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Biomecânica do Hip-core

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BIOMECÂNICA DO ESPORTE E 
DO EXERCÍCIO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Renata Wolf 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O hip-core envolve as articulações da pelve e do quadril e toda a 
musculatura que sustenta o peso corporal e auxilia na mobilidade das 
articulações do joelho e do tornozelo. Quando não estimulado e quanto mais 
fraco, maior a chance de lesões nos membros inferiores. Portanto, nesta aula 
discutiremos sobre o hip-core, que possui influência sobre a articulação do joelho 
e tornozelo. Serão apresentadas suas funções e características que podem 
predispor a lesões nessas estruturas. 
TEMA 1 – CONCEITO E ANATOMIA DO HIP-CORE 
O hip-core tem um papel importante na absorção do peso corporal e na 
prevenção de lesões nos membros inferiores, tanto em movimentos simples do 
cotidiano até os movimentos complexos relacionados às modalidades 
esportivas. 
1.1 Conceito 
O hip-core é o centro do quadril, e envolve os ossos, a pelve e a 
articulação do quadril (Hamil; Knutzen; Derrick, 2016). Assim, fazem parte do 
hip-core as musculaturas da pelve, do assoalho pélvico e dos músculos que 
realizam os movimentos da articulação do quadril. Desempenham um papel 
fundamental na musculaturas da pelve, do assoalho pélvico e dos músculos que 
realizam os movimentos da articulação do quadril, uma vez que aumentam a 
amplitude dos membros inferiores (Hamil; Knutzen; Derrick, 2016). 
1.2 Anatomia da pelve 
A pelve, que é uma estrutura óssea que pode ser encontrada nos 
esqueletos de homens e mulheres, apresenta diferenças devido ao gênero, aos 
diferentes outros ossos do corpo humano, que mudam nas dimensões por motivos 
genéticos e geralmente são um pouco maiores em homens do que em mulheres. 
A pelve é mais pesada nos homens e possui mais pontos de inserção musculares, 
um arco púbico mais estreito, um ângulo subpúbico e espaço entre as 
tuberosidades isquiáticas menores. Os ilíacos nas mulheres são 
comparativamente mais largos do que nos homens, o que torna a sua pelve maior, 
 
 
3 
mais rasa. De maneira geral, a pelve é mais larga nas mulheres, de forma que 
existe amplo espaço para que o feto deixe o corpo materno. 
A pelve é formada pelos ossos ílio, ísquio, púbis, sacro e cóccix. Os 
músculos da região da pelve podem ser separados em músculos da região 
glútea, o que inclui os músculos dos membros inferiores com origem na pelve, 
músculos pélvicos verdadeiros, que formam o assoalho pélvico (que serão 
discutidos no próximo tema) e os músculos anteriores da pelve. Os músculos da 
região glútea são: 
1. Glúteo máximo: é um músculo espesso e o mais superficial da região 
glútea. Tem sua origem no sacro, ílio, fáscia toracolombar e no ligamento 
sacrotuberal. Sua inserção ocorre na tuberosidade glútea do fêmur e no 
trato iliotibial. As principais ações do glúteo máximo são extensão e 
rotação lateral da coxa; 
2. Glúteo médio: é um músculo de fibras penadas. Tem sua origem na 
superfície glútea do ílio, enquanto sua inserção é no trocânter maior do 
fêmur. Suas funções são abdução, flexão e rotação interna do quadril. 
3. Glúteo mínimo: também é um músculo penado. Tem sua origem na asa 
do ílio e sua inserção no trocânter do fêmur. Suas funções são as mesmas 
do glúteo médio, de abdução, flexão e rotação interna do quadril. 
4. Piriforme: É um músculo plano e achatado, com formato piramidal. Fica 
situado entre o músculo glúteo médio e o músculo gêmeo superior. Tem 
sua origem entre os forames anteriores dos 3º e 4º segmentos sacrais, 
quanto sua origem ocorre no trocânter maior. Tem ação de extensão, 
abdução e rotação lateral do quadril; 
5. Obturador interno: é plano e triangular e reveste a maior parte do forame 
obturado. Está situado entre os dois músculos gêmeos e tem sua origem 
no forame obturador e sua inserção na fossa trocantérica. Sua função é 
de extensão, adução e rotação lateral do quadril; 
6. Gêmeo inferior: ele se funde ao tendão do músculo obturador interno, tem 
formato fusiforme e é um pouco achatado. Tem sua origem no túber 
isquiático e sua inserção na fossa trocantérica. Suas ações são extensão, 
adução e rotação lateral do quadril. 
7. Gêmeo superior: é o menor dos gêmeos. Tem sua origem na espinha 
isquiática e sua inserção na fossa trocantérica. Suas ações são extensão, 
adução e rotação lateral do quadril. 
 
