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Trabalho commoditie - milho

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IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO MILHO
A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. Na realidade, o uso do milho em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal. Cerca de 70% da produção mundial, 50% da produção dos Estados Unidos e 70-80% da produção brasileira de milho é destinada para a alimentação da cadeia produtiva de suínos e aves.
A utilização do milho na alimentação humana (grão e farinha), apesar de pouco representativa percentualmente, é bastante relevante em regiões de baixa renda. Em países como o Brasil (região nordeste) e o México, o milho é o ingrediente básico da dieta da população. O amido - o principal componente deste grão - é utilizado pela indústria na produção de plástico biodegradável.
Os principais produtores de milho do mundo são, respectivamente, Estados Unidos e China. O Brasil, apesar de ser o terceiro maior produtor de milho do mundo, destina grande parte de sua produção para o mercado interno, obtendo rendimentos referentes à comercialização deste grão inferiores a países como Argentina, França, Itália e Canadá.
Contratos futuros e de opções de milho são negociados principalmente na Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo(BM&F), na Bolsa de Mercadorias de Paris (LIFFE) e na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT).
COMERCIALIZAÇÃO DO MILHO
A comercialização marca o fim do processo de produção. Nesta fase define-se o lucro do produtor, após todos os gastos realizados. Uma comercialização mal feita pode comprometer ou reduzir os resultados obtidos, em termos de produção, por melhores que eles sejam. Não se pode considerar a comercíalízação apenas como o ato de vender e comprar. Ela deve ser vista como o conjunto de operações que são realizadas para levar o produto, desde o local de produção, até o consumidor final. A venda da produção pelo agricultor é apenas o passo inicial de uma série de operações que se realizam até que o produto chegue ao consumidor. Como exemplo destas atividades, tem-se o transporte, o beneficiamento, o armazenamento, êtc.
Formação de preços 
Os preços dos produtos são formados a partir de duas forças existentes no mercado: a oferta e a procura. O preço final é aquele que iguala a quantidade ofertada pelos produtores à quantidade procurada pelos compradores do produto. 
Se a quantidade ofertada for maior que a procurada, há um excesso de oferta no mercado e o preço tende a cair. Ao contrário, se a quantidade ofertada for menor do que a procurada, o preço tende a subir. Esta regra simples é que explica parte das flutuações dos preços dos produtos. 
Se o mercado funciona livremente, o preço final refletirá as verdadeiras condições de oferta e demanda dos produtos. Todas intervenções - como o tabelamento e subsídios - ou imperfeições, como a existência de monopólios ou oligopólios, afetam a formação deste preço, e, geralmente, são prejudiciais à sociedade. 
Fatores que afetam a procura do milho 
Três fatores afetam basicamente a demanda de qualquer produto: 
1) o seu preço e o de seus substitutos ou complementares; 
2) a renda dos consumidores e 
3) os gasto e preferências destes. 
A procura de milho no Brasil é então o resultado do desejo e da possibilidade que todos 'os brasileiros têm de consumir ou não este produto. 
Entretanto, o consumo de milho não se dá somente na forma em que ele é vendido pelo agricultor. Ele pode ser fornecido aos animais ou fazer parte da alimentação humana na forma de fubá, farinha, óleo etc. Desta forma quando nos alimentamos com leite, ovos, carne de porco, de boi ou de aves etc., indiretamente também estamos consumindo milho, pois cada um destes produtos é o ponto final do conjunto de transformações que este cereal sofrerá desde a fazenda até o consumidor. 
É necessário, então, que se conheça o mercado de cada uma destas formas de utilização de milho, ou pelo menos, o das mais influentes, para melhor entender o seu processo de comercíalízação. 
No Brasil, o milho destina-se à alimentação humana e, principalmente, à alimentação animal. É na parcela referente à alimentação animal que têm ocorrido as maiores pressões de aumento de procura. Do milho destinado aos animais (em grão ou como componente de rações) a maior parte destina-se à alimentação de aves (frangos e produção de ovos, principalmente). Esta forma de consumo cresceu muito nos últimos anos, com o Brasil exportando parte considerável de sua produção de aves. Atualmente, grande número de cidades do interior possui granjas de criação - e esta é uma atividade que deverá continuar crescendo nos próximos anos, e com ela a procura do milho. Em menor escala, a criação de porcos e a pecuária de leite são também importantes consumidores deste cereal. Deve-se estar bastante atento para políticas governamentais que afetem o mercado destes produtos, pois isto influirá diretamente no mercado de milho do Brasil.
