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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Competência Livro Eletrônico 2 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Apresentação . ............................................................................................................................3 Competência. ..............................................................................................................................4 Competência. ..............................................................................................................................4 Classificação da Competência . ................................................................................................7 Competência Internacional . ................................................................................................... 13 Cooperação Internacional ....................................................................................................... 16 Critérios de Distribuição da Competência . ........................................................................... 21 Competência em Razão da Matéria (Ratione Materiae) . ......................................................23 Competência em Razão da Pessoa (Ratione Personae) . .....................................................23 Competência em Razão do Valor da Causa . .........................................................................23 Competência em Razão do Território . ...................................................................................24 Competência da Justiça Federal.............................................................................................29 Competência da Justiça Federal em Razão da Pessoa . .......................................................29 Competência da Justiça Federal em Razão da Matéria . ......................................................33 Modificações da Competência . ...............................................................................................37 Conexão e Continência . ..........................................................................................................38 Conflito de Competência . ........................................................................................................39 Súmulas do STJ sobre Competência . ....................................................................................44 Súmulas do STJ sobre Continência . .......................................................................................49 Questões de Concurso . .......................................................................................................... 50 Gabarito ....................................................................................................................................62 Gabarito Comentado . ..............................................................................................................63 ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá, querido(a) aluno(a)! Como está seguindo com a sua preparação? Torço para que este- ja caminhando tudo dentro do planejado e que logo você alcance a sua tão sonhada aprova- ção. Espero também que esteja gostando das nossas aulas. Conte comigo nessa jornada, que sei que é dura, mas que vale o esforço. Não se deixe abater pelo cansaço. Tome sua vitória como algo certo e siga em frente. O dia da sua nomeação e posse no cargo almejado tem um sabor inigualável. Vamos com força total. Aproveite esse tempo de estudo como uma forma de amadurecimento e de oportunidade. Lembre-se que muitos gostariam de estar no seu lu- gar e ter a chance de estudar. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL COMPETÊNCIA Não preciso nem comentar com vocês a importância desse tema, não é mesmo? Sendo assim, vamos começar! CompetênCiA Você lembra que na nossa última aula nós estudamos o conceito de jurisdição e eu co- mentei que ela consiste no poder conferido ao Estado-Juiz de aplicar o Direito ao caso con- creto? Pois bem! A jurisdição civil é exercida por todos os magistrados em todo o território nacional. Ocorre que, embora a jurisdição seja una, há necessidade de organizar a Justiça e distribuir o exercício dessa jurisdição aos órgãos judiciários, principalmente, em razão do tamanho do nosso país, que tem dimensões continentais. Daí surge o conceito de competência, que é denominada por muitos doutrinadores de “medida da jurisdição”. Podemos afirmar, desse modo, que a competência é o resultado de critérios utilizados para distribuir entre os órgãos as atribuições relativas ao desempenho da atividade jurisdicio- nal. Consiste na medida, ou seja, no limite de poder atribuída a determinado ente, sob pena de juízes poderem atuar em qualquer processo que tramite em qualquer comarca do país. A competência jurisdicional é, portanto, uma porção da jurisdição, ou seja, a quantidade de poder atribuído a um determinado juízo. Certo, professora. Então como é feita a distribuição dessa competência? Segundo Fredie Didier Jr., a competência se distribui por meio de normas constitucionais (inclusive constituições estaduais), legais, regimentais (distribuição interna da competência nos tribunais, feita pelos seus regimentos internos) e até mesmo negociais (foro de eleição). E ele tem razão. Veja o que diz o artigo 44 do CPC que confirma essa forma de distribuição da competência. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determi- nada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados. A competência é regida por alguns princípios: O primeiro deles é a tipicidade, que significa que a competência tem que ser típica e pre- vista por lei. Agora preste bastante atenção: embora a competência tenha que ser típica, ad- mite-se o que se chama de competência implícita (implied power). E em quais situações a competência implícita é admitida? O STF admite que se reconheça a existência de competências implícitas quando não houver regra expressa, e por isso, algum órgão jurisdicional haverá de ter competência para apreciar a questão. É o caso, por exemplo, dos embargos de declaração em que não há regra constitucional prevendo como competência do STF ou STJ o julgamento dos embargos de declaração opostos contra suas decisões. O segundo princípio é o da indisponibilidade da competência, que significa que o órgão não pode dispor de sua competência, sob pena de violação ao princípio do juiz natural. O terceiro princípio é o da efetividade. De acordo com esse princípio, a justiça brasileira só pode se julgar competente para julgar determinado processo cuja decisão gera efeitos em território nacional ou em Estado estrangeiro que reconheça esta decisão. É importante ressaltar que os princípios relacionados acima compõem o conteúdo do princípio do juiz natural, já estudado por nós. Querido(a) aluno(a)! Você conhece a regra KOMPETENZ KOMPETENZ? De acordo com essa regra, de origem alemã, todo juiz é competente para decidir sobre a sua competência. O juiz sempre poderá decidir sobre a sua competência, por mais que seja incompetente para julgar a causa. Diz-se, dessa forma, que todo órgão jurisdicional tem sem- pre uma competência mínima, ou atômica. É a competência sobre a competência. Essa é uma regra bastante utilizada na arbitragem, tendo em vista que cabe ao próprio árbitro decidir, sem intervençãodo Poder Judiciário, se ele é competente. Vamos conferir o que traz a Lei de Arbitragem sobre o tema? Lei 9.307/96, Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que esti- ver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória. O STJ também possui alguns julgados interessantes sobre a referida regra. Vamos con- ferir um deles. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ARBITRAGEM. