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CENTRO INTEGRADO DE TECNOLOGIA E PESQUISA FACULDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES ROSEMERI CARNEIRO ALVES BIOSSEGURANÇA NA DERMOPIGMENTAÇÃO RIO DE JANEIRO – RJ 2018 2 ROSEMERI CARNEIRO ALVES BIOSSEGURANÇA NA DERMOPIGMENTAÇÃO Artigo apresentado ao Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa e à Faculdade Nossa Senhora de Lourdes, como um dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Dermopigmentação, sob a orientação dos professores Carlos Ovídeo Lopes de Mendonça Netto e Marinês Rodrigues Bulbol. Aprovado em:_____/_____/_________ ____________________________________________ Orientador Carlos Ovídeo Lopes de Mendonça Neto __________________________________ Orientadora Marinês Rodrigues Bulbol RIO DE JANEIRO - RJ 2018 3 Sumário RESUMO............................................................................................................ 4 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5 DESENVOLVIMENTO ....................................................................................... 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 17 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 18 4 BIOSSEGURANÇA NA DERMOPIGMENTAÇÃO Rosemeri Carneiro Alves1 Carlos Ovídeo Lopes de Mendonça Neto2 Marinês Rodrigues Bulbol3 RESUMO A micropigmentação é uma técnica de maquiagem de caráter semipermanente com finalidade tanto de embelezamento como de correção, tendo o público feminino como principal consumidor. Este procedimento, além de elevar a autoestima devido à beleza e naturalidade que causa, também é um interesse de saúde, pois ao ferir a pele para implantar pigmento, torna-se um procedimento invasivo, que incluem riscos de infecções e contaminações.Os pigmentos utilizados são implantados através de agulhas descartáveis conectadas a um aparelho chamado dermógrafo, que faz movimentos de perfuração. Pode-se concluir que é o método mais indicado para resultados satisfatórios nas irregularidades superciliares. Esses riscos podem ser minimizados ou até mesmo eliminados utilizando as práticas de biossegurança que é o conjunto de procedimentos voltados para a prevenção e que tem como finalidade a proteção e a segurança do profissional e do cliente. Palavras Chave: Biossegurança, dermopigmentação, sobrancelhas. ABSTRACT Micropigmentation is a semi-permanent makeup technique with both beautification and correction purposes, with the female audience as the main consumer. This procedure, in addition to raising self-esteem due to the beauty and naturalness it causes, is also a health concern, because by hurting the skin to implant pigment, it becomes an invasive procedure, which include risks of infections and contaminations. The pigments used are implanted through disposable needles connected to an apparatus called a dermograph, which performs drilling movements. It can be concluded that it is the most indicated method for satisfactory results in the superciliary irregularities. These risks can be minimized or even eliminated using biosafety practices, which are the set of procedures aimed at prevention and whose purpose is the protection and safety of the professional and the client. Keyword: Biosafety, micropigmentation, eyebrows. ¹Pós-graduanda em Dermopigmentação – CINTEP/PB, Graduação: Gestão Imobiliária – UVA/ – RJ, Especialista em Estética e Cosmetologia - UVA/ – RJ. 2 Orientador: Graduado em: Psicologia, Especialista em Educação, Especialista em Políticas Públicas, Especialista em Psicopedagogia, Especialista em Ed. Física Escolar, Mestre em Ciências da Educação, Doutorando em Educação 3 Orientadora: Graduada em Ciências Biológicas – UFAM/AM,Mestre e Doutora em Biotecnologia Molecular UFAM/USP, Especialista em Biotecnologia molecular – UFAM/AM, Especialista em genética Humana – UNINILTON LINS/AM, Especialista em empreendedorismo e inovação UNILA SALLE - AM, Especialista em Estética e Cosmotologia – FACERRA/AM, Especialista em Tricologia – FACERRA/AM, Especialista em Pré e Pos em Cirugia Plastica FACERRA/AM, Especialista em saúde e estética – FACERRA/AM, Pós graduanda em Dermomicropigmentação – CINTEP/PA. 5 INTRODUÇÃO Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, proteção do trabalhador e