Quanto ao consumo humano, com a retirada gradual do subsídio concedido ao trigo - iniciada em 1980 -, está havendo maior procura pelo milho, pois a farinha de trigo (empregada na produção de pão, macarrão, etc.), tornou-se mais cara e mais pessoas estão preferindo alimentar-se de produtos de milho. Isto também é um incentivo para que as indústrias passem a misturar farinha de milho à farinha de trigo destinada à produção de pão, macarrão e outros produtos. (veja o quadro "Retirada do subsídio do trigo aumenta procura pelo milho").
Fatores que afetam a oferta de milho 
A quantidade de milho a ser ofertada em cada ano é o resultado das decisões individuais dos produtores de milho, que resolvem no início do ano agrícola quanto plantar e qual nível de tecnologia que usarão. Esta decisão é basicamente função de fatores como: o preço dos produtos que são viáveis de serem cultivados em sua região; o custo de produção destes e a disponibilidade de recursos, próprios ou creditícios, que dispõe para fazer frente a estes custos.
Após estas decisões, a última palavra sobre a produção ficará por conta dos fatores climáticos. 
A oferta agrícola total é formada pela reunião da produção de todos estes aqrícultores. Esta se defrontará com a demanda existente para determinar um preço de equilíbrio. 
Da mesma forma que no caso da demanda, o mercado externo também poderá influenciar os preços no mercado interno, via exportações. Caso o suprimento interno seja suficiente para atender à demanda, os preços começarão a elevar-se, e a entrada do produto importado poderá fazer cessar ou inverter esta tendência.
Características da produção agrícola que afetam o mercado 
Não se pode controlar a produção agrícola como se controla a produção de uma indústria; princpalmente porque a produção agrícola se encontra dispersa por milhares de produtores, com o agravante do clima ser um fator que escapa ao controle do produtor. Desta forma, vários fatores inerentes ao processo de produção agrícola exercem sua influência sobre o mercado. Alguns serão Iistados a seguir. 
Periodicidade da produção 
A produção agrícola possui um ciclo de plantio até a colheita que não pode ser modificado, ou seja, todo ano a produção ocorre em épocas fixas. A periodicidade cria dificuldades, principalmente na armazenagem, transporte e processamento. 
A produção de milho está concentrada em uma época, embora seja consumido durante todos os meses do ano. É necessário então que este produto seja armazenado, para que se encontre disponível para consumo durante o ano inteiro. O efeito desta cracterística, sobre os preços no mercado, pode ser verificado pela variação estacional dos preços agrícolas (ver item sobre armazenamento). 
Ciclo da produção 
A produção agrícola depende muito do clima e, portanto, está sujeita a uma variação de ano para ano, causando safras que não são iguais nos diferentes anos. Isto pode gerar tanto períodos de escassez, com preços elevados, como épocas de abundância com baixos preços. 
Variação na qualidade 
Da mesma forma que ocorre com a produção, também existemvariações na qualidade do produto de ano para ano, devido a diferentes fatores como, por exemplo, pragas e doenças que danifiquem o produto. Se existir a necessidade de classificação para venda, isto poderá acarretar variações nos preços recebidos. 
Características do produto 
A produção agrícola pode ser consumida como matéria-prima para processamento ou mesmo como produto final para os consumidores. As características de volume, peredbilidade, cor e tamanho, afetam - devido às preferências dos consumidores e especificações das indústrias - o preço no mercado. 
No caso do milho, pode existir certa preferência por grãos de cor mais avermelhada, seja no mercado externo ou para alimentação de aves em criações caseiras. 
Algumas das funções da comercialização 
Como já foi dito antes, a comercialização não é apenas o ato de comprar e vender alguma mercadoria. Ela envolve outras funções, desde quando o produto deixa a fazenda até chegar ao consumidor. Existem várias pessoas ou firmas que se encarregam de realizar estas funções e cada uma delas se remunera para fazer isto. 
Quanto maior o número de pessoas ou firmas que existirem entre o produtor e o consumidor, normalmente maior será a diferença entre-o preço recebido pelo produtor e aquele pago pelo consumidor. Quem for capaz de executar algumas funções receberá melhor remuneração pelo seu produto. 
É claro que a realização de cada uma destas funções tem um custo, e deve-se ir até onde o lucro a se obter for o maior possível. A partir daí é melhor deixar as outras tarefas nas mãos de pessoas ou firmas mais especializadas, que, por operarem com volumes maiores, poderão ser mais eficientes. 
