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2 Teoria da Comunicação Definição Para entender o que é comunicação, é preciso entender primeiro o que é linguagem e seus objetivos. – O que é linguagem? Linguagem é um fenômeno ligado a várias áreas na vida do homem. Biologicamente falando, linguagem é como um software superdesenvolvido normalmente localizado no cérebro humano, ou seja, nascemos com a capacidade de linguagem. Psicológica e afetivamente falando, sem ela não há como entender a vida interna e externa do homem, pois somente ela permite a exposição objetiva/criativa de pensamentos, emoções, ideias, sentimentos, volições, experiências etc. Cultural e socialmente falando, esse dom inato permite que o homem crie, recrie, manipule, reproduza, absorva o maior conjunto de conhecimentos, informações, valores, costumes e afins (individuais e coletivos). Para onde o homem for, sua cultura expressa em forma de linguagem irá com ele. Formalmente falando, a linguagem, manifestada por meio de sinais verbais ou não verbais, permite ao homem uma adaptação incrível em diferentes situações comunicativas; para isso, ele precisa adquirir competência comunicativa. – Qual são os objetivos da linguagem? A expressão do pensamento e a interação entre as pessoas são os principais objetivos da linguagem. Quando falamos, escrevemos, gesticulamos ou usamos quaisquer outros signos (sinais), o propósito é fazer-se entender. Muitas vezes falamos com nós mesmos em voz alta ou em pensamento para organizar nossas ideias; de qualquer maneira, estamos nos comunicando. Assim, precisamos dela para viver, reviver e conviver. É sempre importante dizer que usamos a linguagem para representar o mundo real e o mundo das ideias, portanto a linguagem não é o espelho da realidade externa, apenas. Por meio dela construímos e organizamos nossa realidade com toda nossa herança cultural e subjetividade. É a linguagem verbal que nos deve interessar para os concursos públicos. Em vestibulares, há muitas questões de linguagem não verbal. Vamos entender. 3 Elementos da Comunicação – O que é linguagem verbal? Linguagem verbal é a maneira que o homem tem de se fazer entender por meio de palavras. Estas se manifestam por sons (fala) ou formas (escrita) atreladas a um conceito a fim de representar algo do universo externo ou interno do homem. Usamos a linguagem verbal por meio de signos para a construção de sentido do universo humano na fala e na escrita. – O que é o signo linguístico? Signo linguístico é qualquer unidade de uma língua que conjuga som (na fala) ou forma (escrita) + ideia/conceito a fim de representar algo do universo externo ou interno do homem. Os signos de uma língua substituem os objetos e os representam. Todo signo, então, apresenta dois “lados” básicos: o significante e o significado. 1) Significante: é “a imagem acústica”, a imagem mental gerada pelo som (em pensamento ou em voz alta – fala), ou pela forma (escrita) de uma palavra; é a parte audível ou visível da palavra que o nosso cérebro identifica e converte em imagem ou mera abstração. 2) Significado: é a ideia, o conceito, o conteúdo semântico da palavra que representa algo do mundo do homem. O signo linguístico (= a palavra) pode ter seu significante mudado e seu significado permanecer o mesmo; muito dependerá da cultura de uma pessoa ou de um grupo. Pense em tangerina, bergamota, mexerica, mandarina, por exemplo; formas diferentes, significados iguais. O contrário também é verdadeiro, ou seja, uma forma pode ter mais de um sentido: precisar (carecer, necessitar, ajustar...). Podemos acrescentar ao conceito de signo linguístico (significante + significado) o conceito de referente, que é um elemento extralinguístico, ao qual o signo linguístico se remete, circunscrito ao nosso mundo biossocial. Dessa maneira, a compreensão que temos de tangerina está associada ao que apreendemos do som [tangerina] + a ideia que temos dela (fruta) + “o objeto”, a fruta em si. Logo, o signo linguístico é uma tríade: significante + significado + referente. – Enfim, o que é a comunicação? A grande função da linguagem é o estabelecimento da comunicação, conceito que trata da transmissão/recepção de mensagem em um código compreendido. Vamos nos apegar à comunicação verbal (oral ou escrita). 4 O processo de comunicação envolve seis elementos básicos, os quais constituem o conceito atual dela. Sem esses elementos, não há comunicação. Vejamos: 1) Emissor (remetente, transmissor, 1a pessoa do discurso, locutor, falante etc.): aquele que envia uma mensagem. 2) Receptor (destinatário, recebedor, 2a pessoa do discurso, interlocutor, ouvinte etc.): aquele que recebe uma mensagem. 3) Mensagem: aquilo que é transmitido pelo emissor. 4) Código: signos compartilhados pelo emissor e pelo receptor. 