cliente, minimizando ou eliminando riscos, visando à saúde e qualidade de resultados. O profissional desta área está em contato com pessoas, produtos químicos, além de estar sujeito à ação da poluição ambiental. Com o crescimento do número de estabelecimentos e profissionais que realizam dermpigmentação cresce também a fiscalização sobre este tipo de serviço. Hoje os profissionais devem se adequar as legislações sanitárias vigentes e seguir as normas de boas práticas para garantir a seus clientes e a si mesmo segurança e qualidade, evitando riscos á saúde. A Biossegurança no Brasil teve início na década de 1980. Em 1985 ocorreu o primeiro curso de biossegurança com enfoque na área da saúde, incorporando os riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais, classificando – os como riscos físicos, químicos, fisiológicos, ergonômicos e acidentais. Em 1995 foi criada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIO) para estabelecer normas às atividades que envolvam manipulação, uso, transporte, armazenamento, comercialização, consumo, liberação e descarte relacionados a Organismos Geneticamente Modificados (OGM’s) em todo o território brasileiro (SCHOLZE, 1999). Inspirada na tatuagem, a técnica de dermopigmentação foi primeiramente utilizada no Oriente, seguido do Ocidente, onde existem até hoje diferenças entre as técnicas de aplicação. É impossível prosseguir sem antes conhecer um pouco sobre essa técnica definitiva de pigmentação e ornamento do corpo, a tatuagem (MARTINS, 2009). O mais antigo homem achado intacto, datado de 5300 a.C. e conhecido como o Homem de Gelo, tinha o corpo marcado: tatuagens na região lombar, no joelho esquerdo e no tornozelo direito. O ato de marcar o corpo data desde os primórdios da civilização humana, onde, segundo estudos, os homens acreditavam ser um sinal de bravura. Para o mesmo autor, registros de marcações no corpo foram realizados pelo historiador Hérodo, pelo explorador Marco Polo e pelo 6 navegador James Cook, considerado pai da palavra tatoo. Maio relata práticas de dermopigmentação desde 8.000 a.C. A dermopigmentação é uma técnica que visa o embelezamento e/ou a correção de imperfeições ou ainda o aperfeiçoamento de cirurgias plásticas, por meio de escarificações feitas por agulhas. A técnica é usada para maquilar em caráter definitivo regiões como lábios, aréola mamária; áreas pilosas, como couro cabeludo, bigode, cílios, e sobrancelhas e em áreas afetadas por alterações discrômicas e cicatrizes da pele como vitiligo, estrias, enxertos e queimaduras (MAIO, 2011). A Dermopigmentação é um tipo de pigmentação exógena introduzida na camada subepidérmica da pele por meio físico (dermógrafo e agulhas, lâminas tebori), que visa a correção ou o embelezamento estético (MARTINS, 2009). Esta técnica vem sendo utilizada há muito tempo, no entanto, do ponto de vista científico pode ser considerada uma técnica nova, uma vez que os estudos realizados referentes às técnicas são insuficientes. É uma técnica que deriva da tatuagem e tem finalidade de embelezamento ou correção que vem sendo utilizada desde 8.000 a.C. O mesmo autor descreve que a técnica consiste na introdução de pigmentos na pele, por escarificações feitas através de um aparelho chamado dermógrafo quemovimenta um conjunto de agulhas. Esse processo tem a intenção de fazer depósito destes pigmentos na camada mais superior da pele – geralmente a base de dióxido de titânio, óxido de ferro e glicerol (MAIO, 2011). DESENVOLVIMENTO AS NORMAS DA BIOSSEGURANÇA NA MICROPIGMENTAÇÃO. A biossegurança demonstra profissionalismo, afinal, a formação profissional é apenas o primeiro passo para quem trabalha na área de dermopigmentação. Um assunto de extrema importância e fundamental para o bom funcionamento do trabalho, pois se trata de uma normatização de condutas que visam à proteção e segurança da saúde de todos que frequentam o ambiente de dermopigmentadores, ou seja, equipe de trabalho e os clientes. 