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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
CIVIL
Competência
Livro Eletrônico
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Lídia Marangon
Competência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Apresentação . ............................................................................................................................3
Competência. ..............................................................................................................................4
Competência. ..............................................................................................................................4
Classificação da Competência . ................................................................................................7
Competência Internacional . ................................................................................................... 13
Cooperação Internacional ....................................................................................................... 16
Critérios de Distribuição da Competência . ........................................................................... 21
Competência em Razão da Matéria (Ratione Materiae) . ......................................................23
Competência em Razão da Pessoa (Ratione Personae) . .....................................................23
Competência em Razão do Valor da Causa . .........................................................................23
Competência em Razão do Território . ...................................................................................24
Competência da Justiça Federal.............................................................................................29
Competência da Justiça Federal em Razão da Pessoa . .......................................................29
Competência da Justiça Federal em Razão da Matéria . ......................................................33
Modificações da Competência . ...............................................................................................37
Conexão e Continência . ..........................................................................................................38
Conflito de Competência . ........................................................................................................39
Súmulas do STJ sobre Competência . ....................................................................................44
Súmulas do STJ sobre Continência . .......................................................................................49
Questões de Concurso . .......................................................................................................... 50
Gabarito ....................................................................................................................................62
Gabarito Comentado . ..............................................................................................................63
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Lídia Marangon
Competência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a)! Como está seguindo com a sua preparação? Torço para que este-
ja caminhando tudo dentro do planejado e que logo você alcance a sua tão sonhada aprova-
ção. Espero também que esteja gostando das nossas aulas. Conte comigo nessa jornada, que 
sei que é dura, mas que vale o esforço. Não se deixe abater pelo cansaço. Tome sua vitória 
como algo certo e siga em frente. O dia da sua nomeação e posse no cargo almejado tem um 
sabor inigualável. Vamos com força total. Aproveite esse tempo de estudo como uma forma 
de amadurecimento e de oportunidade. Lembre-se que muitos gostariam de estar no seu lu-
gar e ter a chance de estudar.
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Lídia Marangon
Competência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
COMPETÊNCIA
Não preciso nem comentar com vocês a importância desse tema, não é mesmo? Sendo 
assim, vamos começar!
CompetênCiA
Você lembra que na nossa última aula nós estudamos o conceito de jurisdição e eu co-
mentei que ela consiste no poder conferido ao Estado-Juiz de aplicar o Direito ao caso con-
creto? Pois bem! A jurisdição civil é exercida por todos os magistrados em todo o território 
nacional. Ocorre que, embora a jurisdição seja una, há necessidade de organizar a Justiça 
e distribuir o exercício dessa jurisdição aos órgãos judiciários, principalmente, em razão do 
tamanho do nosso país, que tem dimensões continentais.
Daí surge o conceito de competência, que é denominada por muitos doutrinadores de 
“medida da jurisdição”.
Podemos afirmar, desse modo, que a competência é o resultado de critérios utilizados 
para distribuir entre os órgãos as atribuições relativas ao desempenho da atividade jurisdicio-
nal. Consiste na medida, ou seja, no limite de poder atribuída a determinado ente, sob pena de 
juízes poderem atuar em qualquer processo que tramite em qualquer comarca do país.
A competência jurisdicional é, portanto, uma porção da jurisdição, ou seja, a quantidade 
de poder atribuído a um determinado juízo.
Certo, professora. Então como é feita a distribuição dessa competência?
Segundo Fredie Didier Jr., a competência se distribui por meio de normas constitucionais 
(inclusive constituições estaduais), legais, regimentais (distribuição interna da competência 
nos tribunais, feita pelos seus regimentos internos) e até mesmo negociais (foro de eleição). 
E ele tem razão. Veja o que diz o artigo 44 do CPC que confirma essa forma de distribuição da 
competência.
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Competência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determi-
nada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização 
judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados.
A competência é regida por alguns princípios:
O primeiro deles é a tipicidade, que significa que a competência tem que ser típica e pre-
vista por lei. Agora preste bastante atenção: embora a competência tenha que ser típica, ad-
mite-se o que se chama de competência implícita (implied power).
E em quais situações a competência implícita é admitida?
O STF admite que se reconheça a existência de competências implícitas quando não 
houver regra expressa, e por isso, algum órgão jurisdicional haverá de ter competência para 
apreciar a questão. É o caso, por exemplo, dos embargos de declaração em que não há regra 
constitucional prevendo como competência do STF ou STJ o julgamento dos embargos de 
declaração opostos contra suas decisões.
O segundo princípio é o da indisponibilidade da competência, que significa que o órgão 
não pode dispor de sua competência, sob pena de violação ao princípio do juiz natural.
O terceiro princípio é o da efetividade. De acordo com esse princípio, a justiça brasileira 
só pode se julgar competente para julgar determinado processo cuja decisão gera efeitos em 
território nacional ou em Estado estrangeiro que reconheça esta decisão.
É importante ressaltar que os princípios relacionados acima compõem o conteúdo do 
princípio do juiz natural, já estudado por nós.
Querido(a) aluno(a)! Você conhece a regra KOMPETENZ KOMPETENZ?
De acordo com essa regra, de origem alemã, todo juiz é competente para decidir sobre a 
sua competência. O juiz sempre poderá decidir sobre a sua competência, por mais que seja 
incompetente para julgar a causa. Diz-se, dessa forma, que todo órgão jurisdicional tem sem-
pre uma competência mínima, ou atômica. É a competência sobre a competência.
Essa é uma regra bastante utilizada na arbitragem, tendo em vista que cabe ao próprio 
árbitro decidir, sem intervençãodo Poder Judiciário, se ele é competente.
Vamos conferir o que traz a Lei de Arbitragem sobre o tema?
Lei 9.307/96, Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que esti-
ver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula 
compromissória.
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Competência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões 
acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha 
a cláusula compromissória.
O STJ também possui alguns julgados interessantes sobre a referida regra. Vamos con-
ferir um deles.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ARBITRAGEM. CLÁUSULA 
COMPROMISSÓRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL. PRINCÍPIO KOMPETENZ-
-KOMPETENZ. PRECEDENTES. DISSÍDIO NOTÓRIO.
1. Contrato celebrado entre as partes com cláusula compromissória expressa, estabe-
lecendo a arbitragem como instrumento para solução das controvérsias resultantes 
de qualquer disputa ou reivindicação dele decorrente, e impossibilitando que as partes 
recorram ao Poder Judiciário para solucionar contenda relativa ao seu cumprimento.
2. O princípio Kompetenz-Kompetenz, positivado no art. 8º, § único, da Lei n. 9.307/96, 
determina que a controvérsia acerca da existência, validade e eficácia da cláusula com-
promissória deve ser resolvida, com primazia, pelo juízo arbitral, não sendo possível 
antecipar essa discussão perante a jurisdição estatal.
3. Incumbe, assim, ao juízo arbitral a decisão acerca de todas questões nascidas do 
contrato, inclusive a própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória.
4. A hipossuficiência reconhecida na origem não é causa suficiente para caracterização 
das hipóteses de exceção à cláusula Kompetenz-Kompetenz.