5) Referente (contexto): é o assunto da mensagem, o elemento extralinguístico dela. 6) Canal (contato): é o meio, o veículo transportador da mensagem. Para ilustrar: João (carioca) envia um e-mail falando sobre as suas férias, na língua nativa deles, para Maria (paulista). Assim: 1) João: emissor; 2) Maria: receptor; 3) o conteúdo do e-mail: mensagem; 4) em língua portuguesa: código; 5) as férias do João: referente; 6) o e-mail: canal. Mensagem / Referente Emissor =========================== Receptor Código / Canal É bom dizer que o receptor pode virar emissor no processo de comunicação. Funções da Linguagem A linguagem vai muito além do que imaginamos, pois apresenta determinadas funções dentro do processo comunicativo, consoante o propósito, a intenção do usuário da língua. A título de curiosidade, quem discriminou tais objetivos da linguagem foi um homem chamado Roman Jakobson. Devemos muito a ele. Pois bem... as funções da linguagem tratam do relevo dado a um dos seis elementos da comunicação, que acabamos de ver, a depender da proposta ou intento do texto. É certo também que um texto pode apresentar mais de uma função da linguagem que concorre com a função predominante. Organizamos a 5 linguagem de tal modo a atender nossa finalidade. Uma dica: para cada elemento da comunicação, há uma função da linguagem! Vejamos as seis: 1) Função Emotiva (Expressiva) • o “eu” do texto é o centro da mensagem, na qual ele destaca seus próprios sentimentos, expressa suas emoções, impressões, atitudes, expectativas etc.; • é um texto pessoal, cercado de subjetividade; • algumas marcas gramaticais indicam que tal função é a predominante no texto: verbos e pronomes de 1a pessoa, frases exclamativas, certas interjeições, vocativos, reticências, termos e expressões modalizadoras etc.; • é a linguagem das músicas românticas, dos poemas líricos e afins. Exemplo: – “Eu não tinha este rosto de hoje / assim calmo, assim triste, assim magro (...)” (Cecília Meireles) – Estou bem feliz! 2) Função Conativa (Apelativa) • o receptor é o centro da mensagem, na qual ele é estimulado, provocado, seduzido, amparado etc.; • normalmente o interlocutor é conduzido a adotar uma determinada postura; • é um texto normalmente claro e objetivo que visa à persuasão; • algumas marcas gramaticais: verbos e pronomes de 2a pessoa (ou 3a pessoa – você), vocativos, imperativos, perguntas ao interlocutor etc.; • é a linguagem das músicas e dos poemas românticos, das propagandas e afins. Exemplos: – “Mel, tua boca tem o mel / E melhor sabor não há / Que loucura te beijar (...)” (Belo) – Não deixe de ver aquele filme amanhã, ouviu? 3) Função Poética • a mensagem por si é posta em relevo; mais do que seu conteúdo, o destaque dela se encontra na forma como ela é construída, criativa e inusitadamente; • essa função usa vários recursos gramaticais: figuras de linguagem, conotação, neologismos, construçõesestruturais não convencionais, polissemia etc.; 6 • é a linguagem dos poemas e prosas poéticas (literária), da publicidade criativa e afins. Exemplo: – “Antes de dormir, não se esqueça de apagar os insetos.” (Propaganda de inseticida) – Amar: / Fechei os olhos para não te ver / e a minha boca para não dizer... / E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, / e da minha boca fechada nasceram sussurros / e palavras mudas que te dediquei... / O amor é quando a gente mora um no outro. (Mário Quintana) 4) Função Metalinguística • o código usado para estabelecer comunicação é o centro da mensagem, no sentido de que ele é instrumento de explicação de si mesmo; usa-se um signo para explicar a si próprio; • essa função busca esclarecer, refletir, discutir o processo discursivo, em um ato de comunicação em que se usa a linguagem para falar sobre ela própria; • encontramos em poemas que falam sobre o fazer poético (metapoema), sambas que abordam esse gênero musical, filmes que discutem o cinema, palavras usadas para explicar outras em dicionários, narradores que refletem sobre a arte de narrar (metanarração) etc. Exemplo: – “Samba, / Eterno delírio do compositor / Que nasce da alma, sem pele, sem cor (...)” (Fundo de Quintal) – “Ódio: aversão intensa geralmente motivada por medo, raiva ou injúria sofrida; odiosidade” (Dicionário Houaiss) * O programa Vídeo Show é um exemplo forte de metalinguagem, pois se usa o “código” da televisão (programa de TV) para falar sobre a própria televisão (outros programas de TV). 5) Função Referencial (Informativa/Denotativa) • o referente é o centro da mensagem; • destaca-se o objeto, o assunto da mensagem de forma clara e objetiva; • algumas marcas gramaticais e discursivas: uso da 3a pessoa, denotação, impessoalidade, precisão, frases declarativas etc.; • encontramos tal função predominantemente em textos jornalísticos, científicos, didáticos e afins (não literária). 7 Exemplo: – “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou o governo com avaliação recorde de 87% para seu desempenho pessoal, conforme pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Instituto Sensus divulgada nesta quarta-feira. Em setembro deste ano, essa percepção era de 80,7%.” (Site de notícias) 6) Função Fática • o canal (contato) é o centro da mensagem; • essa linguagem se manifesta quando a finalidade é testar, estabelecer ou encerrar o contato entre o emissor e o receptor (como em ligações telefônicas, saudações, cumprimentos etc.); • tal função cria as condições básicas para que ocorra a interação verbal; • algumas marcas linguísticas: “Bom dia/tarde/noite”, “Oi”, “Olá”, “Fala...”, “E aí”, “Estou entendendo”, “Vamos lá?”, “Pronto”, “Atenção”, “Sei...”, “Fui”, “Valeu”, “Tchau” etc. Exemplo: – “Fala, galera! Beleza? Boa noite a todos. Bem... vamos lá...” (um professor, antes de iniciar a aula) – “Alô? Entendeu?” Noções de Semiótica (ou Semiologia) e Linguística Este assunto pode parecer-lhe estranho, e é, em 99,99% dos concursos públicos! Mas... a FCC já tratou dele. Veja o conteúdo programático do edital: Analista Judiciário – ÁREA APOIO ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE TAQUIGRAFIA – 2010 PORTUGUÊS: Comunicação e expressão em língua portuguesa: Gramática (fonética, morfologia e sintaxe: construção frasal, concordância, regência, crase, colocação e emprego). Semântica. Estilística. Interpretação de textos. