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Desbravadores da Capitania em Pernambuco - Zilda Fonseca

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DESBRAVADORES DA
CAPITANIA DE PERNAMBUCO
SEUS DESCENDENTES
SUAS SESMARIAS
ZILDA FONSECA
RECIFE
2002
1
Sumário
Apresentação
A Divisão do Brasil em Capitânias
Jerônimo de Albuquerque
Felipe Cavalcanti
Arnau de Holanda
Cristovão Lins
Victorio do Nascimento Accioli Lins
Miguel Affonso Ferreira
Pedro Miliano da Silveira Lessa
Francisco Casado da Fonseca
2
A DIVISÃO DO BRASIL EM CAPITANIAS
A CAPITANIA DE PERNAMBUCO
Primitivamente, na corte do Rei de Portugal, D. João III, foi introduzido o sistema de
colonização, povoamento e cultivo das terras do Brasil. As dificuldades da solução do problema
de povoar o solo e torná-lo rentável levou o monarca a introduzir o sistema de Capitanias
Hereditárias, ou Donatárias. Aliás esse sistema já havia sido introduzido na Ilha da Madeira e
nos Açores. O Brasil, então, foi dividido em quinze Capitanias mas, os donatários foram doze
porque dois irmãos, Martim Afonso de Souza e Pero Lopes de Souza receberam cinco porções,
contando cento e oitenta léguas.
Só no ano de 1534 foram expedidos os primeiros títulos de doação. As Capitanias eram
concedidas por “Cartas “ que transmitiam poderes perpétuos e que eram passadas por herança,
não eram alienáveis. Além da “ Carta de Doação “ era expedido o “ Foral “. A “ Carta “ era a
constituição, dava poderes ao donatário; O “ Foral “ era o regimento onde eram fixados os
deveres para com a coroa.
A mais antiga “ Carta de Doação “ foi passada em favor de Duarte Coelho, em Évora, a 5
de setembro de 1534 e lhe foram concedidas sessenta léguas na costa.. Os donatários tinham o
título de Capitão ou Governador. Os seus poderes eram quase ilimitados: tinham poder de
conquista e de distribuir a terra em sesmarias; podiam cativar gentios para seu serviço ou para
vendê-los; cobrar dízimos; criar vilas; aplicar penas em caso de crimes, até mesmo a pena de
morte, etc. Segundo o “ Foral “, havia um regime de grande liberdade, o tráfego era livre para
todos e era lícito enviar os produtos para qualquer parte do país ou para mercados estrangeiros.
Os donatários eram os ocupantes da terra porem o Rei é que era o dono das Capitanias. O
donatário acumulava duas funções: militar e civil. Capitão correspondia a comando militar,
Governador correspondia a governo civil. Daí começou o desbravamento da terra, era preciso
conquistar espaço para que fossem concedidas as sesmarias e, depois, assentados os povoadores.
A ESCOLHA DOS DONATÁRIOS
Os donatários foram escolhidos entre homens bem nascidos, que já tivessem provado sua
bravura em campos de batalha, que tivessem tino administrativo, que tivessem posses, que se
dispusessem a uma longa permanência em terras estranhas. Duarte Coelho correspondia a todos
esses requisitos, não só ele como sua extraordinária mulher, D, Brites de Albuquerque. Ao que
se sabe, Duarte Coelho nasceu em Miragaia. Freguesia do Porto, nos últimos anos do século XV.
Foi filho de Felipe Gonçalo Coelho,. permaneceu por vinte anos na Índia; teve papel relevante na
tomada de Málaca, participando da batalha naval contra a esquadra chinesa; foi embaixador
junto ao reino da Tailândia, realizando, ainda, outras viagens; também foi embaixador na França
e serviu na Costa de Malagueta. Regressando a Portugal casou com D. Brites de Albuquerque.
A escolha de D. João III não podia ser melhor: aí estava o homem perfeito para governar a
Capitania de Pernambuco. In Cartas de Duarte Coelho a El-Rei, Recife, 1967 o professor José
Antônio Gonsalves de Melo diz, com muita propriedade, que o donatário foi “ (...)
essencialmente um fundador de nação, um fundador da estabilidade social e da ordem jurídica.
Um criador de riqueza baseada na agricultura e não um explorador de bens da natureza. Um
fundador de colônia de plantação e não de colônia de exploração “
Duarte Coelho chegou ao Brasil no mês de março de 1535 (há dúvidas quanto ao dia)
trazendo sua mulher, seu cunhado, Jerônimo de Albuquerque, vários parentes e amigos,
desembarcando no Sítio dos Marcos, perto da antiga feitoria de Igarassu que fôra erguida no ano
de 1516 por Cristovão Jaques, navegador português. Aí foi fundada a Vila de Igarassu. A região
era habitada por índios hostis e Duarte Coelho teve que lutar muito para continuar penetrando no
território de Pernambuco. Ás margens do rio Beberibe fundou a Vila de Olinda.
3
Alem de desbravador, Duarte Coelho foi pioneiro na indústria açucareira, não se limitando
à exploração do pau-brasil.
Viajando a Portugal, lá faleceu no ano de 1553.
Essas são as informações passadas pelos mais acreditados historiadores sobre o princípio
da Capitania de Pernambuco
OS DESBRAVADORES
Necessário se faz nomear os primeiros desbravadores, esses homens intrépidos, de espírito
aventureiro, muito bem nascidos, alguns nobres que, aqui chegando, foram obrigados a lutar
contra índios hostis e antropófagos, que não estavam dispostos a entregar suas terras, onde
mantinham suas tabas, suas roças, junto ao mar e aos rios e daquelas matas onde abundava a caça
e de onde tiravam seus alimentos.
Esses desbravadores, todos, ou quase todos, são ancestrais dos nordestinos e dos
brasileiros descendentes destas plagas.
Primeiramente citarei os nomes dos principais, daqueles que, realmente, tomaram parte no
desbravamento, em seguida procurarei falar sobre sua ascendência e sobre seus descendentes
relacionados com minha família pois essa é a principal finalidade deste livro.
OS PRIMEIROS E PRINCIPAIS
Jerônimo de Albuquerque
Felipe Cavalcanti casou com Catarina de Albuquerque
Arnau de Holanda casou com Brites de Vasconcelos 
Cristovão Lins casou com Adriana de Holanda
João Paes Barreto
Antônio de Barros Pimentel casou com Maria de Holanda
João Gomes de Melo casou com Ana de Holanda
João Baptista Accioli casou com Maria de Melo
Esses deixaram grande descendência, espalhada por todo o Brasil.
OUTROS IMPORTANTES DESBRAVADORES
João Dourado
Diogo Dias
Duarte Gomes da Silveira, fundador do Morgado do Salvador do Mundo, então Capitania
de Pernambuco, hoje Estado da Paraíba
Antônio Bezerra, o Barriga
Domingos Bezerra Felpa de Barbuda
Bernardo Vieira de Melo
 
OS CRISTÂOS NOVOS
Ambrósio Fernandes Brandão, fundador do engenho Inhobim ou Santos Cosme e Damião,
hoje Engenho Catu
Diogo Fernandes e Branca Dias, com grande descendência, entroncada com as principais
famílias do nordeste.
JÁ NO SÉCULO XVIII
Damião Casado Lima
Domingos Afonso Ferreira
4
Kaspar van Neuhoff van der Ley ou Gaspar Wanderley não foi um desbravador mas um
soldado alemão, a serviço da Companhia das Indias Ocidentais, durante a ocupação holandesa,
que deixou grande descendência em todo o Brasil.
Outros portugueses aqui chegaram, constituiram família, e os seus nomes até hoje
perduram:
Bandeira de Melo
Novo de Lyra
Vieira de Melo
 Moura
 Pessoa
 Carvalho
 Uchoa
 Barbalho
 Araújo
 Sá, entre outros.
No século XVII tivemos a invasão holandesa. Na realidade eles não vieram para desbravar
ou colonizar, não trouxeram suas famílias e, raríssimos, casaram com gente da terra.. Agiram
como verdadeiros “piratas”, sequestraram engenhos, incendiaram canaviais, destruiram igrejas,
cometeram atos de verdadeiro vandalismo, como o Massacre de Cunhaú. Foram 24 anos de
verdadeiro pesadelo.
Sob a administração do conde-soldado, a serviço da Companhia das Índias Ocidentais, o
alemão Maurício de Nassau, houve um abrandamento, ou simulação de trégua mas, quando
muitos foram presos, torturados, perseguidos, condenados à morte. O conde trouxe algumas
figuras de relevo que o rodeavam para o seu prazer. Quando saíu de Pernambuco, tudo levou,
nada deixou. Com seis pintores à sua volta nunca fundou uma Academia de Arte onde os
habitantes podessem aprender a arte do desenho e da pintura. Não fundou, sequer, um colégio
onde fossem administrados conhecimentos de letras e ciências. E os arquitetos?O que
deixaram? Dois “palácios” dos quais nada resta, hoje. Tudo era provisório, precário.
Finalmente, um punhado de bravos, conseguiu livrar Pernambuco de tão nefasta invasão.
Todo mérito de nossa colonização está naqueles primeiros desbravadores.