5. Dissídio notório do acórdão recorrido com a linha jurisprudencial do STJ acerca da 
questão.
6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. RESP 1598220 25/06/2019.
Aluno(a) querido(a). Com certeza você já deve ter ouvido falar da perpetuação da jurisdi-
ção. Vamos estudá-la?
A perpetuatio jurisdictionis é a regra, segundo a qual, a competência permanece a mesma 
até o momento em que o juiz prolata a sentença.
A regra está prevista no artigo 43 do CPC.
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, 
sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo 
quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
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Competência
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
O que significa essa regra, professora?
Significa que quando a ação é distribuída, firma-se e perpetua-se a competência daquele 
juízo e as eventuais modificações de fato ou de direito não alteram a competência. Essa regra 
é importante para estabilizar o processo e evitar que a cada fato novo, o processo seja anali-
sado por juízos diferentes. Exemplo: a mudança posterior do domicílio do réu não é capaz de 
alterar a competência do juízo que já se firmou.
Há exceções à regra? Há sim. Isso significa que podem ocorrer fatos supervenientes à 
propositura da demanda que irão gerar a redistribuição da causa, quebrando a regra da per-
petuação da jurisdição.
A primeira exceção ocorre quando há supressão do órgão judiciário. Por exemplo, a extin-
ção de uma vara.
A segunda exceção ocorre quando há alteração superveniente da competência absoluta 
com a alteração posterior de competência em razão da matéria, função ou pessoa. Mas nesse 
caso, fique atento porque se a alteração de competência absoluta ocorrer após a sentença, 
não haverá a redistribuição do processo, com a quebra da perpetuação da competência, exa-
tamente porque já houve julgamento.
Além disso, o STJ, em algumas oportunidades já se manifestou no sentido de que no caso 
de disputa judicial que envolve a guarda ou mesmo a adoção de crianças ou adolescentes, 
deve-se levar em consideração o interesse deles para a determinação da competência, mes-
mo que para tal se flexibilizem outras normas. Isso importa em dizer que a regra da perpetua-
tio jurisdictionis deve ser afastada para que a solução do litígio seja mais ágil, segura e eficaz 
em relação à criança, permitindo a modificação da competência no curso do processo, mas 
sempre considerando as peculiaridades do caso (CC 111.130-SC).
ClAssifiCAção dA CompetênCiA
Agora vamos tratar das diversas classificações da competência, de acordo com o nosso 
ordenamento jurídico e com os entendimentos doutrinários sobre o tema.
Primeiro, vamos estudar a clássica divisão entre competência relativa e competência absoluta.
As regras de competência relativa visam prestigiar a vontade das partes. O legitimado 
para arguir a incompetência relativa do juízo é o réu, considerando que ele não teve nenhuma 
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Competência
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participação na escolha do juízo para o qual a demanda judicial foi distribuída. Não esqueça 
que o Ministério Público também tem essa legitimidade expressa no CPC.
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar 
de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em 
que atuar.
Professora, a incompetência relativa pode ser reconhecida de ofício pelo juiz?
O STJ tem posicionamento no seguinte sentido:
Súmula 33 do STJ
A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.
No entanto, em que pese o posicionamento do STJ constante na súmula 33, o legislador 
de 2015 previu a seguinte regra:
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro 
onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício 
pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
Veja que o objetivo do legislador com a previsão contida no §3º do artigo 63 do CPC é de 
proteger o réu que, participando de um contrato de adesão, concorda com cláusula abusiva de 
eleição de foro. Nesse caso, a incompetência pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.
Existe prazo preclusivo para a alegação de incompetência relativa?
Sim. O prazo para a alegação da incompetência relativa é o primeiro momento em que 
couber ao réu falar nos autos, e normalmente esse momento é o da contestação. Isso implica 
no fato de que, não havendo manifestação dentro do prazo da contestação, a prorrogação da 
competência do juízo ocorre.
Agora vamos tratar da competência absoluta. As regras de competência absoluta são 
criadas para atender ao interesse público.
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Competência
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Podem arguir a incompetência absoluta o autor, réu, terceiros intervenientes, Ministério 
Público como fiscal da ordem jurídica e até mesmo o juiz de ofício. O autor, mesmo sendo o 
responsável pela criação do vício no caso concreto, terá legitimidade para argui-lo. Interes-
sante, concorda?
Art. 64, § 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e 
deve ser declarada de ofício.
Perceba que a incompetência absoluta poderá ser reconhecida a qualquer momento do 
processo e até mesmo após o encerramento do processo, já que o artigo 966, II do CPC prevê 
que a incompetência absoluta é causa que dá ensejo à ação rescisória. No entanto, não posso 
deixar de esclarecerque existe uma corrente doutrinária que entende que é inviável alegação 
de incompetência absoluta nas vias extraordinárias de impugnação, ou seja, por meio dos 
recursos especial e extraordinário. Segundo essa corrente, a necessidade de a matéria ser 
prequestionada impede a manifestação originária do STJ e STF a respeito dessa matéria.
Ótimo, querido(a) aluno(a)! Agora me responda uma coisa.
Como devem ser alegadas as incompetências absoluta ou relativa?
A resposta está expressa no CPC. Confira:
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contesta-
ção.
Isso significa que não temos mais a figura da exceção de incompetência que existia no 
CPC de 1973. Fique atento(a) a essa situação.
Entendi, professora. E o que ocorre quando for reconhecida a incompetência absoluta ou 
relativa? O processo será remetido ao juízo competente.
Art. 64, § 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo 
competente.
Mas fique ligado(a), porque no âmbito dos Juizados Especiais, o reconhecimento da in-
competência territorial gera a extinção do processo, conforme o artigo 51, III da Lei 9.099/95.
E atos que foram praticados pelo Juízo incompetente? O que acontece com eles?
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Competência
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Serão aproveitados, ou seja, são considerados válidos. Devem ser revistos ou ratificados, 
mesmo que de forma tácita pelo juízo competente. Vamos conferir?
Art. 64, § 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão 
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
Segundo Fredie Didier, as principais diferenças entre a incompetência absoluta e a relativa são:
Incompetência absoluta Incompetência relativa
Regra de competência criada para 
atender interesse público.
Regra de competência criada para 
atender precipuamente interesse 
particular.
Pode alegada a qualquer tempo, por 
qualquer das partes.
Somente pode ser arguida pelo réu, 
na contestação, sob pena de pre-
clusão. Não esqueça a observação 
que fizemos em relação ao Ministé-
rio Público.
É possível ser desconstituída por 
ação rescisória.
Não é possível ser desconstituída 
por ação rescisória.
Não pode ser alterada por vontade 
das partes.
Admite alteração por acordo. É pos-
sível, modificar voluntariamente, 
por foro de eleição ou pela não ale-
gação de incompetência relativa.
Não pode ser alterada por conexão ou 
continência.
Pode ser alterada por conexão ou 
continência.
Competência em razão da matéria, da 
pessoa e funcional são exemplos.
A competência territorial é, em 
regra, relativa.
