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Praticas de humanizacao

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UNIVERSIDADE DE SOROCABA - UNISO 
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
MELISSA ROSIANE DA CRUZ 
 
 
 
 
 
 
PRÁTICAS DE HUMANIZAÇÃO: IHAC E MÉTODO 
CANGURU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2020 
MELISSA ROSIANE DA CRUZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRÁTICAS DE HUMANIZAÇÃO: IHAC E MÉTODO 
CANGURU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2020 
Trabalho referente as Práticas de 
Humanização, solicitado pela 
professora M.e Sheilla Siedler 
Tavares, para complemento da 
menção parcial do componente 
curricular de Processo de Cuidar 
em enfermagem: Neonatologia. 
LISTA DE SIGLAS 
AC Alojamento Conjunto 
AME Aleitamento Materno Exclusivo 
CGBP Casa de Gestante, Bebê e Puérpera 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança 
IMIP Instituto Materno Infantil de Pernambuco 
MC Método Canguru 
NAHRNBP-MC Normas de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de 
Baixo Peso – Método Canguru 
NBCAL Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes 
e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras 
OMS Organização Mundial da Saúde 
ONU Organização das Nações Unidas 
PNIAM Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno 
RN Recém-Nascido 
RNBP Recém-Nascido Baixo Peso 
SUS Sistema Único de Saúde 
UNICEF Fundo das Nações Unidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 
2. O QUE É O IHAC ........................................................................................... 6 
2.1 IHAC no Brasil – 25 anos .......................................................................... 7 
2.2 Dez passos ............................................................................................... 9 
2.3 Benefícios e desafios IHAC ..................................................................... 12 
3. METÓDO CANGURU .................................................................................. 13 
3.1 Finalidade ................................................................................................ 13 
3.2 Como fazer? ............................................................................................ 13 
3.3 Benefícios e desafios MC........................................................................ 15 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
Há várias décadas, a humanização das práticas e da atenção à saúde vem 
sendo motivo de discussões em todo o mundo. Nos últimos anos, tem se tornado tema 
constante na literatura científica nacional, notadamente nas publicações oriundas da 
saúde coletiva (MOREIRA et. al., 2015). 
O conceito de humanização das práticas e da atenção à saúde está na pauta de 
discussões mundo afora há várias décadas e, nos últimos anos, vem ganhando 
destaque na literatura científica nacional, principalmente nas publicações ligadas à 
saúde coletiva (GOULARD & CHIARI, 2010). 
Durante os séculos XIX e XX, muitos avanços tecnológicos passaram a ser 
aplicados na área da saúde, em todos os níveis de atenção, seja na prevenção, no 
controle de comorbidades (progresso da doença) ou na reabilitação (GOULARD & 
CHIARI, 2010). 
A saúde, como um direito humano fundamental, passou a ser preconizada pela 
ONU e OMS após a II Guerra Mundial. Em 1946, a ONU proclamou sua constituição, 
mencionando em nível internacional, pela primeira vez, a saúde como direito humano, 
corroborado posteriormente a partir da proclamação da Declaração dos Direitos 
Humanos em 1948 (GOULARD & CHIARI, 2010). 
No Brasil, desde a década de setenta, temos notícias de diversos 
questionamentos, discussões e reflexões sobre o papel da saúde e, por 
consequência, do acesso aos serviços de atenção à saúde e aos direitos do paciente. 
Após a promulgação da Constituição de 1988, a saúde passou a ser reconhecida 
como um bem ao qual todo cidadão tem direito, havendo determinação de que os 
serviços de saúde devem promover o acesso à informação sobre a saúde e potencial 
de atendimento e resolutividade, bem como preservar a autonomia das pessoa 
(GOULARD, 2003 apud GOULARD & CHIARI, 2010). 
A temática ligada à humanização do atendimento em saúde mostra-se relevante 
no contexto atual, uma vez que a atenção e o atendimento no setor saúde, calcados 
em princípios como a integralidade da assistência, a equidade e a participação social 
do usuário, dentre outros, demandam a revisão das práticas cotidianas com ênfase 
 