 
4 
8. Quadrado femoral: é plano, robusto e quadrilátero. Fica situado na zona 
de transição entre região glútea e coxa. Tem sua origem no túber 
isquiático e sua inserção na crista intertrocantérica do fêmur. Suas ações 
são extensão, adução e rotação lateral do quadril. 
Os músculos da região anterior da pelve são: 
1. Ilíaco: faz parte do músculo iliopsoas. Tem sua origem na fossa ilíaca e 
sua inserção no trocânter menor. É um músculo que também atua nos 
movimentos da coluna vertebral. Sua função no quadril é de flexão e 
estabilização da pelve; 
2. Psoas maior: faz parte do músculo iliopsoas. Tem sua origem nos corpos 
vertebrais de L1 a L4 r nos processos transversos de T12 a L5, e sua 
inserção ocorre no trocânter menor. Percebe-se que o músculo ilíaco e o 
psoas maior têm a mesma inserção, por isso aquele é chamado de 
músculo iliopsoas. Esse músculo também atua nos movimentos da coluna 
vertebral. Sua função no quadril é de flexão e estabilização da pelve; 
3. Psoas menor: tem sua origem na superfície lateral da vértebra T12 e da 
vértebra L1. Sua inserção ocorre na eminência iliopúbica e na linha 
pectínea do púbis. Também tem função nos movimentos da coluna 
vertebral. De forma geral, suas funções são secundárias. Sua função no 
quadril é de flexão e estabilização da pelve. 
TEMA 2 – ESTRUTURA FUNCIONAL DA PELVE 
Os movimentos realizados pela pelve são importantes, devido a esta 
estrutura ligar a coluna vertebral aos membros inferiores. Além disso, a pelve 
confere estabilidade para as articulações dos membros inferiores. 
2.1 Pelve 
Como falado anteriormente, a pelve é formada pelos ossos ílio, ísquio, 
púbis, sacro e cóccix (Kapandji, 2000). A pelve realiza os movimentos de: 
1. Inclinação lateral: é o movimento da pelve tendo como base o 
desnivelamento das cristas ilíacas. O grau de amplitude desse movimento 
não é especificado, uma vez que o caráter funcional desse movimento é 
realizar pequenos ajustes no movimento de flexão lateral da coluna 
 
 
5 
vertebral, da região lombar. Esse movimento acontece no plano frontal e 
no eixo sagital; 
2. Anteroversão: as espinhas ilíacas anterossuperiores da pelve executam 
um movimento nas direções anterior e inferior, ocorrendo uma 
aproximação da face anterior do fêmur à medida que a pelve roda para 
frente em torno do eixo transversal do quadril, gerando a flexão de quadril 
e aumento da extensão lombar (hiperlordose lombar). Esse movimento 
ocorre no plano sagital e no eixo transversal; 
3. Retroversão: as espinhas ilíacas póstero-superiores da pelve se movem 
posteriormente e inferiormente, havendo uma aproximação da face 
posterior do fêmur à medida que a pelve roda para trás em torno do eixo 
transversal das articulações dos quadris, o que resulta em extensão do 
quadril e flexão da coluna lombar (retificação lombar). Esse movimento 
ocorre no plano sagital, no eixo transversal; 
4. Rotação pélvica: a rotação da pelve pode ocorrer lateralmente ou 
medialmente. Quando um membro se projeta para a frente, seja em 
movimentos da marcha, seja em um chute, a pelve realiza uma rotação. 
Se o membro direito se projeta para a frente, ocorre uma rotação para a 
esquerda; por outro lado, se o membro esquerdo se projeta para a frente, 
ocorre uma rotação para a direita. Esse movimento acontece no plano 
transversal e no eixo longitudinal da coluna vertebral, a partir da coluna 
lombar. 
2.2 Assoalho pélvico 
Os músculos do assoalho pélvico são divididos em 3 camadas: superior, 
média e inferior (Sobotta, 2012). 
1. Camada superior: constituída pelos músculoslevantadores do ânus e 
músculo coccígeo. Os músculos levantadores do ânus são divididos em: 
músculo pubovisceral, músculo puboccígeo e músculo ileococcígeo. Eles 
se estendem do púbis ao cóccix e de uma parede lateral da pelve até a 
outra. Esse é o principal grupo muscular do assoalho pélvico e apresenta 
dupla função, sustentação dos órgãos pélvicos e deslocamento 
anterior ou posterior dos órgãos pélvicos, permitindo a abertura ou 
fechamento da uretra, vagina e ânus. O músculo pubococcígeo é o 
 
