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Ação Revisional de alimentos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE MARÍLIA/SP.
JOSÉ, brasileiro, divorciado, jardineiro, portador do RG nº , inscrito no CPF (MF) sob o nº , residente e domiciliado na Rua Brasil, nº 1000, na cidade de Marília/SP, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado infra-assinado (Doc. 01), com fulcro no artigo 1.699 do Código Civil e Art. 15 da Lei 5.478/68, propor a presente 
AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS
em face de FELIPE, brasileiro, menor, inscrito no CPF (MF) sob o nº , neste ato representado por sua genitora a Sra. MARIA, brasileira, divorciada, secretária, portadora do RG nº , inscrita no CPF (MF) sob o nº , residentes e domiciliados na Rua Tupã, nº 2000, na cidade de Marília/SP, com endereço eletrônico desconhecido, pelos fundamentos fáticos e jurídicos que serão a seguir apresentados:
DOS FATOS
 O Autor é pai do Requerido, conforme se extrai da certidão de nascimento. (Doc. 02 em anexo)
Ocorre que, após a dissolução do casamento, o Requerente, nos autos do processo nº 1000/2018 que tramitou perante a 1ª Vara da Família e Sucessões desta Comarca, foi condenado ao pagamento de pensão alimentícia no montante de 30% (trinta por cento) do seu salário a ser descontado de sua folha de pagamento, fato que se perpetua até a presente data. (Doc. 03 – sentença em anexo)
Contudo, o Requerente fora demitido de seu antigo emprego, passando por dificuldades para se manter assim como para pagar o valor dos alimentos. Atualmente o Requerente se encontra empregado, contudo, percebe valor mensal bem inferior ao salário tomado por base para fixação da pensão alimentícia, conforme comprovante em anexo (Doc. 04)
Daí, comprova-se, não ser possível continuar pagando o valor acordado anteriormente. Assim, o Requerente afirma poder pagar o importe de 15% (quinze por cento) do valor de seu novo salário mensal, para que não prejudique seu próprio sustento.
É cediço que o valor da pensão alimentícia deve ser fixado com base no binômio necessidade-possibilidade, sendo este primeiro atinente à pessoa que vai receber os alimentos e o último àquele que os deve prover.
Percebe-se, diante dos fatos acima narrados, devidamente comprovados através da documentação acostada à inicial, que o valor da pensão alimentícia estipulado no processo nº 1000/2018 está em excesso quando comparado à atual possibilidade de pagamento do Requerente.
DO DIREITO
Diante da necessidade de mudança do valor da pensão alimentícia, o Diploma Civil brasileiro prevê medidas para que uma nova deliberação judicial venha a adequar o valor da obrigação às reais condições de pagamento do alimentante. Neste sentido preceitua o artigo 1.699 do Código Civil:
Art. 1.699 Se fixados os alimentos, SOBREVIER MUDANÇA NA FORTUNA DE QUEM OS SUPRE, OU NA DE QUEM OS RECEBE, PODERÁ O INTERESSADO RECLAMAR DO JUIZ, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. 
A Lei nº 5.478/68 (Lei de Alimentos), em seu artigo 15, prevê a revisão da ação de alimentos, a qualquer momento, desde que, conforme já antecipado no Código de Processo Civil e no Código Civil Brasileiros, ocorra modificação no contexto financeiro do Alimentando ou do Alimentante, como se transcreve, in verbis:
Art. 15. A DECISÃO JUDICIAL SOBRE ALIMENTOS NÃO TRANSITA EM JULGADO, PODE A QUALQUER TEMPO SER REVISTA EM FACE DA MODIFICAÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DOS INTERESSADOS. 
Foi exaustivamente provado, na parte dos argumentos fáticos desta peça, que o promovente não pode suportar por mais tempo a permanência da pensão alimentícia em tela sem colocar em risco a própria sobrevivência, posto que os valores fixados em sentença se tornaram excessivos, não mais correspondendo à realidade da situação financeira do Requerente.
