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Perícia Forense -
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Aula 02 - A escrita e seus elementos
INTRODUÇÃO
Nesta aula, você irá reconhecer a formação do traço e do traçado (que nada mais é do que o traço em movimento).
Veremos os diversos elementos que constitui o traçado, tais como ataques, remates, ligações etc., e os elementos que
compõe as letras.
Você também irá analisar os elementos da escrita, sejam eles dinâmicos ou estáticos, formais objetivos ou subjetivos.
Finalizaremos abordando as características de cada fase evolutiva da escrita e os fatores que podem provocar
modi�cações nas características da escrita de determinado punho.
OBJETIVOS
Identi�car os diversos tipos de traços.
Identi�car os elementos que compõem as letras.
Distinguir as etapas da escrita.
Classi�car os elementos da escrita.
Exempli�car tipos de causas modi�cadoras da escrita.
A ESCRITA E SEUS ELEMENTOS
O traço é a unidade grafotécnica, assim como a letra é a unidade do alfabeto. O registro do traço em movimento recebe
o nome de traçado, que será ascendente, descendente, sinistrovolvente (glossário) (traçado com sentido para a
esquerda) ou destrovolvente (glossário) (traçado com sentido para a direita).
Durante a formação do traço, ocorre a atuação de duas forças exercidas pelo punho escritor: vertical (glossário) e
lateral (glossário).
O estudo da progressão está relacionado com a velocidade grá�ca, ou seja, se a escrita é rápida ou
morosa.
A progressão também determina a direção da escrita, se é ascendente, descendente, sinistrovolvente
ou destrovolvente.
Saiba mais
, Grama: outro nome dado ao traço; 
Lançamento grá�co: outro nome dado ao traçado.
Tipos de Traços
• Retilíneos: quando retos;
• Curvilíneos: sob a forma de arcos. Podem ser ascendentes ou descendentes, à direita ou à esquerda.
Fonte da imagem: acervo particular de Luciano Viana
No sentido da progressão, as curvas dos traçados podem ser:
Também existem os traços “indecisos” e “oscilantes”.
ATAQUES, REMATES E LIGAÇÕES
Todo traçado ou lançamento tem:
NORMAIS
O escritor toca com a pena o papel e, progressivamente exerce a pressão.
SULCADOS
O escritor inicia o traço com forte pressão, havendo abertura imediata dos bicos das penas,
ou forte descarga de massa de tinta.
ENSAIADOS
Antes de iniciar o traço, o escritor realiza vários movimentos no ar, chegando, às vezes, a
pena a tocar levemente no papel, marcando neste, vários �letes, quase sempre com direção
espiralada.
EM PONTO DE REPOUSO
Ao iniciar o traço, o escritor descansa a pena no suporte, demorando-se uma fração de
tempo. A tinta escorre da pena, registrando a marca.
GANCHOSOS OU ANELADOS
O movimento de produção do traço é precedido de outro de pequena extensão, em ligeiras
curvas laterais (à direita, à esquerda, superior e inferior).
COLCHETES EM TORÇÃO (ARPÕES)
Antes de começar o traço propriamente dito, o escritor realiza pequenos movimentos
laterais, que, quando registrados no papel, formam “colchetes”, conforme a situação dos
traços, as torções serão para a direita, para a esquerda, superior ou inferior.
EVANESCENTES
Extremamente leves ganhando pressão progressivamente.
Saiba mais
, Evanescente: que tende a desaparecer.
Exemplo
, Exemplo de vários tipos de ataques:,
LIGAÇÕES
As ligações ascendentes podem ser em guirlanda e em arcada.
Já as ligações laterais podem ocorrer no topo ou na base do traçado.
Saiba mais
, Linha de impulso e Cetra
A linha de impulso é um traço longo que precede a formação do lançamento. A cetra é um traço
ornamental existente no remate que conclui o lançamento, sobretudo nas assinaturas.,
Fonte da imagem: acervo particular de Luciano Viana
, , Traços ornamentais
São acessórios adicionados a determinadas letras, com interesse estético. Aparecem, mais
frequentemente, nos ataques e remates.
ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS LETRAS:
Não passantes: quando não existe nenhum traço acima ou abaixo do corpo da letra.
Passantes superiores: traços superiores ao corpo da letra. Pode ser em laçada ou em haste.
Passantes inferiores: traços localizados abaixo do corpo da letra. Também em laçada (glossário) ou em haste.
