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POLITICAS PUBLICAS 3

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SEGURO SOCIAL E REDISTRIBUÍÇÃO
DEFINIÇÃO
Motivações individuais para a contratação de seguro: risco e proteção. Problemas associados ao mercado de seguro. Assimetria informacional. Intervenção governamental. Seguro social. Redistribuição.
PROPÓSITO
Compreender o mercado de seguros, suas falhas, e o papel da política pública. Trata-se de algo central para estudar a atuação dos governos em todas as sociedades. A provisão de seguro é a motivação por trás da maioria das políticas públicas.
Identificar os motivos para a intervenção do governo no mercado de seguros, com destaque para seu aspecto redistributivo
INTRODUÇÃO
Peter Fisher, funcionário do governo americano no início dos anos 2000, cunhou uma expressão famosa. Segundo ele, o governo dos Estados Unidos é:
[...] “Uma gigantesca companhia de seguros com atuação secundária na área de defesa e segurança”.
De fato, a maior parte das políticas públicas, em qualquer país do mundo, tem a ver com seguro para a sociedade, ou seja, com proteção contra os mais diversos riscos. Neste tema, veremos por que as pessoas demandam um seguro e por que a provisão privada de seguro, através do mercado, pode ser insuficiente.
Estudaremos, então, as políticas públicas que o governo coloca em prática para lidar com essa insuficiência.
· MÓDULO 1
COMPREENDENDO O QUE É SEGURO
Sabemos que o futuro é incerto e, diante disso, buscamos alternativas para garantir que não estejamos desprevenidos em casos de ocorrência de uma situação adversa. Muitas vezes, buscamos tomar precauções para evitar que surpresas desagradáveis aconteçam.
Exemplo
Por exemplo, podemos dizer que buscamos nos qualificar mais para conquistar melhores condições de emprego e de salário no mercado de trabalho; optamos por colocar grades nas janelas de nossas casas para nos deixar mais seguros, ou, ainda, que nos preocupamos com a nossa saúde e, por isso, adotamos uma alimentação saudável.
Todas essas ações representam uma maneira indireta que as pessoas encontram para se proteger de um futuro desconhecido. Além dessas ações de precauções, podemos adotar medidas que também fornecerão algum tipo de segurança em caso de ocorrência de uma situação não muito agradável.
Pare por um instante e analise as seguintes situações:
Todas as cinco situações hipotéticas remetem a formas de seguro. No primeiro caso, temos o seguro de automóveis, seguido pelo exemplo de aposentadoria e do plano de saúde. Na quarta situação, temos o caso do seguro-desemprego e, por último, o seguro de vida. Talvez você possa achar que a aposentadoria seja o exemplo que mais destoa dos demais, mas, ao longo do tema, compreenderá que ela também se enquadra como uma forma de seguro.
Ao longo deste módulo, o objetivo principal é compreender como pessoas e empresas interagem no mercado de seguros, além de assimilar quais são os fatores associados à preferência dos indivíduos em recorrer ao seguro.
Vamos estudar em quais aspectos as características dos indivíduos – que estão relacionadas às suas reações frente à possibilidade de ocorrência de situações adversas – podem levar as pessoas a buscarem um seguro. Dessa maneira, ao final do módulo, será possível desenvolver uma teoria para entender a demanda das pessoas por esse tipo de proteção.
A necessidade de “se sentir seguro” tem várias implicações econômicas. Começaremos o nosso estudo analisando como os agentes interagem no âmbito do mercado de seguro.
Apesar de haver muitas possibilidades e formas de delineamento de um seguro, há uma estrutura comum a todos: indivíduos contratam seguros que podem ser gerenciados por empresas privadas ou pelo governo.
A partir daqui, para ambos os casos, falaremos de maneira geral em Seguradores:
Suponha que você contratou um plano de saúde: o prêmio de seguro é o valor que você (ou a sua família) pagará mensalmente ao plano, o assegurado é você, e o segurador é a empresa que oferece o serviço de assistência médica (médicos, laboratórios, clínicas e demais atendimentos que, porventura, serão pagos pelo plano de saúde de acordo com as obrigações previstas no momento da contratação).
Vamos voltar às situações hipotéticas previamente apresentadas, buscando identificar o prêmio do seguro, assegurado e segurador.
1. O assegurado é a pessoa que bateu no seu carro, o prêmio de seguro é o valor que esta pessoa paga mensalmente, e o segurador é a empresa que fornece esse seguro.
2. O assegurado é o seu pai, o segurador é o governo, e o prêmio de seguro é o valor da contribuição para aposentadoria que ele pagou ao longo dos anos.
3. O assegurado é você, o prêmio de seguro é o prêmio que você (ou seus pais) paga mensalmente pelo plano de saúde, e o segurador é a empresa que oferece o plano de saúde.
4. O assegurado é o seu tio, o segurador é o governo, e o prêmio de seguro é a contribuição que ele realizou para o governo enquanto estava empregado.
5. O assegurado é a sua bisavó, o segurador é a empresa que ofereceu o seguro, e o prêmio do seguro é o valor que ela pagou para ter direito ao seguro de vida.
Para cada situação apresentada, há particularidades referentes ao prêmio do seguro e ao segurador.
Atenção
O prêmio do seguro pode ser um valor pago mensalmente via boleto, por exemplo, ou até um tipo de taxação do governo sobre os salários. Nessa parte inicial, é importante entender três aspectos básicos do seguro: sempre haverá alguém a ser beneficiado pelo seguro; um agente que proverá as condições para que o contratante se beneficie; e custos financeiros.
