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ARQ 4 FILOLOGIA ROMÂNICA APOSTILA

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Prévia do material em texto

VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE
COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
filologia românica
Rio de Janeiro / 2008
Todos os direiTos reservados à 
Universidade CasTelo BranCo
Conteudista
Antonio Carlos Siqueira de Andrade
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou 
por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo 
Branco - UCB.
Universidade Castelo Branco - UCB
Avenida Santa Cruz, 1.631
Rio de Janeiro - RJ
21710-250 
Tel. (21) 3216-7700 Fax (21) 2401-9696
www.castelobranco.br
Un3f Universidade Castelo Branco
Filologia Românica / Universidade Castelo Branco. – Rio de Janeiro: UCB, 
2008. - 24 p.: il.
ISBN 
1. Ensino a Distância. 2. Título.
CDD – 371.39
apresentação
Prezado(a) Aluno(a):
 
É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-
ação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando 
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente es-
peram retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma 
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-
cimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
orientações para o auto-Estudo 
O presente instrucional está dividido em três unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e 
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam 
atingidos com êxito.
Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-
plementares.
As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.
 Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das três unidades.
Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o 
conteúdo de todas as Unidades Programáticas.
A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com 
os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que 
você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros 
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.
Bons Estudos!
Dicas para o auto-Estudo 
1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja 
 disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.
2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite 
 interrupções.
3 - Não deixe para estudar na última hora.
4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.
5 - Não pule etapas.
6 - Faça todas as tarefas propostas.
7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
 da disciplina.
8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação.
9 - Não hesite em começar de novo.
SUmÁrio
Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 09
Contextualização da disciplina .................................................................................................................... 11
UniDaDE i 
FILOLOGIA – CONCEITUAçãO
1.1 - Início dos estudos filológicos .............................................................................................................. 13
1.2 - O latim e a sua disseminação ............................................................................................................... 13
1.3 - Latim literário e latim vulgar .............................................................................................................. 14
UniDaDE ii
CARACTERíSTICAS DO LATIm VULGAR
2.1 - No vocabulário ................................................................................................................................... 16
2.2 - Na fonética .......................................................................................................................................... 16
2.3 - Na morfologia ..................................................................................................................................... 17
2.4 - Na sintaxe ........................................................................................................................................... 17
UniDaDE iii
FONTES DO LATIm VULGAR
3.1 - As línguas românicas .......................................................................................................................... 18
3.2 - Inscrições ............................................................................................................................................ 18
3.3 - Peregrinatio ad loca sancta ................................................................................................................. 19
3.4 - Glosas .................................................................................................................................................. 19
3.5 - Appendix Probi ................................................................................................................................... 20
Glossário ..................................................................................................................................................... 22
Gabarito ....................................................................................................................................................... 23
Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 24
�Quadro-síntese do conteúdo 
programático
UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS
I. FILOLOGIA – CONCEITUAçãO 
1.1 - Início dos estudos filológicos
1.2 - O latim e a sua disseminação
1.3 - Latim literário e latim vulgar
• Conceituar Filologia; 
• Delimitar o campo de estudo da Filologia Româ-
nica;
• Definir latim literário e latim vulgar.
II. CARACTERíSTICAS DO LATIm VULGAR
2.1 – No vocabulário
2.2 – Na fonética
2.3 – Na morfologia
2.4 – Na sintaxe
• Apresentar a estrutura e o perfil gramatical da lín-
gua.
III. FONTES DO LATIm VULGAR
3.1 – As línguas românicas
3.2 – Inscrições
3.3 – Peregrinatio ad loca sancta
3.4 – Glosas
3.5 – Appendix Probi
• Relacionar as principais fontes do latim vulgar.
11contextualização da Disciplina
O conhecimento da língua portuguesa se assenta em dois pilares – o latim e a história interna e externa da 
língua.
