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Resumo Direito do Trabalho - GREVE

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RESUMO VI DE DIREITO DO TRABALHO III – GREVE
Referenciais históricos brasileiros
No Brasil, o instituto da greve cumpriu a mesma trajetória mundial, passando por momentos de proibição, tolerância e reconhecimento. De início, anote-se que registros remotos indicam que as corporações de ofício também foram proibidas, estando a vedação inserta na Constituição do Império (1824, inciso XXV, art. 179)
A Constituição de 1937 declarou, em seu art. 139, que “a greve e o lock-out seriam recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional”, caminho no qual seguiram os Decretos-Leis n. 431/38 , 1237/39 e 2848/40. É importante anotar que a própria CLT, nos arts. 723 e 724, guardava em si a intolerância quanto ao movimento grevista, máxime quando fosse praticado contra interesses públicos.
A despeito do texto constitucional na época vigente (o de 1937), o Decreto-Lei n. 9070/46 admitia a greve nas atividades acessórias. Com a promulgação da Constituição de 1946, o instituto ora analisado passou a ser reconhecido como direito laboral, apesar de condicionado seu exercício à regulamentação por lei originária (art. 158). A regulamentação somente ocorreu com a lei 4.330/64. Esse texto legislativo, entretanto, impunha tantas limitações para a greve que era mais descumprido do que acatado.
A Constituição de 1988, de inegável cunho democrático, admitiu o direito de greve para os trabalhadores do setor privado e para os servidores públicos civis, exceto para os servidores militares. Como dito, para o militar, são proibidas as sindicalização e a greve (art. 142/CF) sob o fundamento de que o poder não pode ser ameaçado por seus elementos constitutivos; porque esse ataque interno é capaz de produzir perturbações sensíveis em todo o organismo estatal.
Pouco tempo depois, a matéria relacionada à greve foi regulamentada, inicialmente por medidas provisórias (n. 50/89 e 59/89) e depois por meio da Lei 7.783/89.
Definição
A lei 7783/89 define, no art. 2º, a greve como a suspensão coletiva, temporária, e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
 A greve é entendida, no entendimento de Luciano Martinez, como um direito fundamental que legitima a paralisação coletiva de trabalhadores realizada de modo concertado, pacífico e provisório, como instrumento anunciado de pressão para alcançar melhorias sociais ou para fazer com que aquelas conquistas normatizadas sejam mantidas e cumpridas. 
Disciplina legal
 A greve está prevista no Capítulo II (Dos Direitos Sociais) do Título II ( Dos Direitos e Garantias Fundamentais) da Constituição de 1988. O art. 9º elenca a greve como um direito fundamental cabendo aos trabalhadores – seus únicos titulares – decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Para regulamentar este direito, está em vigor a Lei 7.783/89.
Características:
1. É uma paralisação coletiva – o coletivismo é uma atributo essencial à greve, uma vez que os movimentos paredistas assim titulados precisam necessariamente decorrer de um ato de interesse coletivo. Se assim não for, e se o movimento não tiver a força de promover a ruptura da normalidade da produção, o ato jurídico praticado não poderá ser identificado como greve, mas no máximo como tentativa de greve.
1. É uma paralisação coletiva de trabalhadores – para ser greve não basta ser uma paralisação coletiva. É indispensável que seja uma paralisação coletiva de trabalhadores.
1. É uma paralisação coletiva de trabalhadores, realizada de modo concertado – a greve é uma decisão que decorre de atos racionais, adrede organizados, porque visam fins igualmente racionais. A deliberação sobre a paralisação coletiva de trabalho presume a existência de uma pauta de reivindicações e de balizas para a negociação. Não há, portanto, como imaginar a existência de uma greve sem comando, sem um centro de direção.
