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UNIVERSIDADE DE SOROCABA - UNISO GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MELISSA ROSIANE DA CRUZ PRÁTICAS DE HUMANIZAÇÃO: IHAC E MÉTODO CANGURU SOROCABA 2020 MELISSA ROSIANE DA CRUZ PRÁTICAS DE HUMANIZAÇÃO: IHAC E MÉTODO CANGURU SOROCABA 2020 Trabalho referente as Práticas de Humanização, solicitado pela professora M.e Sheilla Siedler Tavares, para complemento da menção parcial do componente curricular de Processo de Cuidar em enfermagem: Neonatologia. LISTA DE SIGLAS AC Alojamento Conjunto AME Aleitamento Materno Exclusivo CGBP Casa de Gestante, Bebê e Puérpera ECA Estatuto da Criança e do Adolescente IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança IMIP Instituto Materno Infantil de Pernambuco MC Método Canguru NAHRNBP-MC Normas de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru NBCAL Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PNIAM Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno RN Recém-Nascido RNBP Recém-Nascido Baixo Peso SUS Sistema Único de Saúde UNICEF Fundo das Nações Unidas SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 2. O QUE É O IHAC ........................................................................................... 6 2.1 IHAC no Brasil – 25 anos .......................................................................... 7 2.2 Dez passos ............................................................................................... 9 2.3 Benefícios e desafios IHAC ..................................................................... 12 3. METÓDO CANGURU .................................................................................. 13 3.1 Finalidade ................................................................................................ 13 3.2 Como fazer? ............................................................................................ 13 3.3 Benefícios e desafios MC........................................................................ 15 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 16 4 1. INTRODUÇÃO Há várias décadas, a humanização das práticas e da atenção à saúde vem sendo motivo de discussões em todo o mundo. Nos últimos anos, tem se tornado tema constante na literatura científica nacional, notadamente nas publicações oriundas da saúde coletiva (MOREIRA et. al., 2015). O conceito de humanização das práticas e da atenção à saúde está na pauta de discussões mundo afora há várias décadas e, nos últimos anos, vem ganhando destaque na literatura científica nacional, principalmente nas publicações ligadas à saúde coletiva (GOULARD & CHIARI, 2010). Durante os séculos XIX e XX, muitos avanços tecnológicos passaram a ser aplicados na área da saúde, em todos os níveis de atenção, seja na prevenção, no controle de comorbidades (progresso da doença) ou na reabilitação (GOULARD & CHIARI, 2010). A saúde, como um direito humano fundamental, passou a ser preconizada pela ONU e OMS após a II Guerra Mundial. Em 1946, a ONU proclamou sua constituição, mencionando em nível internacional, pela primeira vez, a saúde como direito humano, corroborado posteriormente a partir da proclamação da Declaração dos Direitos Humanos em 1948 (GOULARD & CHIARI, 2010). No Brasil, desde a década de setenta, temos notícias de diversos questionamentos, discussões e reflexões sobre o papel da saúde e, por consequência, do acesso aos serviços de atenção à saúde e aos direitos do paciente. Após a promulgação da Constituição de 1988, a saúde passou a ser reconhecida como um bem ao qual todo cidadão tem direito, havendo determinação de que os serviços de saúde devem promover o acesso à informação sobre a saúde e potencial de atendimento e resolutividade, bem como preservar a autonomia das pessoa (GOULARD, 2003 apud GOULARD & CHIARI, 2010). A temática ligada à humanização do atendimento em saúde mostra-se