Buscar

TEORIA DA COMUNICACAO PORT INST JURIDICO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
Teoria da Comunicação 
 
Definição 
Para entender o que é comunicação, é preciso entender primeiro o que é 
linguagem e seus objetivos. 
 
– O que é linguagem? 
Linguagem é um fenômeno ligado a várias áreas na vida do homem. 
Biologicamente falando, linguagem é como um software 
superdesenvolvido normalmente localizado no cérebro humano, ou seja, 
nascemos com a capacidade de linguagem. 
Psicológica e afetivamente falando, sem ela não há como entender a 
vida interna e externa do homem, pois somente ela permite a exposição 
objetiva/criativa de pensamentos, emoções, ideias, sentimentos, volições, 
experiências etc. 
Cultural e socialmente falando, esse dom inato permite que o homem 
crie, recrie, manipule, reproduza, absorva o maior conjunto de conhecimentos, 
informações, valores, costumes e afins (individuais e coletivos). Para onde o 
homem for, sua cultura expressa em forma de linguagem irá com ele. 
Formalmente falando, a linguagem, manifestada por meio de sinais 
verbais ou não verbais, permite ao homem uma adaptação incrível em 
diferentes situações comunicativas; para isso, ele precisa adquirir competência 
comunicativa. 
 
– Qual são os objetivos da linguagem? 
A expressão do pensamento e a interação entre as pessoas são os 
principais objetivos da linguagem. Quando falamos, escrevemos, gesticulamos 
ou usamos quaisquer outros signos (sinais), o propósito é fazer-se entender. 
Muitas vezes falamos com nós mesmos em voz alta ou em pensamento para 
organizar nossas ideias; de qualquer maneira, estamos nos comunicando. 
Assim, precisamos dela para viver, reviver e conviver. 
É sempre importante dizer que usamos a linguagem para representar o 
mundo real e o mundo das ideias, portanto a linguagem não é o espelho da 
realidade externa, apenas. Por meio dela construímos e organizamos nossa 
realidade com toda nossa herança cultural e subjetividade. 
É a linguagem verbal que nos deve interessar para os concursos públicos. 
Em vestibulares, há muitas questões de linguagem não verbal. Vamos 
entender. 
 
3 
 
Elementos da Comunicação 
 
– O que é linguagem verbal? 
Linguagem verbal é a maneira que o homem tem de se fazer entender 
por meio de palavras. Estas se manifestam por sons (fala) ou formas (escrita) 
atreladas a um conceito a fim de representar algo do universo externo ou interno 
do homem. Usamos a linguagem verbal por meio de signos para a construção 
de sentido do universo humano na fala e na escrita. 
 
– O que é o signo linguístico? 
Signo linguístico é qualquer unidade de uma língua que conjuga som (na 
fala) ou forma (escrita) + ideia/conceito a fim de representar algo do universo 
externo ou interno do homem. Os signos de uma língua substituem os objetos e 
os representam. Todo signo, então, apresenta dois “lados” básicos: o 
significante e o significado. 
1) Significante: é “a imagem acústica”, a imagem mental gerada pelo som 
(em pensamento ou em voz alta – fala), ou pela forma (escrita) de uma palavra; 
é a parte audível ou visível da palavra que o nosso cérebro identifica e converte 
em imagem ou mera abstração. 
2) Significado: é a ideia, o conceito, o conteúdo semântico da palavra que 
representa algo do mundo do homem. 
O signo linguístico (= a palavra) pode ter seu significante mudado e seu 
significado permanecer o mesmo; muito dependerá da cultura de uma pessoa 
ou de um grupo. Pense em tangerina, bergamota, mexerica, mandarina, por 
exemplo; formas diferentes, significados iguais. O contrário também é 
verdadeiro, ou seja, uma forma pode ter mais de um sentido: precisar (carecer, 
necessitar, ajustar...). 
Podemos acrescentar ao conceito de signo linguístico (significante + 
significado) o conceito de referente, que é um elemento extralinguístico, ao qual 
o signo linguístico se remete, circunscrito ao nosso mundo biossocial. Dessa 
maneira, a compreensão que temos de tangerina está associada ao que 
apreendemos do som [tangerina] + a ideia que temos dela (fruta) + “o objeto”, a 
fruta em si. Logo, o signo linguístico é uma tríade: significante + significado 
+ referente. 
– Enfim, o que é a comunicação? 
A grande função da linguagem é o estabelecimento da comunicação, 
conceito que trata da transmissão/recepção de mensagem em um código 
compreendido. 
Vamos nos apegar à comunicação verbal (oral ou escrita). 
 
4 
 
O processo de comunicação envolve seis elementos básicos, os 
quais constituem o conceito atual dela. Sem esses elementos, não há 
comunicação. Vejamos: 
1) Emissor (remetente, transmissor, 1a pessoa do discurso, locutor, falante 
etc.): aquele que envia uma mensagem. 
2) Receptor (destinatário, recebedor, 2a pessoa do discurso, interlocutor, 
ouvinte etc.): aquele que recebe uma mensagem. 
3) Mensagem: aquilo que é transmitido pelo emissor. 
4) Código: signos compartilhados pelo emissor e pelo receptor. 
5) Referente (contexto): é o assunto da mensagem, o elemento 
extralinguístico dela. 
6) Canal (contato): é o meio, o veículo transportador da mensagem. 
 
Para ilustrar: João (carioca) envia um e-mail falando sobre as suas férias, 
na língua nativa deles, para Maria (paulista). Assim: 
1) João: emissor; 
2) Maria: receptor; 
3) o conteúdo do e-mail: mensagem; 
4) em língua portuguesa: código; 
5) as férias do João: referente; 
6) o e-mail: canal. 
 
 Mensagem / Referente 
Emissor =========================== Receptor 
 Código / Canal 
É bom dizer que o receptor pode virar emissor no processo de 
comunicação. 
 