1. É uma paralisação coletiva de trabalhadores, realizada de modo concertado, pacífico – as armas da greve são unicamente a paralisação coletiva do trabalho, dotada do propósito de turbar a normalidade produtiva e, assim, levar o empregador a prejuízo, e o diálogo, que aviará propostas de restabelecimento da normalidade rompida. Além e fora desse limite, a greve, segundo dispõe o ordenamento jurídico brasileiro, não será um movimento legítimo e, por extrapolação, será entendida como abusivo ou ilícito. Por falar em ilícito, não é greve, mas a execução ilícita da greve, a boicotagem, qualificada como uma campanha de indução à recusa de aquisição de um produto do empregador, e a sabotagem, caracterizada por atos intencionalmente preparados para causar danos às instalações, equipamentos ou produtos da empresa.
1. É uma paralisação coletiva de trabalhadores, realizada de modo concertado, pacífico e provisório - toda greve é necessariamente provisória, embora por vezes seja manitda por tempo indeterminado.
1. É uma paralisação coletiva de trabalhadores, realizada de modo concertado, pacífico e provisório, como instrumento anunciado de pressão para alcançar melhorias sociais ou para fazer com que aquelas conquistas normatizadas sejam mantidas e cumpridas – nesse sentido, a greve é fonte material do direito, ou seja, é um acontecimento que impulsiona a criação e a modificação de normas na ordem jurídica.
Sujeitos
Sujeito ativo – é a categoria profissional, representada, em regra, por sua entidade sindical. O estatuto da entidade sindical deve prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto para deflagração quanto para cessação da greve. Destaque-se, porém, que na falta de entidade sindical, a assembléia geral de trabalhadores interessados atuará excepcionalmente para fins de deliberação sobre a greve, constituindo uma comissão de negociação.
Sujeito passivo - é o empregador.
Notificação da paralisação coletiva
A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 horas, da paralisação em serviços ou atividades gerais (art. 3º, Lei 7783/89).
No caso de atividades em serviços essenciais, o empregador tem que ser notificado no prazo mínimo de 72 horas antes da paralisação (art. 13 da Lei 7783).
Direitos garantidos aos grevistas e aos não grevistas
Direitos garantidos aos grevistas: direito de empregar meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderir a greve; direito de arrecadar fundos (podendo até mesmo a entidade sindical criar uma taxa assistencial para isso) e o direito que arrima a livre divulgação da ação paredista ( não pode o empregador frustrar a divulgação do movimento, conforme § 2º do art. 6º da Lei 7783/89).
Direitos garantidos aos não grevistas: não aderir à greve.
Efeitos decorrentes da greve
1. Suspensão do contrato de trabalho: a greve é causa suspensiva do contrato de emprego por expressa previsão contida no caput do art. 7º da Lei 7783/89. Garante-se, então, o retorno do trabalhador grevista ao posto de serviço ocupado antes do advento da causa suspensiva. Se a participação em greve suspende o contrato de trabalho, não há obviamente, contraprestação pelos dias faltosos. O desconto dos dias de paralisação é um ônus do qual os grevistas não podem ser furtar, salvo se, por negociação coletiva, houver ajuste tendente a abonar os dias de afastamento.
1. Vedação às despedidas sem justa causa: não são juridicamente admitidas despedidas sem justa causa durante o período suspensivo contratual motivado pela greve.
1. Proibição de contratação de trabalhadores substitutos: para que o direito de greve não fosse fragilizado pelo poder econômico, o legislador ordinário cuidou ação de vedar, durante seu ínterim, a contratação de trabalhadores substitutos, salvo em duas hipóteses: I – quando o empregador não consiga firmar acordo com a entidade sindical ou a comissão de negociação no sentido de ver assegurada a prestação dos serviços capazes de evitar prejuízo irreparável pela deterioração irreversível debens, máquinas e equipamentos ou ainda, pela ausência de ajuste capaz de dar manutenção aos serviços essenciais a à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento paredista; II – quando a greve for considerada abusiva, competindo unicamente ao Judiciário do Trabalho fazê-lo, para, depois, estar o empregador autorizado a contratar trabalhadores substitutos dos grevistas.