Dupla passante.
Presilha (glossário).
Dupla presilha.
Anel.
Platô.
Traços complementares:
O pingo do “i” e do “j”;
A cedilha do “c”;
O corte do “t” e o til (~).
Exemplo
, Passantes Superior e Inferior,
Fonte da imagem: acervo particular de Luciano Viana
ELEMENTOS DA ESCRITA
A Escrita é composta pelos seguintes elementos:
DINÂMICOS (GÊNESE GRÁFICA)
Também chamado de gênese grá�ca, é a sucessão de movimentos determinados pelos
impulsos celebrais e que dão origem à forma grá�ca, por isso é o elemento dinâmico.
É especí�co e inerente a cada punho e depende das condições psicossomáticas de cada
indivíduo. Portanto, não existem duas pessoas com movimentos iguais.
Todo movimento tem as seguintes características:
• Início: ataque do lançamento;
• Projeção: refere-se à evolução do lançamento;
• Intensidade: relacionada à pressão do punho escritor;
• Aceleração: relativo à velocidade;
• Direção: determinada pelo alinhamento dos traçados;
• Duração: é o andamento, determinado pelos momentos grá�cos;
• Cessação: é o remate do registro.
ESTÁTICOS (FORMA GRÁFICA)
É o desenho, o feitio da escrita, criado pelo movimento (a gênese grá�ca). É elemento
genérico, sendo, consequentemente, comum a tantos quantos escreverem utilizando o
mesmo tipo de alfabeto.
FORMAIS (OBJETIVOS E SUBJETIVOS)
Elementos Objetivos — Andamento grá�co
Entende-se como o comportamento da escrita aquilo que é determinado pelo momento
grá�co.
O momento grá�co é determinado pelos traçados feitos com o mesmo lançamento
ininterrupto. O número de momentos grá�cos de uma palavra, por exemplo, é determinado
pela quantidade de traçados feitos sem interrupções. 
As interrupções são causadas pelo levantamento do instrumento escritor do papel, quando
o referido instrumento perde o contato com o papel.
Consequentemente, a análise do andamento grá�co nada mais é do que determinar o
número de momentos grá�cos de um gra�smo.
Atenção
, Gênese x Forma Grá�ca
Não se pode confundir escritas com formas semelhantes e escritas com gêneses harmônicas. Nos
disfarces, por exemplo, as formas dos caracteres são semelhantes, entretanto, há con�ito na gênese,
uma vez que os escritos original e fraudulento terão sido grafados por autores distintos. 
Evidentemente, ao escrever, o autor do escrito original terá movimentação de punho e mão diferente
do autor da peça fraudulenta, ainda que haja semelhança no desenho (forma grá�cas) entre ambas as
gra�as.
Na imitação, o falsário imita a forma (desenho) e não a gênese (movimentação do punho ao
escrever).
No exemplo abaixo temos 7 momentos grá�cos:
Fonte da imagem: acervo particular de Luciano Viana
INCLINAÇÃO AXIAL
Trata-se do comportamento dos eixos gramaticais (glossário). É a direção do traço. Cada letra ou grama tem uma
inclinação própria. Pode ser:
Verticalizada;
Inclinada para direita;
Inclinada para a esquerda;
Reversão: diferente das demais letras.
Para se reconhecer essa direção, pode-se recorrer a um artifício: faz-se a projeção de linhas retas, acompanhando a
direção de cada traço. Tais traços são os eixos gramáticos, os quais, no conjunto, nos dão a inclinação axial.
Fonte da imagem: acervo particular de Luciano Viana
ALINHAMENTOS GRÁFICOS
Em regra, as palavras se alinham às pautas impressas ou imaginárias.
LINHAS DE PAUTA
São traços retilíneos, imaginários, impressos, desenhados ou vistos por transparência, que visam orientar a direção das
palavras.
Exemplo de texto alinhado à pauta
LINHAS DE BASE
Exemplo de alinhamento de base:a
É aquela que orienta o alinhamento de cada vocábulo, isoladamente. É tirada da base do primeiro grama minuscular ao
último.
Com relação ao alinhamento grá�co, as escritas podem ser: 
• Alinhada/apoiada na linha de pauta;
• Acima da linha de pauta;
• Ascendente;
• Descendente;
• Sobre a linha de pauta;
• Sob a linha de pauta;
• Atravessando a linha de pauta; e 
• Irregular
ESPAÇAMENTOS GRÁFICOS
Existemquatro tipos de espaçamento:
CARACTERÍSTICOS DE GRANDEZA
A escrita também pode ser considerada quanto ao seu calibre, quanto à extensão das passantes, ao desenvolvimento
lateral e quanto à relação de proporcionalidade gramatical.