Funções da Linguagem 
 
A linguagem vai muito além do que imaginamos, pois apresenta 
determinadas funções dentro do processo comunicativo, consoante o propósito, 
a intenção do usuário da língua. A título de curiosidade, quem discriminou tais 
objetivos da linguagem foi um homem chamado Roman Jakobson. Devemos 
muito a ele. 
Pois bem... as funções da linguagem tratam do relevo dado a um dos 
seis elementos da comunicação, que acabamos de ver, a depender da proposta 
ou intento do texto. É certo também que um texto pode apresentar mais de uma 
função da linguagem que concorre com a função predominante. Organizamos a 
 
5 
 
linguagem de tal modo a atender nossa finalidade. Uma dica: para cada 
elemento da comunicação, há uma função da linguagem! Vejamos as seis: 
 
1) Função Emotiva (Expressiva) 
• o “eu” do texto é o centro da mensagem, na qual ele destaca seus 
próprios sentimentos, expressa suas emoções, impressões, atitudes, 
expectativas etc.; 
• é um texto pessoal, cercado de subjetividade; 
• algumas marcas gramaticais indicam que tal função é a predominante no 
texto: verbos e pronomes de 1a pessoa, frases exclamativas, certas interjeições, 
vocativos, reticências, termos e expressões modalizadoras etc.; 
• é a linguagem das músicas românticas, dos poemas líricos e afins. 
Exemplo: 
– “Eu não tinha este rosto de hoje / assim calmo, assim triste, assim magro 
(...)” (Cecília Meireles) 
– Estou bem feliz! 
 
2) Função Conativa (Apelativa) 
• o receptor é o centro da mensagem, na qual ele é estimulado, provocado, 
seduzido, amparado etc.; 
• normalmente o interlocutor é conduzido a adotar uma determinada 
postura; 
• é um texto normalmente claro e objetivo que visa à persuasão; 
• algumas marcas gramaticais: verbos e pronomes de 2a pessoa (ou 3a 
pessoa – você), vocativos, imperativos, perguntas ao interlocutor etc.; 
• é a linguagem das músicas e dos poemas românticos, das propagandas 
e afins. 
Exemplos: 
– “Mel, tua boca tem o mel / E melhor sabor não há / Que loucura te beijar 
(...)” (Belo) 
– Não deixe de ver aquele filme amanhã, ouviu? 
 
3) Função Poética 
• a mensagem por si é posta em relevo; mais do que seu conteúdo, o 
destaque dela se encontra na forma como ela é construída, criativa e 
inusitadamente; 
• essa função usa vários recursos gramaticais: figuras de linguagem, 
conotação, neologismos, construçõesestruturais não convencionais, polissemia 
etc.; 
 
6 
 
• é a linguagem dos poemas e prosas poéticas (literária), da publicidade 
criativa e afins. 
Exemplo: 
– “Antes de dormir, não se esqueça de apagar os insetos.” (Propaganda de 
inseticida) 
– Amar: / Fechei os olhos para não te ver / e a minha boca para não dizer... 
/ E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, / e da 
minha boca fechada nasceram sussurros / e palavras mudas que te 
dediquei... / O amor é quando a gente mora um no outro. (Mário Quintana) 
 
4) Função Metalinguística 
• o código usado para estabelecer comunicação é o centro da mensagem, 
no sentido de que ele é instrumento de explicação de si mesmo; usa-se um 
signo para explicar a si próprio; 
• essa função busca esclarecer, refletir, discutir o processo discursivo, em 
um ato de comunicação em que se usa a linguagem para falar sobre ela própria; 
• encontramos em poemas que falam sobre o fazer poético (metapoema), 
sambas que abordam esse gênero musical, filmes que discutem o cinema, 
palavras usadas para explicar outras em dicionários, narradores que refletem 
sobre a arte de narrar (metanarração) etc. 
 
Exemplo: 
– “Samba, / Eterno delírio do compositor / Que nasce da alma, sem pele, 
sem cor (...)” (Fundo de Quintal) 
– “Ódio: aversão intensa geralmente motivada por medo, raiva ou injúria 
sofrida; odiosidade” (Dicionário Houaiss) 
* O programa Vídeo Show é um exemplo forte de metalinguagem, pois se 
usa o “código” da televisão (programa de TV) para falar sobre a própria 
televisão (outros programas de TV). 
 
5) Função Referencial (Informativa/Denotativa) 
• o referente é o centro da mensagem; 
• destaca-se o objeto, o assunto da mensagem de forma clara e objetiva; 
• algumas marcas gramaticais e discursivas: uso da 3a pessoa, denotação, 
impessoalidade, precisão, frases declarativas etc.; 
• encontramos tal função predominantemente em textos jornalísticos, 
científicos, didáticos e afins (não literária). 
 
 
7 
 
Exemplo: 
– “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou o governo com avaliação 
recorde de 87% para seu desempenho pessoal, conforme pesquisa da 
Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Instituto Sensus divulgada 
nesta quarta-feira. Em setembro deste ano, essa percepção era de 80,7%.” 
(Site de notícias) 
 
6) Função Fática 
• o canal (contato) é o centro da mensagem; 
• essa linguagem se manifesta quando a finalidade é testar, estabelecer ou 
encerrar o contato entre o emissor e o receptor (como em ligações telefônicas, 
saudações, cumprimentos etc.); 
• tal função cria as condições básicas para que ocorra a interação verbal; 
• algumas marcas linguísticas: “Bom dia/tarde/noite”, “Oi”, “Olá”, “Fala...”, 
“E aí”, “Estou entendendo”, “Vamos lá?”, “Pronto”, “Atenção”, “Sei...”, “Fui”, 
“Valeu”, “Tchau” etc. 
Exemplo: 
– “Fala, galera! Beleza? Boa noite a todos. Bem... vamos lá...” (um 
professor, antes de iniciar a aula) 
– “Alô? Entendeu?” 
 
Noções de Semiótica (ou Semiologia) e Linguística 
Este assunto pode parecer-lhe estranho, e é, em 99,99% dos concursos 
públicos! Mas... a FCC já tratou dele. Veja o conteúdo programático do edital: 
 
Analista Judiciário – ÁREA APOIO ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE 
TAQUIGRAFIA – 2010 
PORTUGUÊS: 
Comunicação e expressão em língua portuguesa: Gramática (fonética, 
morfologia e sintaxe: construção frasal, concordância, regência, crase, 
colocação e emprego). Semântica. Estilística. Interpretação de textos. Redação 
(confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Figuras e vícios de 
linguagem. Pontuação: pontuação e estrutura sintática, pontuação ênfase; 
particularidades em textos normativos articulados, em enumerações, em 
citações e em transcrições. Terminologia jurídica, expressões usuais na 
linguagem jurídica, latinismos jurídicos, vícios e impropriedades da linguagem 
judiciário-forense. 
 