Ótimo! Agora vamos verificar como descobrir a competência para o caso concreto. É sim-
ples. Basta seguir os seguintes passos:
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Competência
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Vamos esclarecer alguns termos que talvez você encontre nas provas?
• Competência de foro e do juízo: foro é a unidade territorial onde é exercido o poder ju-
risdicional. Com isso, no momento da verificação da competência, verifica-se primeiro 
qual o foro competente e depois o juízo (vara, cartório);
• Competência originária: aquela atribuída ao órgão jurisdicional para decidir a causa em 
primeiro lugar. Pode ser tanto do juiz de primeiro grau como do tribunal;
• Competência derivada: também chamada de competência recursal, é a competência 
atribuída ao órgão jurisdicional para rever decisão já proferida;
• Prorrogação de competência: ocorre somente na competência relativa, quando se am-
plia a esfera de competência de um órgão judiciário para conhecer de certas causas 
que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas atribuições funcionais. 
Pode ser legal ou necessária, quando decorre da própria lei, como nos casos de cone-
xão ou continência, conforme artigo 54 do CPC;
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Competência
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Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado 
o disposto nesta Seção.
• Foros concorrentes: ocorre quando, em princípio, existem vários foros competentes 
para o julgamento da causa. Diante dessas opções, o autor exercita o forum shopping.
Professora, e o que é o forum shopping?
Nunca ouvi falar disso! Acalme-se. Vou explicar.
Forum shopping é a escolha do foro pelo demandante. É a possibilidade de escolher o 
foro dentre aqueles em tese competentes. Essa escolha é um direito potestativo do autor. Os 
princípios do devido processo legal, adequação e boa-fé devem incidir na escolha do autor, 
para impedir o abuso na escolha de um foro que, embora competente, se revele apenas como 
uma técnica para dificultar a defesa do réu ou impedir o bom andamento processual. Com-
preendeu?
Para garantir a efetivação de todos esses princípios, embora sem sistematização e com 
uma fundamentação difusa, surgiu na Escócia uma doutrina que serviu como freio jurispru-
dencial a essas escolhas abusivas. A ela deu-se o nome de forum non conveniens.
O forum non conveniens é uma regra de temperamento que deixa ao arbítrio do juízo a pos-
sibilidade de recusar a prestação jurisdicional se entender comprovada a existência de outra 
jurisdição concorrente mais adequada para atender aos interesses das partes e da justiça.
O foro de eleição é aquele escolhido pelas partes. Como já mencionado na tabela acima, a 
competência relativa pode ser alterada pela vontade das partes. Assim, elas podem eleger o 
foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. Veja o que diz o artigo 
63 do CPC:
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro 
onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressa-
mente a determinado negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício 
pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, 
sob pena de preclusão.
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Competência
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Observações importantes:
• O que se escolhe é o foro e não o juízo;
• Foro de eleição oral é ato jurídico inexistente;
• As partes contratantes podem eleger mais de um foro;
• Em um mesmo negócio pode haver eleição de foro e a convenção de arbitragem;
• A abusividade de cláusula de eleição de foro pode ser reconhecida de ofício pelo juiz;
• O autor deve ser intimado para pronunciar-se acerca da abusividade da cláusula, em 
obediência ao art. 10 do CPC (vedação da decisão surpresa).
CompetênCiA internACionAl
Você lembra que tratamos do princípio da efetividade da competência?
Pois bem! Quando falamos em competência internacional temos que ter em mente que 
ela tem a finalidade de delimitar o espaço em que deve atuar a jurisdição, na medida em que 
o Estado possa fazer cumprir soberanamente as suas sentenças. É aqui que se enquadra o 
princípio da efetividade.
Podemos dizer que a jurisdição é limitada no âmbito internacional. Isso porque temos a 
necessidade de conviver com os Estados estrangeiros e respeitar as soberanias.
A competência internacional de autoridade judiciária brasileira está prevista nos artigos 
21 a 24 do CPC.
Os artigos 21 e 22 do CPC tratam da competênciainternacional concorrente. Isso signifi-
ca que essas causas podem também ser julgadas por tribunais estrangeiros e nesse caso, a 
sentença proferida no estrangeiro será eficaz no território brasileiro, desde que homologada 
pelo STJ.
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
Observe que aqui, não se leva em consideração a nacionalidade do réu, mas sim o seu 
domicílio que é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo.
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa 
jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
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Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I – de alimentos, quando:
Aqui estamos tratando dos alimentos internacionais.
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda 
ou obtenção de benefícios econômicos;
II – decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência 
no Brasil;
Aqui estamos tratando das relações de consumo internacionais.
III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Aqui estamos tratando da cláusula de eleição de foro internacional.
O artigo 21 do CPC de 2015 não trouxe novidade ao nosso ordenamento jurídico. Já o 
artigo 22 previu novas situações de competência internacional concorrente, nos incisos I e II.
O inciso II que trata das relações de consumo internacionais é uma clara consequência 
natural da globalização, do comércio eletrônico e das relações jurídicas de consumo que ul-
trapassam as barreiras geográficas. É o caso, por exemplo, de alguém que é domiciliado no 
Brasil e compra um aparelho eletrônico no exterior com defeito.
O inciso III do artigo 22 traz o que a doutrina chama de cláusula de eleição de jurisdição, 
pois, o juízo brasileiro também será competente para julgar as ações em que as partes deci-
dem se submeter à jurisdição nacional. No entanto, atualmente também é admitida a cláusula 
de eleição de foro estrangeiro, conforme o que dispõe o artigo 25 do CPC.
O artigo 23 do CPC trata da competência internacional exclusiva. Isso significa que as 
sentenças estrangeiras proferidas em tais casos não produzem efeitos no território brasileiro, 
não havendo possibilidade de homologá-las no Brasil. Somente a autoridade judiciária brasi-
leira tem jurisdição para resolver a demanda.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
Aqui há entendimento doutrinário de que a ação não precisa ter natureza de ação real 
imobiliária. Pode ter natureza de ação de direito pessoal também, como no caso da locação.
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II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao in-
ventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade 
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
A confirmação de testamento particular foi uma novidade trazida pelo CPC de 2015.
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do 
território nacional.
O divórcio, separação ou dissolução da união estável pode acontecer em outro país. O que 
não pode é a partilha de bens situados no Brasil.
Já o artigo 24 do CPC trata da competência concorrente e da litispendência internacional, 
para dar ênfase à supremacia da jurisdição nacional em face da estrangeira. A litispendência 
internacional se dá quando existem duas ações idênticas (com os mesmos elementos, quais 
sejam, partes, causa de pedir e pedido) tramitando em países diferentes. Na competência 
concorrente, como a mesma causa pode ser objeto de julgamento pela jurisdição nacional e 
pela jurisdição estrangeira, não há espaço para a litispendência, entende?
Segundo a doutrina majoritária, a existência de um processo estrangeiro não impede a 
existência de um processo idêntico em território nacional e vice-versa.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a 
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas 
as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação 
de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
Nessa situação do parágrafo único, há que se considerar que, caso venha uma sentença 
do juízo estrangeiro para ser homologada em território nacional pelo STJ, produzirá coisa jul-
gada, que deverá ser respeitada pelo tribunal nacional. De igual forma, se a justiça brasileira 
tiver dado uma decisão já transitada em julgado, o STJ não poderá homologar a sentença 
estrangeira.
