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Transplantes Comércio de Órgãos O que são transplantes? Tecido ou órgão retirado cirurgicamente de qualquer lugar de um corpo e colocado em outro corpo. Leis, decretos e portarias Gerais Rins-Pâncreas Outros Classificação quanto a origem: • Xenotransplante; • Alotransplante intervivos; • Alotransplante de doador cadáver. • Goldim, J.R. Xenotransplante Caso Baby Fae Em 1984, uma paciente pediátrica, em estado terminal, por problemas cardíacos, recebeu um transplante de coração de babuíno no Loma Linda University Medical Center/EEUU. Os cientistas sabiam que o coração transplantado não poderia ajudá-la mais que alguns poucos dias. A paciente sobreviveu apenas 20 dias. Bailey LL, Nehlsen C, Sandra L, Concepcion W, Jolley WB. Baboon- to-human cardiac xenotransplantation in a neonate. JAMA. 1985;254(23):3321-3329 Kushner TK, Belliotti R. Baby Fae: a beastly business. Journal of Medical Ethics 1985;11(4):178-183 Transplante intervivos Transplante com doador morto Lei n.9.434, de 4 de fevereiro de 1997 Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Lei n.9.434, de 4 de fevereiro de 1997 (com as alterações da Lei 10211, de 23 de março de 2001) CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ART.1 - A disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou "post mortem", para fins de transplante e tratamento, é permitida na forma desta Lei. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, não estão compreendidos entre os tecidos a que se refere este artigo o sangue, o esperma e o óvulo. Art. 2º A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano só poderá ser realizada por estabelecimento de saúde, público ou privado, e por equipes médico-cirúrgicas de remoção e transplante previamente autorizados pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde. Parágrafo único. A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde. Transplante Intervivos Pessoa juridicamente capaz pode dispor gratuitamente de T/O/PCH para fins terapêuticos: Em cônjuges ou parentes consanguíneos até o 4º grau, inclusive, ou em qualquer outra pessoa mediante autorização judicial. Art. 15. Comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano: Pena- reclusão, de três a oito anos, e multa. § 3º Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora. § 4º O doador deverá autorizar, preferencialmente por escrito e diante de testemunhas, especificamente o tecido, órgão ou parte do corpo objeto da retirada. Autorização Campanha contra o “Boa noite Cinderela” Decreto 2.268, de 30 de junho de 1997 Seção II Da Disposição do Corpo Vivo Art. 15. Qualquer pessoa capaz, nos termos da lei civil, pode dispor de tecidos, órgãos e partes de seu corpo para serem retirados, em vida, para fins de transplantes ou terapêuticos; (...) §4º O doador especificará, em documento escrito, firmado também por duas testemunhas, qual tecido, órgão ou parte do seu corpo está doando para transplante ou enxerto em pessoa que identificará, todos devidamente qualificados, inclusive quanto à indicação de endereço. §5º O documento de que trata o parágrafo anterior, será expedido, em duas vias, uma das quais será destinada ao órgão do Ministério Público em atuação no lugar de domicilio do doador. §6º Excetua-se do disposto nos §§2º, 4º e 5º a doação de medula óssea. “Doação Compulsória” de Órgãos para Transplantes Uma nova e surpreendente estratégia de captação de órgãos para transplante foi apresentada na Câmara dos Deputados pelo Deputado Federal Irapuan Teixeira, através de um projeto de lei (PL3857/2004), em 24 de maio de 2004. Esta proposta introduz a pena física de doação compulsória de órgãos. Caso seja aprovada, quem for condenado em dois ou mais homicídios dolosos, com pena igual ou superior a 30 anos de reclusão terá que doar compulsoriamente um rim, pulmão, córnea, um terço de seu fígado ou medula, supostamente óssea. No mesmo texto está estabelecido que “a escolha do órgão a ser compulsoriamente doado dependerá da