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A Importância da Memória na Aprendizagem

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Memória 
Aula: 12. 
Texto. Roberto Lins. 
A memória é a função cognitiva que nos permite codificar, armazenar e recuperar 
informações do passado. É um processo básico para a aprendizagem, pois é o que nos permite 
criar um sentido de identidade. É através de nossa memória que nos permite saber nossa trajetória 
de vida, de reconhecer os nossos familiares, de falar nossa língua, de reconhecer as vozes, os 
sons, os cheiros dentre tantas outras coisas. Se não tivéssemos memória viveríamos em um 
eterno presente e todos os dias teríamos de aprender as tarefas mais simples de nosso dia a dia, 
como vestir uma roupa, calçar um sapato, mastigar um alimento e escovar os dentes. 
A memória nos possibilita ter um sentimento de continuidade e autoconhecimento que 
compreende o passado distante até o momento presente. Quem não tem memória não consegue 
dá sentido a si mesmo, aos objetos que o cerca e, consequentemente, a vida. A memória é uma 
das funções cognitivas que mais empregamos em nosso dia a dia e durante toda a vida. Apesar 
de ter uma definição bastante simples, de ser a capacidade de armazenar informações, lembrar-
se delas e depois usá-la no momento que precisarmos, trata-se de uma função bastante complexa 
e que ainda pouco se sabe sobre o seu armazenamento. 
 
 
A informação recebida ativa uma rede de neurônios, e que caso seja reforçada com a 
repetição da informação a mesma ficará retida por mais tempo na memória. 
 
O processo de armazenamento é dividido em 3 (três) estágios: 
 
 Codificação. Armazenamento. Recuperação. 
 
A codificação se refere ao momento em que a informação chega até o nosso sistema 
nervoso e é processada para depois ser armazenada. Trata-se de um processo neurofisiológico 
que começa com atenção. Um estímulo que chama a nossa atenção faz com que os neurônios 
disparem mais rapidamente, organizando as informações em uma matriz sistemática que pode ser 
lembrada mais tarde. Muitas vezes utilizamos da estratégia da associação de modo consciente 
para lembrar de um certo conteúdo, mas também essa associação pode ocorrer 
inconscientemente, ou seja, sem a intenção. A importância e teor afetivo influenciam diretamente 
na maneira como codificamos as informações e determina como elas serão armazenadas e 
recuperadas. Conteúdos que possuem um teor afetivo positivo é mais lembrado do que aqueles 
que provocam algum mal-estar. Armazenamento compreende a retenção da informação que pode 
se dá por um breve período de tempo ou por toda a vida. Ele ocorre através de duas maneiras: 
 
a) Por meio dos fenômenos eletrofisiológicos; 
b) ou, por meio dos fenômenos bioquímicos. 
 
O que se sabe, atualmente, é que as informações que chegam 
ao nosso cérebro formam um Circuito Neuronal. 
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Nos fenômenos eletrofisiológicos, ao tentarmos memorizar uma situação nova, 
determinados conjuntos de neurônios continuam disparando durante alguns segundos, retendo 
provisoriamente a informação durante apenas o tempo em que a mesma é necessária, 
desaparecendo logo em seguida. Nos fenômenos bioquímicos (também chamados de traços de 
memória) incluem dois tipos de alterações: as estruturais (incluindo as morfológicas) e as 
funcionais. As alterações estruturais compreendem a formação de novas espinhas dendríticas 
que vão permitir que o neurônio receba mais aferência – impulso nervoso – de outros neurônios 
ou a formação de novos prolongamentos das terminações dos axonios permitindo que o neurônio 
potencialize a transmissão sináptica. Por outro lado, as alterações morfológicas criam novos 
circuitos neuronais que não existiam anteriormente. 
A formação de novos circuitos neuronais também pode ser denominado de neurogênese. 
A formação de novos circuitos neuronais permite a contínua expansão do hipocampo e dos 
ventrículos amortecedores que reduzem o impacto entre o encéfalo e os ossos do crânio. 
Conforme Katz e Rubin (2000, p.21), a parte do cérebro que é responsável pela memória, 
linguagem e pensamento abstrato é o córtex, e o hipocampo tem o papel de coordenar o 
recebimento de todas as informações sensoriais que vêm do córtex, organizando-as em 
MEMÓRIAS. O hipocampo é que determina o que será arquivado na memória de longo prazo. 
Para que essas memórias sejam guardadas, é necessário que o cérebro faça associações. Katz 
e Rubin (2000) lembram que "a maior parte do que aprendemos e lembramos baseia-se na 
capacidade do cérebro para formar e recuperar associações. 
 
