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i. 
-HISTORIA 
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DACIENCIA 
NO BRASIL 
acervo de depoimentos 
ISBN 85-225-0087-8 
o presente catálogo foi elaborado pelo Centro de Pesquisa e 
Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da 
Fundação Getúlio Vargas, com o apoio da 
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). 
Apresentação de Simon Schwartzman. 
Editoração e texto: Patrícia Campos de Sousa. 
Projeto gráfico: Ana Linnemann. 
Composição e impressão: Cartgraf Editora Ltda. 
Centro de Pesquisa e Oocumentaç!lo de História 
Contemporânea do Brasil. 
História da ciência no Brasil: acervo de depoi· 
mentos I CPOOC; apresentação de Simon 
Schwartzman. Rio de Janeiro: FINEP, 1984. 
208 p. 
1. Ciência - História - Brasil Catálogos. 
I. FINEP. II. Schwartzman, Simon. 
COO 016.50981 
CDU 017: 00 (091) (81) 
Fundação Getúlio Vargas 
Instituto de Direito Público 
e Ciência Pol ítica 
~'" Centro de Pesquisa e Documentação 
de História Contemporânea do Brasil 
CPDOC 
~ FINEP 
Financiadora de Estudos e Projetos 
Orgão de Secretaria de Planejamento 
da Presidência da Repúbl ica. 
Rio de Janeiro, RJ - 1984. 
,. 
HISTORIA 
'" 
DACIENCIA 
NO BRASIL 
acervo de depoimentos 
Apresentação I Ao ~o~go de vár~os mese~, entre 1975 e 1978, dezenas de cientistas 
brasileiros de várias geraçoes - os que se formaram nas décadas de 10 
Simon e 20, os que se formaram antes da guerra e os que começaram a surgir 
Schwartzman na década de 50 - dedicaram uma média de seis a oito horas de seu 
tempo para depor a respeito de sua vivência como cientistas brasileiros. 
As entrevistas estão centradas na vida profissional do cientista - seu 
ambiente profissional, educação secundária, formação universitária, 
iniciação à ciência, experiência no exterior, os trabalhos que realizou, 
seu convívio institucional, suas relações, sucessos e fracassos. Natural-
mente, derivavam para temas mais gerais - a natu reza da atividade 
científica, o ambiente científico e cultural no país, o sentido, a im-
portância e as dificuldades para o trabalho científico no Brasil e no 
mundo. Gravados, transcritos e revistos, estes depoimentos constituem 
um acervo excepcional acerca da experiência brasileira de implantação 
de uma ciência moderna em um contexto social e cultural à primeira 
vista pouco afeito a ela. 
E: um material inestimável. Depoimentos obtidos desta forma expres-
sam, com uma riqueza inigualável, os detalhes, motivações, valores, 
mentalidades, percepções, as coisas que estimulam e que frustram as 
pessoas. Não há nada, realmente, que substitua este tipo de informa-
ção. O conhecimento cient(fico pode ser entendido, abstratamente, 
como um conjunto de conhecimentos ou dados cujo valor independe-
ria dos homens que os produziram. No entanto, talvez o principal re-
5 
6 
sultado desta pesquisa tenha sido a confirmação de que a ciência é, 
acima de tudo, o produto de uma comunidade de pessoas bem forma-
das, trabalhando com entusiasmo no ápice de sua inteligência e criati-
vidade. O resultado desse trabalho - artigos, informações, aplicações 
tecnológicas, dados - não passa da ponta de um iceberg, de valor pre-
cário, e que não tem como se sustentar sem a base que lhe dá existên-
cia, que são os homens que o produziram. E esta base que estes depoi-
mentos evidenciam. 
As entrevistas foram coletadas como parte de uma pesquisa sobre a 
história social da ciência no Brasil, realizada pelo setor de pesquisas 
da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com a colaboração do 
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do 
Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas1 • 
A seleção dos entrevistados foi feita a partir de uma delimitação pré-
via de áreas de conhecimento - as ciências físicas e naturais mais bási-
cas (física, qu rmica, biologia, geociências) e pelo chamado "método 
reputacional", que consiste em elaborar listas de pessoas consideradas 
centrais em determinado campo de atividade, depois conferidas pelos 
próprios selecionados. Ficaram ausentes do projeto, portanto, áreas 
importantes da ciência brasileira, e que necessitariam estudos seme-
lhantes - a matemática, as ciências médicas, as engenharias, as ciências 
sociais2 • E possível também que vários cientistas importantes nas áreas 
escolhidas não tenham sido entrevistados, seja por dificuldades mate-
riais, seja por não terem sido corretamente identificados pelos pesqui-
sadores. Alguns dos entrevistados se notabilizaram por suas contribui-
ções científicas; outros, principalmente, por seu papel pioneiro no de-
senvolvimento das instituições científicas brasileiras, ou na criação de 
importantes tradições de trabalho em nosso meio. 
Desde o in ício estava previsto que, uma vez processadas, as entrevistas 
seriam incorporadas permanentemente ao acervo do Cpdoc, para pre-
servação e utilização por pesquisadores qualificados, como parte signi-
ficativa da memória nacional. A publicação deste catálogo marca o 
término desta etapa e a abertura progressiva dos materiais à consulta 
do público interessado. Mais do que uma simples listagem, ele contém 
breves informações sobre cada cientista e sua entrevista, e é por si 
mesmo um docume'nto significativo para o conhecimento da história 
da ciência brasileira. 
i • 
Desde que estas entrevistas foram feitas, o interesse pelo estudo das 
condições sociais, culturais e institucionais da pesquisa científica bra-
sileira tem crescido muito. Já não subsiste mais o otimismo que su-
punha que a simples acumulação de mais pesquisas e mais pesquisado-
res, através do tempo, seriam suficientes para dar ao país um sistema 
cientffico e tecnológico de alto nível e capaz de responder às suas ne-
cessidades de desenvolvimento cultural, econômico e social. Já não 
subsiste tampouco a crença ingênua no poder da planificação centrali-
zada e das grandes burocracias para obter os resultados que o cresci-
mento natural e acumulativo da pesquisa não pode proporcionar. 
Sabe-se hoje que a implantação da pesquisa de alto nívêl e socialmente 
significativa é um empreendimento complexo, freqüentemente frus-
trante, e que depende de uma trama delicada de pesquisadores, insti-
tuições educacionais, laboratórios, agências governamentais, sistemas 
de adoção e difusão de inovações e uma série de outros elementos que 
não caberiam listar aqui. Um dos componentes centrais desta trama é, 
sem dúvida, a comunidade científica, que foi formada no Brasil, em 
grande parte pelos cientistas aqui representados, e cuja experiência 
é indispensável conhecer para saber onde estamos e aonde poderemos 
pretender ir. 
Seria impossível agradecer nominalmente, aqui, a todos os que colabo-
raram ao longo destes anos para que este acervo pudesse vir a ser cons-
tituído. E indispensável, no entanto, assinalar que nada disto existiria 
sem o interesse e o envolvimento pessoal de José Pelúcio Ferreira, pre-
sidente da Financiadora de Estudos e Projetos até 1979, e sob cuja ges-
tão esta pesquisa foi realizada. E importante, ainda, registrar o apoio 
recebido da presidência e vice-presidência da Finep - Drs. José 
Walter Merlo e José Adeodato de Souza Netto -, que deram condições 
para que este material recebesse o tratamento e a destinação de que 
necessitava e para que este catálogo viesse à luz, e de Ricardo Biels-
chowsky, chefe de seu Departamento de Estudos e Pesquisas. 
Do lado do Cpdoc, cumpre registrar o interesse e o envolvimento de 
Celina do Amaral Peixoto Moreira Franco, Aspásia Camargo e Maria 
Clara Mariani, que acompanharam o projeto desde o in ício, e de Va-
lentina da Rocha Lima, que cuidou da incorporação deste acervo a seu 
Programa de História Oral. 
Finalmente, cabe assinalar o trabalho perseverante e competente de 
Patrícia Campos de Sousa, que foi capaz de produzir, a partir de uma 
7 
8 
grande massa de informações constantes em dezenas de entrevistas, 
este texto que agora se publica. 
Rio de Janeiro, outubro de 1984. 
(1) As principais publicações resultantes deste projeto são o livrode 
Simon Schwartzman e colaboradores, Formação da comunidade cien-
tífica no Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo: Finep/Companhia Editora 
Nacional, 1979) e Simon Schwartzman, organizador, Universidades e 
instituições científicas no Rio de Janeiro (Brasrlia: Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Cient(fico e Tecnológico, 1982). 
(2) Foram inclurdas no presente catálogo as entrevistas dos matemá-
ticos Elon Lages Lima e Maurício Matos Peixoto, concedidas à pesqui-
sa sobre carreiras cient(ficas coordenada por João Batista de Araújo e 
Oliveira, e cujas cópias foram gentilmente cedidas ao Cpdoc/FGV, pa-
ra serem incorporadas ao seu Programa de História Oral. 
Nota I As entrevistas cujos sumários aparecem neste catálogo foram realiza-
• • das de forma aberta, dando aos entrevistados todo o tempo e espaço 
Explicativa que julgaram necessários para narrar suas experiências e idéias. Na 
maior parte dos depoimentos, os autores seguiram uma linha descriti-
va, organizada cronologicamente, entrecortada de considerações e 
opiniões sobre assuntos de particular importância ou polêmicos. Cer-
tos temas são freqüentemente retomados em uma mesma entrevista, 
com enfoques e níveis de profundidade diversos, e assim eles aparece-
rão repetidos no respectivo sumário. Há abundância de tópicos recor-
rentes no conjunto dos depoimentos, e muitas vezes optou-se por 
rotular estes temas, mesmo à custa da melhor precisão, pois pareceu 
mais importante facilitar o trabalho do pesquisador interessado em 
alguma questão específica. 
Existe um elemento óbvio de subjetividade neste sumário, ante a infi-
nidade de informações contidas em cada entrevista. Tanto quanto 
possível, a identificação dos temas a ressaltar foi feita a partir de cri-
térios objetivos de relevância, buscados em trabalhos da equipe de en-
trevistadores, na unidade da narrativa de cada entre.vistado e, enfim, 
em minha própria interpretação das experiências e acontecimentos 
narrados e de sua importância no contexto geral das entrevistas. 
Ao lado dos sumários, o leitor encontrará um resumo biográfico de 
cada entrevistado, contendo informações sobre sua formação e carrei-
ra, pesquisadas em currículos profissionais ou tomadas diretamente 
9 
10 
dos cientistas, seus parentes ou colegas de trabalho. Mesmo sob o risco 
de erros e imprecisões, essas pequenas biografias devem auxiliar a com-
preensão dos tópicos sumariados, bem como a localização, no tempo e 
no espaço, de vários trechos dos depoimentos. Por dificuldades diver-
sas, não foi possível manter atualizada a pesquisa sobre a carreira dos 
cientistas, muitos deles já falecidos. Na maioria dos casos, os dados 
esgotam-se a partir do final dos anos 70, época em que as entrevistas 
foram realizadas. 
