensas que porventura apareçam, nunca é de-
mais insistir, em considerações fisiognomônicas de cada tipo, que em julga-
mentos como, por exemplo, vontade com disposição fraca ou forte, trata-
se apenas da predisposição de uma só pessoa. Jamais, porém, pode-se ver 
até que ponto alguém se beneficiou de uma aptidão existente ou combateu 
e superou uma fraqueza constatada. O talento ou a falta de talento com que 
43 
nasce uma criança já se mostra freqüentemente nos primeiros anos, deman-
dando uma adequada intervenção pedagógica. Todavia, até que ponto esta 
foi bem sucedida dificilmente se faz reconhecer na forma. O polegar que 
se apresenta muito curto (ilustração 24) indica talvez existir uma fraqueza 
na região do metabolismo, ou uma inibição na vida volitiva. O polegar 
apresenta-se muito curto quando, colocado ao lado do dedo indicador, não 
ultrapassa pelos menos a metade da falange básica do segundo dedo. So-
mente isso, naturalmente, não será decisivo. Depende ainda, e acima de tu-
do, da impressão geral que o dedo proporcione. O olhar prático, quando 
se possui alguma compreensão artística, poderá logo avaliá-lo. 
O polegar longo, que ao mesmo tempo se estende também na largura, 
indica a possibilidade de um forte organismo volitivo. Em qualquer caso 
deve-se considerar que nas costas da mão a conformação dos ossos aparece 
mais acentuadamente. Em geral este lado das costas é muito mais rústico 
e rijo; irradiando em direção à periferia termina, por fim, nas unhas bastan-
te duras. Existe uma diferença essencial entre as costas e a palma da mão. 
Nesta não somente se destaca a maciez, mas também a configuração almo-
fadada da musculatura que está dirigida para o centro da mão e mal permite 
ver algo da forma do osso. No polegar, quase sempre a polpa protuberante 
se encontra em primeiro plano, mais que o próprio dedo — isto é, visto 
44 
do lado da palma —, denunciando quanta força repousa oculta numa só mão. 
A diferença que existe entre as costas da mão e sua palma expressa-se 
claramente, do ponto de vista anímico, por dois gestos específicos. Quan-
do alguém, inteiramente a partir do intelecto, mas com muita ênfase, cha-
ma a atenção para algo que lhe parece ser claramente compreensível, colo-
ca as costas da mão sobre a mesa à frente e acrescenta, por exemplo, a ob-
servação: "Mas isto é tão óbvio, meus senhores", e toca repetidas vezes no 
tampo da mesa, como que para prová-lo. Às vezes também se diz: "Isso está 
na palma da mão!" 
Entretanto, se entre os ouvintes surgir uma agitação de contrariedade 
e o orador se tornar cada vez mais excitado, ele tentará então reprimir os 
demais pela vontade, batendo com o lado interno, isto é, com a palma de 
sua mão sobre a mesa, e talvez grite: "Simplesmente não posso mais admi-
tir isso!" 
No primeiro caso ele se apoiou na sensação que lhe podem transmitir 
as costas da mão, mais rudes, mais voltadas para o endurecimento e para a 
intelectualidade, enquanto que no segundo caso manifestou sua vontade com 
a palma da mão, mais intensamente irrigada de sangue e fortalecida por 
músculos. 
24 
O contraste entre o polegar e o dedo indicador manifesta-se pelo se-
guinte movimento: quase sempre usaremos o dedo indicador quando dese-
45 
jarmos chamar a atenção para algo à nossa frente. Nesse caso o ato de apon-
tar acontece, por assim dizer, em associação com os olhos. Entretanto, de-
vendo ser mostrado algo atrás de mim, isso ocorre então sem que o olhar 
o acompanhe, na maioria das vezes com o polegar. Queixo-me, por exem-
plo, no teatro, a respeito do homem que está sentado atrás de mim: "O ho-
mem está fumando aqui!" E estendo o polegar para trás, sem me voltar. Sem-
pre o polegar estará, pois, mais relacionado com um impulso da vontade. 
É necessário um grau mais elevado de esforço para chamar a atenção sobre 
algo que não posso ver com os olhos, mas que ainda posso perceber. Neste 
caso, por conseguinte, o polegar será acionado. Quando alguém quiser"pe-
gar uma carona" na estrada, utilizará para isso o sinal de parada tornado 
quase internacional: o polegar. Tentará, com sua vontade claramente mani-
festa, influenciar o motorista para que se detenha. 