Fonte:
Calibre
Diz respeito à altura das minúsculas não passantes. É a altura do corpo da letra. Existem letras de grande calibre,
médio ou pequeno, conforme as medições a seguir:
galeria/aula2/img/slider01.jpg
Intergramáticos
Distância entre os traços.
galeria/aula2/img/slider02.jpg
Interliterais
Distância entre as letras.
galeria/aula2/img/slider03.jpg
Intervocabulares
Distância entre as palavras.
galeria/aula2/img/slider04.jpg
Interlineares
Distâncias entre as linhas de um contexto (papel sem pauta).
EXTENSÃO DOS PASSANTES
Podem ser longas ou curtas, superiores ou inferiores. Elas se projetam consoante os
impulsos habituais do escritor e podem variar quando consideradas uma em relação à outra,
de acordo com sua localização no vocábulo e na linha.
Fonte das imagens: acervo particular de Luciano Viana
DESENVOLVIMENTO LATERAL
Compreende a expansão dos traços lançados à direita ou à esquerda. Os círculos abrem-se
nas escritas de grande desenvolvimento e os traços laterais, principalmente os de ligação,
prolongam-se. Quando ocorre compressão desses traços, tem-se a escrita aglutinada.
Fonte das imagens: acervo particular de Luciano Viana
RELAÇÃO DE PROPORCIONALIDADE GRAMATICAL
Referem-se ao tamanho dos gramas ou caracteres, quando comparados uns com os outros.
Confrontam-se:
• As maiúsculas com as minúsculas não passantes;
• As minúsculas não passantes com suas respectivas passantes;
• As passantes entre si.
Fonte das imagens: acervo particular de Luciano Viana
LIMITANTES VERBAIS OU GRAMATICAIS
São pequenas linhas que delimitam as bases e topos dos gramas. Nas bases, estão as
limitantes verbais inferiores; nos topos, as superiores.
GLADIOLAGEM
Ocorre quando as limitantes superiores e inferiores fecham-se progressivamente.
Fonte das imagens: acervo particular de Luciano Viana
VALORES ANGULARES E CURVILÍNEOS
A escrita realiza-se em curvas ou ângulos, que podem ser assinalados e medidos. Em
alguns escritos, predominam as formações curvilíneas, noutros, as angulares.
Fonte das imagens: acervo particular de Luciano Viana
Atenção
, Elementos subjetivos
consistem no aspecto geral da escrita e na qualidade do traço que, por sua vez, depende do grau de
habilidade de punho, do ritmo da escrita, da velocidade e do dinamismo grá�co.
Contrariamente aos objetivos, os elementos subjetivos não podem ser demonstrados, embora
sentidos pelo examinador.
ETAPAS DA ESCRITA
Assim como o homem, durante sua existência, passa por etapas de desenvolvimento (infância, adolescência,
maturidade e velhice), a escrita (ou o gesto grá�co) passa por um processo evolutivo, que pode ser classi�cada em
quatro etapas diferentes:
Escrita canhestra;
Escrita escolar;
Escrita automatizada; e
Escrita senil.
Fonte:
A �xação de cada período evolutivo da escrita é difícil, pois esta não acompanha a progressão do desenvolvimento do
homem.
Características de cada etapa da escrita
ESCRITA CANHESTRA
✔ Traçado inexpressivo e arrastado;
Ocorre malformação das letras;
✔ Indecisão na orientação do lançamento; e
✔ Pressão exagerada.
ESCRITA ESCOLAR
✔ Caligrafada;
✔ Existe a preocupação de ser legível; e
✔ Feita com velocidade reduzida.
ESCRITA AUTOMATIZADA
✔ Ocorre o abandono do modelo escolar;
✔ Há ganho de velocidade na escrita;
✔ Introdução dos modismos particulares.
ESCRITA SENIL
✔ Ocorre a perda da tonicidade dos músculos (braços e mãos);
✔ Retardamento dos impulsos cerebrais;
✔ Consequentemente, é produzida com certa di�culdade;
✔ São eivados de tremores e indecisões.
Entretanto, a gra�a preserva certa elegância.