Entendi, professora. Mas o que acontece quando duas ações com as mesmas partes e 
mesmo objeto tramitam no Brasil e no estrangeiro? Não é possível acontecer a prolação 
de sentenças conflitantes?
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Sim. É possível. Você tem razão e o STJ já se pronunciou a respeito disso e decidiu que 
deve prevalecer a sentença que transitou em julgado primeiro. Vamos conferir?
1.- Tratando-se de jurisdições concorrentes, a estrangeira e a nacional, em que discu-
tida a mesma matéria, isto é, a validade de cláusula arbitral constante de contrato cele-
brado no exterior sob expressa regência da legislação estrangeira, prevalece a sentença 
que primeiro transitou em julgado, no caso a sentença estrangeira.
SEC 854 / EX SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA 2005/0123803-1 DJe 07/11/2013.
O art. 25 do CPC veio para acabar com a divergência doutrinária que havia na vigência 
do CPC de 1973, ao determinar que, caso as partes elejam o foro estrangeiro como com-
petente para processar e julgar a demanda, a autoridade brasileira não terá competência 
para julgá-la, desde que não se trate de demanda exclusiva.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação 
quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida 
pelo réu na contestação.
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva pre-
vistas neste Capítulo.
§ 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º.
Assim, hoje é admitida a cláusula de eleição de foro estrangeiro, com o poder de afastar a 
incidência da jurisdição brasileira em casos de competência concorrente.
CooperAção internACionAl
A cooperação internacional está prevista no artigo 26 do CPC e esse artigo consagra a 
intenção do legislador de possibilitar o intercâmbio de informações entre as autoridades judi-
ciárias dos países. Isso porque hoje vivemos em um mundo globalizado, com fronteiras muito 
estreitas e a necessidade de auxílio mútuo para uma efetiva prestação jurisdicional.
Vamos conferir o teor do artigo?
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz partee ob-
servará:
I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II – a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em rela-
ção ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos 
necessitados;
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III – a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou 
na do Estado requerente;
IV – a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;
V – a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1º Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em 
reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença estrangeira.
§ 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que 
produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.
§ 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação 
específica.
Professora, na prática, como se dá o cumprimento das medidas processuais para além 
do território nacional?
De duas formas:
Mas, perceba que para a homologação de sentença estrangeira, não se exige a reciproci-
dade, conforme o disposto no artigo 26, § 2º do CPC.
Professora, quais são os atos que podem ser objeto de cooperação internacional?
São os que estão previstos no artigo 27 do CPC. E digo mais. De acordo com a doutrina, 
esse rol é exemplificativo.
Vamos conferir quais são esses atos?
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Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I – citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II – colheita de provas e obtenção de informações;
III – homologação e cumprimento de decisão;
IV – concessão de medida judicial de urgência;
V – assistência jurídica internacional;
VI – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Observe que todas essas formas de cooperação internacional são novidades no CPC de 
2015, com exceção da carta rogatória e da homologação de sentença estrangeira que já eram 
previstas no antigo CPC.
Professora, você pode me dar alguns exemplos de instrumentos de cooperação jurídica 
internacional?
Posso, com certeza. Aqui vão:
• auxílio direto;
• carta rogatória;
• cooperação por meio de tratados específicos (ex: sequestro internacional de crianças);
• homologação de sentença estrangeira;
• extradição.
Vamos falar do auxílio direto. O que é isso?
É uma medida simplificada de cooperação internacional. É um requerimento para que um 
determinado ato processual decorrente da cooperação jurídica internacional seja realizado de 
forma direta, quando não ensejam delibação por parte do Superior Tribunal de Justiça, já que 
nesse caso, não haveria necessidade de análise por parte do STJ quanto à decisão proferida 
no estrangeiro (desnecessidade de exequatur).
O artigo 28 do CPC prevê:
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade 
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
É possível que o Brasil busque a cooperação de outro Estado, na forma de auxílio direto e 
aqui teríamos o auxílio direto ativo, mas também é possível que outro Estado busque auxílio 
no Brasil, o que é chamado de auxílio direto passivo.
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E como é o procedimento do auxílio direto passivo?
Da seguinte forma: assim que recebido o pedido do Estado estrangeiro, a autoridade cen-
tral o encaminha à Advocacia Geral da União e esta, por sua vez, requer em juízo a medida 
solicitada. É possível, inclusive, que a autoridade central seja o Ministério Público e nesse 
caso, será ele o responsável por requerer a medida solicitada. Confira:
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advoca-
cia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade 
central.
Vamos analisar outras espécies de auxílio direto? Pela análise da redação do artigo 32 
do CPC, podemos perceber que o auxílio direto também pode ser administrativo, quando seu 
objeto se relaciona com a prática de atos de cunho administrativo ou judicial, quando seu 
objeto se relaciona com a prática de atos de cunho judicial. Perceba que no auxílio direto ad-
ministrativo, a própria autoridade central é que deve adotar as medidas para o cumprimento 
do auxílio direto. Já no judicial, há a necessidade de instauração de um procedimento perante 
o juízo federal de primeira instância do lugar onde deva ser cumprida a medida, conforme o 
disposto no artigo 34 do CPC. Captou?
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessi-
tem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu 
cumprimento.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de 
auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
Professora, você falou tanto de uma tal de autoridade central. Quem é essa autoridade 
central?
É uma autoridade designada especificamente para esse encargo. Essa designação ocorre, 
normalmente, nos tratados internacionais. Mas pode ser que em alguns casos, ninguém seja 
designado. E aí? Como fica a situação? Nessa hipótese, o papel de autoridade central caberá 
ao Ministério da Justiça. Vamos conferir?
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Competência
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Art. 26, § 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de de-
signação específica.
Vamos verificar quais atos podem ser objeto de auxílio direto? Lembro a você que o rol 
desse artigo também é exemplificativo, ok?
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os 
seguintes objetos:
I – obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos adminis-
trativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II – colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de 
competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Por fim, para finalizar essa parte do nosso estudo, vamos tratar da carta rogatória. A carta 
rogatória é um meio de comunicação internacional que visa possibilitar a prática de atos pro-
cessuais, mas nos casos em que o ato estrangeiro constitua uma decisão a ser executada no 
Brasil. Percebeu a diferença para o auxílio direto?
Vou trazer um quadro para te mostrar as características principais dos dois procedimen-
tos. Confira:
AUXÍLIO DIRETO CARTA ROGATÓRIA
Procedimento de jurisdição voluntária. Procedimento de jurisdição contenciosa.
Art. 36 CPC.
Tramita perante o juiz federal. Tramita perante o STJ.
Utilizado quando a medida não decorrer dire-
tamente de decisão de autoridade jurisdicional 
estrangeira a ser submetida a juízo de deliba-
ção no Brasil.
Utilizada quando o ato estrangeiro consti-
tuir decisão a ser executada no Brasil.
