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Contestação c c Reconvenção

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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Juiz (a) de Direito da ___ª Vara Cível da Comarca de Londrina-Paraná
Autos nº xxxxxxxx
Julião, já devidamente qualificado nos autos da Ação em epígrafe proposta por João igualmente qualificado nos autos, vem perante Vossa Excelência, por meio de seu/sua advogado (a) legalmente constituído (a), conforme procuração em anexo, apresentar a seguinte 
CONTESTAÇÃO c/c RECONVEÇÃO
 Pelos fatos e fundamentos que passa a expor
I – DOS FATOS 
O Autor alega ser possuidor do imóvel de propriedade de Julião e Ruth localizado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR há 9 (nove) anos de forma mansa e pacífica durante todo esse tempo e, diante de seu estado enfermo, deseja regularizar a sua posse, tornando-o legalmente proprietário do imóvel. 
Expõe que com o passar dos anos juntamente com seu companheiro construíram uma casa no terreno. Desde que entrou para o imóvel agiu como se dono fosse, além de ter fixado nele moradia juntamente com o Marcos, tornou a terra produtiva, tirando dela o seu sustento e o de sua família.
Afirma ainda não ser possuidor de nenhum outro imóvel, motivos pelos quais faz jus ao direito da propriedade do imóvel.
II – DA REALIDADE DOS FATOS
Ocorre que, ao contrário do que tenta fazer crer o autor, Julião e Ruth firmaram contrato verbal de locação com João e Marcos mediante o pagamento do aluguel.
Ficou acordado também que os locatários pagariam todos os impostos bem como as contas de água e energia elétrica. 
Julião e Ruth sabiam das dificuldades financeiras dos locatários e por esse motivo nunca buscaram na justiça o valor devido dos aluguéis.
Ante o exposto, faz-se necessário a presente ação afim de contestar todos os argumentos apresentados pelo autor em sua inicial, conforme demonstra-se a seguir 
III- TEMPESTIVIDADE
O art. 335, II do CPC prevê o prazo de 15 dias a contar da data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação e mediação apresentado pelo réu. O protocolo foi realizado no dia 05/07/2019, sendo seu prazo final o dia 26/07/2019.
Portanto, tempestiva a presente contestação c/c reconvenção.
IV- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente cumpre salientar que o réu não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais bem como com os honorários advocatícios sem sacrificar o seu próprio sustento e o de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexada, e sendo assim, o réu requer 
desde já os benefícios da justiça gratuita, com fulcro no art. 98 e seguintes do CPC e do art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal.
V- PRELIMINARMENTE (CPC, art. 337)
a) Da ilegitimidade processual.
Observando a documentação juntada aos autos pelo Autor em sua inicial nota-se a ausência do consentimento de seu companheiro Marcos para o ajuizamento da ação de usucapião.
Ocorre que o Código Civil em seu art. 1.647, II, prevê que nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro pleitear como autor ou réu acerca de bens imóveis.
Ainda conforme o art. 73, § 3º do CPC, o cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, aplicando essa regra também à união estável.
Nesse sentido, requer que seja reconhecida a ilegitimidade da parte.
b) Da incompetência relativa
A procuração juntada aos autos pelo autor demonstra que o mesmo é analfabeto e não consta assinatura de nenhuma testemunha.
Conforme disposto no art. 595 do Código Civil “No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas”
Assim, requer que seja reconhecida a irregularidade na representação do autor.
VI - DO MÉRITO
Primeiramente esclarece o réu que o contrato firmado entre as partes era exclusivamente de aluguel, por prazo indeterminado. Acordou-se que o valor mensal do aluguel seria de R$ 300,00, (trezentos reais) valor este que nunca foi pago.
O proprietário sabendo das dificuldades financeiras do autor, nunca procurou na justiça o seu direito de receber os aluguéis devidos, fato esse que causou espanto e grande chateação nos locadores quando notificados da ação de usucapião.
A alegação do autor no que tange ao seu animus domini não merece prosperar, uma vez que foi firmado contrato de locação.