Patrícia Campos de Sousa. 
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I 
Acervo I 
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Depoimentos I 
1 - Adolfo Martins Penha 
2 - Afrânio do Amaral 
3 - Alberto Luiz Gaivão Coimbra 
4 - Almir de Castro 
5 - Alu (sio Pimenta 
6 - Amilcar Viana Martins 
7 - Antônio Cordeiro 
8 - Aziz Nacib Ab' Sáber 
9 - Bernhard Gross 
10 - Blanka Wladislaw 
11 - Carl Djerassi 
12 - Carlos Chagas Filho 
13 - Cesare Lattes 
14 - Cláudio Costa Neto 
15 - Crodowaldo Pavan 
16 - Darcy Ribeiro 
17 - Elon Lages Lima 
18 - Ernesto Giesbrecht 
19 - Francisco Magalhães Gomes 
20 - Francisco Mauro Salzano 
21 • Friedrich Gustav Brieger 
22 - Gerhard Jacob 
23 - Gleb Wataghin 
24 - Guida Beck 
25· Harry Miller Jr. 
26 - Herman Lent 
11 
12 
27 - H ugo de Souza Lopes 
28 - Hugo Jorge Monteiro 
29 - Jacques Danon 
30 - Jayme Tiomno 
31 - João Alberto Meyer 
32 - José Goldemberg 
33 - José Israel Vargas 
34· José Leite Lopes 
35· José Reis 
36 - José Ribeiro do Valle 
37· Lélio Gama 
38· Manuel da Frota Moreira 
39· Marcelo Damy de Souza Santos 
40· Mário da Silva Pinto 
41 - Mário Schenberg 
42· Mário Ulysses Vianna Dias 
43· Maurfcio da Rocha e Silva 
44 - Maurício Matos Peixoto 
45· Maury Miranda 
46 - 01 ímpio da Fonseca 
47 - Oscar Sala 
48 - Othon Leonardos 
49 - Otto B ier 
50· Otto Gottlieb 
51 - Paschoal Américo Senise 
52· Paulo Duarte 
53· Paulo e Jorge Leal Ferreira 
54 - Paulo Sawaya 
55· Paulo Vanzolini 
56 - Paulus Aulus Pompéia 
57 . Quintino Mingoia 
58 - Ricardo de Carvalho Ferreira 
59· Roberto Salmeron 
60· Rogério de Cerqueira Leite 
61 - Sérgio Mascarenhas 
62 - Sérgio Porto 
63 - Sérgio Rezende 
64 - Simão Mathias 
65 - Viktor Leinz 
66 - Walter Mors 
67 - Warwick Estevam Kerr 
68 - Wladimir Lobato Paraense 
69 - Zeferino Vaz 
Simpósio Brasileiro de Frsica, promovido 
pelo CNPq em 1952, na cidade do 
Rio de Janeiro. Na mesa o en1io 
preSidente do Conselho, almirante 
Álvaro Alberto (ao centro), e os frsicos 
Guido Beck e Ricardo Guns. ' 
(Foto cedida por Guido Beck). 
Zeferino Vaz, fundador e reitor por 
treze anos da Universidade Estadual de 
Campinas. Foto de abril de 1977. 
(Ag. O Globo) 
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1 
Adolfo Martins 
Penha 
Adolfo Martins Penha nasceu no Rio de Janeiro em 1904. Em 1922 
diplomou-se pela Faculdade de Medicina Veterinária de Pouso Alegre 
(MG) e, no ano seguinte, retornou ao Rio de Janeiro, contratado como 
veterinário do Matadouro Santa Cruz, onde trabalhou por quatro anos. 
Durante esse período, freqüentou o curso de aplicação do Instituto Os-
valdo Cruz. Em 1928, a convite de Genésio Pacheco, passou a integrar 
a Divisão Animal do recém-criado Instituto Biológico de São Paulo, 
assumindo, mais tarde, a chefia da Seção de Assistência Veterinária. 
Deixou o Instituto em 1974, quando foi aposentado compulsoriamen-
te por ter atingido a idade limite de setenta anos. A partirde então, pas-
sou a lecionar bioestaHstica na Universidade Estadual de Campinas. 
Foi presidente de honra da SBPC. Especialista em bacteriologia vete-
rinária, publicou diversos trabalhos nas revistas O Biológico e nos 
Arquivos do Instituto Biológico. Faleceu no dia 9 de janeiro de 1980. 
Sumário da entrevista: 
O ingresso na Faculdade de Medicina Veterinária 
de Pouso Alegre; o curso de aplicação do Instituto 
Osvaldo Cruz e a contratação pelo Instituto Bioló-
gico de São Paulo; a opção pela bacteriologia; a or-
ganização e as finalidades do Instituto Biológico; as 
pesquisas sobre as doenças infecciosas contraídas 
por bezerros no estado de São Paulo; a campanha 
contra a brucelose nos EUA e no Brasil; o combate 
à peste su ína: a introdução da vacina de cristal vio-
leta; o tratamento da tuberculose animal: o teste da 
tuberculina e a aplicação de isoniasida; ciência pura 
e ciência aplicada; o Instituto Biológico: a reunião 
das sextas-feiras, a "reunião das referatas", a bi-
blioteca, a divisão de trabalho, o recrutamento dos 
primeiros pesquisadores; a pesquisa científica na 
Faculdade de Medicina da USP; a organização da 
SBPC: as reuniões anuais, os sócios, os recursos, a 
revista Ciência e Cultura; as publicações do Institu-
to Biológico; as finalidades e as linhas de pesquisa 
desse instituto; a Seção de Assistência Veterinária; 
a criação da Coordenadoria de Ciência Técnica In-
tegrada e suas relações com o Biológico; Artur Neiva 
e a fundação do Instituto Biológico; Henrique da 
Rocha Lima e o diagnóstico da febre amarela; a 
fundação da USP e a contratação de professores es-
trangeiros; a carreira de Zeferino Vaz; a falta de 
verbas e as linhas de pesquisa do Instituto Biológi-
co; a direção política do Instituto: Artur Neiva e 
José Reis; as fontes de financiamento e os salários 
dos pesquisadores; a experiência do entrevistado 
no magistério; os estagiários do Biológico; a forma-
ção e a seleção dos cientistas: o modelo norte-ame-
ricano; o intercâmbio do Instituto Biológico com o 
exterior; o auxílio da FAPESP e do CNPq; o proje-
to de levantamento dos micro-elementos do solo: 
o grupo da Amazônia; o papel dos institutos gover-
namentais de pesquisa; a atração dos pesquisadores 
do Biológico pela universidade; a luta contra a 
transformação desse instituto em empresa; a for-
mação alemã de sua geração e a posterior influência 
da ciência norte-americana; o interesse pela mate-
mática e pelaUsica; os pesquisadores do Instituto 
Osvaldo Cruz. 
15 
Ficha técnica: 
Duração: 2 :00 horas. 
Local: São Paulo. 
Data: abril de 1977. 
Entrevistadores: Maria Clara Mariani e Tjerk Franken. 
16 
2 
Afrânio 
do Amaral 
Afrânio P. Bransford do Amaral nasceu em Belém em 19 de dezembro 
de 1894. Realizou os estudos secundários no Ginásio da Bahia, em Sal-
vador, diplomando-se em medicina e cirurgia pela Faculdade de Medi-
cina da Bahia em 1916, após defesa de tese sobre a filariose de Bancroft, 
trabalho que lhe valeu o prêmio Alfredo de Brito e uma viagem de 
estudos ao exterior. No ano seguinte transferiu-se para São Paulo, in-
gressando como médico auxiliar no Instituto Butantã, onde trabalhou 
sob a orientação de Vital Brasil, João Florêncio Gomes e Artur Neiva. 
Em 1919 tornou-se assistente-chefe da Seção de Ofiologia e Zoologia 
Médica do Instituto e, nesse mesmo ano, sucedeu a Vital Brasil na dire-
ção do mesmo. Em sua gestão, deu início à publicação das Mem6rias 
do Instituto Butantã e dos Anexos das Mem6rias. 
Em 1921 licenciou-se do Butantã para visitar os principais centros de 
pesquisa e ensino superior da Europa, EUA e Canadá. Em 1924, como 
bolsista do International Health Center, doutorou-se em saúde pública 
e em medicina tropical pela Universidade de Harvard. No ano seguinte 
foi contratado como catedrático da Escola de Saúde Pública dessa uni-
versidade e convidado para dirigir os serviços antiotrdicos dos EUA, 
fundando, ainda em 1925, o Antivenin Institute of America. 
Em 1928 retornou ao Brasil, reassumindo a direção do Instituto Bu-
tantã. Em 1933 foi convidado para reger a cadeira de higiene da recém-
criada Escola Paulista de lVIedicina, da qual foi co-fundador. Participou 
da comissão de planejamento da USP, criada em 1934, e de seu Con-
selho Universitário. Em 1935 aposentou-se do Instituto Butantã, pas-
sando a integrar a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, 
da qual se tornou vice-presidente em 1948. 
Prestou relevante contribuição à herpetologia brasileira por suas pes-
quisas sobre a biologia e a taxionomia dos ofídios e lacertídios, tendo 
descrito oito gêneros e quarenta e cinco espécies e subespécies de ser-
pentes, dentre elas, a Bothrops insularis Amaral, cobra singular por suas 
peculiaridades morfológicas, biológicas e sexológicas. Realizou vários 
trabalhos sobre a bioqu ímica dos venenos, a sorologia e a soroterapia, 
e recebeu o Prêmio Nacional de Alimentação (1950) pelos seus estu-
dos no campo da higiene e da nutrição. Dedicou-se também aos estudos 
lingü(sticos e filológicos, tendo sido fundador e presidente, por quinze 
anos, da Sociedade de Estudos Filológicos de São Paulo. 
Foi presidente da Cruz Vermelha Brasileira em São Paulo (1939-1942) 
e consultor da Organização Mundial de Saúde. Pertenceu à Academia 
Paulista' de Letras, às Academias Nacional e Paulista de Medicina, à 
Academia Brasifeira de Ciências, à Sociedade de Zoologia de Londres, 
à Sociedade Americana de Medicina Tropical e à American Association 
for the Advancement of Science. Publicou cerca de quatrocentos e cin-
qüenta trabalhos em revistas nacionais e estrangeiras nos campos da 
ofiologia, da filologia e da nomenclatura médica e zoológica. É autor 
das obras Iconografia das serpentes do Brasil (1965) e Linguagem Cientí-
fica (1976). Faleceu no dia 29 de novembro de 1982. 