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL. PRINCÍPIO KOMPETENZ- -KOMPETENZ. PRECEDENTES. DISSÍDIO NOTÓRIO. 1. Contrato celebrado entre as partes com cláusula compromissória expressa, estabe- lecendo a arbitragem como instrumento para solução das controvérsias resultantes de qualquer disputa ou reivindicação dele decorrente, e impossibilitando que as partes recorram ao Poder Judiciário para solucionar contenda relativa ao seu cumprimento. 2. O princípio Kompetenz-Kompetenz, positivado no art. 8º, § único, da Lei n. 9.307/96, determina que a controvérsia acerca da existência, validade e eficácia da cláusula com- promissória deve ser resolvida, com primazia, pelo juízo arbitral, não sendo possível antecipar essa discussão perante a jurisdição estatal. 3. Incumbe, assim, ao juízo arbitral a decisão acerca de todas questões nascidas do contrato, inclusive a própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória. 4. A hipossuficiência reconhecida na origem não é causa suficiente para caracterização das hipóteses de exceção à cláusula Kompetenz-Kompetenz. 5. Dissídio notório do acórdão recorrido com a linha jurisprudencial do STJ acerca da questão. 6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. RESP 1598220 25/06/2019. Aluno(a) querido(a). Com certeza você já deve ter ouvido falar da perpetuação da jurisdi- ção. Vamos estudá-la? A perpetuatio jurisdictionis é a regra, segundo a qual, a competência permanece a mesma até o momento em que o juiz prolata a sentença. A regra está prevista no artigo 43 do CPC. Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL O que significa essa regra, professora? Significa que quando a ação é distribuída, firma-se e perpetua-se a competência daquele juízo e as eventuais modificações de fato ou de direito não alteram a competência. Essa regra é importante para estabilizar o processo e evitar que a cada fato novo, o processo seja anali- sado por juízos diferentes. Exemplo: a mudança posterior do domicílio do réu não é capaz de alterar a competência do juízo que já se firmou. Há exceções à regra? Há sim. Isso significa que podem ocorrer fatos supervenientes à propositura da demanda que irão gerar a redistribuição da causa, quebrando a regra da per- petuação da jurisdição. A primeira exceção ocorre quando há supressão do órgão judiciário. Por exemplo, a extin- ção de uma vara. A segunda exceção ocorre quando há alteração superveniente da competência absoluta com a alteração posterior de competência em razão da matéria, função ou pessoa. Mas nesse caso, fique atento porque se a alteração de competência absoluta ocorrer após a sentença, não haverá a redistribuição do processo, com a quebra da perpetuação da competência, exa- tamente porque já houve julgamento. Além disso, o STJ, em algumas oportunidades já se manifestou no sentido de que no caso de disputa judicial que envolve a guarda ou mesmo a adoção de crianças ou adolescentes, deve-se levar em consideração o interesse deles para a determinação da competência, mes- mo que para tal se flexibilizem outras normas. Isso importa em dizer que a regra da perpetua- tio jurisdictionis deve ser afastada para que a solução do litígio seja mais ágil, segura e eficaz em relação à criança, permitindo a modificação da competência no curso do processo, mas sempre considerando as peculiaridades do caso (CC 111.130-SC). ClAssifiCAção dA CompetênCiA Agora vamos tratar das diversas classificações da competência, de acordo com o nosso ordenamento jurídico e com os entendimentos doutrinários sobre o tema. Primeiro, vamos estudar a clássica divisão entre competência relativa e competência absoluta. As regras de competência relativa visam prestigiar a vontade das partes. O legitimado para arguir a incompetência relativa do juízo é o réu, considerando que ele não teve nenhuma ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL participação na escolha do juízo para o qual a demanda judicial foi distribuída. Não esqueça que o Ministério Público também tem essa legitimidade expressa no CPC. Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. Professora, a incompetência relativa pode ser reconhecida de ofício pelo juiz? O STJ tem posicionamento no seguinte sentido: Súmula 33 do STJ A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. No entanto, em que pese o posicionamento do STJ constante na súmula 33, o legislador de 2015 previu a seguinte regra: Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. § 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. Veja que o objetivo do legislador com a previsão contida no §3º do artigo 63 do CPC é de proteger o réu que, participando de um contrato de adesão, concorda com cláusula abusiva de eleição de foro. Nesse caso, a incompetência pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Existe prazo preclusivo para a alegação de incompetência relativa? Sim. O prazo para a alegação da incompetência relativa é o primeiro momento em que couber ao réu falar nos autos, e normalmente esse momento é o da contestação. Isso implica no fato de que, não havendo manifestação dentro do prazo da contestação, a prorrogação da competência do juízo ocorre. Agora vamos tratar da competência absoluta. As regras de competência absoluta são criadas para atender ao interesse público. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Podem arguir a incompetência absoluta o autor, réu, terceiros intervenientes, Ministério Público como fiscal da ordem jurídica e até mesmo o juiz de ofício. O autor, mesmo sendo o responsável pela criação do vício no caso concreto, terá legitimidade para argui-lo. Interes- sante, concorda? Art. 64, § 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Perceba que a incompetência absoluta poderá ser reconhecida a qualquer momento do processo e até mesmo após o encerramento do processo, já que o artigo 966, II do CPC prevê que a incompetência absoluta é causa que dá ensejo à ação rescisória. No entanto, não posso deixar de esclarecerque existe uma corrente doutrinária que entende que é inviável alegação de incompetência absoluta nas vias extraordinárias de impugnação, ou seja, por meio dos recursos especial e extraordinário. Segundo essa corrente, a necessidade de a matéria ser prequestionada impede a manifestação originária do STJ e STF a respeito dessa matéria. Ótimo, querido(a) aluno(a)! Agora me responda uma coisa. Como devem ser alegadas as incompetências absoluta ou relativa? A resposta está expressa no CPC. Confira: Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contesta- ção. Isso significa que não temos mais a figura da exceção de incompetência que existia no CPC de 1973. Fique atento(a) a essa situação. Entendi, professora. E o que ocorre quando for reconhecida a incompetência absoluta ou relativa? O processo será remetido ao juízo competente. Art. 64, § 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. Mas fique ligado(a), porque no âmbito dos Juizados Especiais, o reconhecimento da in- competência territorial gera a extinção do processo, conforme o artigo 51, III da Lei 9.099/95. E atos que foram praticados pelo Juízo incompetente? O que acontece com eles? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Serão aproveitados, ou seja, são considerados válidos. Devem ser revistos ou ratificados, mesmo que de forma tácita pelo juízo competente. Vamos conferir? Art. 64, § 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. Segundo Fredie Didier, as principais diferenças entre a incompetência absoluta e a relativa são: Incompetência absoluta Incompetência relativa Regra de competência criada para atender interesse público. Regra de competência criada para atender precipuamente interesse particular. Pode alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes. Somente pode ser arguida pelo réu, na contestação, sob pena de pre- clusão. Não esqueça a observação que fizemos em relação ao Ministé- rio Público. É possível ser desconstituída por ação rescisória. Não é possível ser desconstituída por ação rescisória. Não pode ser alterada por vontade das partes. Admite alteração por acordo. É pos- sível, modificar voluntariamente, por foro de eleição ou pela não ale- gação de incompetência relativa. Não pode ser alterada por conexão ou continência. Pode ser alterada por conexão ou continência. Competência em razão da matéria, da pessoa e funcional são exemplos. A competência territorial é, em regra, relativa. Ótimo! Agora vamos verificar como descobrir a competência para o caso concreto. É sim- ples. Basta seguir os seguintes passos: ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Vamos esclarecer alguns termos que talvez você encontre nas provas? • Competência de foro e do juízo: foro é a unidade territorial onde é exercido o poder ju- risdicional. Com isso, no momento da verificação da competência, verifica-se primeiro qual o foro competente e depois o juízo (vara, cartório); • Competência originária: aquela atribuída ao órgão jurisdicional para decidir a causa em primeiro lugar. Pode ser tanto do juiz de primeiro grau como do tribunal; • Competência derivada: também chamada de competência recursal, é a competência atribuída ao órgão jurisdicional para rever decisão já proferida; • Prorrogação de competência: ocorre somente na competência relativa, quando se am- plia a esfera de competência de um órgão judiciário para conhecer de certas causas que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas atribuições funcionais. Pode ser legal ou necessária, quando decorre da própria lei, como nos casos de cone- xão ou continência, conforme artigo 54 do CPC; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção. • Foros concorrentes: ocorre quando, em princípio, existem vários foros competentes para o julgamento da causa. Diante dessas opções, o autor exercita o forum shopping. Professora, e o que é o forum shopping? Nunca ouvi falar disso! Acalme-se. Vou explicar. Forum shopping é a escolha do foro pelo demandante. É a possibilidade de escolher o foro dentre aqueles em tese competentes. Essa escolha é um direito potestativo do autor. Os princípios do devido processo legal, adequação e boa-fé devem incidir na escolha do autor, para impedir o abuso na escolha de um foro que, embora competente, se revele apenas como uma técnica para dificultar a defesa do réu ou impedir o bom andamento processual. Com- preendeu? Para garantir a efetivação de todos esses princípios, embora sem sistematização e com uma fundamentação difusa, surgiu na Escócia uma doutrina que serviu como freio jurispru- dencial a essas escolhas abusivas. A ela deu-se o nome de forum non conveniens. O forum non conveniens é uma regra de temperamento que deixa ao arbítrio do juízo a pos- sibilidade de recusar a prestação jurisdicional se entender comprovada a existência de outra jurisdição concorrente mais adequada para atender aos interesses das partes e da justiça. O foro de eleição é aquele escolhido pelas partes. Como já mencionado na tabela acima, a competência relativa pode ser alterada pela vontade das partes. Assim, elas podem eleger o foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. Veja o que diz o artigo 63 do CPC: Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. § 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressa- mente a determinado negócio jurídico. § 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. § 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Observações importantes: • O que se escolhe é o foro e não o juízo; • Foro de eleição oral é ato jurídico inexistente; • As partes contratantes podem eleger mais de um foro; • Em um mesmo negócio pode haver eleição de foro e a convenção de arbitragem; • A abusividade de cláusula de eleição de foro pode ser reconhecida de ofício pelo juiz; • O autor deve ser intimado para pronunciar-se acerca da abusividade da cláusula, em obediência ao art. 10 do CPC (vedação da decisão surpresa). CompetênCiA internACionAl Você lembra que tratamos do princípio da efetividade da competência? Pois bem! Quando falamos em competência internacional temos que ter em mente que ela tem a finalidade de delimitar o espaço em que deve atuar a jurisdição, na medida em que o Estado possa fazer cumprir soberanamente as suas sentenças. É aqui que se enquadra o princípio da efetividade. Podemos dizer que a jurisdição é limitada no âmbito internacional. Isso porque temos a necessidade de conviver com os Estados estrangeiros e respeitar as soberanias. A competência internacional de autoridade judiciária brasileira está prevista nos artigos 21 a 24 do CPC. Os artigos 21 e 22 do CPC tratam da competênciainternacional concorrente. Isso signifi- ca que essas causas podem também ser julgadas por tribunais estrangeiros e nesse caso, a sentença proferida no estrangeiro será eficaz no território brasileiro, desde que homologada pelo STJ. Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; Observe que aqui, não se leva em consideração a nacionalidade do réu, mas sim o seu domicílio que é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo. II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I – de alimentos, quando: Aqui estamos tratando dos alimentos internacionais. a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II – decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; Aqui estamos tratando das relações de consumo internacionais. III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Aqui estamos tratando da cláusula de eleição de foro internacional. O artigo 21 do CPC de 2015 não trouxe novidade ao nosso ordenamento jurídico. Já o artigo 22 previu novas situações de competência internacional concorrente, nos incisos I e II. O inciso II que trata das relações de consumo internacionais é uma clara consequência natural da globalização, do comércio eletrônico e das relações jurídicas de consumo que ul- trapassam as barreiras geográficas. É o caso, por exemplo, de alguém que é domiciliado no Brasil e compra um aparelho eletrônico no exterior com defeito. O inciso III do artigo 22 traz o que a doutrina chama de cláusula de eleição de jurisdição, pois, o juízo brasileiro também será competente para julgar as ações em que as partes deci- dem se submeter à jurisdição nacional. No entanto, atualmente também é admitida a cláusula de eleição de foro estrangeiro, conforme o que dispõe o artigo 25 do CPC. O artigo 23 do CPC trata da competência internacional exclusiva. Isso significa que as sentenças estrangeiras proferidas em tais casos não produzem efeitos no território brasileiro, não havendo possibilidade de homologá-las no Brasil. Somente a autoridade judiciária brasi- leira tem jurisdição para resolver a demanda. Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; Aqui há entendimento doutrinário de que a ação não precisa ter natureza de ação real imobiliária. Pode ter natureza de ação de direito pessoal também, como no caso da locação. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao in- ventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; A confirmação de testamento particular foi uma novidade trazida pelo CPC de 2015. III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. O divórcio, separação ou dissolução da união estável pode acontecer em outro país. O que não pode é a partilha de bens situados no Brasil. Já o artigo 24 do CPC trata da competência concorrente e da litispendência internacional, para dar ênfase à supremacia da jurisdição nacional em face da estrangeira. A litispendência internacional se dá quando existem duas ações idênticas (com os mesmos elementos, quais sejam, partes, causa de pedir e pedido) tramitando em países diferentes. Na competência concorrente, como a mesma causa pode ser objeto de julgamento pela jurisdição nacional e pela jurisdição estrangeira, não há espaço para a litispendência, entende? Segundo a doutrina majoritária, a existência de um processo estrangeiro não impede a existência de um processo idêntico em território nacional e vice-versa. Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Nessa situação do parágrafo único, há que se considerar que, caso venha uma sentença do juízo estrangeiro para ser homologada em território nacional pelo STJ, produzirá coisa jul- gada, que deverá ser respeitada pelo tribunal nacional. De igual forma, se a justiça brasileira tiver dado uma decisão já transitada em julgado, o STJ não poderá homologar a sentença estrangeira. Entendi, professora. Mas o que acontece quando duas ações com as mesmas partes e mesmo objeto tramitam no Brasil e no estrangeiro? Não é possível acontecer a prolação de sentenças conflitantes? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Sim. É possível. Você tem razão e o STJ já se pronunciou a respeito disso e decidiu que deve prevalecer a sentença que transitou em julgado primeiro. Vamos conferir? 1.- Tratando-se de jurisdições concorrentes, a estrangeira e a nacional, em que discu- tida a mesma matéria, isto é, a validade de cláusula arbitral constante de contrato cele- brado no exterior sob expressa regência da legislação estrangeira, prevalece a sentença que primeiro transitou em julgado, no caso a sentença estrangeira. SEC 854 / EX SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA 2005/0123803-1 DJe 07/11/2013. O art. 25 do CPC veio para acabar com a divergência doutrinária que havia na vigência do CPC de 1973, ao determinar que, caso as partes elejam o foro estrangeiro como com- petente para processar e julgar a demanda, a autoridade brasileira não terá competência para julgá-la, desde que não se trate de demanda exclusiva. Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva pre- vistas neste Capítulo. § 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º. Assim, hoje é admitida a cláusula de eleição de foro estrangeiro, com o poder de afastar a incidência da jurisdição brasileira em casos de competência concorrente. CooperAção internACionAl A cooperação internacional está prevista no artigo 26 do CPC e esse artigo consagra a intenção do legislador de possibilitar o intercâmbio de informações entre as autoridades judi- ciárias dos países. Isso porque hoje vivemos em um mundo globalizado, com fronteiras muito estreitas e a necessidade de auxílio mútuo para uma efetiva prestação jurisdicional. Vamos conferir o teor do artigo? Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz partee ob- servará: I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; II – a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em rela- ção ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente; IV – a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; V – a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. § 1º Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática. § 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença estrangeira. § 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. § 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica. Professora, na prática, como se dá o cumprimento das medidas processuais para além do território nacional? De duas formas: Mas, perceba que para a homologação de sentença estrangeira, não se exige a reciproci- dade, conforme o disposto no artigo 26, § 2º do CPC. Professora, quais são os atos que podem ser objeto de cooperação internacional? São os que estão previstos no artigo 27 do CPC. E digo mais. De acordo com a doutrina, esse rol é exemplificativo. Vamos conferir quais são esses atos? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: I – citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; II – colheita de provas e obtenção de informações; III – homologação e cumprimento de decisão; IV – concessão de medida judicial de urgência; V – assistência jurídica internacional; VI – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. Observe que todas essas formas de cooperação internacional são novidades no CPC de 2015, com exceção da carta rogatória e da homologação de sentença estrangeira que já eram previstas no antigo CPC. Professora, você pode me dar alguns exemplos de instrumentos de cooperação jurídica internacional? Posso, com certeza. Aqui vão: • auxílio direto; • carta rogatória; • cooperação por meio de tratados específicos (ex: sequestro internacional de crianças); • homologação de sentença estrangeira; • extradição. Vamos falar do auxílio direto. O que é isso? É uma medida simplificada de cooperação internacional. É um requerimento para que um determinado ato processual decorrente da cooperação jurídica internacional seja realizado de forma direta, quando não ensejam delibação por parte do Superior Tribunal de Justiça, já que nesse caso, não haveria necessidade de análise por parte do STJ quanto à decisão proferida no estrangeiro (desnecessidade de exequatur). O artigo 28 do CPC prevê: Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. É possível que o Brasil busque a cooperação de outro Estado, na forma de auxílio direto e aqui teríamos o auxílio direto ativo, mas também é possível que outro Estado busque auxílio no Brasil, o que é chamado de auxílio direto passivo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL E como é o procedimento do auxílio direto passivo? Da seguinte forma: assim que recebido o pedido do Estado estrangeiro, a autoridade cen- tral o encaminha à Advocacia Geral da União e esta, por sua vez, requer em juízo a medida solicitada. É possível, inclusive, que a autoridade central seja o Ministério Público e nesse caso, será ele o responsável por requerer a medida solicitada. Confira: Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advoca- cia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central. Vamos analisar outras espécies de auxílio direto? Pela análise da redação do artigo 32 do CPC, podemos perceber que o auxílio direto também pode ser administrativo, quando seu objeto se relaciona com a prática de atos de cunho administrativo ou judicial, quando seu objeto se relaciona com a prática de atos de cunho judicial. Perceba que no auxílio direto ad- ministrativo, a própria autoridade central é que deve adotar as medidas para o cumprimento do auxílio direto. Já no judicial, há a necessidade de instauração de um procedimento perante o juízo federal de primeira instância do lugar onde deva ser cumprida a medida, conforme o disposto no artigo 34 do CPC. Captou? Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessi- tem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento. Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional. Professora, você falou tanto de uma tal de autoridade central. Quem é essa autoridade central? É uma autoridade designada especificamente para esse encargo. Essa designação ocorre, normalmente, nos tratados internacionais. Mas pode ser que em alguns casos, ninguém seja designado. E aí? Como fica a situação? Nessa hipótese, o papel de autoridade central caberá ao Ministério da Justiça. Vamos conferir? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 26, § 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de de- signação específica. Vamos verificar quais atos podem ser objeto de auxílio direto? Lembro a você que o rol desse artigo também é exemplificativo, ok? Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: I – obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos adminis- trativos ou jurisdicionais findos ou em curso; II – colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; III – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. Por fim, para finalizar essa parte do nosso estudo, vamos tratar da carta rogatória. A carta rogatória é um meio de comunicação internacional que visa possibilitar a prática de atos pro- cessuais, mas nos casos em que o ato estrangeiro constitua uma decisão a ser executada no Brasil. Percebeu a diferença para o auxílio direto? Vou trazer um quadro para te mostrar as características principais dos dois procedimen- tos. Confira: AUXÍLIO DIRETO CARTA ROGATÓRIA Procedimento de jurisdição voluntária. Procedimento de jurisdição contenciosa. Art. 36 CPC. Tramita perante o juiz federal. Tramita perante o STJ. Utilizado quando a medida não decorrer dire- tamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de deliba- ção no Brasil. Utilizada quando o ato estrangeiro consti- tuir decisão a ser executada no Brasil. Vedada a revisão do mérito do pronuncia- mento judicial estrangeiro pela autoridadejudiciária brasileira. Veja que interessante! Para o STF, a oitiva de estrangeiro, preso por ordem do STF em processo de extradição, enquadra-se como providência a ser cumprida por meio de auxílio direto. Vamos conferir? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL E OITIVA DE EXTRADITANDO Compete ao STF apreciar o pedido de cooperação jurídica internacional na hipótese em que solicitada, via auxílio direto, a oitiva de estrangeiro custodiado no Brasil por força de decisão exarada em processo de extradição. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto em face de decisão monocrática que assentara a competência do STJ para julgamento de pedido de cooperação jurídica formulado pelo ministério público português por intermédio da Procuradoria-Geral da República. A solicitação em comento tem como objeto a oitiva de extraditando custodiado pre- ventivamente em procedimento extradicional cujo requerente é a República da Irlanda. Ocorre que os supostos delitos cometidos pelo extraditando, e que sustentam o pro- cesso de extradição, teriam, segundo alegado pelo ministério público de Portugal, reper- cussão também nesse país. A Turma afirmou que não incidiria, na espécie, o conjunto de regras atinentes à carta rogatória, mas sim as regras que dispõem sobre o auxílio direto (CPC, artigos 28 a 34). Tal auxílio consistiria na obtenção de providências em jurisdição estrangeira, de acordo com a legislação do Estado requerido, por meio de autoridades centrais indicadas em tratado internacional. Prescindiria, ademais, do juízo de delibação a ser proferido pelo STJ. Tratando-se, no caso, de produção probatória e oitiva de testemunho — o que, na seara da assistência jurídica internacional, não demandaria o mecanismo da carta rogatória e do respectivo exequatur — incidiria a regra do art. 28 do CPC (“Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil”). Vencido o Ministro Marco Aurélio (relator), que desprovia o recurso. Pet 5946/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 16.8.2016. (Pet-5946 – Informativo 835 STF) Critérios de distribuição dA CompetênCiA Lembra que falamos que a competência é a medida da jurisdição? Então! Para que a ju- risdição seja bem administrada, precisamos que ela seja exercida de forma fracionada, para que tenhamos o mínimo de organização e para isso, são estabelecidos alguns critérios de distribuição de competência. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL O critério objetivo leva em consideração a demanda levada ao Poder Judiciário, ou seja, é aquela distribuída de acordo com os elementos da demanda. São três os subcritérios objeti- vos de competência: • Competência em razão da pessoa: tem em conta as partes envolvidas. Exemplo: Vara de Fazenda Pública; • Competência em razão da matéria: o direito material servirá para determinar a com- petência, atribuindo a causa à Justiça Federal ou à Justiça Estadual. Tem em conta a causa de pedir. Exemplo: Vara de família, Vara Cível; • Competência em razão do valor da causa: tem em conta o pedido e o disposto no artigo 291 do CPC, que aduz que a toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível). Exemplo: Juizados Especiais, que se su- jeitam dentre outros critérios, ao valor de até 40 salários mínimos. É importante você se ater ao fato de que a competência dos juizados especiais federais, onde houver, é absoluta. O critério funcional leva em consideração as funções que devem ser exercidas em um mesmo processo. Pode ser: em uma perspectiva horizontal (na mesma instância) ou vertical (em instâncias diversas). A competência funcional, portanto, é a competência para exercer uma determinada função em um mesmo processo. É uma competência absoluta. O critério territorial leva em consideração em que território a causa deve ser processada. Trata-se, em regra, de competência relativa. Fique atento, todavia, porque existem hipóteses de competência territorial absoluta, como, por exemplo: • O foro do local do dano é o competente para a Ação Civil Pública (Lei 7.037/85). Art. 2º Lei 7.037/85 As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. • Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003): Art. 80 Lei 10.741/2003 As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL CompetênCiA em rAzão dA mAtériA (Ratione MateRiae) É determinada em virtude da natureza da causa, ou seja, do objeto daquela demanda. É por meio desse critério que vamos definir se a competência é de uma vara de família, uma vara de falência ou de uma vara de justiça especializada como a trabalhista, a eleitoral ou a militar. As normas de competência em razão da matéria estão estampadas na Constituição Fede- ral, nas Constituições Estaduais, nas leis federais e normalmente, são regulamentadas pelas Leis de Organização Judiciária, principalmente no que concerne à definição das competên- cias das varas especializadas. A finalidade é especializar a justiça em razão da matéria. Não esqueça que é uma competência cujas regras têm natureza absoluta. Assim, não admite prorrogação e tampouco modificação. CompetênCiA em rAzão dA pessoA (Ratione PeRsonae) O CPC não regula expressamente as regras de competência em razão da pessoa. As re- gras estão definidas na CF, nas Constituições Estaduais e também nas Leis de Organização Judiciária. Também tem natureza absoluta. A finalidade é especializar a justiça em razão da pessoa. Um exemplo clássico de competência em razão da matéria é a criação das Varas de Fazenda Pública para solução das causas que envolvem os Estados e os Municípios. Outro exemplo de regra de competência em razão da pessoa é a fixada no artigo 109, I da CF. Vamos conferir? Art. 109 CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; CompetênCiA em rAzão do VAlor dA CAusA O artigo 291 do CPC é de suma importância porque nos traz a informação de que a toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imedia- tamente aferível. A competência em razão do valor da causa tem natureza, em regra, relativa. Por que você disse “em regra”, professora? Porque em algumas situações, a legislação prevê uma natureza ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL absoluta à competência em razão do valor da causa. Quer um exemplo? O art. 3º § 3º da Lei 10.259/01 aduz que a competência do Juizado Especial Federal será absoluta no foro onde estiver instalada a Vara do Juizado Especial. Confira: Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de compe- tência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. § 3ºNo foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta. A Lei 12.153/2009, que trata dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, também traz regra semelhante, ao afirmar no artigo 2º § 4º que no foro onde estiver instalado Juizado Es- pecial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta. No caso do Juizado Especial Estadual (Lei 9.099/95), serão de sua competência as cau- sas que não superem 40 salários mínimos. No entanto, aqui existe uma faculdade do autor em optar pela Justiça Comum, ainda que sua causa tenha valor inferior a esse montante. CompetênCiA em rAzão do território Como mencionei acima, a competência territorial é espécie de competência relativa. O foro comum previsto no CPC é o do domicílio do réu. Mas fique atento (a) porque esse foro se aplica aos processos que tem direito pessoal e direito real sobre bens móveis envolvidos. Assim, podemos dizer que a regra geral de competência territorial está disposta no artigo 46 do CPC. Vamos conferir: Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. Nesse caso, a escolha cabe ao autor. § 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encon- trado ou no foro de domicílio do autor. A expressão “onde for encontrado” deve ser entendida como residência e não em um local esporádico de passagem do réu. Aqui temos uma regra de competência subsidiária. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL § 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de do- micílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. Aqui também temos uma regra de competência subsidiária, só que nesse caso, temos uma competência sucessivamente subsidiária. § 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qual- quer deles, à escolha do autor. § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. No § 5º, segundo uma corrente doutrinária, criou-se aqui uma regra de foros concorren- tes, de forma que caberá ao exequente a escolha do foro no caso concreto dentre aqueles abstratamente competentes. Mas há uma outra corrente que entende que é caso de foros subsidiários, havendo aqui uma ordem de preferência entre eles). A competência que trata sobre direito real imobiliário e ação possessória imobiliária é a prevista no artigo 47 do CPC que define como o foro competente, o da situação da coisa. Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem com- petência absoluta. A doutrina entende que o artigo 47 do CPC criou uma regra de natureza absoluta. Professora, mas o que são essas ações fundadas em direito real imobiliário? São as ações que têm como objeto um direito real, derivado de uma relação jurídica de di- reito material existente entre uma pessoa e uma coisa. Lembre-se que os direitos reais estão previstos no artigo 1.225 do Código Civil. No artigo 48 do CPC temos o que a doutrina chama de foro de sucessão. Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a par- tilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I – o foro de situação dos bens imóveis; II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Aqui, temos uma regra de foro especial. O foro preferencial é o foro do autor da herança, ainda que o falecimento dele tenha se dado no estrangeiro. Isso significa que o legislador deu preferência para o foro do último domicilio do falecido no Brasil. É uma regra de competência relativa. O foro competente para as ações em que o réu for ausente está previsto no artigo 49 do CPC e é o foro do seu último domicílio. Vamos verificar? Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamen- tárias. Professora, e se o réu for incapaz e eu quiser ajuizar uma ação contra ele, onde essa ação deverá tramitar? Essa ação deverá ser proposta no foro de domicílio do seu representante ou assistente, conforme o disposto no artigo 50 do CPC. Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Já quando a autora da ação for a União, a ação deverá tramitar no foro do do- micílio do réu. O mesmo ocorre quando os Estados e o Distrito Federal forem os demandantes. E se a União for a ré? Nesse caso, há opções, quais sejam, o foro de domicílio do autor, o foro de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, o foro da situação da coisa ou no Distrito Federal. Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Dis- trito Federal. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Essa regra reproduziu o que já era definido na CF no artigo 109, §§ 1º e 2º. Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. A CF tem uma previsão semelhante no artigo 109 §2º, que aduz que “as causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, na- quela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal”. Veja que interessante esse julgado do STF sobre o tema, no qual o STF entendeu que o autor pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-membro, mesmo que exista Vara Federal instalada no município do interior em que ele for domiciliado. (...) A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que a parte autora pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-membro, mesmo quando instalada Vara da Justiça Federal no município do mesmo Estado em que domiciliada. (...) STF. 1ª Turma. RE 641449 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 08/05/2012. No mesmo sentido: STF. 1ª Turma. RE 463101 AgR-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma.ARE 1151612 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/11/2019 (Info 960). Agora, vamos tratar de um assunto bem importante em matéria de competência. O artigo53, I do CPC que trata do foro competente para as ações conjugais. Inclusive, esse artigo so- freu uma recente alteração pela Lei n. 13.894, de 2019. A Lei 13.894/2019 alterou a Lei Maria da Penha e o CPC para tratar, dentre outros assun- tos, sobre o divórcio relacionado com violência doméstica. No CPC de 1973, o foro competente para as ações de separação, conversão desta em di- vórcio e anulação de casamento era o da residência da mulher. O CPC de 2015 alterou essa ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL previsão e entendeu que o que deve prevalecer é o foro do cônjuge ou companheiro que es- tiver na função de guardião do filho incapaz. E não havendo filho incapaz, a doutrina entende que esse inciso trouxe uma ordem preferencial e que devemos seguir essa ordem de foros subsidiários previstos nas demais alíneas. Art. 53. É competente o foro: I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei n. 13.894, de 2019) Ocorre que veio a Lei 13.894/2019 e criou a alínea “d” que ficou topologicamente abaixo das demais alíneas que eram entendidas pela doutrina como uma ordem preferencial. Assim, surgiu a seguinte dúvida: qual será a ordem de prioridade a ser adotada, ou seja, o domicílio do réu previsto na alínea “c” ou o da vítima de violência doméstica da alínea “d”? O domicílio da vítima de violência doméstica prevalece sobre todos os demais? O entendimento que vem prevalecendo é no sentido de que não é possível adotar uma interpretação que gere a ineficácia da norma. Assim, deve-se agora considerar que as alíneas do inciso I do art. 53 não são mais preferenciais com base na topografia e que a alínea “d” é prioritária em relação às demais hipóteses, pensando no objetivo do legislador que foi prote- ger as vítimas de violência doméstica. Ótimo, professora. E o foro competente para a ação de alimentos? Qual é? Nesse caso, temos previsão específica no artigo 53, II do CPC e o objetivo da regra é a pro- teção da parte vulnerável da situação, ou seja, o alimentando. Por isso, o foro de seu domicílio é o competente. Mas fique ligado porque essa regra, segundo a doutrina, serve para as ações de alimentos cujo fundamento é a relação de parentesco ou casamento. Se for uma demanda de alimentos que tenha como fundamento um ato ilícito, um contrato ou um testamento, te- remos como foro competente o artigo 46 do CPC, que nos remete ao foro de domicílio do réu. Art. 53. É competente o foro: II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Há outras competências no artigo 53 do CPC que você precisa saber! Art. 53. É competente o foro: III – do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem persona- lidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício; IV – do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. CompetênCiA dA JustiçA federAl A Justiça Federal faz parte da Justiça comum e é uma espécie de competência consti- tucional e taxativa, prevista no artigo 109 da CF. Assim, o legislador infraconstitucional não pode criar outras hipóteses de competência da Justiça Federal. Assim, é possível afirmar que a competência da Justiça Federal é absoluta e não pode ser modificada por iniciativa das partes. CompetênCiA dA JustiçA federAl em rAzão dA pessoA O inciso I do artigo 109 da CF traz uma competência da Justiça Federal em razão da pessoa. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Você percebeu que esse dispositivo legal se refere à União, entidade autárquica e empresa pública federal? Então vamos lá! Primeira pergunta: O que engloba a expressão entidade autárquica? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Autarquias federais; • Fundações públicas federais de direito público; • Agências reguladoras federais; • Conselhos de fiscalização profissional. A jurisprudência se consolidou no sentido de incluir as fundações federais, as agências reguladoras federais e os conselhos de fiscalização profissional como entes aptos a exigir a competência da justiça Federal. Súmula 66, STJ Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de fiscalização profissional. Súmula 324, STJ Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a Fundação Habi- tacional do Exército, equiparada a entidade autárquica federal. O mesmo não pode ser dito em relação às demandas das quais participe uma sociedade de economia mista. Nesse caso, elas serão de competência da justiça Estadual. Súmula 508, STF Compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S.A. Professora, e as fundações públicas de direito privado? Essas litigam na Justiça Estadual. Fique de olho! Aqui também vale uma importante observação: se um processo tramita na Justiça Esta- dual e é admitida a intervenção da União, autarquias, fundações públicas e empresas públicas federais, os autos serão remetidos à Justiça Federal. Lembre-se do que dispõe a Súmula 150 do STJ. Súmula 150, STJ Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justi- fique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL O entendimento da Súmula 150 do STJ também está consolidado no CPC no artigo 45: Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal com- petente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro intervenien- te, exceto as ações: I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho; II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. É importante ressaltar que a intervenção do ente federal é admitida por meio de uma deci- são do juízo federal. Isso significa que o simples pedido de intervenção já acarreta a remessa dos autos ao juízo federal. Certo, professora! Então deixa ver se entendi. O juízo federal competente, ao receber osautos, decidirá sobre o pedido de intervenção do ente federal e, após essa análise, pode ocor- rer duas situações: ou a intervenção é acolhida e a demanda prosseguirá na vara federal ou a intervenção é rejeitada e a demanda retornará para a Justiça Estadual. É isso? Sim! Você compreendeu perfeitamente a dinâmica. Parabéns! Confira: Art. 45, § 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo. E nos casos em que há cumulação de pedidos, em que o juízo estadual é competente para um ou alguns deles. Haverá remessa dos autos ao juízo federal? Nesse caso não haverá remessa ao juízo federal. O que ocorrerá é a simples exclusão do pedido que interesse ao ente federal, por meio de decisão interlocutória. Vamos conferir? Art. 45, § 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação. § 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas. E as ações em que a OAB figure na relação processual? De quem é a competência? Quanto ao tema, ressalto que o STF, em 31/8/2016, firmou, em sede de repercussão geral, o entendimento de que compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL dos Advogados do Brasil (OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual (RE 595332/PR). Confira: Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quer mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual. STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 31/8/2016 (repercus- são geral) (Info 837) Professora, e as entidades do Sistema “S” também litigam na Justiça Federal? Não. Confira o teor da súmula 516 do STF: Súmula 516, STF O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça estadual. O inciso II do artigo 109 da CF traz outra competência da Justiça Federal em razão da pessoa. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domici- liada ou residente no País; Nesse caso, o que se exige é que em um dos polos esteja um Estado estrangeiro ou um organismo internacional (como por exemplo, ONU, FMI, OEA, OMC) e de outro um Município ou uma pessoa residente ou domiciliada no Brasil. Mas aqui, é importante observar a necessidade de ressaltar a competência da Justiça do Trabalho, conforme o disposto no artigo 114, I da CF. Veja: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Agora, vamos pular para o inciso VIII do artigo 109 da CF, pois ele também traz uma com- petência da Justiça Federal em razão da pessoa. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; Essa é a situação em que a parte pretende ingressar com um mandado de segurança ou habeas data contra ato de alguma autoridade federal. Nesse caso, é necessário primeiro identificar o que será de competência originária dos Tribunais (TRF, STJ ou STF). As hipóteses remanescentes serão de competência do juízo de primeiro grau. Professora, sei que existem autoridades federais pertencentes aos quadros federais e outras que não pertencem, mas que exercem função delegada. Como fica a competência nesse caso? Se a autoridade, a despeito de não pertencer aos quadros federais, exercer função federal, o mandado de segurança impetrado contra ato seu deverá ser processado e julgado por um juiz federal. Não esqueça! CompetênCiA dA JustiçA federAl em rAzão dA mAtériA O primeiro inciso do artigo 109 da CF que vamos tratar é o III. Nele, temos a competência da justiça Federal para processar e julgar as causas fundadas em contratos internacionais ou tratados firmados pela União. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; Note que, nesse caso, para fins de determinação da competência, não nos importa ques- tionar quem são os sujeitos litigantes. Isso implica que o processo pode envolver entes não-federais. Professora, você pode dar alguns exemplos dessas causas? ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL Claro que posso: as demandas fundadas na Convenção de Paris (proteção ao nome comercial), na Convenção sobre prestação de alimentos no estrangeiro, na Declaração do Meio Ambiente. Outra competência da Justiça Federal em razão da matéria é a do artigo 109, inciso V-A. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: V – A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Esse inciso atribui ao juízo federal a competência para julgar as causas relativas a grave violação de direitos humanos. Foi uma inovação trazida pela emenda constitucional 45/2004. Aqui, a doutrina afirma que não houve por parte do legislador constituinte distinção no enunciado constitucional entre a natureza da causa, se cível ou criminal. Assim, é possível afirmar que a emenda constitucional 45 de 2004 criou uma nova competência cível para a Justiça Federal. Então, posso afirmar que qualquer causa relacionada a direitos humanos vai tramitar na Justiça Federal? Não. Para que isso aconteça, é preciso obedecer ao disposto no § 5º do art. 109 da CF/1988. Além disso, ressalto que o STJ se tem manifestado no sentido de que é imperativa a demonstração de incapacidade de as autoridades do Estado-membro desincumbirem-se a contento de suas funções, para que o mecanismo presente no § 5º do art. 109 da Constituição Federal seja ativado. Você lembra do caso famoso do assassinato da freira americana Doroty Stang que acon- teceu no Pará? Pois bem. Naquele caso, o Procurador Geral da República deu parecer favo- rável ao deslocamento da competência da justiça estadual daquele estado para a Justiça Federal. Ocorre que o Ministro relator entendeu que para justificar o deslocamento para a Justiça Federal, além dos requisitos do § 5º do artigo 109 da CF, ainda há outro requisito a ser cumprido, de modo que é necessário para que haja o deslocamento: ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Ocorrência de grave violação de direitos humanos; • Finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados inter- nacionais; • A incapacidade (oriunda de inércia, negligência,falta de vontade política, de condições pessoais, materiais, etc.) de o Estado-membro, por suas instituições e autoridades, le- var a cabo, em toda sua extensão, a persecução penal. No caso da Doroty, o STJ rejeitou o incidente. Agora veja um caso em que o incidente foi acolhido em parte. COMPETÊNCIA. DESLOCAMENTO. JUSTIÇA FEDERAL. HOMICÍDIO. GRUPOS DE EXTERMÍNIO. Trata-se de incidente de deslocamento de competência suscitado pelo procurador-geral da República para transferir à Justiça Federal a investigação, o processamento e o julga- mento do homicídio de advogado e vereador conhecido defensor dos direitos humanos que, durante toda a sua trajetória pública, vinha denunciando grupos de extermínio que agem impunes há mais de uma década em região nordestina. O vereador foi assassi- nado em 24/1/2009, depois de sofrer diversas ameaças e atentados por motivo torpe (vingança), supostamente em decorrência de sua atuação de enfrentamento e denún- cias contra os grupos de extermínio. As ações desses grupos denunciados pelo vereador resultaram em cerca de duzentos homicídios com características de execução sumária e com suposta participação de particulares e autoridades estaduais, tendo, inclusive, assassinado testemunhas envolvidas. Segundo a Min. Relatora, tais fatos decorrem de grave violação de direitos humanos, o que acabou por atrair a atenção de organizações da sociedade civil, das autoridades municipais locais, das Secretarias de Segurança dos dois estados do Nordeste envolvidos, dos respectivos Ministérios Públicos e Tribunais de Justiça, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), da Ordem dos Advogados, passando pelo Ministério Público Federal, até a manifestação do então procurador-geral da República. Ressalta que a instauração de comissão parlamentar de inquérito na Câmara dos Deputados (CPI) para investigar a atuação desses grupos de extermínio deu-se, em 2005. Entretanto observa que desde 2002 já haviam sido feitas, na jurisdição internacional na OEA, recomendações para que fossem adotadas medidas ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL cautelares destinadas à proteção integral de diversas pessoas envolvidas, entre elas o vereador, medidas as quais ou deixaram de ser cumpridas ou não foram efetivas. Para a Min. Relatora, os fatos que motivaram o pedido de deslocamento da competência nos moldes do § 5º do art. 109 da CF/1988 fundamentaram-se nos pressupostos exigidos para sua concessão: na existência de grave violação de direitos humanos, no risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais e na incapacidade das instâncias e autoridades locais de oferecer respostas efetivas como levantar provas, combater, reprimir ou punir as ações desses grupos de extermínio que deixaram de ser feitas, muitas vezes, pela impossibilidade de condições. Por outro lado, destaca que não foram trazidos elemen- tos concretos em que se evidenciaria o envolvimento de membros do Judiciário ou do MP local ou ainda inércia em apurar os fatos. Também explica que não poderia aco- lher pedidos genéricos quanto ao desarquivamento de feitos ou outras investigações de fatos não especificados ou mesmo sem novas provas. Diante do exposto, a Seção, ao prosseguir o julgamento, acolheu em parte o incidente, deslocando a ação penal para a Justiça Federal da Paraíba, que designará a circunscrição competente sobre o local do crime e dos fatos a ele conexos, bem como determinando a comunicação deste julga- mento ao ministro da Justiça e às Corregedorias dos Tribunais de Justiça dos estados nordestinos envolvidos. Precedente citado: IDC 1-PA, DJ 10/10/2005. IDC 2-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/10/2010. Informativo n. 0453. Para finalizar o estudo desse inciso, você precisa saber que o deslocamento da compe- tência para a Justiça Federal não enseja violação à garantia do juiz natural, na medida em que é regra geral de competência. Também é competência em razão da matéria, a prevista no inciso X do artigo 109 da CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacio- nalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; Nesse inciso, temos a competência da Justiça Federal para a execução de carta rogatória e de sentença estrangeira, após a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça e as demandas ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL referentes à nacionalidade e naturalização, como por exemplo, a ação visando obter passa- porte. Também serão de competência da Justiça Federal as ações relativas à retificação de registro, em razão da perda ou aquisição de nacionalidade. No inciso XI do artigo 109 temos mais uma competência da Justiça Federal em razão da matéria, que é a disputa sobre direitos indígenas. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: XI – a disputa sobre direitos indígenas. Aqui, temos que fazer o seguinte questionamento: a simples presença de indígena como parte da demanda é o suficiente para a aplicação do art. 109, XI, da CF? A resposta é ne- gativa. O entendimento dominante da jurisprudência é no sentido de que a competência da Justiça Federal fica restrita às demandas que tenham como objeto direitos da coletividade indígena e não do índio individualmente considerado. Inclusive, o STJ editou uma súmula sobre o tema. Confira: Súmula 140, STJ Compete à justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. Em 2009, por exemplo, o STJ entendeu ser da competência da Justiça Estadual a ação de destituição de poder familiar ajuizada pelo MP estadual contra indígena (CC 100.695/MG). modifiCAções dA CompetênCiA Quando tratamos da modificação da competência, a primeira importante observação que fazemos é que só há modificação de competência quando ela tem natureza relativa. Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção. A segunda observação é que há casos de modificação legal, como a conexão e a conti- nência e há casos de modificação voluntária, como ocorre quando as partes elegem o foro ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 91www.grancursosonline.com.br Lídia Marangon Competência DIREITO PROCESSUAL CIVIL e na hipótese de não alegação da incompetência relativa no momento devido, qual seja, em preliminar de contestação, que gera a prorrogação da competência. Conexão e ContinênCiA A conexão ocorre quando há duas ou mais ações têm em comum o pedido ou a causa de pedir. Nesse caso, a reunião dos processos deve ocorrer para evitar decisões conflitantes, ou seja, a conexão é um fato jurídico processual que normalmente produz o efeito jurídico de determinar a modificação da competência relativa. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. Pode haver conexão sem que haja a reunião de processos? Sim, porque a conexão é um fato jurídico e a reunião dos processos é um dos possíveis efeitos desse fato. Conexão não é sinônimo de reunião de processos. Verifique o teor da Sú- mula 235 do STJ: Súmula 235, STJ A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi
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