Vedada a revisão do mérito do pronuncia-
mento judicial estrangeiro pela autoridadejudiciária brasileira.
Veja que interessante! Para o STF, a oitiva de estrangeiro, preso por ordem do STF em 
processo de extradição, enquadra-se como providência a ser cumprida por meio de auxílio 
direto. Vamos conferir?
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COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL E OITIVA DE EXTRADITANDO
Compete ao STF apreciar o pedido de cooperação jurídica internacional na hipótese em 
que solicitada, via auxílio direto, a oitiva de estrangeiro custodiado no Brasil por força de 
decisão exarada em processo de extradição.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo 
regimental interposto em face de decisão monocrática que assentara a competência 
do STJ para julgamento de pedido de cooperação jurídica formulado pelo ministério 
público português por intermédio da Procuradoria-Geral da República.
A solicitação em comento tem como objeto a oitiva de extraditando custodiado pre-
ventivamente em procedimento extradicional cujo requerente é a República da Irlanda. 
Ocorre que os supostos delitos cometidos pelo extraditando, e que sustentam o pro-
cesso de extradição, teriam, segundo alegado pelo ministério público de Portugal, reper-
cussão também nesse país.
A Turma afirmou que não incidiria, na espécie, o conjunto de regras atinentes à carta 
rogatória, mas sim as regras que dispõem sobre o auxílio direto (CPC, artigos 28 a 34). Tal 
auxílio consistiria na obtenção de providências em jurisdição estrangeira, de acordo com 
a legislação do Estado requerido, por meio de autoridades centrais indicadas em tratado 
internacional. Prescindiria, ademais, do juízo de delibação a ser proferido pelo STJ.
Tratando-se, no caso, de produção probatória e oitiva de testemunho — o que, na seara 
da assistência jurídica internacional, não demandaria o mecanismo da carta rogatória e 
do respectivo exequatur — incidiria a regra do art. 28 do CPC (“Cabe auxílio direto quando 
a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a 
ser submetida a juízo de delibação no Brasil”).
Vencido o Ministro Marco Aurélio (relator), que desprovia o recurso.
Pet 5946/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 16.8.2016. 
(Pet-5946 – Informativo 835 STF)
Critérios de distribuição dA CompetênCiA
Lembra que falamos que a competência é a medida da jurisdição? Então! Para que a ju-
risdição seja bem administrada, precisamos que ela seja exercida de forma fracionada, para 
que tenhamos o mínimo de organização e para isso, são estabelecidos alguns critérios de 
distribuição de competência.
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Competência
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O critério objetivo leva em consideração a demanda levada ao Poder Judiciário, ou seja, é 
aquela distribuída de acordo com os elementos da demanda. São três os subcritérios objeti-
vos de competência:
• Competência em razão da pessoa: tem em conta as partes envolvidas. Exemplo: Vara 
de Fazenda Pública;
• Competência em razão da matéria: o direito material servirá para determinar a com-
petência, atribuindo a causa à Justiça Federal ou à Justiça Estadual. Tem em conta a 
causa de pedir. Exemplo: Vara de família, Vara Cível;
• Competência em razão do valor da causa: tem em conta o pedido e o disposto no artigo 
291 do CPC, que aduz que a toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha 
conteúdo econômico imediatamente aferível). Exemplo: Juizados Especiais, que se su-
jeitam dentre outros critérios, ao valor de até 40 salários mínimos. É importante você 
se ater ao fato de que a competência dos juizados especiais federais, onde houver, é 
absoluta.
O critério funcional leva em consideração as funções que devem ser exercidas em um 
mesmo processo. Pode ser: em uma perspectiva horizontal (na mesma instância) ou vertical 
(em instâncias diversas). A competência funcional, portanto, é a competência para exercer 
uma determinada função em um mesmo processo. É uma competência absoluta.
O critério territorial leva em consideração em que território a causa deve ser processada. 
Trata-se, em regra, de competência relativa. Fique atento, todavia, porque existem hipóteses 
de competência territorial absoluta, como, por exemplo:
• O foro do local do dano é o competente para a Ação Civil Pública (Lei 7.037/85).
Art. 2º Lei 7.037/85
As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá 
competência funcional para processar e julgar a causa.
• Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003):
Art. 80 Lei 10.741/2003
As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá 
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e 
a competência originária dos Tribunais Superiores.
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Competência
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CompetênCiA em rAzão dA mAtériA (Ratione MateRiae)
É determinada em virtude da natureza da causa, ou seja, do objeto daquela demanda. É por 
meio desse critério que vamos definir se a competência é de uma vara de família, uma vara 
de falência ou de uma vara de justiça especializada como a trabalhista, a eleitoral ou a militar.
As normas de competência em razão da matéria estão estampadas na Constituição Fede-
ral, nas Constituições Estaduais, nas leis federais e normalmente, são regulamentadas pelas 
Leis de Organização Judiciária, principalmente no que concerne à definição das competên-
cias das varas especializadas. A finalidade é especializar a justiça em razão da matéria.
Não esqueça que é uma competência cujas regras têm natureza absoluta. Assim, não 
admite prorrogação e tampouco modificação.
CompetênCiA em rAzão dA pessoA (Ratione PeRsonae)
O CPC não regula expressamente as regras de competência em razão da pessoa. As re-
gras estão definidas na CF, nas Constituições Estaduais e também nas Leis de Organização 
Judiciária. Também tem natureza absoluta. A finalidade é especializar a justiça em razão da 
pessoa. Um exemplo clássico de competência em razão da matéria é a criação das Varas de 
Fazenda Pública para solução das causas que envolvem os Estados e os Municípios.
Outro exemplo de regra de competência em razão da pessoa é a fixada no artigo 109, I da CF.
Vamos conferir?
Art. 109 CF. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
CompetênCiA em rAzão do VAlor dA CAusA
O artigo 291 do CPC é de suma importância porque nos traz a informação de que a 
toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imedia-
tamente aferível.
A competência em razão do valor da causa tem natureza, em regra, relativa. Por que você 
disse “em regra”, professora? Porque em algumas situações, a legislação prevê uma natureza 
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absoluta à competência em razão do valor da causa. Quer um exemplo? O art. 3º § 3º da Lei 
10.259/01 aduz que a competência do Juizado Especial Federal será absoluta no foro onde 
estiver instalada a Vara do Juizado Especial.
Confira:
Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de compe-
tência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas 
sentenças.
§ 3ºNo foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.
A Lei 12.153/2009, que trata dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, também traz 
regra semelhante, ao afirmar no artigo 2º § 4º que no foro onde estiver instalado Juizado Es-
pecial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.
No caso do Juizado Especial Estadual (Lei 9.099/95), serão de sua competência as cau-
sas que não superem 40 salários mínimos. No entanto, aqui existe uma faculdade do autor em 
optar pela Justiça Comum, ainda que sua causa tenha valor inferior a esse montante.
CompetênCiA em rAzão do território
Como mencionei acima, a competência territorial é espécie de competência relativa. O 
foro comum previsto no CPC é o do domicílio do réu. Mas fique atento (a) porque esse foro 
se aplica aos processos que tem direito pessoal e direito real sobre bens móveis envolvidos.