Até o momento, compreendemos as características básicas de um seguro, mas você pode se perguntar por que as pessoas recorrem a esse serviço. Para tanto, vamos considerar um exemplo hipotético a fim de ilustrar conceitos econômicos importantes:
Exemplo
Você está na sua pizzaria predileta. Ao comer o primeiro pedaço de pizza, a sua felicidade é muito grande. Você percebe que, à medida que vai comendo mais pedaços, aquela felicidade que você sentiu inicialmente não é mais a mesma. Se felicidade pudesse ser medida e variasse de 1 a 10 (sendo 10 a situação de maior felicidade), seria como se o primeiro pedaço de pizza proporcionasse uma felicidade 10, o segundo, 9, o terceiro, 8, e assim por diante.
DEFININDO CONCEITOS ECONÔMICOS BÁSICOS PARA O ESTUDO DE SEGUROS
Pense nessa escala de felicidade como uma forma de representar a sua preferência, refletindo diretamente no seu bem-estar. Esse seu nível de bem-estar pode ser chamado de utilidade, e está intimamente associado à quantidade dos seus bens de consumo e à satisfação que isso proporciona.
Você sabia
O conceito de utilidade pode ser representado como uma função matemática que tem como objetivo mapear as escolhas de cada indivíduo – isto é, a quantidade escolhida dos bens que serão consumidos – e transformá-las em uma medida de satisfação pessoal. Em outras palavras, associamos um nível de bem-estar a cada cesta de bens e serviços consumidos por uma pessoa.
A possibilidade de utilizar essa representação matemática para estabelecer a relação positiva entre o nível de bem-estar associado ao consumo e à quantidade de recursos disponíveis tem diversas aplicações. No entanto, neste módulo, é necessário apenas que se compreenda que esse conceito de utilidade pode ser representado matematicamente, ou seja, é possível associar um valor ao bem-estar.
Voltando ao nosso exemplo, à medida que aumenta a quantidade de pedaços de pizza, o seu nível de felicidade para cada novo pedaço é menor. Embora a sua utilidade aumente, o seu ganho de utilidade decresce: a primeira fatia vale mais que a décima.
Essa observação é traduzida no chamado princípio da utilidade marginal decrescente, em que o incremento em uma unidade de um bem faz com que a sua utilidade diminua (utilidade marginal é apenas a utilidade de uma fatia de pizza a mais). No nosso exemplo, a cada unidade de pizza consumida, a satisfação desse novo pedaço diminui em comparação com a utilidade do pedaço de pizza consumido anteriormente. Para compreender a utilidade marginal decrescente, sempre tenha em mente a seguinte relação:A cada unidade adicionada, menor é o ganho de utilidade. Esses termos ficarão mais intuitivos no próximo exemplo.
Exemplo
Imagine que, em um belo dia, você ganha um carro de presente. Pense na sua felicidade em sair do status de pessoa que não tinha carro. O tempo vai passando, e você ganha um segundo carro em um sorteio, com a ressalva de não poder vendê-lo por cinco anos. O seu nível de felicidade ainda é grande, mas compare com o nível de felicidade no seu primeiro carro. É perceptível que o grau de utilidade diminui à medida que você vai ganhando mais veículos! Se você continuar ganhando carros até, digamos, um total de cinco, o quinto provavelmente será muito menos relevante que o primeiro, ou que qualquer um dos quatro anteriores.
Assista ao vídeo a seguir para conhecer outro conceito econômico importante para compreender seguros: a suavização de consumo.
Vamos olhar para outro exemplo:
Exemplo
Por um momento, imagine que, ao longo do próximo ano, você pode contrair uma pneumonia muito forte e, como resultado, terá de gastar muito dinheiro com medicamentos, hospitais, médicos etc. Dessa forma, no próximo ano, existem duas possibilidades: você pode contrair pneumonia ou pode se manter saudável.
Logicamente, você não deseja ficar doente, mas é necessário ser precavido e, para isso, diante de cada uma dessas duas possibilidades de acontecimentos futuros (pneumonia ou ausência de pneumonia), você deve fazer uma escolha hoje que afetará o seu consumo e seu bem-estar. Nesse caso, considere como consumo a quantidade de dinheiro máximo que você pode gastar no mês, mesmo se tiver de arcar com todas aquelas despesas médicas. Como vimos no exemplo anterior, é melhor ter um consumo constante, que traz mais utilidade.
Essa relação entre a necessidade de ter um consumo suavizado e a possibilidade de acontecer algum evento adverso faz com que surjam os seguros.
Ao contratar o seguro, as pessoas comprometem-se a efetuar um pagamento independentemente de qual foi o evento ocorrido. Considerando o exemplo do plano de saúde, você paga o plano mesmo se não utilizar nenhum serviço médico. No caso do seguro de carro, você paga o seguro mesmo se não o acionar. Assim, o prêmio do seguro é pago independentemente do evento que ocorreu (acidente ou ausência de acidente; pneumonia ou ausência de pneumonia).
Com o conceito de utilidade marginal decrescente, podemos explicar por que as pessoas desejam ter um consumo suavizado em diferentes períodos, ou seja, por que desejam transferir consumo dos períodos de bonança (o que significa ter baixa utilidade marginal) para períodos de escassez (que possuem alta utilidade marginal). Com essa relação, a intuição que se segue é sempre a mesma:
Resposta
É melhor ter um consumo suavizado entre todas as possibilidades de eventos (bons ou ruins, sem pneumonia ou com pneumonia) do que ter um consumo alto em um cenário positivo (saudável, sem pneumonia) e baixo em um cenário negativo (pneumonia forte, com todos os impactos sobre bem-estar e despesas médicas).
A ideia de suavização de consumo vale tanto para períodos do tempo quanto para diferentes cenários possíveis!
O PAPEL DA AVERSÃO AO RISCO NA DECISÃO POR SEGURO
Será que todas as pessoas agirão da mesma forma em relação à utilidade marginal decrescente?
