Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Elementos de Máquinas Prof. MSc. Francisco de Assis Toti Prof. MSc. Luiz Alberto Bálsamo Fevereiro de 2011 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Objetivo Este material didático objetiva apresentar os principais elementos de máquinas, quanto a sua aplicação (posicionamento, fixação e funcionalidade) em conjuntos mecânicos. Para isso, é necessário o desenho técnico mecânico para a sua interpretação. Introdução Um elemento mecânico pode ser componente de um subconjunto ou conjunto estático ou dinâmico de uma determinada máquina, sendo dimensionado e selecionado de acordo com os critérios da resistência dos materiais. Assim sendo, estudaremos: - os elementos de uniões desmontáveis e não desmontáveis; - os elementos aplicados nas transmissões de potência (engrenagens, polias, correias, chavetas, acoplamento); - mancais de rolamento e deslizamento; - Lubrificação e vedação Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos 1 – Elementos de uniões 1.1 Uniões desmontáveis Quando ocorre a desmontagem dos elementos de fixação que unem partes e não apresentam nenhuma avaria e podem ser reaproveitados na nova montagem. Cabe ressaltar que, em algumas montagens, por questão de critério de projeto (atingiram a fase elásto-plástica) os elementos podem ser substituídos por novos. Ex: parafusos, arruelas, porcas, chavetas, pinos, grampos. Os Parafusos, porcas e arruelas são de suma importância na união e fixação dos mais diversos elementos de máquina. A especificação completa de um parafuso e sua porca englobam o material, tratamento térmico, dimensionamento, tolerâncias, afastamentos e acabamento. - Parafusos As principais vantagens dos parafusos são o baixo custo e a facilidade de montagem e desmontagem. É formado por um corpo cilíndrico roscado e por uma cabeça que pode ser hexagonal, sextavada, quadrada ou redonda. Em geral, os parafusos são fabricados em aço de baixo e médio teor de carbono, entretanto, dependendo da aplicação utilizam-se os aços (de alta resistência à tração, aço-liga, inoxidável), latão dentre outros. Em alguns casos, os parafusos são protegidos contra a corrosão por meio de galvanização ou cromagem. O processo de sua fabricação pode ser por usinagem ou forjamento. A figura 01 mostra o desenho (modelo 3D) do parafuso com cabeça sextavada. Figura 01 – Parafuso sextavado (modelo 3D) Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos A figura 02 mostra o desenho 2D do parafuso com cabeça sextavada com representação simplificada da rosca. Figura 02 – Parafuso sextavado (desenho 2D). A tabela 1 mostra informações técnicas para uso orientativo da classe de resistência dos parafusos da série métrica e em polegada, conforme normas. Tabela 1- Classe de resistência de parafusos. A tabela 2 mostra informações técnicas para uso orientativo da classe de resistência das porcas da série métrica, conforme norma. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Tabela 2 - Classe de resistência de porcas. - GEOMETRIIA DE ROSCAS Os elementos principais que definem uma rosca cilíndrica e devem ajustar entre si são: - diâmetro maior (externo) d, D - diâmetro do menor (mínimo) d1, D1 - diâmetro de flancos d2, D2 - passo p - ângulo da rosca Obs: letras minúsculas para o parafuso, maiúsculas para a porca. Figura 3 – Representação de união parafuso e porca. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos A figura 4 mostra o perfil básico para a maior parte das roscas comuns. Figura 4 – Representação do perfil básico de rosca. Obs: A crista e a raiz da rosca podem ser arredondadas para evitar concentração de tensões. A figura 5 mostra os tipos de roscas mais usuais Figura 5 - Tipos de roscas mais usuais. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos A seguir algumas observações sobre roscas: - Os termos grossa e fina não têm relação com acabamento superficial ou qualidade. São padrões para os passos. Roscas grossas são usadas na maioria dos casos práticos. - Na cotagem de roscas para elementos de fixação, a primeira indicação deve ser sobre o perfil do filete da rosca, como segue: -Triangular métrica M - Whitworth W - Whitworth Gás WG - Unificada grossa UNC - Unificada fina UNF - Unificada extra-fina UNEF M2 - rosca triangular métrica de diâmetro 2mm, (passo normal) W1/2” - rosca Whitworth de diâmetro 1/2”, de passo normal (12 fios/polegada) UNC 1/2” - rosca unificada grossa de diâmetro 1/2”, de passo normal (13 fios/polegada). - O sentido de enrolamento da hélice só deve ser indicado quando a rosca for esquerda (símbolo LH de Left Hand) Exemplo : M12x5,25 LH - rosca esquerda M12 - rosca direita M12 LH - rosca esquerda M12x1 - rosca direita A tabela 3 mostra as principais dimensões do parafuso sextavado com rosca até a cabeça. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Tabela 3 – Dimensões principais do parafuso sextavado com rosca próxima a cabeça – DIN 933. d B S E (2.d) L M4 2,8 7 - M5 3,5 8 - M6 4 10 - M8 5,3 13 - M10 6,4 17 - M12 7,5 19 - M14 8,8 22 - M16 10 24 - M20 12,5 30 - 8 35,50 59,25 10 39,00 50,40 57,55 12 43,25 53,90 60,20 115,95 16 49,50 58,90 67,15 130,10 240,30 20 56,75 65,40 74,15 144,25 261,80 529,40 25 67,75 75,50 84,15 163,85 293,65 430,10 30 76,25 84,70 93,70 185,15 321,75 473,75 692,30 925,80 35 85,25 92,55 103,45 207,75 352,90 501,20 751,05 1.003,65 40 93,25 101,05 114,50 221,95 383,15 559,60 823,30 1.088,502.697,80 45 125,75 240,20 413,25 591,20 883,20 1.173,95 50 110,50 124,65 135,25 256,30 440,00 648,80 929,10 1.240,05 3.062,50 55 146,15 277,90 474,45 676,10 991,70 1.328,80 60 180,39 157,40 296,45 502,75 707,40 1.049,40 1.413,35 3.427,73 65 236,95 314,90 535,25 772,35 1.130,88 1.485,25 70 253,93 344,75 563,40 816,35 1.158,35 1.565,10 3.755,50 75 267,40 356,25 594,15 858,65 1.292,50 1.687,50 80 282,80 375,55 625,80 907,80 1.292,55 1.717,95 4.146,98 90 425,60 682,30 990,65 1.412,20 1.878,00 