 
 
8 
 
NOÇÕES BÁSICAS DE SEMIOLOGIA E LINGUÍSTICA: 
Conceituação, campo de atuação dos fenômenos e questões linguísticas e 
semiológicas, aplicação. A linguagem e seus planos, estrutura, modalidades, 
evolução; a linguagem e a comunicação. Teoria do Discurso: estruturas 
narrativas, organização discursiva, enunciações e relações intertextuais; a 
tipologia, análise e metodologia do discurso. A questão sígnica: sistemas, 
estrutura e dinâmica de signos. 
 
Vamos entender agora! 
Semiótica é a ciência geral dos signos, ou a arte dos sinais. É uma 
ciência que trata de todas as linguagens, a saber, quaisquer sinais usados pelo 
homem (ou não!) para representar algo interno ou externo, estabelecendo 
normalmente a comunicação. Assim, um cheiro, uma imagem, uma percepção, 
um movimento, um som, um sabor, ou todos esses elementos juntos – que 
dizem respeito aos sentidos humanos (ou não!) – colaboram para patentear a 
comunicação. 
Já a Linguística é mais específica, pois trata da linguagem humana, ou 
melhor, da língua. O dicionário Houaiss define bem esta ciência: “ciência que 
tem por objeto: 
(1) a linguagem humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, 
semântico, social e psicológico; (2) as línguas consideradas como estrutura; (3) 
origem, desenvolvimento e evolução das línguas; (4) as divisões das línguas em 
grupos, por tipo de estrutura ou em famílias, consoante o critério seja tipológico 
ou genético”. 
 
Veja uma questão sobre isso: 
52. (FCC – TRF (4a R) – Analista Judiciário (Taquigrafia) – 2010) Analise: 
A Semiologia (ou Semiótica) é a teoria geral ...J.... Ela difere da Linguística 
por sua maior abrangência: enquanto a Linguística é o estudo científico ...K..., a 
Semiologia preocupase com todo e qualquer sistema ...L..., seja ele natural ou 
convencional. Por esse ângulo, a Linguística insere-se como uma parte da 
Semiologia. Semiologia e Semiótica são termos permutáveis. 
(Adaptado de Castelar de Carvalho (UFRJ, ABF). Saussure e a Língua 
Portuguesa, http://www.filologia.org.br/viisenefil/09.htm. Acesso em 02 de 
fevereiro de 2010.) 
As lacunas J, K e L são, correta e respectivamente, preenchidas por: 
a) dos significados – das linguagens – de significantes; 
b) da significação – da fala – linguístico; 
c) dos símbolos – dos signos – de fala; 
 
9 
 
d) da comunicação – da morfossintaxe – de troca; 
e) dos sinais – da linguagem humana – de comunicação. 
Comentário: E. Note que a questão trata da definição da semiótica e da 
linguística de maneira bem didática. Bastaria saber a definição de ambas e a 
diferença entre elas para acertá-la. 
Uma vez que a semiótica trata de signos (ou sinais) verbais ou não 
verbais, diz-se que eles (co)ocorrem em forma de ícone, índice ou símbolo. 
Vejamos: 
 
1) O ícone é uma retratação de algo do mundo real ou imaginário. A sua 
foto 3X4, uma pintura de um vaso de flores, uma escultura de um homem 
famoso, um desenho de uma sereia etc. são signos icônicos, pois buscam 
representar de modo bem similar os elementos do externo universo humano. 
Sabemos, por exemplo, que determinada conversa que ouvimos ou lemos 
pertence a um casal de namorados, pois nela muitas palavras (e a entonação 
delas) aparentam a maneira comum de os casais se tratarem; daí, podemos 
afirmar que ocorre iconicidade neste trecho: – Oi, amorzinho. – Fala, nem. Como 
foi o seu dia? – Ai, paixão, senti tanto a sua falta! – Ah, calma, Ju, só faltam dois 
dias pra gente se ver. – Sabe, Nando, eu sou louquinha por você! – Você só é 
assim, porque... eu sou lindo! – Convenciiiido! 
2) O índice (ou indício) é um signo que sugere, por inferência, um 
acontecimento, uma intenção etc. Ocorre a ideia de contiguidade nesse tipo de 
signo, pois ele é uma parte de um todo absorvido, anteriormente, pelo 
conhecimento de mundo. Um céu estrelado sugere sol no dia seguinte, uma 
buzinada sugere pedido de passagem, um lugar saindo fumaça sugere presença 
de fogo, uma fala irônica sugere desprezo por alguém, um simplesclique (pela 
boca) sugere insatisfação, um sotaque sulista sugere a origem da pessoa etc. 
3) O símbolo é, em geral, uma imagem que, por herança cultural ou não, 
serve para representar o abstrato pelo concreto. Uma caveira simboliza a morte 
ou o perigo, o preto simboliza o luto, nossa bandeira simboliza nossa nação, a 
pomba branca simboliza a paz, as letras dos alfabetos simbolizam sons ou 
idéias inteiras, uma aliança no dedo anelar esquerdo simboliza o casamento, a 
cruz simboliza o cristianismo etc. 
Os signos são incontáveis e seus referentes idem. Vale dizer ainda que um 
mesmo signo pode, ao mesmo tempo, ser tomado como ícone, índice e 
símbolo; por exemplo, a imagem de um sapatinho na janela. É ícone, porque 
retrata um sapato na janela; é índice, porque sugere que o Papai Noel vai 
deixar um presente; é símbolo, porque representa (também) o Natal. 
 