Em pessoas idosas e mais velhas nota-se, de vez em quando, que seu 
polegar parece ter uma curvatura mais côncava que na juventude (ilustra-
ções 25, 26). 
A articulação da base, que forma a ligação entre a falange básica e o osso 
subseqüente do metacarpo, torna-se mais nitidamente visível. Nesta con-
formação do primeiro dedo anuncia-se por vezes um enfraquecimento do 
metabolismo e um início de enrijecimento. Isto pode manifestar-se acen-
tuadamente em alterações reumáticas, sobretudo na velhice. Neste sintoma 
46 
se expressa a maneira pela qual retrocedem os processos construtivos do 
metabolismo. Freqüentemente isto pode valer como indício de uma tendên-
cia geral ao endurecimento. Tem-se então a impressão de que nessas cir-
cunstâncias o polegar recua ainda mais da comunidade dos demais dedos. 
Todavia, essa forma de velhice poderia também ser entendida como resul-
tado de determinados movimentos. Algumas pessoas adotam, já na juven-
tude, o hábito de em certas ocasiões estender o polegar para longe de si, 
sem que ainda tenha surgido qualquer alteração nas articulações. As pes-
soas quase sempre fazem isso quando, em suas atividades volitivas, separam-
se o mais possível das demais emoções anímicas. Neste caso, porém, preva-
lece algo enrijecedor, espasmódico; prevalece também uma certa obstina-
ção, conforme se verifica facilmente em pessoas que envelhecem. 
Ao que já foi mencionado acrescente-se resumidamente ainda o seguinte: 
na formação do punho, num acesso de fúria, quando o polegar se coloca 
sobre os outros dedos, torna-se imediatamente visível como uma vontade 
oprimida —combinada com a vida instintiva flamejando da região inferior 
— assume o domínio sobre o pensar e o sentir. No ato de recolher o pole-
gar sob os demais dedos — por exemplo, na reflexão meditativa — revela-
se, ao contrário, que os esforços da vontade devem ser reprimidos primei-
ramente a partir de cima, pelo pensar. Mas o afastamento, acima descrito, 
do polegar — um terceiro movimento que pertence a este contexto — é 
mais um sinal de fraqueza no âmbito da atividade metabólica: causa um en-
durecimento e uma espécie de imobilidade da vontade. 
Como fenômeno da velhice, o gesto do polegar que se afasta é, do ponto 
de vista fisiognomônico, tão digno de nota por representar exatamente o 
oposto da mão fechada em punho do recém-nascido ao tomar sua alimen-
tação e digeri-la. 
II. 
O DEDO INDICADOR 
Este dedo parece ser um franco rival do polegar, já que se encontra tão 
extraordinária e fortemente ligado à atividade dos sentidos da observação 
e do pensamento. Já se falou de um parentesco com os olhos, o que deve 
ainda ser complementado com mais um aspecto: os olhos, como órgãos sen-
soriais, têm uma influência muito grande sobre nossa observação, nossa re-
presentação e nosso pensamento imaginativo. O olhar se relaciona, sobre-
47 
tudo, com luz e cor; ambos elevam-se acima da gravidade da Terra. O dedo 
indicador dos cegos substitui os olhos através da sensação do tato. Isto se 
realiza freqüentemente de maneira bastante notável, como na leitura, com 
os dedos, da escrita em relevo, onde em verdade não apenas o dedo indica-
dor é ativo. 
No dedo indicador observa-se em especial que ele, em sua atividade, 
tem sempre preferência por apoiar-se no sentido do tato. Isso é denuncia-
do pelos mais variados movimentos: na verdade ele sempre anseia por um 
toque. Quando pensamos, conforme já mencionado, ele toca a fronte entre 
as duas sobrancelhas. Quando refletimos sobre algo, mas desejando silen-
ciar os sentimentos, ele gosta de tocar a ponta do nariz (o nariz tem relação 
com o homem do meio, o homem sensitivo!). As crianças travessas que quei-
ram expressar a aversão (outra vez sentimento, portanto) por alguém dão-
na a entender por uma mímica inequívoca: apertando com força a ponta 
do nariz, agora não mais à maneira do movimento anterior, em que empur-
ram a ponta do nariz um pouco para baixo, mas comprimirido-a para cima 
com o segundo dedo. 