necessidade das filas de transplante e da compatibilidade entre doador e receptor”. Goldim, J. § 5º A doação poderá ser revogada pelo doador ou pelos responsáveis legais a qualquer momento antes de sua concretização. § 6º O indivíduo juridicamente incapaz, com compatibilidade imunológica comprovada, poderá fazer doação nos casos de transplante de medula óssea, desde que haja consentimento de ambos os pais ou seus responsáveis legais e autorização judicial e o ato não oferecer risco para a sua saúde. § 7º É vedado à gestante dispor de tecidos, órgãos ou partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de doação de tecido para ser utilizado em transplante de medula óssea e o ato não oferecer risco à sua saúde ou ao feto. § 8º O auto-transplante depende apenas do consentimento do próprio indivíduo, registrado em seu prontuário médico ou, se ele for juridicamente incapaz, de um de seus pais ou responsáveis legais. Lei.9434/97 CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES Art. 10. O transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do receptor, assim inscrito em lista única de espera, após aconselhamento sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento. § 1º Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas condições de saúde impeçam ou comprometam a manifestação válida de sua vontade, o consentimento de que trata este artigo será dado por um de seus pais ou responsáveis legais. § 2º A inscrição em lista única de espera não confere ao pretenso receptor ou à sua família direito subjetivo a indenização, se o transplante não se realizar em decorrência de alteração do estado de órgãos, tecidos e partes, que lhe seriam destinados, provocado por acidente ou incidente em seu transporte. ” (...) Art. 18. Realizar transplante ou enxerto em desacordo com o disposto no art. 10 desta Lei e seu parágrafo único: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. DAS SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS Seção I Dos Crimes Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as disposições desta Lei: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º Se o crime é praticado em pessoa viva, e resulta para o ofendido: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de três a dez anos, e multa. § 3º Se o crime é praticado em pessoa viva, e resulta para o ofendido: I - incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de quatro a doze anos, e multa. § 4º Se o crime é praticado em pessoa viva e resulta morte: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, e multa. Transplante de doador morto Lei 9434 CAPÍTULO II DADISPOSIÇÃO POST MORTEM DE TECIDOS, ÓRGÃOS E PARTES DO CORPO HUMANO PARA FINS DE TRANSPLANTE http://www.bioetica.ufrgs.br/codcivil.htm http://www.camara.gov.br/Sileg/Prop_Detalhe.asp?id=259172 Art. 3º A retirada post-mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. Decreto n. 2268/97 Capítulo IV DA RETIRADA DE PARTES Seção I Da Comprovação da Morte Art. 16. A retirada de tecidos, órgãos e partes poderá ser efetuada no corpo de pessoas com morte encefálica. §1º O diagnóstico de morte encefálica será confirmado, segundo os critérios clínicos e tecnológicos definidos em resolução do Conselho Federal de Medicina, por dois médicos, no mínimo, um dos quais com título de especialista em neurologia, reconhecido no País. (...) §3º Não podem participar do processo de verificação de morte encefálica médicos integrantes das equipes especializadas autorizadas, na forma deste Decreto, a proceder à retirada, transplante ou enxerto de tecidos, órgãos e partes. O que é a morte? O que é a morte encefálica? Diagnóstico da realidade da morte • Segundo Borri: Fenômenos abióticos, avitais ou vitais negativos; • Imediatos: Perda da consciência; da sensibilidade; abolição da motilidade e do tono muscular; cessação da respiração; circulação e atividade cerebral. • Consecutivos: Desidratação (decréscimo do peso, pergaminhamento da pele, dessecamento das mucosas dos lábios, modificação do globo ocular); Esfriamento cadavérico; Rigidez cadavérica. Transformativos. • Destrutivos: autólise; putrefação; maceração; • Conservadores: Mumificação; Saponificação; Calcificação, entre outros.. França, GV (2004) Conselho Federal de Medicina Critérios para a Caracterização de Morte Encefálica RESOLUÇÃO N.