4.513,25 100 450,35 745,70 1.063,90 1.532,25 2.047,65 4.879,00 120 1.063,25 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos - Porcas São utilizadas para dar aperto nas uniões de peças ou, em alguns casos, para auxiliar na regulagem. A figura 6 mostra vários tipos de porcas sextavadas e a tabela 4 mostra as principais dimensões da porca sextavada comum. Figura 6 - Tipos de porcas sextavadas. Tabela 4 – Dimensões principais da porca sextavada comum – DIN 934. PASSO m S e (2.d1) M2,5 MA-0,45 2,0 5,0 - M3 MA-0,50 2,4 5,5 - M4 MA-0,70 3,2 7,0 - M5 MA-0,80 4,0 8,0 - M6 MA-1,00 5,0 10 - M8 MA-1,25 6,5 13 - M10 MA-1,50 8,0 17 - M12 MA-1,75 10 19 M14 MA-2,00 12 21 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos - Arruelas São utilizadas em montagens para proteção da superfície das peças e evitar deformações nas superfícies em contato. A figura 7 mostra arruelas planas de várias dimensões e a tabela 5 mostra as dimensões principais conforme norma DIN 125. Figura 7- Arruelas planas de várias dimensões. Tabela 5 – Dimensões principais da arruela plana – DIN 125. Ø d1 d2 S M3 3,2 7 0.5 M4 4,3 9 0.8 M5 5,3 10 1,0 M6 6,4 12 1,6 M8 8,4 16 1,6 M10 10,5 20 2,0 M12 13 24 2,5 M14 15 28 2,5 M16 17 30 3,0 M20 21 37 3,0 M24 25 44 4,0 M30 31 56 4,0 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Abaixo estão as normas de parafusos, porcas, arruela e roscas mais usuais nas uniões desmontáveis. ABNT NBR 5876/1988 - Roscas – Terminologia ABNT NBR 9527/1986 – Rosca Métrica ISO – Procedimento ABNT CB 206/1991 – Tipos e Aplicações ASME B1.5: 1997 – Roscas ACME ASME B1.1: 1989 – Roscas Unificadas British Standard 93: 1951 – Roscas B.A. British Standard 84: 1956 – Roscas B.S.W. e B.S.F. DIN ISO 228-1: 1994 – Roscas G DIN 11 _ Rosca Whitworth DIN 13 _ Roscas métricas DIN 74 _ Furos escareados, rebaixados para parafusos DIN 76 _ Saídas de roscas externa e interna DIN 78 _ Pontos sobressalentes dos parafusos DIN 84 _ Parafuso cabeça cilíndrica com fenda DIN 103 – Roscas Trapezoidais DIN 125 - Arruela plana DIN 126 _ Arruela plana bruta DIN 127 _ Arruela de pressão DIN 137 _ Arruela ondulada DIN 259 _ Rosca Whitworth para tubos DIN ISO 273 - Furo de passagem para parafuso DIN 336 _ Diâmetro de broca para furo roscado DIN 433 _ Arruela plana para parafuso Allen e cabeça redonda DIN 439 _ Porca sextavada baixa (contra-porca) DIN 912 _ Parafuso Allen DIN 914 _ Parafuso Allen sem cabeça DIN 929 _ Porca sextavada para soldar DIN 931 _ Parafuso sextavado comum DIN 933 _ Parafuso sextavado rosca próxima DIN 934 _ Porca sextava comum DIN 938 _ Prisioneiro para aço DIN 939 _ Prisioneiro para ferro fundido (fofo) DIN 963 _ Parafuso cabeça escareada com fenda DIN 964 _ Parafuso cabeça oval com fenda DIN 965 _ Parafuso cabeça escareada com fenda em cruz DIN 980 _ Porca auto-atarraxante Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos - Seleção do L e do diâmetro (dc) do parafuso. Para a seleção do L (comprimento) do parafuso, bem como, o seu d diâmetro aproximado, é necessário considerar as partes que serão unidas e as forças atuantes. Como exemplo, consideraremos a união desmontável de duas chapas com furos passantes, fixadas pelo parafuso e porca sextavada, conforme mostra a figura 8. Figura 8 – união desmontável de duas chapas. Primeiramente será selecionado o comprimento L do parafuso, conforme mostra a figura 9. L d e a p e rt o L C h . 0 1 C h . 0 2 Figura 9 – união desmontável de duas chapas em corte. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Especificação: Parafuso sextavado M6x30 DIN 931-5,6 Porca sextavada M6 DIN 934 Arruela 6,4 DIN 125 Para determinar o diâmetro aproximado do parafuso, será utilizada uma sequência de processo, conforme descrito abaixo: - quando ocorre o aperto, o corpo do parafuso situado entre a cabeça e o primeiro fio de rosca (porca), sofre um estiramento, ou seja, está submetido a uma força de tração, conforme mostra a figura 10a. - as chapas que estão sendo fixadas e a arruela, sofrem uma força de compressão, conforme mostra a figura 10b. Para esse exemplo, foi considerado que o material das chapas é o aço SAE 1020. L d e a p e rt o F a p . F c o m p . (a) (b) Figura 10 – Força atuante de tração (a). Força atuante de compressão (b). Obs: neste exemplo, a força também será considerada como estática e concêntrica, não sendo necessária a aplicação de fator, em função do modo de atuação da força nas chapas, bem como, não será analisado o efeito da fadiga. - para analisar o gráfico de força versus deformação do parafuso e das chapas ligadas em função do tempo, conforme mostra a figura 11, é importante definir plasticidade e elasticidade. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos F ap. Deformação F o rç a Figura 11- Forças versus deformação do parafuso e elementos ligados em função do tempo. Em geral, os materiais, dependendo do campo de tensões aplicadas, podem apresentar comportamento elástico e/ou plástico. De acordo com Meguid [4], a plasticidade pode ser descrita como sendo o comportamento de corpos sólidos que se deformam permanentemente sob a ação de cargas externas. A elasticidade pode ser descrita como o comportamento reversível dos sólidos, que retorna à sua forma original imediatamente quando as cargas externas são removidas. Com isto, pode-se dizer que a tensão que separa o comportamento elástico do plástico do material é o seu limite de escoamento [5]. A figura 12 mostra esquematicamente o limite de escoamento convencional na curva tensão-deformação de engenharia de uma liga metálica. Figura12 - Curva tensão-deformação de engenharia [6]. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos - como já foi definido o tipo de união, e a força máxima de projeto que o parafuso deverá suportar é Fmax = 12500 N, seleciona-se o dc, a classe de resistência do parafuso e o Sp, utilizando a tabela 6. Tabela 6 - Classe de resistência para parafusos de aço para vários tamanhos de parafusos. - em seguida, seleciona-se a área resistente At do parafuso métrico, conforme mostra a tabela 7. Tabela 7 - Dimensões e áreas resistentes para parafusos métricos. Metric grade Crest diameter, dc, mm Ultimate tensile strength, Sut, MPa Yield strength, Sy, MPa Proof strength, Sp, MPa 4.6 4.8 5.8 8.8 9.8 10.9 12.9 M5-M36 M1.6-M16 M5-M24 M17-M36 M1.6-M16 M6-M36 M1.6-M36 400 420 520 830 900 1040 1220 240 340a 415a 660 720a 940 1100 225 310 380 600 650 830 970 aYield strength approximate and not included in standard. Coarse Threads (MC) Fine Threads (MF) Crest diameter, dc, mm Pitch, p, mm Tensile stress area, At, mm 2 Pitch, p, mm Tensile stress area, At, mm 2 1 1.6 2 2.5 3 4 5 6 8 10 12 16 20 24 30 36 42 48 0.25 0.35 0.4 0.45 0.5 0.7 0.8 1 1.25 1.5 1.75 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0.460 1.27 2.07 3.39 5.03 8.78 14.2 20.1 36.6 58.0 84.3 157 245 353 561 817 1121 1473 - 0.20 .25 .35 .35 .5 .5 .75 1 1.25 1.25 1.5 1.5 2 2 3 - - - 1.57 2.45 3.70 5.61 9.79 16.1 22 39.2 61.2 92.1 167 272 384 621 865 - - Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos - calcula-se a força de aperto em função do Sp e At ,conforme descrito abaixo. FAP = Sp . At - para uniões desmontáveis Fmax = 0,75 . FAP Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos 1.2 Uniões não desmontáveis Das uniões não desmontáveis tem-se como exemplos: -Rebite Quando a força atua praticamente na seção, ou seja, ela não provoca nenhum momento na seção, é considerado somente o cisalhamento simples, conforme mostra a figura 13, onde três chapas foram unidas pelo processo de rebitagem. τ= Força Área Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos F F/2 F/2 Figura 23 - Chapas unidas pelo processo de rebitagem. -Soldagem Uma solda é fabricada pela união de metais em várias formas. O critério para a escolha de um procedimento de soldagem deve incluir a necessidade de estabelecer o balanço ótimo entre o custo de realização, a qualidade do depósito e a segurança dos operadores (Wainer et al, 1992). Para os elementos de máquinas mais comuns a maioria das soldas são filetes. A figura 14 mostra as chapas unidas pelo processo de soldagem num filete transversal F F/2 F/2 L hh 34 - Chapas unidas pelo processo de soldagem num filete transversal. Esta tensão pode ser dividida em dois componentes, a tensão de cisalhamento e a tensão normal x. Onde: Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos A = h. L. cos45° = h . L . 0,707 L (comprimento da solda) x = F/A = F / h . L . 0,707 = x = F/ h . L . 0,707 = F / 0.707 . h. L (considerando 01 filete) A figura 15 mostra as chapas unidas pelo processo de soldagem numa típica junta de topo. FF h L Figura 45 - Chapas unidas pelo processo de soldagem numa típica junta de topo. Onde: = F / h . L Figura 56 - Direções principais da placa forjada, mostrando a orientações dos corpos de prova segundo as orientações de carregamento e propagação de trinca [07]. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos 67 - Montagem tridimensional das principais direções metalográficas L, S, T, da liga de alumínio 7475 T7351. [08]. Figura 78 -.Detalhe de chapa soldada. Figura 18 – Macrografia da solda feita com eletrodo tubular e fluxo SFA/AW A5.17F6A4-EL12 [09]. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos (a) (b) Figura 19 – Interior da Estação da Luz na cidade de São Paulo (a). Detalhe da estrutura em aço rebitada (b). Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Exercício: Para a junta rebitada abaixo determinar o diâmetro do rebite DR, sabendo que: - adm do material da chapa é superior ao do material do rebite - adm do material do rebite é 15 kgf/mm 2. - h = 6,36 mm; L = 60 mm; F = 1500 kgf ; - N = no de rebites = 4 ; df = diâmetro do furo Força ≤ σadm (L . h ) – (N . h . df) L h * F F Figura 20 – Junta rebitada. Figura 21 – ilustração de uma chapa com furos. h Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos A determinação de tensões é um importante passo para o desenvolvimento de um determinado produto, tendo como objetivo prever o seu comportamento sob condições de cargas específicas. Sendo assim é necessário saber como o material empregado vai atuar sob as condições de carregamento, seja na tração, compressão, flexão, cisalhamento ou torção. Para cada tipo de material, isto pode ser determinado através de uma série de ensaios específicos a cada tipo de solicitação, de onde obtemos dados importantes como tensões de escoamento e ruptura. Tensão Admissível adm No projeto de um elemento de máquina, deve-se considerar que, em condições normais de operação/trabalho, o carregamento seja menor que o valor que o material possa suportar. A tensão admissível, nada mais é do que uma tensão abaixo da tensão de proporcionalidade, sendo a máxima tensão a ser aplicada em condições normais de trabalho. Assim, caso haja um carregamento além donormal, não será atingida a tensão de proporcionalidade. - Eixos-árvores O termo eixo usualmente se refere a um componente rotativo, relativamente longo de seção transversal circular que gira e transmite potência. Sobre ele estão montados elementos tais como rodas dentadas, polias, cames, rolamentos, entre outros, e são usualmente conectados por meio de pinos, chavetas, anéis e outros dispositivos. Um eixo não necessariamente tem uma seção circular e também, não necessariamente gira. Ele pode ser estacionário e servir de suporte para elementos girantes. Surge daí, dois termos comumente utilizados: eixos e árvores, cuja diferença encontra-se essencialmente no tipo de carregamento a que estão sujeitos. Uma árvore é um elemento rotativo ou estacionário, geralmente de seção circular, que tem montados sobre si elementos para a transmissão de potência. As árvores podem estar submetidas a esforços de flexão, torção, tração ou compressão axial, atuando isoladamente ou em conjunto [13]. Quando esses esforços atuam de maneira combinada deve-se considerar a resistência a fadiga e as cargas estáticas como fatores importantes no projeto já que, a árvore poderá estar submetida a tensões estáticas, a tensões completamente reversíveis e a tensões repetidas, todas atuando simultaneamente. Um eixo, por sua vez, é um elemento rotativo ou estacionário não sujeito a carga de torção. A figura 22 mostra exemplos esquemáticos de eixos e árvores. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 22 – Exemplos de eixos e árvores [13]. A verificação à rigidez contempla em geral, dois aspectos: - rigidez à torção – aos ângulos de torção são limitados a certos valores estabelecidos empiricamente. - rigidez à flexão - as flechas são limitadas a certos valores máximos que condicionam o bom funcionamento dos elementos montados sobre eles. Para o cálculo de eixo-árvore à rigidez à torção deve-se considerar: Mt = 716200 . (N / n) [kgf.mm] Ou Mt = 7026 . (N / n) [N.m] Onde; N: potência transmitida [cv] n: rotação [rpm] Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Um eixo pode ter sua seção constante ao longo do seu comprimento (L), ou pode apresentar duas ou mais seções diferentes ao longo do seu comprimento (L), ao qual, denominasse eixo escalonado. A figura 23 mostra um eixo de seção constante e um eixo com seções diferentes (escalonado). (a) (b) Figura 23 – Eixo de seção constante (a). Eixo escalonado (b). A união de um eixo com um cubo pode ser, por exemplo, desmontável (encaixada ou por atrito) ou não desmontável (soldagem). Das uniões desmontáveis, destacam-se as chavetas que são usualmente utilizadas com as seguintes geometrias: - paralela; inclinada; cônica, meia lua e tangencial. As chavetas paralelas podem ser fabricadas dos tipos A e B, conforme mostra a figura 24. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos (a) (b) Figura 24 – Chaveta paralela do tipo A (a). Chaveta paralela do tipo B (b). Para o seu dimensionamento deve-se levar em consideração: - os esforços atuantes (esmagamento e cisalhamento); - o diâmetro do eixo; - materiais (da chaveta, do eixo e do cubo). Fatores de segurança (FS) depende do tipo de carregamento. FS = 2 para carregamento uniforme; FS = 3 para carregamento Intermitente; FS = 6 para carregamento reverso ou com choques. Suas dimensões são normalizadas conforme a norma DIN 6885, onde: - L = comprimento *; - b = largura da chaveta; - h = altura da chaveta; - t1 = ranhura no eixo; - t2 = ranhura no cubo; As figuras 25 e 26 mostram as ranhuras no eixo para as chavetas do tipo A e B respectivamente Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 25 – Eixo escalonado com ranhura para a chaveta do tipo A. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 26 – Eixo escalonado com ranhura para a chaveta do tipo B. A figura 27 mostra a ranhura no cubo de uma chaveta de uma engrenagem de dentes retos. As Figuras 28 e 29 mostram a montagem em 3D e a vista explodida, respectivamente da união eixo-cubo através de uma chaveta paralela. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 27 – Ranhura no cubo de uma chaveta de uma engrenagem de dentes retos. Figura 28 – Montagem em 3D da união eixo-cubo Figura 29 – Vista explodida da união eixo-cubo. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos - Dimensionamento da chaveta paralela: Por esmagamento, Por cisalhamento, Figura 30 – Tabela com dimensões padronizadas para chavetas paralelas - DIN 6885. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos ENGRENAGENS: Conceitos e aplicações Engrenagens são elementos de máquinas utilizados para transmissão de potência entre os eixos e eixo-árvore que podem ser paralelos, concorrentes ou reversos. Suportam grandes esforços, servindo também para a variação de velocidades desde valores mínimos até máximos. Quanto à sua forma (geometria externa) podem ser cilíndricas e cônicas e a forma dos dentes podem ser retos ou helicoidais. Figura 31- Engrenagem cilíndrica de dentes retos (modelo 3D gerado pela evolvente - Toti, 2008). Figura 32 – Detalhe do sistema de engrenamento de pinhão e coroa com engrenagens cônicas junto com engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais.(Feira da Mecânica 2006 – Stand da Aubert) Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 33 – Redutor de Velocidades de eixo com rosca sem fim e coroa – eixos concorrentes. (fonte: Guia de Produto Transmotécnica). Figura 34 – Protótipo real do eixo sem-fim de quatro entradas. Figura 35 – Pinhão e coroa hipoidais com dentes curvos e eixos reversos. Apostila de Elementos de MáquinasProcessos Metalúrgicos Relação de Transmissão Na transmissão por engrenamento o movimento de um par de engrenagens (motora e movida), a primeira recebe esse nome, pois é ela que realiza o movimento, isto é, a ação, e a segunda é conduzida por ela. Nesse caso, a relação de transmissão é definida pela relação entre os diâmetros das engrenagens que compõe o sistema. Em um sistema de engrenamento é dado o nome de pinhão a engrenagem com o diâmetro menor e a engrenagem com o diâmetro maior é chamada de coroa. Assim, tem-se a relação de transmissão: i = diâmetro da roda maior / diâmetro da roda menor ou, i = roda de rotação maior / roda de rotação menor A letra Z é tradicionalmente usada para indicar o nº de dentes das engrenagens. Figura 36 – Geometria dos dentes da engrenagem. Onde: De = diâmetro externo Di = diâmetro interno Dp = diâmetro primitivo da = diâmetro do alívio dc = diâmetro do cubo de = diâmetro do eixo a = espessura da alma p = passo Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos v = vão do dente e = espessura do dente ha = altura da cabeça (adendo) hd = altura do pé (dedendo) L = largura do dentado Lc = largura do cubo Desenvolvendo a engrenagem pelo diâmetro primitivo, tem-se: da = de – 2(2,25m + a) dc = 1,6de + 2t2 Tabela 8 – Módulos padronizados conforme Norma DIN Obs: O número de dentes num par de engrenagens é distinto para