E quando se trata de conter qualquer expressão da vontade, por exem-
plo ao falar, é igualmente o dedo indicador que aponta para a boca, que 
pertence à imagem do homem volitivo. Já se chamou a atenção para tal fato 
na parte geral, onde o ilustra o quadro de Fra Angélico (ilustração 11). 
A força da atividade nervosa e da sensibilidade na falangeta do dedo 
indicador quase não tem paralelo em qualquer outro dedo (apenas, até cer-
to grau, no dedo médio, do qual ainda se falará mais tarde). Por conseguin-
te também é fácil notar como a configuração do dedo indicador se torna, 
até certo grau, reflexo das possibilidades da percepção e do pensamento 
de um homem. 
O pensador bem capacitado geralmente ostenta uma unha cujo com-
primento corresponde à metade da falangeta do dedo indicador. Ela não 
deveria, portanto, ser muito curta, sendo antes mais plana no sentido lon-
gitudinal e levemente abaulada no transversal. Um recurvamento muito pro-
nunciado, insinuando a forma de garra, denuncia normalmente uma ten-
dência ao represamento a partir do peito. Uma pessoa assim está mais for-
temente exposta a seus impulsos instintivos. Inclina-se antes a segui-los do 
que a deixar-se guiar por um pensamento claro. O recurvamento acentua-
do da unha é mais freqüentemente encontrado em mulheres, as quais, já 
por sua natureza, seguem mais seus impulsos e não se deixam vencer tão 
facilmente pelo pensar abstrato. O amor pelos próprios instintos pode ser 
enfatizado exteriormente deixando-se, de bom grado, crescer a unha muito 
além da ponta do dedo, fato pelo qual a forma de garra, tal como se encon-
tra em animais, manifesta-se ainda mais fortemente (isso é válido natural-
mente para todos os dedos; entretanto, sobressai especialmente no segun-
do dedo). A ostentação de unhas excessivamente longas indica, com fre-
qüência, que se possa ter também a inclinação para enrijecer interiormente 
48 
de maneira egoísta. Consideradas orgânica e clinicamente, elas são o puro 
contraste das unhas mordidas com violência, cujo significado já foi tratado 
em pormenores. Na figura (ilustração 27) vê-se uma longa unha do polegar 
portada com orgulho. Pertence a uma menina difícil de educar, que tenta 
obstinadamente impor sua vontade muito egoísta em qualquer oportunidade. 
27 
Em uma consideração fisiognomônica talvez não seja levado tão a mal 
se entrarmos, mesmo que sucintamente, em um costume que em nossos dias 
recrudesceu extraordinariamente, a saber: o colorir e polir as unhas. Nesse 
procedimento encontra-se — inconscientemente — o anseio de recobrir e 
de "vivificar" com cores as partes do corpo que possam ser uma imagem 
do pensamento frio, talvez até mesmo duro. Tais medidas, da mesma ma-
neira como a pintura do rosto, traem na pessoa, em sua vida cotidiana (não 
nos referimos, portanto, ao palco), uma falsidade. Na educação de crianças 
dever-se-ia atentar bem para que nem mães nem professoras se entregassem 
a tais tendências da moda, pois com isso destroem o íntimo sentido de ver-
dade das crianças, a cuja formação é mister dar tanta importância! 
Pode acontecer que a unha do dedo indicador se apresente, por sua 
própria natureza, demasiado curta. Isto permite supor que alguém sofra exa-
tamente de uma insuficiência de forças formativas e do pensar. Tais pes-
soas podem ter uma tendência a engordar, e possuem freqüentemente uma 
49 
musculatura flácida. O rosto costuma ser mais arredondado e com traços pouco 
marcantes. Pelo caráter, tais pessoas são mais transigentes e inexpressivas em 
seu pensar (ilustração 28). Ao contrário, em uma unha um tanto longa demais 
e pouco arredondada denuncia-se a intenção inconsciente de alguém que de-
seja depositar sua substância de endurecimento o mais possível na periferia 
do corpo. Esta configuração é muitas vezesacompanhada de um enrijecimento 
no pensar e um endurecimento que se estende até à região do metabolismo. 