 
Do latim, a língua portuguesa herdou quase tudo – o léxico, a estrutura gramatical e é impossível entender a 
língua sem um mergulho diacrônico até o latim.
Nossa língua, em suas várias fases – do período pré-histórico, da fase arcaica até assumir a feição atual – per-
correu um longo caminho.
A Filologia Românica é a ponte entre o latim e o português, porque aborda aquela fase de transição – não mais 
o latim, ainda não o português.
É nessa fase – o romanço – que a língua começa a adquirir os contornos que vão resultar em uma língua 
diferente.
A Filologia Românica, para os estudiosos, é o acesso de quem quer percorrer a história da língua nos dois 
sentidos – do latim ao português e do português ao latim, ou até as outras línguas neolatinas.
13UniDaDE i
FIlOlOGIA - CONCEITUAÇÃO
1.1 - Início dos Estudos FilológicosA Filologia é o estudo científico de uma forma de 
língua atestada por documentos. Preocupa-se com a 
fixação fidedigna do texto, sua explicação e comen-
tários que vão resgatar-lhe o significado.
Sendo a Filologia uma ciência aplicada, procura, 
especificamente, fixar, interpretar e comentar tex-
tos.
Utiliza como ciências auxiliares a Arqueologia, a 
Paleografia, a Mitologia, a Numismática, a História, 
o Folclore e a métrica.
melo (1981: 7) ensina que
De posse de um manuscrito, o filólogo tem de 
saber de que época é a letra, deve interpretar e 
desfazer as abreviaturas, deve conhecer o esta-
do da língua nos primeiros séculos, para, lendo 
o manuscrito, saber se se trata de um original, 
de uma cópia contemporânea ou de cópia poste-
rior, se o copista foi fiel ou se inseriu modernis-
mos no texto; deve conhecer a história, os usos 
e costumes, a cultura da época do manuscrito, 
para interpretar o texto, entender as alusões, as 
imagens etc.
No caso de textos impressos, os tipos que foram 
utilizados na impressão, o papel, a tinta, o formato e 
as técnicas de editoração vão dar informações fun-
damentais para identificar a autoria, a data e demais 
pistas necessárias à fixação de um texto.
A autoria de um texto pode ser determinada, por 
exemplo, através de programas computacionais de 
Estatística Lingüística, que se utiliza de modelos 
matemáticos que vão determinar, a partir da freqüen-
cia de uso de palavras ou expressões, construções 
sintáticas, se um texto é de determinado autor.
Para Coutinho (1976: 17), “Filologia é a ciência 
que estuda a literatura de um povo ou de uma época 
e a língua que lhe serve de instrumento.”
Ela nasceu, ainda segundo o autor, da necessidade 
que os povos antigos tinham de explicar os textos ar-
caicos dos seus monumentos literários e religiosos.
 
Na índia, ela surge com trabalhos destinados a ex-
plicar os Vedas, os mais antigos poemas bramâni-
cos.
 
Na Grécia, a partir do século III a.C., iniciam-se 
os estudos de autores alexandrinos sobre a obra de 
Homero e de outros poetas líricos.
Observa o autor outro propósito fundamental da 
Filologia:
Qualquer estudo feito no sentido de reconstruir 
textos antigos de uma língua, corrigi-los quan-
do errados, restituí-los à sua genuinidade quan-
do interpolados, constitui trabalho da Filologia 
(Ibidem).
1.2 - O latim e a Sua Disseminação
Roma foi fundada pelos latinos, tribo indo-germânica 
que invadiu a Itália na época da invasão da Europa.
No Século III a.C., os latinos já dominavam toda a 
Itália, excetuando o vale do Rio Pó, região dominada 
pelos gauleses.
À medida que iam estendendo o domínio pela Eu-
ropa, apesar das diferenças étnicas, foi, aos poucos, 
unificando e assimilando diversos povos.
mais tarde, estenderam os domínios para leste do 
mediterrâneo, na região conquistada por Alexandre, o 
Grande, e seus sucessores.