Assim, podemos dizer que a regra geral de competência territorial está disposta no artigo 
46 do CPC. Vamos conferir:
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em 
regra, no foro de domicílio do réu.
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
Nesse caso, a escolha cabe ao autor.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encon-
trado ou no foro de domicílio do autor.
A expressão “onde for encontrado” deve ser entendida como residência e não em um local 
esporádico de passagem do réu. Aqui temos uma regra de competência subsidiária.
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Competência
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§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de do-
micílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
Aqui também temos uma regra de competência subsidiária, só que nesse caso, temos 
uma competência sucessivamente subsidiária.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qual-
quer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do 
lugar onde for encontrado.
No § 5º, segundo uma corrente doutrinária, criou-se aqui uma regra de foros concorren-
tes, de forma que caberá ao exequente a escolha do foro no caso concreto dentre aqueles 
abstratamente competentes. Mas há uma outra corrente que entende que é caso de foros 
subsidiários, havendo aqui uma ordem de preferência entre eles).
A competência que trata sobre direito real imobiliário e ação possessória imobiliária é a 
prevista no artigo 47 do CPC que define como o foro competente, o da situação da coisa.
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da 
coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair 
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação 
de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem com-
petência absoluta.
A doutrina entende que o artigo 47 do CPC criou uma regra de natureza absoluta.
Professora, mas o que são essas ações fundadas em direito real imobiliário?
São as ações que têm como objeto um direito real, derivado de uma relação jurídica de di-
reito material existente entre uma pessoa e uma coisa. Lembre-se que os direitos reais estão 
previstos no artigo 1.225 do Código Civil.
No artigo 48 do CPC temos o que a doutrina chama de foro de sucessão.
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a par-
tilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação 
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Competência
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de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha 
ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I – o foro de situação dos bens imóveis;
II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Aqui, temos uma regra de foro especial. O foro preferencial é o foro do autor da herança, 
ainda que o falecimento dele tenha se dado no estrangeiro. Isso significa que o legislador deu 
preferência para o foro do último domicilio do falecido no Brasil. É uma regra de competência 
relativa.
O foro competente para as ações em que o réu for ausente está previsto no artigo 49 do 
CPC e é o foro do seu último domicílio. Vamos verificar?
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também 
competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamen-
tárias.
Professora, e se o réu for incapaz e eu quiser ajuizar uma ação contra ele, onde essa ação 
deverá tramitar?
Essa ação deverá ser proposta no foro de domicílio do seu representante ou assistente, 
conforme o disposto no artigo 50 do CPC.
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante 
ou assistente.
Já quando a autora da ação for a União, a ação deverá tramitar no foro do do-
micílio do réu. O mesmo ocorre quando os Estados e o Distrito Federal forem os 
demandantes. E se a União for a ré? Nesse caso, há opções, quais sejam, o foro de 
domicílio do autor, o foro de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, o 
foro da situação da coisa ou no Distrito Federal.
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do 
autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Dis-
trito Federal.
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Competência
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Essa regra reproduziu o que já era definido na CF no artigo 109, §§ 1º e 2º.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o 
Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no 
foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação 
da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
A CF tem uma previsão semelhante no artigo 109 §2º, que aduz que “as causas intentadas 
contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, na-
quela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a 
coisa, ou, ainda, no Distrito Federal”.
Veja que interessante esse julgado do STF sobre o tema, no qual o STF entendeu que o 
autor pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-membro, 
mesmo que exista Vara Federal instalada no município do interior em que ele for domiciliado.
(...) A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que a parte autora 
pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-membro, 
mesmo quando instalada Vara da Justiça Federal no município do mesmo Estado em 
que domiciliada. (...)
STF. 1ª Turma. RE 641449 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 08/05/2012.
No mesmo sentido:
STF. 1ª Turma. RE 463101 AgR-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/10/2015.
STF. 2ª Turma.ARE 1151612 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/11/2019 
(Info 960).
Agora, vamos tratar de um assunto bem importante em matéria de competência. O artigo53, I do CPC que trata do foro competente para as ações conjugais. Inclusive, esse artigo so-
freu uma recente alteração pela Lei n. 13.894, de 2019.
A Lei 13.894/2019 alterou a Lei Maria da Penha e o CPC para tratar, dentre outros assun-
tos, sobre o divórcio relacionado com violência doméstica.
No CPC de 1973, o foro competente para as ações de separação, conversão desta em di-
vórcio e anulação de casamento era o da residência da mulher. O CPC de 2015 alterou essa 
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previsão e entendeu que o que deve prevalecer é o foro do cônjuge ou companheiro que es-
tiver na função de guardião do filho incapaz. E não havendo filho incapaz, a doutrina entende 
que esse inciso trouxe uma ordem preferencial e que devemos seguir essa ordem de foros 
subsidiários previstos nas demais alíneas.
Art. 53. É competente o foro:
I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de 
união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei n. 11.340, de 7 de 
agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei n. 13.894, de 2019)
Ocorre que veio a Lei 13.894/2019 e criou a alínea “d” que ficou topologicamente abaixo 
das demais alíneas que eram entendidas pela doutrina como uma ordem preferencial.
Assim, surgiu a seguinte dúvida: qual será a ordem de prioridade a ser adotada, ou seja, o 
domicílio do réu previsto na alínea “c” ou o da vítima de violência doméstica da alínea “d”? O 
domicílio da vítima de violência doméstica prevalece sobre todos os demais?
O entendimento que vem prevalecendo é no sentido de que não é possível adotar uma 
interpretação que gere a ineficácia da norma. Assim, deve-se agora considerar que as alíneas 
do inciso I do art. 53 não são mais preferenciais com base na topografia e que a alínea “d” é 
prioritária em relação às demais hipóteses, pensando no objetivo do legislador que foi prote-
ger as vítimas de violência doméstica.
Ótimo, professora. E o foro competente para a ação de alimentos? Qual é?
Nesse caso, temos previsão específica no artigo 53, II do CPC e o objetivo da regra é a pro-
teção da parte vulnerável da situação, ou seja, o alimentando. Por isso, o foro de seu domicílio 
é o competente. Mas fique ligado porque essa regra, segundo a doutrina, serve para as ações 
de alimentos cujo fundamento é a relação de parentesco ou casamento. Se for uma demanda 
de alimentos que tenha como fundamento um ato ilícito, um contrato ou um testamento, te-
remos como foro competente o artigo 46 do CPC, que nos remete ao foro de domicílio do réu.
Art. 53. É competente o foro:
II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
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Há outras competências no artigo 53 do CPC que você precisa saber!
Art. 53. É competente o foro:
III – do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem persona-
lidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado 
em razão do ofício;
IV – do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão 
de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
CompetênCiA dA JustiçA federAl
A Justiça Federal faz parte da Justiça comum e é uma espécie de competência consti-
tucional e taxativa, prevista no artigo 109 da CF. Assim, o legislador infraconstitucional não 
pode criar outras hipóteses de competência da Justiça Federal. Assim, é possível afirmar que 
a competência da Justiça Federal é absoluta e não pode ser modificada por iniciativa das 
partes.