cada engrenagem, sendo assim, necessário calcular o módulo para cada quantia de dentes e seu respectivo fator “q” e interpolar os resultados se aproximando de um módulo normalizado que atenda ambas as engrenagens. Módulos Normalizados – DIN 780 0,3 [0,35] 0,4 [0,45] 0,5 [0,55] 0,6 [0,65] 0,7 0,8 0,9 1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5 2,75 3 3,25 3,5 3,75 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 18 20 22 24 27 30 33 36 39 42 45 50 55 60 65 70 75 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Cálculo do Módulo Para a fabricação de uma engrenagem deve se determinar, dentre outros cálculos, o valor do Módulo (m), que é o espaço entre os dentes no Sistema Internacional (SI), sendo as unidades calculadas em milímetros. No sistema USCS (United States Customary System), a proximidade entre os dentes é medida por uma quantidade chamada de passo diametral ou diametral pitch (Pd )*. O módulo e o “diametral pitch” são dimensões que não são diretamente medidas numa engrenagem. Eles são utilizados como valores de referência para cálculos de outras dimensões das engrenagens que, por sua vez, são mensuráveis. Em alguns casos o módulo é obtido através da relação (Dp / Z), onde Dp é o diâmetro primitivo da engrenagem (ou seja, o diâmetro de contato entre os dentes de duas engrenagens) e Z é o número de dentes. Contudo, essa relação se emprega no caso de um diâmetro já definido. Caso contrário esse módulo, deve ser determinado através de outros fatores, como o do critério de cisalhamento no pé do dente da engrenagem, que é dado por: Onde; Mt: Momento torçor [kgf . mm] q: Fator de correção de engrenamento σadm: Tensão admissível do material da engrenagem [kgf/mm²] Z: Número de dentes da engrenagem B: Largura da engrenagem [mm] O fator de correção “q” depende do tipo de engrenamento e do número de dentes da engrenagem e deve ser adotado, conforme mostrado na Tabela 6 Tabela 9 – Fator de correção para engrenamento externo e interno Fator de Correção (q) para Engrenamento Externo Z (nº de Dentes) 12 13 15 17 20 30 40 50 >60 q 4,5 4,3 3,9 3,6 3,3 3,1 2,9 2,7 2,6 3 5 . Mt . q σadm . Z . B m = Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Esse fator é levado em conta também para a análise de resistência da engrenagem. O esforço que ocorre no engrenamento causa no dente da engrenagem forças cortante e normal, tal que o material escolhido para a fabricação da engrenagem deve ter uma tensão admissível que atenda a solicitação. Obs: não consideramos neste estudo o modo de falha de engrenagem por fadiga de contato (“pitting”). * este nome é mantido em inglês na literatura por tratar-se de medida inglesa, refere-se à variável determinante de dentes por polegada do diâmetro primitivo. Corresponde ao módulo do sistema métrico. Além da tensão admissível, é levada em consideração a dureza do material, pois na análise do desgaste do flanco do dente, a dureza é um fator de grande importância. A Tabela 10 mostra a relação de dureza e tensão admissível entre alguns materiais e alguns tratamentos térmicos usuais na fabricação de engrenagens. Tabela 10 – Relação entre dureza e σ adm de materiais para construção de engrenagens. Fator de Correção (q) para Engrenamento Interno Z (nº de Dentes) 20 30 40 50 100 >200 q 1,7 1,9 2 2,1 2,3 2,4 Material Tratamento Térmico σ adm (kgf / mm²) HB (kgf / mm²) SAE 1020 B.L 21 SAE 1045 Normalizado 13 170 SAE 1045 Temperado Total 15 250 SAE 1045 Temperado Superficial 13 170 – 450 SAE 4340 Temperado Total 25 300 SAE 4340 Temperado Superficial 18 170 – 450 SAE 8620 Cementado 15 600 SAE 8640 Temperado Total 20 350 SAE 8640 Temperado Superficial 14 170 – 500 FoFo - 4 150 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Danos ocorrentes nos dentes de engrenagem O formato dos dentes de uma engrenagem é definido matematicamente e usinado com precisão, de acordo com Normas padronizadas possuem inúmeras fórmulas que permitem calcular, ou melhor, estimar quais são os esforços que uma determinada engrenagem sofre em uma dada condição de operação. Com isto é possível dimensionar as engrenagens para suportarem as cargas de operação. Entretanto, esforços calculados não são necessariamente esforços reais [05]. Dudley sugere que a melhor maneira de se descobrir o quanto de carregamento que uma engrenagem pode suportar é construindo e testando um protótipo da mesma. As figuras 37 e 38 mostram dois protótipos de uma engrenagem sendo construída pelos métodos de adição e remoção de material respectivamente [06], os quais serão abordados mais adiante. Figura 37 – Construção pelo método de deposição de material fundido - Fused Deposition Modeling (FDM). Figura 38 – Construção pelo método de remoção de material. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Vários são os fatores que influenciam na durabilidade das engrenagens, os mais compreensíveis são aqueles relacionados ao tipo de material e à macro-geometria das engrenagens, composta pelosseguintes valores: distância entre centros, ângulo de pressão, largura dos dentes e ângulo de hélice (para o caso de engrenagens helicoidais), entre outros. Contudo, alguns outros fatores, tais como, concentradores de tensões (raio de arredondamento na raiz do dente), tensões residuais associadas ao processo de fabricação e o acabamento superficial do dente, influenciam na durabilidade de uma engrenagem, porém seu efeito é mais difícil ser estimado teoricamente. O desalinhamento entre dois dentes em contato ocasiona uma distribuição de carregamentos não uniforme o que também influencia na durabilidade dos dentados [05]. Para dentes de engrenagens de dentes retos o valor do ângulo de pressão comumente utilizado é o de 20°, pois apresenta um bom compromisso em termos de capacidade de carga e transmissão de potência de maneira suave e silenciosa. Além disso, o ângulo de pressão de 20° permite a construção de engrenagens com um número reduzido