relevante no contexto atual, uma vez que a atenção e o atendimento no setor saúde, calcados em princípios como a integralidade da assistência, a equidade e a participação social do usuário, dentre outros, demandam a revisão das práticas cotidianas com ênfase 5 na criação de espaços de trabalho menos alienantes que valorizem a dignidade do trabalhador e do usuário (CASETE & CORREA, 2005 apud GOULARD & CHIARI, 2010). O conceito de humanização tem ocupado um lugar de destaque nas atuais propostas de reconstrução das práticas de saúde no Brasil, no sentido de alcançar sua maior integralidade, efetividade e acesso (GOULARD & CHIARI, 2010). A mesma pode ser compreendida como um vínculo entre profissionais e usuários, alicerçado em ações guiadas pela compreensão e pela valorização dos sujeitos, reflexo de uma atitude ética e humana (MOREIRA et. al., 2015). Com isso, a humanização se fundamenta no respeito e valorização da pessoa humana, e constitui um processo que visa à transformação da cultura institucional por meio da construção coletiva de compromissos éticos e de métodos para as ações de atenção à saúde e de gestão dos serviços (RIOS, 2009). Há uma estimativa anual de que nascem cerca de 15 milhões de bebês prematuros no mundo, representando mais de um em cada 10 nascimentos. Muitos dos sobreviventes terão problemas de aprendizagem, visuais e/ou auditivos, entre outros (WHO, 2012 apud MENEZES et. al., 2014). O Programa “Iniciativa Hospital Amigo da Criança” (IHAC) é uma estratégia da OMS e da UNICEF adotada no Brasil em 1992 pelo Ministério da Saúde (OMS, 2001 apud FIGEREDO et. al., 2012). O IHAC irá ter como o seu objetivo principal o aumento da incidência de aleitamento materno, gerando assim, mais incentivos para as mães começarem e continuarem a prática de aleitamento com seus bebês. Tudo isso, feito por meio de revisão nas Políticas Públicas e nos Serviços de Saúde Materno-Infantis. Além disso, discorre em sua estratégia dez passos/metas para o sucesso do aleitamento infantil por meio da humanização, que devem ser seguidas pelos hospitais, orientando essa mãe ainda no período pré-natal, ao nascimento e após o parto, visando o sucesso e continuidade do aleitamento, trazendo benefícios tanto para a parturiente/lactante quanto para o lactente. 6 O Método Canguru é um tipo de assistência humanizada neonatal voltada para o atendimento do recém-nascido prematuro que implica colocar o bebê em contato pele a pele com sua mãe (OMS, 2004 apud LAMY et. al., 2005). O método mãe-canguru, quando originado na Colômbia, tinha como objetivo principal estimular a alta hospitalar precoce em RNBP estáveis clinicamente através do contato pele a pele com a mãe, no Brasil, seu objetivo é o estabelecimento de vínculos entre mãe/pai e bebê. Foi sob essa perspectiva de minimizar os efeitos negativos da internação neonatal sobre os bebês e suas famílias que a Área da Criança do Ministério da Saúde adotou o Método Canguru como uma Política Nacional de Saúde, inserido no contexto da humanização da assistência neonatal. A NAHRNBP-MC foi lançada em dezembro de 1999 (LAMY et. al., 2005). 2. O QUE É O IHAC O IHAC tem como objetivo aumentar a prevalência do aleitamento materno por meio de revisão de políticas e rotinas nos Serviços de Saúde Materno-Infantis, de forma a propiciar uma melhor interação entre o binômio mãe-filho, e promover mudanças culturais sobre o uso de chupetas, mamadeiras e leites industrializados (OMS, 2001apud FIGEREDO et. al., 2012). Constitui-se de metas, denominadas de “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno”, a serem seguidas pelos hospitais nos períodos pré-natal, ao nascimento e após o parto (OMS, 2001 apud FIGEREDO et. al., 2012). No Brasil, o processo de implementação da IHAC apresentou variações nas taxas de crescimento. Atualmente possui 322 hospitais credenciados na IHAC que correspondem à cobertura de 28% dos nascimentos no País, sendo 37 na região Oeste, 20 no Norte, 137 no Nordeste, 76 no Sudeste e 52 na região Sul (BRASIL, 2008 apud FIGEREDO et. al., 2012). 