5
J E R Ô N I M O D E A L B U Q U E R Q U E
 
Entre todos os desbravadores da capitania, Jerônimo de Albuquerque foi o maior. Muito
contribuiu com sua bravura, sua experiência, seu tino administrativo. Viveu no Brasil 58 anos,
desde sua chegada, em 1535, até sua morte, em 1593. Jamais voltou a Portugal. Foi o verdadeiro
colonizador, aquele que finca raízes na pátria adotiva, constitui sua família, ama a terra que lhe
deu abrigo e fortuna. Não foi um explorador, um mercenário como outros que aqui chegaram
para enriquecer e voltar, sem nada deixar. Numa de suas lutas, na várzea do Capibaribe, perdeu
um olho, o que lhe valeu o cognome de - o Torto.
Para os valores do nosso tempo, é difícil acreditar que descendentes das mais ilustres Casas
Reais da Europa tenham atravessado o oceano para desbravar e povoar terras selvagens. Na
antigüidade os homens tinham espírito aventureiro. Os Reis seguiam para as frentes de batalha,
montados em seus cavalos, atravessando campos e montanhas, empunhando suas espadas e
lutavam ao lado de seus vassalos. Hoje um chefe de Estado, Presidente ou Rei, jamais iria para
uma frente de batalha. Eles ficam, comodamente, em seus palácios, enquanto os infelizes
soldados vão à guerra para matar, matar, matar e morrer.
Acreditem ou não, JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE e sua irmã, D. BRITES DE
ALBUQUERQUE descendiam da mais alta nobreza européia, atestado por grandes
pesquisadores portugueses, como foi o Pe. D. Antônio Caetano de Sousa que, em sua magistral
obra, “História da Casa Real Portuguesa”, em alentados treze volumes além de um, com o índice,
nos dá a história mais confiavel das nobres famílias portuguesas, citando as fontes e
apresentando as provas. 
Oito gerações separam Jerônimo de Albuquerque do Rei D. Diniz, mais sete gerações o
separam do Rei D. Afonso VI, de Castela. Os incrédulos poderão encontrar as provas, em
Portugal, no Arquivo da Torre do Tombo e nas várias fontes indicadas pelo Pe. D. Antônio
Caetano de Sousa.
Mas Jerônimo de Albuquerque foi um homem nada preocupado com títulos de nobreza .
Não consta que tenha solicitado ao Rei qualquer Ordem Militar ou a mercê de Fidalgo da Casa
Real. Ele foi, excencialmente, um soldado. Lutou bravamente contra os índios Caetés e
Tabajaras, conquistando, palmo a palmo, essa terra pernambucana. Numa dessas lutas conheceu
a mulher que foi mãe de oito de seus filhos, - a filha do Cacique Arcoverde - Muira Uiba -
que depois foi batisada com o nome de Maria do Espírito Santo Arcoverde. Dela quase nada
sabemos mas, talvez lenda, talvez verdade, chegou à história, que conseguiu de seu pai a
liberdade para o homem que escolhera. Da mulher com quem foi casado pelo rito romano - D.
Felipa de Melo, filha de D. Cristovão de Melo, teve onze filhos. De outras mulheres teve vários.
Poderemos conhecer melhor Jerônimo de Albuquerque através de seu testamento, que
passamos a transcrever:
TESTAMENTO DE JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE
“Em nome da Santíssina Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo, Três Pessoas e um só
Deus verdadeiro, que adoro e creio perfeitamente e da Virgem Maria, Nossa Senhora, amen.
Este é o meu testamento que eu, Jeronymo de Albuquerque faço com todo o meu juiso e
entendimento, estando são e andando em pé, para quitação de minha consciência, filhos e
herdeiros, pelo modo seguinte:
Primeiramente encomendo a minha alma ao Senhor Deus, que a criou e a remiu com o seu
precioso sangue e lhe peço e rogo queira haver misericórdia de mim. E peço a Virgen Nossa
Senhora e a todos os Santos da Côrte do Céu que quando a minha alma de meu corpo sair a
queiram apresentar diante da Majestade divina e sejam meus intercessores para que me queiram
perdoar os meus pecados
6
Mando que no dia do meu falecimento, morrendo eu nesta Vila e peço ao Senhor Provedor
e Irmão da Santa Casa de Misericórdia que acompanhem o meu corpo e levem para ser sepultado
na Igreja que tenho, no meu engenho de Nossa Senhora da Ajuda, onde tenho minha sepultura, e
por assim me acompanharem lhes deixo de esmola cinquenta mil reis, não me acompanhando,
em tal caso, não lhes darão mais que vinte e cinco mil reis.
Mando que me digam quatro ofícios de nove lições, cantado, no dia e outro no mês e ano,
ofertado com valia de dez cruzados de oferta, o primeiro e segundo com três mil reis e o terceiro
e final com dois mil reis, pela dita maneira; os quais ofícios se farão na dita Igreja e meus
testamenteiros pagarão o que for razão.
No dia que falecer, gastarão com os pobre vinte cruzados por minha alma que lhes darão
de esmola pela ordem que bem parecer aos meus testamenteiros. Deixo e mando que me
comprem um alampadário de prata para a minha Igreja de nossa Senhora da Ajuda, que custe
trinta mil réis.
Deixo aos padres da Companhia desta vila quarenta cruzados
Mando que se dêm de esmolas à pessoas pobres e envergonhadas, dez mil réis. 
Mando que se dê à Confraria do Santíssimo Sacramento, vinte cruzados e assim mais mil e
quinhentos réis pelos anos que lhe devo que me parece que não lhe paguei.
Deixo a todas as Confrarias da Igreja Matriz desta vila a três mil réis, cada uma, tirando a
Confrsria de Nossa Senhora da Conceição da dita Igreja, que a esta deixo seis mil réis.
Deixo a meu filho Felipe de Albuquerque, doze mil réis que se deviam à sua mãe Apolônia
Pequena. Deixo à ninha filha D. Simôa, porque não lhe dei dote, cem mil réis, os quais lhe
darão de minha Terça e se lhe não descontarão na doação da terra de Capibaribe, somente se se
achar que por direito, ela e os mais meus filhos legitimados podem entrar na doação que lhe eu
fiz do meu engenho; em tal caso se lhe descontarão do seu quinhão. Quero que todas as missas e
reponsos que se fizerem na minha Capela e Igreja de N. Senhora da Ajuda, sejam todas por
minha alma e de meus pais e avós.
Digo e declaro que eu tenho feito um Morgado no qual está declarado que se diga missa
por minha alma, quotidiana, e por quanto eu depois houve muitos filhos e o Morgado tem muitas
obrigações, quero e mando que se não digam mais que três missas em cada semana; na sexta-
feira, às Chagas; no sábado, à N. Senhora e ao domingo, a ordinária 
Declaro que os chãos da praça que tenho aplicados e dado ao Morgado e bem assim a terra
de Sirinhaém que houve de meu sobrinho, o Senhor Jorge d’Albuquerque, a terra que lhe
deixara, tudo isso tiro e desmembro do Morgado e bem assim toda a terra que lhe deixava em
Capibaribe, tirando, somente, quatrocentas braças em quadra; e tudo mais que assim desmenbro,
ficará por respeito dos muitos filhos que depois de ter feito esse Morgado, houve.
Mando que enquanto meu filho João d’Albuquerque, o mais velho, não for de idade de
vinte e dois anos perfeitos, se lhe não entregue o Morgado, e o terá e o administrará, o meu
sobrinho Jorge d’Albuquerque estando nesta Capitania porque, não estando, o terá e administrará
o meu genro, Felipe Cavalcanti, e por sua morte ou ausência, Alvaro Fragoso e por sua morte ou
ausência, Jorge Teixeira, e por sua ausência ou morte, meu filho Manoel d’Albuquerque, e em
caso que haja falta de todos esses, quero e hei por bem que tenha a administração e tutela e
Curadoria de meus filhos, uma pessoa nobre desta terra; para o que peço por mercê aos senhores
Oficiais da Câmara que no tal tempo forem que tendo respeito aos muitos serviços que tenho
feito à esta Capitanis e aos muitos trabalhos que nela tenho passado pela sustentar e ao muito
amor que lhe sempre tive, a todos elejam a tal pessoa para ter a dita administração, contando que
o tal eleito não seja, por nenhuma via, D. Cristóvão de Melo, ou cousa sua, e isto por justos
respeitosque a mim me movem porque a tutoria e Curadoria dos ditos meus filhos, assim o
Morgado como todas as mais, quero e hei por bem que andem nas pessoas acima declaradas,
pela ordem e maneira que acima digo, porque esta quero que se tenha sem nunca se poder ser o
dito D. Cristóvão, nem parente seu, assim o requeiro às Justiças de Sua Majestade, o cumpram e
façam guardar, porque esta é a minha vontade.
7
Hei por bem e mando que o dito meu filho, João d’Albuquerque ou qualquer dos outros
seus irmãos que lhe suceder no dito Morgado, que não se case até o tempo de vinte e dois anos,
sem licença e parecer da maior parte dos ditos meus testamenteiros e em caso que se sem seu
parecer se case no Brasil, sendo, notoriamente, em diminuição da sua pessoa, e outra, quero que
pelo mesmo caso perca o Morgado e o herde e se passe logo ao irmão mais velho que vivo for. A
mesma pena terá o que aí herdar o dito Morgado.