Vamos ver que a resposta para essa pergunta é não. Uma diferença importante entre os indivíduos é com relação à aversão ao risco, que indica se uma pessoa é mais ou menos tolerante em relação aos riscos que podem afetá-la.
Exemplo
Por exemplo, uma pessoa pode comprar um carro e dirigir por alguns dias até fechar um seguro. Porém, outra só tira o carro da revendedora com o seguro já assinado.
Isso significa que é possível avaliar até que ponto as pessoas são propensas a arcar com os riscos. Uma definição que podemos utilizar de aversão ao risco é a propensão de um indivíduo em aceitar arcar com os riscos de uma ocorrência incerta. Como já ressaltamos que o futuro é incerto, indivíduos com alto grau de aversão ao risco buscarão alternativas para se protegerem com a finalidade de minimizar as chances de ocorrer situações particularmente ruins.
Vamos relacionar aversão a risco e utilidade marginal.
Sabemos que a utilidade marginal diminui à medida que o consumo aumenta, mas em que velocidade essa diminuição se dá? Esse processo será rápido ou lento?
Indivíduos com alto grau de aversão ao risco são mais temerosos com a ideia de queda de consumo. Assim, eles ficarão satisfeitos em sacrificar parte do seu consumo para garantir um mínimo nos cenários ruins, caso ocorra um evento adverso. Como são mais sensíveis a qualquer variação nos seus níveis de consumo, o evento adverso surtirá um efeito negativo mais intenso. 
Neste módulo, buscamos compreender o motivo que faz com que os indivíduos recorram ao mercado de seguro. Percebemos que existe preferência inata para que os indivíduos possuam um consumo suavizado, o que possui uma relação direta com a utilidade marginal decrescente. Assim, a situação de muito consumo hoje e pouco consumo amanhã não é desejável, uma vez que a utilidade por unidade diminui à medida que o consumo aumenta.
Atenção
Por essa razão, os indivíduos desejam que seus níveis de consumo não sofram grandes alterações. Porém, como não sabem de que forma será o futuro, recorrem a mecanismos que proporcionarão alguma estabilidade. Estudamos que esse mecanismo pode ser associado ao mercado de seguro.
Poderíamos argumentar que essa teoria seria muito bem aplicada apenas em um contexto em que todo mundo dispõe de recursos suficientes para buscar um seguro por conta própria, o que não pode ocorrer no mundo real. Apesar disso, imagine por um instante que todo mundo dispõe de recursos suficientes para contratar um seguro que atenda perfeitamente suas necessidades.
O que deveria ser levado em consideração para determinar qual o prêmio do seguro que é justo para cada pessoa? Além disso, você consegue apontar quais são os problemas que ainda poderiam existir mesmo em contexto de mundo no qual todo mundo dispõe de recurso suficiente para pagar um prêmio justo?
Todos esses levantamentos serão estudados no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. Assinale a afirmativa que exemplifica corretamente a diminuição da utilidade marginal que ocorre à medida que o consumo aumenta.
A cada xícara de café que tomo, eu consigo ficar mais disposto a estudar.
O primeiro filme que eu assisti durante as minhas férias foi o melhor da vida. O segundo filme foi péssimo, mas o terceiro foi excelente, superando minhas expectativas.
Meus amigos fizeram uma aposta de quem conseguia maratonar uma série e ser o primeiro a acabar de assistir a todos os episódios. Confesso que, a cada episódio que eu via, minha vontade de maratonar a série diminuía.
Estou fazendo um curso de gastronomia e percebi que, a cada prato que faço, eu me torno mais confiante e hábil no preparo de receitas.Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "C" está correta.
A diminuição da utilidade marginal prevê que o nível de utilidade (felicidade) com a primeira unidade é sempre maior do que a próxima. Assim, assistir ao primeiro episódio da série produz uma utilidade maior, que vai se reduzindo.
Parte superior do formulário
2. Leia atentamente as três situações abaixo e assinale a alternativa correta.
• i) Ana recebeu uma proposta de seguro de vida da empresa Fique Tranquilo: foi oferecida a opção de pagar R$20,00 por mês e, em caso de morte de Ana, cada um de seus filhos receberia o valor de R$200.000,00.
• ii) João era um empresário visionário e percebeu que dar um desconto para cada cliente que renovasse o seguro do carro era a melhor opção para conquistar a fidelidade dos clientes.
• iii) Tereza teve a sua casa completamente incendiada devido a um curto-circuito. Ainda bem que ela possui seguro contra incêndios.
Fique Tranquilo é uma seguradora, e o prêmio de seguro é R$200.000.
João e Tereza são assegurados.
Tereza não precisa pagar prêmio de seguro.
Ana paga um prêmio de segurode R$20 por mês.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "D" está correta.
Ana é a assegurada, a empresa Fique Tranquilo é a seguradora, e o prêmio de seguro é de R$20 por mês – é o pagamento da assegurada à seguradora.
· MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
No módulo 1, entendemos que os indivíduos optam por contratar um seguro devido ao desejo de suavizar o consumo ao longo do tempo e entre diferentes cenários possíveis, já que não podemos controlar os acontecimentos futuros. Como o aumento da utilidade propiciada nos períodos de maior consumo não compensa a redução da utilidade nos períodos de escassez, os indivíduos buscam o seguro como forma de se prevenir contra essa instabilidade.
Se o mundo funcionasse do jeito que estudamos no módulo 1, não haveria nenhum tipo de problema, já que os indivíduos buscariam formas de se resguardar contra eventos adversos contratando seguro. Porém, esse encontro perfeito entre quem quer contratar um seguro e o ofertante de seguro pode não acontecer por alguns motivos.
Diante disso, o intuito é que, ao longo do módulo 2, possamos compreender quais são os problemas inerentes ao mercado de seguro e se existe alguma forma de contorná-los. Além disso, vamos avaliar se o governo pode intervir no mercado de seguro de forma a ajudar a resolver esses problemas.
