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CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Ramon Alberto Cunha de Faria As empresas podem optar geralmente pelos seguintes regimes tributários: Lucro real. Lucro presumido. Lucro arbitrado – geralmente imposto pelo fisco. Simples nacional. O regime tributário mais completo e complexo é o lucro real, no qual as empresas deverão apurar seu lucro líquido contábil com observância das Leis nº 6.404/78 e 11.638/2009, ambas leis que regem as sociedades por ações. Ajustados após o lucro líquido contábil das adições, exclusões e compensa- ções demonstrados no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), no qual está prescrito o regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999). A finalidade do lucro real é servir de base cálculo para a apuração do IR e da contribuição social. São obrigados a optar pelo regime tributário do lucro real as seguintes situações: Atividades empresariais que sejam de instituições financeiras – bancos comerciais, sociedades de créditos mobiliários e quaisquer entidades de fomento de crédito mercantil. As empresas que obtiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital que provenham do exterior. As empresas que se beneficiem de alguns incentivos fiscais como, SU- DENE, SUDAM entre outros. As empresas que no decorrer do ano de pagamento do IR e da contri- buição social pelo regime de estimativa, conforme disciplina o artigo 2º da Lei nº 9.430/1996. Empresas que prestem serviços descritos em seu contrato social de Factoring. Há outros requisitos a serem observados pela legislação tributária, mas o mais importante é o limite da receita bruta anual para fins fiscais. O LALUR é um livro estritamente fiscal, disciplinado pelo RIR, mais especi- ficamente em seu artigo 262. Hoje o LALUR está representado pela escrituração contábil fiscal (ECF), um dos módulos de cruzamento de informações operado pelo sistema de es- crituração pública digital – SPED, em que foi extinta a antiga declaração de informações econômico-fiscais da pessoa jurídica (DIPJ), dando lugar a nova obrigação acessória ECF, cruzando todas as informações no que tange a apu- ração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Seu modelo foi aprovado pela Instrução Normativa SRF nº 28/78, que es- tabelece seus parâmetros e divide o livro em duas partes: Parte A – realiza-se os lançamentos de ajustes ao lucro líquido contábil, em que as despesas e valores excluídos da apuração do lucro real corres- pondem ao mesmo período de contabilização e para fins fiscais. Caso em eventos futuros venha a ocorrer a tributação o lançamento, terá sempre caráter de indedutibilidade do valor da apuração do lucro real. Parte B – realiza-se os lançamentos dos valores que afetarão a apu- ração do lucro real em períodos futuros, como a ocorrência de preju- ízos físicas, equivalência patrimonial, dividendos recebidos e etc. As adições são acréscimos aos valores do lucro líquido contábil e, para fins fiscais, não é permitida sua dedução do lucro ou consideração dos rendimentos. São exemplos de adições: Alimentação dos sócios e administradores. Multas por infrações fiscais. Brindes. Multas por infrações penais, de trânsito e outras. Exclusões são valores dedutíveis do lucro líquido para fins de apuração do lucro real. São exemplos de exclusões: Os valores cuja escrituração contabilmente não tenha sido dedutível do lucro líquido e que, por força da legislação tributária, poderão ser. Os rendimentos, receitas e quaisquer ganhos que foram computados para apuração do lucro líquido e, pelo RIR, deverão ser excluídos para fins de apuração do lucro real. O prejuízo fiscal apurado em períodos anteriores poderá ser compensado com lucros futuros, limitados a 30% do lucro líquido, ajustado pelas adições e exclusões, desde que a empresa mantenha o controle dos prejuízos fiscais uti- lizados em livro próprio, conforme exigidos pela legislação tributária. As adições permanentes são acréscimos de valores ao lucro real que serão indedutíveis, mesmo que o evento aconteça em períodos futuros. As adições são valores representados por despesas que estão contabili- zadas, porém indedutíveis para apuração do lucro real, nessa situação, os va- lores que serão adicionados no cálculo do lucro real serão demonstrados no LALUR e ajustados para o cálculo. Temos como exemplo das adições permanentes: Brindes – despesas contabilizados dedutível para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor do lucro real. Aplica-se ao