Deixo por meus testamenteiros para em todo cumprirem este meu testamento, aos ditos
Senhores Jorge d’Albuquerque, Felipe Cavalcanti, Alvaro Fragoso, D. Felipe de Moura, Jorge
Teixeira e Manoel d’Albuquerque, os quais, todos juntos e cada um por si, “ïn solidum”,
cumprirão este meu testamento, aos quais eu peço e encomendo muito, farão assim, tendo
lembrança da grande obrigação que têm, a quem eu sou, e pelo grande amor que sempre lhes
tive, o cumpram e guardem, como se nele contém.
Quero e hei por bem que todos os anos seja visitada minha Igreja e Capela pelo vigário da
Vara Eclesiástica desta Capitania, o qual poderá tomar contas do sucessor do dito Morgado para
se saber se cumpre com as obrigações da dita Capela; e para isso hei por bem que o dito
Morgado lhe dê dois mil réis por cada uma visitação.
Declaro que eu tenho vários escravos do gentio desta terra, e alguns, por ora, estou em
dúvida se tenho mal resgatados e porque até o presente não tenho feito diligência sobre a certeza
desse negócio, quero e mando que não fazendo eu em minha vida, que os ditos meus
testamenteiros o façam e saibam muito inteiramente e achando algum que seja mal resgatado e
tenham e tratem como forro, me declarem que o é para de si fazerem o que bem lhes aprouver,
como se costuma.
E se algum for morto, o pratiquem com os padres para se saber a órdem que nisto se há de
ter.
Digo que eu tenho um livro em o qual tenho escritas todas as obrigações particulares,
assim de serviços de criados como de outras coisas e que tenho obrigação de satisfazer.
Mando e rogo aos ditos meus testamenteiros que todo o conteúdo no dito livro que por
mim estiver assinado do meu sinal, posto que não seja letra minha, o cumpram inteiramente
assim como se o declara neste meu testamento e de cada coisa fizera expressa menção e lhe dêm
inteira fé e crédito.
Declaro que sendo caso que por falta de memória minha ou inadvertência ou por outro
respeito me esquecer declarar alguma obrigação em que eu esteja a algumas pessoas. Assim
creados como dvedores, ou qualquer outras pessoas, mando que, justificando cada um
bastantemente porque se conclua eu lhe dever, que os ditos meus testamenteiroa desencarreguem
minha alma como entenderem que é mais serviço de Deus Nosso Senhor e proveito de minha
consciência, porque deles o confio.
Declaro eu, Jeronymo d’Albuquerque que se minhas filhas legítimas herdarem tão pouco
de mim ou tiverem tão pouco de seu por outra via, por doações ou dádivas que alguém lhe haja
feito, que sua fazenda não chegue a cinco mil cruzados dentro no ano que casarem, digo, a cinco
mil cruzados, em tal caso, se casarem, obrigo ao Morgado a lhes perfazer, de sua fazenda, o que
falta para a quantia de cinco mil cruzados, dentro do ano que casarem. E ficando solteiras ou
estando freiras, e pelo mesmo modo tido tão pouco de seu que não tenha dois mil e quinhentos
cruzadoas, obrigo, outrossim, o dito Morgado a lhes suprir e perfazer estas quantias, depois de se
empossar do Morgado, em dois anos primeiros seguintes.
Mando que se dê a todos os meus filhos naturais e solteiros, quinhentos mil réis, que entre
sí repartirão irmãmente. 
Declaro que uma mameluca ou índia, por nome Felipa, filha de uma minha escrava por
nome Maria, a qual mameluca eu mal informado alguma hora cuidei ser minha filha e como tal
lhe fiz coisas de filhos e lhe houve a legitimação de El Rei Nosso Senhor, contudo depois
informado na verdade soube de certo não era, e assim o declaro em minha consciência. E dado
que o fora o que não é, eu a deserdo totalmente por desordens suas notórias.
8
Declaro que se alguma pessoa disser que eu lhe devo alguma coisa, posto que não tenha
assinado, seja crido por seu juramento, até quantia de quatro mil réis. Declaro e afirmo que meu
desejo era contentar a todos, digo, era contentar e satisfazer a todos os meus filhos e herdeiros,
assim naturais como legítimos, mas os muitos filhos legítimos que tenho de minha mulher, e me
nasceram, me obrigam em consciência e a razão assim o pede, ordenar isto pelo modo presente.
Primeiramente mando encomendo a meu filho Morgado que particularmente favoreça e
ajude a seus irmão legítimos e, em especial, a suas irmãs, lembrando-se que pelo avantajar a ele,
defraudei aos outros de suas legítimas, pretendo deixar a ele por esteio e memória de sua
geração. Pelo que a virtude, honra e contentamento que minha alma terá e devem obrigar a tudo
isto e fazer tudo que os homens de sua qualidade devem e soem fazer. No segundo lugar lhe
encomendo todos os seus irmãos e irmãs, e para isto lhe basta entender e saber que são meus
filhos, e bastam entender, digo, e assim que lhe for possível, os favoreça e aos quais eu peço a
todos em geral e a cada um em particular e lhes rogo e mando se amem e façam pelas coisas uns
dos outros, tendo memória de mim e o tronco d’onde procedem.
Declaro que meu filho, o Morgado, não entrará na partilha com seus irmãos e, somente,
sairá com o Morgado “in solidum”.
Peço muito, por mercê, ao Senhor Jorge D’Albuquerque, meu sobrinho, que pelo amor que
em mim sempre achou e pelo eu criar como a filho e o ter sempre nesse lugar, como ele bem
sabe, lembrando-lhe, também, que deixei minha Pátria por vir acompanhar a senhora minha
irmã, sua mãe, que ele assim por isto como pela muita razão que tem com todos meu filhos,
legítimos e naturais, os favoreça em tudo aquilo que poder e for possível, como eu fizera pelos
seus se m’os ele deixara encomendados, pois ele sabe muito bem que o estar esta Capitania no
estado em que está, depois de Deus, fui eu.
Quanto a uma Jeronyma, mameluca, que se criou em minha casa, e foi tida por filha minha,
do qual Deus sabe a verdade, em caso que o seja , eu a deserdo totalmente, por desordens suas
notórias.
Item, digo e declaro que eu devo algumas dívidas a pessoas, as quais, de presente, não
pude pagar; e porque eu deixo um livro, como atrás digo, no qual ficam postas todas ou maior
parte das que devo, torno a encomendar e o pedir muito aos meus testamenteiros que as paguem
com a maior brevidade que for possível, se eu antes da minha morte as não pagar, principalmente
o dízimo que devo a Diogo Rodrigues de Elvas e peço e rogo a todos os devedores a quem eu
devo que me perdoem o não lhes poder pagar, porque não foi mais em minha mão.
Declaro que eu fiz um testamento, juntamente com D. Felipa de Melo, minha mulher, e
digo que quanto o que toca a mim o dito testamento, eu revogo e não quero que em nada valha,
nem todos os mais que até o presente tenho feito; só este quero que valha e tenha força e vigor, e
quanto ao tocante à dita D. Felipa, as justiças que provejam nisso como lhes parecer que é
direito.
Declaro que Duarte Coelho, o velho, que Deus tenha em glória, me deu uma légua de terra,
para mim, em Capibaribe, e para todos os meus filhos naturais, a qual terra eu tenho dado e
assentado com todos os meus filhos e genros, que lhes darei a metade dela, da que fica da banda
do mar e querendo eles estar por esta demarcação e que se faça dasobredita maneira, pelos ver
quietos, lhes dou além da dita metade, cento e cinquenta braças de terra de largo da outra minha
metade e todo comprimento que tiver dita terra, as quais cento e cinquenta braças que lhes assim
dou, tomarão logo pegado com a sua metade e eles lhe darão quitação de como estão contentes
de estar por esta repartição e medição, e não lhe dando a dita quitação lhes não dou a dita
quitação digo, não lhes dou as ditas cento e cinquenta braças. E porque aqui hei o meu
testamento por acabado e mando que se cumpra inteiramente como se nele contém porque esta é
a minha derradeira vontade, roguei a Belchior da Rosa, morador nesta vila, que este fizesse e
comigo assinasse, e ele fez, a meu rogo, em Olinda, aos treze dias do mês de novembro do ano
do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mil quinhentos e oitenta e quatro anos.
Jeronymo d’Albuquerque - Belchior da Rosa..”
9
“Este testamento foi aprovado por Antônio Lopes, Tabelião do Público Judicial e Notas da
Vila de Olinda e seus termos, aos treze dias do mês de novembro de mil e quinhentos e oitenta e
quatro, sendo Capitão e Governador desta Capitania, o Senhor Jorge de Albuquerque, seu
terceiro Donatário, e, estando o testador doente, de cama, em pousadas suas, na rua de Todos os
Santos. Foram presentes, e assinaram por testemunhas, o Licenciado Henrique Nunes, Braz
Fernandes, Manoel de Paiva Cabral, Luiz Antônio Duarte, Jeronymo Dias, João Moutinho, todos
moradores e estantes nesta Vila.