5 
 
na criação de espaços de trabalho menos alienantes que valorizem a dignidade do 
trabalhador e do usuário (CASETE & CORREA, 2005 apud GOULARD & CHIARI, 
2010). 
O conceito de humanização tem ocupado um lugar de destaque nas atuais 
propostas de reconstrução das práticas de saúde no Brasil, no sentido de alcançar 
sua maior integralidade, efetividade e acesso (GOULARD & CHIARI, 2010). A mesma 
pode ser compreendida como um vínculo entre profissionais e usuários, alicerçado 
em ações guiadas pela compreensão e pela valorização dos sujeitos, reflexo de uma 
atitude ética e humana (MOREIRA et. al., 2015). 
Com isso, a humanização se fundamenta no respeito e valorização da pessoa 
humana, e constitui um processo que visa à transformação da cultura institucional por 
meio da construção coletiva de compromissos éticos e de métodos para as ações de 
atenção à saúde e de gestão dos serviços (RIOS, 2009). 
Há uma estimativa anual de que nascem cerca de 15 milhões de bebês 
prematuros no mundo, representando mais de um em cada 10 nascimentos. Muitos 
dos sobreviventes terão problemas de aprendizagem, visuais e/ou auditivos, entre 
outros (WHO, 2012 apud MENEZES et. al., 2014). 
O Programa “Iniciativa Hospital Amigo da Criança” (IHAC) é uma estratégia da 
OMS e da UNICEF adotada no Brasil em 1992 pelo Ministério da Saúde (OMS, 2001 
apud FIGEREDO et. al., 2012). 
O IHAC irá ter como o seu objetivo principal o aumento da incidência de 
aleitamento materno, gerando assim, mais incentivos para as mães começarem e 
continuarem a prática de aleitamento com seus bebês. Tudo isso, feito por meio de 
revisão nas Políticas Públicas e nos Serviços de Saúde Materno-Infantis. 
Além disso, discorre em sua estratégia dez passos/metas para o sucesso do 
aleitamento infantil por meio da humanização, que devem ser seguidas pelos 
hospitais, orientando essa mãe ainda no período pré-natal, ao nascimento e após o 
parto, visando o sucesso e continuidade do aleitamento, trazendo benefícios tanto 
para a parturiente/lactante quanto para o lactente. 
 
6 
 
O Método Canguru é um tipo de assistência humanizada neonatal voltada para 
o atendimento do recém-nascido prematuro que implica colocar o bebê em contato 
pele a pele com sua mãe (OMS, 2004 apud LAMY et. al., 2005). 
O método mãe-canguru, quando originado na Colômbia, tinha como objetivo 
principal estimular a alta hospitalar precoce em RNBP estáveis clinicamente através 
do contato pele a pele com a mãe, no Brasil, seu objetivo é o estabelecimento de 
vínculos entre mãe/pai e bebê. 
Foi sob essa perspectiva de minimizar os efeitos negativos da internação 
neonatal sobre os bebês e suas famílias que a Área da Criança do Ministério da Saúde 
adotou o Método Canguru como uma Política Nacional de Saúde, inserido no contexto 
da humanização da assistência neonatal. A NAHRNBP-MC foi lançada em dezembro 
de 1999 (LAMY et. al., 2005). 
 