 
6 
principal vetor de força anterior do assoalho pélvico, responsável pelo 
fechamento da uretra, vagina e ânus e, portanto, parte essencial do 
mecanismo de continência urinária e fecal; 
2. Camada média: composta pelo músculo longitudinal do ânus. Tem 
orientação vertical e sua contração origina o vetor de força inferior que 
contribui tanto para os mecanismos de continência quanto de 
micção/evacuação; 
3. Camada inferior: composta pelos músculos isquiocavernosos, 
bulbocavernosos, transverso superficial, profundo do períneo e esfíncter 
anal externo, com função de ancorar lateralmente a uretra, a vagina e o 
ânus em sua porção mais baixa, promovendo estabilidade a essas 
estruturas. 
Os músculos do assoalho pélvico têm importantes funções: contraem-se 
para manter a continência urinária e fecal e relaxam, permitindo o esvaziamento 
intestinal e vesical. Contribuem para a sustentação dos órgãos pélvicos e, nas 
mulheres, têm uma grande capacidade de distensão para permitir o parto. 
Podem ainda exercer uma tração anterior sobre o cóccix, contribuindo para a 
inclinação posterior da pelve, ou resistir à anteroversão (Figura 1). 
Figura 1 – Região pélvica 
 
Fonte: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock. 
 
 
 
7 
2.2 Quadril 
O quadril é formado pela articulação coxofemoral. O ponto de encontro 
dos ossos ílio, ísquio e púbis da pelve faz-se ao nível do acetábulo, região na 
qual mais se faz sentir o peso suportado pelo quadril, que é a fossa articular que 
recebe a cabeça do fêmur. É uma articulação esferoidal e triaxial, ou seja, 
permite a realização de movimentos nos três planos de movimento (Kapandji, 
2000). 
O quadril consegue realizar os movimentos de: 
1. Flexão: movimento de levar a face anterior da coxa mais próximo do 
tronco. Pode ser realizado com os joelhos flexionados ou estendidos. Este 
movimento acontece no plano sagital e no eixo transversal; 
2. Extensão: movimento de voltar o segmento da coxa que está em flexão 
para a sua posição anatômica. Se o movimento de extensão passar a 
posição anatômica, o movimento passa a ser chamado de hiperextensão. 
Esse movimento ocorre no plano sagital e no eixo transversal; 
3. Abdução: movimento de afastar o membro inferior da linha média do 
corpo. Esse movimento ocorre no plano frontal e no eixo sagital; 
4. Adução: movimento de retornar o membro inferior que está abduzido na 
direção da linha média do corpo. Esse movimento acontece no plano 
frontal e no eixo sagital; 
5. Rotação interna: é o movimento de rotação do membro inferior em direção 
a linha média do corpo. Esse movimento acontece no plano transversal e 
no eixo longitudinal; 
6. Rotação externa: é o movimento de rotação do membro inferior em direção 
contrária da linha média do corpo. Esse movimento acontece no plano 
transversal e no eixo longitudinal. 
TEMA 3 – FUNÇÕES DO HIP-CORE 
Neste tema será discutida a união dos sistemas muscular e esquelético 
da pelve. 
 