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Figuras e vícios de linguagem. Pontuação: pontuação e estrutura sintática, pontuação ênfase; particularidades em textos normativos articulados, em enumerações, em citações e em transcrições. Terminologia jurídica, expressões usuais na linguagem jurídica, latinismos jurídicos, vícios e impropriedades da linguagem judiciário-forense. 8 NOÇÕES BÁSICAS DE SEMIOLOGIA E LINGUÍSTICA: Conceituação, campo de atuação dos fenômenos e questões linguísticas e semiológicas, aplicação. A linguagem e seus planos, estrutura, modalidades, evolução; a linguagem e a comunicação. Teoria do Discurso: estruturas narrativas, organização discursiva, enunciações e relações intertextuais; a tipologia, análise e metodologia do discurso. A questão sígnica: sistemas, estrutura e dinâmica de signos. Vamos entender agora! Semiótica é a ciência geral dos signos, ou a arte dos sinais. É uma ciência que trata de todas as linguagens, a saber, quaisquer sinais usados pelo homem (ou não!) para representar algo interno ou externo, estabelecendo normalmente a comunicação. Assim, um cheiro, uma imagem, uma percepção, um movimento, um som, um sabor, ou todos esses elementos juntos – que dizem respeito aos sentidos humanos (ou não!) – colaboram para patentear a comunicação. Já a Linguística é mais específica, pois trata da linguagem humana, ou melhor, da língua. O dicionário Houaiss define bem esta ciência: “ciência que tem por objeto: (1) a linguagem humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico, social e psicológico; (2) as línguas consideradas como estrutura; (3) origem, desenvolvimento e evolução das línguas; (4) as divisões das línguas em grupos, por tipo de estrutura ou em famílias, consoante o critério seja tipológico ou genético”. Veja uma questão sobre isso: 52. (FCC – TRF (4a R) – Analista Judiciário (Taquigrafia) – 2010) Analise: A Semiologia (ou Semiótica) é a teoria geral ...J.... Ela difere da Linguística por sua maior abrangência: enquanto a Linguística é o estudo científico ...K..., a Semiologia preocupase com todo e qualquer sistema ...L..., seja ele natural ou convencional. Por esse ângulo, a Linguística insere-se como uma parte da Semiologia. Semiologia e Semiótica são termos permutáveis. (Adaptado de Castelar de Carvalho (UFRJ, ABF). Saussure e a Língua Portuguesa, http://www.filologia.org.br/viisenefil/09.htm. Acesso em 02 de fevereiro de 2010.) As lacunas J, K e L são, correta e respectivamente, preenchidas por: a) dos significados – das linguagens – de significantes; b) da significação – da fala – linguístico; c) dos símbolos – dos signos – de fala; 9 d) da comunicação – da morfossintaxe – de troca; e) dos sinais – da linguagem humana – de comunicação. Comentário: E. Note que a questão trata da definição da semiótica e da linguística de maneira bem didática. Bastaria saber a definição de ambas e a diferença entre elas para acertá-la. Uma vez que a semiótica trata de signos (ou sinais) verbais ou não verbais, diz-se que eles (co)ocorrem em forma de ícone, índice ou símbolo. Vejamos: 1) O ícone é uma retratação de algo do mundo real ou imaginário. A sua foto 3X4, uma pintura de um vaso de flores, uma escultura de um homem famoso, um desenho de uma sereia etc. são signos icônicos, pois buscam representar de modo bem similar os elementos do externo universo humano. Sabemos, por exemplo, que determinada conversa que ouvimos ou lemos pertence a um casal de namorados, pois nela muitas palavras (e a entonação delas) aparentam a maneira comum de os casais se tratarem; daí, podemos afirmar que ocorre iconicidade neste trecho: – Oi, amorzinho. – Fala, nem. Como foi o seu dia? – Ai, paixão, senti tanto a sua falta! – Ah, calma, Ju, só faltam dois dias pra gente se ver. – Sabe, Nando, eu sou louquinha por você! – Você só é assim, porque... eu sou lindo! – Convenciiiido! 2) O índice (ou indício) é um signo que sugere, por inferência, um acontecimento, uma intenção etc. Ocorre a ideia de contiguidade nesse tipo de signo, pois ele é uma parte de um todo absorvido, anteriormente, pelo conhecimento de mundo. Um céu estrelado sugere sol no dia seguinte, uma buzinada sugere pedido de passagem, um lugar saindo fumaça sugere presença de fogo, uma fala irônica sugere desprezo por alguém, um simplesclique (pela boca) sugere insatisfação, um sotaque sulista sugere a origem da pessoa etc. 3) O símbolo é, em geral, uma imagem que, por herança cultural ou não, serve para representar o abstrato pelo concreto. Uma caveira simboliza a morte ou o perigo, o preto simboliza o luto, nossa bandeira simboliza nossa nação, a pomba branca simboliza a paz, as letras dos alfabetos simbolizam sons ou idéias inteiras, uma aliança no dedo anelar esquerdo simboliza o casamento, a cruz simboliza o cristianismo etc. Os signos são incontáveis e seus referentes idem. Vale dizer ainda que um mesmo signo pode, ao mesmo tempo, ser tomado como ícone, índice e símbolo; por exemplo, a imagem de um sapatinho na janela. É ícone, porque retrata um sapato na janela; é índice, porque sugere que o Papai Noel vai deixar um presente; é símbolo, porque representa (também) o Natal. 10 TEORIA DA COMUNICAÇÃO - QUESTÕES DE CONCURSOS Texto para questão 1. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2003 ) Mistura linguística Muita gente, em vários países, fala um pouco de inglês todo dia sem perceber. Sem contar o “informatiquês”, cujos verbetes – como megabyte, browser, hard disk, software – são expressões do mais puro inglês, muitas outras palavras do dia-a-dia de brasileiros, franceses, alemães e, principalmente, japoneses têm origem no idioma bretão. Futebol (football), sanduíche (sandwich) e deletar (verbo criado a partir de to delete, suprimir) são exemplos conhecidos de anglicismo (uso de expressões em inglês ou originadas dele) no português. Os alemães apertam o resetknopf (reset button ou botão de reset) para iniciar o computador. E os franceses, conhecidos por sua ojeriza a estrangeirismos, despedem-se dos colegas de trabalho na sexta-feira dizendo bon1 weekend. A situação do japonês é particularmente curiosa2. Estima-se que cerca de vinte mil palavras do vocabulário moderno tenham origem no inglês. Sorvete é aisukurimu de ice cream. Ar condicionado é eacon, de air conditioner. E banheiro deixou de ser obenjyo para se tornar toiré, de toillet. A história dessa imposição linguística certamente desperta animosidades. Na Índia, por exemplo, onde o inglês é uma das línguas oficiais, ele não é muito ouvido nas ruas. Falar inglês ainda lembra um passado de opressão. Galileu, fev./2002, p. 37 (com adaptações). 1. A seleção de argumentos e do vocabulário mostra o grau de engajamento do autor em face do assunto: paralelamente às funções referencial3 e metalinguística4, que veiculam informações objetivas, há marcadores linguísticos que deixam entrever elementos subjetivos. ( X ) CERTO ( ) ERRADO CERTO. Há função referencial, pois o objetivo do autor é informar um assunto. No entanto, há metalinguagem, pois em vários momentos o autor usa palavras para explicar palavras. Não se pode negar que haja subjetividade, devido ao uso de advérbio e adjetivo modalizador, neste trecho: “A situação do japonês é particularmente curiosa”. Portanto, a afirmação da banca procede. 1 bon =gostoso em francês 2 particularmente curiosa= subjetividade com o advérbio e o adjetivo 3 referencial= informar 4 metalinguística=explicar por palavras 11 2. (UNIFESP – Vestibular – 2005) Observe os pares de versos: “Substantivo (concreto) é tudo quanto indica Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta.” “Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido: Basta provares o seu gosto...” Considerando-se o título e os sentidos propostos no poema, é correto afirmar sobre os versos que: a) o primeiro par remete à ideia de gramática; o segundo, à ideia de linguagem. Neles predominam, respectivamente, a função metalinguística e a apelativa (conativa). b) ambos os pares remetem à ideia de gramática; portanto, neles predomina a função metalinguística. c) o primeiro par remete à ideia de gramática; o segundo, à ideia de linguagem. Nos dois pares, predomina a função referencial. d) ambos os pares remetem à ideia de linguagem. No primeiro, a função é metalinguística; no segundo, referencial. e) o primeiro par remete à ideia de linguagem; o segundo, à ideia de gramática. Em ambos os pares, estão presentes as funções apelativa e referencial. RESPOSTA A- No primeiro, usa-se a palavra para definir, explicar uma palavra. No segundo, fala-se diretamente com o leitor. Texto para questão 3. Frente à tradição hindu que há 2.500 anos divide a sociedade indiana em mais de 2.000 castas, os 60 anos dos ideais liberais de Gandhi e os 10 anos da legalização do casamento entre castas revelam-se impotentes para transformar a organização hierárquica da sociedade. Em confronto direto com o costume milenar, o governo da Índia oferece uma recompensa de R$ 2.400 para homens e mulheres de diferentes grupos sociais que formalizem sua união. O dinheiro equivale ao dobro da renda per capita anual do país. O governo justifica que a medida é um passo para a reacomodação das desigualdades. Para grande parte da sociedade, é um passo no escuro. O governo – que já enfrenta protesto contra cotas em universidades – vê- se, agora, diante de um desafio maior. O esquema está sob ataque de todos os lados. Os conservadores alegam que a medida é gatilho para o caos social. Os liberais sustentam que poucos vão receber a oferta porque o dinheiro vai desaparecer no bolso de autoridades corruptas. Indianos de castas mais baixas dizem que rejeitariam a recompensa, pois perderiam o acesso preferencial às universidades, garantido pelas já 12 controversas cotas. Hoje, o governo oferece 22,5% das vagas aos intocáveis, os últimos na hierarquia hindu, mas pretende aumentá-las para 50%. “Sei que esta não é a única maneira de pôr um fim à discriminação, mas é preciso começar de algum lugar”, defende a ministra da Justiça Social. Para a socióloga Radhika Chopra, a oferta é uma forma de sinalizar que esses casamentos não devem ser condenados. “Com a medida, o governo apóia os indivíduos que transgrediram barreiras sociais e mostra que podem funcionar como exemplos”, acrescenta a socióloga. Jornal do Brasil, 17/12/2006 (com adaptações). 3. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2007) No que se refere a funções da linguagem, predomina, no texto, a função: a) fática, visto que o autor do texto busca, de forma sutil, convencer os leitores dos benefícios do projeto que visa incentivar o casamento entre pessoas pertencentes a castas diferentes; b) referencial, dado que a ênfase recai nas informações a respeito de determinado assunto; c) emotiva, dado que são as falas das autoridades entrevistadas que direcionam a forma como as informações são apresentadas; d) conativa, visto que as opiniões expressas estão devidamente referenciadas, não havendo, portanto, perda de objetividade na transmissão das informações; e) metalinguística, haja vista o foco em aspectos intertextuais, como demonstram as diversas vozes que acompanham a informação divulgada. RESPOSTA B-. Autoexplicativa. Texto para questão 4.