As conquistas ocidentais eram seguidas da domi-
nação política, cultural e lingüística. Já as orientais 
encontravam resistência à penetração cultural, pois 
a cultura grega predominava ainda, além de ser uma 
cultura mais pujante, e que exerceu influência nos pró-
prios romanos, os dominadores.
Assim, o Império Romano teve duas línguas 
oficiais – o latim e o grego.
A influência grega acarretou mudanças considerá-
veis na vida dos romanos, porquanto a educação, as 
letras e as ciências se moldaram a exemplo da civili-
zação grega.
 
14
A queda do Império Romano, muito tempo depois, 
não conseguiu apagar as marcas da cultura romana, 
deixadas por séculos de dominação – a língua lati-
na, as instituições políticas e jurídicas, as letras e as 
artes e outras manifestações da Antiguidade perma-
neceram. 
Toda a transformação renascentista, no século XVI, 
tomou por base a cultura romana, e a própria cultura 
grega chegou via latim.
No início da dominação romana, a língua ia se insta-
lando: era a língua da escola, da Alta Administração e 
a língua das classes altas. Esse domínio, aos poucos, 
desceu para as classes menos favorecidas, ocasião em 
que a língua toma outro rumo. 
 
 Nas províncias ocidentais, o latim apagou as línguas 
dos povos subjugados. São os países românicos, ou 
România, que englobava a Península Ibérica, França, 
parte da Bélgica, sul e oeste dos países alpinos, Itália 
e Romênia.
1.3 - latim literário e latim Vulgar
 O latim que está na base das línguas românicas é o 
latim falado.
 
A expressão “latim vulgar”, utilizada para denomi-
nar o latim falado, foi popularizada pelos eruditos, em 
oposição ao latim literário, embora o termo “vulgar” 
não seja uma unanimidade – muitos acham-no pre-
conceituoso, incompleto e não condizente com a sua 
importância para o mundo ocidental.
Os mais instruídos referiam-se a essa modalidade 
como uma fala rústica.
Sendo uma língua falada, estava sujeita a modifica-
ções, e a ausência da imprensa contribuía para isso.
Após o advento da imprensa, as diferenças vão se 
cristalizando de forma desigual em cada região em 
que era falado.
A implantação da língua latina teve como substrato 
as línguas dos povos dominados e de quem herdou 
hábitos articulatórios, processos sintáticos e morfoló-
gicos, além de vocabulário referente ao seu universo 
local e a manutenção de termos que não tinham equi-
valentes em latim.
Diferenciação Espacial
Enquanto o Império Romano se sustentava, a comu-
nicação em latim entre as diversas regiões e provín-
cias era mantida, e todos podiam se comunicar nessa 
língua geral.
A partir do Século V, com a queda do Império, os 
países se isolam, a comunicação se torna escassa, 
cada povo segue um rumo ditado pelas suas peculia-
ridades locais.
Diferenciação Temporal
A língua muda, como os homens e a sociedade mu-
dam. Se a língua serve de veículo à transmissão do 
pensamento, à expressão do mundo exterior, ela não 
fica estática.
Para um falante comum, as mudanças são impercep-
tíveis porque, durante a sua existência, ele convive 
com estruturas sintáticas mais ou menos fixas e um 
vocabulário estável. Ele só percebe mudanças entre 
termos que surgem e desaparecem com certa rapidez, 
como é o caso das gírias.
Um observador atento, por outro lado, pode perceber 
que, no de correr de sua vida, as formas de tratamento 
mudam: há 40 anos, uma mulher não se incomodaria 
de ser chamada de senhora, não importasse a sua ida-
de. Hoje, até as sexagenárias podem se sentir insul-
tadas. Antes cultuava-se o respeito aos mais velhos; 
hoje, a juventude, mesmo que à custa de intervenções 
cirúrgicas, vestimentas e atitudes.