Algumas tarefas realizadas na comercíalízação são as seguintes: 
Armazenamento 
Os preços dos produtos variam dentro de um mesmo ano. Na época da colheita os preço estão baixos (porque a quantidade ofertada é maior do que a procurada). Após a colheita os preços começam a subir (porque diminui a quantidade ofertada e existem os custos de reter o produto). Isto é conhecido como variação estacíonal dos preços. Na Tabela 1 temos um exemplo do comportamento dos preços recebidos pelos produtores de alguns estados do Centro-Sul do Brasil. Nota-se que os preços mais baixos ocorrem nos meses de maio e junho, que são justamente os meses da colheita. A partir daí os preços sobem até dezembro/janeiro, começando então a cair. No Nordeste, a situação é um pouco diferente, mas os preços mais baixos também ocorrem na época da colheita. 
Caso existam condições de armazenar, o produto deverá ser retido até quando o lucro, representado pela diferença entre o custo de armazenamento (devem ser incluídas cluídas as perdas, os juros do capital imobilizado no milho armazenado e os juros pagos aos bancos, se o agricultor tomou empréstimos) e o preço a se obter for o maior possível de conseguir. A partir daí deixa de ser interessante armazenar. 
Transporte e manuseio
Os preços também variam com a distância entre o produtor e o centro consumidor. Quanto maior ela for, maior a diferença entre os preços pagos pelo consumidor e os recebidos pelo produtor. Isto se deve principalmente aos custos de transporte. Quanto mais perto do consumidor o agricultor levar o seu produto, maior preço deverá receber. A diferença entre o preço a mais que se recebe e o custo da transferência do produto é que dirá acerca da conveniência ou não de realizar-se esta função. 
Padronização e classificação 
A padronização consiste em uniformizar quantidades definidas de produto, ou seja, a unidade em que o produto será comercializado. Já a classificação é a separação do produto em lotes de características homogêneas. Estas funções não determinam preço do produto no mercado, mas possuem grande influência e servem para orientação do consumidor.
A classificação é feita em padrões préestabelecidos, portanto são regras a serem seguidas. Assim, um produto que, em uma região, recebe determinada classificação terá características idênticas a um outro de mesma classificação, onde quer que ele esteja. 
Financiamento 
Para executar algumas tarefas de comercialização, pode-se retirar financiamento bancário. Como o milho é um dos produtos com preço mínimo fixado pelo governo, três formas diferentes de crédito se encontram a disposição do produtor para a comercialização .de sua produção. O AGF e os EGF com e sem opção de venda. 
O AGF (Aquisição do Governo Federal) é a venda pura e simples da produção ao governo. O produto recebe 100% do preço mínimo do ano, de acordo com a classificação oficialdo produto. Para liberação do dinheiro, é preciso que a mercadoria esteja seca, limpa e depositada em armazém indicado pelo banco, onde será pesada e classificada de acordo com as normas oficiais.
O EGF (Empréstimo do Governo Federal) é um financiamento que objetiva recursos ao produtor, cooperativas de produtores, indústria e criadores de aves, suínos e bovinos e/ou suas cooperativas, para que eles possam armazenar a produção, seja para venda futura, seja para a industrialização ou seu uso como ração animal. 
Se a operação for um EGF com opção de venda, o valor do crédito é calculado com base em 100% do Preço Mínimo fixado para o produto, de acordo com sua classificação oficial. Neste caso, ao contrário do que acontece no AGF, o mutuário continua dono da mercadoria e dispõe de um prazo para resgatar sua dívida junto ao banco. Se a dívida não for paga no fim deste prazo, a mercadoria passa automaticamente para o governo, que assume todas as despesas acumuladas no período do empréstimo, tais como, juros, armazenagem e conservação do produto. Caso o mutuário consiga um preço para o seu produto acima do Preço Mínimo, poderá vendê-lo, mas terá de pagar ao banco as despesas acumuladas no período do empréstimo. Só será interessante vender, caso o preço a ser recebido for maior do que o Preço Mínimo mais as despesas. 
Se a operação for um EGF sem opção de venda, o produto pode ser armazenado na propriedade, desde que autorizado pelo banco (no caso de EGF com opção de .venda, o armazenamento tem que ser feito em armazém indicado pelo agente financeiro), sendo dispensada sua classificação. Esta modalidade de EGF está restrita aos criadores, cooperativas e indústrias.
Nesta modalidade, o mutuário recebe 80% do Preço Mínimo e deva saldar sua dívida com o banco, pois o governo não compra automaticamente sua mercadoria.