7 2.1 IHAC NO BRASIL – 25 ANOS Em 2017 a IHAC completou 25 anos no Brasil, um marco histórico de um programa com grande impacto na saúde da criança e inserido na agenda de desenvolvimento sustentável da ONU . (WHO, 2015 LAMOUNIER et. al., 2019). Entretanto, ao longo desses anos, o processo de titulação de hospitais não foi uniforme, com variações em função das políticas públicas relacionadas à assistência à mulher e à criança (LAMOUNIER et. al., 2019). A despeito disso, o Brasil consolidou-se, nos últimos anos, como um exemplo na prática do aleitamento materno, com sua política e estratégia de assistência às mães e crianças, assim como por meio da IHAC. Houve avanços progressivos na garantia dos direitos das crianças e das mulheres, qualificando o cuidado integral, no pré-natal, parto e nascimento e no período pós-natal, nos primeiros dois anos de vida (LAMOUNIER et. al., 2019). 1940 – Primeiro programa de Saúde Pública voltado para a alimentação infantil (LAMOUNIER et. al., 2019); 1981 – PNIAM (LAMOUNIER et. al., 2019); 1983 – Alojamento Conjunto mãe e filho (LAMOUNIER et. al., 2019); 1988 – Promulgado a licença-maternidade de 120 dias e as normas de comercialização dos substitutos do leite materno e bancos de leite humano (LAMOUNIER et. al., 2019); 1990 – De iniciativa global, foi um encontro na cidade de Florença/Itália para a elaboração de políticas de amamentação, foi promovido pela OMS e pela UNICEF. Objetivo de definir metas operacionais globais, para promover, proteger e apoiar o aleitamento materno (Declaração de Innocenti). Criação do ECA (WHO, 1990 apud LAMOUNIER et. al., 2019); 1991 – O IHAC foi lançado em países membros da ONU, assegurando a prática do aleitamento materno e a prevenção do desmame precoce hospitalar (WHO, 1989 apud LAMOUNIER et. al., 2019); 8 1992 – Implementação do IHAC. IMIP foi o primeiro hospital no Brasil a receber o título de IHAC (LAMOUNIER et. al., 2019); 2000 – Humanização do pré-natal e nascimento e atenção ao RNBP, MC. Lei federal nº 11.108 instituiu o direito às mulheres da presença de acompanhante durante o trabalho de parto, o parto e o puerpério imediato (LAMOUNIER et. al., 2019); 2006 – Caderneta da Criança do Ministério da Saúde, possibilitou a avaliação dos riscos para desmame precoce por meio do registro da informação dos fatores maternos e neonatais ao redor do nascimento. Lei nº 11.265 – NBCAL (LAMOUNIER et. al., 2019); 2008 – Lei nº 11.770, que amplia a licença-maternidade para 180 dias no âmbito da administração pública federal. 337 hospitais credenciado como IHAC (LAMOUNIER et. al., 2019); 2009 – Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil no Nordeste e na Amazônia Legal, com a ação do mesmo, promoveu-se oficinas sobre a IHAC para gestores de hospitais e maternidades da região (LAMOUNIER et. al., 2019); 2010 – Oficinas sobre a IHAC nos estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste (LAMOUNIER et. al., 2019); 2012 – Portaria nº 930, Garantia de livre acesso à mãe e ao pai, e presença da mãe ou pai junto ao RN em tempo de internação (LAMOUNIER et. al., 2019); 2013 – Portaria nº 1.920, Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS — Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Portaria nº 1.020, e institui as diretrizes para organização da atenção à saúde na gestação de alto risco, incluída CGBP, em conformidade com a Rede Cegonha (LAMOUNIER et. al., 2019); 2014 – Portaria nº 1.153, Redefine os critérios de habilitação da IHAC, como estratégia de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral da criança e da mulher, no âmbito do SUS. 337 hospitais credenciado como IHAC (LAMOUNIER et. al., 2019); 2015 – 326 hospitais credenciado como IHAC (LAMOUNIER et. al., 2019); 9 2016 – 10% dos nascimentos globais ocorreram em HAC. Havia 326 hospitais credenciados correspondendo a uma cobertura de 23,4% dos nascimentos no país (SILVA et. al., 2018) 2017 – Revisão do Guia Operacional da IHAC 2017 proposta pela OMS (criticado por grande parte de organizações em prol ao aleitamento devido a exclusão do Passo 9 do IHAC). 