CompetênCiA dA JustiçA federAl em rAzão dA pessoA
O inciso I do artigo 109 da CF traz uma competência da Justiça Federal em razão da pessoa.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
Você percebeu que esse dispositivo legal se refere à União, entidade autárquica e empresa 
pública federal? Então vamos lá! Primeira pergunta:
O que engloba a expressão entidade autárquica?
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• Autarquias federais;
• Fundações públicas federais de direito público;
• Agências reguladoras federais;
• Conselhos de fiscalização profissional.
A jurisprudência se consolidou no sentido de incluir as fundações federais, as agências 
reguladoras federais e os conselhos de fiscalização profissional como entes aptos a exigir a 
competência da justiça Federal.
Súmula 66, STJ
Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho 
de fiscalização profissional.
Súmula 324, STJ
Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a Fundação Habi-
tacional do Exército, equiparada a entidade autárquica federal.
O mesmo não pode ser dito em relação às demandas das quais participe uma sociedade 
de economia mista. Nesse caso, elas serão de competência da justiça Estadual.
Súmula 508, STF
Compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em 
que for parte o Banco do Brasil S.A.
Professora, e as fundações públicas de direito privado?
Essas litigam na Justiça Estadual. Fique de olho!
Aqui também vale uma importante observação: se um processo tramita na Justiça Esta-
dual e é admitida a intervenção da União, autarquias, fundações públicas e empresas públicas 
federais, os autos serão remetidos à Justiça Federal. Lembre-se do que dispõe a Súmula 150 
do STJ.
Súmula 150, STJ
Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justi-
fique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.
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O entendimento da Súmula 150 do STJ também está consolidado no CPC no artigo 45:
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal com-
petente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou 
conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro intervenien-
te, exceto as ações:
I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
É importante ressaltar que a intervenção do ente federal é admitida por meio de uma deci-
são do juízo federal. Isso significa que o simples pedido de intervenção já acarreta a remessa 
dos autos ao juízo federal.
Certo, professora! Então deixa ver se entendi. O juízo federal competente, ao receber osautos, decidirá sobre o pedido de intervenção do ente federal e, após essa análise, pode ocor-
rer duas situações: ou a intervenção é acolhida e a demanda prosseguirá na vara federal ou 
a intervenção é rejeitada e a demanda retornará para a Justiça Estadual. É isso? Sim! Você 
compreendeu perfeitamente a dinâmica. Parabéns!
Confira:
Art. 45, § 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente 
federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
E nos casos em que há cumulação de pedidos, em que o juízo estadual é competente para 
um ou alguns deles. Haverá remessa dos autos ao juízo federal?
Nesse caso não haverá remessa ao juízo federal. O que ocorrerá é a simples exclusão do 
pedido que interesse ao ente federal, por meio de decisão interlocutória. Vamos conferir?
Art. 45, § 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência 
do juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência 
para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de 
suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
E as ações em que a OAB figure na relação processual? De quem é a competência?
Quanto ao tema, ressalto que o STF, em 31/8/2016, firmou, em sede de repercussão geral, 
o entendimento de que compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem 
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dos Advogados do Brasil (OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na 
relação processual (RE 595332/PR).
Confira:
Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual.
STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 31/8/2016 (repercus-
são geral) (Info 837)
Professora, e as entidades do Sistema “S” também litigam na Justiça Federal?
Não. Confira o teor da súmula 516 do STF:
Súmula 516, STF
O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça estadual.
O inciso II do artigo 109 da CF traz outra competência da Justiça Federal em razão da pessoa.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domici-
liada ou residente no País;
Nesse caso, o que se exige é que em um dos polos esteja um Estado estrangeiro ou um 
organismo internacional (como por exemplo, ONU, FMI, OEA, OMC) e de outro um Município 
ou uma pessoa residente ou domiciliada no Brasil.
Mas aqui, é importante observar a necessidade de ressaltar a competência da Justiça do 
Trabalho, conforme o disposto no artigo 114, I da CF. Veja:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da 
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Agora, vamos pular para o inciso VIII do artigo 109 da CF, pois ele também traz uma com-
petência da Justiça Federal em razão da pessoa.
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Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os 
casos de competência dos tribunais federais;
Essa é a situação em que a parte pretende ingressar com um mandado de segurança 
ou habeas data contra ato de alguma autoridade federal. Nesse caso, é necessário primeiro 
identificar o que será de competência originária dos Tribunais (TRF, STJ ou STF). As hipóteses 
remanescentes serão de competência do juízo de primeiro grau.
Professora, sei que existem autoridades federais pertencentes aos quadros federais e 
outras que não pertencem, mas que exercem função delegada. Como fica a competência 
nesse caso?
Se a autoridade, a despeito de não pertencer aos quadros federais, exercer função federal, 
o mandado de segurança impetrado contra ato seu deverá ser processado e julgado por um 
juiz federal. Não esqueça!
CompetênCiA dA JustiçA federAl em rAzão dA mAtériA
O primeiro inciso do artigo 109 da CF que vamos tratar é o III. Nele, temos a competência 
da justiça Federal para processar e julgar as causas fundadas em contratos internacionais ou 
tratados firmados pela União.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional;
Note que, nesse caso, para fins de determinação da competência, não nos importa ques-
tionar quem são os sujeitos litigantes. Isso implica que o processo pode envolver entes 
não-federais.
Professora, você pode dar alguns exemplos dessas causas?
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Claro que posso: as demandas fundadas na Convenção de Paris (proteção ao nome 
comercial), na Convenção sobre prestação de alimentos no estrangeiro, na Declaração do 
Meio Ambiente.
Outra competência da Justiça Federal em razão da matéria é a do artigo 109, inciso V-A.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V – A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com 
a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais 
de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de 
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência 
para a Justiça Federal.
Esse inciso atribui ao juízo federal a competência para julgar as causas relativas a grave 
violação de direitos humanos. Foi uma inovação trazida pela emenda constitucional 45/2004.
Aqui, a doutrina afirma que não houve por parte do legislador constituinte distinção no 
enunciado constitucional entre a natureza da causa, se cível ou criminal. Assim, é possível 
afirmar que a emenda constitucional 45 de 2004 criou uma nova competência cível para a 
Justiça Federal.
Então, posso afirmar que qualquer causa relacionada a direitos humanos vai tramitar na 
Justiça Federal?
Não. Para que isso aconteça, é preciso obedecer ao disposto no § 5º do art. 109 da 
CF/1988.
Além disso, ressalto que o STJ se tem manifestado no sentido de que é imperativa a 
demonstração de incapacidade de as autoridades do Estado-membro desincumbirem-se a 
contento de suas funções, para que o mecanismo presente no § 5º do art. 109 da Constituição 
Federal seja ativado.