Como o testador afirma no princípio do testamento que o faz, estando em pé, de saúde, e o
Tabelião aprovou o testamento em treze de novembro de mil e quinhentos e oitenta e quatro
anos, declarando que o testador estava enfermo, de cama, segue-se que o testador principiando a
fazer o seu testamento com saúde perfeita, deu fim ao mesmo testamento, depois de estar já
enfermo, de cama, e foi concluido o testamento no mesmo dia, mês e ano em que foi aprovado,
como se vê do mesmo testamento e da sua aprovação.
Tenho, também, por muito certo que este é o mesmo testamento com que faleceu o
testador, Jeronymo de Albuquerque porque este testamento foi extraído, por traslado, do
Cartório do Escrivão dos Orfãos desta Olinda. Francisco Alves Viegas, aos vinte e oito de maio,
do ano de mil e seiscentos e quatro, a requerimento de Dona Cosma de Albuquerque e sua irmã,
Dona Isabel, filhas, ambas, do testador e foi despachada a petição, por um Ministro que se
assinava - Miranda. Tudo consta do referido traslado e petição a ele junta, papéis estes que se
conservam e guardam no Cartório de São Bento, desta Olinda, no 14, gaveta V, maço D, de onde
eu tirei, fielmente, esta cópia e a que me reporto, em 17 de julho de 1756 “
Este testamento foi publicado na “Nobiliarquia Pernambucana”, de Borges da Fonseca,
vol. II, pag 361 e seguintes. Através dele podemos avaliar o caráter de Jerônimo de
Albuquerque: católico fervoroso, apesar de sua imensa fraqueza em relação ao sexo. Aliás, esse
era o comportamento dos homens daquela época que, em sua maioria, não tinham a coragem e
sinceridade de Jerônimo, para admití-lo; pai extremoso, preocupado em legitimar seus filhos,
fora do casamento, e de dotá-los com equidade; preocupado em saldar suas dívidas; dedicou
grande amor a seu sobrinho, Jorge de Albuquerque, a quem criou como se seu filho fora; odiava
seu sogro, D, Cristovão de Melo e, ao que tudo indica, não dedicava amor ou consideração à sua
mulher, Felipa de Melo, apesar dos onze filhos que com ela gerou. Sobre Jerônimo, antes de sua
vinda para o Brasil, poucas informações existem, a não ser sua ilustre ascendência; diz Pereira
da Costa, Anais, vol I, pag.439: “ Jerônimo de Albuquerque nasceu em Portugal, em começos
do século XVI, no solar de seus pais, Lopo de Albuquerque e de sua mulher, Joana de Bulhões,
de preclara e nobilíssima linhagem, e veio para Pernambuco, em 1535, de onde nunca mais
saiu”. E adiante (...) “ Jerônimo de Albuquerque faleceu de avançada idade, em dezembro de
1581, como se colhe do seu testamento, na frase de Borges da Fonseca, e foi sepultado na Capela
do seu Engenho, Nossa Senhora da Ajuda, nos arredores de Olinda, como determinara no mesmo
testamento.” Foi chamado ö “Branco Cisne Venerando” na frase de Bento Teixeira, no seu
poema “Prosopopéia”. Diz ainda Pereira da Costa: (...) “era um homem de natural brandura, e
boa condição, como escreve o historiador fr. Vicente do Salvador que, talvez, ainda o conhecesse
pessoalmente”. 
Esse Engenho não mais existe. Ocupava as terras que depois chamou-se - Forno da Cal.
Além dessa Sesmaria Jerônimo recebeu muitas terras ao longo do rio Capibaribe e em
Sirinhaem.
Jerônimo governou a Capitania várias vezes. Diz, ainda, Pereira da Costa, vol. I, pag. 439:
(...) “Março, 5 (ano de 1576) - Jerônimo de Albuquerque, constituido Capitão-mor e
procurador de seu sobrinho, Jorge de Albuquerque Coelho, tomou posse do governo da Capitania
neste dia e a dirige até o ano de 1580, notando-se, porém, uma interrupção neste período, em que
foi substituido por D. Cristovão de Melo, seu sogro. Jerônimo de Albuquerque já havia tomado
parte no governo da Capitania, como adjunto de sua irmã d. Brites de Albuquerque, nas diversas
vezes em que ela a dirigiu, na ausência de seu marido, o Donatário Duarte Coelho, e de seus
filhos, Duarte e Jorge de Albuquerque”.
10
ASCENDÊNCIA DE JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE
A família ALBUQUERQUE tem sua orígem na Espanha e descende de seus Reis. Borges
da Fonseca em sua “Nobiliarquia Pernambucana”, dá início a essa genealogia em D. Alboajes
Ramires, continuando, até, Jerônimo de Albuquerque e sua descendência.
Baseada em diversas obras de autores portugueses, entre elas a “História Genealógica da
Casa Real Portuguesa”, de autoria do Pe. D. Antônio Caetano de Sousa, “Brazões da Sala de
Sintra” de Anselmo Braamcamp Freire, “Nobreza de Portugal”, colaboração do dr. Antônio
Sergio, prof. Dr. Armando Marques Guedes, dr. Afonso Zoquete, encontramos muitos subsídios
para iniciar a genealogia dos “ Albuquerque” pernambucanos e o fazemos em: 
D. Afonso VI, Rei de Castela, que foi casado com D. Ximena Nunes de Gusmão, filha do
Conde D. Nuno Rodrigues de Gusmão e de D. Ximena, filha de D. Ordonho, Infante de Leão, e
de D. Fronilde, filha de D. Payo, neta do Conde D. Rodrigo Nunes, bisneta de D. Nuno, Infante
de Leão, e terceiro neto de D. Ordonho I, Rei de Leão, que morreu a 27 de maio de 866. Do
casal nasceu:
D. Teresa Nunes de Gusmão que casou com D. Henrique, francês de nascimento, do qual
diz o Pe. D. Antônio Caetano de Sousa, em sua “História Genealógica da Casa Real Portuguesa”,
vol I, pag. 19: “Tinham passado quase cinco séculos, sem que em todo este largo tempo
estivesse bem entendida a orígem do Conde D. Henrique, tronco da Casa Real dos Monarcas
Portugueses. Ninguem duvidou do alto nascimento deste Príncipe, ainda que foi grande a
variedade dos escritores sobre a “Casa” de que procedia”. Mas o Pe. D. Antônio Caetano aceitou
a versão do Monge Floriacense, publicada no “Fragmento da História”” e, adiante: (...)
“Nasceu o Conde D. Henrique no ano de 1035, filho quarto, como tem dito, de Henrique de
Borgonha e de sua mulher Sybila, e neto de Roberto I, do nome, Duque de Borgonha e bisneto
de Roberto, o Devoto, Rei de França, terceiro neto de Hugo Capeto, Rei de França, quarto neto
de Hugo, o Grande, Duque de França, quinto neto de Roberto II, Duque e Marquês de França, e
depois Rei, e sexto neto de Roberto I, o Forte, Duque e Marquês de França, em que damos
princípio e assentamos por tronco das Reais Casas de Portugal, França e Castela”. Entretanto o
Pe. D. Antônio Caetano cita, também, a versão de D. Luis de Salazar e Castro, ao qual faz
grandes elogios e, à pag. 20 (...) “Ässenta, pois, ser o Conde D. Henrique, filho de Guido,
Conde de Vernuil e de Briosne, e de Joana, filhade Geraldo, Duque de Borgonha”. A’ pag. 24
diz, ainda o Pe. D. Antonio Caetano:: (...) “Foi o Conde D. Henrique, de gentil presença,
estatura proporcionada, olhos azuis, cabelos louros. Tinha de idade setenta e sete anos quando
faleceu”. O Conde D. Henrique foi muito devoto e casou com a Rainha D. Teresa, pelos anos
de 1092 ou 1093 e que a mesma falecera a 1 de novembro de 1130. Entre vários filhos nasceu:
D. Afonso Henriques, na Vila de Guimarães, a 25 de julho de 1109. Foi aclamado Rei a 25
de julho de 1139. Faz o Pe. D. Antônio Caetano largos elogios ao seu governo e às suas
conquistas e diz que ele foi o fundador de várias Ordens Militares, entre elas a Ordem Militar de
S. Bento de Aviz, dos Cavaleiros Templários e do Hospital de Jerusalém, que faleceu na cidade
de Coimbra, a 6 de dezembro de 1185, aos setenta e sete anos e jaz no Mosteiro de Santa Cruz,
de Coimbra. Ainda dá curiosa informação, à pag. 55: (...) “Foi de estatura agigantada, de sorte
que tinha onze palmos mas muy proporcionado de membros, cabelo castanho, boca grossa, rosto
comprido, olhos grandes e vivos, aspecto majestoso e de Rei”. Informa, ainda, que D. Afonso
Henriques casou , no ano de 1146 com a Rainha D. Mafalda, filha de Amadeo III, Conde de
Saboya e Moriana, e da Condessa Mafalda de Albon, neta de Humberto II Conde de Saboya e
Moriana, e da Condessa Gisla de Borgonha, filha de Guilherme II, Conde de Borgonha, e da
Condessa Gertrudes de Limbourg. A Rainha D. Mafalda faleceu a 4 de novembro de 1157.