25 de IHAC no Brasil; 2019 – 324 hospitais credenciado como IHAC (BRASIL, 2016 apud LAMOUNIER et. al., 2019); 2.2 DEZ PASSOS Com o objetivo de incentivar e aumentar as taxas de aleitamento materno, ao criar o IHAC, foram criados seus dez passos para o sucesso do aleitamento materno que devem ser seguidas no pré-natal, ao nascimento a no pós parto. Ao passar dos anos desde que foi criada, foram publicados artigos científicos que corroboram com os dez passos, mostrando que as mudanças nas práticas hospitalares baseadas nos dez passos aumentam os índices de aleitamento. Passo 1: ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda a equipe de cuidados da saúde. Estudos identificados em relação a este passo mostram que a existência de uma política escrita está associada ao aumento das taxas de aleitamento materno (ROSENBERG et. al., 2007 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 2: capacitar toda a equipe de cuidados da saúde nas práticas necessárias para implementar essa política. As publicações identificadas mostram que a aquisição de conhecimento e atitude por parte dos profissionais de saúde influencia na amamentação. Um treinamento realizado com médicos, enfermeiros e parteiras mostrou significante aumento na duração do aleitamento materno (VITTOZ et. al., 2004 apud FIGEREDO et. al., 2012). 10 Passo 3: informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno. A orientação de gestantes favorece a prática da amamentação. Estudo realizado com gestantes que receberam orientações sobre os benefícios da amamentação, amamentaram mais tempo em relação às outras mulheres que não receberam orientação (MORROW et. al., 1999 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 4: ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento. O contato precoce influencia positivamente o comportamento da mãe em relação à amamentação e aumenta sua duração, uma vez que estabelece o aumento nos níveis de ocitocina e determina maior competência na sucção da criança na primeira mamada (MATTHIESEN et. al., 2001; MOORE & ANDERSON, 2007 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 5: mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se separadas dos seus filhos. A amamentação não é totalmente instintiva, portanto, deve ser aprendida, sendo assim se a mulher tiver um bom conhecimento, este pode influenciar no aleitamento materno. Estudo realizado mostrou que mães que receberam orientações logo após o parto tiveram chance maior de 1,7 vezes de obter escore acima da média no teste de conhecimentos no final do primeiro mês, e chance maior de 8,2 vezes de AME no 3º mês (SUSIN et. al., 2000 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 6: não oferecer aos recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica. Oferecer outros leites ou líquidos à criança nos primeiros dias de vida é prática comum na população brasileira. Estas práticas influenciam negativamente na duração do aleitamento materno. Estudo realizado mostrou que após 91 dias da introdução de outro leite, 50% das criançasjá estavam desmamadas e que a introdução mais tardia de leite artificial é fator estatisticamente significativo para o prolongamento da amamentação (BUENO et. al., 2002; FRANÇA et. al., 2008 apud FIGEREDO et. al., 2012). 