ASSIMETRIA INFORMACIONAL
Comecemos por um problema central do mercado de seguros: a assimetria de informação, ou assimetria informacional. Essa situação ocorre em uma transação em que uma parte possui alguma informação relevante que a outra parte não tem.
Essa venda não concluída pode ser vista como um tipo de distorção, que é um exemplo típico de falha de mercado. Podemos definir a ocorrência de uma falha de mercado como um problema que faz com que o mercado não entregue o resultado mais eficiente:
Transações benéficas para todas as partes não são realizadas. Existem vários tipos de falha de mercado, e a assimetria informacional é uma delas.
Nesse caso, o segurador é mais relutante em vender seguros, porque está preocupado com o fato de que apenas indivíduos com problemas relacionados ao tipo específico de seguros procurarão estar cobertos. A seguradora teme que apenas os doentes desejem seguro de saúde, por exemplo, ou apenas aqueles que estão prestes a perder o emprego busquem por um seguro de desemprego privado. Como resultado, as seguradoras cobrarão prêmios mais altos do que os valores justos, ou poderão não vender seguros se suspeitarem do status de risco de alguém.
Para ilustrar, considere o seguinte exemplo, adaptado de Gruber (2015):
Qual seria o efeito desses dois grupos tão diferentes sobre o mercado de seguros?
Como vimos anteriormente com o exemplo dos carros usados, a disponibilidade de informação é algo crucial na hora de se efetuar uma venda/compra, e não seria diferente em um contexto de mercado de seguros. Assim, os efeitos da informação nesse mercado serão dependentes de quais informações as seguradoras possuem sobre o indivíduo, impactando nos prêmios e até na disponibilidade de oferta do seguro.
Suponha que a informação de quem é cuidadoso ou quem é descuidado é totalmente pública, de forma que a empresa de seguro e os pedestres saibam quem é cuidadoso ao atravessar a rua e quem não é. A disponibilidade de informação permite que a empresa de seguro aplique preços diferenciados para cada grupo de indivíduos.
No caso de ambos os grupos contratarem o seguro, com um prêmio que se baseia nas características de cada um, a sociedade conseguiria o melhor resultado: todo mundo possui seguro e está coberto em caso de acontecimentos adversos. Perceba que, ao sabermos a qual grupo cada indivíduo pertence, foi possível calcular o prêmio do seguro considerando as características de cada um.
Os efeitos da assimetria de informação no mercado de seguros
Suponha agora que a empresa de seguro saiba apenas que existem dois grupos, o dos descuidados e o dos cuidadosos, mas não sabe se uma pessoa pertence a um grupo ou a outro. Inicialmente, a empresa poderia perguntar individualmente a qual grupo cada pessoa pertence e, assim, aplicar prêmios diferenciados.
Com essa possibilidade, é mais provável que os indivíduos afirmem que pertencem ao grupo dos cuidadosos. Afinal de contas, estar no outro grupo dos descuidados representaria pagar anualmente 10x mais de prêmio de seguro. Do ponto de vista do indivíduo, dizer que pertence ao grupo dos cuidadosos sempre seria a melhor solução. Como resultado, toda a sociedade estaria coberta pelo seguro.
Você sabia
Isso significaria que alguns estariam pagando o preço justo (os cuidadosos) e o outros pagando um prêmio baixo (os descuidados), mas todos estariam assegurados em caso de acidente.
 Clique na barra para ver as informações.
VAMOS IMAGINAR QUE, PARA CADA CUIDADOSO, EXISTA UM DESCUIDADO:
Cada par de pessoas tem, portanto, em média, um cuidadoso, que deve pagar R$250, e um descuidado, que deve pagar R$2.500. Logo, cada par de pessoas deveria pagar, em média, R$2.750. Como ambos se declaram cuidadosos, cada um paga apenas R$250, e a dupla paga R$500: ou seja, muito menos que os R$2.750 necessários. A seguradora tem um prejuízo de R$ 2.250,00 para cada par de indivíduos! Com esse prejuízo, nenhuma seguradora terá interesse em oferecer os seus serviços de seguro, resultando na pior situação possível: nenhum indivíduo conseguirá obter o seguro porque não existem empresas que ofertarão seus serviços.
Uma alternativa para que todos tenham chances de contratar o seguro é a empresa reconhecer que não existe a possibilidade de saber quem é cuidadoso ou não e ofertar um preço médio para o prêmio. Como a probabilidade de os indivíduos do grupo dos descuidados serem atropelados é de 5% e a do outro grupo é de 0,5%, cada pessoa tem uma probabilidade média de ser atropelada de 2,75% (a média entre 5% e 0,5%). Diante disso, o prêmio do seguro para cada pessoa poderia ser de R$50.000 x 2,75% = R$ 1.375,00 anuais. Como as seguradoras não estariam operando mais no prejuízo, podemos pensar que elas oferecerão o seguro a esse preço, e, dessa forma, não haverá mais problemas. Porém, a história não acaba assim.
Vamos olhar pela perspectiva de uma pessoa cuidadosa. Ao ter de pagar um valor (R$1.375) bem acima do que ela deveria pagar (R$250), contratar o seguro torna-se menos atrativo. Assim, o grupo de pessoas cuidadosas poderá abrir mão do seguro, uma vez que conhece suas próprias características e sabe que esse valor está bem acima do valor justo.
Agora, sem o grupo dos cuidadosos, a empresa ficará novamente no prejuízo! Como só sobrou o grupo dos que deveriam pagar R$ 2.500,00, mas pagam R$ 1.375,00, devido à estratégia de prêmio médio, a seguradora operaria no prejuízo mais uma vez, e optará por não oferecer seus serviços. Novamente, o mercado falhou em prover a quantidade ideal de seguro para os dois tipos de consumidores.