de dentes evitando problemas como o “undercutting”, problemas estes mais freqüentes com ângulos de pressão menores [07]. Alguns efeitos de se aumentar o valor do ângulo de pressão são abordados a seguir [08]: • O número limite de dentes necessários para se evitar o “undercutting”é reduzido. • A forma do dente torna-se mais pontuda. • O flanco do dente torna-se mais curvo. • A velocidade relativa de escorregamento é reduzida. • O grau de recobrimento é reduzido*; • A capacidade de carga do dente aumenta. Para evitar concentrações de tensões na raiz do dente o raio mínimo do perfil básico deve ser de 0,209/Pd e 0,235/Pd para engrenagens com ângulos de pressão (θ) de 14,5º e 20º respectivamente [09]. * O grau de recobrimento, ou o número de dentes em contato, é o quociente do arco de ação dividido pelo arco entre sucessivos dentes de engrenagem. O grau de recobrimento é um outro fator importante para o projeto de engrenagens. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Existem três maneiras genéricas segundo as quais um elemento de máquina, pode deixar de cumprir as funções para as quais foi projetado: - Deformação plástica excessiva - Escoamento ou deformação plástica excessiva - Fratura Para executar um bom projeto é importante ter-se conhecimento dos tipos mais comuns de falhas possíveis de ocorrer, porque é sempre necessário relacionar as cargas e dimensões do componente com alguns parâmetros de significância para o material, que limita a capacidade do componente para suportar uma carga [10]. A seguir alguns exemplos de fratura em engrenagens: Danos por ruptura: Ruptura violenta no pé do dente, devida a cargas bruscas na transmissão. Solução: Mediante proteção contra as sobrecargas ou por investigação prévia das sobrecargas possíveis, consideras no cálculo dos valores admissíveis de carga. Ruptura por fadiga no pé do dente, devida à sobrecarga repetida superior à resistência à fadiga ou temporária, sendo que nesse caso, representam um papel importante os defeitos do material, do tratamento térmico e da fabricação e, sobretudo, o maior ou menor efeito de concentração de tensões no pé do dente (arredondamento insuficiente, raias, fissuras provenientes da têmpera, limitação da zona temperada no pé do dente, ou o pipocamento no pé do dente). Solução: Elevação da capacidade de carga no pé do dente, por exemplo; beneficiamento ou têmpera, pelo uso de um módulo maior ou de maior ângulo de engrenamento de serviço (deslocamento do perfil), por reforçamento da zona de transição no pé do dente (jato de esferas de aço), por eliminação dos pontos de concentração de tensões, por maior chanframento dos dentes nas faces laterais; já que, em geral, a ruptura dos dentes se inicia nas faces laterais; e finalmente evitando ou elevando em consideração, no cálculo dos valores de carga admissíveis, as forças adicionais. Ruptura de canto de dente, em conseqüência de distribuição desigual da carga sobre a largura do dente, como exemplo, por desalinhamentos axiais, por erro na direção do dente ou por deformação elástica considerável do pinhão sujeito a carga (flexo- torção). Solução: Por eliminação ou consideração dos defeitos indicados na fabricação, por aumento da convexidade dos flancos (encurvamento lateral dos dentes), por redução da largura do dente (principalmente em pinhões em balanço), e pelas medidas citadas no item anterior. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Estilhaçamento na cabeça do dente em engrenagens temperadas (principalmente em engrenagens de câmbios), ou devidas a carregamentos com choques. Solução: Emprego de um material mais tenaz (convenientemente ligado) e redução das forças de choque. Danos nos flancos. Algo que se deseja é um aspecto uniformemente liso e sedoso nos flancos dos dentes amaciados, nos quais, a linha da circunferência de rolamento apenas seja fracamente visível. É recomendável o amaciamento dos flancos dos dentes com óleos EP (óleos hipóides), a fim de se obter uma boa distribuição da carga e um alisamento suficiente dos flancos dos dentes. Os danos mais freqüentes são: Formação de crateras (cavitação). Trata-se de uma espécie de desmoronamento na zona da circunferência de rolamento e debaixo dela, em conseqüência da pressão local excessiva na presença de lubrificante. Há as cavidades de amaciamento, semelhantes a cabeças de alfinetes, que freqüentemente aparecem durante o amaciamento e que não progridem quando o amaciamento melhora suficientemente a distribuição das pressões, e as cavidades ou crateras progressivas, que são produzidas por uma sobrecarga local contínua, durante um tempo que varia de 0,1 a 20 milhões de ciclos em plena carga, e que ocasionam desprendimentos progressivamente maiores e mais numerosos nos flancos. Segundo o estado atual das pesquisas, a cavitação durante o rolamento deve ser interpretada como um fenômeno de fadiga, no qual, além de ser ultrapassada a alta pressão nas fissuras capilares, ajuda a destacar fragmentos do material, em geral, pode-se dizer que quanto menor for a força de atrito tangencial nos flancos dos dentes, tanto maior será a capacidade de carga dos flancos. Conseqüentemente, uma maior capacidade de carga pode ser conseguida por menor rugosidade, maior velocidade tangencial e maior viscosidade nominal do óleo. A cavitação é mais freqüente em aço beneficiado ou temperado, enquanto que em aço de menor dureza geralmente é encoberto pelo desgaste por deslizamento e pela formação plástica. A cavitação é favorecida pelo escorregamento negativo (que ocorre no pé do dente), provavelmente porque, nesse caso, os flancos dos dentes entram na zona de tensão de tração tangencial (devido à força de atrito) e torna possível a penetração do lubrificante, a pressão elevada nas fissuras capilares. Solução: Redução da sobrecarga local (carregamento uniforme nos flancos dos dentes), elevação da resistência nos flancos e a redação