Desse casal, entre outros, nasceu:
D. Sancho I, a 11 de novembro de 1154, em Coimbra, onde foi coroado Rei a 9 de
dezembro de 1185. Teve os cognomes de “Lavrador” e “Povoador”. Casou no ano 1175 com a
11
Rainha D. Dulce, filha de D, Ramon de Berenguer XII, Conde de Barcelona, Príncipe de Aragão,
e de D. Petronilha, Rainha de Aragão, filha herdeira de D. Ramiro, o Monge, Rei de Aragão,
neta de D. Ramon Arnoldo XI, Conde de Barcelona, e da Condessa D. Dulce, filha herdeira de
Gilberto, Conde de Provença e de Aymilhan. Faleceu em Coimbra a 1 de setembro de 1198.
Desse casamento nasceram muitos filhos sendo o promogênito
 D. Afonso II, nascido na cidade de Coimbra a 23 de abril de 1185. Durante o
reinado de D. Afonso II viveu Santo Antônio de Lisboa. Faleceu o Rei em Coimbra, a 25 de
março de 1223. Diz o Pe. D. Antônio Caetano à pag. 85 (...) “Era grosso e por esta causa é
denominado nas Histórias – o Gordo - o que dissimulava com estatura agigantada, gentil
presença, testa larga, olhos alegres, cabelo louro”. Casou no ano de 1201 com a Rainha D.
Urraca, Infanta de Castela, filha do Rei D. Afonso IX de Castela, chamado – o Bom - e o Nobre,
e da Rainha D. Leonor da Inglaterra, filha de Henrique II. Rei de Inglaterra, Duque de
Normandia e Aquitania, Conde de Poston, e da Rainha D. Leonor de Aquitania, que era filha de
S. Guilherme V, Duque de Aquitania. Faleceu a Rainha em Coimbra, a 3 de novembro de 1220.
Do casal nasceram 5 filhos, entre os quais:
D. Sancho II e D. Afonso III. D. Sancho II sucedeu a seu pai, no trono, mas, por
desmandos foi deposto e substituido por seu irmão, vindo a falecer sem sucessão, em Toledo.
D. Afonso III do nome, quinto dos Reis de Portugal e primeiro dos Algarves. Nasceu a 5
de maio de 1210. Foi aclamado Rei em janeiro de 1248, após a morte de seu irmão. Faleceu em
Lisboa a 16 de fevereiro de 1279. À pag. 106 diz o Pe. D. Antônio Caetano (...) “Foi El Rei de
aspecto majestoso, olhos pequenos mas muy vivos, branco, corado, cabelos pretos, de estastura
agigantada a que se união grandes forças”. Casou a 1a vez, no ano de 1235, com Matilde,
Senhora do Condado de Bolonha, de França, filha única e herdeira de Reynaldo, Conde de
Dammartim e de Ida de Bolonha, mas não houve filhos desse matrimônio. Casou D. Afonso II,
segunda vez, no ano de 1253, com a Rainha D. Brites, filha do Rei D. Afonso X de Castela, e de
Mayor Guilhem de Gusmam, Senhora de Alcacer, Viena, sendo ainda viva sua primeira mulher
que ele repudiou com o desejo de ter sucessão. Faleceu a 27 de outubro de 1303. Desta união,
nasceu, entre outros,:
D. Diniz, nascido a 9 de outubro de 1261, na cidade de Lisboa. Foi considerado um Rei
magnífico, liberal, amigo da verdade e da justiça, dedicado às letras e à ciência, excelente poeta,
versado em várias línguas. Subiu ao trono a 16 de fevereiro de 1279. Foi conhecido como - o
Lavrador e - o Pai da Pátria. Fundou uma Universidade em Lisboa que, posteriormente, foi
transferida para Coimbra. Instituiu a Ordem de Cristo, aprovada no ano de 1320. Casou a 24 de
junho de 1282 com a Rainha Santa Isabel, Infanta de Aragão, filha do Rei D.Pedro II de Aragão
e da Rainha D. Constança. D. Diniz faleceu na Vila de Santarém, a sete de janeiro de 1325, tendo
sessenta e quatro anos de idade e quarenta e seis do seu reinado. Teve o Rei D. Diniz, fora do
casamento, com D. Aldonsa Rodrigues Telha, filha de Rui Gomes Telha e de Teresa Gil.
D. Afonso Sanches que foi muito estimado por seu pai e, por esse motivo, causou muito
ciúme a seu irmão, o Infante D. Afonso. Casou D. Afonso Sanches com D. Teresa Martins, filha
de D. João Afonso de Menezes, Conde de Barcelona, Senhor de Albuquerque e, segundo o Pe.
D. Antônio Caetano, da Condessa D. Maria Cornel, filha de D. Pedro Cornel, Senhor de
Aljafarim, e de D. Urraca de Artal de Luna. O casal foi considerado muito virtuoso. Ao
falecerem foram sepultados no Mosteiro de Santa Clara, da Vila do Conde, por eles fundado.
Desse matrimônio nasceu:
D. João Afonso, Senhor de Albuquerque, Medelhim e outras terras, Alferes-mor do Rei de
Castela, D. Afonso XI. cognominado - o Bom - ou de Ataúde. Foi casdo com D. Isabel de
Menezeas, de quem não teve sucessão. Com Maria Rodrigues Barba teve cinco filhos, entre os
quais
D. Fernando Afonso de Albuquerque que foi Alferes-mor do Rei D. Pedro, em 1348,
Senhor de muitas terras e ocupou vários cargos elevados. Foi muito rico, Mestre da Ordem de
Santiago e Embaixador do Rei D. João I, da Inglaterra. Não casou mas, de uma Senhora inglesa,
chamada Laura, teve duas filhas, sendo uma delas:
12
D. Teresa de Albuquerque que casou com Vasco Martins da Cunha, Senhor de Tavoa,
Pinheiro, Angeja e outras terras e tiveram a:
D. Isabel de Albuquerque, casada com Gonçalo Vaz de Melo, o Moço, Senhor de
Castanheira, Povoa e Cheleiros, Alcaide-mor de Evora, de quem nasceu:
D. Leonor de Albuquerque que casou com João Gonçalves de Gomide, Senhor de Vila
Verde, Alcaide-mor de Obidos e da Guarda, Escrivão da Puridade del Rei D. João I. D. Leonor
foi assassinada por seu marido o qual foi condenado à morte e decapitado. Entre outros filhos
nasceu:
João de Albuquerque que casou com Leonor Lopes, filha do Desembargador Lopo
Gonçalves, e do casal nasceu:
Lopo de Albuquerque, por alcunha - o Bode. Casou com Joana de Bulhões, filha de
Afonso Lopes de Bulhões que dizem parente de Santo Antônio de Lisboa, e de Isabel Gramacho,
filha de Pedro Nunes Gramacho. Deste casamento nasceram sete filhos, entre eles:
D. Brites de Albuquerque que casou com o Donatário Duarte Coelho;
D. Isabel de Albuquerque que casou com D. Manuel de Moura, com descendência em
Pernambuco; Jeronymo de Albuquerque – o Adão Pernambucano.
 
Como podemos verificar, a família Albuquerque descende de inúmeros Reis, Príncipes e
nobres de Espanha e Portugal além de outras casas reais da Europa, vindo a decair, socialmente,
após a tragédia que se abateu sobre D. Leonor de Albuquerque e seu marido João Gonçalves de
Gomide, bisavós de Jerônimo de Albuquerque. Também houve filhos fora do casamento mas
ninguém deixa de ser filho de alguém por não possuir um “papel” afirmando tal coisa. Hoje a
ciência pode provar a legitimidade de um filho através do exame de DNA e não é mais possível
admitir as expressões - ilegítimo – natural – bastardo. A nossa lei proíbeconstar da Certidão de
Registro Civil, as expressões - filho legítimo ou ilegítimo e, com o divórcio, quando a Igreja
Católica não permite um segundo casamento, mais difícil seria usar tais termos. Infelizmente
alguns genealogistas arcaicos, preconceituosos e demolidores de famílias ilustres, ainda abusam
dessas expressões..
DESCENDÊNCIA DE JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE
Jerônimo foi tão brasileiro que tomou por sua companheira, como se sua legítima esposa
fosse, a índia - MUIRA UIBA - filha do Cacique Arcoverde que, posteriormente, foi
batizada com o nome de MARIA DO ESPÍRITO SANTO ARCOVERDE, com a qual teve oito
filhos: Manoel, André, Catarina, Isabel, Joana, Antônia, Brites e Jerônimo.
Com a esposa segundo o rito romano, a portuguesa, Felipa de Melo, teve onze filhos:
João. Afonso, Cristovão, Duarte, Jerônimo, Cosme, Felipe, Isabel, Maria, e mais dois que
faleceram menores.
Com outras mulheres ainda teve alguns filhos 
Ele foi, realmente, o ADÃO PERNAMBUCANO.