7 Embora seja um assunto presente no dia a dia, ainda gera muitas dúvidas, justamente por ser bastante abrangente e envolver vários detalhes minuciosos que requerem atenção e cuidados constantes. Há um ponto importante que está relacionado aos procedimentos de atendimento e que faz parte do manual de rotina e procedimentos, cuja função é trazer uma descrição detalhada por escrito dos serviços, produtos e esterilização e higienização (BRASIL, 1997). Baseando-se nisso é que essas condutas são necessárias na área de dermopigmentação, pois é nesses espaços que profissionais e clientes estão em constante exposição a micro-organismos. Com isso, a biossegurança se faz importante e necessária, a fim de desenvolver os procedimentos com maior segurança. O gerenciamento de resíduos, de acordo com a RDC 306, constitui- se por ser um conjunto de normas, condutas e técnicas com o intuito de minimizar a produção de resíduos, proporcionando um encaminhamento seguro, com isso protegendo a saúde pública, de trabalhadores e também do meio ambiente (BRASIL, 2004). A biossegurança é um processo funcional e operacional e pode ser definida como um conjunto de ações de extrema importância nos serviços de saúde. Aborda medidas de controle á infecção visando a proteção do profissional e do usuário desse serviço; enfatiza suas ações na prevenção, diminuição ou até mesmo na eliminação dos riscos inerentes a cada atividade. Para isso, inclui o uso de barreiras ou equipamentos de proteção individual, a prevenção de acidentes com materiais perfuro-cortantes e procedimentos adequados de descontaminação, esterilização e destino dos resíduos. Contempla desde infraestrutura até a qualificação de profissionais. É um processo progressivo que não inclui conclusão em sua terminologia, devendo ser sempre atualizado e supervisionado (OPPERMANN & PIRES, 2003). O Center for Disease Control (CDC, 1987), publicou as precauções universais, que são recomendações aos profissionais de saúde que têm como objetivo minimizar o risco de contaminação dos profissionais de saúde com HIV ou Hepatite B, no caso de contato com sangue ou fluidos corporais contaminados. No início eram denominadas “medidas de precaução universais” e atualmente são chamadas de “precauções-padrão”. São medidas usadas para diminuir o risco de exposição dos trabalhadores a doenças infecciosas. 8 O conceito de precaução-padrão parte da premissa de que todo cliente pode estar potencialmente infectado, sendo assim, o profissional deve se prevenir com medidas de barreira sempre que houver possibilidade de contato com sangue ou fluidos corporais. No entanto, as medidas de precaução-padrão podem minimizar, mas não eliminam o risco ocupacional. De modo geral, pode- se afirmar que as medidas de precaução-padrão estão inclusas dentro da biossegurança e que, devem ser observadas por profissionais de embelezamento, que em seu trabalho entram em contato com sangue ou fluidos corporais de clientes. Faz-se importante chamar a atenção aos riscos preestabelecidos que são: Risco de acidentes: que são os que podem causar desconforto ou afetar a integridade física e moral do trabalhador, Ex: repetividade, monotonia, postura inadequada; Riscos ergonômicos: que são os que podem causar desconforto ou afetar a saúde do trabalhador. Ex: repetividade, monotonia, postura inadequada; Riscos físicos: que podem ser formas de energia que o trabalhador fica exposto. Ex: ruídos, temperaturas extremas, pressões anormais; Riscos Químicos: podem ser substância ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, pele ou ingestão. Ex: poeiras, gazes ou vapores, fumos; Riscos Biológicos: bactérias, fungos, parasitas, vírus. Onde aplicar estes procedimentos evitando esses riscos: No ambiente: A cabine e ou sala de atendimento devem dispor de: Pisos e paredes laváveis; Tamanho adequado para mobilidade do profissional em atendimento; Armários para produtos; Equipamentos adequados para esterilização; Instalações elétricas com tomadas elétricas suficientes para o número de equipamentos; Iluminação adequada, com boa condição visual; Descarte correto de lixo. Aparelhos: higienização e acomodação. Do profissional: 9 Higiene: higiene pessoal é importante: cabelo, roupas, calçado. A higienização das mãos é importante, as unhas devem estar sempre aparadas e limpas. O uso de luvas evita contaminações. Vestuário: não deve usar roupas que dê conotação vulgar, transparências e decotes. Evitar o excesso de acessórios, os sapatos devem ser fechados e o uso de jaleco e ou avental é obrigatório. Vacinação: é importante estar com a vacinação em