º 1.480 8 DE agosto DE 1997 Art. 1º. A morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias. (...) Art. 3º. A morte encefálica deverá ser consequência de processo irreversível e de causa conhecida. Art. 4º. Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte encefálica são: coma a perceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia. Art. 6º. Os exames complementares a serem observados para constatação de morte encefálica deverão demonstrar de forma inequívoca: a) ausência de atividade elétrica cerebral ou, b) ausência de atividade metabólica cerebral ou, c) ausência de perfusão sanguínea cerebral. Córtex cerebral: Responsável pelas funções de: Pensamento, Movimento voluntário, Linguagem, Julgamento e Percepção. Mesencéfalo: Responsável pelas funções de: Visão, Audição, Movimento dos Olhos e Movimento do Corpo. Tronco Encefálico: Responsável pelas funções de: Respiração, Ritmo dos batimentos cardíacos e Pressão Arterial. Cerebelo: Responsável pelas funções de: Movimento, Equilíbrio e Postura Comprovação da morte encefálica CFM 1 º teste clínico Intervalo 6 - 48 horas de acordo com a idade 2 º teste clínico Documentação diagnóstica Decreto 2 médicos não envolvidos com equipes de remoção ou transplante. Pelo menos um neurologista Morte Encefálica (ME): • É a definição legal de morte. Sendo conceituada como a interrupção completa e irreversível de todas as funções cerebrais, mesmo na presença de atividade cardíaca ou reflexos primitivos • Principais Causas: – Poli traumatizados com TCE; – Acidente vascular cerebral (AVCH /AVCI); – Tumores cerebrais primários; – Anóxia cerebral (afogamentos, pós-parada cardiorrespiratória); – Intoxicação exógena. • Importância: – Estabelecer o plano terapêutico e evitar terapias inúteis; http://www.bioetica.ufrgs.br/cfmmorte.htm http://www.bioetica.ufrgs.br/cfmmorte.htm – Fornecer informações seguras aos familiares; – Reduzir custos e otimizar a ocupação dos leitos do CTI; – Oferecer à família a opção pela doação de órgãos. • Conclusão: • A constatação do óbito se dá no momento da conclusão do protocolo, o que pode ser no momento da segunda avaliação clínica, ou do exame complementar (prevalece aquele que for realizado por último). • Os familiares serão obrigatoriamente informados do início do procedimento para a verificação de morte encefálica. • É admitida a presença de médico de confiança da família no ato de comprovação e atestação da morte encefálica. • Todos os estabelecimentos de saúde devem comunicar a CNCDO, em caráter de urgência, o diagnóstico de morte encefálica. • Se não dispuser de condições para a comprovação de morte encefálica ou para a remoção de O/T/PCH, a CNCDO acionará profissionais habilitados para efetuarem ambos procedimentos Se houver necessidade de necropsia • A remoção de O/T/PCH pode ser efetuada antes da necropsia, • Se não houver relação com a causa mortis. Deve ser mencionada • No relatório, com cópia, que acompanhará o corpo ao IML. • A remoção depende de autorização expressa do médico legista: • Morte sem assistência médica • Morte de causa mal definida ou que necessite ser • Esclarecida diante da suspeita de crime. A questão da Doação de órgãos de anencéfalos... RESOLUÇÃO Nº 1.949, DE 10 DE JUNHO DE 2010, que dispõe sobre a autorização ética do uso de órgãos e/ou tecidos de anencéfalos para transplantes prévios dos pais. Revoga a Resolução CFM nº 1.752/04 que autorizava o transplante de órgãos de anencéfalos Doação post mortem Consentimento informado: cônjuge ou familiar até 2º grau e duas testemunhas se juridicamente incapaz: ambos pais, se vivos ou os responsáveis legais pessoas não identificadas: não podem ser doadoras as manifestações de vontade relativas a vontade “postmortem” de O/T/PCH, constantes da carteira de identidade e da CNH, perdem sua validade a partir de 01 de março de 2001. Como funcionam as Centrais de Transplantes 1. O receptor preenche uma ficha e faz exames para determinar suas características sangüíneas, da estatura física e antigênicas (o caso dos rins) 2. Os dados são organizados em um programa de computador. A ordem cronológica é usada principalmente como critério de desempate; 3. Quando aparece um órgão, ele é submetido a exames e os resultados são enviados para o computador; 4. O programa faz o cruzamento entre os dados de doador e receptor e apresenta dez opções mais compatíveis com o órgão; 5. Os dez pacientes não são identificados pelo nome para evitar favorecimento. Só suas iniciais e números são mostrados. Nesta etapa, todos os profissionais da central têm acesso ao cadastro; 6. O laboratório refaz vários exames e realiza outros novos com material armazenado desse receptor. Nesse momento, o receptor ainda não é comunicado; 7. A nova bateria de exames aponta o receptor mais compatível. Nessa etapa, o acesso ao cadastro fica restrito à chefia da central; 8. O médico do receptor é contatado para responder sobre o estado de saúde do receptor. Se ele estiver em boas condições, é o candidato a receber o novo órgão. Se não estiver bem de saúde, o processo recomeça; 9. O receptor é contatado e decide se deseja o transplante e em que hospital fará a cirurgia. • PE ocupa o 2º lugar no Brasil em transplantes de coração e medula óssea. • É o primeiro no Norte-Nordeste em transplantes de coração, rim e medula óssea • Em 2016 houve queda no número de transplantes: O de coração caiu 22% • O de córnea aumentou Comércio de dentes!!! No Vivo ou no Morto Dos crimes contra o respeito aos mortos Violação de sepultura Art.210.Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: Pena – reclusão, de 1-3 anos, e multa. Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Art.211. Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de 1-3 anos, e multa Vilipêndio a cadáver Art.212. Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena – detenção, de 1-3 anos, e multa. BANCO DE DENTES Utopia ou Realidade AUTONOMIA: Há situações que terminam em verdadeiros dilemas!!! OUTRAS QUESTÕES QUE ASSUMEM RELEVÂNCIA NO ÂMBITO DA SAÚDE: • EUTANÁSIA E SUICÍDIO ASSISTIDO; • UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS REPRODUTIVAS; • ABORTO; • A PRESERVAÇÃO DE INFORMAÇÕES; • TRANSFUSÃO DE SANGUE EM GRUPOS RELIGIOSOS; • , ETC. O que é a eutanásia? Qual é a diferença entre a eutanásia e o suicídio assistido? A eutanásia não é a garantia de uma morte digna? Será que as pessoas devem ser forçadas a permanecerem vivas pelo avanço da medicina atual? As pessoas não deveriam ter o direito a cometer suicídio? A eutanásia não seria só a pedido do paciente, não seria sempre voluntária? A eutanásia não se poderia tornar num meio para conter os custos dos sistemas de saúde? Eutanásia • Termo de origem grega (eu + thanatos) que significa boa morte ou morte sem dor. • Tema polêmico, havendo países com legislação definida sobre a sua prática e outros países que a refutam categoricamente por motivos diversos. • Em sentido amplo é a morte suave, sem sofrimento físico; em sentido estrito, é a ação de pôr termo voluntariamente e de forma indolor à vida de uma pessoa. • Motivos que levam à prática da eutanásia são: – A vontade do doente (normalmente desesperado com dores e com uma doença incurável); – O caso de doentes mentais cujos descendentes seriam nocivos para a sociedade (eutanásia eugênica); – Doentes crônicos incuráveis, senis, etc, cuja manutenção constitui uma carga para a sociedade ou seus familiares (eutanásia econômica). • Admitida por algumas culturas, a eutanásia é condenada pelo Judaísmo e pelo Cristianismo. • Os códigos penais modernos costumam considerar esta prática como um homicídio atenuado. • Caso distinto é o da eutanásia passiva ou ortotanásia, que consiste em pôr termo ao prolongamento artificial da