 
 
O hipocampo, igualmente ao córtex, é lateralizado (direito e esquerdo) e se tratando de 
alguma lesão vai provocar resultados diferentes. Se a lesão ocorrer no hipocampo direito vai 
comprometer a capacidade de recuperar memórias visuais, mas as verbais não sofrem prejuízos. 
Se a lesão ocorrer no hipocampo esquerdo, vai comprometer a capacidade de recuperar as 
memórias verbais, mas as visuais ficarão intactas. E por último temos as alterações funcionais. 
Nestas, são formados novos canais iônicos (ou de proteínas) que vão potencializar a transmissão 
sináptica. 
 
Neurônios disparando (realizando sinapse durante o 
processo de codificação ou aquisição) 
 
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Evocação é a capacidade de recuperar informações que não estão disponíveis na nossa 
consciência. É lembrar aquilo que foi armazenado. Quando evocamos uma informação que foi 
armazenada ativamos o circuito neuronal referente a esta informação. A recuperação pode ser 
automática como se lembrar do dia do nascimento ou exigir uma maior concentração e estratégia 
de associação para acessar a informação armazenada. 
 
Estrutura dos sistemas de memória. 
 
Memória sensorial. 
 
A memória sensorial pode ocorrer de qualquer um dos nossos sentidos, porém as mais 
estudadas são a memória visual e auditiva. Trata-se de um tipo de memória de curtíssimo prazo, 
caso não passe para o sistema de longo prazo. A Memória Sensorial visual ou icônica dura apenas 
um quarto de segundos (250 milissegundos). A Memória Sensorial Auditiva ou ecoica dura um 
pouco mais chegando no máximo 20 segundos. Todas as modalidades de memórias sensoriais 
são perdidas em menos de meio minuto, sendo, por isso, consideradas memórias de natureza 
ultrarrápida (Squire et al., 2013). 
 
Memória de curto prazo. 
 
O período de tempo de armazenamento é bastante limitado, podendo reter a informação 
por alguns segundos, minutos ou no máximo por poucas horas (3 a 6 horas). A memória de curto 
prazo possui duas características principais: uma capacidade limitada de armazenamento e uma 
duração definida. 
 
Memória de longo prazo. 
 
Trata-se de uma memória que retém as informações de forma definitiva – durante toda a 
vida do indivíduo –, permitindo sua recuperação ou evocação a qualquer momento. Nela estão 
contidos todos os nossos dados autobiográficos e todo nosso conhecimento. Sua capacidade é 
praticamente ilimitada. 
 
Dentre as divisões da memória de LONGO PRAZO, temos a Memória: 
 
I. Declarativa; 
II. Implícita ou não declarativa; 
III. Semântica; 
IV. Anterógrada, 
V. Retrógrada. 
VI. Emocional. 
 
Memória declarativa, também conhecida como explicita. A memória declarativa é a que 
nos permite expor através de palavras algo que lembramos, mas sempre recorrendo a evocação. 
Por exemplo, contar para um amigo como foi sua viagem de férias a tanto tempo planejada. 
Memória implícita ou não declarativa. Trata-se da nossa capacidade de realizar um ato ou 
comportamento que incialmente precisou de algum esforço consciente, mas que agora não requer 
um resgate intencional da experiência consciente. Esta memória é adquirida por meio de nossa 
percepção ou de nossa motricidade, não precisando declarar verbalmente. Por exemplo andar debicicleta. Quem já aprendeu mesmo sem andar por algum tempo simplesmente monta em cima 
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de uma bicicleta e saí pedalando, mesmo que no início se desequilibre um pouco. A memória 
semântica está associada aos significados das palavras e dos conceitos. De todo o conhecimento 
adquirido ao longo da vida. O indivíduo é incapaz de identificar em que momento adquiriu esse ou 
aquele conhecimento. A memória anterógrada consiste na nossa capacidade de consolidar novas 
memórias a partir de um ponto específico ou de um acontecimento marcante (trauma). A memória 
retrógrada consiste em lembrar de experiências que aconteceram anteriormente em nossa vida a 
partir de um ponto específico ou de um acontecimento marcante (trauma). A memória emocional 
está relacionada ao armazenamento de experiências carregadas e emoção, incluindo tanto as 
memórias boas quanto as ruins. Elas marcam profundamente o psicológico e o cérebro. Essas 
memórias também podem ficar armazenadas no inconsciente.

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