Esse tipo de assimetria informacional é chamado de seleção adversa. Quando os indivíduos assegurados sabem mais sobre os seus riscos do que o segurador, aqueles indivíduos mais propensos a situações adversas contratam o seguro, levando as empresas a operarem no prejuízo.
Voltando ao caso do nosso exemplo, apenas aqueles que consideram que o seguro está sendo oferecido a um prêmio justo ou atrativo optarão por contratá-lo. Como vimos, apenas os descuidados desejarão contratar o seguro, já que o prêmio está abaixo do que seria justo.
A seleção adversa pode levar a uma falha no mercado de seguro, mas esse resultado não é inevitável. A decisão individual sobre a contratação de um seguro está relacionada à sua aversão ao risco, ou seja, quanto o indivíduo gostaria de evitar flutuações na sua renda (ou no seu consumo, ou no bem-estar, de forma mais ampla). Os indivíduos com algum grau de aversão ao risco em geral desejam contratar um seguro quando o prêmio é justo. A maioria dos indivíduos é avessa ao risco e valoriza a cobertura contra situações adversas. Eles estarão dispostos a pagar um “prêmio de risco”, ou seja, um valor que está acima do prêmio justo.Voltando ao nosso exemplo, talvez eles estejam dispostos a pagar os R$1.375,00, mesmo que saibam que o preço justo é R$250,00.
Essa situação é chamada de equilíbrio agregador, ou seja, uma situação de mercado em que todos contratam o seguro, ainda que o prêmio não seja justo para todo mundo. Nesse caso, todos os tipos de indivíduos estão cobertos pelo seguro, e o segurador está disposto a ofertar a cobertura.
Outra forma de contornar a seleção adversa é a possibilidade de oferecer às pessoas produtos com preços diferenciados.
Atenção
Lembre-se de que a origem do problema da seleção adversa é o fato de que os indivíduos descuidados podem se dizer cuidadosos, com o intuito de contratarem um seguro a um prêmio menor do que o justo. Mesmo se as empresas pedirem aos indivíduos que revelem a que grupo pertencem (cuidadoso ou descuidado), tipicamente não se obterá uma resposta verdadeira. Assim, uma alternativa é ofertar seguros diferentes, tentando atrair cada tipo de pessoa para um seguro distinto, ou seja, a escolha individual revelará a que grupo pertence um indivíduo.
Esse tipo de estratégia no mercado de seguro é chamado de equilíbrio separador.
Vamos supor que a empresa de seguro ofereça duas opções: excelente cobertura contra acidentes ao preço de R$2.500,00 e uma cobertura simples, ao preço de R$250,00. Quando essas duas opções são postas perante um indivíduo descuidado, é provável que ele opte pela opção que lhe confere excelente cobertura de custos contra acidentes. Assim, ele pagará o maior prêmio de seguro, R$2.500,00. Em contrapartida, os membros do grupo dos cuidadosos optarão pela cobertura simples com o prêmio de R$250,00. Essa escolha acontece porque o descuidado não tem nenhum interesse em ter uma cobertura simples por causa da alta probabilidade de sofrer um acidente. Como, em média, os indivíduos são avessos a risco, é preferível pagar um alto preço, mas ter a garantia de poder contar com uma excelente cobertura.
Essa oferta de produtos de seguro diferenciados levou os consumidores a revelarem os seus verdadeiros grupos. Quando ambos os grupos respondem a essa diferenciação de preço, temos o equilíbrio separador.
Vamos retornar ao início e avaliar a situação em que cada um paga o valor justo: R$250,00 para os cuidadosos e R$2.500,00 para os descuidados. Considere que os cuidadosos, após contratar o seguro, sintam-se mais protegidos por estarem cobertos e mudem seu comportamento, passando a se comportar de maneira descuidada. Essa alteração de comportamento é chamada de risco moral. O mau comportamento é decorrente da existência do seguro, uma vez que o indivíduo está assegurado de um evento adverso (para simplificar a exposição, considere aqui que o atropelamento tem apenas o impacto financeiro das despesas médicas, sem impacto direto sobre bem-estar.).
PARA ILUSTRAR ESSA SITUAÇÃO, CONSIDERE O SEGUINTE EXEMPLO:
A diferença entre o risco moral e a seleção adversa pode ser descrita de acordo com o momento da assimetria da informação: antes ou depois da assinatura do contrato de seguro.
O risco moral pode ter várias dimensões, como a redução de precauções contra eventos adversos. Para ilustrar, considere alguns exemplos:
A contratação de um seguro contra incêndio pode fazer as pessoas se preocuparem menos em verificar a data de validade dos extintores de incêndio. Após contratar um seguro de carro, os motoristas podem estacionar em qualquer lugar. Outro ponto é relacionado ao aumento de gastos quando ocorre o evento adverso: ter o seguro de saúde, por exemplo, pode significar visitas ao médico com frequência exagerada, e até mesmo o médico pode pedir exames não essenciais ao saber que o paciente não terá custo.
Existem algumas maneiras de contornar o risco moral. Uma estratégia amplamente adotada é a concessão de descontos ou cobranças extras no período pós-contratação. Em algumas situações, a seguradora fornece um desconto no segundo ano de contrato, se o seguro não for acionado no primeiro ano. Outra forma utilizada para contornar o risco moral é cobrar um valor extra caso ocorra o acionamento do seguro. Esse exemplo é comum nos seguros de automóveis, que preveem uma franquia se houver acidentes.
A existência de falhas de mercado sugere que há espaço para intervenção governamental no mercado de seguros, como veremos no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. Leia com atenção as quatro situações hipotéticas.