Sumário da entrevista: 
A vocação para naturalista: o contato com Emflio 
Goeldi; os estudos secundários no Ginásio da Bahia; 
o ingresso na Faculdade de Medicina da Bahia; a 
influência de Manuel Pirajá da Silva em sua carreira; 
o prêmio de viagem da Faculdade de Medicina da 
Bahia: a visita aos principais centros cientrficos es-
trangeiros; o doutoramento na Universidade de 
Harvard; o corpo docente da Faculdade de Medici-
na da Bahia; o contato com cientistas estrangeiros; 
o desenvolvimento da bioquímica nos EUA; o re-
crutamento dos pesquisadores do Instituto Butantã 
durante sua gestão; a criação da USP; a situação do 
ensino superior no Brasil: a proliferação de univer-
sidades; a comissão organizadora e o projeto inicial 
da USP; a obtenção da cátedra da Escola de Saúde 
Pública da Universidade de Harvard; a nomeação 
para a diretoria do Instituto Butantã; as debilidades 
Ficha técnica: 
Duração: 3:00 horas. 
Local: São Paulo. 
Data: abril de 1977. 
Entrevistadores: Maria Clara Mariani e Tjerk Franken. 
do atual ensino universitário brasileiro; o ingresso e 
os primeiros anos no Butantã: a orientação de João 
Florêncio Gomes; a designação para chefiar a Seção 
de Ofiologia e Zoologia Médica do Instituto; a saída 
de Vital Brasil da direção do Butantã e sua substi-
tuição pelo entrevistado; a segunda gestão de Afrâ-
nio do Amaral no Instituto Butantã; os entraves ao 
desenvolvimento da pesquisa cientrfica no país; a 
aposentadoria do Instituto em 1935; a colaboração 
na fundação da Escola Paulista de Medicina; os sa-
lários dos pesquisadores brasileiros; o desenvolvi-
mento do Instituto Butantã durante sua gestão: o 
recrutamento de pesquisadores estrangeiros; a deca-
dência dos institutos de pesquisa; o intercâmbio en-
tre os I nstitutos Biológico, Butantã e Agronômico 
de Campinas. 
17 
3 
Alberto Luiz 
Gaivão Coimbra 
18 
Alberto Luiz Gaivão Coimbra nasceu no Rio de Janeiro em 30 de ou-
tubro de 1923. Realizou os primeiros estudos nos Colégios Anglo-Ame-
ricano, Universitário e Andrews, nessa cidade. Em 1946 diplomou-se 
em engenharia química pela Escola Nacional de Química da antiga 
Universidade do Brasil, sendo contratado corrio químico pesquisador 
pela Comissão Executiva dos Produtos da Mandioca. Em 1947 seguiu 
para os EUA a fim de prosseguir seus estudos na Universidade de Van-
derbilt, pela qual obteve o trtulo de mestre em engenharia qu ímica em 
1949. De volta ao Brasil, fixou-se em São Paulo, passando a lecionar 
engenharia química na Faculdade de Engenharia Industrial, posterior-
mente incorporada à PUC-SP. Paralelamente, trabalhou como químico 
da Colgate-Palmolive e como engenheiro de vendas da Union Carbide. 
Em 1953 regressou ao Rio de Janeiro para ministrar cursos de refina-
ção de petróleo aos engenheiros da Petrobrás. Nesse mesmo ano foi 
contratado pela PUC-RJ e aprovado no concurso para livre-docente da 
cadeira de engenharia química da Escola Nacional de Qu(mica, obten-
do o título de doutor. Exerceu diversas atividades junto a empresas pri-
vadas, tendo sido sócio da Coimbra & Souza Consultores e consultor 
da Carborandum S.A. 
Em 1962, com o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), 
visitou várias instituições científicas dos EUA, a fim de familiarizar-se 
com o sistema de educação pós-graduada daquele país. No ano seguin-
te abandonou todas as suas atividades para organizar a Coordenação 
dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (COPPE) da UFRJ. 
à frente dessa instituição, fundou a COPPETEC, destinada a agenciar 
e dirigir projetos de pesquisas e estudos industriais. Em 1969 rece-
beu o tftulo de doutor honoris causa da Universidade Federal de Per-
nambuco. 
Afastou-se da direção da COPPE em 1973, incompatibilizado com a 
Universidade por supostas irregularidades em sua administração. Absol-
vido no inquérito policial que então se instaurou, licenciou-se da UFRJ 
em 1974, sendo nomeado consultor da Finep. 
Foi membro do Conselho de Ciência e Tecnologia do antigo estado da 
Guanabara e presidente do Sindicato dos Químicos do Rio de Janeiro 
(1959-1960). Participou de várias reuniões internacionais, representan-
do o Brasil junto à OEA e à UNESCO. Publicou cerca de vinte artigos 
técnicos em revistas nacionais e estrangeiras, além das obras Mecânica 
dos meios contínuos (1967) e Lições de mecânica do contínuo (1978). 
Sumário da entrevista: 
Fita 1: formação escolar; a opção pela qu ímica; o 
curso da Escola Nacional de Química; a Comissão 
Executiva dos Produtos da Mandioca; o mestrado 
em engenharia química nos EUA; a contratação 
pela Faculdade de Engenharia Industrial; o curso 
para engenhei ros da Petrobrás; as transformaçõesso-
fridas pelo ensino universitário norte-americano 
após 1960: a ênfase na pós-graduação e na ciência 
básica; os primeiros programas brasileiros de pós-
graduação em engenharia; a criação da COPPE em 
1963; os recursos iniciais; o apoiodo Funtec/BNDE 
e a expansão da COPPE; a criação da COPPETEC: a 
importação de técnicos estrangeiros; a organização 
da Secretaria de Cooperação Econômica e Técnica 
Internacional (Subin); a criação da Finep e suas re-
lações com a COPPE; a contribuição da COPPE 
Fita 2: o afastamento do entrevistado da COPPE; 
a COPPE após 1973; a concepção, o funcionamen-
to e a institucionalização da COPPETEC; suas rela-
ções com a COPPE; as supostas irregularidades da 
administração de Gaivão Coimbra; a absolvição do 
Ficha técnica: 
Duração: 1 :30 horas. 
Local: Rio de Janeiro. 
Data: setembro de 1977. 
para o estabelecimento da pós-graduação no país; a 
atuação de Frank Tiller; as diUceis relações entre a 
COPPE e a UFRJ; a dependência tecnológica do 
país e a frustração do plano original da COPPE; a 
subestimação do técnico brasileiro; o investimento 
do governo brasileiro na pós-graduação; o mercado 
de trabalho para os pós-graduados; a pol ítica nacio-
nal de desenvolvimento tecnológico: a Petrobrás; as 
relações da COPPE com o BNDE; a contribuição da 
COPPE à criação dos programas de pás-gradua-
ção do Instituto de Matemática Pura e Aplicada 
(lMPA) e do Instituto de Matemática da UFRJ; a 
implantação da pós-graduação na universidade bra-
sileira: a assistência técnica estrangeira e o .apoio 
dos reitores. 
entrevistado no inquérito policial; a autonomia da 
COPPE frente à estrutura universitária; os vínculos 
do entrevistado com a UFRJ; os cursos e a equipe 
da COPPE. 
Entrevistadores: Nadja Volia Xavier e Souza e Ricardo Guedes F. Pinto. 
4 
Almir de Castro 
Almir Godofredo de Almeida e Castro nasceu em Salvador em 4 de 
dezembro de 1910. Estudou nos Colégios Santo Inácio e Aldridge, no 
Rio de Janeiro, diplomando-se em 1931 pela Faculdade Nacional de 
19 
20 
Medicina da antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ. Nesse mesmo 
ano tornou-se professor assistente da cadeira de medicina tropical da 
Faculdade e, mais tarde, da cadeira de física biológica, regida por Car-
los Chagas Filho. De 1932 a 1935 freqüentou o curso de aplicação do 
Instituto Osvaldo Cruz e o curso pós-graduado de saúde pública do De-
partamento Nacional de Saúde. Foi assistente do Centro Internacional 
de Leprologia de 1934 a 1936, quando passou a trabalhar na Diretoria 
do Serviço de Saúde Pública do antigo Distrito Federal, deixando a 
Faculdade Nacional de Medicina. Em 1938 foi designado delegado fe-
derai de saúde da IV Região, no nordeste do país, e convidado para 
lecionar nos cursos pós-gradu'ados do Departamento Nacional de Saúde, 
atividade que exerceu até 1945. 
Em 1940 ingressou como assistente no Serviço de Estudo das Grandes 
Endemias (SEGE) do Instituto Osvaldo Cruz. Em 1941 seguiu para os 
EUA, obtendo o grau de mestre em ciências pela Universidade Johns 
Hopkins. De volta ao Brasil em 1942, assumiu a direção do Serviço Na-
cional de Peste do Ministério de Educação e Saúde, nele permanecen-
do até 1954, quando foi nomeado diretor-executivo da Campanha 
Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de N fvel Superior (CAPES). 
Foi vice-presidente do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e 
Cultura (lBECC) de 1962 a 1963, e do Centro Brasileiro de Pesquisas 
Físicas (CBPF) de 1963 a 1964. Em fevereiro de 1964 deixou a dire-
ção da CAPES para assumir a vice-reitoria da Universidade de Brasrlia 
(UnB), durante a gestão de Anísio Teixeira. Com a deposição do pre-
sidente João Goulart foi exonerado do cargo, a ele retornando em ju-
nho seguinte, a convite do novo reitor, Zeferino Vaz. Em outubro de 
1965 deixou a UnB e, nesse mesmo ano, foi nomeado diretor-executi-
vo adjunto do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Dois 
anos depois tornou-se consultor-geral e diretor da Sociedade Brasilei ra de 
Instrução (Faculdades Cândido Mendes), deixando a direção do Museu. 
Integrou a Comissão de Saúde Internacional do Ministério de Educação 
e Saúde, a Comissão Nacional de Bem-Estar Social do Ministério do 
Trabalho, I ndústria e Comércio, as Comissões de Educação (1959-1964) 
e de AssistênCia Técnica (1963-1964) do Ministério das Relações Ex-
teriores, e a Comissão Educacional dos Estados Unidos no Brasil 
Comissão Fulbright (1958-1964). Foi membro de comitês de peritos 
de vários órgãos das Nações Unidas e participou de diversas reuniões 
da Organização Mundial de Saúde, da UNESCO e da Repartição Sani-
tária Pan-Americana. Publicou inúmeros trabalhos em revistas nacio-
nais e estrangeiras nos campos da bioqu (mica, da saúde pública e da 
educação. 