“O princípio de que o Estado necessita de instrumentos para agir com rapidez em situações de emergência está inscrito no arcabouço jurídico brasileiro desde a primeira Constituição, de 1824, dois anos após a Independência, ainda no Império. (...)” 4. (Cespe/UnB – TJ/RJ – Técnico de Atividade Judiciária – 2008) A função da linguagem predominante no texto é: a) metalinguística; b) poética; c) expressiva; d) apelativa; e) referencial. RESPOSTA E-. O objetivo do texto é informar. 13 5. (IBFC – ABDI – Assistente Jurídico – 2008) Assinale a alternativa que indica corretamente a função de linguagem predominante no texto abaixo: A estação Júlio Prestes, marco histórico e turístico de São Paulo, completou 70 anos nesta semana. Atualmente, o local abriga a Sala São Paulo,sede da Orquestra Sinfônica do Estado, além de ser o ponto de partida da atual Linha 8 (Júlio Prestes-Itapevi) da CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos]. a) emotiva. b) apelativa. c) referencial. d) fática. RESPOSTA C- O objetivo do texto é informar. Texto para questão 6. Bom Conselho Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar 6. (CAP/UFRJ – Admissão (Ensino Médio – 2a Série) – 2008 (adaptada)) Qual é a função da linguagem predominante nas duas primeiras estrofes5 da composição de Chico Buarque, considerando-se o modo verbal mais recorrente? a) fática. b) emotiva. c) referencial. d) poética. 5 estrofes=conjunto de versos 14 e) conativa. RESPOSTA E-. Como o modo verbal é o imperativo, a função da linguagem possui o intuito de influir no comportamento do interlocutor, por meio de ordem, pedido ou sugestão. Texto para questão 7. Os índios descobertos pelo Google Earth Duas aldeias de índios que vivem isolados foram fotografadas pela primeira vez, na fronteira entre o Peru e o Acre. O sertanista José Carlos Meirelles, da Funai, havia encontrado ainda em terra vestígios de duas etnias6 desconhecidas e dos nômades maskos7. Rielli Franciscato, outra sertanista da Funai, localizou as coordenadas exatas das malocas pelo Google Earth, programa que fornece mapas por satélite. Meirelles, que procurava os povos havia 20 anos, sobrevoou a área e avistou os roçados e as ocas. O avião assustou a tribo, que nunca teve contato com homem branco. As mulheres e as crianças correram, e os homens tentaram flechar o avião. A exploração de madeira no lado peruano pode ter estimulado a migração das etnias para o território brasileiro. Revista Época. Globo, N 524, 2 de junho de 2008, p. 17 7. (UEMS – Vestibular – 2008) No texto, encontra-se como função da linguagem predominante a: a) fática; b) metalinguística; c) referencial; d) poética; e) emotiva. RESPOSTA C-. A ênfase recai nas informações a respeito de determinado assunto, logo o objetivo do texto é informar. Texto para questão 8. Em sucessivos relatórios do ministro da Fazenda em meados da década de 1880, aludia-se ao fato de várias assembleias provinciais estabelecerem impostos sobre a exportação, uma parte da receita dos quais podiam reter, e também sobre a importação, o que era expressamente vedado pela Constituição. Sob pressão de associações comerciais e dos delegados regionais da Fazenda, diversas assembleias foram forçadas a votar a supressão desses impostos. O Visconde Paranaguá, em seu relatório para 1883, informava que apenas Pernambuco, Bahia e Maranhão ainda resistiam. A 6 etnias= grupos biológicos e culturalmente homogêneos 7 maskos= índios nômades que viviam nas cabeceiras dos rios 15 questão da repartição dos impostos e das competências de cada ente federativo parece, portanto, mais antiga que a própria República. 8. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2009) No texto, narrativa de cunho histórico acerca de tema da economia brasileira, o autor emprega predominantemente linguagem referencial e objetiva. ( X ) CERTO ( ) ERRADO CERTO. A ênfase recai nas informações a respeito de determinado assunto, logo o objetivo do texto é informar. Texto para questão 9. “(...) – Tudo; vocês como simples impostos são excelentes, gorduchos e corados, cheios de vida. O que os corrompe e faz definhar é o epíteto8 de inconstitucionais. Eu, abolindo por um decreto todos os adjetivos de Estado, resolvia de golpe esta velha questão, e cumpria esta máxima que é tudo o que tenho colhido da história e da política, que aí dou por dois vinténs a todos os que governam o mundo: os adjetivos passam, e os substantivos ficam.” 9. O narrador recorreu à função metalinguística da linguagem para formular, ao final da crônica, sua máxima, carregada de arbitrariedade9. ( X) CERTO ( ) ERRADO CERTO. Usa-se um discurso com nomenclatura gramatical para explicar o próprio discurso, logo há metalinguagem. A parte mais evidente é esta: “... os adjetivos passam, e os substantivos ficam...”. Texto para questão 10. “(...) Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o hoje. 10. (Funiversa – IPHAN – Analista (Contabilidade) – 2009) (Adaptada) A afirmação abaixo está correta ou incorreta? – O último parágrafo do texto utiliza uma linguagem emotiva, que pode ser comprovada especialmente na opção pela subjetividade voltada para o narrador. 