 
 
 
8 
3.1 Ligação entre coluna vertebral, pelve e quadril 
 É na pelve que se inserem os membros inferiores, onde se fixam os 
músculos e ligamentos, tanto do tronco, quanto dos membros inferiores. Tem 
papel importante na proteção de órgãos internos, como a bexiga, órgãos 
genitais, reto, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Além disso, auxilia 
na sustentação do tronco. 
 Devido ao fato de músculos e ligamentos do tronco se inserirem na pelve, 
e no papel da pelve de sustentação do tronco, a coluna vertebral está 
intimamente ligada à pelve. Essa ligação ocorre pela articulação sacro-ilíaca, 
que tem pouca mobilidade e ligamentos muito fortes, fazendo com que, quando 
haja um movimento na pelve, ocorra uma resposta na coluna vertebral. Assim 
como, quando a coluna vertebral realiza um movimento ou sofre alguma 
alteração em suas curvaturas, pode ocorrer a modificação do posicionamento da 
pelve. 
A pelve também tem papel importante em relação à articulação do quadril 
e aos movimentos dos membros inferiores. A pelve deve ser orientada para 
posicionar a articulação do quadril em uma posição favorável para o movimento 
dos membros inferiores. A cintura pélvica e a articulação do quadril formam uma 
cadeia cinética fechada. Os movimentos pélvicos combinados com os 
movimentos do quadril contribuem significativamente para manter o equilíbrio e 
a postura em pé. As ações musculares atuam de maneira contínua, por meio de 
ajustes finos assegurando o equilíbrio. 
3.2 Importância do hip-core para o esporte e o exercício 
Durante a realização de um exercício que exija movimentação dos 
membros inferiores, a ação do hip-core ocorrerá. 
Praticantes de exercício físico que apresentam baixa mobilidade da pelve, 
consequentemente, apresentam baixa mobilidade de outras articulações dos 
membros inferiores, pois muitos movimentos dos membros inferiores são 
dependentes da movimentação ou estabilização da pelve. 
Um exemplo de atividade física é a caminhada. A pelve atua na 
transferência de peso entre as pernas enquanto um indivíduo caminha. Além 
disso, a mobilidade da pelve tem relação com o comprimento do passo. No 
entanto, movimentos excessivos da pelve de rotação e de queda da pelve 
 
 
9 
durante a marcha estão relacionados à maior adução e rotação medial do 
quadril, levando também a pronação do complexo tornozelo-pé (Barwick; Smith; 
Chuter, 2012; Tateuchi; Wada; Ichihashi, 2011), podendo levar a lesões. Com o 
intuito de prevenir a movimentação pélvica excessiva quando o fêmur se move 
na articulação do quadril, é necessário que a pelve seja estabilizada pelos 
músculos abdominais, eretores da espinha, multífidos e quadrado lombar. 
O mesmo raciocínio pode ser utilizado com atletas. A mobilidade ideal da 
pelve para levantadores de peso é essencial. Pouca mobilidade na pelve faz com 
que o agachamento não seja completo, ou então que haja retificação da lombar 
e retroversão da pelve, mudando, assim, as curvaturas da coluna, podendo gerar 
uma lesão grave. 
Portanto, o fortalecimento e o alongamento das musculaturas que 
envolvem o hip-core devem ser realizados, tanto em treinamento de praticantes 
de exercício físico, como caminhada e musculação, quanto para atletas de alta 
performance, melhorando assim a performance e evitando lesões. 
TEMA 4 – LESÕES COMUNS NO QUADRIL 
As lesões na pelve e no quadril constituem um pequeno percentual das 
lesões de todo o membro inferior. Esse fato pode ser atribuído às estruturas 
anatômicas do quadril, que são totalmente adaptadas para dissipar as forças 
recebidas na região, devido ao forte apoio dos ligamentos, ao suporte muscular 
e às solidas características estruturais da região. 
Mesmo que a articulação do quadril possa suportar grandes cargas, ela 
pode ser lesionada se ocorrer um desequilíbrio devido a forças maiores do que 
a articulação pode suportar. 
Mais de 60% das lesões no quadril ocorrem no tecido mole. Entre essas 
lesões, a maioria ocorre em esportes de impacto prolongado, como a corrida e 
podem ter associação com diferença de tamanho dos membros inferiores. As 
lesões que ocorrem no tecido mole usualmente são distensão muscular, 
tendinite e bursite. 
A distensão muscular é uma lesão provocada pelo alongamento 
excessivo das fibras musculares. A distensão pode ocorrer quando o quadril é 
colocado em níveis máximos de flexão com extensão de joelho, por exemplo, no 
exercício de corrida com barreiras, ouem flexão de quadril vigorosa, ou quando 
o músculo é usado excentricamente em corridas de velocidade. Também pode 
 