vida humana reduzida já ao seu estádio meramente vegetativo e sem esperança alguma de recuperação. • Os defensores da eutanásia argumentam que cada pessoa tem o direito à escolha entre viver ou morrer com dignidade quando se tem consciência de que o estado da sua enfermidade é de tal forma grave, que não compensa viver em sofrimento até que a morte chegue naturalmente. • Quem condena a prática de eutanásia, utiliza frequentemente o argumento religioso de que só Deus tem o direito de dar ou tirar a vida e, portanto, o médico não deve interferir neste dom sagrado. • Distanásia: significa a prática de morte lenta e sofrida. Pode ser um termo contrário ao que acontece na eutanásia passiva. • Ortotanásia: indica a morte que acontece de forma natural. Eutanásia no Código Penal Brasileiro • A prática da eutanásia não é estipulada. Assim sendo, o médico que termina a vida de um paciente por compaixão comete o homicídio simples indicado no art. 121, sujeito a pena de 6 a 20 anos de reclusão. Isto porque o direito à vida é um direito considerado inviolável pela Constituição Federal. Apesar disso, esta é um tema bastante de alta complexidade, que tem sido abordado pela comissão de juristas que trabalha em um novo Código Penal. • A respeito da eutanásia, existem algumas "áreas cinza". No Estado de São Paulo, por exemplo, a lei 10241 de 1999, confere o direito ao usuário de um serviço de saúde de rejeitar um tratamento que seja doloroso que sirva para o prolongamento da sua vida. • Passiva: A morte do doente ocorre por falta de recursos necessários para manutenção das suas funções vitais (falta de água, alimentos, fármacos ou cuidados médicos). • Ativa: Acontece quando se apela a recursos que podem findar com a vida do doente (injeção letal, medicamentos em dose excessiva, etc.). Suicídio Assistido Quando uma pessoa solicita o auxílio de outro individuo Atos (prescrição de doses altas e indicação de uso de medicações) Passiva (persuasão e encorajamento) Jack Kevorkian definiu uma doença terminal como “qualquer doença que encurte a vida nem que seja em um só dia”. Terri Schiavo BIOÉTICA E A REPRODUÇÃO HUMANA Reprodução Assistida RESOLUÇÃO CFM nº 1.957/2010 1 - As técnicas de reprodução assistida (RA) têm o papel de auxiliar na resolução dos problemas de reprodução humana, facilitando o processo de procriação quando outras terapêuticas tenham se revelado ineficazes ou consideradas inapropriadas. 2 - As técnicas de RA podem ser utilizadas desde que exista probabilidade efetiva de sucesso e não se incorra em risco grave de saúde para a paciente ou o possível descendente. 3 - O consentimento informado será obrigatório a todos os pacientes submetidos às técnicas de reprodução assistida, inclusive aos doadores. Os aspectos médicos envolvendo as circunstâncias da aplicação de uma técnica de RA serão detalhadamente expostos, assim como os resultados obtidos naquela unidade de tratamento com a técnica proposta. As informações devem também atingir dados de caráter biológico, jurídico, ético e econômico. O documento de consentimento informado será expresso em formulário especial e estará completo com a concordância, por escrito, das pessoas submetidas às técnicas de reprodução assistida. 4 - As técnicas de RA não devem ser aplicadas com a intenção de selecionar o sexo (sexagem) ou qualquer outra característica biológica do futuro filho, exceto quando se trate de evitar doenças ligadas ao sexo do filho que venha a nascer. 5 - É proibida a fecundação de oócitos humanos com qualquer outra finalidade que não a procriação humana. 6 - O número máximo de oócitos e embriões a serem transferidos para a receptora não pode ser superior a quatro. Em relação ao número de embriões a serem transferidos, são feitas as seguintes determinações: a) mulheres com até 35 anos: até dois embriões); b) mulheres entre 36 e 39 anos: até três embriões; c) mulheres com 40 anos ou mais: até quatro embriões. 