Nos anos 70, era comum nos textos impressos a gra-
fia quota e quotidiano. Embora ainda dicionarizadas, 
hoje é mais freqüente cota e cotidiano.
Há uma infinidade de termos insultosos ou obsce-
nos sendo utilizados atualmente na mídia eletrônica, 
alguns até na mídia impressa, que é mais conserva-
dora.
Estamos falando de um período de tempo de poucas 
décadas. Imagine as transformações num espaço de 
tempo de centenas de anos, com mudanças culturais 
profundas.
Não é difícil entender porque o latim se transformou 
em línguas distintas.
Para Auerbach (1970: 52):
Os sons, as formas, os significados da maioria 
das palavras permanecem inalterados no latim 
literário das épocas posteriores; somente a es-
trutura da frase se alterou consideravelmente; ao 
passo que, no latim vulgar, a fonética, a morfo-
logia, o emprego e o significado das palavras, a 
sintaxe ficaram inteiramente subvertidos.
15
Ainda, segundo o autor, as formas mais importan-
tes do latim são:
1. Latim literário clássico – cujo apogeu vai de 
mais ou menos 100 a.C. até 100 d.C. e depois imita-
do na Renascença.
2. Latim literário da época do declínio da civili-
zação antiga e da Idade média ou “baixo latim” ou 
“latim da Igreja”, porque era utilizado pela Igreja 
Católica.
3. Latim vulgar – latim falado de todas as épocas 
da língua latina e que resulta nas línguas neolatinas 
ou românicas.
O Latim e a Igreja
O latim serviu de língua da liturgia da Igrejaoci-
dental, que também o utilizou como língua literária. 
Denominado “baixo latim”, era já bem diferente do 
latim literário.
O baixo latim eclesiástico passa a servir não só à 
Igreja, à Filosofia e à Teologia da Idade Média, mas 
também a poesia européia se valeu desse latim, de 
onde tirou as rimas, a oposição sílaba tônica X síla-
bas átonas.
Com o passar do tempo, o baixo latim e o latim 
falado se distanciaram a ponto de não ser mais pos-
sível o entendimento mútuo.
A Igreja continuou a oficiar seus cultos em latim, 
mas os textos de divulgação religiosa e as pregações 
passaram a ser realizados em língua vulgar, isto é, 
nas línguas faladas pelos diversos povos românicos.
A utilização do latim na modalidade escrita forçou 
a criação de um estilo mais cuidado, tanto na cons-
trução, quanto na seleção vocabular, afinal a língua 
não estaria sendo usada em necessidades diárias mais 
simples, mas atendendo um objetivo mais elevado.
Na tentativa de se aproximar do povo para a di-
vulgação da fé cristã, a Igreja acabou por contribuir 
para a formação de um novo estilo literário, o trá-
gico, não mais tendo personagens como reis, heróis 
da mitologia, mas personagens simples, como Jesus 
Cristo. 
16 UniDaDE ii
CARACTERíSTICAS DO lATIm VUlGAR
2.1 - No Vocabulário
As características do latim vulgar se manifestam:
Preferência por palavras compostas ou expres-
sões perifrásticas:
• depost (post)
• jam magis (nunquam)
Especialização de sentido de termos do latim 
clássico:
• comparare (comprar)
• paganus (pagão)
Termos diferentes para expressar as mesmas 
idéias do latim clássico:
 • caballus (equus)
 • apprendere (discere)
 • jocus (ludus)
 • bucca (os)
 • focus (ignis) 
 • casa (domus)
 • grandis (magnis)
2.2 - Na Fonética
Redução de ditongos e hiatos a vogais simples:
• orum (aurum)
• quetus (quietus) 
• dodece (duodecim)
• prendere (prehendere)
Transformação ou queda de fonemas:
• justitia (iustitia)
• paor (pauor)
Obscurecimento de sons finais:
• es (est)
• dece (decem)
• pos (post)
Tendência a evitar as proparoxítonas:
• masclus (masculus)
• caldus (calidus)
• virdis (viridis)
Transposição do acento tônico:
• cathédra (cáthedra)
• intégrum (íntegrum)
• muliéris (mulíeris)
Desnasalação ou queda do n dos grupos ns e nf:
• asa (ansa)
• iferi (inferi)
Assimilações freqüentes:
• isse (ipse)
• pessicum (persicum)
Prótese de um i nos grupos iniciais st, sp, sc:
• istare (stare)
• ispiritus (spiritus)
• iscribere (scribere)
Andrade (2000: 20) adverte para casos apresentados 
em gramáticas históricas como se fossem fenômenos 
ocorridos exclusivamente no passado. Não é o que 
ocorre. Uma língua herda características estruturais e 
certas tendências observadas nas línguas de onde se 
originaram.