cálculo do IRPJ e a CSLL. Resultado negativo equivalência patrimonial – despesas contabilizadas e dedutíveis para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor de lucro real. Aplica-se ao cálculo do IRPJ e a CSLL. Multas punitivas e por infrações de trânsito – despesas contabili- zadas dedutíveis para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor de lucro real. Aplica-se somente ao cálculo do IRPJ, sendo dedutível para fins de cálculo da CSLL. Convênio médicos dos sócios e diretores – despesas contabilizados de- dutível para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor do lucro real. Aplica-se somente ao cálculo do IRPJ, sendo dedutível para fins de cálculo da CSLL. As adições e exclusões temporários estão ligadas a eventos futuros, que afe- tarão a apuração do lucro real, fazendo com que se provisione também a in- cidência do IRPJ e da CSLL diferidos, ou seja, que incidirão em períodos futuros. São valores com custos e despesas que não são dedutíveis temporaria- mente, porém em evento futuro serão excluídos da apuração do LALUR. A contabilidade se limita a registrar situações existentes factualmente à data das demonstrações financeiras e contábeis, porém, para fins fiscais, eventos futuros serão decisivos para fins de apuração do lucro real. São alguns exemplos de adições e exclusões temporárias: Depreciação acelerada incentivada – de acordo com a lei, a parcela de depreciação acelerada incentivada será excluída do lucro líquido con- tábil para fins de apuração do lucro real, e será controlada no LALUR. Provisão para contingencia trabalhista – é uma condição de uma perda real, portanto depende de eventos futuros para que sua realização acon- teça. Contudo, para fins fiscais terão de ser provisionadas as contas que afetarão a apuração do lucro real, adicionando ou excluindo valores para determinar o cálculo do IRPJ e da CSLL. Provisão para devedores duvidosos – são valores lançados na conta- bilidade, porém com efeito meramente de provisionamento,ou seja, antecipação da ocorrência de um fato, neste caso, a possível perda dos valores a receber de cliente. Essa provisão não terá impacto momenta- neamente para fins de apuração do lucro real, porém terá de ser eviden- ciada sua futura exclusão ao lucro real. As adições e exclusões serão sempre atribuídas aos lançamentos contábeis que ainda não concretizaram seus eventos para fins de tributação, mais espe- cificamente, para apuração do lucro real. Assim, não pode ser afetada a base de cálculo do imposto corrente, porém terá de ser demonstrada e controlada paralelamente por livro fiscal. O prejuízo fiscal é o resultado negativo da apuração do lucro líquido contábil mais as adições e exclusões, ou seja, despesas que o fisco não deixa deduzir do lucro e receitas que o fisco permite que seja excluída do lucro real. O valor que resulta dessa fórmula, se realiza de maneira negativa, em que as somas dos custos e as despesas fiscais ultrapassam a soma das receitas fiscais, dando, assim, um resultado chamado prejuízo fiscal. O valor que é obtido como prejuízo fiscal é considerado perante ao fisco como um resultado negativo patrimonial, e permite que a pessoa jurídica optante pelo regime tributário do lucro real realize parte do seu valor para diminuir o lucro futuro para fins de tributação do IRPJ. Para o valor do prejuízo fiscal ser abatido do lucro de um período futuro, deve-se obedecer algumas regras fiscais: Controlar em um livro extrafiscal os valores de compensação do lucro com os prejuízos fiscais. Limitar a compensação do prejuízo fiscal à 30% em relação ao lucro do período de compensação (a chamada “trava dos 30%”), em que o governo restringe a compensação de somente trinta por cento do lucro com o prejuízo fiscal. Exemplos de cálculo - prejuízo fiscal Prejuízos fiscais são valores decorrentes do resultado negativo da base de cálculo do lucro real para fins de tributação do IR e da contribuição social. O prejuízo fiscal é classificado como um ativo fiscal diferido, e o seu re- conhecimento para fins de compensação com lucros futuros deverá ser feito se for realmente reconhecido lucro futuro, por meio de uma análise minuciosa na expectativa de rentabilidade do negócio. Deverá reconhecer o ativo fiscal diferido em relação aos prejuízos fiscais sempre que for possível evidenciar um lucro futuro tributável e suficiente para compensar com os prejuízos fiscais. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Página em branco
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