7 - Em caso de gravidez múltipla, decorrente do uso de técnicas de RA, é proibida a utilização de procedimentos que visem à redução embrionária USUÁRIOS: Toda mulher, capaz, que tenha solicitado, esteja indicada e que tenha concordado de maneira livre e consciente em documento de consentimento informado. Estando casada ou em união estável, será necessária a aprovação do cônjuge ou do companheiro, após processo semelhante de consentimento informado. REFERENTE ÀS CLÍNICAS, CENTROS OU SERVIÇOS QUE APLICAM TÉCNICAS DE RA • São responsáveis pelo controle de doenças infectocontagiosas, coleta, manuseio, conservação, distribuição e transferência de material biológico humano para a usuária de técnicas de RA, devendo apresentar como requisitos mínimos: 1 - um médico responsável por todos os procedimentos médicos e laboratoriais executados. 2 - um registro permanente das gestações, nascimentos e malformações de fetos ou recém-nascidos, provenientes das diferentes técnicas de RA aplicadas na unidade, bem como dos procedimentos laboratoriais na manipulação de gametas e pré- embriões. 3 - um registro permanente das provas diagnósticas a que é submetido o material biológico com a finalidade precípua de evitar a transmissão de doenças. DOAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES 1 - A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial; 2 - Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa; 3 - Será mantido o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e pré-embriões, assim como dos receptores. DOAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES 4 – Os serviços que empregama doação devem manter um registro de dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores. 5 - A escolha dos doadores é de responsabilidade da unidade. Garantir que o doador tenha a maior semelhança fenotípica e imunológica e a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora. 6 - O médico responsável pelo serviço, e os integrantes da equipe multidisciplinar não podem participar como doadores nos programas de RA. CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES • Os serviços podem criopreservar espermatozoides, óvulos e pré-embriões. • O número total de pré-embriões produzidos em laboratório será comunicado aos pacientes, para que se decida quantos pré-embriões serão transferidos a fresco, devendo o excedente ser criopreservado, não podendo ser descartado ou destruído. • No momento da criopreservação, os cônjuges ou companheiros devem expressar sua vontade, por escrito, quanto ao destino que será dado aos pré-embriões criopreservados, em caso de divórcio, doenças graves ou de falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam doá-los. SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO (DOAÇÃO TEMPORÁRIA DO ÚTERO) Desde que exista um problema médico que impeça ou contra-indique a gestação na doadora genética. As doadoras devem ter um parentesco até o segundo grau, sendo os demais casos sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina. A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial. Outros países, como os Estados Unidos, consideram que é aceitável o pagamento da mãe substitutiva. ABORTO Definido pela medicina como o nascimento de um feto com menos de 500g ou antes de 20 semanas completadas de idade gestacional no momento da expulsão do útero, não possuindo nenhuma probabilidade de sobrevida; 21.6 milhões de abortos inseguros (2008); Taxa de 14/1000 mulheres com idade entre 15-44 anos; A África Oriental e Central apresenta as mais altas taxas de aborto inseguro (47.000 mortes por aborto inseguro por ano). No Brasil: Estima-se que de 800 mil a 1 milhão de brasileiras façam o procedimento por ano, muitas delas em condições desumanas, com o uso de talo de couve, de agulha de crochê e até de aspirador de pó para a retirada do feto; 300 mulheres morrem anualmente no Brasil por cometerem o aborto ilegal; Oscila entre a terceira e quarta causa de morte. São em média 2,7 mil abortos por dia. Por hora, cerca de 115. Ricas ou pobres, elas encontram na clandestinidade o apoio para dizer não a uma