da força de atrito e emprego de um óleo mais viçoso. Zona estriada na região da circunferência de rolamento que é produzida predominantemente em aços de dureza excessivamente baixa com limite de escoamento Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos demasiadamente baixo. Solução: Depende das respectivas causas(tratamento térmico defeituoso, fissuras da têmpera, fissuras da retifica ou defeitos do material). Formação de fissuras nos flancos dos dentes, que podem causar desmoronamentos locais progressivos e rupturas nos pés dos dentes. Solução: Depende das respectivas causas (tratamento térmico defeituoso, fissuras da têmpera, fissuras da retifica ou defeitos do material). Formação de sulcos e zonas de engripamento a partir da ruptura repetida da película do lubrificante, sendo que também o contato das arestas dos dentes, no inicio do engrenamento, represente um fator importante. Solução: Emprego de um óleo mais viscoso e mais refrigerado e principalmente de óleos EP; além disso, emprego de engrenamentos com menor relação por encurtamento das cabeças dos dentes, ou por rebaixamento correspondente dos flancos na cabeça do dente, ou ainda, pelo emprego de um módulo menor. Aquecimento dos flancos por trabalho de atrito excessivo, ou por refrigeração insuficiente. Solução: Lubrificação e refrigeração mais eficientes (lubrificação por jato convenientemente disposto) e redução da potência de atrito (polimento dos flancos). Luis Agostinho recomenda a aplicação de uma rugosidade superficial para flancos de engrenagens de 0,3 Desgaste por deslizamento, isto é, perda excessiva de material nos flancos dos dentes, devida a uma associação inadequada dos materiais, a flancos de dente insuficientemente lisos, ou lubrificação escassa. Este fenômeno é observado especialmente em engrenagens de módulo relativamente grande e baixa velocidade tangencial, nas quais, a pressão reduzida do lubrificante e a baixa velocidade tangencial devem ser levadas em conta. O desgaste de deslizamento será grande, principalmente, se o lubrificante possuir impurezas minerais e os flancos dos dentes forem ásperos. Solução: O desgaste é mínimo em flancos de dentes temperados; vale 2 a 3 vezes o valor mínimo na associação de engrenagens, das quais, uma é temperada e a outra não e 7 a 10 vezes o valor mínimo com ambas engrenagens não temperadas. Consegue-se também reduzir o desgaste pelo uso de um lubrificante mais viscoso, por meio de aditivos para polimento, e pelo emprego de óleos EP. Formação de rebarbas na cabeça do dente ou outras Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos deformações plásticas que indicam dureza insuficiente do material, em relação ao carregamento. Solução: Depende das respectivas causas (tratamento térmico defeituoso, fissuras da têmpera, fissuras da retifica ou defeitos do material). Superfície ondulada (que não seja proveniente do processo de fabricação) ou destacamentos consideráveis dos flancos de dentes cementados. Em geral, a causa é ultrapassagem do limite de escoamento na zona de transição da têmpera. Solução: Depende das respectivas causas (tratamento térmico defeituoso, fissuras da têmpera, fissuras da retifica ou defeitos do material). [04] As figuras 39, 40 e 41 mostram alguns exemplos das avarias que podem ocorrer nas engrenagens. Figura 39 - Engrenagem cônica com ruptura nos cantos do dentes [11]. Figura 40 - Engrenagem cilíndrica de dentes retos com ruptura na raiz do dente [11]. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 41 - Engrenagem Coroa / Sem Fim apresentando desgaste e fratura nos dentes [06]. Engrenagem à Evolvente A curva evolvente é utilizada, exclusivamente, por engrenagens que tem como função básica transmitir potência [11]. A curva evolvente atende todos os requisitos construtivos de um perfil de dente de engrenagem conjugado. A introdução às propriedades do perfil evolvente é focada em engrenagens cilíndricas de dentes retos. Cabe ressaltar que, engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais ou quaisquer outros tipos de engrenagens, que transmitem potência, utilizam a curva evolvente como sendo seu formato de perfil. A evolvente pode ser descrita como a curva gerada pela extremidade de um fio esticado que é desenrolado da circunferência de um determinado círculo, como indicado na Figura 42. O círculo do qual o fio é desenrolado é conhecido como círculo base [12]. Figura 42 – Curva Evolvente [12] Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos O contato entre duas curvas evolventes ocorre no ponto onde as tangentes destas curvas coincidem. As tangentes de ambas as evolventes são sempre perpendiculares às suas linhas de geração. As duas tangentes se coincidem apenas quando a linha de geração de uma é continuação da linha de geração da outra [1]. Portanto, o local dos pontos de contato entre duas evolventes é a tangente comum aos dois círculos base. Quando uma evolvente é girada com um movimento uniforme, o comprimento da linha de geração de seu ponto de tangência ao círculo base até o ponto Pt, conforme indicado pela Figura 43, muda uniformemente. Figura 43 - Ação de uma evolvente sobre outra evolvente [12]. A distância entre estas evolventes, medida ao longo de qualquer linha tangente ao círculo base, é sempre a mesma como indicado pela Figura 44. Figura 44- Formação de dentes de engrenagens pelas curvas evolventes [12]. Na construção de máquinas para engrenagens frontais e cônicas, usa-se quase que somente o engrenamento por evolvente, pois, nesse caso: O engrenamento pode ser fabricado com precisão por meio de uma ferramenta simples (de flancos retos), pelo processo de geração; Um erro na distância entre eixos não afeta o funcionamento; As condições para engrenagens de séries são facilmente Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos satisfeitas; Com a mesma ferramenta podem também ser fabricados engrenamentos com perfil deslocado; A