A locução legal encontra forte ressonância na jurisprudência, conforme se vê na leitura do acórdão abaixo citado:
AÇÃO DE ALIMENTOS. REVELIA. FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. BINÔMIO POSSIBILIDADE E NECESSIDADE. (...) 2. Cabe a ambos os genitores a obrigação de prover o sustento dos filhos menores, devendo cada qual concorrer na medida da própria disponibilidade, e, enquanto a mãe, que é guardiã presta o sustento in natura, cabe ao pai, não guardião, prestar alimentos in pecunia. 3. O valor dos alimentos deve ser suficiente para atender o sustento dos filhos, mas dentro das condições econômicas do genitor, não merecendo reparo a fixação posta na sentença que se mostra bastante razoável e afeiçoada ao binômio possibilidade e necessidade. (...) (Apelação Cível Nº 70065392771, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/07/2015).
A professora Maria Helena Diniz, em anotação ao atual tema, diz com extrema propriedade, in verbis:
“MUTABILIDADE DO “QUANTUM” DA PENSÃO ALIMENTÍCIA. O VALOR DA PENSÃO ALIMENTÍCIA PODE SOFRER VARIAÇÕES QUANTITATIVAS OU QUALITATIVAS, uma vez que é fixada após a verificação das necessidades do alimentando e DAS CONDIÇÕES FINANCEIRAS DO ALIMENTANTE; assim, SE SOBREVIER MUDANÇA NA FORTUNA DE QUEM A PAGA OU NA DE QUEM A RECEBE, PODERÁ O INTERESSADO RECLAMAR DO MAGISTRADO, PROVANDO OS MOTIVOS DE SEU PEDIDO, CONFORME AS CIRCUNSTÂNCIAS, exoneração, REDUÇÃO ou agravação do encargo. ” (Adcoas, n. 87.808, 1982, TJMG, 72.073, 1980, e 91.331, 1983, TJRJ; RT, 526: 195, 620: 166, 530: 241; Ciência Jurídica, 39: 173 e 18: 92; JB, 167: 292)
Nelson Nery Júnior analisa, admiravelmente, o artigo 15, da Lei nº 5.478/68, prelecionando, in verbis:
“PROPOSITURA DE NOVA AÇÃO. NOVA CAUSA DE PEDIR. MODIFICADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO OU DE DIREITO SOB AS QUAIS FOI PROFERIDA A SENTENÇA DE ALIMENTOS JÁ TRANSITADA EM JULGADO, PODE SER AJUIZADA OUTRA AÇÃO, VISANDO A DIMINUIÇÃO, a elevação ou a exoneração da pensão alimentícia. (...)”
 DO PEDIDO
Ante o exposto, requer-se:
a) a citação do Requerido, via Oficial de Justiça, para que, querendo, apresente sua defesa no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;
b) Determinar a intimação do representante do Ministério Público com atribuições perante esse Juízo para acompanhar o feito até o final;
c) Seja julgada PROCEDENTE a presente ação para autorizar a revisão da pensão alimentícia de 30% (trinta por cento) sobre o salário do Autor fixada nos autos nº 1000/2018, que tramitou perante a 1ª Vara da Família e Sucessões desta Comarca, determinando a redução desta pensão alimentícia para o valor mensal de 15% (quinze por cento) do salário que está recebendo o Requerente atualmente. Os valores resultantes do percentual acima descrito deverão ser pagos em espécie mediante recibo, até o dia 10 de cada mês.
Informa o Requerente que não tem interesse na realização de audiência de conciliação junto à representante do Requerido.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, juntada de documentos, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal da representante do Requerido.
Dá-se à presente o valor de R$ 1.000,00 (Mil reais) apenas para efeitos fiscais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
 Marília, de maio de 2.020.
Advogado
OAB/SP nº

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