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DIREITO EMPRESARIAL APLICADO II – CCJ0010 
PROFA.: TANIA MARCIA KALE 
PATRÍCIA ALVES DE OLIVEIRA MATRÍCULA: 201508973474 
 
 
 
 
 A representação comercial é o contrato pelo qual uma das partes (representante 
comercial autônomo) se obriga a obter pedidos de compra e venda de mercadorias 
fabricadas ou comercializadas pela outra parte (representado), que Fábio Ulhoa define 
como Contrato de Colaboração. A representação comercial é atividade autônoma. 
Inexiste qualquer vínculo de emprego entre o representado e o representante comercial 
autônomo. A subordinação deste àquele tem caráter exclusivamente empresarial, ou 
seja, cinge-se à organização do exercício da atividade econômica e receberá do 
representado uma comissão. Quanto ao inadimplemento das obrigações pelos 
clientes/consumidores, não responderá o representado (salvo em caso de dolo ou de 
culpa), pois, por expressa disposição legal, vedada a inclusão no contrato de 
representação da cláusula del credere (art. 43, da Lei 4.886/65). 
 Salienta-se que, apesar de preservar a autonomia da vontade das partes, existe 
algumas cláusulas obrigatórias elencadas no artigo 27, caput da Lei 4.886/65. Sendo 
assim, é contrato bilateral, porque tais cláusulas obrigatórias discriminam os produtos a 
ser comercializados, o prazo e a circunscrição geográfica da parceria. 
 No caso em tela, depreende-se dos autos que a recorrente firmou com a 
recorrida contrato de representação comercial, o qual teve vigência do ano 2000 até 
2013, ocasião em que a representante foi notificada acerca do interesse da 
representada em rescindir, unilateral e imotivadamente, a avença. Após ser 
questionada acerca da indenização devida em virtude da rescisão imotivada (art. 27, 
alínea “J”, da Lei 4.886⁄65), a recorrida informou que tal verba, conforme 
expressamente pactuado, havia sido paga antecipadamente, de modo integral, 
concomitantemente com as comissões recebidas ao longo da execução do contrato. 
Segundo a doutrina, além das hipóteses conformadoras de justa causa para 
rescisão de contrato, seja pelo representante, seja pelo representado que é o caso 
vertente, é possível que haja a extinção imotivada da avença por iniciativa de ambas 
CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL 
 
as partes. Em tal hipótese, caso a denúncia unilateral seja opção do representante, 
nada poderá reclamar, salvo eventuais perdas e danos. 
Por outro lado, se a iniciativa pela resolução unilateral for do representado, 
primeiro será preciso minudenciar se a contratação se ajustou por prazo determinado 
ou indeterminado. Se por prazo indeterminado, a lei estabelece um limite mínimo para 
a indenização, correspondente a 1/12 (um doze avos) do total percebido durante o 
tempo em que vigorou a representação (art. 27, alínea “J”, da Lei 4.886/65). Possível, 
ainda, cumular a indenização supra com aquela outra proveniente da ausência de 
aviso prévio, ou seja, “um terço das comissões auferidas pelo representante nos três 
meses anteriores à rescisão” (art. 34 da Lei 4886/65) 
No caso em análise, podemos destacar o Princípio da atipicidade do contrato 
empresarial, visto que foi criado um contrato sem embasamento legal, que é permitido 
segundo disposto no artigo 425 do Código Civil, desde que este esteja em conformidade 
com a lei e seja ético. Entretanto, neste caso, houve uma vulnerabilidade técnica na 
inclusão da cláusula nula. 
Ressalta-se que o princípio da relatividade vai produzir efeitos somente entre as 
partes partindo da relação contratual. Esse princípio diz respeito à eficácia do contrato 
na sua formalização. Tem que ter uma relação transparente com quem vai contratar, 
dando, assim, uma interpretação dúbia a uma cláusula contratual. O que não houve no 
caso em análise, pois houve dúvida quanto à nulidade da cláusula antecipada de 
indenização por rescisão injustificada. 
Por fim, cabe dizer que o princípio da boa-fé, neste caso a objetiva, foi elencado 
na decisão em análise. Trazendo regra de conduta das pessoas de relações jurídicas 
presumindo que haja comportamentos de confiança, mostrando conduta honesta e 
correta, o que não houve no caso, haja vista, havia sido colocada no contrato de 
representação comercial a cláusula nula, sendo prejudicial para o representante, pois 
houve a quebra de confiança. 
Nesse sentido conclui-se, então, que, para que uma indenização ocorra, 
é preciso que exista um dano concreto no passado – no caso do representante, 
o término da relação comercial sem um justo motivo. Daí que da palavra indenização 
devemos extrair uma necessária ordem temporal: ela ocorre exclusivamente após o 
dano, ou seja, não é possível indenizar antecipadamente pela singela razão de que 
indenizar antecipadamente é uma contradição em termos. É a ação de deixar indene. 
Indenização é, por definição, posterior ao dano e não antecipada. Se pretendo me 
precaver contra passivos futuros e incertos, estou realizando um seguro ou qualquer 
outro instituto. E se estou realizando uma espécie de seguro mascarado de 
indenização antecipada, em um contrato de representação, obviamente estou 
relativizando o sentido da palavra e, por consequência, desrespeitando a lei. 
O pagamento antecipado da indenização poderia, ademais, gerar a inusitada e 
indesejada situação de, na hipótese de rescisão que não impõe dever de indenizar A 
parte que mereceu proteção especial do legislador – o representante comercial – se 
ver obrigada a, ao término do contrato, ter de restituir o montante recebido a 
título compensatório, circunstância que, a toda evidência, não se coaduna com 
os objetivos da norma legal. 
Em suma, conclui-se que, neste caso, é ilegal a cláusula imposta no contrato e 
por esta razão deve ser invalidada, tendo em vista que ela dispõe o pagamento 
antecipado da indenização devida ao representante comercial no caso de rescisão 
injustificada do contrato pela representada. Ocorre que o pagamento antecipado, em 
conjunto com a remuneração mensal devida ao representante comercial, acaba 
desvirtuando a finalidade da indenização. Por tanto, caso a compensação fosse paga 
antes que de ocorrer a demissão imotivada, prejudicaria o representante, pois se o 
contrato for rescindido e ele já tiver recebido, esse exercício representaria deslealdade 
ou geria consequências danosas ao representante.

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