gravidez indesejada. São, perante as leis brasileiras, criminosas, com risco de pena pelo delito de um a três anos de detenção; Para muitas, a prisão está na culpa carregada pelo resto da vida ou nas sequelas sentidas pelo corpo, entre elas, a perda do útero. Polêmico, o assunto é questão de saúde pública e o Brasil começa a dar seus passos para retirá-lo do Código Penal e torná-lo um direito da mulher; Em 2006: 77,2 óbitos por 100mil nascidos vivos, incompatível com o nosso nível de desenvolvimento Com a reforma do CPB, o CFM manifestou apoio à autonomia da mulher em abortar até a 12ª semana de gestação. Antes disso, o Conselho Federal de Psicologia já havia se manifestado a favor da descriminalização do aborto, em junho de 2012. Atualmente, o procedimento é permitido em casos de risco de vida para a mãe, de estupro comprovado ou em caso de fetos anencéfalos. Exclusão de Ilicitude Art. 128. Não constitui crime o aborto praticado por médico se: I - não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante; II - a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida; III - há fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais. § 1o. Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I, -consentimento da gestante ou de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro; Transfusões de Sangue Outros casos com implicações bioéticas: Células tronco Tipo de célula capaz de se diferenciar e constituir diferentes tecidos do organismo e também de se auto- replicar; Classificam-se em totipotentes ou embrionárias (diferenciam-se em todo os 216 tecidos, inclusive placenta e anexos embrionários), pluripotentes (diferenciam-se em quase todos os tecidos, menos pacenta e anexos embrionários), Oligopotentes (diferenciam-se em poucos tecidos) e Unipotentes (diferenciam-se em um único tecido); Funcionam como células coringa Onde ficam as células-tronco? As células-tronco totipotentes e pluripotentes (ou multipotentes) só são encontradas nos embriões. As totipotentes são aqueles presentes nas primeiras fases da divisão, quando o embrião tem até 16 - 32 células (até três ou quatro dias de vida). As pluripotentes ou multipotentes surgem quando o embrião atinge a fase de blastocisto (a partir de 32 -64 células, aproximadamente a partir do 5.o dia de vida). As Oligopotentes são encontradas no TGI e as Unipotentes no tecido cerebral adulto e na próstata O que torna a célula-tronco capaz de formar um tecido ou outro? A ordem ou comando que determina, durante o desenvolvimento do embrião humano, que uma célula-tronco pluripotente se diferencie em um tecido específico, como fígado, osso, sangue etc, ainda é um mistério que está sendo objeto de inúmeras pesquisas. O que é terapia com células-tronco? É uma terapia celular para tratar doenças e lesões através da substituição de tecidos doentes por células saudáveis. Por exemplo, o transplante de medula óssea para tratar pacientes com leucemia é um método de terapia celular já conhecido e comprovadamente eficiente. A medula óssea do doador contém células-tronco sanguíneas que vão fabricar novas células sanguíneas sadias. A terapia com células-tronco poderá no futuro tratar muitas doenças degenerativas, hoje incuráveis, causadas pela morte prematura ou mal funcionamento de tecidos, células ou órgãos (doenças neuromusculares, diabetes, doenças renais, cardíacas ou hepáticas). Como é o uso de células-tronco adultas? As células-tronco adultas são encontradas em vários tecidos (como medula óssea, sangue, fígado, polpa dentárea) de crianças e adultos, e também no cordão umbilical e na placenta. Entretanto, ainda não sabemos em que tecidos elas são capazes de se diferenciar. Um estudo recente com células-tronco retiradas da medula e injetadas no coração da própria pessoa, o autotransplante, sugere uma melhora aparente do quadro clínico em pessoas com insuficiência cardíaca. Mas a questão é se essas células são capazes de formar tecido cardíaco ou só promover uma neo-vascularização (fabricar novos vasos sangüíneos). De