Sumário da 1.a entrevista: 
Fita 1: o desenvolvimento da ciência no Brasil; o 
curso de aplicação do Instituto Osvaldo Cruz; a ex-
periência como diretor da CAPES e do Serviço Na-
cional de Peste do Ministério de Educação e Saúde: 
o contato com cientistas e universidades de todo o 
país; a criação da CAPES; sua orientação inicial: o 
treinamento de docentes nos "centros de excelên-
cia" nacionais, as áreas prioritárias de atendimento; 
a organização interna e a equipe da CAPES; as re-
lações da CAPES com o CNPq; os recursos e as 
atribuições desses organismos; o intercâmbio com 
instituições estrangeiras de amparo à pesquisa; os 
auxílios e as bolsas da CAPES; a seleção dos bolsis-
tas; o "mito desenvolvimentista" e as estratégias 
para a universidade brasileira: as orientações de 
Anísio Teixeira e de Almir de Castro; a massifica-
ção do ensino universitário no Brasil e a importân-
cia da diversificação qualitativa das profissões; a 
orientação da CAPES: o programa de treinamento 
dos quadros docentes, o incentivo à vinculação do 
ensino à pesquisa, a seleção dos bolsistas; o fre-
qüente divórcio entre as linhas de pesquisa desen-
Fita 2: a crise da UnB em 1965e a saída de Zeferino 
Vaz de sua direção; a continuação da crise durante 
a gestão de Laerte de Carvalho e suas conseqüên-
cias para o desenvolvimento da Universidade: o ex-
purgo de professores e a reação do corpo docente; 
a reestruturação da Universidade após a crise; o 
modelo "revolucionário" da UnB: a estrutura dos 
institutos centrais, o concurso para professor titu-
lar e o poder dos órgãos colegiados; suas relações 
volvidas pelos bolsistas no exterior e as necessidades 
nacionais; as prioridades científicas do país; o con-
flito entre a pol ítica econômica e a pol (tica cientí-
fica e tecnológica do governo brasileiro; o apogeu e 
a decadência da física no Brasil; Ernesto de Oliveira 
Jr. e a Comissão Supervisora do Planejamento dos 
Institutos (COSUPI); a modernização da saúde pú-
blica no país e a organização do curso de pós-gradua-
ção em saúde pública do Departamento Nacional 
de Saúde; os cursos do Instituto de Manguinhos e 
da Universidade Johns Hopkins; o sistema de re-
crutamento dos pesquisadores do Instituto de Man~ 
guinhos; a carreira do entrevistado na área de saúde 
pública: a contratação pelo Ministério da Educação 
e Saúde e a atuação como delegado de saúde no 
nordeste do país; o planejamento e a criação da 
UnB: o grupo organizador, a liderança de Darcy Ri-
beiro; as gestões de Darcy Ribeiro e de Anísio Tei-
xeira na UnB; a experiência do entrevistado como 
vice-reitor da UnB: a perseguição do governo militar 
a essa universidade. 
com as demais universidades do país; a gestão de 
Zeferino Vaz e a crise da UnB; a experiência do 
entrevistado como consultor-geral e diretor da So-
ciedade Brasileira de Instrução; o projeto inicial da 
UnB; estratégias educacionais para um país em 
desenvolvimento; a participação dos corpos discen-
te e docente na modernização da universidade bra-
sileira. 
21 
Sumário da 2.a entrevista: 
Fita 2 (continuação): a atração pelas ciências bioló-
gicas e o ingresso na Faculdade Nacional de Medici-
na; a opção pela área de saúde pública; a formação 
médica dos primeiros biologistas brasileiros; a ativi-
dadecientífica na Faculdade Nacional de Medicina: 
as pesquisas de Olímpio da Fonseca e dos irmãos 
Osório de Almeida; a influência de Cesar Sales na 
formação dos pesquisadores de sua geração; o ensi-
no e a pesquisa na Faculdade Nacional de Medicina: 
os cursos de Carlos Chagas e de S(lvio Fróes da 
Fonseca; as aulas de Cesar Sales no curso secundá-
rio: o incentivo às vocações cientfficas; a democra-
tização do ensino secundário; a função da universi-
~ Fita 3: a influência da cultura francesa nos cientis-
, tas de sua geração; o curso pós-graduado de saúde 
pública do Departamento Nacional de Saúde: a 
orientação norte-americana; o antigo doutorado 
brasileiro; o ensino médico na França e nos EUA e 
o modelo adotado pela Faculdade de Medicina da 
USP; a luta pela instituição do regime de tempo in-
tegrai na universidade brasileira; a origem da uni-
versidade brasileira; a resistência das escolas profis-
sionais à criação dos institutos centrais; a pol {tica 
nacional de saúde pública nos anos 40; Evandro 
Chagas e o Serviço de Estudo das Grandes Endemias 
Ficha técnica: 
Duração: 3:00 horas. 
Local: Rio de Janeiro. 
Data: abril de 1977. 
dade; a dedicação dos docentes às atividades cien-
Hficas; a criação do Instituto de Biofísica da UFRJ; 
a fundação da Universidade do Distrito Federal 
(UDF) e sua posterior incorporação à Faculdade 
Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil; os 
objetivos iniciais das Faculdades de Filosofia, Ciên-
cias e Letras e sua opção pela formação de profes-
sores de nível médio; o ensino secundário de sua 
época; o laboratório de fisiologia dos irmãos Osório 
de Almeida; o apoio de Guilherme Guinle à ciência; 
o contato com Anísio Teixeira; os debates sobre a 
estrutura universitária brasileira. 
(SEGE); o Instituto Evandro Chagas; os serviços do 
lVIinistério de Educação e Saúde; a atuação de AI-
mir de Castro como diretor do Serviço Nacional de 
Peste; a pol ítica cientffica e tecnológica do governo 
brasileiro; a massificação do ensino superior no 
país e a formação dos jovens cientistas; os entraves 
ao desenvolvimento tecnológico nacional; a criação 
dos institutos de pesquisa na década de 50; a con-
tribuição da CAPES e do CNPq à ciência brasileira; 
a proposta de criação do Ministério de Ciência e Tec-
nologia e a resistência do governo a essa iniciativa. 
Entrevistadores: Maria Clara Mariani, Ricardo Guedes F. Pinto e Simon Schwartzman. 
5 
Aluísio Pimenta 
22 
Aluísio Pimenta nasceu em Minas Gerais em 9 de agosto de 1923. Em 
1945 bacharelou-se em qu ímica farmacêutica pela Faculdade de Farmá-
cia da UFMG e, no ano seguinte, tornou-se professor assistente da ca-
deira de farmácia química dessa faculdade. Ainda em 1946 transferiu-
se para São Paulo, onde prosseguiu seus estudos sob a orientação de 
Quintino Mingoia. No ano seguinte, de volta a Belo Horizonte, foi 
aprovado no concurso para livre-docente de qu (mica orgânica e bio-
química da Faculdade de Farmácia da UFMG, conquistando a cátedra 
em 1951, quando obteve o título de doutor. Em 1952 tornou-se cate-
drático de qu ímica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
Universidade e, em 1954, pós-doutorou-se em química dos produtos 
naturais no Instituto Superior de Saúde de Roma. 
Foi fundador do Instituto de Química Básica da UFMG, ocupando 
sua direção de 1958 a 1964, quando foi nomeado reitor da Universida-
de. Ã frente da UFMG, presidiu a elaboração do plano de reforma uni-
versitária e iniciou a implementação de importantes medidas, como a 
organização do Colégio Universitário e a dos institutos centrais de 
ciências básicas e humanidades. Em 1967, com a intervenção federal 
nessa universidade, foi afastado do cargo. 
Transferindo-se para a Inglaterra, estudou na Escola de Educação da 
Universidade de Londres, recebendo, em 1968, pelo Conselho Britâni-
co, o diploma de administrador de ensino superior. Em 1969 foi con-
tratado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como 
perito em educação, ciência e tecnologia. Trabalhou por dois anos no 
Chile e no Peru e, em 1971, foi transferido para Washington, como 
analista de projetos em educação, ciência e tecnologia do BID. Em 
1976 passou a chefiar a Seção de Desenvolvimento de Recursos Huma-
nos desse Banco. 
Participou do I Congresso Latino-Americano de Produtos Naturais, 
realizado em Buenos Aires em 1961, do I Simpósio Internacional de 
Produtos Naturais, realizado em Londres em 1968, e de várias confe-
rências internacionais sobre a educação superior na América. Visitou 
os EUA, a Suíça, a Bélgica, a Alemanha, a China, a fndia e a Romê-
nia, a convite do governo dos respectivos países, com o objetivo de 
aprofundar seus estudos sobre sistemas de educação superior. 
Presidiu a Associação Regional de Química de Minas Gerais e foi mem-
bro-fundador do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. 
t: membro da Associação Brasileira de Químicos, das Associações Bra-
sileiras de Farmácia e de Biologia, da Associação de Farmacêuticos do 
Brasil, da SBPC, da Associação Americana de Ensino Superior e de ou-
tras sociedades científicas norte-americanas. Publicou inúmeros traba-
lhos em revistas nacionais e estrangeiras nos campos da educação, dos 
produtos naturais e de sínteses orgânicas. 
23 
Sumário da entrevista: 
Origem familiar e primeiros estudos; o in ício da vi-
da profissional: as aulas no Colégio Anchieta; o cur-
so da Faculdade de Farmácia da UFMG; os cursos 
de química da Escola de Engenharia e da Faculda-
de de Farmácia da UFMG; a experiência como pro-
fessor secundário; a opção pela qu ímica e o in ício 
da carreira docente; a transferência para Sãó Paulo; 
a missão de professores estrangeiros da USP e o de-
senvolvimento da qu ímica inorgânica no país; a 
orientação de Quintino Mingoia; o concurso para li-
vre-docente da Faculdade de Farmácia da UFMG; 
o contato com Mingoia, Rheinboldt e Hauptmann; 
a bibliografia especializada de sua época; a instala-
ção do laboratório da Faculdade de Farmácia; o 
- curso de qu ímica orgânica ministrado nessa facul-
: dade; as pesquisas sobre compostos curarizantes; os 
concursos para catedrático das Faculdades de Far-
mácia e Filosofia da UFMG; o pós-doutoramento 
na Itália: a orientação de Mingoia, a bolsa de estu-
dos, os trabalhos sobre o curare; a criação do Insti-
tuto de Química Básica da UFIVIG; a contratação 
de Otto Gottlieb por esse instituto; o inbreeding na 
UFIVIG; o Instituto de Química Agdcola; o concur-
so para catedrático da UFMG; o curso de química 
da Escola Politécnica de São Paulo; a importância 
e os limites dos trabalhos de Gottlieb sobre produ-
tos naturais; a síntese química; a experiência de 
Carl Djerassi no México; a qu ímica de produtos na-
turais no Brasil; a fabricação de enzimas em Minas 
Gerais e a experiência de industrialização da insuli-
na; o grupo de bioqu ímica da Faculdade de Medici-
na da UFMG; o mercado de trabalho para o quími-
co em Belo Horizonte; os cursos de química das 
Ficha técnica: 
Duração: 3:45 horas. 
Local: Washington, EUA. 
Data: junho de 1978. 
Entrevistador: Simon Schwartzman. 