Observe:
metátese: 
• semper (latim) > sempre (português); 
• primariu > primairo (latim) > primeiro (portu-> primairo (latim) > primeiro (portu- primairo (latim) > primeiro (portu-> primeiro (portu- primeiro (portu-
guês)
• satisfeito > sastifeito> sastifeito sastifeito
• lagarto > largato> largato largato
Redução de ditongos (monotongação): “...a pas-
sagem do latim au para o português ou: thesauru >> 
tesouro, tauru > touro; auru > ouro; também a redu-> touro; auru > ouro; também a redu- touro; auru > ouro; também a redu-> ouro; também a redu- ouro; também a redu-
ção a o já se verificava na ‘língua da plebe’, na época 
do Império, passando igualmente para o português: 
oric(u)la por aurícula > orelha” (Ibidem: 21).> orelha” (Ibidem: 21). orelha” (Ibidem: 21).
Hoje observamos na fala: oro (ouro), toro (touro). 
17
2.3 – Na morfologia
Redução das cinco declinações do latim clás-
sico a três, devido à confusão da 5ª declinação 
com a 1ª, e da 4ª, com a 2ª.
Redução dos casos – vocativo com o nomina-
tivo; genitivo, dativo e ablativo, já desneces-
sários por causa do emprego das preposições 
com o acusativo.
Tendência a tornar masculinos os nomes 
neutros quando no singular:
• vinus (vinum)
• fatus (fatum)
Troca das formas sintéticas pelas analíticas 
(comparativo e superlativo):
• plus ou magis certus (certior)
• multum justus (justilissimus)
Uso do demonstrativo ille, illa e do numeral 
unus, una como artigos:
• ille homo
• illa domus
• unum templum
Substituição do futuro perfeito do indicati-
vo por uma perífrase:
• Amare habeo (amabo)
2.4 – Na Sintaxe
Construções analíticas:
• Credo quod terra est rotunda por Credo terram 
esse rotundam.
Emprego de preposições no lugar dos casos:
• Líber de Petri (Petri liber)
Ordem direta. 
18 UniDaDE iii
FONTES DO lATIm VUlGAR
3.1 - As línguas Românicas
O estudo de uma língua falada na Antiguidade é 
muito difícil de se realizar. As fontes são raras, di-
ferentemente da língua literária. Além disso, não 
era considerada digna de estudo.
A melhor fonte de estudo do Latim Vulgar é o es-
tudo comparativo entre as línguas românicas, o que 
apresentam em comum quanto à evolução fonética, 
morfológica, sintática e lexical.
As comédias do poeta Plauto, por volta de 200 
a.C. são uma fonte importante, porque trazem diá-
logos da língua falada na época; as Cartas de Cíce-
ro; um romance de Petrônio em que se retratam as 
falas de novos ricos, cheia de vulgarismos.
Escavações em Pompéia, a cidade soterrada por 
erupção do Vesúvio em 64 d.C. revelaram fragmentos 
do latim vulgar usado então.