2. O QUE É O IHAC 
O IHAC tem como objetivo aumentar a prevalência do aleitamento materno por 
meio de revisão de políticas e rotinas nos Serviços de Saúde Materno-Infantis, de 
forma a propiciar uma melhor interação entre o binômio mãe-filho, e promover 
mudanças culturais sobre o uso de chupetas, mamadeiras e leites industrializados 
(OMS, 2001apud FIGEREDO et. al., 2012). 
Constitui-se de metas, denominadas de “Dez Passos para o Sucesso do 
Aleitamento Materno”, a serem seguidas pelos hospitais nos períodos pré-natal, ao 
nascimento e após o parto (OMS, 2001 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
No Brasil, o processo de implementação da IHAC apresentou variações nas 
taxas de crescimento. Atualmente possui 322 hospitais credenciados na IHAC que 
correspondem à cobertura de 28% dos nascimentos no País, sendo 37 na região 
Oeste, 20 no Norte, 137 no Nordeste, 76 no Sudeste e 52 na região Sul (BRASIL, 
2008 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
 
 
 
7 
 
2.1 IHAC NO BRASIL – 25 ANOS 
Em 2017 a IHAC completou 25 anos no Brasil, um marco histórico de um 
programa com grande impacto na saúde da criança e inserido na agenda de 
desenvolvimento sustentável da ONU . (WHO, 2015 LAMOUNIER et. al., 2019). 
Entretanto, ao longo desses anos, o processo de titulação de hospitais não foi 
uniforme, com variações em função das políticas públicas relacionadas à assistência 
à mulher e à criança (LAMOUNIER et. al., 2019). 
A despeito disso, o Brasil consolidou-se, nos últimos anos, como um exemplo na 
prática do aleitamento materno, com sua política e estratégia de assistência às mães 
e crianças, assim como por meio da IHAC. Houve avanços progressivos na garantia 
dos direitos das crianças e das mulheres, qualificando o cuidado integral, no pré-natal, 
parto e nascimento e no período pós-natal, nos primeiros dois anos de vida 
(LAMOUNIER et. al., 2019). 
1940 – Primeiro programa de Saúde Pública voltado para a alimentação infantil 
(LAMOUNIER et. al., 2019); 
1981 – PNIAM (LAMOUNIER et. al., 2019); 
1983 – Alojamento Conjunto mãe e filho (LAMOUNIER et. al., 2019); 
1988 – Promulgado a licença-maternidade de 120 dias e as normas de 
comercialização dos substitutos do leite materno e bancos de leite humano 
(LAMOUNIER et. al., 2019); 
1990 – De iniciativa global, foi um encontro na cidade de Florença/Itália para a 
elaboração de políticas de amamentação, foi promovido pela OMS e pela UNICEF. 
Objetivo de definir metas operacionais globais, para promover, proteger e apoiar o 
aleitamento materno (Declaração de Innocenti). Criação do ECA (WHO, 1990 apud 
LAMOUNIER et. al., 2019); 
1991 – O IHAC foi lançado em países membros da ONU, assegurando a prática 
do aleitamento materno e a prevenção do desmame precoce hospitalar (WHO, 1989 
apud LAMOUNIER et. al., 2019); 
 
8 
 
1992 – Implementação do IHAC. IMIP foi o primeiro hospital no Brasil a receber 
o título de IHAC (LAMOUNIER et. al., 2019); 
 2000 – Humanização do pré-natal e nascimento e atenção ao RNBP, MC. Lei 
federal nº 11.108 instituiu o direito às mulheres da presença de acompanhante durante 
o trabalho de parto, o parto e o puerpério imediato (LAMOUNIER et. al., 2019); 
2006 – Caderneta da Criança do Ministério da Saúde, possibilitou a avaliação 
dos riscos para desmame precoce por meio do registro da informação dos fatores 
maternos e neonatais ao redor do nascimento. Lei nº 11.265 – NBCAL (LAMOUNIER 
et. al., 2019); 
2008 – Lei nº 11.770, que amplia a licença-maternidade para 180 dias no âmbito 
da administração pública federal. 337 hospitais credenciado como IHAC 
(LAMOUNIER et. al., 2019); 
2009 – Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil no Nordeste e na Amazônia 
Legal, com a ação do mesmo, promoveu-se oficinas sobre a IHAC para gestores de 
hospitais e maternidades da região (LAMOUNIER et. al., 2019); 
2010 – Oficinas sobre a IHAC nos estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste 
(LAMOUNIER et. al., 2019); 
2012 – Portaria nº 930, Garantia de livre acesso à mãe e ao pai, e presença da 
mãe ou pai junto ao RN em tempo de internação (LAMOUNIER et. al., 2019); 
2013 – Portaria nº 1.920, Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação 
Complementar Saudável no SUS — Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Portaria 
nº 1.020, e institui as diretrizes para organização da atenção à saúde na gestação de 
alto risco, incluída CGBP, em conformidade com a Rede Cegonha (LAMOUNIER et. 
al., 2019); 
2014 – Portaria nº 1.153, Redefine os critérios de habilitação da IHAC, como 
estratégia de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral 
da criança e da mulher, no âmbito do SUS. 337 hospitais credenciado como IHAC 
(LAMOUNIER et. al., 2019); 
2015 – 326 hospitais credenciado como IHAC (LAMOUNIER et. al., 2019); 
 