Maiores informações sobre estes tipos de financiamentos podem ser obtidas com a Companhia de Financiamento da Produção (CFP), com osextensionistas locais, nas cooperativas ou agências bancárias. 
Muitas das tarefas da comercialização não podem ser realizadas pelo agricultor sozinho. Talvez a quantidade que ele comercializa não seja o suficiente para compensar os custos de transporte até uma localidade onde poderia vender melhor seu produto. Pode ser também que não compense construir um armazém ou silo para guadar sua pequena produção. Neste caso será obrigado a vender para o primeiro comerciante, que recolherá seu milho na época a safra. Como conseqüência receberá um preço baixo. 
Entretanto, caso os agricultores de uma dada região se reúnam e formem uma cooperativa, a quantidade produzida por todos eles poderá ser suficiente para que esta cooperativa atue eficientemente na comercialização de sua produção. 
Existem cooperativas que conseguem chegar até a industrialização do produto recebido de seus cooperados, recebendo estes os lucros por elas. Uma cooperativa bem administrada, e com participação democrática de seus membros, certamente trará para o agricultor um retorno maior do que ele conseguiria obter, atuando isolado contra os intermediários da comercialização de produtos agrícolas.
CURIOSIDADES
1 – É o único cereal nativo do Novo Mundo:
A mais antiga espiga de milho (Zea mays) de que se tem notícia é datada de pelo menos 7.000 a.C. e foi encontrada por arqueólogos no Vale do Tehuacán, localizado no centro do México, e na Guatemala. Uma gramínea chamada teosinto deu origem ao milho que conhecemos hoje, por meio de um processo de seleçãoe domesticação feitos pelo homem. Antes disso, os grãos ficavam expostos fora da casca. Durante séculos, o milho foi a base da subsistência de povos pré-colombianos como maias, astecas, incas e olmecas. O próprio nome do cereal, originalmente, significa “o sustento da vida”, motivo pelo qual ele era reverenciado pelos ameríndios em rituais artísticos e religiosos. Em 1493, quando Cristóvão Colombo retornou à Europa após a chegada à América, levou consigo diferentes variedades de sementes. No fim do século XVI, o milho já estava espalhado por todos os continentes e adaptado a diversos ambientes e climas. Hoje, é um dos cereais mais cultivados do planeta, com plantações em áreas que vão desde o nível do mar até 3 mil metros de altitude. No Brasil, já era plantado pelos indígenas antes da chegada dos portugueses. Mas, após a colonização, o consumo aumentou muito – os escravos africanos, por exemplo, tinham no milho e na mandioca a base de sua dieta. Na Europa, a oleaginosa se consolidou como fonte alimentar de populações mais humildes e de animais, razão pela qual foi discriminada pela elite durante muitos anos.
2 – Nem todo milho vira pipoca:
O milho-pipoca (Zea mays everta) é apenas um dos tipos mais comuns do grão, junto com o milho-verde (ou doce) e o branco. A pipoca estoura porque essa variedade contém mais água e tem uma casca mais resistente que as dos demais. Quando a semente é exposta ao calor, a água que está lá dentro vira vapor e se expande. Com tanta pressão, a casca acaba se rompendo. Já o amido do milho, ao entrar em contato com o ar, solidifica-se e vira a “espuma branca” que comemos. Os grãos que não estouram, conhecidos como piruás, ocorrem quando há furos ou rachaduras na casca do milho, fazendo com que o vapor escape e a casca não exploda; ou quando não se atinge a temperatura necessária, ou ainda quando o grão contém água demais ou de menos. A maior produtora de milho-pipoca no Brasil é a cidade de Campo Novo do Parecis (MT), de onde saem 80% das 200 mil toneladas de pipoca consumidas por ano no País. Quanto aos outros tipos, o milho-verde é resultado de um processo de mutação, tem sabor adocicado e se come in natura ou enlatado. As plantações dessa variedade se concentram em Estados como RS, SP, MG, GO, DF e PE. Já o milho-branco, bastante comum em São Paulo e no Paraná, serve para produção de canjica e alimentação animal.