Em textos sobre medicina, veterinária, arquitetura e 
agricultura também são encontrados termos e expres-
sões da língua corrente, pois seus autores não tinham 
educação literária que os habilitassem a escrever no 
latim culto.
No decorrer da decadência da civilização romana, 
as fontes do latim vulgar se tornam mais numerosas 
porque os escritores da época já não tinham formação 
literária.
Algumas fontes provêm da Igreja através de tradu-
ções latinas da Bíblia, em outros textos religiosos e 
nas lápides funerárias.
As obras relacionadas a seguir contêm vasto ma-
terial para estudo:
• Appendix Probi (séc. III)
• Opus agriculturae (séc. IV)
• De medicina pecorum (séc. IV)
• Peregrinatio ad loca sancta (séc. IV)
• Mulomedicina Chironis (séc. V)
• Regula Monachorum (séc. VI)
• Obras de Gregório de Tours (séc. VI)
• Obras de Isidoro de Sevilha (séc. VII)
• Glosas
3.2 - Inscrições 
De acordo com Coutinho (1976: 35), as inscrições 
oficiais e aquelas concebidas por pessoas cultas não 
têm o mesmo valor daquelas criadas e executadas 
por pessoas humildes.
As inscrições que se seguem foram encontradas 
na Península Ibérica e constam do Corpus Inscrip-
tiorum Latinarum (Berlim: 1863 – 1943) e foram 
extraídas de Coutinho (Ibidem: 36 e seguintes).
d.m. (1) Valerius Taurus miles cortis (2) VII pre-
torie (3), centurio evocatus, qui visit (4) annis 
XXXXVII, remisit filios duos gemnos (5) pisinus (6) 
anucus (7) et mesero (8) VIII. Conpare (9) sua vist 
(4) bene. Nationatu (10) Panonius. Uxsor (11) fecit 
bene merent (12).
(1) diis manibus
(2) cohortis
(3) praetoriae
(4) vixit 
(5) geminos
(6) pisinnos (pusillos) 
(7) annuculos
(8) mensum (mesero, analogia com dierum?)
(9) compare
(10) nationatu (contaminação de natione com 
natu?)
(11) uxsor (hiperurbanismo)
(12) merenti
Tradução 
 
Aos deuses manes. Valério Tauro, soldado da sé-
tima coorte pretoriana, elevado a centurião, que 
viveu quarenta e sete anos, e deixou dois filhos gê-
meos, crianças de um ano e oito meses. Viveu bem 
com a sua companheira. Era natural da Panônia. 
A esposa fez-lhe merecidamente (este epitáfio).
Hoc (1) tetolo (2) fecet (3) Muntana (4) conius (5) 
sua Mauricio, qui (6) visit (7) com (8) elo (9) annus 
(10) dodece (11) et portavit annos quarranta (12). 
Trasit (13) die VIII KL. (14) Iunias.
(1) Hunc
(2) titulum
(3) fecit
1�
(4) montana
(5) conjux
(6) quae
(7) vixit
(8) cum
(9) illo
(10) annos
(11) duodecim
(12) quadraginta
(13) Transit
(14) Kalendas
Tradução
Este epitáfio fez para Maurício a sua esposa 
Montana, que viveu em sua companhia doze 
anos,e tinha ele quarenta. Morreu no dia oita-
vo antes das calendas de junho (25 de maio).
As tabuinhas execratórias também são inte-
ressantes. Trata-se de inscrições em placas de 
chumbo, bronze, estanho, mármore ou terracota 
e trazem fórmulas mágicas de encantamento ou 
de maldição, como a que se segue:
Tábua Execratória
Te rogo que infernales partes (1) tenes, com-
mendo tibi Iulia (2) Faustilla (3), Marii filia 
(4), ut eam celerius abducas et ibi in numerum 
ti abias (5).