 
10 
 
TEORIA DA COMUNICAÇÃO - QUESTÕES DE CONCURSOS 
 
Texto para questão 1. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2003 ) Mistura 
linguística 
Muita gente, em vários países, fala um pouco de inglês todo dia sem 
perceber. Sem contar o “informatiquês”, cujos verbetes – como megabyte, 
browser, hard disk, software – são expressões do mais puro inglês, muitas 
outras palavras do dia-a-dia de brasileiros, franceses, alemães e, 
principalmente, japoneses têm origem no idioma bretão. Futebol (football), 
sanduíche (sandwich) e deletar (verbo criado a partir de to delete, suprimir) são 
exemplos conhecidos de anglicismo (uso de expressões em inglês ou originadas 
dele) no português. Os alemães apertam o resetknopf (reset button ou botão de 
reset) para iniciar o computador. E os franceses, conhecidos por sua ojeriza a 
estrangeirismos, despedem-se dos colegas de trabalho na sexta-feira dizendo 
bon1 weekend. 
A situação do japonês é particularmente curiosa2. Estima-se que cerca 
de vinte mil palavras do vocabulário moderno tenham origem no inglês. Sorvete 
é aisukurimu de ice cream. Ar condicionado é eacon, de air conditioner. E 
banheiro deixou de ser obenjyo para se tornar toiré, de toillet. 
A história dessa imposição linguística certamente desperta animosidades. 
Na Índia, por exemplo, onde o inglês é uma das línguas oficiais, ele não é muito 
ouvido nas ruas. Falar inglês ainda lembra um passado de opressão. 
Galileu, fev./2002, p. 37 (com adaptações). 
 
1. A seleção de argumentos e do vocabulário mostra o grau de 
engajamento do autor em face do assunto: paralelamente às funções 
referencial3 e metalinguística4, que veiculam informações objetivas, há 
marcadores linguísticos que deixam entrever elementos subjetivos. 
( X ) CERTO ( ) ERRADO 
CERTO. Há função referencial, pois o objetivo do autor é informar um 
assunto. No entanto, há metalinguagem, pois em vários momentos o autor usa 
palavras para explicar palavras. Não se pode negar que haja subjetividade, 
devido ao uso de advérbio e adjetivo modalizador, neste trecho: “A situação do 
japonês é particularmente curiosa”. Portanto, a afirmação da banca procede. 
 
 
1 bon =gostoso em francês 
2
 particularmente curiosa= subjetividade com o advérbio e o adjetivo 
3 referencial= informar 
4 metalinguística=explicar por palavras 
 
11 
 
2. (UNIFESP – Vestibular – 2005) Observe os pares de versos: 
“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica 
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta.” 
“Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido: Basta provares o seu 
gosto...” 
Considerando-se o título e os sentidos propostos no poema, é correto 
afirmar sobre os versos que: 
a) o primeiro par remete à ideia de gramática; o segundo, à ideia de 
linguagem. Neles predominam, respectivamente, a função metalinguística e a 
apelativa (conativa). 
b) ambos os pares remetem à ideia de gramática; portanto, neles 
predomina a função metalinguística. 
c) o primeiro par remete à ideia de gramática; o segundo, à ideia de 
linguagem. Nos dois pares, predomina a função referencial. 
d) ambos os pares remetem à ideia de linguagem. No primeiro, a função é 
metalinguística; no segundo, referencial. 
e) o primeiro par remete à ideia de linguagem; o segundo, à ideia de 
gramática. Em ambos os pares, estão presentes as funções apelativa e 
referencial. 
RESPOSTA A- No primeiro, usa-se a palavra para definir, explicar uma 
palavra. No segundo, fala-se diretamente com o leitor. 
 
Texto para questão 3. Frente à tradição hindu que há 2.500 anos divide a 
sociedade indiana em mais de 2.000 castas, os 60 anos dos ideais liberais de 
Gandhi e os 10 anos da legalização do casamento entre castas revelam-se 
impotentes para transformar a organização hierárquica da sociedade. Em 
confronto direto com o costume milenar, o governo da Índia oferece uma 
recompensa de R$ 2.400 para homens e mulheres de diferentes grupos sociais 
que formalizem sua união. 
O dinheiro equivale ao dobro da renda per capita anual do país. O governo 
justifica que a medida é um passo para a reacomodação das desigualdades. 
Para grande parte da sociedade, é um passo no escuro. 
O governo – que já enfrenta protesto contra cotas em universidades – vê-
se, agora, diante de um desafio maior. O esquema está sob ataque de todos os 
lados. Os conservadores alegam que a medida é gatilho para o caos social. Os 
liberais sustentam que poucos vão receber a oferta porque o dinheiro vai 
desaparecer no bolso de autoridades corruptas. 
Indianos de castas mais baixas dizem que rejeitariam a recompensa, pois 
perderiam o acesso preferencial às universidades, garantido pelas já 
 
12 
 
controversas cotas. Hoje, o governo oferece 22,5% das vagas aos intocáveis, os 
últimos na hierarquia hindu, mas pretende aumentá-las para 50%. 
“Sei que esta não é a única maneira de pôr um fim à discriminação, mas é 
preciso começar de algum lugar”, defende a ministra da Justiça Social. Para a 
socióloga Radhika Chopra, a oferta é uma forma de sinalizar que esses 
casamentos não devem ser condenados. “Com a medida, o governo apóia os 
indivíduos que transgrediram barreiras sociais e mostra que podem funcionar 
como exemplos”, acrescenta a socióloga. 
Jornal do Brasil, 17/12/2006 (com adaptações). 
 
3. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2007) No que se refere a funções da 
linguagem, predomina, no texto, a função: 
a) fática, visto que o autor do texto busca, de forma sutil, convencer os 
leitores dos benefícios do projeto que visa incentivar o casamento entre pessoas 
pertencentes a castas diferentes; 
b) referencial, dado que a ênfase recai nas informações a respeito de 
determinado assunto; 
c) emotiva, dado que são as falas das autoridades entrevistadas que 
direcionam a forma como as informações são apresentadas; 
d) conativa, visto que as opiniões expressas estão devidamente 
referenciadas, não havendo, portanto, perda de objetividade na transmissão das 
informações; 
e) metalinguística, haja vista o foco em aspectos intertextuais, como 
demonstram as diversas vozes que acompanham a informação divulgada. 
RESPOSTA B-. Autoexplicativa. 
 