Uma intensificação doentia dessa disposição manifesta-se, por exemplo, em 
doenças reumáticas. Nas articulações dos dedos formam-se espessamentos 
deformantes, caso em que podemos observar repetidas vezes essas modifica-
ções em pessoas mais velhas, a começar pelo dedo indicador. 
28 
Além da observação anterior, de que o dedo indicador revela sua rela-
ção com o sentido do tato por buscar constantemente, em sua movimenta-
ção, o contato com o objeto exterior, lembre-se ainda aqui que certas pes-
soas, ao ler para si ou para ouvintes, adotam o hábito de continuamente 
deslizar o dedo indicador ao longo das linhas respectivas. Para apoiar os 
olhos, a pessoa quer prender-se ao texto com o dedo; sempre fará isso só 
com seu segundo dedo. 
Um outro gesto merece ser citado porque, através dele, aparece igual-
mente com clareza como o dedo indicador gosta de continuamente buscar 
50 
um contato. Quando alguém está do lado de fora, diante da porta, e quere-
mos chamá-lo para entrar e vir ao nosso encontro, executamos um movi-
mento de aceno com o dedo indicador: o outro deve chegar ao nosso al-
cance. Mesmo que não queiramos exatamente tocá-lo, o homem será de fa-
to trazido para mais perto e, na verdade, por meio de um sinal que sempre 
será feito apenas com o dedo indicador. Quanto a este, é significativo que, 
em geral, as três falanges de que consiste sejam harmonicamente constituí-
das e tenham aproximadamente o mesmo comprimento. Toda diferença mar-
cante de tamanho indica, sem dúvida, uma determinada desarmonia no por-
tador desse dedo. Pode ocorrer que não só a unha, mas toda a falangeta 
seja algo encurtada. Isto pode ser a expressão de diversas deficiências: uma 
fraqueza congênita geral dos olhos, uma miopia, uma certa falta de jeito 
oriundas de um deficiente sentido do tato, de dificuldades anímicas na vida 
do pensamento e da representação (ilustração 28). 
Sendo o dedo indicador o primeiro dos dedos triarticulados levado à 
discussão, deve-se atentar para o significado fisiognomônico de possuirmos 
quatro dedos, cada qual consistindo de três falanges. Sob exame cuidadoso 
descobre-se, na verdade, que nestas partes da mão mais uma vez se anuncia 
um reflexo da trimembração, tão importante para o homem corpóreo e aní-
mico. O polegar, por isso, exclui-se desta ordem; pois ele, conforme foi pre-
cisamente explicado, está tão fortemente vinculado à atividade metabóli-
ca que, para a formação de um membro intermediário de ligação, não res-
tou mais nenhuma força formativa. Sua fração do meio deslocou-se parcial-
mente para cima, para a falangeta, levando mais calor à atividade nervosa 
ali existente, enquanto que para baixo, na falange básica, mergulhou muito 
da mobilidade dos acontecimentos rítmicos. Todavia, como elemento do 
meio conservou-se do polegar apenas o fato de que, como parte da mão, 
em última análise ele ainda permanece ligado ao homem rítmico. Entretan-
to, essa ligação por si só não foi, de qualquer modo, suficientemente forte 
para que uma mesofalange pudesse formar-se, como aconteceu nos demais 
dedos. 
Não obstante, no dedo indicador, onde o pólo sensorial está tão forte-
mente representado, continua subsistindo na maioria das vezes uma trimem-
bração harmoniosa. Basta ver a ilustração 29, na qual as três partes do dedo 
têm aproximadamente o mesmo comprimento. Isto indica um desenvolvi-
mento uniforme dos três membros corpóreos e anímicos *. Note-se que a 
primeira falange apresenta configuração vigorosa. Isto permite concluir que 
* O Autor se refere aos três sistemas corpóreos (neuro-sensorial, rítmico-circulatório e 
metabólico-motor) e às três correspondentes atividades anímicas (pensar, sentir e querer). (N.R.) 
51 
um forte elemento da vontade também se projeta para dentro do pensamento 
dessa pessoa, ou seja, que ela é capaz de executar aquilo a que se propõe. 