(1) infernales partes-inferos
(2) Iuliam
(3) Faustillam
(4) filiam
(5) hábeas (subentende-se defunctorum)
 
Tradução
A ti, que dominas as regiões infernais, peço e 
encomendo Júlia Faustila, filha de Mário, para 
que a leves mais rapidamente e a conserves aí 
no número (dos mortos).
O texto a seguir é do latim vulgar hispânico. A 
sua autora, a monja Egéria, natural da Penínsu-
la Ibérica, relata uma peregrinação a Jerusalém, 
no século IV d.C., entre 381 e 388.
Revela-se a pouca instrução da freira, a sua 
pouca familiaridade com o texto escrito. Esse 
exemplo traz repetições, o emprego do demons-
trativo ipse no lugar do artigo, a preferência 
pelo adjetivo grandis (em vez de magis, do la-
tim literário).
3.3 - Peregrinatio ad loca Sancta
 In eo ergo loco est nunc ecclesia non grandis, 
quoniam et ipse locus, id est summitas montis, 
non satis grandis est; quae tamen ecclesia ha-
bet de se gratiam grandem. Cum ergo, iubente 
Deo, persubissemus in ipsa summitate, et pe-
rueenissemus ad hostium ipsius ecclesiae, ecce 
et occurrit presbyter ueniens de monasterio suo, 
qui ipsi ecclesiae deputabatur, senex integer et 
monachus a prima uita, et ut hic dicunt ascitis, 
et quid plura?qualis dignus est esse in eo loco.
Tradução
Nesse lugar há, pois, agora uma igreja não gran-
de, porque também o mesmo lugar, isto é, o cimo do 
monte não é muito grande; contudo, a qual igreja tem 
por si grande renome. Como, pois, ordenando Deus, 
subíssemos a esse cimo e chegássemos à porta da 
igreja, eis que corre ao nosso encontro um presbítero 
vindo do seu mosteiro, que estava à testa da mesma 
igreja, velho virtuoso e monge desde cedo, como aqui 
dizem ascitis, e que mais? O qual é digno de estar 
nesse lugar.
3.4 - Glosas
As glosas integram o conjunto de fontes para o 
conhecimento do latim vulgar. São elas relações de 
sinônimos para que pudessem acompanhar os textos 
escritos. Ao lado das palavras encontradas nos textos, 
havia um sinônimo ou termo equivalente mais fami-
liar. Essa palavras “traduziam” os termos desconheci-
dos para o povo menos instruído.
1- pulchra: bella
2- mares: masculi
3- optimum: valde bonum
4- anus: vetulae
5- semel: uma vice
6- favillam: scintillam
7- femur: coxa
8- sevit: seminavit
9- emit: comparavit
10- flare: suflare
11- bellantes: pugnantes
12- crura: tibia
13- onager: asinus selvaticus
14- iecore: ficato
15- canere: cantare
16- fletus: planctus
17- abeam (abeo): vadam
18- catulus: catellus
20
19- fórum: mercatus
20- hiems: ibernus
21- rostrum: beccus
22- res: causa
23- litus: ripa
24- pueros: infantes
25- novacula: rasorium
26- exciderat: taliaverat
27- grex: pecunia
28- segetes: messes
29- tugurium: cavanna
30- nent: filant
31- rupem: petram
32- ita: sic.
3 speculum non speclum 
4 masculus non masclus
7 vernaculus non vernaclus 
8 articulus non articlus
10 angulus non anglus
22 aquaeductus non aquiductus
25 formica non furmica
26 musivum non museum
37 equus non ecus
53 calida non calda
58 umbilicus non imbilicus
Gramáticos, para preservar o estilo puro, re-
lacionavam palavras da linguagem correta e, 
ao lado, as formas a serem evitadas. Estas são 
fontes valiosas para o conhecimento do latim 
falado. 
 
O documento mais importante é o Appendix 
Probi, organizado em Roma por um gramático 
anônimo. A obra ilustra o falar do povo na ca-
pital do Império, no séc. III d.C. São 227 termos 
“corretos” ao lado de seus equivalentes “incor-
retos”. Transcrevemos aqueles que são encon-
trados com mais freqüência na nossa língua.