dia, sobretudo hepatite e tétano. EPIs: tem como objetivo proteger o profissional evitando contaminações e acidentes. RDC 30 diz que não há competência para indicar fármacos, pode indicar fitoterápicos e cosméticos. RDC nº 51 estabelece boas práticas em serviços de saúde, legislações, RDCs. A sala de dermopigmentação deve seguir algumas normas para seguir com eficiência a biossegurança do profissional e do cliente. O ar condicionado não deve ir direto do cliente; A pia deve ser de mármore, granito, cerâmica ou vidro; Na pia que se faz a limpeza deve estar a pelo menos 1 ½ distância da maca e deve ser acionada por pedal ou alavanca; Deve ter pia exclusiva para lavagem das mãos; Ter duas lixeiras de pedal sendo 1 para lixo comum e outra para Lixo infectante (luva, batoque, gaze, algodão), o saco deve ser branco. PROCEDIMENTO PROFISSIONAL DE ATENDIMENTO AO CLIENTE Higienizar as mãos; as mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante o serviço prestado. A higienização das mãos é uma medida simples para prevenção de infecções. As mãos podem ser higienizadas com água, sabão, preparação alcoólica e antisséptico. Toda sala de dermopigmentação deve ter pia e ou lavatório para uso obrigatório sempre que existir cliente para ser manuseado, tocado. Higienizar a bancada, maca e cadeira, forrar com filme de PVC para que não haja contato. Montar a bancada, dispondo o pigmento que será usado em recipiente descartável, borrifador com água e sabão bactericida, algodões, lápis 10 dermatográfico, tesoura, pinça descartável. Podendo ser montado este kit antecipadamente em uma bandeja de inox ou descartável. Proteger com PVC os utensílios que estão dispostos sobre a bancada, como os borrifadores, máquina (dermógrafo ou indutores manuais (tebori)), fonte de energia, celular. Para iniciar o procedimento higienizar as mãos e calçar as luvas e demais EPIs. Durante o procedimento evitar manusear objetos que não estejam protegidos pelo plástico PVC. Ao terminar o procedimento retirar as proteções de PVC utilizadas nos utensílios anteriormente citados. Os resíduos do processo devem ser descartados em saco branco leitoso e encaminhados ao coletor de resíduo de saúde. As agulhas e lâminas devem ser descartadas Descarpak coletor de materiais perfuro cortantes. Após desmontar bancada, maca, utensílios e periféricos com álcool 70, limpar tudo inclusive as mãos. A limpeza é procedimento deremoção de sujidade e detritos de qualquer superfície para manter o estado de asseio reduzindo a população microbiana presente nos materiais. A limpeza deve ser feita por fricção mecânica utilizando escova, esponja ou máquina ultrassônica para isso. Higienizar o piso da sala de procedimento. Esterilização: Processo de destruição definitiva e remoção de todas as formas de vida do objeto ou material, bactérias na forma vegetativa ou esporuladas, fungos e vírus mediante aplicação de agentes físicos e químicos. Toda esterilização deve ser precedida sem exceção por lavagem e enxague para remoção detritos. A esterilização mais eficaz é com calor úmido, autoclave. Suportes de ponteiras, pinças, tesouras devem ser esterilizados, Desinfecção: Destruição total dos microrganismos em sua forma vegetativa que transmitem infecção (quaternário de amônia, cloro ativo, álcool). Aplica-se substancias químicas nos objetos e materiais, com isso reduzem e inibem o crescimento de bactérias, mas não esterilizam. Antissepsia: desinfecção química da pele, mucosas e tecidos vivos com utilização de microbicidas e microbiestáticos, ex: álcool isopropílico e etílico em concentrações de 70 a 92%, exercendo efeito germicida quase que imediato. Para evitar o ressecamento da pele pode ser adicionada glicerina a 2%. 