3 – Tem “primos” como o sorgo e o milheto:
Quinto cereal mais plantado no mundo, atrás do trigo, arroz, milho e cevada, o sorgo pertence à mesma família do milho. É uma planta de origem africana, usada para ração animal – principalmente de bovinos – em países como Brasil, Estados Unidos e Austrália e como fonte direta de alimento para milhões de pessoas na África, Ásia e América Central. Destina-se, ainda, à produção de bebidas alcoólicas, melaço, xarope e etanol. Os EUA são os maiores produtores mundiais de sorgo, também chamado de milho-zaburro. No Brasil, destacam-se no plantio desse grão as regiões de Goiás e Minas Gerais. Outro parente próximo do milho é o milheto ou painço, que surgiu há cerca de 5 mil anos ao sul do Deserto do Saara e atualmente é muito empregado na alimentação humana na Índia e em nações africanas. No País, onde foi introduzido pelo Rio Grande do Sul, em 1929, sua utilidade vai de ração animal e pasto para gado até cobertura do solo no sistema de plantio direto. Seus grãos também servem para preparo de bolos, biscoitos e mingaus. Além disso, nos últimos anos o milheto tem tido grande sucesso no Cerrado, em razão de sua resistência à seca.
4 – Os EUA são o maior produtor mundial:
Assim como a soja, os norte-americanos lideram a produção global de milho, com 351,7 milhões de toneladas colhidas na safra 2016/2017, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O país destina uma área de quase 37 milhões de hectares para o plantio do grão e sua produtividade chega a 185 sacas por hectare, duas vezes maior que a brasileira. Com a exportação, os EUA faturam US$ 11 bilhões. Na sequência do ranking mundial, aparecem o Brasil e a Argentina, que contribuem para uma produção de milho que já ultrapassa um bilhão de toneladas em todo o planeta – contra 205 milhões na década de 1960 e 483 milhões em 1990. De acordo com o USDA, o Brasil foi responsável por um volume de 97 milhões de toneladas em 17,4 milhões de hectares na safra 2016/2017 (a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB fala em 96 milhões de toneladas), contra 41 milhões de toneladas da Argentina. Outros países expressivos no cultivo desse cereal são: Canadá, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Cuba, Honduras, Espanha, Portugal, República Tcheca, Romênia, Eslováquia, África do Sul, Egito, China, Japão e Filipinas.
5 – MT, PR e GO lideram o ranking brasileiro:
O milho é o segundo maior cultivo do País, atrás apenas da soja. A produção no Brasil é comandada pelo Mato Grosso, que colheu quase 25 milhões de toneladas na safra 2016/2017, segundo a CONAB. Esse volume corresponde a praticamente um terço de toda a produção nacional. Em seguida, estão o Paraná, com 17,8 milhões de toneladas, e Goiás, com 9,8 milhões. Destacam-se, ainda, os Estados do Mato Grosso do Sul (9,2 milhões de toneladas), de Minas Gerais (7,7 milhões) e do Rio Grande do Sul (6 milhões). No top 3 de área plantada, aparecem MT, PR e MS. E na lista de maior produtividade, os que mais se sobressaem são: DF (139 sacas por hectare), SC (135 sacas/ha) e RS (126 sacas/ha), de acordo com a CONAB. A produtividade média do País na safra 2016/2017, juntando safra e safrinha, foi de 92 sacas por hectare, ou 5.515 kg/ha. Em relação à colheita de 2015/2016, houve um incremento de 14,3% na produtividade nacional durante a primeira safra e de 43,4% na segunda. No quesito exportação, o Brasil enviou para outros países 21,8 milhões de toneladas de milho em 2016, o que gerou US$ 3,7 bilhões em receita, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Em 2015, a exportação brasileira de milho teve um retorno de US$ 6 bilhões, e as fazendas do País faturaram R$ 43 bilhões. A colheita do milho varia de 70 a 120 dias ou mais após o plantio, e a altura de um pé oscila entre 70 cm e 2,5 metros.
6 – Há 40 eventos de milho transgênico aprovados no Brasil:
O milho é o grão com mais eventos transgênicos aprovados no País. A primeira variedade geneticamente modificada (GM) desse cereal foi liberada em 1995, nos Estados Unidos, e chegou ao Brasil em 2007, para cultivo a partir da safra 2008/2009. Esse primeiro milho transgênico é resistente a insetos e foi obtido por meio da introdução de um gene proveniente da bactéria de solo Bacillus thuringiensis (Bt) na planta. A taxa de adoção do milho transgênico no Brasil em 2016 foi de 88,4%, segundo o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA). Em todo o mundo, esse índice cai para 26%. Outras nações importantes no cultivo de variedades GM desse grão são: EUA, Argentina, Canadá, África do Sul e Uruguai. Atualmente, dos 40 eventos de milho GM no País, 30 são Bt, ou seja, resistentes a insetos. Alguns (Bt ou não Bt) apresentam tolerância a herbicidas como glifosato e glufosinato de amônio e há, inclusive, um evento resistente à seca. A média de aumento de produtividade em lavouras de milho Bt em todo o mundo foi de 13% entre 1996 e 2014, segundo a consultoria britânica PG Economics. De acordo com estimativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foram colocadas no mercado nacional pelo menos 315 variedades (convencionais e transgênicas) de sementes de milho na safra 2016/2017.