11 Passo 7: praticar o alojamento conjunto — permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia. Manter o recém-nascido junto de sua mãe após o parto é uma prática que traz inúmeros benefícios. O AC durante 24 horas por dia esteve associado à menor probabilidade de interrupção da amamentação, quando comparado com mulheres que não ficaram com os seus bebês no mesmo sistema (SCOTT et. al., 2001 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 8: incentivar o aleitamento materno de livre demanda. A amamentação em esquema de livre demanda propicia maior produção de leite por aumento da frequência e estimulação das mamas. Isto pode ser comprovado em um estudo no qual os neonatos que mamaram mais que sete vezes, consumiram maior quantidade de leite materno e perderam menos peso (YAMAUCHI & YAMAMOUCHI, 1990 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 9: não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas. A utilização de bicos artificiais e chupetas é uma prática comum no mundo todo, frequentemente estimulada por profissionais e leigos. Nesse sentido vários estudos demonstram o seu impacto negativo no sucesso da amamentação. Estudos demonstraram que o uso da chupeta esteve associado à confusão de bico, dificuldade de iniciar a amamentação, má oclusão do dente, aumento da incidência de otite e representou também um risco duas vezes maior para não estar em AME (NELSON et. al.,2005; CARVALHAES et. al., 2007 apud FIGEREDO et. al., 2012). Passo 10: promover grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos na alta da maternidade. Este passo sugere que as mulheres sejam encaminhadas para grupos de apoio a amamentação. A literatura encontrada sobre o assunto identificou diferentes formas de apoio. Estudos mostraram que o apoio de profissionais foi efetivo para aumentar a duração do aleitamento materno e redução do desmame precoce (SIKOSKI et. al., 2003 apud FIGEREDO et. al., 2012). 12 2.3 BENEFÍCIOS E DESAFIOS IHAC A IHAC tem sido associada à melhoria dos índices de aleitamento materno exclusivo e de aleitamento materno.25,26 A importância do aleitamento materno para o crescimento e desenvolvimento da criança e saúde da mulher tem sido comprovada por meio de estudos científicos.10 (VICTORIA et. al., 2016; BARTICK & NICKEL, 2016 apud LAMOUNIER et. al., 2019). O aleitamento materno é capaz de reduzir em 13% as mortes de crianças menores de 5 anos por causas evitáveis em todo o mundo.27 Além disso, o aleitamento materno auxilia na redução de doenças crônicas como hipertensão, obesidade e diabetes melito na fase adulta da criança.9,28 Diminui também o risco de câncer de mama e ovário e diabetes melito tipo 2 em mulheres que amamentam. (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2012 apud LAMOUNIER et. al., 2019). O efeito positivo da IHAC sobre o aumento dos índices de aleitamento materno tem como consequência direta benefícios a curto e longo prazos para a mãe e criança, além de estudo epidemiológico de evidenciam a diminuição tanto da mortalidade quanto da morbidade de mãe e bebê (HORTA et. al., 2015; VICTORIA et. al., 2016 apud LAMOUNIER et. al., 2019). Nos últimos anos, houve uma queda no número de credenciamentos de hospitais. Foram credenciadas somente 35 instituições no período de 2005 até agosto de 2007, sendo 21 hospitais em 2005, oito em 2006 e seis em 2007. É possível que os novos critérios adotados pelo Ministério da Saúde tenham contribuído para estes resultados. Para muitos hospitais e maternidades, a inclusão de novos requisitos pode representar um grande desafio, devido às suas especificidades locais (BRASIL, 2008 apud LAMOUNIER et. al., 2008). Nos 12 anos de IHAC no Brasil (de 1992 a 2004), chama atenção o pequeno número de hospitais com leitos obstétricos em instituições credenciadas. Esses dados alertam para a necessidade de medidas para expandir e manter os HAC no país. Nessa perspectiva, as modificações introduzidas, embora benéficas, podem dificultar o processo de credenciamento e de manutenção destes hospitais na IHAC, visto que as maternidades já credenciadas têm que se adequar a essas novas exigências (BRASIL, 2008 apud LAMOUNIER et. al., 2008). 