Você lembra do caso famoso do assassinato da freira americana Doroty Stang que acon-
teceu no Pará? Pois bem. Naquele caso, o Procurador Geral da República deu parecer favo-
rável ao deslocamento da competência da justiça estadual daquele estado para a Justiça 
Federal. Ocorre que o Ministro relator entendeu que para justificar o deslocamento para a 
Justiça Federal, além dos requisitos do § 5º do artigo 109 da CF, ainda há outro requisito a ser 
cumprido, de modo que é necessário para que haja o deslocamento:
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• Ocorrência de grave violação de direitos humanos;
• Finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados inter-
nacionais;
• A incapacidade (oriunda de inércia, negligência,falta de vontade política, de condições 
pessoais, materiais, etc.) de o Estado-membro, por suas instituições e autoridades, le-
var a cabo, em toda sua extensão, a persecução penal.
No caso da Doroty, o STJ rejeitou o incidente.
Agora veja um caso em que o incidente foi acolhido em parte.
COMPETÊNCIA. DESLOCAMENTO. JUSTIÇA FEDERAL. HOMICÍDIO. GRUPOS DE EXTERMÍNIO.
Trata-se de incidente de deslocamento de competência suscitado pelo procurador-geral 
da República para transferir à Justiça Federal a investigação, o processamento e o julga-
mento do homicídio de advogado e vereador conhecido defensor dos direitos humanos 
que, durante toda a sua trajetória pública, vinha denunciando grupos de extermínio que 
agem impunes há mais de uma década em região nordestina. O vereador foi assassi-
nado em 24/1/2009, depois de sofrer diversas ameaças e atentados por motivo torpe 
(vingança), supostamente em decorrência de sua atuação de enfrentamento e denún-
cias contra os grupos de extermínio. As ações desses grupos denunciados pelo vereador 
resultaram em cerca de duzentos homicídios com características de execução sumária 
e com suposta participação de particulares e autoridades estaduais, tendo, inclusive, 
assassinado testemunhas envolvidas. Segundo a Min. Relatora, tais fatos decorrem de 
grave violação de direitos humanos, o que acabou por atrair a atenção de organizações 
da sociedade civil, das autoridades municipais locais, das Secretarias de Segurança dos 
dois estados do Nordeste envolvidos, dos respectivos Ministérios Públicos e Tribunais 
de Justiça, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, do Ministério da Justiça e 
da Polícia Federal, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), da Ordem 
dos Advogados, passando pelo Ministério Público Federal, até a manifestação do então 
procurador-geral da República. Ressalta que a instauração de comissão parlamentar de 
inquérito na Câmara dos Deputados (CPI) para investigar a atuação desses grupos de 
extermínio deu-se, em 2005. Entretanto observa que desde 2002 já haviam sido feitas, 
na jurisdição internacional na OEA, recomendações para que fossem adotadas medidas 
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cautelares destinadas à proteção integral de diversas pessoas envolvidas, entre elas o 
vereador, medidas as quais ou deixaram de ser cumpridas ou não foram efetivas. Para 
a Min. Relatora, os fatos que motivaram o pedido de deslocamento da competência nos 
moldes do § 5º do art. 109 da CF/1988 fundamentaram-se nos pressupostos exigidos 
para sua concessão: na existência de grave violação de direitos humanos, no risco de 
responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas 
assumidas em tratados internacionais e na incapacidade das instâncias e autoridades 
locais de oferecer respostas efetivas como levantar provas, combater, reprimir ou punir 
as ações desses grupos de extermínio que deixaram de ser feitas, muitas vezes, pela 
impossibilidade de condições. Por outro lado, destaca que não foram trazidos elemen-
tos concretos em que se evidenciaria o envolvimento de membros do Judiciário ou do 
MP local ou ainda inércia em apurar os fatos. Também explica que não poderia aco-
lher pedidos genéricos quanto ao desarquivamento de feitos ou outras investigações de 
fatos não especificados ou mesmo sem novas provas. Diante do exposto, a Seção, ao 
prosseguir o julgamento, acolheu em parte o incidente, deslocando a ação penal para a 
Justiça Federal da Paraíba, que designará a circunscrição competente sobre o local do 
crime e dos fatos a ele conexos, bem como determinando a comunicação deste julga-
mento ao ministro da Justiça e às Corregedorias dos Tribunais de Justiça dos estados 
nordestinos envolvidos. Precedente citado: IDC 1-PA, DJ 10/10/2005. IDC 2-DF, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 27/10/2010. Informativo n. 0453.
Para finalizar o estudo desse inciso, você precisa saber que o deslocamento da compe-
tência para a Justiça Federal não enseja violação à garantia do juiz natural, na medida em que 
é regra geral de competência.
Também é competência em razão da matéria, a prevista no inciso X do artigo 109 da CF.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, 
após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacio-
nalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
Nesse inciso, temos a competência da Justiça Federal para a execução de carta rogatória 
e de sentença estrangeira, após a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça e as demandas 
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referentes à nacionalidade e naturalização, como por exemplo, a ação visando obter passa-
porte. Também serão de competência da Justiça Federal as ações relativas à retificação de 
registro, em razão da perda ou aquisição de nacionalidade.
No inciso XI do artigo 109 temos mais uma competência da Justiça Federal em razão da 
matéria, que é a disputa sobre direitos indígenas.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
XI – a disputa sobre direitos indígenas.
Aqui, temos que fazer o seguinte questionamento: a simples presença de indígena como 
parte da demanda é o suficiente para a aplicação do art. 109, XI, da CF? A resposta é ne-
gativa. O entendimento dominante da jurisprudência é no sentido de que a competência da 
Justiça Federal fica restrita às demandas que tenham como objeto direitos da coletividade 
indígena e não do índio individualmente considerado. Inclusive, o STJ editou uma súmula 
sobre o tema. Confira:
Súmula 140, STJ
Compete à justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure 
como autor ou vítima.
Em 2009, por exemplo, o STJ entendeu ser da competência da Justiça Estadual a ação de 
destituição de poder familiar ajuizada pelo MP estadual contra indígena (CC 100.695/MG).
modifiCAções dA CompetênCiA
Quando tratamos da modificação da competência, a primeira importante observação que 
fazemos é que só há modificação de competência quando ela tem natureza relativa.
Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado 
o disposto nesta Seção.
A segunda observação é que há casos de modificação legal, como a conexão e a conti-
nência e há casos de modificação voluntária, como ocorre quando as partes elegem o foro 
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e na hipótese de não alegação da incompetência relativa no momento devido, qual seja, em 
preliminar de contestação, que gera a prorrogação da competência.
Conexão e ContinênCiA
A conexão ocorre quando há duas ou mais ações têm em comum o pedido ou a causa de 
pedir. Nesse caso, a reunião dos processos deve ocorrer para evitar decisões conflitantes, ou 
seja, a conexão é um fato jurídico processual que normalmente produz o efeito jurídico de 
determinar a modificação da competência relativa.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa 
de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já 
houver sido sentenciado.
Pode haver conexão sem que haja a reunião de processos?
Sim, porque a conexão é um fato jurídico e a reunião dos processos é um dos possíveis 
efeitos desse fato. Conexão não é sinônimo de reunião de processos. Verifique o teor da Sú-
mula 235 do STJ:
Súmula 235, STJ
A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi

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