7 – É usado pela indústria em balas, chicletes, cerveja e até na salsicha:
O milho é, literalmente, um prato cheio para a indústria de alimentos. O óleo é utilizado na formulação de margarinas, maioneses e molhos; o farelo serve para ração animal (de porcos, frangos e bois), e a farinha, o amido, a glicose, o fubá e o creme obtidos desse grão têm diversas utilidades. O xarope de milho, por exemplo, é amplamente usado na confeitaria comoadoçante. Está presente em balas de goma, chicletes, biscoitos, sorvetes, geleias e frutas cristalizadas, além de sopas desidratadas, hambúrgueres, salsichas, salames e mortadelas. No caso do hambúrguer, o açúcar evita o encolhimento da carne durante a fritura, enquanto nos embutidos colabora para fixar a cor e dar liga – mesma função do amido em vários produtos. Além disso, pratos empanados normalmente misturam farinhas de soja e milho, segundo o doutor em ciências dos alimentos e professor associado da Universidade de São Paulo (USP) Flavio Finardi. O milho faz parte, ainda, dos cereais não maltados presentes em muitas cervejas. Outro de seus subprodutos, o corante caramelo, integra a composição de cervejas e mais bebidas alcoólicas, refrigerantes, chás, achocolatados em pó, molhos e caldas.
8 – Também produz etanol, adesivos, talco e fogos de artifício:
Os subprodutos do milho têm uma infinidade de usos para além da indústria alimentícia. Com o grão, também é possível produzir etanol, obtido tradicionalmente no Brasil a partir da cana-de-açúcar. Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já há “usinas flex” no Mato Grosso que fabricam biocombustível tanto a partir da cana quanto do milho. E a meta do governo é inaugurar em breve a primeira planta para produção de etanol apenas de milho, em Lucas do Rio Verde (MT). O amido e outros compostos derivados do grão estão presentes, ainda, em complexos vitamínicos, medicamentos (antibióticos como a penicilina), talco infantil, cosméticos, adesivos, rótulos, tecidos engomados, graxas e resinas. O amido de milho entra também na formulação de produtos de limpeza, filmes fotográficos, plásticos, pneus, tintas, papéis e fogos de artifício. Além disso, há subprodutos usados no beneficiamento de minérios, na extração de petróleo, na fundição de peças de metal e em explosivos, baterias elétricas e cabeças de fósforo.
9 – Faz bem à saúde:
O milho é fonte de fibras e celulose (presentes na casca), carboidratos, proteínas, gorduras, amido, vitaminas A, do complexo B e E, aminoácidos e sais minerais como ferro, fósforo, potássio, cálcio e zinco. Cada 100 gramas do alimento contêm cerca de 360 calorias, razão pela qual ele é capaz de suprir boa parte das necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo adulto.
10 – Tem um poema para chamar de seu:
A poetisa e doceira Cora Coralina (1889-1985), nascida em Goiás, dedicou em 1965 um poema inteiro ao milho.
Oração do milho
Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
Nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste e se me ajudardes, Senhor, mesmo planta
De acaso, solitária,
Dou espigas e devolvo em muitos grãos
O grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
E de mim não se faz o pão alvo universal.
O Justo não me consagrou Pão de Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
Trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
Alimento de rústicos e animais do jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
Coroados de rosas e de espigas,
Quando os hebreus iam em longas caravanas
Buscar na terra do Egito o trigo dos faraós,
Quando Rute respigava cantando nas searas do Booz
E Jesus abençoava os trigais maduros,
Eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
Que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.
Referências
https://www.conab.gov.br/
https://www.usda.gov/
https://www.pgeconomics.co.uk/
https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br
https://mundoestranho.abril.com.br/alimentacao/por-que-nem-todo-milho-vira-pipoca/
https://www.canalrural.com.br/
https://www.embrapa.br/milho-e-sorgo
http://www.abimilho.com.br/
http://www.aprosoja.com.br/soja-e-milho/a-historia-do-milho
https://www.isaaa.org/
https://br.advfn.com/investimentos/commodities/milho/introducao

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