Borges da Fonseca em sua “Nobiliarquia Pernambucana”, nos dá toda a descendência
desse desbravador, até fins do século XVIII.
13
FELIPE CAVALCANTI
 FELIPE ZENÓBIO BASILIO CAVALCANTI
Encontramos no Arquivo Orlando Cavalcanti do Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográfico Pernambucano, uma ficha, com a nota de “confidencial”, fornecida pelo dr. Manoel
Ignácio Cavalcanti de Albuquerque, com os seguintes dados: 
“Felipe Zenobio Basilio Cavalcanti - Filippo Cavalcanti
Nasceu em Florença, às 24 horas do dia 12 de junho de 1525
Foi batizado na Santa Crocce.
Era filho de Giovanni Cavalcanti e de Ginevra Manelli
Giovanni Cavalcanti nasceu em Florença, às 6 horas do dia 11 de outubro de 1478
Ginevra Manelli foi sepultada a 11 de abril de 1563, na Santa Crocce de Florença.
Neto paterno de Lorenzo Cavalcanti e de Contessina Peruzzi, com testamento feito em 20
de abril de 1516. Já era viúva.
Neto materno de Francesco Manelli e de Madalena Naldi.
Bisneto paterno de Filippo Cavalcanti e de Ulgo Peruzzi, filho de Rinaldo Peruzzi.
Bisneto materno de Leonardo Manelli e de Gianondo Naldi, filho de Giovani Naldi.
Irmãos de Felipe Cavalcanti: Guido Cavalcanti que passou à França, servindo à Catarina de
Medicis. Mais tarde foi embaixador de Carlos IX de França, na Inglaterra.
Sciatta (sic) Cavalcanti. Nasceu em Florença a 17 de setembro de 1517
Não foi encontrado, em Florença, o falecimento de Giovanni Cavalcanti, pai de Felipe
Cavalcanti. Ele passou à Inglaterra, tendo servido no reinado de Henrique VIII, de 1509 a 1547.
Possivelmente lá falecido.”
Como podemos constatar, há uma divergência entre estes dados e a Árvore Genealógica
fornecida pelo Arquivo de Estado de Florença, quanto aos avós e bisavós de FELIPE
CAVALCANTI.
Na Árvore Genealógica temos Antônio como pai de João, nascido em 1482 e, nas “notas” ,
temos João nascido a 11 de outubro de 1478. Impossível o filho nascer antes do pai.
Ao que tudo indica, as notas enviadas pelo dr. Manoel Ignacio Cavalcanti de Albuquerque
foram tiradas de livros de batismos, casamentos e falecimentos, das igrejas de Florença.
Borges da Fonseca, “Nobiliarquia”, pag. 308 nos dá a seguinte notícia sobre o casal
FELIPE CAVALCANTI – CATARINA DE ALBUQUERQUE: “Vimos na introdução desta 2a
parte que D. CATARINA DE ALBUQUERQUE fora a primeira filha de Jerônimo de
Albuquerque que houve em d. Maria do Espírito Santo e esse é o motivo porque lhe chamavam
d. Catarina, a velha. Seu pai a estimou com particularidade entre os mais filhos e é uma das
perfilhadas, a seu requerimento, pelo Rei D. Sebastião. Casou, ainda em vida de seu pai, com
FELIPE CAVALCANTI, ilustríssimo fidalgo florentino, o qual era filho de João Cavalcanti e
de sua mulher, Genebra Manelli e, por causa de uma conjuração que fez com seus parentes
Holdo Cavalcanti, Pandolfo Pucci e outros, contra o Duque Cosme de Madicis, fugiu de sua
pátria, para Portugal, no ano de 1558. E não se dando, na Europa, por seguro, se passou a
Pernambuco onde experimentou tais atenções em Jerônimo de Albuquerque, que casou com a
filha que ele mais amava. 
Sobreviveu Felipe Cavalcanti, alguns anos a seu sogro, Jerônimo de Albuquerque, porém
ultimamente faleceu deixando ainda viva a sua mulher, d. Catarina de Albuquerque, a qual foi
perfilhada, a requerimento de seu pai, pelo Senhor Rei D. Sebastião, e faleceu com mais de cem
anos, digo, com mais de setenta anos, no de 1614, a 4 de junho, e foi sepultada na Matriz do
Salvador, de Olinda, sua pátria, na Capela de S. João, de que ela e seu marido, Felipe Cavalcanti,
eram padroeiros. E do seu testamento consta que com o dito seu marido haviam feito testamento
de mão comum, o qual ela ratifica com algumas advertências etc.” Essas informações foram
14
colhidas por Borges da Fonseca nas “Memórias” de Antônio Feijó de Melo, Cavaleiro da Ordem
de Cristo e Capitão-mor da Vila Formosa de Sirinhaem, “que são as mais antigas e políticas que
se conservam dos filhos e netos de Jerônimo de Albuquerque”.
De Pereira da Costa, “Anais Pernambucanos”, vol. 7, pag. 325, tratando da Vila Formosa
de Sirinhaem, temos as seguintes informações: (...) “Firmada a conquista e despejados os índios
das suas terras, as mais férteis e melhores como escreve Fr. Vicente do Salvador, foram elas
divididas em lotes distintos e doados, a título de sesmaria, a algumas pessoas, nomeadamente:
(...) a Felipe Cavalcanti, a quem foi dada pelo segundo Donatário, Duarte Coelho de
Albuquerque, uma sesmaria de terras com uma légua em quadro, pegadas com as de João Paes e
ao longo da ribeira do Arassuagipe, tanto da banda da dita ribeira como da outra, como consta do
respectivo termo de demarcação judicial, lavrado em 12 de outubro de 1580 e, em cujas terras,
levantou ele alguns engenhos como, nomeadamente, os denominados Santa Rosa, Santana e
Utinga”.
Na mesma obra citada, à pag. 149, Pereira da Costa nomeia pessoas que vieram a
Pernambuco após a chegada de Duarte Coelho: (...) “Felipe Cavalcanti, fidalgo florentino, já
residia em Pernambuco em 1556. Casou com d. Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo de
Albuguerque com a índia d. Maria do Espírito Santo Arcoverde, legitimada por concessão régia,
e de cujo consórcio vem a família Cavalcanti de Albuquerque. De Felipe Cavalcanti,
particularmente, nos ocuparemos no ano de 1589, tratando do seu governo da Capitania”. Pag,
612, mesmo volume. Nesta página Pereira da Costa traz provas de que Felipe Cavalcanti
governou a Capitania de Pernambuco. Trata-se de uma carta da Câmara do Senado de Olinda,
dirigida ao Rei, sobre a conquista e colonização da Paraíba e de uma reunião na qual compareceu
o capitão-mor, governador da Capitania, Felipe Cavalcanti . Esta carta estava datada de 28 de
agosto de 1589. 
“Neste ano, como se vê da carta acima, governava a Capitania o fidalgo florentino Felipe
Cavalcanti e, em 17 de dezembro do seguinte ano de 1590 ainda a dirigia como consta de
documento autêntico, naquela data consignado na sua íntegra, acrescendo que o padre Jaboatão,
o único historiador que menciona o seu governo, refere, ainda, as providências que deu o -
Capitão-mor de Pernambuco, Felipe Cavalcanti, em 1590, para se mover a guerra contra o gentio
Pitiguar da Paraíba”
Diz, ainda, que Felipe Cavalcanti firmou uma carta de doação de uns chãos para a
construção do convento do Carmo, em Olinda, como “Capitão e loco-tenente do governador em
Pernambuco”. E adiante: “São, portanto, irrecusáveis os documentos que comprovam o seu
governo, pelo menos dentro do mencionado período, como - Capitão-governador, loco-tenente
do donatário Jorge de Albuquerque Coelho.
Pereira da Costa cita um Decreto firmado por Cosme de Médicis, Duque de Florença, em
23 de agosto de 1589 - (...) “resplandecem com singular nobreza e luzimento, das quais têm
saído varões dignos da República,beneméritos porque tem alcançado em sucessivos tempos
todas as honras e dignidades do Estado, e servido às supremas magistraturas com grande louvor,
e trazendo as armas próprias das suas famílias, à maneira dos patrícios florentinos, distintas em
seus campos e cores conhecidas, viveram como os outros mais luzidos fidalgos de sua pátria.
Entre eles, contamos, principalmente, a João Cavalcanti, pai de Felipe Cavalcanti, o qual casou
com a nobilíssima Genebra Manelli, de quem teve de legítimo matrimônio ao dito Felipe
Cavalcanti que não degenerando de seus pais, vive com toda a pompa no nobilíssimo reino de
Portugal”..
Diz, adiante que o comerciante e viajante florentino - Felipe Sassetti, escreveu
interessantes cartas, onde fornece “preciosas indicações sobre a capitania pernambucana e,
particularmente, sobre o seu compatriota Cavalcanti (...) Felipe Cavalcanti possuia vários
engenhos de açúcar, dispunha de extensos territórios e de muitos escravos, montava cavalos de
raça ricamente ajaezados, organizava e tomava parte em cavaladas e torneios públicos, vestia-se
com grande distinção e elegância, orçando as sua despesas anuais em perto de oito mil escudos “.
