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Apresentacao Direito a liberdade religiosa

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Trabalho de Direito Civil I – Prof. Fabrício
Direitos da Personalidade
Direito à Liberdade Religiosa
Grupo 5:
MARIA GABRIELE MARQUES 
DÉBORA ARAUJO 
GEOVANA CARLA 
KATIA 
MONIQUE RIBEIRO 
WILLIAN
CONCEITO DE LIBERDADE RELIGIOSA
GUIMARÃES (2019) – Dicionário Jurídico
Liberdade é a faculdade natural que permite à pessoa fazer o que quer, nos limites da lei, da moral e dos bons costumes, respeitan-do os limites de cada um. 
JOSÉ AFONSO DA SILVA: a LIBERDADE RELIGIOSA engloba “a liberdade de escolha da religião, a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo. Mas não compreende a liberdade de embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença [...]”
LEGISLAÇÃO SOBRE O TEMA
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL consagra como direito fundamental a liberdade de religião, prescrevendo que o Brasil é um país laico. o Estado deve proporcionar a seus cidadãos um clima de perfeita compreensão religiosa, impedindo a intolerância e o fanatismo.
No artigo 5º, VI, CRFB/1988 estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. O inciso VII assegura a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. O inciso VIII estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
O artigo 19, I, veda aos Estados, Municípios, à União e ao Distrito Federal o estabelecimento de cultos religiosos ou igrejas, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
O artigo 120 assevera que serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais, salientando no §1º que o ensino religioso, de matéria facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
LEGISLAÇÃO SOBRE O TEMA
CÓDIGO CIVIL 2002
A liberdade de crença e de culto no Brasil permitiu a constituição de organizações religiosas que funcionem como pessoa jurídica de direito privado sendo assegurado, ainda, a livre criação, organização, estruturação interna e funcionamento destas. 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
[...] IV – as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003);
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
As instituições religiosas podem ser constituídas e organizadas de forma específica, mediante estatuto social e regulamento interno próprio, garantindo a liberdade religiosa, sem que o Estado interfira, salvo se atentarem contra a ordem jurídica vigente, nas imposições da referida entidade religiosa, por apresentarem caráter interna corporis (coisas internas da corporação).
CASO CONCRETO
O HC 134.682/2016 que chegou ao STF tratava de pedido de trancamento da ação penal contra Jonas Abib, padre, acusado de praticar discriminação religiosa com a publicação de seu livro “Sim, sim, não, não – Reflexões de cura e libertação”. O MP da Bahia, baseando-se no art. 20,§2º e §3º da Lei nº 7.716/1989, tipifica a pratica de induzir ou incitar a discriminação, dentre vários tipos, a religiosa. Como o meio utilizado pelo padre foi o seu livro, foram pedidas todas as providências, entre elas, a retirada dos exemplares do material de circulação. Os argumentos MP foram as afirmações do livro, que seriam preconceituosas e discriminatórias contra religiões espíritas e/ou de matrizes africanas, incitando o desrespeito a essas crenças. A defesa alega que o padre, como membro e fiel da igreja católica, tenta evangelizar expondo pontos de grande relevância ao seu ver para o convencimento do leitor (proselitismo), exercendo sua liberdade religiosa e se afastando de qualquer forma de discurso de ódio. Para Fachin (relator) o caso não configura o crime (Art. 20 Lei nº. 7.716/1989) porque não se comprova a discriminação, o que é apresentado no livro seria uma tentativa de convencer o leitor de que a religião católica é superior e que supriria as necessidades espirituais daquele cristão. Os outros Ministros presentes: Rosa Weber, Marco Aurélio e Luis Roberto Barroso acompanharam o voto do relator. O único voto divergente partiu de Luiz Fux que entendeu que não seria o caso de trancamento da ação penal.
CASO CONCRETO
Paciente do SUS que foi encaminhada à Santa Casa de Misericórdia de Maceió (AL) para realizar cirurgia e, por ser testemunha de Jeová, decidiu fazer o procedimento sem transfusões de sangue de terceiros, assumindo os possíveis riscos. Ela afirma que, embora a equipe médica tenha concordado com a opção, a Diretoria do hospital condicionou a realização da cirurgia à assinatura de Termo de Consentimento para a realização de eventuais transfusões. O TRJF/AL manteve a decisão de 1ª instância que negou o pedido da paciente para fazer a cirurgia sem transfusões de sangue, com o fundamento de que não existem garantias técnicas de que a cirurgia possa transcorrer sem riscos. No recurso extraordinário, a paciente sustenta que, em razão de sua consciência religiosa, a exigência de consentimento prévio para a realização de transfusões de sangue ofende a sua dignidade, seu direito de acesso à saúde e a liberdade religiosa; o direito à vida não é absoluto e que há hipóteses constitucionais e legais em que se admite a sua flexibilização. Cabe somente ao indivíduo escolher entre o risco do tratamento e o risco da transfusão, o Estado deve se abster de interferir em uma escolha existencial legítima. Gilmar Mendes (relator), observou que o tema é questão diretamente vinculada ao direito fundamental à liberdade de consciência e de crença. A seu ver, a controvérsia, referente ao direito de autodeterminação confessional das testemunhas de Jeová, “possui natureza constitucional e inegável relevância, além de transcender os interesses subjetivos da causa”, uma vez que a tese fixada afetará toda a comunidade identificada com essa religião.
ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (STJ E STF)
Para o STJ, a liberdade de religião, tal como garantida na Carta Magna, inclui a liberdade de professar qualquer fé, a proteção dos locais dos cultos, bem como a impossibilidade da discriminação por expressar a adesão a tal religião. Ademais, como os demais direitos dispostos em nosso ordenamento, o direito à liberdade religiosa é relativo, podendo ceder no caso de confronto com outro direito que, na casuística, se mostre mais relevante.
ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (STJ E STF)
A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão religiosa. (...) A liberdade política pressupõe a livre manifestação do pensamento e a formulação de discurso persuasivo e o uso do argumentos críticos. Consenso e debate público informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações. O artigo 220 da Constituição Federal expressamente consagra a liberdade de expressão sob qualquer forma, processo ou veículo, hipótese que inclui o serviço de radiodifusão comunitária. Viola a Constituição Federal a proibição de veiculação de discurso proselitista em serviço de radiodifusãocomunitária.[ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018, P, DJE de 23-10-2018.]

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