Nesse sentido a jurisprudência em julgado recente do Tribunal de Justiça de Pernambuco decidiu que:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. COMODATO TÁCITO. POSSE PRECÁRIA. USUCAPIÃO NÃO RECONHECIDA. AUSÊNCIA DE ANIMUS DOMINI. SENTENÇA MANTIDA.1. 
Pela análise das provas constantes dos autos, denota-se que a apelada alugou o imóvel ao apelante e, após pretensão de reajustar o valor do aluguel, o inquilino deixou de cumprir sua obrigação de pagar, do que resultou na existência de comodato tácito (verbal), uma vez que permitida sua moradia, sem custo, por cerca de 06 (seis) anos.2. A posse do comodatário tornou-se precária a partir da citação da presente ação reintegratória.3. Muito embora a exceção de usucapião, é certo que a prova documental da parte apelada demonstra a posse ilegal do apelante, carecendo, portanto, de animus domini indispensável à caracterização da prescrição aquisitiva. 4. Recurso improvido.
(TJPE Apelação Cível 538966-40002156-50.2013.8.17.0100, Rel. Alberto Nogueira Virgínio, 2ª Câmara Cível, julgado em 18/12/2019, DJe 13/01/2020)
Desta feita, está claro o equívoco do autor, como também a litigância de má fé ao tentar adquirir propriedade ainda que da ciência do contrato de locação firmado por sua livre e espontânea vontade.
VII- RECONVENÇÃO 
Indubitavelmente, alegar reconvenção na contestação é lícito, conforme respalda o art. 343 do CPC:
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Conforme amplamente demonstrado nesta resposta, o locatário não possui animus domini, que é um dos requisitos da usucapião, haja vista o contrato de locação.
Além disso, restou claro que o reconvindo durante os nove anos nunca pagou o valor acordado com o reconvinte.
 A falta de pagamento de aluguel enseja a propositura de ação de despejo, conforme preceitua o art. 9ª, III, da Lei do Inquilinato (Lei 8. 245/1991):
Art. 9º A locação também poderá ser desfeita:
III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;
Além disso, o art. 23, I, da mesma Lei dispõe: 
Art. 23. O locatário é obrigado a:
I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato;
Ademais, o art. 62, I, da referida Lei aduz que o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação, vejamos:
Art. 62.  Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte:
I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese, citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito;
[...]
VI - havendo cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança dos aluguéis, a execução desta pode ter início antes da desocupação do imóvel, caso ambos tenham sido acolhidos.
VIII- DA TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA
Diante dos fatos narrados, com fulcro nos artigos 300 e seguintes do CPC, se justifica o pedido antecipatório de despejo por descumprimento contratual, já que os prejuízos econômicos e até mesmo psicológicos experimentados pelo locador, vêm se perpetuando, não sendo justo que tal situação permaneça inalterada. 
Não obstante, é perfeitamente aplicável ao caso concretoo disposto do art. 59, § 1º, IX da Lei do Inquilinato que autoriza a concessão de liminar para desocupação do imóvel no prazo de 15 (quinze) dias no caso da falta de pagamento de aluguel.
IX- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ante o exposto, restando evidenciado o direito e interesse de agir do reconvinte, requer-se:
a) Pretende-se o conhecimento e acolhimento das preliminares arguidas.
b) Diante do exposto, CONTESTA todos os termos da inicial, requerendo que seja julgado improcedente. 
c) Concessão da Tutela Antecipada de Urgência para o fim de que o imóvel seja desocupado no prazo de 15 (quinze) dias.
d) que seja expedido o respectivo mandado de despejo para desocupação voluntária do locatário, ou pagamento, por parte dele, no prazo de 15 (quinze) dias.
e) Requer os benefícios da justiça gratuita.
f) Que o reconvindo seja condenado ao pagamento das seguintes verbas: 
I- Alugueis vencidos e vincendos, bem como tarifas de água e energia elétrica e demais encargos pertinentes ao contrato;
II- ressarcimento de eventuais danos materiais provocados no imóvel, a serem apurados em vistoria quando da entrega.
g) que ao final seja a presente ação julgada totalmente procedente para o fim de declarar rescindido o contrato de locação.
Dá-se valor à causa de: R$ XXXXXXXX
Termos em que,
Pede deferimento.
Londrina, __/__/____
Advogado/OAB

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