Pag. 614 (...) “Frei João Pacheco trata de Felipe Cavalcanti no seu - Divertimento Erudito -
15
e descreve as suas armas, que eram: em escudo ovado uma asna azul, coticada de negro,
sendo o campo do fundo de prata e o de cima vermelho, semeado de folhas de prata de quatro
folhas; e por timbre, um cavalo volante, tendo as mãos levantadas e os pés assentados sobre o
elmo, entre chamas. São estas as armas da família que - procede de Felipe Cavalcanti,
Florentino, acrecenta aquele escritor, que passou a este reino (Portugal), no ano de 1558 “. Diz,
ainda, que a Biblioteca Eborense, em Portugal , “possui uma certidão em pergaminho, com
iluminaras, das armas dos Cavalcantis e Manellis, passada em Florença em 1653, segundo o
próprio original da respectiva carta de brasão e fidalguia, promulgada por Cosme II, duque de
Florença, em 23 de agosto de 1559.”
Encontramos referências a Felipe Cavalcanti no livro - Primeira Visitação do Santo
Ofício às parte do Brasil - Denunciações e Confissões de Pernambuco – 1593-1595, pág. 23: A
29 de outubro de 1593, Amaro Gonçalves denunciou, ao Santo Ofício, que Felipe Cavalcanti
possuía, em sua casa, uma “Bíblia em linguagem”, esto é, escrita em latim. Diz, ainda, que o
mesmo havia sido Capitão da Capitania e que morava no seu engenho de “Araribe”; que isso se
passou a 15 anos, mais ou menos, (em torno de 1578)
Resumindo esta pesquisa, temos as seguintes informações: que os “CAVALCANTI” são
originários de Colônia, Alemanha; que tiveram propriedades na França; quatro irmãos cujos
nomes não foram preservados vieram para a Itália com o Imperador Carlos Magno, antes do ano
1.000; dois estabeleceram-se em Florença; um deu origem à família dos CAVALCANTIS e o
segundo, à família dos CALVIS; o terceiro ficou em Sena dando origem à família dos
MALAVOLTIS e o quarto permaneceu em Ovieto e deu origem à família dos
MONALDESCHIS. No ano 1.000 surge o nome de Domingos, pai de João Berto que foi pai de
Cavalcante Cavalcanti. A pesquisa torna-se confusa em alguns trechos mas, o caminho mais
certo para chegarmos aos ancestrais do nosso FELIPE é o de CAVALCANTE CAVALCANTI,
assim denominado em vários trechos. Desse CAVALCANTE CAVALCANTI, segundo a
pesquisa, nasceram: Giannolito, Aldobrandino, Guido, Pazzo, Cavalcanti e Alimari. A linha de
Nápoles veio de Pazzo cujo filho Uberto teve a Giachinnotto e Gianozzo, sendo que
Giachinnotto foi pai de Maso, Mainardo, Américo e Sálico.
Mainardo foi casado com Andala Acciaioli, filha de Jácopo Acciaioli. Américo foi casado,
também, na família Acciaioli, com irmã de Andala e foram pais de Nicolau e de Genebra que foi
casada com Lourenço dos Médicis. Não encontramos o nome “Arrigo” em nenhuma citação mas
encontramos um JÁCOPO, pai de Rodolfo e Guido então, podemos deduzir (detesto esta
palavra) que Jácopo foi filho de Arrigo mas, de quem seria filho esse Arrigo? Como Jácopo
Acciaioli foi pai de Andala, mulher de Mainardo e outra filha foi mulher de Américo, de um
desses dois irmãos deve ser filho Arrigo, pai de Jácopo, pai de Guido, pai de João, pai de outro
Guido (ou Felipe?), pai de Antônio (ou Lourenço?), pai de João Cavalcanti casado com Genebra
Manelli, pais de FELIPE CAVALCANTI - o que veio para o Brasil - e casou com
CATARINA DE ALBUQUERQUE.
Mas, e as “notas confidenciais” encontradas no Arquivo Orlando Cavalcanti que dão como
pai de João Cavalcanti a Lourenço Cavalcanti e como avô de João, bisavô do nosso FELIPE, a
outro Felipe Cavalcanti ?
Na Árvore Genealógica fornecida pelo Arquivo de Estado de Florença não consta nenhum
filho de Guido (2o na sequência), com o nome de Lourenço, nem do Guido (1o na sequência),
com o nome de Felipe.
Como foi dito no decorrer da pesquisa, os papeis mais antigos não foram encontrados.
ASCENDÊNCIA DE FELIPE CAVALCANTI
No Arquivo Orlando Cavalcanti do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico
Pernambucano, encontramos preciosas informações sobre os CAVALCANTIS, em um trabalho
16
enviado ao dr. Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque, amigo pessoal do genealogista, e
assinado pelo Diretor do Instituto Genealógico Italiano - L. Veneziani
Trata-se de uma pesquisa completa sobre a família CAVALCANTI que ocupa 52 laudas
datilografadas. No livro “Gente de Pernambuco” de autoria do genealogista Orlando Cavalcanti,
à pag. 99, encontra-se ligeira referência ao assunto.
Em vista da importância desta família para os brasileiros - CAVALCANTIS encontram-
se em todos os estados do Brasil - consideramos de grande interesse transcrever alguns trechos
do mesmo.
“Os CAVALCANTIS aparecem, na história, durante o século IX, já cavaleiros de armas e
esporas e senhores de castelos. Suas orígens se perdem nas névoas da cavalaria medieval, entre
lampejos de espadas, em contínuo movimento. A Alemanha é a sua pátria primitiva. O
fundador da estirpe, na Itália, é um Cavaleiro que veio, a esta terra, no séquito de Carlos
Magno.
As Crônicas dos VILLANI (1) narram que, nos princípios de abril do ano 801, o
Imperador Carlos Magno ressarciu os danos causados à Florença por Totila, rei dos Godos, que a
destruiu em 405. Seduzido pelo fascínio da Toscana, o Cavaleiro Palatino do séquito imperial
estabeleceu-se em Fiésole (2), dando orígem à pujante e ilustre estirpe que se consolidou com o
sobrenome de CAVALCANTI o que, mantendo as mais antigas tradições de domínio, teve como
senhorio vários castelos na Toscana e foi poderosíssima em Florença, até o século XI. Em
seguida, esta família se estendeu e desdobrou em vários ramos, assinalando-se, sempre, mercê
de homens de elevado talento, apreciados nas administrações e nas artes de governo, no direito,
nas letras, nas armas e nas prelazias e que, mediante os cargos desempenhados, ilustraram o
nome e a Pátria.
Depois da histórica conspiração dos Pazzis (3), um ramo conspícuo fixou residência em
Nápoles, no século XVI, quando as fabulosas terras do Novo Mundo atraiam para além-mar
homens de têmpera forte, a família, depois de ter permanecido em Portugal, foi para o Brasil.
De fato, consta dos documentos que FELIPE CAVALCANTI, filho de JOÃO, tendo saído
de Florença, em 1550, dirigiu-se à Lisboa e, daí, para Pernambuco, no Brasil. Entre os atuais
representantes no Brasil desse histórico chefe de família, pertencente a uma das mais antigas
linhagens da Europa, é digno de especial menção o advogado Paulo Eleutério Cavalcanti de
Albuquerque, filho de Paulo Eleutério, comendador da Ordem da Fenix, Bailio (4) da “Ópera pro
Italianni all estoro”, do Estado do Pará, e residente em Belém. A esta descendência de tão nobre
prosápia, apontamos a vasta herança de glória dosantepassados, a fim de que isto o estimule a
mostrar-se cada vez mais digno do seu luminoso passado, acrescentando, por suas obras, novos
e brilhantes nomes à grinalda já rica dos avós, para perpetuar a bela tradição da família.
L. Vaneziani - Diretor do Instituto Genealógico Italiano “.
Em seguida vem a transcrição de uma ficha e respectiva matéria
FAMÍLIA...............CAVALCANTI
NOME....................
QUALIDADE........ NOBRES
ÉPOCA...................1175
LOCALIDADE.......FLORENÇA
FONTE....................ADEMOLLO, Marietta de Ricci ou Florença no tempo do assédio.
2o vol. pp. 711, 712, 713, 714.
NOTÍCIA.................HISTÓRICA.
CAVALCANTI
“Poucas famílias têm, na história florentina, celebridade igual à dos CAVALCANTIS.
Originários de Fiésole, senhores do Castelo Le Stinche, no Vale de Greve; do de Montecalvi,
no Vale de Pesa; do de Luco e do de Ostino, no Vale do Arno Superior, e de muitos outros
17
castelos de menor importância, encontram-se mui poderosos em Florença, desde o século X1.
CAVALCANTE (sic) foi Cônsul da cidade em 1176, e seu filho Aldobrandino, em 1204.