11 RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL MICROPIGMENTADOR O profissional deve estar atento e seguir todo o protocolo estabelecido, realizando com responsabilidade os procedimentos de limpeza e desinfecção, garantindo efetividade segurança e qualidade do processo. Ele também deve estar paramentado com os EPIs necessários e responsabilizar-se pelo local e procedimento executado, garantindo a segurança do seu cliente e sua própria segurança. RISCOS DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS CONTAGIOSAS DURANTE O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO DERMOPIGMENTADOR. A Biossegurança na dermopigmentação consiste em ações de prevenção a doenças no ambiente de trabalho. Os riscos de doenças vão desde um resfriado até micoses infecções cutâneo, bacteriano e infecções virais como AIDS e Hepatite. A limpeza do ambiente e dos mobiliários é feita diariamente. A importância dessa limpeza consiste também na possibilidade de pequenas porções de sangue cair em macas ou cadeiras onde o cliente acomodado. Apesar de objetos e ambiente não serem fontes comuns de contaminação, podem estar envolvidos em surtos de infecções. O vírus da hepatite B é estável e resistente, podendo resistir no meio ambiente até uma semana. Considerando esta estabilidade, a transmissão indireta pode ocorrer através do contato humano com superfícies ou objetos inanimados (ARAÚJO, 2008). Em seu estudo (HEPWORTH & MURTAGH, 2004) sobre segurança nos serviços de embelezamento e saúde dos trabalhadores, constataram que os entrevistados possuíam pouco conhecimento sobre transmissão de doenças infecciosas por meio de contato com sangue. Não há dúvidas que a AIDS, comparada à hepatite, é uma doença com maior cobertura pela mídia e pelos programas oficiais. É necessária maior conscientização dos profissionais de embelezamento sobre transmissão e prevenção de doenças infecciosas. Os riscos de acidentes estão presentes nos serviços de embelezamento. Em caso de exposição percutânea ou permucosa ao sangue, a transmissão de 12 doenças virais como AIDS e Hepatite B podem ser inibidas por meio de ações profiláticas com a vacina e imunoglobulinas, no caso da Hepatite B, e utilizado antirretrovirais com diferentes composições e indicações, no caso da AIDS. Portanto, trabalhadores dos serviços de embelezamento precisam conhecer os riscos presentes na reutilização de materiais descartáveis. Para isso é necessária maior divulgação dos riscos inerentes a essas práticas, quer seja por meio de campanhas de saúde e orientações sobre transmissão de doenças infecciosas direcionadas aos profissionais de embelezamento, ações da Vigilância Sanitária local como fiscalizações e orientações, ou ainda, por exigência de capacitação em biossegurança para o exercício profissional (OPPERMANN & PIRES, 2003). De modo geral, nos últimos anos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem regulamentado outros setores de forma clara, não se restringindo a parâmetros estruturais. As orientações vão desde estrutura física, recursos humanos, procedimentos, materiais, equipamentos até a garantia da qualidade. No entanto, não há regulamentação federal que contemple os serviços de embelezamento. Vale ressaltar que a posição atual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, é enfatizar suas ações nas atividades de alta complexidade deixando aos Estados e Municípios a responsabilidade da fiscalização e regulamentação complementar dos serviços de baixa complexidade, nos quais se enquadram tais serviços. A ANVISA disponibilizou referência técnica para o funcionamento dos serviços de estética e embelezamento sem responsabilidade médica, porém este material não tem qualquer valor legal, sendo apenas material de referência para que estados e municípios elaborem e instituam legislações locais, entretanto, a maioria dos municípios, não normatizaram a prestação destes serviços. EPI’S – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Os profissionais que possuem o hábito de andar na rua com uniforme e as mesmas roupas usadas durante atendimento clínico são verdadeiros transmissores de micro-organismos colocando em risco sua saúde e a dos outros cidadãos. São materiais de uso individual e muitos são descartáveis, 13 não devendo ser utilizados mais de uma vez, mesmo que seja o mesmo cliente a tratar (OPPERMAN & PIRES, 2003). A saber, são: luvas, toucas, jalecos, óculos de proteção, máscaras, protetores para os pés, calçados fechados. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DOS MATERIAIS DE USO NA DERMOPIGMENTAÇÃO Limpeza em geral: Remoção física das sujidades - (água, sabão ou detergente). Desinfecção – Destruição total dos micro-organismos em sua forma vegetativa (quaternário de amônia, cloro ativo, álcool). Esterilizações – destruição de todas as formas de vida microbiana – agentes físicos e químicos. Materiais: Dermógrafo - Cabeçote removível para esterilização e encapado com plástico filme na hora do atendimento. Indutor Manual (Tebori) - Cabeçote removível para esterilização e encapado com plástico filme na hora do atendimento. Agulhas e lâminas - Descartáveis, sendo mostrada para a cliente antes do uso e descartada na frente da mesma em embalagem amarela descarpack e outros materiais contaminantes descartar em saco branco. Pigmentos - O pigmento utilizado deve ser disponibilizado em batoque descartável, e todo material usado contaminado deve ser despejado em local específico, empresa coletora, posto de saúde ou farmácia mais próxima. O pigmento deve ter Registro da ANVISA, seguindo verificação da cito toxicidade, genotoxidade, toxidade crônica e carcinogenicidade, embalagem sem risco de contaminação. Batoque - descartável, onde o pigmento é colocado. Lixo perfuro-cortante - embalagem amarela descarpack e outros materiais contaminantes descartar em saco branco, recolhido por uma empresa coletora. Os métodos utilizados são: Limpeza, remoção física de sujidades, visando asseio e higiene do ambiente, método: água, sabão, detergente; e ou desinfecção destruição total 14 dos microrganismos em forma vegetativa, não obrigatoriamente esporos bacterianos, tratando áreas e superfícies. MÉTODOS QUÍMICOS: Fenólicos – em alta concentração age como veneno, deve ser utilizado em baixa concentração. Não age em esporicidas, mas age como tubercolicida, fungicida, bactericida e até como viruscida. Quaternário de amônia – utilizado na desinfecção de toalhas, lençóis, fronhas, roupões. Cloro ativo – tem ação antimicrobiana, com ação rápida, produtos à base de cloro são recomendados na desinfecção de equipamentoshidro terapêuticos, chão, parede e móveis não metálicos. Polivinilpilorridona Iodado (PVPI) – tem ação antisséptica e antimicrobiana. Soluções a 5% são usadas para deixar os instrumentos de inox de molho. É menos corrosivo que as soluções de hipoclorito. Não deve ser utilizada na presença de alumínio ou cobre. Álcoois e seus derivados – etílico 60 a 70% E ISOPROPÍLICO (menos volátil que o etílico), são utilizados para desinfetar alguns artigos ou pequenas superfícies ou na desinfecção de superfícies externas e áreas críticas, Exemplo: maca de procedimento, carrinho, mocho. Esterilização – destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante aplicação de agentes físicos e químicos. Formaldeído – tóxico usado como desinfetante e esterilizante, não aplicar em esponjas, pinceis, gazes, chamex. É bactericida, tuberculicida, fungicida, viruscida e esporicida. Glutaraldeído – utilizado para desinfetar em 30 minutos ou esterilizar em 10 horas materiais como vidro, acrílico, metal e borracha. Raios Gama – método de esterilização que expõe os produtos a uma fonte de radioativa de cobalto 60. Essa radiação tem um largo uso em aplicações industriais, tais como esterilização de médico - cirúrgico, odontológico, fármacos, cosméticos, fitoterápicos, e outros materiais. A radiação dos raios gama elimina todos os microrganismos por meio da ruptura de seu DNA, não afetando o produto em si. A embalagem permanece selada e intacta durante o processo de esterilização, evitando o manuseio em qualquer faze e garantindo a esterilidade do produto até a abertura da embalagem, ou seja, do uso. CUIDADOS COM A BIOSSEGURANÇA NA MICROPIGMENTAÇÃO A grande maioria dos microrganismos relevantes para os dermopigmentadores estão agrupados na classe de risco três, NB3: 15 Agentes nativos/ exóticos associados a doenças em seres humanos e com potencial para serem transmitidos via aerossol. Aerossol é a designação dada a pequenas partículas de um líquido ou sólido que estão em suspenção no ar na forma de um gás. Exemplos: Vírus HTLV, vírus HIV, patógenos do sangue, fluidos corpóreos humanos particularmente quando visivelmente contaminados com sangue, extrema precaução com agulhas ou instrumentos perfuro cortantes contaminados, como tesouras e lâminas. Rejeito Biológico (Dispensação) - A prova de furos e vazamentos, recipientes lacráveis. - Evitar superlotação do lixo. - Remoção adequada. DESCARTE: Nunca colocar o lixo biológico dentro das cestas do escritório, - Colocar perfuro-cortantes dentro de um recipiente específico