29 
A ponta do dedo bem arredondada ressalta tanto uma boa capacidade de 
observação quanto uma boa capacidade pensante da pessoa. Também a fa-
lange do meio está aqui bem desenvolvida, denunciando uma disposição 
harmoniosa da índole para com ambas as outras atividades da vida anímica. 
Em contraposição a isso mostra-se totalmente diversa a configuração 
do dedo indicador com uma falangeta muito curta e a unha pequena (ilus-
tração 28). As três falanges têm comprimentos desiguais e são mal modela-
das. Na reduzida falange da unha fica visível a difícil disposição para pen-
sar, assim como certa rusticidade da vontade na falange básica mal forma-
da. O sentir só se inclui com dificuldade. 
Estes dois exemplos servem para conscientizar-nos de como apenas neste 
dedo indicador já se manifesta a essência do homem todo: o pensar, o sen-
tir e o querer. Isso é possível porque justamente este dedo possui, em medi-
da especial e em cada membro, o representante de cada um dos três proces-
sos do corpo ou da alma. Para os dedos individuais isso naturalmente torna 
a modificar-se em correspondência com as respectivas relações, mais fortes 
ou mais fracas, com os três sistemas orgânicos, semelhantemente às varia-
ções de um tema musical. Em um primeiro momento isso talvez possa parecer 
52 
confuso, mas logo mais poderá proporcionar felicidade por sua multiplici-
dade. Nenhum esquematismo precisa dirigir-nos — apenas um pensamento 
espiritual condutor. 
O "dedo do pensar", como também designamos o dedo indicador, ensina-nos 
de maneira tão clara que, com efeito, em todas as suas atividades a percepção 
nervosa do tato e a atividade pensante encontram-se em primeiro plano — 
mas estes processos são também sempre acompanhados daquilo que, ao lado 
da falangeta, ainda têm a acrescentar as falanges do meio e da base. Lembremo-nos 
de que cada nervo não pode subsistir por si, tendo, ao contrário, de ser abas-
tecido com sangue e alimento. Em última análise isso corresponde, ainda que 
apenas em uma consideração fisiognomônica, àquilo que Rudolf Steiner en-
sinou em sua A filosofia da liberdade*: que, afinal, cada pensamento está 
impregnado de uma medida de vontade, sendo acompanhado por um sentimento. 
Com isto chegamos a uma bem definida concepção ternária dos quatro 
dedos: em cima temos a "cabecinha" recoberta pela unha, a falange supe-
rior; a esta segue-se a de ligação, a do meio. Embaixo vive, por fim, a por-
ção mais volumosa, na falange básica. Observada pelo lado interno da mão, 
esta bem poderia ser qualificada também como "barriguinha" do dedo. Aí 
sobressaem, mais acentuadamente, os músculos da flexão (também anato-
micamente se fala de "ventre do músculo"). Em mãos particularmente atlé-
ticas isto se manifesta claramente. Uma mão de pianista também permite 
observá-lo bem (ilustração 30). 
Resumindo, deve portanto ser dito, a respeito do dedo indicador, que 
o desenvolvimento harmonioso da alma em uma pessoa consegue deixar 
também nele sua impressão. Esta expressa-se por uma conformação bem pro-
porcionada de todas as três partes do dedo. Cada desvio mais acentuado 
no tamanho, a favor da falange superior, da média ou da inferior pode ser 
atribuído correspondentemente às indicações anteriormente mencionadas. 
III. 
O DEDO MÉDIO 
Este dedo ultrapassa em tamanho todos os outros e também parece, por 
isso, ser o mais importante de todos: estando situado no meio, poder-se-ia 
* Ed. brasileira em trad. de Marcelo da Veiga (3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2000) . (N.E.) 
53 
igualmente achar que ele dirigisse os restantes. Toda a extremidade supe-
rior do corpo humano, começando do ombro, passando pelo braço e pelo 
antebraço, termina, no sentido externo, com toda a naturalidade na ponta 
do dedo médio. No dedo médio temos a irradiação do homem do meio es-
tendendo-se ao mais amplo alcance para fora. 
