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Trabalho DFT II - AV 2

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Caso concreto AV2 – Direito Financeiro e Tributário II
(Manhã – turma 1001)
Prof. Daniela Juliano Silva
Aluno Rogério Gama Franklim - 201707015181
(Valor: 2 pontos)
Seu vizinho, e melhor amigo, ciente de seus conhecimentos a respeito do Direito Tributário, aproveita para lhe perguntar a respeito de uma indenização de danos morais que terá direito a receber (no valor de 50.000,00), em razão de um processo em que sagrou-se vencedor. Seu amigo deseja saber se sobre tal verba indenizatória haverá incidência de Imposto de Renda (IR).
Pergunta-se:
A) Qual seria sua orientação a respeito da incidência de IR no caso acima descrito? Fundamente com a competente doutrina e jurisprudência.
 Não haverá incidência, cabe destacar que indenização não é rendimento, não é renda, não é acréscimo patrimonial, não é provento de qualquer natureza. É simples compensação do patrimônio do lesado, seja esse patrimônio material ou moral.
A legislação ao dispor que compete à União "instituir impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza" (art. 153, III, CR/88) , o legislador limitou a incidência do imposto de renda apenas aos proventos e às rendas.
Complementando o enunciado acima, o artigo43 , incisos I e II , do Código Tributário Nacional , define o conceito de renda e o de proventos de qualquer natureza, quais sejam:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.
A indenização difere tanto do conceito de renda como de provento, pois "indenizar significa reparar integralmente o dano causado à vítima, se possível restaurando o statu quo ante, isto é, devolvendo-a ao estado em que se encontrava antes da ocorrência do ato ilícito. Todavia, como na maioria dos casos se torna impossível tal desiderato, busca-se uma compensação em forma de pagamento de uma indenização monetária" (GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil . 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 1995, p.391 apud CRUZ, Guilherme Ferreira da. Princípios Constitucionais das Relações de Consumo e Danos Morais - outra concepção . São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 129).
 Conforme entendimento do STJ, a indenização por dano estritamente moral não é fato gerador do Imposto de Renda, pois se limita a recompor o patrimônio imaterial da vítima, atingido pelo ato ilícito praticado. O entendimento da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é o de que a negativa da incidência do Imposto de Renda não se dá por isenção, mas pelo falo de não ocorrer riqueza nova capaz de caracterizar acréscimo patrimonial. É nesse sentido que tem decido o STJ, conforme os acórdãos que seguem: 
AgRg no Ag  1021368
(ACÓRDÃO)
Ministro LUIZ FUX
DJe 25/06/2009
Decisão: 21/05/2009
TRIBUTÁRIO - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA - IMPOSSIBILIDADE - CARÁTER INDENIZATÓRIO DA VERBA RECEBIDA.
1. A verba percebida a título de dano moral tem a natureza jurídica
de indenização - cujo objetivo precípuo é a reparação do sofrimento
e da dor da vítima ou de seus parentes, causados pela lesão de
direito, razão pela qual torna-se infensa à incidência do imposto
de renda, porquanto inexistente qualquer acréscimo patrimonial.
(Precedentes: REsp 963387/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
...
402035 / RN, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 17/05/2004;
REsp 410347 / SC, desta Relatoria, DJ 17/02/2003).
REsp  963387
(ACÓRDÃO)
Ministro HERMAN BENJAMIN
DJe 05/03/2009
RDR vol. 43 p. 219
Decisão: 08/10/2008
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NATUREZA
DA VERBA. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. NÃO-INCIDÊNCIA. PRINCÍPIO DA
REPARAÇÃO INTEGRAL. PRECEDENTES DO STJ.
1. A indenização por dano estritamente moral não é fato gerador do
Imposto de Renda, pois limita-se a recompor o patrimônio imaterial
da vítima, atingido pelo ato ilícito praticado.
2. In casu, a negativa de incidência do Imposto de Renda não se faz
por força de isenção, mas em decorrência da ausência de riqueza nova
? oriunda dos frutos do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos ? capaz de caracterizar acréscimo patrimonial. 
B) Haveria incidência do Imposto de Renda sobre férias não gozadas? E licenças-prêmios? E valores recebidos a título de indenização por horas extras trabalhadas? Fundamente sua resposta com o tratamento jurisprudencial dado à matéria.
Haveria incidência do Imposto de Renda sobre férias não gozadas? E licenças-prêmios?
Os valores pagos sobre férias, proporcionais ou integrais e licença-prêmio não gozados são isentos de imposto de renda, de acordo como o entendimento já consolidado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde os ministros entendem que, nesses casos, especificamente, trata-se de verbas de natureza indenizatória, recebidas como compensação pela renúncia a um direito, não constituindo, dessa forma, acréscimo patrimonial.
Entendem os ministros que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial, conforme disposto no artigo 43 do CTN Como, por exemplo, as verbas de natureza salarial ou as recebidas na qualidade de aposentadoria.
Mas, as verbas de natureza indenizatória recebidas como compensação pela renúncia a um direito não constituem acréscimo patrimonial, razão pela qual não sofrem a incidência de IR
A incidência só ocorre quando as férias são gozadas, pois nesse caso têm natureza salarial, sujeitando-se à tributação, contudo, quando as férias são indenizadas, "sendo o adicional um acessório, segue a sorte do principal, não estando, assim, sujeito à incidência do Imposto de Renda". Entendimento tanto da Primeira quanto da Segunda Turma do STJ, em votos dos ministros Teori Zavascki (agravo regimental no recurso especial 638389) e Peçanha Martins (recurso especial 584508), respectivamente.
Segundo a súmula 136 do STJ: O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda.
Haverá incidência do imposto de renda de valores recebidos a título de indenização por horas extras trabalhadas?
Súmula 463 do STJ
Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
Considerando que a incidência do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza tem por fato gerador, nos termos do art.43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimos patrimoniais", apesar da verba ser nominada como indenização por horas extras trabalhadas, restou pacificado o entendimento de que "acréscimos patrimoniais", é tudo que tipificar acréscimo ao patrimônio material do contribuinte, e aí estão inseridos os pagamentos efetuados por horas-extras trabalhadas, porquanto sua natureza é remuneratória, e não indenizatória.
Dessa forma, a nova Súmula 463 implicitamente declarou que o pagamento de horas extras configura renda, que se sujeita, portanto, à incidência de Imposto de Renda.

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