 
10 
ocorrer quando os músculos do quadril não têm muita flexibilidade nem 
condicionamento físico. 
 A tendinite é a inflamação do tendão, a estrutura fibrosa que une o 
músculo ao osso. A mais comum no quadril é a tendinite do glúteo médio, que 
ocorre principalmente em mulheres que praticam corrida, como resultado de uma 
tração excessiva deste músculo durante o exercício da corrida. 
A bursite é a inflamação da bolsa sinovial, uma estrutura cheia de líquido 
que se localiza entre um tendão e a pele ou entre um tendão e o osso, com 
função de amortecimento, auxílio no deslizamento dos tecidos e sua nutrição. A 
mais comum de todas é a bursite no trocânter maior, causada pela hiperadução 
da coxa, quando corredores cruzam as pernas em cada passada, por 
desequilíbrio entre os músculos adutores a abdutores, ou até pela diferença 
entre tamanho dos membros inferiores. O desequilíbrio entre adutores e 
abdutores pode gerar uma inclinação da pelve, o que sobrecarrega o quadril 
lateralmente, podendo gerar uma bursite. 
A síndrome do trato iliotibial ocorre principalmente em bailarinos e 
corredores fundistas. Bailarinos têm muitos movimentos de adução com rotação 
interna do quadril, gerando tensão no trato iliotibial. 
Em relação às lesões ósseas no quadril, elas podem ocorrer quando há 
uma forte contração muscular que cria uma lesão por avulsão. A fratura por 
estresse é mais comum em mulheres, e a fratura por estresse no colo do fêmur 
é uma das mais comuns de ocorrer. Em idosos, a fratura por estresse nos 
trocânteres maior e menor podem ocorrer por forças de tensão, enquanto a 
fratura por estresse no colo do fêmur pode ser causada por necrose vascular, 
em que a irrigação sanguínea fica limitada, ou por deficiência de hormônio, 
fazendo com que a densidade óssea do fêmur reduza. 
 As lesões no quadril podem ser relacionadas pela idade. Em crianças 
pode ocorrer o distúrbio chamado de Legg-Calvé-Perthes, em que a cabeça do 
fêmur se degenera, e a epífise femoral é lesionada. É causada por algum 
traumatismo na região, sinovite, inflamação na cápsula ou diminuição da 
irrigação sanguínea. A prevalência dessa doença é cinco vezes maior nos 
meninos se comparada às meninas. 
 A epifisite com deslizamento da cabeça do fêmur geralmente ocorre no 
início da adolescência, afetando preferencialmente os meninos. A obesidade é 
um fator de risco significativo. Fatores genéticos também contribuem. A 
 