I. Uma seguradora vende um plano de saúde para uma pessoa. No entanto, não é conhecido se esse indivíduo possui doença prévia ou não.
II. O valor do prêmio do plano de saúde, a partir do segundo ano, tem desconto para os assegurados que permitem que a seguradora tenha acesso aos dados do app instalado no celular do assegurado, que monitora as atividades físicas no dia.
III. A seguradora cria uma franquia de seguro com a finalidade de fazer com que o assegurado arque com parte dos custos em caso de acidente.
IV. Ao contratar um seguro de automóvel, o valor do prêmio do seguro é calculado com base na pontuação que o motorista possui na sua carteira de habilitação. A cada ponto de infração cometida, é adicionado R$50,00 ao prêmio do seguro.
Depois de ler atentamente as quatro situações hipotéticas, escolha UMA alternativa que classifique cada uma das situações como sendo um exemplo de seleção adversa ou de risco moral.
i) Seleção adversa; ii) risco moral; iii) risco moral; iv) risco moral.
i) Risco moral; ii) seleção adversa; iii) seleção adversa; iv) seleção adversa.
i) Seleção adversa; ii) risco moral; iii) risco moral; iv) seleção adversa.
i) Risco moral; ii) seleção adversa; iii) risco moral; iv) risco moral.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "C" está correta.
A situação i) é um exemplo de seleção adversa, em que a pessoa pode ter buscado contratar o plano de saúde só porque possui uma doença e precisa de cuidados médicos. A situação ii) é uma alternativa para contornar o risco moral, uma vez que está cientificamente comprovado que a prática de atividades físicas regulares traz benefícios à saúde, o que, consequentemente, tornaria o indivíduo menos propenso a acionar o plano de saúde. A situação iii) demonstra a obrigatoriedade do assegurado de arcar com parte dos custos em caso de acidente, remetendo a uma maneira de mitigar o risco moral. A motivação por trás do compartilhamento dos custos é prevenir que o indivíduo se torne propenso a mudar seus comportamentos, agindo de maneira mais irresponsável ao dirigir em virtude da isenção dos custos de um possível acidente do assegurado. Ou seja, no risco moral, as pessoas podem mudar seus comportamentos após a contratação do seguro, a exemplo de passar a dirigir de modo agressivo. A imposição contratual de que o indivíduo arque com parcelas do custo de um acidente torna-o menos suscetível a ter uma conduta imprudente no trânsito com o fim de evitar acidentes, dado que estes implicariam em perdas financeiras. A última situação iv) é uma forma de eliminar a seleção adversa; poderia partir do pressuposto de que indivíduos que cometem mais infrações de trânsito possuem maior probabilidade de sofrerem/cometerem acidentes, então, dessa maneira, poderia cobrar deles um prêmio maior.
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2. Leia atentamente o texto abaixo.
Uma empresa sabe que alguns de seus empregados têm uma capacidade acima da média, mas não consegue identificá-los. Para conhecer o tipo do trabalhador, a empresa ofereceu duas opções: realizar um curso muito difícil que dará aos aprovados um certificado de excelência, com alto salário, ou aceitar um salário mais baixo.
Após ler o texto, escolha UMA opção que descreve corretamente o exemplo.
Esse é um exemplo de risco moral, em que o trabalhador sabe se pertence ao grupo dos trabalhadores excelentes.
Há um problema de seleção adversa. Se apenas parte dos funcionários fizer o curso e tiver sucesso, teremos um exemplo de equilíbrio separador.
A assimetria informacional é inexistente nesse exemplo.
Se metade dos funcionários fizero curso com sucesso, teremos um equilíbrio agregador.
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Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
Temos um problema de seleção adversa, pois a empresa não conhece uma característica relevante dos seus empregados. Lembre-se de que o equilíbrio separador ocorre quando usamos algum artifício para induzir pessoas diferentes a revelar suas características – nesse caso, a empresa usa o curso.
· MÓDULO 3
INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL, SEGURO SOCIAL E A REDISTRIBUIÇÃO
Nos módulos 1 e 2, estudamos que o fundamento básico para a existência do mercado de seguros é o desejo das pessoas de suavizar o consumo ao longo do tempo e entre diferentes cenários. No entanto, muitos problemas podem ocorrer, impossibilitando a contratação ou a oferta do seguro.
Vamos considerar algumas ferramentas de política pública específicas para lidar com o problema de seleção adversa. Para isso, continuaremos com o exemplo dos grupos dos cuidadosos e descuidados.
A assimetria informacional, porém, é apenas um dos motivos que levam o governo a atuar através da política pública. Vamos ver agora que existem outros motivos que fazem com que o governo interfira no mercado de seguros, como a presença de externalidades, a busca por redistribuição de recursos e o paternalismo.
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EXTERNALIDADES NEGATIVAS:
Um motivo clássico para a intervenção em mercado de seguros é a presença de externalidades negativas. Podemos definir externalidade quando as ações de um indivíduo afetam diretamente o bem-estar de outra pessoa. Para o caso da externalidade negativa, essas ações possuem efeitos adversos em terceiros, como se a pessoa não considerasse todos os custos de suas ações. Por exemplo, uma firma que lança poluição no meio ambiente não leva em consideração o custo que gera sobre a saúde das pessoas. Pode acontecer algo semelhante no mercado de seguros. Imagine que alguém contraiu uma gripe e não se cuidou: talvez ele não tenha seguro-saúde para o tratamento, não conte com uma forma de seguro ligada ao seu trabalho e não pode ficar em casa com alguma remuneração (pense em trabalhadores informais, por exemplo). Essa pessoa continuará trabalhando e circulando, e contaminará outros ao redor.