8 epíteto=qualificação elogiosa ou injuriosa dada a alguém; alcunha, qualificativo 9 arbitrariedade: uso abusivo de autoridade; 16 ( ) CORRETA (X) INCORRETA INCORRETA. A afirmação está equivocada porque o autor do texto incentiva o leitor a tomar uma atitude, logo trata-se de linguagem conotativa (observe o imperativo!). Texto para questão 11. “(...) Isso dá valor ímpar ao par “com ideais/sem ideais”: em “com ideais”, a preposição “com” introduz o instrumento; em “sem ideais”, a preposição “sem” introduz a condição (“Não se atua na sociedade sem ideais” = “Não se atua na sociedade se não houver/ sem que haja ideais”). Como se vê, a relação que existe entre “com ideais” e “sem ideais” vai muito além da mera antonímia10. (...)” 11. (Fadesp – Pref. Juruti/PA – Enfermeiro – 2010) (Adaptada) Sobre o texto, a afirmação abaixo está correta ou incorreta? – No penúltimo parágrafo do texto, a função de linguagem predominante é a metalinguística. ( X ) CORRETA ( ) INCORRETA A afirmação está CORRETA, pois o código (a língua) é usado para explicar o próprio código. Texto para questão 12. A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações. 12. (ENEM – Vestibular – 2010) Predomina no texto a função da linguagem: a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia; b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação; c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem; d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor; e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. RESPOSTA – E Trata-se da função referencial da linguagem porque a mensagem é centrada em seu referente e este é exterior à linguagem e ao processo de comunicação. O objetivo é informar sobre um assunto. 10 antonímia= qualidade das palavras antônimas 17 13. (FUMARC – PM/MG – Oficial da PM – 2011) Leia e analise o BRASÃO da Polícia Militar de Minas Gerais: Pode-se inferir que o BRASÃO representa, predominantemente, uma função de linguagem: a) expressiva;b) referencial; c) conativa; d) fática. RESPOSTA - B. O brasão é um desenho criado especificamente para identificar determinado grupo. Por isso, o objetivo é transmitir uma informação sobre um assunto, no caso a PM/MG. 14. (Cespe/UnB – SAEB/BA – Professor de Língua Portuguesa – 2011) Pelos sentidos e pelas estruturas linguísticas, é correto concluir que o emprego de “Conheça” e “Não perca” indica que a função da linguagem predominante no texto é a: a) metalinguística; b) poética; c) conativa; d) expressiva. RESPOSTA - C. Perceba que os verbos estão no imperativo, com o objetivo de produzir um determinado efeito no receptor. Texto para questão 15. Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria – o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. 18 Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida. Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento realista – que Oscar tem – de seu valor profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo, por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário. Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar? (Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. RJ: J. Olympio, 1982, p. 134-5 (com adaptações)) 15. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2011) No texto, a linguagem foi empregada predominantemente em suas funções emotiva e poética. ( X) CERTO ( ) ERRADO CERTO -. A função emotiva é marcada pelos verbos e pronomes de 1ª pessoa do singular/plural, e isso ocorre nestas passagens: “Poucos depoimentos eu tenho lido.../ ... que já conheci em minha vida/ Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar?”. A função poética está centrada na maneira como o discurso é construído, principalmente recheada de recursos estilísticos (... o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria – o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater./... Oscar é não só o avesso do causídico/ Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso). 19 Texto para questão 16. UM CÃO APENAS Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim – plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito – eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal no pórtico, um cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas as mechas brancas de pelo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrimas que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com grande esforço acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz, eu não devia ter chegado. Já lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem. (Cecília Meireles) 16. (COPEVE-UFAL – UFAL – Assistente de Administração – 2011) Ao escrever sobre um cão doente, Cecília Meireles explora formas de comunicação centradas na expressão do Eu. Isso quer dizer que: a) não há intenção emotiva em seu texto; b) seu objetivo é envolver o leitor, seduzir, convencer; c) a ênfase está na subjetividade da autora, na sua condição de expressar opiniões; d) há uma manutenção dos aspectos expressivos a partir do canal de comunicação; e) a ênfase recai principalmente sobre a construção do texto, sobre a arrumação das palavras no espaço gráfico. RESPOSTA – C. O próprio enunciado sugere que a função da linguagem é emotiva (ou expressiva), uma vez que a linguagem da autora se centra no EU. Note as marcas de 1a pessoa, isso é primordial! Texto para questão 17. O QUE VOCÊ DEVE FAZER (Se for bom leitor de jornais e revistas, fiel ouvinte de rádio, obediente telespectador ou simples passageiro de bonde.) Consuma aveia, como experiência, durante 30 anos. Emagreça um quilo por semana sem regime e sem dieta. Livre-se do complexo de magreza, usando Koxkoax hoje mesmo. Procure nosso revendedor autorizado. Economize servindo a garrafa monstro de Lero-Lero. Ganhe a miniatura da garrafa de Lisolete. Tenha sempre à mão um comprimido de leite de magnólia. Resolva de uma vez o problema de seu assoalho, aplicando-lhe Sintaxe. 