direção da força normal ao dente permanece constante. [04] Figura 45: Perfil ampliado da engrenagem à evolvente Para engrenagens com menos de 55 dentes depois de traçados os círculos representativos dos diâmetros primitivos (pitch), interno e externo, traça-se uma linha inclinada a 75º sobre a linha de centro e passando pelo ponto F, que é o ponto de intersecção entre a linha do círculo do diâmetro primitivo com a linha de centro vertical dos círculos. Descreve-se um círculo K-K tangente com a linha inclinada a 75º. Esse círculo toma o nome de círculo base. Acha-se o ponto G no meio dos pontos H e F. O ponto H é o ponto de intersecção entre a linha do círculo do diâmetro externo com a linha de centro vertical dos círculos. O ponto C se localiza no meio do ponto G, e do ponto A, sendo que esse último é o ponto central dos círculos. Fazendo centro em C, descreve-se um arco que se origina do ponto G indo até, se interseccionar com a linha do círculo base, gerando nessa intersecção o ponto J. O ponto J será o centro de um segundo arco que será gerado, cuja qual, será traçado para construção da cabeça do dente. Esse arco terá um raio R2 que atinge o ponto G. Acha-se o ponto E entre os pontos F e D. O ponto D é o ponto de intersecção entre alinha do círculo base com a linha de centro vertical dos círculos. O ponto E esta a ⅔ de distância do ponto F. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos O ponto B localiza no meio do ponto E, e do ponto A. Fazendo centro em B, descreve-se um arco que se origina do ponto E indo até, se interseccionar com a linha do círculo base, gerando nessa intersecção o ponto I. O ponto I será o centro de um arco que será gerado para traçar a parte do perfil compreendida entre o círculo do diâmetro primitivo e o círculo base. Esse arco terá um raio R4 que deverá atingir tangentemente o arco construído com o centro no ponto J. Concluindo assim, o perfil aproximado do dente da engrenagem traçada com arcos evolventes de círculos. Figura 46: Arcos evolventes de círculos. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 47: Perfil básico aproximado do dente da engrenagem. Originando-se do ponto A uma linha inclinada (negrito na Figura 48); a uma distância equivalente a ¼ de t (passo), a partir da intersecção entre o perfil do dente e o círculo do diâmetro primitivo; encontra-se a metade do perfil do dente da engrenagem. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 48: Localização da metade do perfil do dente da engrenagem A geração efetiva dos flancos de dentes em uma engrenagem, com engrenamento de evolventes, é feita em geral, com uma ferramenta que possui o perfil do engrenamento plano e que rola sobre a engrenagem a fabricar durante o movimento de trabalho (movimento de brochamento, de fresamento, ou de retificação), de modo que os flancos dos dentes resultam como evolventes da ferramenta [05]. Equações: Ponto G; G = (Dex – Dp) / 4 Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Onde; Dex: Diâmetro externo da engrenagem [mm] Dp: Diâmetro primitivo da engrenagem [mm] Ponto C; C = [(0,5 x Dp) + G] / 2 Ponto E; E = ⅔ x [(Dp –Cbs) /2] Onde; Cbs: Círculo base [mm] Ponto B; B = [(0,5 x Dp) – E] / 2 Passo T; T = m x π Onde; m: módulo da ferramenta [mm] Dp = m x Z De = m x (Z + 2) Di = m x (Z – 2,33) Exercício proposto Traçar, com o auxilio de um software CAD 2D, uma engrenagem cilíndrica de dentes retos – ECDR com arcos evolventes de círculos, calculando os pontos necessários para a geração da mesma. Diâmetro externo = 88 mm Diâmetro primitivo = 84 mm Diâmetro interno = 79,34 mm Módulo = 2 mm Z = 42 dentes Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Polias São amplamente usadas em máquinas como elementos de transmissão de potência, apresentando alto rendimento (95 a 98%). A figura 49 mostra o sistema de transmissão de polias utilizando correias “V”. Figura 49: Sistema de transmissão por correia “V”. Destaca-se facilidade de montagem e manutenção das correias (a disposição é simples e o acoplamento e o desacoplamento são de fácil execução), não requer lubrificação e apresenta durabilidade, quando adequadamente projetadas e instaladas. Abaixo é apresentado os tipos de correias. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos As correias industriais trapezoidais são fabricadas basicamente com dois conjuntos de perfis: o perfil Hi-Power (A, B, C, D e E) conforme mostra a figura 50 e o perfil PW (3V, 5V e 8 V). Figura 50: Identificação da correia “V”. Figura 50: Polia com um canal em “V” com alma vazada. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 51 – Representação do corte total aplicado no plano frontal. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 52– Representação do corte total aplicado no plano frontal na vista ortográfica. Figura 53 – Corte composto de planos concorrentes gerados no modelo em 3D. Figura 54 – Vista em corte 2D e vista ortográfica geradas a partir do modelo 3D da polia. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos As figuras 55, 56 mostram as dimensões para a construção de polia perfil “V”. Figura 55 – dimensões dos canais das polias “V” Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Figura 56 – dimensões dos canais das polias “V” do catálogo Gates. Seleção das Correias Trapezoidais 1) Cálculo da potência do projeto - PHP Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Tabela 11 – Fator de Serviço 2) Escolha do perfil da correia 3) Cálculo do L da correia Para calcular o comprimento da correia (L) é necessário determinar a distância entre centros (C) das polias motriz (d) e da movida (D), onde: i = relação de transmissão ; D = d . i Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos Em seguida escolher o L superior normalizado conforme tabela do fabricante (Gates) abaixo. Apostila de Elementos de Máquinas Processos Metalúrgicos4) Recalcular a distância entre centros ( DC )
Compartilhar