13 Além dos desafios perante a estrutura, mudanças perante novas exigências, credenciamento, também tem o desafio ligado a pandemia de AIDS e HIV, onde o aleitamento não é aconselhável devido o vírus podendo ser transmitido de mãe para filho através do leite materno. 3. METÓDO CANGURU O Programa Mãe-Canguru ou Método Canguru, com origem na Colômbia em 1978, inclui o contato pele a pele entre a mãe e seu RN iniciado o mais cedo possível, tendo surgido naquele país como uma alternativa para estimular a alta hospitalar precoce em RNBP estáveis clinicamente (RUIZ et. al.,2004 apud MENEZES et. al., 2014). No Brasil, esse programa tem como objetivo principal incentivar a formação do vínculo entre pais e bebês, sendo uma política nacional de saúde, lançada pelo Ministério da Saúde como NAHRNBP-MC, desde 1999 (MENEZES et. al., 2014). 3.1 FINALIDADE O método aumenta o vínculo entre mãe e bebê, evitando assim, a separação prolongada entre a mãe e seu bebê, que poderia contribuir para produção insuficiente de leite, baixo vínculo afetivo e aumento de morbidades, facilitando a amamentação exclusiva para RNBP até o sexto mês de vida, além de associar-se a maior duração de aleitamento materno e maior produção de leite (CHARPAK et. al., 2005; ALMEIDA et. al., 2010; JEFFERIES, 2012 apud MENEZES et. al., 2014). 3.2 COMO FAZER? O MC dispensa o uso de equipamentos, os custos necessários para o cuidado dos prematuros inseridos no Programa Mãe Canguru são consideravelmente baixos com ampliação dos cuidados prestados ao bebê para além suas necessidades biológicas (CAMPOS et. al., 2008 apud ZIRPOLI et. al., 2019). 14 A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso em contato pele a pele, na posição vertical, junto ao peito dos pais ou de outros familiares. A equipe de saúde deve estar adequadamente treinada para orientar de maneira segura os pais a realizar a posição canguru. O MC é realizado/compreendido em três etapas: Primeira etapa: Inicia no pré-natal na gestação de alto risco, e, após, na internação do recém-nascido prematuro na Unidade Neonatal. Os pais devem ser acolhidos na Unidade Neonatal, receber informações sobre as condições de saúde do seu filho, os cuidados dispensados, as rotinas, o funcionamento da unidade e a equipe que cuidará de seu filho. Os pais devem ter livre acesso à Unidade e serem encorajados a tocar no bebê. A participação do pai é muito importante. Ele deve ser estimulado a participar em todas as atividades desenvolvidas na unidade. inicia-se o contato direto pele a pele entre a mãe e o bebê, progredindo até a colocação do bebê sobre o tórax da mãe ou do pai. Os estímulos ambientais prejudiciais da unidade neonatal, como ruídos, iluminação e odores devem ser atenuados (BRASIL, 2002). Segunda etapa: O recém-nascido encontra-se estabilizado e poderá ficar com acompanhamento contínuo de sua mãe. Nessa etapa, após o período de adaptação e treinamento realizados na etapa anterior, a mãe e a criança estarão aptas a permanecer em enfermaria conjunta, onde a posição canguru será realizada pelo maior tempo possível. A mãe participa ativamente dos cuidados do prematuro, e deve estar apta para colocar o bebê na posição canguru. Essa enfermaria funcionará como um “estágio” pré-alta hospitalar da mãe e do filho. A posição canguru é mantida pelo maior tempo possível, como se fosse um estágio para a alta hospitalar (BRASIL, 2002). Terceiraetapa: É a etapa em que o bebê vai para casa e é acompanhado, juntamente com sua família, no ambulatório e/ou em casa até atingir o peso de 2.500g. O acompanhamento ambulatorial é necessário para avaliações de seu desenvolvimento físico e psicológico pela equipe multidisciplinar . Nesse período, o método também é aplicado continuamente (BRASIL, 2002). 