24 
Faculdades de Filosofia e Farmácia e da Escola de 
Engenharia da UFMG; a influência de Fritz Feigl 
no Brasil; as primeiras pesquisas brasileiras sobre o 
curare: os estudos de João Batista de Lacerda; a 
síntese de produtos naturais: a contribuição de 
Gottlieb; a situação da qu ímica no Brasil: a falta de 
I íderes; a contribuição atual da frsica e a perda de 
prestígio da qu ímica; as associações profissionais 
de química e a participação do entrevistado nessas 
entidades; o mercado de trabalho para o qu(mico; 
a indústria farmacêutica nacional; o ingresso de 
Alu ísio Pimenta no PTB e o contato com Santiago 
Dantas; a candidatura para a reitoria da UFMG e a 
campanha oposicionista de Orlando de Carvalho; o 
programa de reformas para a Universidade; a no-
meação e a posse; a instabilidade de sua administra-
ção após 1964; o programa de reformas: a criação 
dos institutos centrais e a ampliação do número de 
vagas daUniversidade; as verbas da reitoria e a cria-
ção do Conselho de Pesquisas da UFMG; o Colégio 
Universitário; o movimento militar de 1964 e as co-
missões de inquérito nas universidades; a interven-
ção na UFMG em 1967; os estatutos da Universida-
de e a administração de Alu (sio Pimenta; as rela-
ções com o MEC; a atividade art(stica na UFMG; o 
Colégio Técnico; a participação da comunidade 
universitária na reforma da UFMG; o apoio do go-
verno federal e do BID a essa universidade; o con-
tato da U FIVIG com as demais universidades; a ex-
periência da reforma mineira e a Reforma Universi-
tária de 68; a intervenção do Conselho Federal de 
Educação nas universidades. 
I 
~ 
I 
6 
Amilcar 
Viana Martins 
Amilcar Viana Martins nasceu em Belo Horizonte em 8 de agosto de 
1907. Realizou os primeiros estudos no Grupo Escolar Barão do Rio 
Branco e no Ginásio Mineiro, em sua cidade natal. Em 1924 ingressou 
na Faculdade de Medicina da U FMG e, em 1925, tornou-se auxiliar 
acadêmico do Instituto Ezequiel Dias, filial mineira do Instituto Os-
valdo Cruz. Diplomando-se em 1929, passou a integrar o corpo de pes-
quisadores daquele instituto. Em 1930 tornou-se professor assistente 
da cadeira de fisiologia da Faculdade de Medicina da UFMG e, mais 
tarde, das cadeiras de histologia e parasitologia. Durante o ano de 
1937 estagiou em diversos laboratórios norte-americanos, sobretudo 
no Rocky Mountain Laboratory, a fim de aperfeiçoar-se nas técnicas 
de estudo das rickettsias. Em 1939 foi aprovado no concurso para li-
vre-docente de parasitologia da Faculdade de Medicina da UFIVIG e, no 
ano seguinte, passou a reger as cátedras de zoologia e parasitologia 
da Faculdade de Odontologia e Farmácia dessa mesma universidade, 
onde lecionou até 1972. 
Capitão-médico da reserva, foi convocado em 1943 para o serviço ati-
vo, sendo designado para chefiar o laboratório e a enfermaria de der-
matologia do Hospital Militar de Belém. Com o ingresso do Brasil na 
Segunda Guerra Mundial foi inclu ído na Força Expedicionária Brasi-
leira, seguindo para a Itália, onde serviu em diversos hospitais e che-
fiou a Seção Brasileira de Hospitalização. Com o término do conflito, 
retomou suas atividades no Instituto Ezequiel Dias e na UFMG, obten-
do, ainda no ano de 1945, a cátedra de zoologia da Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras dessa universidade. Em 1947 deixou o Eze-
quiel Dias para chefiar o Serviço de Endemias Rurais da Secretaria de 
Saúde de Minas Gerais, atividade que exerceu até 1949. Nesse mesmo 
ano foi aprovado no concurso para catedrático de parasitologia da Fa-
culdade de Medicina da UFMG, deixando a Faculdade de Filosofia. 
Foi diretor do Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERU) - ór-
gão de pesquisa do Departamento Nacional de Endemias Rurais (1956-
1958), do Instituto Osvaldo Cruz (1958-1960) e do Departamento 
Nacional de Endemias Rurais (1960-1961). Em 1966 organizou o Ins-
tituto de Ciências Biológicas da UFMG, do qual foi o primeiro diretor. 
No ano seguinte assumiu a chefia do Departamento de Parasitologia 
desse instituto, nela permanecendo até 1969, quando foi aposentado 
compulsoriamente pelo AI-5. Em abril de 1979 retornou como profes-
sor emérito ao Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. 
25 
Integrou o Conselho Universitário da UFMG por vários perrodos e 
presidiu a comissão organizadora do Museu de História Natural da Uni-
versidade. Foi membro do Conselho Nacional de Saúde (1958-1961), 
perito em doenças parasitárias da Organização Mundial de Saúde 
(1952-1977), e presidente da Sociedade de Parasitologia do Brasil 
(1967) e da Sociedade de Biologia de Minas Gerais (1971). Membro da 
Academia Brasileira de Ciências e consultor das Organizações Pan-
Americana e Mundial de Saúde, publicou cerca de cinqüenta trabalhos 
sobre flebotom íneos americanos, sobretudo na Revista Brasileira de 
Biologia, além de quarenta outros, abordando temas de parasitologia 
e zoologia. 
Sumário da entrevista: 
Fita 1: origem familiar e primeiros estudos; a cria-
ção da Faculdade de Medicina da UFMG; a organi-
" zação do Instituto Ezequiel Dias e sua importância 
, para a evolução da pesquisa biológica em Minas Ge-
rais; a "reunião das quintas-feiras"; a biblioteca do 
Instituto; os recursos e as condições de pesquisa 
das Faculdades de Medicina e Farmácia da UFMG: 
os baixos salários e o ecletismo dos professores; os 
estágios nos Institutos Osvaldo Cruz e Butantã; o 
contato do I nstituto Ezequiel Dias com essas insti-
tuições; as finalidades do Instituto; sua estadualiza-
ção e posterior transformação em órgão exclusiva-
mente industrial; a crise do Instituto Ezequiel Dias 
e o afastamento temporário de Viana Martins; as 
pesquisas desenvolvidas na Faculdade de Medicina 
da U FMG; as pesquisas sobre a doença de Chagas e 
a campanha desmoralizadora de Afrânio Peixoto; 
as carreiras de Ziguerman e José Pelegrino; a cria-
ção do Instituto de Endemias; o convênio deste ór-
gão com a Faculdade de Medicina da UFMG e sua 
importância para o desenvolvimento da parasitolo-
gia em Belo Horizonte; a parasitologia em São Pau-
Fita 2: as atuais condições de combate às doenças 
parasitárias; a pesquisa básica e a pesquisa aplicada: 
os estudos sobre a doença de Chagas; a atuação do 
26 
lo: o grupo de Samuel Pessoa; a incorporação do 
Instituto de Endemias ao Departamento Nacional 
de Endemias Rurais e sua posterior vinculação à 
Fundação Instituto Osvaldo Cruz; a pesquisa pa-
rasitológica em Minas Gerais: os trabalhos sobre a 
doença de Chagas, o curso de pós-graduação da 
UFMG; Baeta Viana e o desenvolvimento da bio-
qu ímica no Brasil; os trabalhos interdisciplinares; 
a atuação do entrevistado como diretor do INERU, 
do I nstituto Osvaldo Cruz e do Departamento Na-
cional de Endemias Rurais; a decadência do Institu-
to Osvaldo Cruz; os recursos para a pesquisa cien-
tífica no pa ís; a aposentadoria pelo AI-5; as viagens 
ao exterior; o estágio na Universidade da Califór-
nia: a vacina contra a febre maculosa; o auxílio da 
Fundação Rockefeller à área de saúde pública no 
Brasil; a fundação da UFMG; o papel da Faculdade 
de Filosofia na criação do espírito universitário; a 
UFMG após a reforma universitária; o ensino médi-
co nessa universidade; o problema do atendimento 
médico no país. 
entrevistado como perito da Organização Mundial 
de Saúde e consultor da Organização Pan-America-
na de Saúde. 
\ 
( 
I 
" 
Ficha técnica: 
Duração: 2:30 horas. 
Local: Belo Horizonte. 
Data: setembro de 1978. 
Entrevistador: Simon Schwartzman. 
7 
Antônio Cordeiro 
Antônio Rodrigues Cordeiro nasceu em Bajé (RS) em 1923. Realizou 
os primeiros estudos no Colégio Militar e no Colégio Estadual Júlio de 
Castilhos, em Porto Alegre. Em 1947 bacharelou-se em história natural 
pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFRGS e, no ano se-
guinte, especializou-se em genética com Theodosius Dobzshansky na 
USP. De volta a Porto Alegre em 1949, foi nomeado professor assis-
tente da cadeira de genética do Departamento de Biologia da Faculda-
de de Filosofia da UFRGS. Ainda em 1949 organizou o Departamen-
to de Genética da Faculdade, dedicando-se ao estudo das drosófilas. 
Agraciado com bolsa da Fundação Rockefeller, seguiu em 1951 para 
os Estados Unidos, especializando-se em genética na Universidade de 
Colúmbia, com Dobzshansky, e na Universidade do Texas, com A. 
Wheeller. Em 1954 regressou ao pais, doutorando-se em biologia pela 
USP, sob a orientação de Dobzshanskye Crodowaldo Pavan. Nesse 
mesmo ano retomou suas atividades na UFRGS, representando-a nos 
IX e X Congressos Internacionais de Genética. Em 1958 estagiou na 
Universidade de Zurique, na Suíça, onde realizou vários trabalhos com 
E. Hadorn. 
Em 1960 foi aprovado no concurso para livre-docente da cadeira de 
genética da Faculdade de Filosofia da UF RGS, obtendo o. t(tulo de 
doutor. Três anos depois transferiu-se para Brasília, a fim de organizar 
e coordenar o Instituto Central de Biologia da UnB e seu Departamen-
to de Genética, do qual setornou professor titular. Com a crise da 
UnB e a conseqüente intervenção federal em 1965, foi afastado da 
Universidade, retornando à UFRGS. 
De 1967 a 1969 estagiou nos Departamentos de Genética e Zoologia 
da Universidade de Wisconsin, Madson, nos EUA, onde realizou vários 
trabalhos sobre padrões de síntese de DNA em drosófilas, em colabo-
ração com Walter Plaut e Helga Winge. Em 1974, aprovado em concur-
27 
so, tornou-se professor titular do Instituto de Biociências da UFRGS. 
Dois anos depois transferiu-se para o Rio de Janeiro, contratado como 
professor titular do Departamento de Genética do Instituto de Biolo-
gia da U F RJ, dedicando-se à coordenação de seu programa de pós-gra-
duação. Em 1982 recebeu o título de professor emérito da UFRJ. 
Participou de diversos congressos científicos nacionais e internacionais 
e foi vice-presidente do Congresso Internacional de Genética de 1978, 
realizado em Moscou. Proferiu conferências e seminários em várias uni-
versidades norte-americanas, a convite da American Association for 
the Advancement of Science. Foi presidente da Sociedade Brasileira 
de Genética. I:': membro-fundador da SBPC e titular da Academia Bra-
sileira de Ciências. Publicou cerca de noventa trabalhos em revistas na-
cionais e estrangeiras sobre a genética de populações de Drosophila e a 
taxonomia de espécies brasileiras desse gênero. 