Texto para questão 4.“O princípio de que o Estado necessita de 
instrumentos para agir com rapidez em situações de emergência está inscrito no 
arcabouço jurídico brasileiro desde a primeira Constituição, de 1824, dois anos 
após a Independência, ainda no Império. (...)” 
4. (Cespe/UnB – TJ/RJ – Técnico de Atividade Judiciária – 2008) A função 
da linguagem predominante no texto é: 
a) metalinguística; 
b) poética; 
c) expressiva; 
d) apelativa; 
e) referencial. 
RESPOSTA E-. O objetivo do texto é informar. 
 
 
13 
 
5. (IBFC – ABDI – Assistente Jurídico – 2008) Assinale a alternativa que 
indica corretamente a função de linguagem predominante no texto abaixo: 
A estação Júlio Prestes, marco histórico e turístico de São Paulo, 
completou 70 anos nesta semana. Atualmente, o local abriga a Sala São Paulo,sede da Orquestra Sinfônica do Estado, além de ser o ponto de partida da atual 
Linha 8 (Júlio Prestes-Itapevi) da CPTM [Companhia Paulista de Trens 
Metropolitanos]. 
a) emotiva. 
b) apelativa. 
c) referencial. 
d) fática. 
RESPOSTA C- O objetivo do texto é informar. 
 
Texto para questão 6. Bom Conselho 
Ouça um bom conselho 
Que eu lhe dou de graça 
Inútil dormir que a dor não passa 
Espere sentado 
Ou você se cansa 
Está provado, quem espera nunca alcança 
 
Venha, meu amigo 
Deixe esse regaço 
Brinque com meu fogo 
Venha se queimar 
Faça como eu digo 
Faça como eu faço 
Aja duas vezes antes de pensar 
 
6. (CAP/UFRJ – Admissão (Ensino Médio – 2a Série) – 2008 (adaptada)) 
Qual é a função da linguagem predominante nas duas primeiras estrofes5 da 
composição de Chico Buarque, considerando-se o modo verbal mais 
recorrente? 
a) fática. 
b) emotiva. 
c) referencial. 
d) poética. 
 
5 estrofes=conjunto de versos 
 
14 
 
e) conativa. 
RESPOSTA E-. Como o modo verbal é o imperativo, a função da 
linguagem possui o intuito de influir no comportamento do interlocutor, por meio 
de ordem, pedido ou sugestão. 
 
Texto para questão 7. Os índios descobertos pelo Google Earth 
Duas aldeias de índios que vivem isolados foram fotografadas pela 
primeira vez, na fronteira entre o Peru e o Acre. O sertanista José Carlos 
Meirelles, da Funai, havia encontrado ainda em terra vestígios de duas etnias6 
desconhecidas e dos nômades maskos7. Rielli Franciscato, outra sertanista da 
Funai, localizou as coordenadas exatas das malocas pelo Google Earth, 
programa que fornece mapas por satélite. Meirelles, que procurava os povos 
havia 20 anos, sobrevoou a área e avistou os roçados e as ocas. O avião 
assustou a tribo, que nunca teve contato com homem branco. As mulheres e as 
crianças correram, e os homens tentaram flechar o avião. A exploração de 
madeira no lado peruano pode ter estimulado a migração das etnias para o 
território brasileiro. 
Revista Época. Globo, N 524, 2 de junho de 2008, p. 17 
 
7. (UEMS – Vestibular – 2008) No texto, encontra-se como função da 
linguagem predominante a: 
a) fática; 
b) metalinguística; 
c) referencial; 
d) poética; 
e) emotiva. 
RESPOSTA C-. A ênfase recai nas informações a respeito de determinado 
assunto, logo o objetivo do texto é informar. 
 
Texto para questão 8. Em sucessivos relatórios do ministro da Fazenda 
em meados da década de 1880, aludia-se ao fato de várias assembleias 
provinciais estabelecerem impostos sobre a exportação, uma parte da receita 
dos quais podiam reter, e também sobre a importação, o que era expressamente 
vedado pela Constituição. Sob pressão de associações comerciais e dos 
delegados regionais da Fazenda, diversas assembleias foram forçadas a votar a 
supressão desses impostos. O Visconde Paranaguá, em seu relatório para 
1883, informava que apenas Pernambuco, Bahia e Maranhão ainda resistiam. A 
 
6 etnias= grupos biológicos e culturalmente homogêneos 
7
 maskos= índios nômades que viviam nas cabeceiras dos rios 
 
15 
 
questão da repartição dos impostos e das competências de cada ente federativo 
parece, portanto, mais antiga que a própria República. 
 
8. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2009) No texto, narrativa de cunho 
histórico acerca de tema da economia brasileira, o autor emprega 
predominantemente linguagem referencial e objetiva. 
( X ) CERTO ( ) ERRADO 
CERTO. A ênfase recai nas informações a respeito de determinado 
assunto, logo o objetivo do texto é informar. 
 
Texto para questão 9. 
“(...) 
– Tudo; vocês como simples impostos são excelentes, gorduchos e 
corados, cheios de vida. O que os corrompe e faz definhar é o epíteto8 de 
inconstitucionais. Eu, abolindo por um decreto todos os adjetivos de Estado, 
resolvia de golpe esta velha questão, e cumpria esta máxima que é tudo o que 
tenho colhido da história e da política, que aí dou por dois vinténs a todos os 
que governam o mundo: os adjetivos passam, e os substantivos ficam.” 
 
9. O narrador recorreu à função metalinguística da linguagem para 
formular, ao final da crônica, sua máxima, carregada de arbitrariedade9. 
( X) CERTO ( ) ERRADO 
CERTO. Usa-se um discurso com nomenclatura gramatical para explicar o 
próprio discurso, logo há metalinguagem. A parte mais evidente é esta: “... os 
adjetivos passam, e os substantivos ficam...”. 
 
Texto para questão 10. “(...) Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele 
todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que 
tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. 
Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si 
mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. 
Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o 
hoje. 
10. (Funiversa – IPHAN – Analista (Contabilidade) – 2009) (Adaptada) A 
afirmação abaixo está correta ou incorreta? 
– O último parágrafo do texto utiliza uma linguagem emotiva, que pode ser 
comprovada especialmente na opção pela subjetividade voltada para o narrador. 
 