9 
 
2016 – 10% dos nascimentos globais ocorreram em HAC. Havia 326 hospitais 
credenciados correspondendo a uma cobertura de 23,4% dos nascimentos no país 
(SILVA et. al., 2018) 
2017 – Revisão do Guia Operacional da IHAC 2017 proposta pela OMS (criticado 
por grande parte de organizações em prol ao aleitamento devido a exclusão do Passo 
9 do IHAC). 25 de IHAC no Brasil; 
2019 – 324 hospitais credenciado como IHAC (BRASIL, 2016 apud LAMOUNIER 
et. al., 2019); 
 
2.2 DEZ PASSOS 
Com o objetivo de incentivar e aumentar as taxas de aleitamento materno, ao 
criar o IHAC, foram criados seus dez passos para o sucesso do aleitamento materno 
que devem ser seguidas no pré-natal, ao nascimento a no pós parto. 
Ao passar dos anos desde que foi criada, foram publicados artigos científicos 
que corroboram com os dez passos, mostrando que as mudanças nas práticas 
hospitalares baseadas nos dez passos aumentam os índices de aleitamento. 
Passo 1: ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente 
transmitida a toda a equipe de cuidados da saúde. 
Estudos identificados em relação a este passo mostram que a existência de uma 
política escrita está associada ao aumento das taxas de aleitamento materno 
(ROSENBERG et. al., 2007 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
Passo 2: capacitar toda a equipe de cuidados da saúde nas práticas necessárias 
para implementar essa política. 
As publicações identificadas mostram que a aquisição de conhecimento e atitude 
por parte dos profissionais de saúde influencia na amamentação. Um treinamento 
realizado com médicos, enfermeiros e parteiras mostrou significante aumento na 
duração do aleitamento materno (VITTOZ et. al., 2004 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
 
10 
 
Passo 3: informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do 
aleitamento materno. 
A orientação de gestantes favorece a prática da amamentação. Estudo realizado 
com gestantes que receberam orientações sobre os benefícios da amamentação, 
amamentaram mais tempo em relação às outras mulheres que não receberam 
orientação (MORROW et. al., 1999 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
Passo 4: ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora 
após o nascimento. 
O contato precoce influencia positivamente o comportamento da mãe em relação 
à amamentação e aumenta sua duração, uma vez que estabelece o aumento nos 
níveis de ocitocina e determina maior competência na sucção da criança na primeira 
mamada (MATTHIESEN et. al., 2001; MOORE & ANDERSON, 2007 apud FIGEREDO 
et. al., 2012). 
Passo 5: mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo 
se separadas dos seus filhos. 
A amamentação não é totalmente instintiva, portanto, deve ser aprendida, sendo 
assim se a mulher tiver um bom conhecimento, este pode influenciar no aleitamento 
materno. Estudo realizado mostrou que mães que receberam orientações logo após 
o parto tiveram chance maior de 1,7 vezes de obter escore acima da média no teste 
de conhecimentos no final do primeiro mês, e chance maior de 8,2 vezes de AME no 
3º mês (SUSIN et. al., 2000 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
Passo 6: não oferecer aos recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o 
leite materno, a não ser que haja indicação médica. 
Oferecer outros leites ou líquidos à criança nos primeiros dias de vida é prática 
comum na população brasileira. Estas práticas influenciam negativamente na duração 
do aleitamento materno. Estudo realizado mostrou que após 91 dias da introdução de 
outro leite, 50% das criançasjá estavam desmamadas e que a introdução mais tardia 
de leite artificial é fator estatisticamente significativo para o prolongamento da 
amamentação (BUENO et. al., 2002; FRANÇA et. al., 2008 apud FIGEREDO et. al., 
2012). 
 