20 Use somente peças originais, para o funcionamento ideal do seu W.Y.Z. Tenha sempre à mão uma caixa de adesivos plásticos. Faça o curso de madureza por correspondência. Aprenda em casa, nas horas vagas, a fascinante profissão de relojoeiro. [...] Carlos Drummond de Andrade 17. (Ceperj – Pref. Cantagalo/RJ – Oficial Administrativo – 2011) Sempre que há comunicação há uma intenção, o que determina que a linguagem varie, assumindo funções. A função da linguagem predominante no texto com a respectiva característica está expressa em: a) referencial – presença de termos científicos e técnicos; b) expressiva – predominância da 1a pessoa do singular; c) fática – uso de cumprimentos e saudações; d) apelativa – emprego de verbos flexionados no imperativo. RESPOSTA – D. Autoexplicativa. Textos para questão 18. I- A Lei Maria da Penha Está em pleno vigor Não veio pra prender homem Mas pra punir agressor Pois em “mulher não se bate Nem mesmo com uma flor”. II- A violência doméstica Tem sido uma grande vilã E por ser contra a violência Desta lei me tornei fã. Pra que a mulher de hoje Não seja vítima amanhã. III- Toda mulher tem direito A viver sem violência É verdade, está na lei. Que tem muita eficiência Pra punir o agressor E à vítima, dar assistência. ......................................... (Tião Simpatia. A Lei Maria da Penha em cordel) 21 18. (FDSM – Vestibular – 2011) Qual função da linguagem se destaca nesse texto? a) Função denotativa ou referencial. b) Função conativa ou apelativa. c) Função metalinguística. d) Função poética. e) Função fática. RESPOSTA - D. A função é poética, pois é, antes de tudo, uma poesia. O poeta se valeu de uma forma criativa para falar de um assunto sério. Texto para questão 19. Pequeno concerto que virou canção Não, não há por que mentir ou esconder A dor que foi maior do que é capaz meu coração Não, nem há por que seguir cantando só para explicar Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar Ah, eu vou voltar pra mim Seguir sozinho assim Até me consumir ou consumir toda essa dor Até sentir de novo o coração capaz de amor 19.. (ENEM – Vestibular – 2011) Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem, que é percebida na elaboraçãoartística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor: a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos; b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção; c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento; d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção; e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada. RESPOSTA - A. A função poética da linguagem é caracterizada pelo uso de recursos linguísticos com intuito estético, com o fito de obter efeitos criativos de expressão. Encontra-se também na canção a emotividade (sempre note as marcas de 1a pessoa – verbos e pronomes) ou expressividade da linguagem, por meio do sofrimento amoroso do eu-lírico. 22 Texto para questões 20, 21 e 22. Início do texto (ao longo dele, predominam as mesmas características gramaticais e discursivas presentes aqui): “Não fui, e não sou, um escrevedor de cartas. Acredito que, no momento em que você estiver lendo esta mensagem, meus sentimentos a respeito dela Linhas 25 a 27: O maior epistológrafo11 (que palavra horrível!) de todos os tempos foi, sem dúvida, São Paulo. Há quem diga que suas epístolas deram origem à Educação a Distância, já que ele difundia o cristianismo por meio de cartas para seus discípulos... Linhas 38 a 40: Na música, em minha adolescência, me comovia com a voz de Dalva de Oliveira cantando “Quando o carteiro chegou/e meu nome gritou/com uma carta na mão/ante surpresa tão rude/não sei como pude/chegar ao portão...”. Deve-se a Roman Jakobson a discriminação das seis funções da linguagem na expressão e na comunicação humanas, conforme o realce particular que cada um dos componentes do processo de comunicação recebe no enunciado. Por isso mesmo, é raro encontrar em uma única mensagem apenas uma dessas funções, ou todas reunidas em um mesmo texto. O mais frequente é elas se superporem, apresentando-se uma ou outra como predominante. No que se refere à presença das funções da linguagem no texto acima apresentado, julgue os itens a seguir: 20. (Cespe/UnB – Correios – Analista de Correios (Letras) – 2011) A função fática se manifesta, no texto, nos versos transcritos nas linhas de 38 a 40, nos quais se evidencia um trabalho de construção da linguagem para produzir sonoridades, ritmo e rimas, recursos característicos da produção de letras de composições musicais. ( ) CERTO ( X ) ERRADO ERRADO. A função fática não é definida da maneira como colocou a banca, e sim a poética. A função fática é centrada no próprio canal da comunicação e tem por objetivo estabelecer, ou manter aberta, sem interrupção, a comunicação entre o locutor e o destinatário, mas sem a transmissão de nenhuma mensagem importante, o que não ocorre no trecho. 