3 0 
O respectivo osso do metacarpo passa exatamente pelo meio da mão, 
e o centro da palma da mão, anteriormente mencionado, encontra-se mais 
ou menos no meio do terceiroosso do metacarpo. Lembrando-nos de que 
os braços e mãos pertencem ao homem rítmico, assim o dedo médio é co-
mo que o mais mediano do meio. Dentre os dedos ele se torna o portador 
do apoio, o eixo em torno do qual tudo gira. A conclusão seguinte mostra 
ainda o quanto ele está vinculado ao meio: quando expúnhamos a triarticu-
lação dos quatro dedos, pudemos constatar como a falange superior tem 
sempre mais a ver com o sistema neuro-sensorial e a inferior apresenta um 
íntimo parentesco com o sistema metabólico. Ao contrário, na falange do 
meio sempre interfere o homem da respiração e da circulação. Do exame 
do dedo médio resulta não apenas que ele é o maior, mas também que este 
fato está ligado à respectiva falange mediana, por ser esta a mais longa — 
mais longa até que qualquer outra parte dos dedos. Isto é muito digno de 
54 
nota, e deve ser expresso com muita clareza. Assim fica patente que preci-
samente esta parte do dedo médio é a mais bem formada, e que também 
aí está, novamente, como um representante da região do meio. É assim, tão 
precisa e sabiamente, que a Natureza trabalha em nós. Isto se revela quando 
se tenta penetrar com maior precisão em suas formas. 
Com relação ao comprimento dos dedos, talvez se deva acrescentar ain-
da que estes, fisiognomonicamente, isto é, tomados segundo a observação, 
só abrangem a extensão em que são livremente móveis e não estão ligados 
entre si por nenhuma ponte dérmica. Os nodos * não são mais imputáveis 
aos dedos, fazendo parte da região que adiante será discutida como a mão 
propriamente dita. Também no sentido anatômico, estes devem ser consi-
derados como pertencentes aos ossos do metacarpo. 
Ao dedo médio, em sua singular posição central entre os dedos, che-
gam também razoavelmente todas as propriedades dos demais, em propor-
ções bem uniformes. Sua sensibilidade é muito boa, mesmo não sendo igual 
à do dedo indicador. A própria unha é, às vezes, menos encurvada que em 
outros dedos. Com isso se expressa uma vinculação mais forte ao sistema 
neuro-sensorial; no entanto, a falangeta é menos delicadamente modelada 
que a do dedo indicador. Com isto, torna-se visível uma certa subordina-
ção do terceiro dedo ao segundo, no que se refere à sensibilidade tátil. Não 
obstante, ambos formam juntos um extraordinário órgão do tato para o ho-
mem, quiçá o melhor dos que ele possui. O comprimento da mesofalange 
já foi especialmente enfatizado; ela é maior que todos os demais segmentos 
dos dedos. Neste aspecto, assemelha-se mais à do vizinho externo, isto é, 
à mesofalange do dedo anular. Precisamente esta parte, por seu comprimen-
to, mostra a profunda ligação do dedo médio com o sistema rítmico. 
Este parece também ser o mais sadio de todos os dedos. Ressente-se 
muito menos de desordens da circulação do que por exemplo o dedo indi-
cador, o qual, sob o efeito do frio, está mais sujeito a espasmos dos vasos, 
que podem levar a uma temporária aparência cerosa da pele. Também as 
frieiras, igualmente um sinal de má irrigação sangüínea em tempo frio, ata-
cam com muito maior freqüência o segundo dedo do que o terceiro; o mes-
mo vale também para a manifestação de pequenos caroços reumáticos nas 
articulações, os quais aparecem preferencialmente no dedo indicador, en-
tre a falangeta e a mesofalange. O terço inferior do dedo médio é igualmen-
te muito bem desenvolvido, melhor que nos dedos restantes. Pelo lado in-
terno da mão vê-se muito bem, na primeira falange, o forte abaulamento 
do músculo flexor. Isso indica a força deste dedo e, simultaneamente, sua 
estreita relação com os processos da alimentação e do metabolismo do or-
ganismo. Quando se pondera sobre todas essas propriedades do dedo mé-
dio, elas não proporcionam senão a confirmação de que o mesmo pertence 
* Saliências ósseas (neste caso, situadas na articulação do metacarpo com a primeira falange). 
(N.R.) 
55 
às partes mais harmoniosas da mão. Nele não se formou nenhuma aptidão 
exagerada ou unilateral. Ele é o cidadão bem formado, ideal nesta comuni-
dade tão importante! 