; Sumário da 1.a entrevista: 
Fita 1: origem familiar; os primeiros estudos e a op-
ção pelas ciências biológicas: a influência do profes-
sor Mário Cruz; o ingresso no curso de história na-
tural da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 
da UFRGS; o acesso aos laboratórios da faculdade; 
a especialização com Theodosius Dobzshansky na 
USP; os primeiros trabalhos realizados na UF RGS; 
o auxílio da. Fundação Rockefeller ao laboratório 
de genética da UFRGS e sua contribuição para a 
instituição do regime de tempo integral nessa uni-
versidade; os trabalhos sobre a genética de popula-
ções de drosófilas desenvolvidos pelo entrevistado 
na UFRGS; a experiência na Universidade de Cp-
Sumário da 2.a entrevista: 
Fita 1 (continuação): o in ício da carrei ra docente na 
U F RGS; as primeiras pesquisas sobre a genética das 
drosófilas realizadas no país; a atividade científica 
na U F RGS; a contratação de professores estrangei-
ros por essa universidade; a fundação da Faculdade 
de Química do Rio Grande do Sul e o atual Institu-
to de Química da UFRGS; a participação do entre-
vistado na pol ítica estudanti I; a visita ao Instituto 
de Manguinhos e à Faculdade de Filosofia, Ciências 
28 
lúmbia; os sistemas de financiamento da Fundação 
Rockefeller, da Finep e da CAPES; a administração 
dos recursos: o papel da universidade, a importân-
cia dos almoxarifados; as linhas de pesquisa do De-
partamento de Genética da UFRGS; a organização 
e os recursos do Instituto Central de Biologia da 
UnB e de seu Departamento de Genética; os traba-
lhos realizados na Universidade de Wisconsin; as 
pesquisas sobre a genética do desenvolvimento em 
drosófilas e preás; o curso de pós-graduação do De-
partamento de Genética do Instituto de Biologia 
da UFRJ. 
e Letras da USP; o curso de genética ministrado por 
Dobzshansky na USP; a contratação pela UFRGS 
como professor assistente de genética; o auxrlio da 
Fundação Rockefeller ao Departamento de Genéti-
ca da UFRGS e aos demais departamentos da Uni-
versidade; a especialização na Universidade de Co-
lúmbia e o doutoramento na USP; a evolução da 
pesquisa genética: o método de eletroforese; a or-
ganização do laboratório de análises eletroforéticas 
da UFRGS: o auxrlio do CNPq e da Fundação 
Rockefeller; a pesquisa genética nas Universidades 
de Colúmbia e Wisconsin; as vantagens das dro-
Fita 2: o treinamento básico dos alunos com drosó-
filas e preás: vantagens e desvantagens; os cursos de 
pós-graduação em genética da UFRGS e da UFRJ; 
o incentivo ao pós-doutoramento dos melhores alu-
nos em universidades estrangeiras; as dificuldades 
dos bolsitas em readaptar-se às condições de pes-
quisa do país; a evasão de cientistas brasileiros; o 
aproveitamento dos pós-graduados pela UFRGS; os 
concursos públicos para o magistério superior; a 
formação do agrônomo brasileiro; a inclusão da ca-
deira de genética nos cursos da área biomédica; a 
genética médica no Brasil; a importância das drosó-
filas para a pesquisa genética; as linhas de investiga-
ção do Departamento de Genética da UFRGS; o 
Programa Integrado de Genética do CNPq; o con-
trole dos resultados das pesquisas pelas agências fi-
nanciadoras; o recrutamento de professores estran-
geiros pela UFRGS; o ano sabático das universida-
Fita 3: a demissão de Roberto Salmeron da UnB: a 
repercussão na comunidade científica; a seleção 
dos docentes da UnB antes e depois da crise; os li-
mites ao crescimento das universidades; o divórcio 
entre a genética pura e a genética aplicada; a genéti-
ca molecular e as possibilidades da engenharia gené-
tica; a competitividade dos trabalhos dos geneticis-
tas brasileiros; os entraves ao desenvolvimento da 
ciência no Brasil; os critérios de avaliação da produ-
ção científica dos pesquisadores: os trabalhos pu-
blicados e citados; o modismo na ciência; as biblio-
tecas do Instituto de Biociências da U F RGS e do 
Instituto de Biologia da UFRJ; as bibliotecas cen-
trais e a importância da circulação das revistas espe-
sófilas para o estudo da genética; os principais pes-
quisadores de drosófilas do país: o grupo de Porto 
Alegre. 
des norte-americanas; a importância do contato dos 
cientistas com a ciência internacional; a pol ítica 
científica do governo brasileiro: o acesso às publi-
cações especializadas, a participação de pesquisado-
res em congressos internacionais; o corpo docente 
do Departamento de Genética da UFRGS: a dedi-
cação ao ensino e à pesquisa, o rod ízio nas funções 
administrativas; o ensino básico de genética na 
UFRGS: a inexistência de aulas práticas e o difícil 
acesso dos alunos aos laboratórios; a organização 
da UnB: a carga horária dos professores, a consti-
tuição dos departamentos e institutos, os salários 
dos docentes, os recursos, a autonomia administra-
tiva, a contratação de professores estrangeiros, os 
cursos de pós-graduação; a crise da UnB em 1965 e 
a demissão de Antônio Cordeiro e de outros profes-
sores. 
cializadas pelos departamentos; as publicações cien-
tíficas nacionais; a pol {tica de financiamento do 
CNPq; o Programa Integrado de Genética do CNPq; 
os recursos para a ciência no país e sua distribuição 
entre as diversas áreas cientrficas: a atuação das co-
missões do CNPq; a Fundação de Amparo à Pesqui-
sa do Rio Grande do Sul (FAPERGS); o financia-
mento à pesquisa científica no Brasil: o papel da 
universidade; a administração dos recursos: as difi-
culdades enfrentadas pelo pesquisador brasileiro, o 
sistema das universidades norte-americanas; o papel 
da SBPC; a Sociedade Brasileira de Genética; os 
cursos rápidos (workshops) da Academia Brasileira 
de Ciências. 
29 
Ficha técnica: 
Duração: 4:30 horas. 
Local: Rio de Janeiro. 
Data: maio a junho de 1977. 
Entrevistadores: Márcia Bandeira de Melo Leite Nunes e Maria Clara Mariani. 
8 
Aziz Nacib 
Ab' Sáber 
Sumário da entrevista: 
Aziz Nacib Ab'Sáber nasceu em São Lu ís de Paraitinga (SP). Em 1944 
bacharelou-se em geografia e história pela Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras da USP e, dois anos depois, foi contratado como téc-
nico de laboratório pelo Departamento de Geologia e Paleontologia 
dessa faculdade. Em 1947 especializou-se em geografia, transferindo-
se, então, para o Departamento de Geografia, onde foi assistente de 
Aroldo de Azevedo. Em 1956 doutorou-se em geografia pela USP, 
com a tese Geomorf%gia do sítio urbano de São Pau/o. 
Em 1959 foi convidado para lecionar na Escola de Geologia do Rio 
Grande do Sul e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
UFRGS. No ano seguinte retornou à USP, obtendo, em 1965, a livre-
docência da cadeira de geografia física do Departamentode Geografia, 
do qual se tornou catedrático em 1968. Foi diretor do Instituto de 
Geografia da USP, criado com a reforma universitária. 
I ntegrou o Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico, Arqueológico 
e Histórico do Estado de São Paulo (COI\IDEFAT-SP) e colaborou em 
diversos projetos de planejamento de órgãos públicos estaduais. Foi vi-
ce-presidente da SBPC e professor da PUC-SP, da Unicamp e da Facul-
dade de Filosofia de Sorocaba. Membro da Academia Brasileira de 
Ciências e da Academia de Ciências de São Paulo, publicou cerca de 
cento e cinqüenta trabalhos científicos em revistas nacionais. 
Fita 1: a cidade natal; origem familiar; a mudança 
para Caçapava; a posição social de seu pai; os pri-
meiros estudos; o ambiente cultural de Caçapava; 
o ingresso na Faculdade de Filosofia, Ciências e Le-
tras da USP; a transferência de sua fam ília para 
São Paulo e as dificuldades econômicas enfrenta-
das; o primeiro trabalho de campo e as relações 
com Aroldo de Azevedo; o vestibular para a Facul-
dade de Filosofia da USP: as aulas do professor Ca-
margo; a missão francesa na Faculdade de Filosofia 
e a influência de Jean Gaget em sua formação; a 
participação pol ítica e a liderança cultural dos me-
lhores alunos; os cursos preparatórios para o ingres-
so na Faculdade de Filosofia; a formação universi-
30 
tária: o interesse inicial pela história e a opção pela 
geografia, o incentivo de João Dias da Silveira; o in-
teresse pela geologia: a influência de Josué Camar-
go Mendes; o curso de Keneth Caster: o contato 
com a cultura norte-americana no campo das ciên-
cias da terra; João José Bigarella; a contratação pe-
lo Departamento de Geologia e Paleontologia da 
USP; a experiência como bibliotecário do Departa-
mento; as freqüentes visitas à Biblioteca Municipal 
de São Paulo; o contato com a antropologia cultu-
ral e a influência dessa ciência em sua formação; o 
desenvolvimento da antropologia cultural em São 
Paulo: a relação IIsimbiótica" da Faculdade de Filo-
sofia da USP com a Escola de Sociologia e Pol ítica; 
Fita 2: a escolha da carreira; as dificuldades finan-
ceiras da famrlia e a formação universitária; a expe-
riência como "assistente" de Aroldo de Azevedo; a 
especialização em geografia: o trabalho de campo; 
o contato com José Vedssimo da Costa Pereira; a 
importância das ciências humanas em sua forma-
ção; as preocupações no campo social: o trabalho 
apresentado no Congresso Internacional de Geogra-
fia de 1956; o subdesenvolvimento brasileiro; o po-
Fita 3: as escolas francesa e norte-americana de 
geografia; a teoria do ciclo vital dos relevos; a filia-
ção do entrevistado à escola morfoclimática lidera-
da por Bertran; os três níveis de tratamento da geo-
morfologia; a aproximação com os arqueólogos; a 
colaboração com Paulo Vanzolini; as três fases do 
seu trabalho; a falta de auxi'lio financeiro para suas 
pesquisas; os primeiros anos de vida profissional co-
mo técnico de laboratório da USP e professor da 
PUC-SP, da Unicamp e da Faculdade de Filosofia 
de Sorocaba; a Campanha de Formação de Geólo-
Fita 4: a reforma universitária da USP: a criação do 
Instituto de Geociências, a manutenção do Depar-
tamento de Geografia da Faculdade de Fi losofia e 
a organização do Instituto de Geografia; a crise nes-,. 
o relacionamento com Florestan Fernandes; a voca-
ção para as ciências da terra; a primeira excursão 
geográfica: a viagem à região do Aragarças com Mi-
guel Costa Júnior e Paschoale Petrônio; a contrata-
ção de professores estrangeiros pela USP: sua im-
portância para o desenvolvimento cienHfico e cul-
tural de São Paulo e para a modernização da univer-
sidade brasileira, a reação dos bacharéis paulistas; a 
concepção de universidade; a preponderância da 
cultura francesa nas ciências humanas; o antiameri-
canismo de sua geração; a ciência e a universidade 
norte-americana; as dificuldades de ascenção social 
e colocação profissional do recém-formado no Bra-
sil; o sistema de seleção dos professores secundários. 