11 epistológrafo=aquele que escreve cartas 23 21. A função emotiva, centrada no destinador ou emissor da mensagem, está presente no texto, o que se comprova pelo emprego de verbos na primeira pessoa, de segmentos com julgamentos subjetivos e de pronomes de primeira pessoa. ( X ) CERTO ( ) ERRADO CERTO. Perfeito o comentário da banca! Autoexplicativo 22. Presente no ato de falar sobre a linguagem, a função metalinguística manifesta-se nos enunciados “(que palavra horrível!)” (L.24) e “Há quem diga que suas epístolas deram origem à Educação a Distância, já que ele difundia o cristianismo por meio de cartas para seus discípulos” (L.25-27), nos quais o autor tomou o próprio código de comunicação como assunto da mensagem. ( ) CERTO ( X ) ERRADO ERRADO.. Em “que palavra horrível!” há uma expressão de ponto de vista, por isso a linguagem é emotiva. Em “Há quem diga que suas epístolas deram origem à Educação a Distância, já que ele difundia o cristianismo por meio de cartas para seus discípulos”, há apenas a informação sobre algo, logo a linguagem é referencial, calcada na transmissão ou explicação de algo. Texto para questão 23. O LENDÁRIO PAÍS DO RECALL (Moacyr Scliar) “MINHA QUERIDA DONA: quem lhe escreve sou eu, a sua fiel e querida boneca, que você não vê há três meses. Sei que você sente muitas saudades, porque eu também sinto saudades de você. Lembro de você me pegando no colo, me chamando de filhinha, me dando papinha... (...)” 23. (Ceperj – Procon/Rj – Agente de Proteção e Defesa do Consumidor – 2012) A função da linguagem predominante no texto é: a) emotiva; b) conativa; c) referencial; d) fática; e) metalinguística. RESPOSTA - A. Note as formas de 1a pessoa (verbos – sou, sei, sinto, lembro – e pronomes – eu, eu, me, me, me), logo a linguagem é centrada na perspectiva do emissor. Texto para questão 24. Desabafo Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de 24 segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado. (CARNEIRO, J.E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento)) 24. (ENEM – Vestibular – 2012) Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função de linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois: a) O discurso do enunciador tem como foco o próprio código; b) A atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito; c) O interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem; d) O referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais; e) O enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. RESPOSTA - B. A função emotiva centra-se no emissor da mensagem. O texto é centrado nas ações e sensações do narrador da crônica, o que se pode notar no título do texto e no corpo do texto. Note as formas de 1a pessoa. a) Metalinguística, e não emotiva. c) Conativa. d) Referencial. e) Fática. Texto para questão 25. A Felicidade Tristeza não tem fim Felicidade sim A felicidade é como a gota De orvalho numa pétala de flor Brilha tranquila Depois de leve oscila E cai como uma lágrima de amor A felicidade do pobre parece A grande ilusão do carnaval A gente trabalha o ano inteiro Por um momento de sonho Pra fazer a fantasia De rei ou de pirata ou jardineira Pra tudo se acabar na quarta-feira 25 Tristeza não tem fim Felicidade sim A felicidade é como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Voa tão leve Mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar. A minha felicidade está sonhando Nos olhos da minha namorada É como esta noite, passando, passando Em busca da madrugada Falem baixo, por favor Pra que ela acorde alegre com o dia Oferecendo beijos de amor. MORAES, Vinicius e JOBIM, Tom. As mais belas serestas brasileiras. 9ª ed. Belo Horizonte: Barvalle Indústria Gráfica Ltda., 1989. 25. (FAB – EPCAR – Cadetes – 2012) (Adaptada) A afirmação abaixo está correta ou incorreta? – A função da linguagem predominante é a conativa. ( ) CORRETA ( X ) INCORRETA INCORRETA - A afirmação não procede, pois o tempo todo o eu-lírico fala, poeticamente, sobre o que é a felicidade. Logo, a função da linguagem é poética. Só no finzinho do texto há função conativa: “Fale baixo, por favor.”. 26. (UERJ – Vestibular (1o Exame de Qualificação)– 2012) O texto de Lima Barreto, abaixo, explora o recurso da metalinguagem, ao comentar, na sua ficção, o próprio ato de compor uma ficção. Esse recurso está exemplificado principalmente em: a) São em geral de uma lastimável limitação de ideias, b) Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer ordem. c) – Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã! d) Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum. 26 RESPOSTA - D. A metalinguagem é percebida quando o autor cria um texto para falar sobre a própria construção textual. 27. (Fundação Sousândrade – Pref. Estreito/Ma – Supervisor Escolar – 2012) Segundo o linguista Jakobson, a linguagem opera em várias funções, conforme a ênfase dada a um dos elementos da comunicação. A partir dessa informação, pode-se afirmar que em “last act (bribery)” e em “último ato (suborno)” evidencia-se uma centralidade no código linguístico. Esse procedimento evidencia o emprego da função denominada: a) Emotiva. b) Conativa. c) Poética. d) Referencial. e) Metalinguística. RESPOSTA - E. O próprio enunciado acusa a metalinguagem, quando a define: “evidencia-se uma centralidade no código linguístico”. Bibliografia DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Português Jurídico. - 12. ed.- São Paulo: Atlas, 2015. PESTANA, Fernando. A Gramática para Concursos Públicos. -2.ed.- Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
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