Fonte:
Cabe ressaltar que não há uma estimativa para a duração da escrita automatizada, ocasião em que a escrita encontra-
se em seu auge.
CAUSAS MODIFICADORAS DA ESCRITA
1. INVOLUNTÁRIAS
Podem ser:
• Normais: São as que dizem respeito à própria evolução e posterior involução do gesto
grá�co.
• Acidentais: Alteração da escrita provocada por causas que independem da vontade do
escritor. Essas causas são de duas naturezas:
• Intrínsecas: Emoção, euforia, depressão, pavor, atenção, ira, embriaguez.
• Extrínsecas: Alheias ao sistema produtor da escrita (cerebral e muscular), tais como mau
estado do instrumento escrevente, posição incômoda no ato de escrever, suporte
inadequado, iluminação inadequada, calor, frio etc.
2. VOLUNTÁRIAS
São as modi�cações que o autor introduz na sua escrita habitual propositalmente, seja para
disfarçá-la ou para imitar a escrita de terceiros.
3. PATOLÓGICAS
Acarretam deformações na estrutura da escrita e podem ser passageiras ou irreversíveis,
dependendo da natureza e da intensidade. São exemplos de causas patológicas o tremor
vertical próprio do alcoolismo crônico, o tremor horizontal típico das escritas envelhecidas e
da doença conhecida como Mal de Parkinson.
Atenção
, As deformações provocadas pelas causas involuntárias normais são paulatinas e lentas. As que
resultam das patológicas são imediatas e profundas.
ATIVIDADE:
Assista ao �lme Prendam-me se for capaz, baseado no livro autobiográ�co de Frank William Abagnale Jr., que se
tornou um dos criminosos mais procurados dos Estados Unidos ao distribuir mais de 2,5 milhões de dólares em
cheques fraudulentos em 26 países, além de assumir diversas identidades falsas.
Foi preso na França, em 1969, onde �cou por 6 meses. Posteriormente, foi extraditado para a Suécia, onde �cou 01 ano
preso. Em seguida, foi deportado para os EUA, onde foi sentenciado a 12 anos de prisão, mas liberado em 1974 sob a
condição de colaborar com o governo americano no combate às fraudes monetárias.
Atualmente, Abagnale dirige a Abagnale & Associates, por meio da qual presta consultoria contra fraudes.
Resposta Correta
Questão 1: São classi�cados como tipos de traços ou traçado:
Traçados escolar e senil
Linhas axiais e gladiolagem
Linhas de base e de pauta
Arcada ou guirlanda
Traços intergramaticais e intervocabulares
Justi�cativa
Questão 2: “Antes de iniciar o traço, o escritor realiza vários movimentos no ar”. Trata-se de um ataque:
Ensaiado
Normal
Sulcado
Ganchos
Evanescente
Justi�cativa
Questão 3: “É um traço longo que precede a formação do lançamento”. Tal assertiva refere-se à(s)/ao(s):
Cetras
Ligações
Linha de impulso
Traço ornamental
Passante
Justi�cativa
Questão 4: “É a sucessão de movimentos determinados pelos impulsos celebrais sendo especí�co e inerente a cada
punho”. Tal assertiva refere-se à(s)/ao(s):
Forma grá�ca
Andamento Grá�co
Elemento formal objetivo
Elemento formal subjetivo
Gênese grá�ca
Justi�cativa
Questão 5: É relativo à distância entre as palavras:
Espaçamento intergramatical
Espaçamento interliteral
Espaçamento intervocabular
Espaçamento interlinear
Andamento grá�co
Elemento formal objetivo
Elemento formal subjetivo
Gênese grá�ca
Justi�cativa
Glossário
SINISTROVOLVENTE
Traçado que progride à esquerda.
DESTROVOLVENTE
Traçados que progridem à direita.
VERTICAL
A força vertical está relacionada à pressão exercida pelo peso do punho do escritor sobre o
instrumento escritor na confecção do traçado pode ser forte, média ou fraca.
LATERAL
Já a força lateral é relativa à progressão ou projeção do traço.
PRESILHA
[Documentoscopia]: pequeno traçado em formato elíptico (anel) ou aselha.
LAÇADA
[Documentoscopia]: traçado em formato elíptico, geralmente, de maior extensão que a presilha.
EIXOS GRAMATICAIS
referente ao eixo imaginário vertical das letras detentores de haste ou laçadas.