11 
 
Passo 7: praticar o alojamento conjunto — permitir que mães e bebês 
permaneçam juntos 24 horas por dia. 
Manter o recém-nascido junto de sua mãe após o parto é uma prática que traz 
inúmeros benefícios. O AC durante 24 horas por dia esteve associado à menor 
probabilidade de interrupção da amamentação, quando comparado com mulheres que 
não ficaram com os seus bebês no mesmo sistema (SCOTT et. al., 2001 apud 
FIGEREDO et. al., 2012). 
Passo 8: incentivar o aleitamento materno de livre demanda. 
A amamentação em esquema de livre demanda propicia maior produção de leite 
por aumento da frequência e estimulação das mamas. Isto pode ser comprovado em 
um estudo no qual os neonatos que mamaram mais que sete vezes, consumiram 
maior quantidade de leite materno e perderam menos peso (YAMAUCHI & 
YAMAMOUCHI, 1990 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
Passo 9: não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas. 
A utilização de bicos artificiais e chupetas é uma prática comum no mundo todo, 
frequentemente estimulada por profissionais e leigos. Nesse sentido vários estudos 
demonstram o seu impacto negativo no sucesso da amamentação. Estudos 
demonstraram que o uso da chupeta esteve associado à confusão de bico, dificuldade 
de iniciar a amamentação, má oclusão do dente, aumento da incidência de otite e 
representou também um risco duas vezes maior para não estar em AME (NELSON 
et. al.,2005; CARVALHAES et. al., 2007 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
Passo 10: promover grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a 
esses grupos na alta da maternidade. 
Este passo sugere que as mulheres sejam encaminhadas para grupos de apoio 
a amamentação. A literatura encontrada sobre o assunto identificou diferentes formas 
de apoio. Estudos mostraram que o apoio de profissionais foi efetivo para aumentar a 
duração do aleitamento materno e redução do desmame precoce (SIKOSKI et. al., 
2003 apud FIGEREDO et. al., 2012). 
 