O governo pode intervir de forma a eliminar ou minimizar as consequências negativas propiciadas por aquela ação. No nosso exemplo da gripe, uma possível ação governamental para contornar essa externalidade negativa é o incentivo ou até a exigência de que pessoas com esses sintomas fiquem em isolamento ou usem máscaras, o que diminuiria a chance de contágio. O governo também pode oferecer seguro-saúde para que o indivíduo se trate e se recupere rapidamente, e um auxílio de renda para que fique em casa enquanto estiver doente, o que também é um seguro contra o risco financeiro.
REDISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS:
É frequente que a política pública busque também a redistribuição de recursos de forma a reduzir a desigualdade. O governo pode cobrar impostos diferentes de pessoas distintas ou redistribuir recursos diretamente, como nos programas de transferência de renda (por exemplo, o Bolsa Família). Relembrando: quando discutimos o exemplo de diferentes pessoas atravessando a rua, concluímos que os descuidados deveriam pagar dez vezes mais que os cuidadosos. Esse resultado é claramente problemático: alguns podem não ser capazes de pagar o prêmio e ficarão sem cobertura. Esse problema é particularmente importante para o seguro-saúde: algumas pessoas representam um risco maior para a seguradora por terem condições pré-existentes e, frequentemente, não podem pagar o prêmio.
Como alternativa, os governos podem intervir nos mercados de seguros, talvez tributando os indivíduos de baixo risco e usando as receitas para subsidiar os prêmios pagos por indivíduos de alto risco, conseguindo, assim, uma distribuição mais uniforme dos custos de seguro. Com isso, o governo opta pela redistribuição.
PATERNALISTA:
A terceira intervenção é do tipo paternalista, que ocorre quando o governo avalia que os indivíduos não fazem escolhas razoáveis para se proteger de riscos. Podemos simplesmente forçar as pessoas a contratar algum tipo de seguro: o pagamento é obrigatório através dos impostos, e o serviço é disponibilizado como política pública. Esse tipo de política pode ser adotado mesmo quando não há problema informacional relevante.
O CASO BRASILEIRO
A Constituição Federal de 1988 prevê a instituição de um estado democrático e, para isso, são definidas as responsabilidades do Estado para com a população. Essa agenda de responsabilidade se reflete nos gastos governamentais. Definiu-se que uma das funcionalidades do estado democrático é legislar sobre a seguridade social.
Atenção
Ficou acordado que seria criado um conjunto de ações “destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” (Art. 194 CFBR).
O termo seguridade social não se iniciou com a constituição: é um conceito amplo, e sua característica principal é o esforço na garantia universal da prestação de benefícios e serviços de proteção social pelo Estado.
Com isso, estipularam-se as três esferas associadas à seguridade social:
Resumindo
Em linhas gerais, compreendemos que a saúde, com o caráter universalista, está associada ao Sistema Único de Saúde (SUS), que deve, obrigatoriamente, ser contemplado no orçamento público. O SUS, além de ser responsável por atendimentos de saúde para a população, também realiza campanhas de vacinação e ações de prevenção de vigilância sanitária, como a fiscalização de alimentos e o registro de medicamentos. Observe a presença de vários fatores que já estudamos ao longo deste tema: a vacinação ajuda a evitar externalidades negativas, pois protege não apenas o indivíduo vacinado, mas aqueles à sua volta; e a vigilância sanitária lida com o risco moral que ocorre quando, por exemplo, um restaurante não cuida adequadamente dos seus alimentos. O SUS, por ser gratuito, busca evitar problemas de exclusão causados por seleção adversa: o governo simplesmente subsidia os serviços de saúde para a população.
A assistência social seletiva é responsável por ações que visam proteger pessoas em situação de necessidade. Talvez o exemplo mais famoso no Brasil de assistência social seja o Bolsa Família, um programa de transferência condicional de renda do governo federal para famílias muito pobres: ou seja, só recebe quem tem uma renda muito baixa, a partir de um critério objetivo.
Por fim, a Previdência Social contributiva significa que, em um primeiro momento, as pessoas vão contribuir com parte dos seus salários para que, quando puderem se aposentar, recebam do governo alguma renda. Esse programa de Previdência Social representa um tipo de seguro em que as pessoas são obrigadas a destinar parte de seus salários para que estejam cobertas no futuro, quando estiverem fora do mercado de trabalho. É importante ressaltar que a Previdência Social envolve outras formas de seguro, como o seguro-desemprego, o seguro-doença e outros benefícios.
Será que as três formas de seguro que foram estabelecidas na Constituição têm algum outro impacto, além de assegurar as pessoas?
Vimos que uma das razões para a interferência do governo no mercado de seguros está relacionada à redistribuição de renda, que consiste em fazer com que alguém pague a mais para que outro possa ser beneficiado.
No âmbito dos três pilares da seguridade social, é possível enxergar de forma clara a redistribuição em um contexto de assistência social e saúde. O governo arrecada recursos através dos impostos. Apesar das peculiaridades relacionadas a cada imposto, observa-se que pessoas com maiores níveis de renda pagam um montante maior de imposto do que uma pessoa com uma renda baixa. De posse de todo esse recolhimento, o governo escolhe distribuir esse orçamento, direcionando-o para a área de assistência social e da saúde, por exemplo.
Como poderíamos associar a Previdência Social à redistribuição?
Embora exista uma variedade de detalhes associadosà Previdência Social, em linhas gerais, é demandado que os trabalhadores paguem impostos no presente como forma de transferir renda para os aposentados. Esse processo tem uma importante implicação para a redistribuição de renda entre gerações.
Como vimos no exemplo anterior, o sucesso da Previdência Social, no âmbito da aposentadoria, dependerá do crescimento populacional e dos salários crescentes. Sem isso, pode ocorrer um legado de dívidas:
A dívida que o governo possui ocorreu devido às primeiras gerações de beneficiários terem recebido mais benefícios do que pagaram em impostos. Assim, se a sociedade decidir encerrar tal modalidade de programa, a geração de trabalhadores aposentados, que pagaram os impostos para apoiar o programa, será prejudicada.