3.5 - Appendix Probi
76 ansa non asa
83 auris non oricla
84 camera non cammara
111 oculus non oclus
112 aqua non acqua
130 tabula non tabla
174 rivus non rius
201 viridis non virdis 
219 numquam non numqua
220 noviscum non noscum
221 vobiscum non voscum
Atividades
1) Associe os comentários abaixo ao item e número correspondente das Glosas.
 
 
2) Transcreva o termo que deu origem aos comentários do exercício anterior. Note que a maior parte está na 
coluna esquerda (lado da língua culta) e por isso são mais raras também entre nós. Atentar para esses detalhes 
facilita a depreensão de muitos termos que, às vezes, pensamos desconhecer. 
3) Faça uma tradução atualizada da Peregrinatio ad loca sancta (inclua o título). 
4) O léxico português originado do latim percorreu dois caminhos: o de palavras que entraram pelo latim 
literário (via erudita) e o de palavras que chegaram pelo latim vulgar. Exemplifique com palavras do português 
ao lado das palavras do Appendix Probi, como no modelo:
masculus > másculo, masculino / masclus > macho
a) ( ) Antigamente se dizia pul-
quérrima para alguma coisa 
muito bonita.
f) ( ) Inscrições rupestres são raras.
b) ( ) Ave canora é aquela que 
tem um canto bonito.
g) ( ) Existe gado caprino, bovino, suíno 
e asinino.
c) ( ) A veia femural percorre 
toda a perna.
h) ( ) Armas de fogo são material bélico.
d) ( ) Puericultura é um termo 
que se refere a cuidados in-
fantis.
i) ( ) A navalha é um instrumento cortan-
te.
e) ( ) Razor, em inglês, é lâmina.
Vernaculus >
Articulus >
Articlus >
Calida >
Umbilicus >
Imbilicus >
Auris >
Oricla >
Tabula >
Tabla >
Viridis >
Virdis >
21
Se você:
1) concluiu o estudo deste guia;
2) participou dos encontros;
3) fez contato com seu tutor;
4) realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as 
avaliações.
Parabéns!
22
Glossário
Calendas – o primeiro dia de cada mês romano, na Antiguidade.
Fixação – estabelecimento da versão original do texto. 
Vulgarismos – termos utilizados na língua corrente, popular.
23
Gabarito
Unidade III
1.
a) (1)
b) (15)
c) (7)
d) (24)
e) (25)
f) (31)
g) (13)
h) (11)
i) (25)
2.
(1) pulchra
(15) canere
(7) femur
(24) pueros
(25) rasorium
(31) rupem
(13) asinus
(11) bellantes
(25) novacula
4.
Vernaculus: vernáculo, vernácula
Articulus: artigo, articular, articulado
Articlus: artelho
Calida: cálida, cálido
Umbilicus: umbigo
Imbilicus: imbigo (pop.)
Auris: auricular
Oricla: orelha
Tabula: tabuleiro, tabuleta
Tabla: tablado
Viridis: verídico
Virdis: verdade 
24
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Antonio Carlos S. Gramática histórica: o passado no presente. In: Cadernos de língua portuguesa: 
UERJ, 2000.
AUERBACH, Erich. Introdução aos estudos literários. São Paulo: Cultrix, 1970.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976.
LAUSBERG, Heinrich. Linguística românica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1974.
mELO, Gladstone Chaves de. Iniciação à filologia e à lingüística portuguesa. Rio de Janeiro: Ao Livro Téc-
nico, 1981.
SILVA NETO, Serafim da. História do latim vulgar. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977.
______. História da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Presença/mEC, 1979.
SPINA, Segismundo. Introdução à ecdótica. São Paulo: Cultrix/USP, 1977.
WILLIAmS, Edwin. Do latim ao português. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1986.

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