 
11 
etiologia exata é desconhecida, mas provavelmente está relacionada com 
enfraquecimento da epífise, o que pode ser provocado por trauma, alterações 
hormonais ou inflamação ou aumento de sobrecarga pela obesidade. 
 A última lesão do quadril comum na infância é a luxação congênita do 
quadril. No entanto, nesse caso, acomete mais as meninas em comparação 
aos meninos. Ocorre quando o bebê começa a assumir o peso dos membros 
inferiores. Não tem razão aparente, e o bebê não consegue realizar o 
movimento de abdução. É facilmente corrigido com uma bota de abdução. 
 Em relação aos idosos, a lesão de quadril mais comum é a osteoartrite, 
que é um distúrbio da articulação do quadril, resultante da degeneração da 
cartilagem articular e do osso subcondral adjacente, estreitamento do espaço 
articular e crescimento de osteófitos. Gera muita dor e desconforto durante a 
sustentação de peso e a marcha. Para reduzir a dor, o indivíduo muda o padrão 
da postura e o padrão de movimento da marcha. 
TEMA 5 – LESÕES COMUNS NO JOELHO E NO TORNOZELO 
As articulações do joelho e do tornozelo fazem parte dos membros 
inferiores e também ajudam a absorver cargas dos exercícios. Para entender 
melhor as lesões que ocorrem nas articulações do joelho e do tornozelo, é 
necessário descrever brevemente cada articulação e explicar quais são as 
principais funções das articulações. 
5.1 Articulação do joelho 
A articulação do joelho suporta o peso do corpo e transmite forças 
provenientes do solo, relacionadas ao impacto, ao mesmo tempo em que permite 
maior amplitude de movimento entre o fêmur e a tíbia. Essa articulação é mais 
estável quando está na posição estendida, devido ao seu alinhamento vertical e 
ao efeito da gravidade. Já na posição flexionada, a articulação do joelho 
necessita da estabilização dos ligamentos e dos músculos que a circundam. 
A articulação do joelho é formada por três articulações: a tibiofemoral, a 
patelofemoral e a tibiofibular proximal. É na articulação tibiofemoral que estão os 
ossos mais longos e fortes do corpo humano, a tíbia e o fêmur. Entre esses dois 
ossos, há dois meniscos fibrocartilaginosos distintos. Eles atuam aumentando a 
estabilidade da articulação, absorvem os choques, melhoram a lubrificação da 
 
 
12 
articulação e ajudam a limitar o movimento entre o fêmur e a tíbia. Essa 
articulação é apoiada por 4 ligamentos, dois colaterais e dois cruzados. 
O papel da patela na articulação patelofemoral é aumentar a vantagem 
mecânica dos músculos do quadríceps femoral. E em relação à articulação 
tibiofibular, ela dissipa as forças de torção aplicadas pelo movimento do pé. 
A articulação do joelho realiza os movimentos de flexão e extensão e de 
rotação interna e externa. 
5.2 Lesões comuns no joelho 
A articulação do joelho é vulnerável a lesões devido às demandas 
mecânicas impostas a essa estrutura e pela dependência dos tecidos moles para 
apoio. Assim, é uma área frequentemente lesionada no corpo. 
As causas das lesões na articulação do joelho frequentemente estão 
relacionadas ao mau condicionamento ou a um problema de alinhamento do 
membro inferior, joelhos em varo ou valgo, diferenças no comprimento dos 
membros, baixa flexibilidade e desequilíbrios de força entre agonistas e 
antagonistas. Ainda, muitas lesões nessa articulação estão ligadas à prática de 
corrida, uma vez que os joelhos ficam submetidos a uma carga 3 vezes maior 
que o peso corporal em cada contato com o pé. 
As lesões traumáticas do joelho comumente acometem os ligamentos. Os 
ligamentos são lesionados devido à aplicação de uma força de torção nos 
joelhos. Movimentos que fixem o pé no chão enquanto o corpo continua a se 
movimentar causam entorse ou ruptura ligamentar. O ligamento que mais sofre 
lesões é o ligamento cruzado anterior (LCA), devido a uma ação de torção 
enquanto o joelho é flexionado, sendo colocado em rotação medial e uma 
posição em valgo enquanto sustenta o peso. Essa lesão também pode ser 
ocasionada por hiperextensão forçada do joelho. Um exemplo dessa lesão é 
quando um ginasta aterrissa em desequilíbrio. 
O ligamento cruzado posterior (LCP) sofre menos lesões quando 
comparado ao LCA. O LCP sofre lesão quando recebe um golpe anterior ao 
joelho flexionado ou hiperestendido, também em situação de forçar o joelho em 
rotação lateral quando esta articulação está flexionada e suportando peso. Um 
exemplo dessa lesão é a queda sobre o joelho flexionado. 
Os ligamentos colaterais, o tibial (LCT) e o femoral (LCF) são lesionados 
ao receberem uma força aplicada ao lado da articulação. O LCT é lesionado 
 