sicionamento pol ítico-social: a crítica à Revolução 
de 64; a crise universitária de 1968 e as cassações 
nas universidades; a experiência na direção do De-
partamento de Geografia, durante a crise; o proble-
ma do elitismo das universidades em parses subde-
senvolvidos; a cassação de professores da USP em 
1968 e o envolvimento do entrevistado em inqué-
rito policial-militar. 
gos no Brasil (CAGE); a experiência como profes-
sor da Escola de Geologia do Rio Grande do Sul: os 
conflitos com a missão de geólogos da USAID, o 
aprendizado das técnicas de fotogeologia; os labo-
ratórios do Instituto de Geografia da USP; a trans-
ferência para o Departamento de Geografia da 
USP; o doutoramento em 1956: a orientação de 
Aroldo de Azevedo; as relações com Viktor Leinz; 
o apoio à teoria da separação global dos continen-
tes e as críticas recebidas de Otávio Barbosa, Fer-
nando de Almeida e Aroldo de Azevedo. 
te instituto após a saída de Aroldo de Azevedo; os 
cursos de pós-graduação do Departamento de Geo-
grafia da USP; o caráter autofágico da universidade 
brasileira: os critérios de seleção dos professores; a 
31 
pós-graduação no Departamento de Geografia da 
USP: os estágios especializados nos laboratórios do 
Instituto de Geografia, a contratação de Carlos Au-
gusto Figueira de Monteiro, os orientadores, as li-
nhas de pesquisa dos alunos, o convênio com a 
França, a formação e as pesquisas de Olga Cruz, as 
teses; o intercâmbio do Departamento com cientis-
tas estrangeiros: o apoio da FAPESP; o antigo dou-
Fita 5: atuação como conselheiro do CONDEFAT-
SP; as aplicações da ciência e o sistema nacional de 
planejamento; as atividades do entrevistado no cam-
po do planejamento; a orientação do CONDEFAT-
SP: a defesa do gerenciamento dos recursos natu-
rais; a administração de Ab'Sáber no Instituto 
de Geografia da USP; as publicações, os laborató-
: rios, os recursos e os pesquisadores do Instituto; o 
auxílio recebido das agências de financiamento à 
pesquisa; o papel das associações profissionais e das 
Fita 6: a produção acadêmica do Instituto de Geo-
grafia; a utilização de métodos quantitativos e da 
análise sistêmica na pesquisa geográfica; os critérios 
de avaliação da produção científica dos geógrafos; 
as aplicações da ciência geográfica; o recrutamento 
Ficha técnica: 
Duração: 8:30 horas. 
Local: São Paulo. 
Data: julho de 1977. 
torado em geografia da USP; a reestruturação do 
curso e a luta pelo seu reconhecimento pelo gover-
no federal; a livre-docência nas universidades brasi-
leiras; a procedência dos pós-graduados do Depar-
tamento de Geografia da USP; o mercado de traba-
lho para os pós-graduados; as teses orientadas pelo 
entrevistado; as atuais linhas de pesquisa de Ab' 
Sáber. 
sociedades científicas; a participação de Ab'Sáber 
nessas entidades; o intercâmbio de publicações en-
tre o Instituto de Geografia da USP e as universida-
des estrangeiras; a biblioteca do Departamento de 
Geografia da USP; as publicações e a biblioteca da 
Associação de Geógrafos Brasileiros; as demais bi-
bliotecas da USP; o arquivo de fotografias aéreas 
do Instituto de Geografia; os equipamentos neces-
sários â pesquisa geográfica. 
de cientistas estrangeiros para o Instituto; os traba-
lhos de Mombey e Seus assistentes; as influências de 
Keneth Caster, Moraes Rego, Fernando de Almeida, 
Josué Camargo Mendes, Jean Tricart, Orlando Ri-
beiro e Pierre George na formação do entrevistado. 
Entrevistadores: Márcia Bandeira de Melo Leite Nunes e Nadja Volia Xavier e Souza. 
9 
Bernhard Gross 
32 
Bernhard Gross nasceu em Stuttgart, na Alemanha, em 22 de novem-
bro de 1905. Em 1929 diplomou-se em engenharia pelo Instituto T éc-
nico de Stuttgart, do qual recebeu, em 1932, o tftulo de doutor em 
ciências naturais. Ainda em 1932, tornou-se assistente de Erich Rege-
ner nesse Instituto, iniciando suas pesquisas no campo da física de 
raios cósmicos. Em junho de 1933 transferiu-se para o Brasil e, no ano 
seguinte, foi contratado pelo InstitutoNacional de Tecnologia (lNT', 
órgão do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, no Rio de Ja-
neiro. Em 1935, a convite de Roberto lVIarinho de Azevedo, passou a 
reger a cátedra de ffsica geral da Escola de Ciências da recém-criada 
Universidade do Distrito Federal (UDF). 
Por imposição da Lei de Desacumulação de Cargos, deixou a UDF em 
1937, optando pelo INT. Em 1938 assumiu a direção da Divisão de 
Metrologia desse instituto e, no ano seguinte, foi convidado para inte-
grar a Comissão de Metrologia do Ministério do Trabalho, participan-
do da regulamentação da nova Lei de Metrologia. Com a entrada do 
Brasil na guerra foi forçado a deixar essas funções, dedicando-se, a 
partir de então, ao estudo dos chamados eletretos. 
Em 1946 passou a dirigir a recém-criada Divisão de Eletricidade e Me-
didas Elétricas do INT. Dois anos depois tornou-se professor dos cur-
sos práticos de máquinas elétricas e medidas elétricas do Instituto, ati-
vidade que exerceu por mais de dez anos. Agraciado com bolsa do 
Conselho Britânico, seguiu em 1949 para Londres, como pesquisador 
associado da Electrical Research Association. Em 1951, de volta ao 
Brasil, foi reintegrado na Comissão de Metrologia, nela permanecendo 
até 1959. Em 1954 licenciou-se do I NT para estagiar no Departamento 
de F ísico-Qu ímica da Universidade de Yale, nos EUA, regressando ao 
pa ís em 1955. Nesse mesmo ano, tornou-se professor dos cursos de 
medidas elétricas da PUC- RJ e da Escola de Engenharia da U F RJ. 
Representou o Brasil no Comitê Científico das Nações Unidas Sobre 
os Efeitos das Radiações I on izantes (1957-1959), do qua I foi secretá-
rio científico em 1958. Foi membro do Comitê Científico da Agência 
Internacional de Energia Atômica de 1958 a 1960, quando transferiu-
se para Viena, convidado para dirigir a Divisão de Informações Técni-
co-Científicas desse organismo. À frente da Divisão, onde permaneceu 
até 1967, estabeleceu um sistema internacional de informações nuclea-
res e organizou'várias reuniões científicas, dentre elast a III Conferên-
cia Internacional sobre o Uso Pacífico da Energia Atômica. De volta 
ao Brasil, deixou a direção da Divisão de Eletricidade e Medidas Elétri-
cas do INT para dirigir o Departamento de Pesquisas Técnico-Científi-
cas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CI\IEN), onde trabalhou 
até 1970, quando passou a integrar o corpo docente do Instituto de Fí-
sica e Química de São Carlos (USP). Recebeu o tftulo de doutor hono-
ris causa da USP em 1975, no Simpósio I nternacional sobre Eletretos 
e Dielétricos, promovido em sua homenagem, pelo transcurso de seu 
709 aniversário. 
33 
Sumário da 1.a entrevista: 
Foi diretor do setor de ffsica do CNPq (1951-1954) e consultor técni-
co do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), da Bell Telephone 
Company, do lon Physics Corp!lration, do Northern Eletric e do la-
boratório de Pesquisas Físicas de Genebra. Participou de várias reu-
niões internacionais de reologia, raios cósmicos e dielétricos e proferiu 
inúmeras conferências em universidades do país e do exterior. . 
Prestou relevante contribuição à ffsica brasileira por seus trabalhos so-
bre a condutibilidade elétrica dos zeólitos, sobre a radiação cósmica -
transformação de Gross - e sobre os dielétricos - absorção dielétrica, 
teoria dos eletretos e interpretação do fenômeno da homocarga -, rea-
lizados no INT. Dedicou-se ao estudo dos efeitos da irradiação de elé-
trons e raios gama sobre os dielétricos sólidos, notabilizando-se pela 
descoberta da corrente Compton e pela construção, com base neste 
efeito, de um dosímetro, patenteado no Brasil, nos Estados Unidos e 
na Alemanha. Realizou vários trabalhos sobre o comportamento visco-
elástico dos materiais (fenômeno da histerese elástica) e registrou, pe-
la primeira vez na América latina, as medidas da recarda radioativa 
(fali out). E autor da teoria geral da resposta linear na teoria dos 
circuitos elétricos e de diversos trabalhos no campo da matemática. 
Membro da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade de Reolo-
gia, da American Physical Society e da Sociedade Alemã de F fsica, pu-
blicou mais de cem trabalhos originais em revistas nacionais e estran-
geiras, além da obra A bomba atómica (1946). 