 
12 
 
2.3 BENEFÍCIOS E DESAFIOS IHAC 
A IHAC tem sido associada à melhoria dos índices de aleitamento materno 
exclusivo e de aleitamento materno.25,26 A importância do aleitamento materno para 
o crescimento e desenvolvimento da criança e saúde da mulher tem sido comprovada 
por meio de estudos científicos.10 (VICTORIA et. al., 2016; BARTICK & NICKEL, 2016 
apud LAMOUNIER et. al., 2019). 
 O aleitamento materno é capaz de reduzir em 13% as mortes de crianças 
menores de 5 anos por causas evitáveis em todo o mundo.27 Além disso, o 
aleitamento materno auxilia na redução de doenças crônicas como hipertensão, 
obesidade e diabetes melito na fase adulta da criança.9,28 Diminui também o risco de 
câncer de mama e ovário e diabetes melito tipo 2 em mulheres que amamentam. 
(AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2012 apud LAMOUNIER et. al., 2019). 
 O efeito positivo da IHAC sobre o aumento dos índices de aleitamento materno 
tem como consequência direta benefícios a curto e longo prazos para a mãe e criança, 
além de estudo epidemiológico de evidenciam a diminuição tanto da mortalidade 
quanto da morbidade de mãe e bebê (HORTA et. al., 2015; VICTORIA et. al., 2016 
apud LAMOUNIER et. al., 2019). 
Nos últimos anos, houve uma queda no número de credenciamentos de 
hospitais. Foram credenciadas somente 35 instituições no período de 2005 até agosto 
de 2007, sendo 21 hospitais em 2005, oito em 2006 e seis em 2007. É possível que 
os novos critérios adotados pelo Ministério da Saúde tenham contribuído para estes 
resultados. Para muitos hospitais e maternidades, a inclusão de novos requisitos pode 
representar um grande desafio, devido às suas especificidades locais (BRASIL, 2008 
apud LAMOUNIER et. al., 2008). 
Nos 12 anos de IHAC no Brasil (de 1992 a 2004), chama atenção o pequeno 
número de hospitais com leitos obstétricos em instituições credenciadas. Esses dados 
alertam para a necessidade de medidas para expandir e manter os HAC no país. 
Nessa perspectiva, as modificações introduzidas, embora benéficas, podem dificultar 
o processo de credenciamento e de manutenção destes hospitais na IHAC, visto que 
as maternidades já credenciadas têm que se adequar a essas novas exigências 
(BRASIL, 2008 apud LAMOUNIER et. al., 2008). 
 
13 
 
 Além dos desafios perante a estrutura, mudanças perante novas exigências, 
credenciamento, também tem o desafio ligado a pandemia de AIDS e HIV, onde o 
aleitamento não é aconselhável devido o vírus podendo ser transmitido de mãe para 
filho através do leite materno. 
 
3. METÓDO CANGURU 
O Programa Mãe-Canguru ou Método Canguru, com origem na Colômbia em 
1978, inclui o contato pele a pele entre a mãe e seu RN iniciado o mais cedo possível, 
tendo surgido naquele país como uma alternativa para estimular a alta hospitalar 
precoce em RNBP estáveis clinicamente (RUIZ et. al.,2004 apud MENEZES et. al., 
2014). 
 No Brasil, esse programa tem como objetivo principal incentivar a formação do 
vínculo entre pais e bebês, sendo uma política nacional de saúde, lançada pelo 
Ministério da Saúde como NAHRNBP-MC, desde 1999 (MENEZES et. al., 2014). 
 
3.1 FINALIDADE 
O método aumenta o vínculo entre mãe e bebê, evitando assim, a separação 
prolongada entre a mãe e seu bebê, que poderia contribuir para produção insuficiente 
de leite, baixo vínculo afetivo e aumento de morbidades, facilitando a amamentação 
exclusiva para RNBP até o sexto mês de vida, além de associar-se a maior duração 
de aleitamento materno e maior produção de leite (CHARPAK et. al., 2005; ALMEIDA 
et. al., 2010; JEFFERIES, 2012 apud MENEZES et. al., 2014). 
 
3.2 COMO FAZER? 
O MC dispensa o uso de equipamentos, os custos necessários para o cuidado 
dos prematuros inseridos no Programa Mãe Canguru são consideravelmente baixos 
com ampliação dos cuidados prestados ao bebê para além suas necessidades 
biológicas (CAMPOS et. al., 2008 apud ZIRPOLI et. al., 2019). 
 