Como se pode perceber, para a Previdência Social funcionar, é necessário que os indivíduos que estão empregados financiem os que são dependentes desse sistema. Porém, o mundo real é um pouco diferente do que o observado no exemplo hipotético. É possível que o sistema previdenciário não seja capaz de se financiar: as contribuições dos trabalhadores atuais não são suficientes para pagar as aposentadorias. Nesse caso, o governo paga parte das aposentadorias através de outros tributos ou do aumento da dívida pública.
De certa forma, as ações do governo na previdência ou na saúde podem ser entendidas como uma forma de o governo prover seguro para a população. Utiliza-se o termo Seguro Social para tratar do conjunto dessas políticas públicas. As ações de Seguro Social são abrangentes, mas aqui podemos identificar como sendo um tipo de intervenção do governo no mercado de seguro.
Atenção
Apesar de a realidade ser um pouco mais complicada que o exemplo, a Previdência Social tem uma característica forte de redistribuição de renda entre gerações. A motivação fundamental para esse Seguro Social é que os idosos não possuem renda suficiente para se financiarem quando se aposentarem. Como resultado, o governo precisa atuar de forma a forçar os trabalhadores a conceder parte de seus salários para beneficiar os aposentados. Pode ser considerada como uma medida paternalista que recai na redistribuição, uma vez que os jovens fornecem renda para os idosos, possibilitando melhoria nas condições de vida na fase em que não são mais aptos a trabalhar.
A intervenção governamental no mercado de seguro deve ser avaliada com rigor, principalmente devido ao risco moral. Considere o seguro-desemprego:
Ele pode fazer com que essas pessoas não busquem encontrar outro emprego, já que estão sendo remuneradas. Para minimizar esse problema, o governo provém a remuneração compensatória por um curto período, evitando que alguém fique sem renda e cria uma série de condicionantes e restrições para encorajar a busca por emprego. Por exemplo, só poder recorrer a esse tipo de seguro depois de trabalhar durante vários meses e só ter direito a esse benefício por um curto período.
Essas lições possuem clara implicação política: sistemas de seguro social devem oferecer seguro parcial, mas não completo, contra eventos adversos. Diminui-se o risco e evita-se incentivar comportamentos que aumentem o risco.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. Além da seleção adversa, existem outros motivos que podem fazer com que o governo intervenha no mercado de seguros. Assinale a única alternativa que NÃO representa os motivos que o governo possui para intervir no mercado de seguros e o seu termo associado.
Medidas de campanha de vacinação obrigatória, para evitar que doenças contagiosas atinjam a população, são um exemplo de ação de cunho paternalista.
Foi definido que pessoas com altos salários arquem com os custos de saúde da população que vive abaixo da linha da pobreza. Esse é um exemplo de redistribuição.
Parte dos trabalhadores perdeu os seus empregos e, como forma de compensar essa perda de rendimentos, o governo decide taxar toda a população para que essas pessoas não fiquem desamparadas por um período. O intuito de tal medida é contornar uma externalidade negativa.
O governo pode fazer com que seja obrigatório realizar exames de mapeamento genético para as pessoas que desejam contratar um seguro de saúde. Esta é uma estratégia para se contornar o problema de seleção adversa, dado que as seguradoras terão o mesmo conhecimento que os assegurados.
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Comentário
Parabéns! A alternativa "C" está correta.
Para os trabalhadores que perderam os seus empregos, oferecer um rendimento a eles, de forma compensatória, é um exemplo de redistribuição.
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2. Leia atentamente o texto:
Diversas empresas se instalaram em um bairro que era somente residencial. Depois de meses, os moradores do local começaram a se queixar de inúmeros problemas respiratórios. A secretaria de saúde da cidade viu que as ocorrências desse quadro de saúde só estavam aumentando em um bairro muito específico. Decidiu-se investigar o que estava ocorrendo, e foi descoberto que a empresa fazia emissões poluentes, piorando a saúde da população. Essa situação hipotética é um exemplo claro de uma externalidade negativa criada pela empresa que se mudou para essa região.
Além de interferir na saúde dos moradores, qual outra externalidade negativa que os moradores podem sofrer, em virtude dessas emissões de poluentes no bairro deles? Assinale a alternativa que melhor represente outra externalidade negativa sofrida por esses moradores.
A secretaria de saúde poderia solicitar que a empresa incorporasse medidas que reduzissem as emissões de poluentes no bairro.
Após a instalação da empresa, houve uma desvalorização no preço de aluguel e venda dos imóveis nesse bairro.
A empresa poderia arcar com todos os custos de saúde que os moradores do bairro estão tendo.
Os lucros dessa organização estão reduzindo porque a fama da empresa de poluente está fazendo com que as pessoas não desejem comprar seus produtos.
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Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
Com todos esses problemas de emissão de poluentes, as pessoas levarão em consideração esse fator negativo na hora de comprar uma residência nesse bairro ou se mudarem. Como estratégia, os donos de imóveis no bairro decidiram diminuir o valor cobrado para tentar atrair inquilinos ou compradores.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos que os indivíduos buscam contratar o seguro para suavizar o consumo ao longo do tempo e diante da impossibilidade de controlar cenários do futuro. Como o aumento da utilidade nos períodos de bonança não compensa a redução da utilidade durante a escassez, os indivíduos buscam o seguro para garantir a estabilidade. No entanto, falhas de mercado podem ocorrer, impossibilitando a oferta do seguro ou alterando o prêmio de forma impraticável. Além disso, as externalidades negativas, a redistribuição e o paternalismo também podem influenciar na decisão da intervenção governamental no mercado de seguros.

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