8
 epíteto=qualificação elogiosa ou injuriosa dada a alguém; alcunha, qualificativo 
9
 arbitrariedade: uso abusivo de autoridade; 
 
16 
 
( ) CORRETA (X) INCORRETA 
INCORRETA. A afirmação está equivocada porque o autor do texto 
incentiva o leitor a tomar uma atitude, logo trata-se de linguagem conotativa 
(observe o imperativo!). 
 
Texto para questão 11. “(...) Isso dá valor ímpar ao par “com ideais/sem 
ideais”: em “com ideais”, a preposição “com” introduz o instrumento; em “sem 
ideais”, a preposição “sem” introduz a condição (“Não se atua na sociedade sem 
ideais” = “Não se atua na sociedade se não houver/ sem que haja ideais”). 
Como se vê, a relação que existe entre “com ideais” e “sem ideais” vai muito 
além da mera antonímia10. (...)” 
 
11. (Fadesp – Pref. Juruti/PA – Enfermeiro – 2010) (Adaptada) Sobre o 
texto, a afirmação abaixo está correta ou incorreta? 
– No penúltimo parágrafo do texto, a função de linguagem predominante é 
a metalinguística. 
( X ) CORRETA ( ) INCORRETA 
A afirmação está CORRETA, pois o código (a língua) é usado para explicar 
o próprio código. 
 
Texto para questão 12. A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se 
desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas 
ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um 
ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos 
dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações. 
 
12. (ENEM – Vestibular – 2010) Predomina no texto a função da 
linguagem: 
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia; 
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação; 
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem; 
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor; 
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. 
RESPOSTA – E Trata-se da função referencial da linguagem porque a 
mensagem é centrada em seu referente e este é exterior à linguagem e ao 
processo de comunicação. O objetivo é informar sobre um assunto. 
 
 
10 antonímia= qualidade das palavras antônimas 
 
17 
 
13. (FUMARC – PM/MG – Oficial da PM – 2011) Leia e analise o BRASÃO 
da Polícia Militar de Minas Gerais: 
 
 
Pode-se inferir que o BRASÃO representa, predominantemente, uma 
função de linguagem: 
a) expressiva;b) referencial; 
c) conativa; 
d) fática. 
RESPOSTA - B. O brasão é um desenho criado especificamente para 
identificar determinado grupo. Por isso, o objetivo é transmitir uma informação 
sobre um assunto, no caso a PM/MG. 
 
14. (Cespe/UnB – SAEB/BA – Professor de Língua Portuguesa – 2011) 
Pelos sentidos e pelas estruturas linguísticas, é correto concluir que o emprego 
de “Conheça” e “Não perca” indica que a função da linguagem predominante 
no texto é a: 
a) metalinguística; 
b) poética; 
c) conativa; 
d) expressiva. 
RESPOSTA - C. Perceba que os verbos estão no imperativo, com o 
objetivo de produzir um determinado efeito no receptor. 
 
Texto para questão 15. Poucos depoimentos eu tenho lido mais 
emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua 
experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá 
passar por uma defesa em causa própria – o revide normal de um pai que sai de 
sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. 
 
18 
 
Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. 
Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como um dos seres mais 
antiautopromocionais que já conheci em minha vida. 
Sua modéstia não é, como de comum, uma forma infame de vaidade. Ela 
não tem nada a ver com o conhecimento realista – que Oscar tem – de seu valor 
profissional e de suas possibilidades. É a modéstia dos criadores 
verdadeiramente integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a 
perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo, por isso mesmo 
que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário. 
Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo 
brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um 
verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das 
pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na 
criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem 
e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que 
lhe foi dado para viver. 
Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido 
num depoimento como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não 
me emocionar? 
(Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor. RJ: J. Olympio, 1982, p. 
134-5 (com adaptações)) 
 
15. (Cespe/UnB – IRBr – Diplomata – 2011) No texto, a linguagem foi 
empregada predominantemente em suas funções emotiva e poética. 
( X) CERTO ( ) ERRADO 
CERTO -. A função emotiva é marcada pelos verbos e pronomes de 1ª 
pessoa do singular/plural, e isso ocorre nestas passagens: “Poucos 
depoimentos eu tenho lido.../ ... que já conheci em minha vida/ Eu acredito 
também nisso, e quando vejo aquilo em que creio refletido num depoimento 
como o de Oscar Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar?”. 
A função poética está centrada na maneira como o discurso é construído, 
principalmente recheada de recursos estilísticos (... o artigo poderá passar por 
uma defesa em causa própria – o revide normal de um pai que sai de sua 
mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater./... 
Oscar é não só o avesso do causídico/ Oscar não acredita em Papai do Céu, 
nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do 
Paraíso). 
 
 
 
19 
 
 
Texto para questão 16. UM CÃO APENAS 
Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do 
jardim – plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no 
granito – eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à 
frescura da cal no pórtico, um cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas 
as mechas brancas de pelo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de 
lágrimas que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com grande esforço 
acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. 
Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz, eu não devia 
ter chegado. Já lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os 
animais devem esquecer, enquanto dormem. (Cecília Meireles) 
 
16. (COPEVE-UFAL – UFAL – Assistente de Administração – 2011) Ao 
escrever sobre um cão doente, Cecília Meireles explora formas de comunicação 
centradas na expressão do Eu. Isso quer dizer que: 
a) não há intenção emotiva em seu texto; 
b) seu objetivo é envolver o leitor, seduzir, convencer; 
c) a ênfase está na subjetividade da autora, na sua condição de expressar 
opiniões; 
d) há uma manutenção dos aspectos expressivos a partir do canal de 
comunicação; 
e) a ênfase recai principalmente sobre a construção do texto, sobre a 
arrumação das palavras no espaço gráfico. 
RESPOSTA – C. O próprio enunciado sugere que a função da linguagem é 
emotiva (ou expressiva), uma vez que a linguagem da autora se centra no EU. 
Note as marcas de 1a pessoa, isso é primordial! 
 