para objetos perfuro-cortantes (descarpack). Todos os outros dejetos dentro de recipientes descartáveis dispostos em sacos usados para autoclavação. EMBALAGEM - Ideal visibilidade do conteúdo, indicador químico, selagem segura, indicação para abertura, lote de fabricação, data esterilização, data validade, tamanhos variados, registro no MS. ARMAZENAMENTO - Deve garantir a integridade da embalagem, a área deve ser seca e longe de umidade, não superlotar gavetas e armários, os armários devem ter portas, não dobrar, amassar ou colocar elástico para segurar as embalagens. EQUIPAMENTO PROTEÇÃO COLETIVA – EPC - Destinada a eliminar ou minimizar os danos causados por acidentes nos olhos e ou face e em qualquer parte do corpo. A manutenção destes equipamentos deverá ser constante obedecendo a uma periodicidade de limpeza semanal. ITENS PARA ATENDIMENTO: Materiais descartáveis de acordo com normas da ANVISA: Uniforme branco, calça, camisa, blusa, sapatos brancos, sempre limpos, traz mais credibilidade perante as clientes. Maca, cadeira e mocho no atendimento, (envolvidos com papel filme) nunca pedir para cliente deitar na sua cama ou 16 usar mesa da sala para apoio de materiais. Lençol de papel, para forrar a maca, máscara, touca, luvas e papel descartável. Sabonete líquido sem perfume e álcool gel 70% para profissional e clientes, nunca começar procedimento sem lavar as mãos e aplicar álcool 70. Cotonetes, algodão e toalhas descartáveis - mantenham em potes de vidro ou inox e fechados, pinças para auxiliar. MATERIAIS PARA ATENDIMENTO: Lupas de aumento; Pincel/escova; Lápis demográfico; Tesourinha; Pinças, diagonal, reta, ponta cega, curva, agulha; Aparador de pelos; Dermógrafo; Porta dermógrafo e batoques; Agulhas e ponteiras descartáveis para seu aparelho; Pigmentos para micropigmentação. Lembrando que depois de aberto tem validade de 3meses; Caixa descarpak. PASSO A PASSO DOS PROCEDIMENTOS DE BIOSSEGURANÇA PARA DERMOPIGMENTAÇÃO Realizar higienização e assepsia das mãos; Higienizar a sala, bancada dermógrafo e paquímetro; Utilizar luvas de uso único, não se esquecendo de lavar as mãos antes de usar as luvas; Fazer higienização na cliente antes de iniciar o procedimento; Proteger com PVC ou plástico de etileno todos os utensílios que estiver sob a bancada, borrifador, dermógrafo, fonte, pigmentos; Proteger com PVC o celular; Evitar manusear objetos que não estiver protegido com PVC e sempre trocar luva ao retornar ao procedimento; Acondicionar artigos esterilizados e descartáveis destinados ao trabalho em armário fechado exclusivo, limpo e livre de umidade. Existe uma legislação específica à lei de biossegurança no Brasil e vamos conhecer as classes de risco. A ANVISA dispõe de várias resoluções que se chama RDC`s: devemos sempre de nos atentar para saber se mudou a legislação. RDCs RELEVANTES PARA O DERMOPIGMENTADOR A RDC 63 25/11/2001: dispõe de boas práticas em serviços de saúde, e estabelece padrões, serviços e riscos do usuário. A Normativa L5 CIPA, quem elabora mapa risco, obrigado para locais com mais de 20 funcionários. A RDC 30 de 01/06/2012: classifica cosméticos que podemos indicar e orienta que não podemos indicar fármacos. Existe diferença entre fármaco, cosmecêutico, drogas e tarja preta que não pode. 17 A RDC 109 de 06/09/2016 dispõe sobre regulamento técnico para produtos saneantes. Como o hipoclorito de sódio que deve ter um teor mínimo de 2% e o máximo de 2.5% p/p durante o prazo de validade do produto. A RDC 30607/12/2004: Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Ele exige que você crie os chamados pops (procedimento operacional padrão). A pessoa ao qual vai trabalhar tem que se adequar; armazenar, aonde armazenar, como segregar, como eliminar. RDC 19 Produtos saneantes: Essa resolução diz o que você pode usar para fazer assepsia e esterilização: Cloro ativo a 2% e Lisoform, este produto é enzimático, destrói proteínas, faz desinfecção, e não faz esterilização. CONSIDERAÇÕES FINAIS A biossegurança na dermopigmentação consiste em ações de prevenção a doenças no ambiente de trabalho. Sabemos que quando se trata da relação de contato profissional-cliente os riscos de serem transmitidas doenças que vão desde um simples resfriado até uma micose, hepatite e AIDS existem. Em razão da