As citadas características do dedo médio devem ser, em primeiro lu-
gar, conscientemente compreendidas pelo educador, caso se deva chamar 
sua atenção para determinados desvios da forma em crianças com predis-
posição para fraquezas. Então ele poderá, ainda na época certa, intervir cor-
retivamente no sentido pedagógico, médico e social. Ser-lhe-á mesmo pos-
sível pressentir até que ponto um resultado poderia ser mais facilmente al-
cançado. Pode-se pensar nisso durante a abordagem do dedo médio, uma 
vez que este, por sua saúde natural, será como que o mais apto para assumir 
aquilo que um outro não mais esteja em condições de fazer. Deve-se, por 
isso, levar particularmente a sério quando, por exemplo, uma criança apre-
senta modificações que sejam visíveis até mesmo no terceiro dedo. 
Tomem-se, por exemplo, as mãos de um menino em ambas as ilustra-
ções (ilustrações 31, 32). 
A mão toda já demonstra com clareza tratar-se de uma pessoa que, por na-
tureza, desenvolveu-se de maneira amolecida em seu ser, evidenciando-se 
que acumula gordura com facilidade. Sente-se a pele invulgarmente delica-
da, estando, na maioria das vezes, quente e algo úmida. A aversão às forças 
56 
formativas endurecedoras mostra-se aqui também nas unhas profundamen-
te roídas. O menino empenha-se honestamente em abandonar esse hábito 
desagradável: já teria idade suficiente para fazê-lo com total consciência, 
mas é impedido por sua vontade fraca demais. Esta revela-se, aliás muito 
nitidamente, no polegar que se apresenta muito curto. O menino possui tam-
bém um peso muito elevado. É com uma paixão cerimoniosa que ele sabo-
reia sua alimentação. Procuremos então, para finalizar, novamente fazer um 
exame mais aprofundado de um dedo médio especial, isto é, o do menino 
recém-descrito; da ilustração se infere que a falangeta é certamente muito 
curta e demasiadamente grosseira na forma. As forças formativas intervêm 
apenas debilmente. Isto atinge mais esse dedo que o indicador. Os recursos 
do pensar estão fracamente esboçados. A falange do meio mostra-se pouco 
formada e, observada pelo lado das costas da mão, parece inchada. Com 
certeza não nos enganaremos se concluirmos, a partir dessa mesofalange 
do dedo médio, por uma vida dos sentimentos preguiçosa e superficial. 
A primeira falange, contudo, permite deduzir um bom desenvolvimen-
to muscular, porém é por demais curta e comprimida. Nisso se reconhece 
um metabolismo muito presente, que permanece enredado em si mesmo 
e não deixa sair da alma a verdadeira vontade. 
Em um caso tão difícil como esse, são necessários anos para se levar 
o menino a um pensamento organizado, porém conduzido por fantasia. Pin-
tar com cores fortes talvez pudesse despertar essas forças cerebrais ador-
mecidas. Exercícios musicais, aprender a tocar um instrumento, deveriam 
servir para levar a uma organização e a um aprofundamento no âmbito sen-
timental. O mais importante para o menino será a regularização da vida vo-
litiva. Em primeiro lugar dever-se-ia fazer tudo para regrar com toda a pre-
cisão o seu dia, não lhe deixando tempo algum para entregar-se à sua indo-
lência inata. 
Em tal caso mais doentio, na certa serão mais claramente reconhecidas 
do que numa pessoa sadia as modificações notórias que atingem a silhueta, 
e cujo esclarecimento a observação da mão nos pode fornecer. 
IV. 
O DEDO ANULAR 
Sobre este dedo atuam forças de natureza muito diversa, na esfera da 
mão. Pode surpreender que o dedo anular apresente disposição quase si-
57 
métrica com o dedo indicador. Ambos situam-se — na maioria das vezes, 
mas não sempre — na mesma altura, tendo aproximadamente o mesmo com-
primento. Não existe, entre todos os cinco dedos, uma tal semelhança en-
tre si como a têm precisamente estes dois. Na verdade, porém, isso resulta 
apenas de uma observação mais superficial, pois o dedo anular contém muito 
menos de um verdadeiro "dedo do órgão sensorial" do que os dedos indi-

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