Texto para questão 17. O QUE VOCÊ DEVE FAZER 
(Se for bom leitor de jornais e revistas, fiel ouvinte de rádio, 
obediente telespectador ou simples passageiro de bonde.) 
Consuma aveia, como experiência, durante 30 anos. 
Emagreça um quilo por semana sem regime e sem dieta. 
Livre-se do complexo de magreza, usando Koxkoax hoje mesmo. 
Procure nosso revendedor autorizado. 
Economize servindo a garrafa monstro de Lero-Lero. 
Ganhe a miniatura da garrafa de Lisolete. 
Tenha sempre à mão um comprimido de leite de magnólia. 
Resolva de uma vez o problema de seu assoalho, aplicando-lhe Sintaxe. 
 
20 
 
Use somente peças originais, para o funcionamento ideal do seu W.Y.Z. 
Tenha sempre à mão uma caixa de adesivos plásticos. 
Faça o curso de madureza por correspondência. 
Aprenda em casa, nas horas vagas, a fascinante profissão de relojoeiro. 
 [...] Carlos Drummond de Andrade 
 
17. (Ceperj – Pref. Cantagalo/RJ – Oficial Administrativo – 2011) Sempre 
que há comunicação há uma intenção, o que determina que a linguagem varie, 
assumindo funções. A função da linguagem predominante no texto com a 
respectiva característica está expressa em: 
a) referencial – presença de termos científicos e técnicos; 
b) expressiva – predominância da 1a pessoa do singular; 
c) fática – uso de cumprimentos e saudações; 
d) apelativa – emprego de verbos flexionados no imperativo. 
RESPOSTA – D. Autoexplicativa. 
 
Textos para questão 18. 
I- A Lei Maria da Penha 
Está em pleno vigor 
Não veio pra prender homem 
Mas pra punir agressor 
Pois em “mulher não se bate 
Nem mesmo com uma flor”. 
 
II- A violência doméstica 
Tem sido uma grande vilã 
E por ser contra a violência 
Desta lei me tornei fã. 
Pra que a mulher de hoje 
Não seja vítima amanhã. 
 
III- Toda mulher tem direito 
A viver sem violência 
É verdade, está na lei. 
Que tem muita eficiência 
Pra punir o agressor 
E à vítima, dar assistência. 
......................................... 
(Tião Simpatia. A Lei Maria da Penha em cordel) 
 
21 
 
 
18. (FDSM – Vestibular – 2011) Qual função da linguagem se destaca 
nesse texto? 
a) Função denotativa ou referencial. 
b) Função conativa ou apelativa. 
c) Função metalinguística. 
d) Função poética. 
e) Função fática. 
RESPOSTA - D. A função é poética, pois é, antes de tudo, uma poesia. O 
poeta se valeu de uma forma criativa para falar de um assunto sério. 
 
Texto para questão 19. 
Pequeno concerto que virou canção 
Não, não há por que mentir ou esconder 
A dor que foi maior do que é capaz meu coração 
Não, nem há por que seguir cantando só para explicar 
Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar 
Ah, eu vou voltar pra mim 
Seguir sozinho assim 
Até me consumir ou consumir toda essa dor 
Até sentir de novo o coração capaz de amor 
 
19.. (ENEM – Vestibular – 2011) Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a 
manifestação da função poética da linguagem, que é percebida na elaboraçãoartística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. 
Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da 
função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor: 
a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos; 
b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção; 
c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento; 
d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção; 
e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada. 
RESPOSTA - A. A função poética da linguagem é caracterizada pelo uso 
de recursos linguísticos com intuito estético, com o fito de obter efeitos criativos 
de expressão. Encontra-se também na canção a emotividade (sempre note as 
marcas de 1a pessoa – verbos e pronomes) ou expressividade da linguagem, 
por meio do sofrimento amoroso do eu-lírico. 
 
 
22 
 
Texto para questões 20, 21 e 22. Início do texto (ao longo dele, 
predominam as mesmas características gramaticais e discursivas presentes 
aqui): “Não fui, e não sou, um escrevedor de cartas. Acredito que, no momento 
em que você estiver lendo esta mensagem, meus sentimentos a respeito dela 
Linhas 25 a 27: O maior epistológrafo11 (que palavra horrível!) de todos os 
tempos foi, sem dúvida, São Paulo. Há quem diga que suas epístolas deram 
origem à Educação a Distância, já que ele difundia o cristianismo por meio de 
cartas para seus discípulos... 
Linhas 38 a 40: Na música, em minha adolescência, me comovia com a 
voz de Dalva de Oliveira cantando “Quando o carteiro chegou/e meu nome 
gritou/com uma carta na mão/ante surpresa tão rude/não sei como pude/chegar 
ao portão...”. 
 
Deve-se a Roman Jakobson a discriminação das seis funções da 
linguagem na expressão e na comunicação humanas, conforme o realce 
particular que cada um dos componentes do processo de comunicação recebe 
no enunciado. Por isso mesmo, é raro encontrar em uma única mensagem 
apenas uma dessas funções, ou todas reunidas em um mesmo texto. O mais 
frequente é elas se superporem, apresentando-se uma ou outra como 
predominante. 
No que se refere à presença das funções da linguagem no texto acima 
apresentado, julgue os itens a seguir: 
 
20. (Cespe/UnB – Correios – Analista de Correios (Letras) – 2011) A 
função fática se manifesta, no texto, nos versos transcritos nas linhas de 38 a 
40, nos quais se evidencia um trabalho de construção da linguagem para 
produzir sonoridades, ritmo e rimas, recursos característicos da produção de 
letras de composições musicais. 
( ) CERTO ( X ) ERRADO 
ERRADO. A função fática não é definida da maneira como colocou a 
banca, e sim a poética. A função fática é centrada no próprio canal da 
comunicação e tem por objetivo estabelecer, ou manter aberta, sem interrupção, 
a comunicação entre o locutor e o destinatário, mas sem a transmissão de 
nenhuma mensagem importante, o que não ocorre no trecho. 
 