crescente demanda do segmento de beleza, a vigilância sanitária mobiliza-se a fim de verificar e garantir a qualidade e segurança do serviço prestado. Para quem entende que beleza está ligada diretamente com o bem-estar e este com a saúde, inserir tais atitudes no ambiente de trabalho é contribuir também pela credibilidade na atuação do dermopigmentador ou do profissional de beleza. A apresentação do profissional também é superimportante, não somente por questão visual, mas pela higiene, unhas compridas acumulam sujidades, cabelos soltos é fonte de transmissão, sapatos abertos não protegem o profissional e o uso do avental é justamente para que haja uma separação, entre o ambiente externo e do trabalho, preservando a integridade higiênica do contato profissional-cliente. A limpeza do ambiente é essencial, um ambiente limpo, aromatizadoe obrigatoriamente arejado, com toda estrutura organizacional, lixeiras de pedal, 18 para que não se tenha contato com o lixo, mantendo os materiais perfuro- cortantes como a agulha de dermopigmentação, ou tatuagem, separados do lixo comum descartados corretamente, evitando até mesmo por em risco a saúde dos homens, animais e meio ambiente. Atenção ao pigmento utilizado deve ser dada, disponibilizando o mesmo em batoque descartável; demais materiais utilizados no atendimento devem ser segregados, acondicionados e despejados em local específico por profissional qualificado e autorizado. O uso imprescindível e correto dos chamados EPIs e EPCs, não deve ser negligenciado jamais, pois o atual panorama das doenças emergentes e reemergentes no nosso país nos colocam em sentinela acerca dos acidentes ocupacionais e infecções cruzadas durante o exercício da profissão de dermopigmentador. Sendo assim, a partir da pesquisa para este trabalho, pudemos constatar a importância dos procedimentos operacionais padrão nos serviços de dermopigmentação em geral; a obediência as RDCs, NRs, Lei de Biossegurança nacional, procedimentos de biosseguridade e Recomendações da ANVISA, se fazem objeto de extrema relevância para assegurar a integridade e saúde dos homens, animais e meio ambiente, como preconiza a CTNBIO. REFERÊNCIAS ARAÚJO. Evaldo Stanislau Affonso de. (Org) O ABC das hepatites: manual clínico para manuseio, terapia e prevenção da hepatite B. São Paulo. Bristol-Meyers-Squibb. 2008. BRASIL. Resolução CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre licenciamento ambiental e dá outras providências. Brasília. 1997. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html Acessado no dia 12 de Julho de 2018 as 16 h e 45 min. BRASIL. Resolução da diretoria colegiada - RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e dá outras providências. Brasília. 2004. Disponível em: http://abcfarma.org.br/juridico/portarias-e-resolucoes-anvisa/rdc- n306.pdf. Acessado em 12 de Julho de 2018 às 17hs e 05 min. BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html http://abcfarma.org.br/juridico/portarias-e-resolucoes-anvisa/rdc-n306.pdf http://abcfarma.org.br/juridico/portarias-e-resolucoes-anvisa/rdc-n306.pdf 19 e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Brasília. 2007. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/resolucao67_08_10_07.pdf. Acessado no dia 19 de Julho de 2018 as 15 h e 20 min. BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 52, de 06 de outubro de 2011. Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, seus sais e isômeros, bem como intermediários e medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que contenham a substância sibutramina, seus sais e isômeros, bem como intermediários e dá outras providências. Brasília. 2011. Centers for Disease Control. Recommendations for prevention of HIV transmission in health-care settings. MMWR, v. 36, n.2s, p.3-17, 21 de agosto de 1987.Disponível:http://wonder.cdc.gov/wonder/prevguid/p0000318/P0000318.a sp. Acessado no dia 21 de Julho de 2018 as 13 h e 25 min. MAIO, Maurício. Tratado de Medicina Estética. Editora Roca 1ª ed. Volume III, 2011. MARTINS, Andrea, MARTINS, Magda, MARTINS, Márcia. Micropigmentação: a beleza feita com arte. 3ª Edição. São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2009. MURTAGH, Madeleine J. HEPWORTH Julie. 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