Greve em serviços essenciais
São serviços essenciais aqueles que integram o cotidiano das relações sociais contemporâneas e que, por natureza, se interrompidos, podem produzir irreparáveis danos coletivos e difusos, de dimensões inestimáveis, notadamente sobre a vida, a segurança ou a saúde da população. Baseada nessa noção, a lei 7783/89 arrolou onze serviços e atividades que considera essenciais em seu art. 10:
Anote-se a existência de uma considerável discussão sobre a taxatividade dessa lista. Predomina, entretanto, sobretudo no TST, a idéia de que os serviços mencionados no art. 10 da Lei 7783/89 constituem numerus clausus, desautorizando, consequentemente, qualquer interpretação ampliativa do rol, porque geradora de restrição ao direito fundamental de greve dos trabalhadores em atividades análogas as declaradas essenciais.
O legislador criou propositadamente uma cláusula aberta relativa ao percentual mínimo, deixando que a razoabilidade orientasse trabalhadores e empregadores ou, quando fosse o caso, que norteasse a Justiça do Trabalho, se esta fosse invocada para resolver conflitos daí decorrentes. Formou-se a partir da praxe judiciária, um costume segundo o qual esse percentual mínimo corresponderia a 30 % na maiorias das hipóteses, podendo ser elevado a depender das circunstâncias concretas.
Sabe-se porém que, não prestados os serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, o Poder Público estará autorizado, pelo art. 12 da Lei 7783/89, a requisitar trabalhadores e bens do empregador para, em caráter excepcional, garantis o regular funcionamento de serviços essenciais. Esse dispositivo, que trata do instituto da “requisição civil” parece ter sido acolhido pelo texto constitucional de 1988, haja a previsão genérica contida no art. 22, III, e a consagração da função social da propriedade privada. A intervenção estatal somente poderá ser executada em situações de iminente perigo, sob pena de grave violação ao direito fundamental de greve.
Por fim, é importante anotar que, nos molde do § 3º do art. 114 da CF, em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá, por sua própria iniciativa, ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
 Greve no serviço público civil
 A CF, por meio do art. 37, VII, previu o direito de greve aos servidores públicos civis, devendo tal direito ser exercido nos termos e limites definidos em lei específica. O STF, ao julgar os Mandados de Injunção n. 670/ES, 708/DF e 712/PA, firmou o posicionamento no sentido de que a lei 7783/89 seria aplicável às greves dos servidores públicos civis naquilo que não colidisse com a natureza estatutária de seus vínculos laborais enquanto o Poder Legislativo não suprimisse a lacuna com uma lei específica.
uso e abuso do direito de greve
A greve abusiva, de acordo com os contornos impostos pela lei, sempre será uma greve ilícita. O art. 14 da Lei 7783/89 estabelece o que é abuso do direito de greve:
1. A inobservância das normas contidas no texto da lei ora referida, dentre as quais podem ser destacadas a violação do disposto no caput do art. 3º, que visa a tentativa prévia de aproximação dos litigantes antes de deflagrado o movimento paredista;
1. A manutenção da paralisação após a celebração do acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho, salvo quando: I – a paralisação tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição ou; II – seja motivada pela superveniência de fato novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho.
Locaute
O Locaute consiste na supressão do trabalho, por ato exclusivo da entidade patronal, com o objetivo de frustrar uma greve, quando esta se prenuncie ou instale, ou como retaliação à greve encerrada, sempre com o objetivo, de exercer pressão entre os trabalhadores para preservar ou melhorar o nível de comprometimento na execução das regras de convenção coletiva de trabalho. 
A CLT, em sua redação originária, já desautorizava o locaute ao deixar claro, no § 3º do art. 722 que, além das sanções cominadas no caput e demais dispositivos, os empregadores que o praticassem ficariam obrigados a pagar os salários devidos a seus empregados durante o tempo de suspensão do trabalho. Dispositivo assemelhado consta do art. 17 da Lei 7783/89, que vedou expressamente esse instituto e assegurou aos trabalhadores o direito a percepção de salários durante o período de paralisação de iniciativa patronal.

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