15 3.3 BENEFÍCIOS E DESAFIOS Os principais benefícios atribuídos ao MC incluem: redução de hipotermia, sepse, permanência hospitalar e risco de mortalidade na alta ou com 40 semanas de idade corrigida, além de impacto positivo no desenvolvimento cognitivo e motor de prematuros, manutenção da estabilidade durante transporte de prematuros ou recém- nascidos a termo, bem como dos sinais vitais em níveis fisiológicos, mesmo quando realizado em prematuros sob ventilação mecânica e hemodinamicamente estáveis (FELDMAN et. al., 2002; SONTHEIME et. al. 2004; CONDE et. al., 2011; AZEVEDO et. al., 2012 apud MENEZES et. al., 2014). O contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, gradual e progressivo auxilia no controle da temperatura térmica, incentiva o aleitamento materno e aumenta o vínculo afetivo entre mãe e filho. Mãe e bebê são beneficiados com o método e a formação dos laços afetivos é concordante quanto à existência de um período sensível, o qual é significativo para a experiência do apego (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011 apud ZIRPOLI et. al., 2019). Produz também um aumento da atividade eletromiográfica de recém-nascido pré-termo, favorece o sono, principalmente o sono profundo, há uma prevalência da amamentação exclusiva até os seis meses. A posição canguru na posição decúbito lateral trouxe maiores benefícios com relação ao desenvolvimento neuromotor precoce, apresentou taxas de crescimento significativamente maiores com o ganho de peso, ganho da circunferência da cabeça e aumento da circunferência do braço e acelera a alta hospitalar (ZIRPOLI et. al., 2019). Há também a redução da dor e estresse do recém-nascido de baixo peso submetido a procedimentos dolorosos, diminuição do tempo de internamento, diminuição dos custos de recursos humanos e de materiais, aumento da prevalência ao aleitamento exclusivo, aumento da atividade motora, regulação dos parâmetros fisiológicos (ZIRPOLI et. al., 2019). 16 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método mãe- canguru: manual do curso. Secretaria de Políticas de Saúde, Área da Saúde da Criança. – 1.ª edição. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. FIGUEREDO, S. F. et. al. Iniciativa Hospital Amigo da Criança – uma política de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Acta Paulista de Enfermagem. São Paulo, v25, n.3, p.459-463, 2012. GOULARD, B. N. G.; CHIARI, B. M. Humanização das práticas do profissional de saúde - contribuições para reflexão. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Porto Alegre, v.15, n.1, p.255-268, 2010. LAMOUNIER, J. A. et. al. Iniciativa Hospital Amigo da Criança, mais de uma década no Brasil: repensando o futuro. Revista Paulista de Pediatria. São Paulo, v.26, n.2, p.161-169, 2008. _______. Iniciativa hospital amigo da criança: 25 Anos de experiência no Brasil. Revista Paulista de Pediatria. Belo Horizonte, v.37, n.4, p.486-493, 2019. LAMY, Z. C. et. al. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso – Método Canguru: a proposta brasileira. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.10, n.3, p.659-668, 2005. MENEZES, M. A. S. et. al. Recém-nascidos prematuros assistidos pelo Método Canguru: avaliação de uma coorte do nascimento aos seis meses. Revista Paulista de Pediatria. Aracaju, v.32, n.2, p.171-177, 2014. MOREIRA, M. A. D. et. al. Políticas públicas de humanização: revisão integrativa da literatura. Revista Ciência & Saúde Coletiva. São Paulo, v.20, n.10, p.3231-3242, 2015. RIOS, Izabela Cristina. Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v.33, n.2, p.253-261, 2009. SILVA, O. L. O. et. al. A Iniciativa Hospital Amigo da Criança: contribuição para o incremento da amamentação e a redução da mortalidade infantil no Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife, v.18, n.3, p.491-499, 2018. ZIRPOLI, D. B. et. al. Benefícios do Método Canguru: Uma Revisão Integrativa. Journal Research: Fundamental Care Online. Sergipe, v.11, n.-, p.547-554, 2019.
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