14 
 
A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso em 
contato pele a pele, na posição vertical, junto ao peito dos pais ou de outros familiares. 
A equipe de saúde deve estar adequadamente treinada para orientar de maneira 
segura os pais a realizar a posição canguru. 
O MC é realizado/compreendido em três etapas: 
Primeira etapa: Inicia no pré-natal na gestação de alto risco, e, após, na 
internação do recém-nascido prematuro na Unidade Neonatal. Os pais devem ser 
acolhidos na Unidade Neonatal, receber informações sobre as condições de saúde do 
seu filho, os cuidados dispensados, as rotinas, o funcionamento da unidade e a equipe 
que cuidará de seu filho. Os pais devem ter livre acesso à Unidade e serem 
encorajados a tocar no bebê. A participação do pai é muito importante. Ele deve ser 
estimulado a participar em todas as atividades desenvolvidas na unidade. inicia-se o 
contato direto pele a pele entre a mãe e o bebê, progredindo até a colocação do bebê 
sobre o tórax da mãe ou do pai. Os estímulos ambientais prejudiciais da unidade 
neonatal, como ruídos, iluminação e odores devem ser atenuados (BRASIL, 2002). 
Segunda etapa: O recém-nascido encontra-se estabilizado e poderá ficar com 
acompanhamento contínuo de sua mãe. Nessa etapa, após o período de adaptação 
e treinamento realizados na etapa anterior, a mãe e a criança estarão aptas a 
permanecer em enfermaria conjunta, onde a posição canguru será realizada pelo 
maior tempo possível. A mãe participa ativamente dos cuidados do prematuro, e deve 
estar apta para colocar o bebê na posição canguru. Essa enfermaria funcionará como 
um “estágio” pré-alta hospitalar da mãe e do filho. A posição canguru é mantida pelo 
maior tempo possível, como se fosse um estágio para a alta hospitalar (BRASIL, 
2002). 
Terceiraetapa: É a etapa em que o bebê vai para casa e é acompanhado, 
juntamente com sua família, no ambulatório e/ou em casa até atingir o peso de 2.500g. 
O acompanhamento ambulatorial é necessário para avaliações de seu 
desenvolvimento físico e psicológico pela equipe multidisciplinar . Nesse período, o 
método também é aplicado continuamente (BRASIL, 2002). 
 
 
15 
 
3.3 BENEFÍCIOS E DESAFIOS 
Os principais benefícios atribuídos ao MC incluem: redução de hipotermia, 
sepse, permanência hospitalar e risco de mortalidade na alta ou com 40 semanas de 
idade corrigida, além de impacto positivo no desenvolvimento cognitivo e motor de 
prematuros, manutenção da estabilidade durante transporte de prematuros ou recém-
nascidos a termo, bem como dos sinais vitais em níveis fisiológicos, mesmo quando 
realizado em prematuros sob ventilação mecânica e hemodinamicamente estáveis 
(FELDMAN et. al., 2002; SONTHEIME et. al. 2004; CONDE et. al., 2011; AZEVEDO 
et. al., 2012 apud MENEZES et. al., 2014). 
O contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, gradual e progressivo auxilia 
no controle da temperatura térmica, incentiva o aleitamento materno e aumenta o 
vínculo afetivo entre mãe e filho. Mãe e bebê são beneficiados com o método e a 
formação dos laços afetivos é concordante quanto à existência de um período 
sensível, o qual é significativo para a experiência do apego (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2011 apud ZIRPOLI et. al., 2019). 
Produz também um aumento da atividade eletromiográfica de recém-nascido 
pré-termo, favorece o sono, principalmente o sono profundo, há uma prevalência da 
amamentação exclusiva até os seis meses. A posição canguru na posição decúbito 
lateral trouxe maiores benefícios com relação ao desenvolvimento neuromotor 
precoce, apresentou taxas de crescimento significativamente maiores com o ganho 
de peso, ganho da circunferência da cabeça e aumento da circunferência do braço e 
acelera a alta hospitalar (ZIRPOLI et. al., 2019). 
Há também a redução da dor e estresse do recém-nascido de baixo peso 
submetido a procedimentos dolorosos, diminuição do tempo de internamento, 
diminuição dos custos de recursos humanos e de materiais, aumento da prevalência 
ao aleitamento exclusivo, aumento da atividade motora, regulação dos parâmetros 
fisiológicos (ZIRPOLI et. al., 2019). 
 
 
 
 
16 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde 
da Criança. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: método mãe-
canguru: manual do curso. Secretaria de Políticas de Saúde, Área da Saúde da 
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