 
13 
quando uma força é aplicada na direção do lado medial da articulação, 
principalmente se o pé está fixo e o joelho ligeiramente flexionado. O LCF é 
lesionado quando uma força é aplicada na direção do lado lateral da articulação, 
principalmente se o pé está fixo e o joelho ligeiramente flexionado. 
As lesões nos meniscos ocorrem por meio de uma força de compressão 
associada a uma ação de torção em uma posição de sustentação do corpo. 
Também podem se romper durante uma extensão violenta da articulação, como 
em um chute. 
Lesões não relacionadas aos ligamentos e aos meniscos podem incluir 
distensões musculares. As distensões mais comuns ocorrem no quadríceps 
femoral quando é colocado em uma posição de grande alongamento,e nos 
isquiotibiais, que estão associados à pouca flexibilidade nesse grupo muscular, 
ou ao quadríceps femoral mais forte, que traciona os isquiotibiais em uma 
posição de alongamento. 
A síndrome da dor patelofemoral é a dor localizada em torno da patela, 
frequentemente observada em quem tem joelho alinhado em valgo ou 
anteversão femoral do membro inferior. É agravada pela descida de escadas ou 
pelo agachamento. Algumas síndromes da dor patelofemoral estão associadas 
à degeneração da cartilagem. Essa condição é conhecida como condromalácia 
patelar. 
 Outra lesão que pode ocorrer pela degeneração da cartilagem é a 
osteoartrite de joelho. Os meniscos sofrem degeneração, ou então sofreram 
lesões anteriores, assim como lesões em alguns ligamentos podem gerar a 
osteoartrite. 
5.3 Articulação do tornozelo 
O tornozelo exerce uma função primordial na locomoção do ser humano. 
Além de sustentar o peso corporal do indivíduo, deve adaptar-se para absorver 
forças e acomodar-se frente a superfícies irregulares. Com essa quantidade de 
tensão, o tornozelo precisa ter apoio muscular e ligamentar para estabilizar a 
articulação. 
A articulação do tornozelo é composta por duas articulações: a talocrural 
e a talocalcânea. A articulação talocrural é formada pela tíbia e fíbula (articulação 
tibiofibular) e pela tíbia e pelo tálus (articulação tibiotalar). O objetivo dessa 
articulação é dar maior estabilidade, e não maior mobilidade. O tornozelo 
 
 
14 
consegue ficar estável quando as forças são absorvidas pelo membro inferior, 
por exemplo, em um giro ou em muitos movimentos do cotidiano. O tálus é um 
osso mais largo anteriormente do que posteriormente. Essa diferença de largura 
possibilita certa abdução e adução do pé. 
A articulação talocalcânea é formada pelo tálus e pelo calcâneo. O 
calcâneo fornece um braço de momento para o tendão do calcâneo e precisa 
acomodar cargas elevadas de impacto do contato inicial do pé durante a marcha. 
Os ligamentos da articulação do tornozelo dão apoio à articulação nas 
faces medias e laterais. São os ligamentos que limitam os movimentos de flexão 
plantar e dorsiflexão, bem como a inversão e a eversão. Se esses ligamentos 
não estiverem apoiando o suficiente a articulação do tornozelo, ela torna-se 
muito móvel, levando a lesões do tipo entorse. 
Os movimentos que essa articulação é capaz de realizar são flexão 
plantar, dorsiflexão, inversão e eversão e abdução e adução. 
5.4 Lesões comuns no tornozelo 
 As lesões no tornozelo representam grande parte das lesões dos 
membros inferiores. Muitas lesões ocorrem devido ao excesso de treinamento 
ou de uma sessão de treinamento excessiva. Em exercícios como a corrida, o 
tornozelo recebe cargas repetidas vezes, fazendo com que a articulação 
talocrural sofra lesões. 
 Uma das lesões mais comuns no tornozelo é a entorse. O mecanismo de 
lesão é um movimento lateral, anterior, posterior ou de rotação da tíbia, enquanto 
o pé está apoiado firmemente na superfície. As entorses não acontecem apenas 
enquanto praticamos esportes, também acontece quando pisamos em um 
buraco ou perder o equilíbrio usando salto alto. O mecanismo de lesão pode ser 
diferente entre homens e mulheres. Mulheres têm maior probabilidade de 
entorse se possuírem varo tibial mais acentuado e maior amplitude de eversão 
do calcâneo, enquanto homens têm maior probabilidade de entorse de tornozelo 
se apresentarem maior inclinação do tálus. Em atletas, a maioria das entorses 
ocorrem em movimentos de mudança de direção, ou quando um atleta aterrissa 
no pé de outro atleta. 
 A entorse pode gerar lesões nos ligamentos. Quando ocorre a entrose 
com o pé em flexão plantar e inversão, pode ocorrer a lesão do ligamento lateral 
 