 
11 epistológrafo=aquele que escreve cartas 
 
23 
 
21. A função emotiva, centrada no destinador ou emissor da mensagem, 
está presente no texto, o que se comprova pelo emprego de verbos na primeira 
pessoa, de segmentos com julgamentos subjetivos e de pronomes de primeira 
pessoa. 
( X ) CERTO ( ) ERRADO 
CERTO. Perfeito o comentário da banca! Autoexplicativo 
 
22. Presente no ato de falar sobre a linguagem, a função metalinguística 
manifesta-se nos enunciados “(que palavra horrível!)” (L.24) e “Há quem diga 
que suas epístolas deram origem à Educação a Distância, já que ele difundia o 
cristianismo por meio de cartas para seus discípulos” (L.25-27), nos quais o 
autor tomou o próprio código de comunicação como assunto da mensagem. 
( ) CERTO ( X ) ERRADO 
ERRADO.. Em “que palavra horrível!” há uma expressão de ponto de vista, 
por isso a linguagem é emotiva. Em “Há quem diga que suas epístolas deram 
origem à Educação a Distância, já que ele difundia o cristianismo por meio de 
cartas para seus discípulos”, há apenas a informação sobre algo, logo a 
linguagem é referencial, calcada na transmissão ou explicação de algo. 
 
Texto para questão 23. O LENDÁRIO PAÍS DO RECALL (Moacyr Scliar) 
“MINHA QUERIDA DONA: quem lhe escreve sou eu, a sua fiel e querida 
boneca, que você não vê há três meses. Sei que você sente muitas saudades, 
porque eu também sinto saudades de você. Lembro de você me pegando no 
colo, me chamando de filhinha, me dando papinha... (...)” 
 
23. (Ceperj – Procon/Rj – Agente de Proteção e Defesa do Consumidor – 
2012) A função da linguagem predominante no texto é: 
a) emotiva; 
b) conativa; 
c) referencial; 
d) fática; 
e) metalinguística. 
RESPOSTA - A. Note as formas de 1a pessoa (verbos – sou, sei, sinto, 
lembro – e pronomes – eu, eu, me, me, me), logo a linguagem é centrada na 
perspectiva do emissor. 
 
Texto para questão 24. Desabafo 
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. 
Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de 
 
24 
 
segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. 
Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. 
Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado. 
(CARNEIRO, J.E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento)) 
 
24. (ENEM – Vestibular – 2012) Nos textos em geral, é comum a 
manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com predomínio, 
entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a 
função de linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois: 
a) O discurso do enunciador tem como foco o próprio código; 
b) A atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito; 
c) O interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem; 
d) O referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais; 
e) O enunciador tem como objetivo principal a manutenção da 
comunicação. 
RESPOSTA - B. A função emotiva centra-se no emissor da mensagem. O 
texto é centrado nas ações e sensações do narrador da crônica, o que se pode 
notar no título do texto e no corpo do texto. Note as formas de 1a pessoa. a) 
Metalinguística, e não emotiva. c) Conativa. d) Referencial. e) Fática. 
 
Texto para questão 25. A Felicidade 
Tristeza não tem fim 
Felicidade sim 
 
A felicidade é como a gota 
De orvalho numa pétala de flor 
Brilha tranquila 
Depois de leve oscila 
E cai como uma lágrima de amor 
 
A felicidade do pobre parece 
A grande ilusão do carnaval 
A gente trabalha o ano inteiro 
Por um momento de sonho 
Pra fazer a fantasia 
De rei ou de pirata ou jardineira 
Pra tudo se acabar na quarta-feira 
 
 
25 
 
 
Tristeza não tem fim 
Felicidade sim 
 
A felicidade é como a pluma 
Que o vento vai levando pelo ar 
Voa tão leve 
Mas tem a vida breve 
Precisa que haja vento sem parar. 
 
A minha felicidade está sonhando 
Nos olhos da minha namorada 
É como esta noite, passando, passando 
Em busca da madrugada 
Falem baixo, por favor 
Pra que ela acorde alegre com o dia 
Oferecendo beijos de amor. 
 
MORAES, Vinicius e JOBIM, Tom. As mais belas serestas brasileiras. 9ª 
ed. Belo Horizonte: Barvalle Indústria Gráfica Ltda., 1989. 
 
25. (FAB – EPCAR – Cadetes – 2012) (Adaptada) A afirmação abaixo está 
correta ou incorreta? 
– A função da linguagem predominante é a conativa. 
( ) CORRETA ( X ) INCORRETA 
INCORRETA - A afirmação não procede, pois o tempo todo o eu-lírico fala, 
poeticamente, sobre o que é a felicidade. Logo, a função da linguagem é 
poética. Só no finzinho do texto há função conativa: “Fale baixo, por favor.”. 
 
26. (UERJ – Vestibular (1o Exame de Qualificação)– 2012) O texto de 
Lima Barreto, abaixo, explora o recurso da metalinguagem, ao comentar, na sua 
ficção, o próprio ato de compor uma ficção. 
Esse recurso está exemplificado principalmente em: 
a) São em geral de uma lastimável limitação de ideias, 
b) Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer ordem. 
c) – Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã! 
d) Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a 
incolor, comum. 
 
26 
 
RESPOSTA - D. A metalinguagem é percebida quando o autor cria um 
texto para falar sobre a própria construção textual. 
 
27. (Fundação Sousândrade – Pref. Estreito/Ma – Supervisor Escolar – 
2012) Segundo o linguista Jakobson, a linguagem opera em várias funções, 
conforme a ênfase dada a um dos elementos da comunicação. A partir dessa 
informação, pode-se afirmar que em “last act (bribery)” e em “último ato 
(suborno)” evidencia-se uma centralidade no código linguístico. Esse 
procedimento evidencia o emprego da função denominada: 
a) Emotiva. 
b) Conativa. 
c) Poética. 
d) Referencial. 
e) Metalinguística. 
RESPOSTA - E. O próprio enunciado acusa a metalinguagem, quando a 
define: “evidencia-se uma centralidade no código linguístico”. 
 
 
Bibliografia 
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Português Jurídico. -
12. ed.- São Paulo: Atlas, 2015. 
PESTANA, Fernando. A Gramática para Concursos Públicos. -2.ed.- Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2015.

Continue navegando