Fita 1: a transferência para o Brasil e os amigos bra-
sileiros; o contato com Dulcídio Pereira, Joaquim 
da Costa Ribeiro, Francisco Mendes de Oliveira 
Castro e Eugênio Hime, na Escola Politécnica do 
Rio de Janeiro; as conferências sobre raios cósmi-
cos proferidas na Escola Politécnica; a repetição da 
palestra no Instituto Nacional de Tecnologia (lNT) 
e a contratação por este instituto em 1934; a cria-
ção do I NT e sua transferência do Ministério da 
Agricultura para o Ministério do Trabalho, Indús-
tria e Comércio; a antiga Diretoria Geral de Pesqui-
sa Científica; o trabalho sobre a condutividade elé-
trica dos zeólitos: a opinião de Schottsky, a publi-
cação nos Anais da Academia Brasileira de Ciências 
e na Revista de Cristalografia; a aquisição de novos 
equipamentos pelo INT; os trabalhos sobre a absor-
ção dielétrica realizados com PI fnio Sussekind da 
Rocha; o interesse de Oliveira Castro e Costa Ribei-
ro por este fenômeno; a visita a recém-criada Uni-
versidade de São Paulo: o contato com Gleb Wata-
ghin e Marcelo Damy; a contratação pela Universi-
dade do Distrito Federal (UDF); a elaboração do 
currículo do primeiro curso de ffsica do Rio de Ja-
neiro, nesta universidade; seus assistentes na UDF; 
o aparelhamento da Un iversidade em 1937; a pri-
meira turma formada na UDF; a lei de Desacumu-
lação de Cargos e a opção do entrevistado pelo I NT; 
o acesso à bibliografia especializada: as visitas à bi-
34 
t-
blioteca do Instituto de Manguinhos; o contato 
com os pesquisadores deste instituto; os salários do 
INT; a nomeação para dirigir a Divisão de Metrolo-
gia do I NT e para integrar a Comissão de Metrolo-
gia do Ministério do Trabalho; a participação na re-
gulamentação da Lei de Metrologia; o ingresso na 
Fita 2: a entrada do Brasil na guerra e a transferên-
cia da direção da Divisão de Metrologia do I NT pa-
ra Oliveira Castro; a reestruturação do INT em 
1946 e a nomeação do entrevistado para dirigir a 
recém-criada Divisão de Eletricidade e Medidas Elé-
tricas; os trabalhos realizados durante a guerra; o 
incremento do apoio governamental ao I NT após o 
término do conflito: o auxílio de Bernardino de 
Matos, do CNPq e da Comissão Nacional de Ener-
gia Nuclear (CNEN), a contratação de novos técni-
cos; a participação na reunião internacional de 
raios cósmicos promovida pela UNESCO em 1947; 
a vinda de Gunther Kegel para o Brasil e sua trans-
ferência para os EUA, em busca de melhores condi-
ções de trabalho; as viagens à Argentina e o contato 
com cientistas e instituições platinas; a Expedição 
Compton (1941) e a medida da radiação cósmica 
em São Paulo: a experiência de Wataghin com ba-
lões-sonda em Bauru e Marília; as condições de tra-
balho e os salários dos docentes no RJ e em SP; a 
Fita 3: o microfone de eletreto desenvolvido por 
Preston V. Murphy nos EUA; a política de patentes 
no Brasil e nos EUA; o registro, pioneiro na Améri-
ca Latina, da recaída radioativa (fall-out); a apre-
Sumário da 2.a entrevista: 
Fita 3 (continuação): as repercussões de seus tra-
balhos sobre os dielétricos: o efeito Costa Ribeiro; 
os institutos técnicos brasileiros; o caso das células 
de laboratórios quentes e a investigação dos efeitos 
da irradiação de raios gama sobre os dielétricos só-
lidos, realizada no Massachusetts Institute of Tec-
Academia Brasileira de Ciências: as relações com 
Alvaro Alberto, Artur Moses, Meneses de Oliveira, 
Eusébio de Oliveira, Lélio Gama e outros cientistas; 
a participação nas reuniões mensais da Academia; a 
visita de Alexander Fleming e de H. Bhaba a esta en-
tidade; os Anais da Academia Brasileira de Ciências. 
visita de George Gamow ao país em 1939; os pro-
fessores estrangeiros das Faculdades de Filosofia da 
USP e da Universidade do Brasil; o desenvolvimen-to da física brasileira: seu conteúdo acentuadamen-
te teórico dos primeiros tempos; a contribuição dos 
cientistas estrangeiros para a valorização do traba-
lho prático; o autodidatismo e o isolamento dos 
primeiros cientistas brasileiros; o estabelecimento 
de um maior intercâmbio entre os pesquisadores e 
o conseqüente desenvolvimento científico do país; 
a produção científica nacional no após-guerra: a 
abertura de campos de atividade científica com cri-
térios menos rígidos de excelência; a "física artesa-
nal" e o impacto dos modernos equipamentos; a 
pesquisa básica e a pesquisa tecnológica no Brasil; 
a colaboração do INT com a indústria; os cursos 
"práticos" organizados no INT; os trabalhos do en-
trevistado sobre os dielétricos: a teoria dos eletre-
tos; a produção dos primeiros microfones práticos 
de eletretos por Sessler e West. 
sentação desse trabalho na Conferência de Atomos 
para a Paz (1957); a participação no Comitê Cien-
tífico das Nações Unidas Sobre os Efeitos das Ra-
diações Ionizantes. 
nology (M IT); a continuação das pesquisas no Rio 
de Janeiro, com a colaboração de Edgar Meyer e 
Preston Murphy: a descoberta da corrente Com-
pton e a construção de um dosímetro para medida 
deste efeito; a obtenção da patente do aparelho no 
Brasil, na Alemanha e nos EUA; a repercussão de 
35 
seus trabalhos na comunidade científica internacio-
nal; os dosímetros norte-americanos e suas aplica-
ções; a perda da prioridade da patente nos EUA; 
Fita 4: as pesquisas sobre a corrente Compton de-
senvolvidas por instituições norte-americanas; os 
trabalhos de Gross sobre a viscoelasticidade dos 
materiais; o convite para integrar o Comitê Interna-
cional de Reologia; a continuação das pesquisas na 
Electrical Research Association; a repercussão de 
seus trabalhos no país e no exterior; a participação. 
no grupo de trabalho sobre isótopos e no Comitê 
Científico da Agência Internacional de Energia 
Atômica; a representação brasileira na Agência In-
ternacional de Energia Atômica e a nomeação do 
entrevistado para dirigir a Divisão de Informações 
Técnico-Científicas desse organismo; a experiência 
na direção dessa Divisão: o estabelecimento de um 
serviço internacional de informações nucleares; o 
trabalho desenvolvido no Departamento de Pesqui-
sas Técnico-Científicas da CNEN; o Centro de In-
formações Nucleares da CNEN; a contratação pelo 
Fita 5: os Anais da Academia Brasileira de Ciências; 
os livros-texto de física adotados no país; o inter-
câmbio de pré-publicações entre os cientistas; as re-
lações do INT com os institutos congêneres; as con-
ferências internacionais de física organizadas no 
Brasil; as relações com Alvaro Alberto; a participa-
ção em congressos científicos; o prestígio social 
dos cientistas; a formação do físico no Brasil e na 
Ficha técnica: 
Duração: 7:50 horas. 
Local: São Carlos, SP. 
Data: novembro de 1976. 
os trabalhos realizados com o bétatron do Centro 
Nuclear de Karlsruhe. 
Instituto de Física e Química de São Carlos; os es-
tudos secundários e o ingresso no Instituto Técnico 
de Stuttgart; a primeira viagem ao Brasil e a atração 
pelo país; os trabalhos publicados na Alemanha; a 
transferência para o Brasil em 1933; o recrutamen-
todos técnicos do INT; o desenvolvimento-do INT 
após a guerra: as novas instalações e linhas de traba-
lho, os "cursos práticos"; as gestões de Ernesto Lo-
pes da Fonseca Costa e Sílvio Fróes de Abreu; a 
Divisão de Eletricidade e Medidas Elétricas do INT: 
o apoio de Bernardino de Matos, do CNPq, da 
CNEN e da United States Air Force Office of 
Scientific Research, os salários dos técnicos, o regi-
me de trabalho, as linhas de investigação, a equipe 
de pesquisadores; a instalação do laboratório de do-
simetria da PUC-RJ: o apoio da Agência Internacio-
nal de Energia Atômica. 
Alemanha, antes e depois da guerra; as característi-
cas do "bom professor" e do "bom pesquisador"; 
a pós-graduação nas universidades e nos institutos 
de pesquisa isolados; a atividade científica no Bra-
sil: a orientação das agências financiadoras do go-
verno; a participação da comunidade científica no 
planejamento da ciência no país; o prestígio dos 
cientistas no Brasil e em outros países. 
Entrevistadores: Ricardo Guedes F. Pinto, Sérgio Mascarenhas e Tjerk Franken. 
36 
10 
Blanka 
Wladislaw 
Natural da Polônia, Blanka Wladislaw transferiu-se para São Paulo aos 
quatorze anos de idade. Após concluir os estudos secundários na capi-
tal paulista, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
USP, pela qual se licenciou em ciências qu ímicas em 1941. Trabalhou 
por dois anos na indústria qu ímica e, em 1948, tornou-se assistente de 
Heinrich Hauptmann no Departamento de Química daquela faculdade. 
No ano seguinte doutorou-se em qu ímica pela USP, sob orientação de 
Hauptmann, após defesa de tese sobre novas reações no campo de 
compostos de enxofre. Ainda em 1949 foi contratada como auxiliar 
de ensino da cadeira de qu ímica orgânica e biológica da Faculdade de 
Filosofia da USP e, quatro anos depois, tornou-se professora assistente 
dessa universidade, em regime de tempo integral. 
Agraciada com bolsa do Conselho Britânico em 1953, estagiou no Im-
perial College of Science and Tecnology, em Londres, onde desenvol-
veu pesquisas no campo da eletroqu (mica orgânica, orientada por R. P. 
Linstead. Retornou à Faculdade de Filosofia da USP em 1954, con-
quistando, em 1958, a livre-docência da cadeira qe química orgânica e 
biológica. Com o falecimento de Hauptmann em 1960 e o conseqüen-
te desmembramento da cadeira, passou a responsabilizar-se pelo ensino 
de química orgânica. Em 1969 retornou a Londres, convidada para 
proferir conferências no Queen Mary College. 
Em 1971 foi aprovada no concurso para professora titular do recém-
criado Instituto de Química da USP e, em 1975, passou a chefiar o 
Departamento de Química Fundamental do Instituto, cargo que exer-
ceu até 1980. 
Lecionou em cursos de pós-graduação de universidades do país e do 
exterior e integrou diversas comissões examinadoras de teses de pós-
graduação e de concursos para provimento de cargos em várias univer-
sidades brasileiras, sobretudo na USP. Teve participação destacada nos 
Simpósios Internacionais de Compostos Orgânicos de Enxofre e em 
muitos outros congressos científicos nacionais e internacionais, nos 
quais apresentou cerca de quarenta trabalhos. 
É assessora da F APESP e membro da Academia de Ciências de São 
Paulo, da SBPC, da Academia Brasileira de Ciências, da Associação 
Brasileira de Qu ímica e da Sociedade de Qu ímica de Londres. Publi-
cou cerca de quarenta trabalhos científicos em revistas especializadas 
nacionais e estrangeiras. 
37 
Sumário da 1.a entrevista: 
Os primeiros estudos na Polônia: a formação huma-
nista; origem familiar e a vinda para o Brasil; a 
adaptação ao país e a continuação dos estudos; a 
escolha da carreira; o vestibular para a Faculdade 
de Filosofia da USP; o curso de química dessa fa-
culdade: o intercâmbio entre alunos e professores, 
a formação experimental, as aulas de H. Rhein-
boldt e Heinrich Hauptmann; o mercado de traba-
lho para o químico nos anos 40; o dif(cil acesso 
dos recém-formados ao doutoramento; o início da 
vida profissional na indústria qu ímica; o doutora-
mento sob a orientação de Hauptmann; a tese e os 
trabalhos publicados sobre novas reações no campo 
Sumário da 2.8 entrevista: 
A tese de livre-docência; os primeiros doutorandos 
orientados pela entrevistada; o atual interesse da in-
dústria química nacional pela pós-graduação; os 
baixos salários oferecidos pela universidade e a 
atração dos pós-graduados pela indústria; o papel 
do engenheiro qu imico, do qu ímico industrial e do 
químico pós-graduado; a contratação de químicos 
pós-graduados na USP pela indústria; os primeiros 
anos do curso de química da Faculdade de Filoso-
fia da USP; a separação da bioqu ímica da qu ímica 
orgânica; as linhas de pesquisa de Blanka Wladis-
law; a revolução da qu fmica orgânica: a introdução

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