 
15 
talofibular. Se houver maior inversão do pé, o ligamento calcaneofibular será o 
próximo ligamento suscetível a lesão. 
 Outras lesões nos tecidos moles estão associadas ao uso excessivo ou 
ao mau alinhamento funcional. A síndrome tibial medial, também conhecida 
como canelite, acarreta dor acima do maléolo medial. Pode ser uma tendinite do 
tendão tibial posterior, como pode ser uma periosteíte, em que a inserção do 
tibial posterior exerce tração na membrana interóssea e no periósteo do osso, 
causando uma inflamação. 
 Outra lesão comum é a lesão do tendão do calcâneo, que pode levar a 
dores na panturrilha, no calcanhar e na parte lateral e medial do tornozelo. A 
distensão desse tendão ocorre quando inúmeras contrações vigorosas do 
músculo gastrocnêmio acontecem. O tendão do calcâneo também pode ser 
lesionado quando há perda de absorção de impacto pelo calcâneo. Isso gera um 
choque maior no contato do calcâneo durante a marcha, que é compensado por 
um aumento na atividade do músculo sóleo. Ainda, esse tendão pode sofrer 
ruptura em decorrência de uma contração muscular vigorosa. 
NA PRÁTICA 
Uma praticante de corrida de rua tem reclamado de dores no quadril logo 
após o término da corrida. Você, professor de educação física, a orienta a ir ao 
médico. Quando o resultado do exame sai, fica comprovado que a praticante 
está com fratura por estresse no quadril. Após sessar o treinamento, e após o 
período de recuperação, como prescrever o treinamento de musculação para 
fortalecimento do quadril? 
FINALIZANDO 
 O hip-core é a estrutura da pelve e do quadril que dá sustentação para a 
coluna vertebral, liga a coluna vertebral aos membros inferiores e é importante 
na mobilidade dos membros inferiores. A função do hip-core também está 
relacionada à sustentação dos órgãos pélvicos, além de manter a continência 
urinária e fecal. Estes, quando relaxam, permitem o esvaziamento intestinal e 
vesical. 
 O hip-core é a região que mais absorve cargas de forças internas e 
externas. Sua estrutura é rígida e muito forte. O seu fortalecimento e 
 
 
16 
alongamento são importantes, pois os músculos dessa região precisam receber 
as cargas e dissipá-las de maneira correta. Além disso, se os músculos do hip-
core estiverem fracos e encurtado, movimentos indesejados da pelve e do 
quadril podem ocorrer, gerando padrões de movimentos deficiente. 
 Como o hip-core tem papel importante na mobilidade dos membros 
inferiores, também é necessário saber os mecanismos de lesão tanto do quadril, 
quanto do joelho e do tornozelo. As lesões mais comuns dessas articulações são 
distensões, tendinites, bursites, lesões nos ligamentos e fratura por estresse. 
 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BARWICK, A.; SMITH, J.; CHUTER, V. The relationship between foot motion and 
lumbopelvic-hip function: a review of the literature. Foot (Edinb), v. 22, n. 3, p. 
224-231, 2012. 
HAMIL, J.; KNUTZEN, K. M.; DERRICK, T. R. Bases biomecânicas do 
movimento humano. 4. ed. Barueri/SP: Manole, 2016. 
KAPANDJI, I. A. Fisiologia articular. Barueri/SP, Manole, 2000. 
SOBOTTA, J. et al. Sobotta atlas de anatomia humana. 23. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2012. 
TATEUCHI, H.; WADA, O.; ICHIHASHI, N. Effects of calcaneal eversion on 
threedimensional kinematics of the hip, pelvis and thorax in unilateral weight 
bearing. Human Movement Science, v. 30, n. 3, p. 566–573, 2011.

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