qualquer forma, a maior limitação quando usadas células da própria pessoa é que não serviria para portadores de doenças genéticas, pois o defeito está presente em todas as células daquela pessoa. Como é o uso de células-tronco de embriões? As pesquisas com células-tronco embrionárias estão sendo feitas nos países que permitem esses estudos. As células-tronco embrionárias têm o potencial de formar todos os tecidos humanos. Elas podem ser retiradas de: a) embriões excedentes que são descartados em clínicas de fertilização, por não terem qualidade para implantação ou por terem sido congelados por muito tempo; b) pela técnica de clonagem terapêutica. O que é clonagem terapêutica celular? É a transferência de núcleos de uma célula para um óvulo sem núcleo. Ela nada mais é do que um aprimoramento das técnicas hoje existentes para culturas de tecidos, que são realizadas há décadas. A grande vantagem é que, ao transferir o núcleo de uma célula de uma pessoa para um óvulo sem núcleo, esse novoóvulo ao dividir- se gera, em laboratório, células potencialmente capazes de produzir qualquer tecido. Isso abre perspectivas fantásticas para futuros tratamentos, porque hoje só é possível cultivar em laboratório células com as mesmas características do tecido de onde foram retiradas. A clonagem terapêutica teria a vantagem de evitar rejeição, se o doador fosse a própria pessoa. Cientistas coreanos anunciaram ter clonado embriões humanos, pela primeira vez, para obter células-tronco. Isso é clonagem terapêutica? Sim. O estudo confirmou a possibilidade de obter células-tronco pluripotentes com a clonagem terapêutica ou transferência de núcleos. O trabalho foi feito graças à participação voluntárias que doaram óvulos e células cumulus (células que ficam ao redor dos óvulos) para contribuir com as pesquisas. As células cumulus, que já são células diferenciadas, foram transferidas para os óvulos dos quais haviam sido retirados os próprios núcleos. Qual é a diferença entre clonagem terapêutica e clonagem reprodutiva? A clonagem reprodutiva humana, condenada por todos os cientistas, é a técnica pela qual pretende-se fazer uma cópia de um indivíduo. Nessa técnica, transfere-se o núcleo de uma célula, que pode ser uma célula de um adulto ou de um embrião, para um óvulo sem núcleo. Se o óvulo com esse novo núcleo começasse a se dividir, fosse transferido para um útero humano e se desenvolvesse, ter- se-ia uma cópia da pessoa de quem foi retirado o núcleo da célula. A diferença fundamental entre os dois procedimentos é que: 1). Na transferência de núcleos para fins terapêuticos as células são multiplicadas em laboratório para formar tecidos; 2) A clonagem reprodutiva humana requer a inserção em um útero humano. Com o impacto das descobertas, a ética médica se • Vê estimulada e se desenvolve em novos • E importantes capítulos. Quanto mais poderosa • E eficaz se torna a medicina, • Mais as normas de proteção • Do indivíduo devem ser rigorosas e bem conhecidas. IV – infringir a legislação que regula a utilização do cadáver para estudo e/ou exercícios de técnicas cirúrgicas; V – infringir a legislação que regula os transplantes de órgãos e tecidos post-mortem e do “próprio corpo vivo”; VI – realizar pesquisa em ser humano sem que este ou seu responsável, ou representante legal, tenha dado consentimento, por escrito, após devidamente esclarecido sobre a natureza e as consequências da pesquisa; VII – usar, experimentalmente sem autorização da autoridade competente, e sem o conhecimento e o consentimento prévios do paciente ou de seu representante legal, qualquer tipo de terapêutica ainda não liberada para uso no país; VIII – manipular dados da pesquisa em benefício próprio ou de empresas e/ou instituições. Algumas questões que nos confrontam diariamente: • Quais são as nossas responsabilidades para com os pobres? • Justifica-se que tratemos os animais como nada além de máquinas que produzem carne para a nossa alimentação?
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