Quando em Florença se ergueram as facções guelfa e gibelina, os Cavalcantis se enfileiraram sob
as bandeiras dos Guelfos. Expulsos de Florença em 1245, para aí voltaram, desterrando por sua
vez os inimigos, em 1258. Em 1260, muitos desta família se acharam sobre os campos de
Montaperti (6), e, entre eles, conquistaram fama de grande valor os Senhores Amadere,
Aldobrandino, filho de Schicchi, e Sangallo. Compartilharam da sorte dos Guelfos e
regressaram à cidade em 1266. Por ocasião da Paz que se tentou estabelecer entre os dois
Partidos e que se julgou de bom alvitre tornar mais estável, com matrimônios. GUIDO , filho de
CAVALCANTE, casou-se com uma filha do célebre sr. FARINATA UBERTI (7).Melhor se não
pode conhecer quem fosse GUIDO do que referindo o que a respeito dele diz Boccaccio:
“Guido Cavalcanti, além de ser um dos melhores dialéticos que tinha o mundo, e ótimo filósofo
natural, foi homem mui gentil, educado e bem falante e tudo que quis fazer que a gentil-homem
conviesse, soube fazê-lo melhor que ninguém e, mais que ninguém, sabia honrar a quem
merecesse (8)”.
(...) “Na Paz de Acquasparta, que o Cardeal tentou firmar entre os dois Partidos, muitos
desta família foram banidos, entre os quais o célebre e supramencionado GUIDO que, desterrado
para Sarzana (11), aí adoeceu, pela insalubridade do clima. Por estar enfermo, foi-lhe permitido
regressar à Pátria, onde faleceu, pouco depois (12). Nada se obteve com a solicitação do Cardial
de Acquasparta e, em breve, voltaram as ofensas. Tendo sido Masino, dos Cavalcantis, um dos
primeiros a infringir a paz, foi a conselho de Bazzino dos Pazzis, decapitado. Daquí nasceu o
famoso ódio que, como mais abaixo registraremos, arrastou os Cavalcantis a fatais
consequências.”
(...) “Data dessa época (1311) a emigração de muitos da família e foi, talvez, então, que
um certo Felipe Cavalcanti, transferindo-se para Nápoles aí grangeou favores perante a Corte e
deixou rica e ilustre descendência que ainda existe e é conhecida sob o título do seu Ducado de
Benvicino. Há certeza de que esse Felipe Cavalcanti pertence à família de Florença mas, a
destruição dos arquivos domésticos tem, sempre, impedido saber de quem nasceu Felipe e a que
ramo da ilustre linhagem florentina deva filiar-se. O fato de se haver refugiado em Nápoles
levou o Rei Roberto a tomar a peito os seus interesses e alcançar dos Florentinos que lhes
fossem reabertas as portas da cidade, em 1316. Alguns preferiram ficar a serviço dos
Angevinos, entre eles, Giuchinotte de Uberto, cujos filhos se elevaram no reino a altas posições.
Sálico foi Vice-rei e Grão-justiceiro no Principado; Américo, Grão-camarista da Rainha Joana, e
Minardo foi Marechal do Reino. Deste descendia Bartolomeu que tanto se distiuguiu na defesa
da cidade, durante o cerco e, depois da queda da liberdade, indo para Roma, grangeou prestígio
junto a Paulo III que o enviou como embaixador à Corte de França.”
(...) “De Américo descendia Genebra, esposa de Lourenço dos Médicis, irmão de Cosmo,
o Velho que conseguiu que esses parentes se tornassem do povo em 1434 e, assim, lhes abriu o
caminho do Priorado que, de 1451 a 1631 recaiu por 13 vezes, na família. Nicolau, irmão de
Genebra, é o pai de João, célebre historiador (13) e um dos discípulos de que se gloriava
Marcílio Ficino.”
(...) “Dela existe um ramo no Brasil, elevado a grande poderio, no século atual. O brazão
dos CAVALCANTIS se compõe de mui diminutas cruzes vermelhas em campo branco, de tal
modo unidas, umas às outras, que formam um campo roticulado. Tiveram residência e Torre no
local em que a rua chamada “dos queijeiros”se volta para a do Baccano (14) , rua que,
antigamente, deles tomava o nome o qual mudou, somente, depois da expulsão da Família. Foi-
lhe dado um novo nome, originado da confusão produzida pela multidão de pessoas que a
atravessavam, continuamente. A “Loggia” deles estava perto da ladeira que de Baccano conduz
a Orsammichele, exatamente onde hoje se encontra uma barbearia (16).”
2a ficha
FAMÍLIA..................CAVALCANTI
18
NOME.......................
QUALIDADE...........NOBRES
ÉPOCA.....................1245
LOCALIDADE........FLORENÇA
FONTE....................L. TETTONI e F. SALDINI. Teatro Heráldico, Vol. 1o , pp. 139, 
140, 141, 142.
NOTÍCIA................HISTÓRICO-HERÁLDICA
CAVALCANTI
“Descrevendo Monaldo Monaldoschi a orígem da Família Cavalcanti, nos Comentários
Históricos de Ovieto, livro 4o , atesta que, entre outros que vieram para a Itália com Carlos
Magno, se encontravam quatro irmãos, mui opulentos pelas muitas riquezas e pelo domínio de
várias terras e castelos que na França possuiam, e sumamente poderosos. Dois deles, acrescenta,
se estabeleceram em Florença dando um, orígem aos CAVALCANTIS e o outro, propagando a
família dos CALVIS. O terceiro dos ditos irmãos, fixando-se na cidade de Sena, deu orígem à
nobilíssima família dos MALAVOLTIS; finalmente, o quarto, permanecendo em Ovieto (16) ,
cidade antiquíssima, foi fundador da mui poderosa família dos MONALDESCHIS.
 (...) “Podem merecer crédito as seguintes palavras de Piero Monaldi, cronista da nobreza
florentina, que queremos aqui referir textualmente, no que concerne a esta nobre família. “A
nobilíssima Família Cavalcanti teve sua orígem em Colônia, nobre cidade da Germânia, tendo
eles vindo à Itália ao lado do Imperador Carlos Magno, contra Desidério, Rei dos Longobardos.
Na cidade de Florença estabeleceram seu domicílio no bairro de Culimara, onde ergueram
magníficos palácios e “loggias”. Foram depois crescendo tanto em família e bens que foram
enumerados entre os principais de nossa cidade, graças à sua grandeza e se tornaram senhores
dos mais fortes castelos como o de Montecalvi, no vale do Pesa, o Castelo Le Stinche, no vale de
Greve e, depois, os de Luco e Ostina, em Mugello. Além disso, mui notáveis ramos desta estirpe
generosa se estenderam, também, pelo reino de Nápoles, onde possuiram muitos senhorios,
como os de Turano, Sellitare, Burzella e outros lugares, etc. etc.”
(...) “Cipião Ammirato, historiador de grande talento, que grangeou crédito público, fala
desta Família, do seguinte modo: “Em Florença suas residências foram ao redor do Mercado
Novo, no quarteirão de S. Piero Soheraggio, como assevera Malaspini, no capítulo 105. Nos
Livros das Reformações (18) consta que Cavalcanti, junto com Abate de Lombarda, foi Cônsul
no ano de 1176 (...)”
Continuando, o autor faz referências a todas as desgraças que aconteceram com a família
Cavalcanti ao longo de vários anos e, adiante, (...).”..Mas, não estando nos peitos dos mortais
extinto o ardor da caridade, de modo que ninguem penssasse em aplicar algum remédio à tantos
males, vários foram protegidos, mediante grandes fiançaspor garantia e com ligações de
parentesco; enfim, se procurou fazer algum acordo, no meio de tantas iras pelo que nos primeiros
dias do ano seguinte, entre outros, foi estabelecido parentesco entre os srs. CAVALCANTE
CAVALCANTI e o sr. Farinata dogli Uberti, mui poderosos cavaleiros dessa época. Assim é
que o sr. Farinata deu uma filha sua como esposa a Guido, filho do sr. Cavalcante.”
Seguem muitas notícias sobre batalhas, vitórias, infortúnios, decapitações de Cavalcantis,
etc.. e, adiante:
(...) “No tumultuar de tantas desordens e delitos, D. Francisco Cavalcanti, Cavaleiro do
Esporão de Ouro, ao refugiar-se no Vale do Arno, foi trucidado pelo povo de Graville, aldeia
produtora de vinhos capitosos, pelo que, em sua Divina Comédia, cantou Dante: “L’Altro era
quel che il Graville piangea”(20)
Continuando vem uma longa série de nomes de membros da família Cavalcanti, com seus
respectivos cargos como bispos, arcebispos, grão-condestáveis, cavaleiros, comandantes,
embaixadores, comissários de campo, senadores, alcaides, etc. (...) “são estas todas as
personagens que, o acima referido Monaldeschi, sem ordem, quer de tempo quer de dignidade,
19
quis registrar como respeitabilíssimos membros desta ilustre família e que nós quisemos
recordar, fielmente, para dar uma informação completa sobre esta prosápia, tornada hoje tão
conhacida e famosa “.
3a ficha
FAMÍLIA.........................CAVALCANTI
NOME.............................
QUALIDADE..................NOBRES
ÉPOCA............................1330
LOCALIDADE...............TOSCANA
FONTE............................GAMURRINI - História Genealógica, vol. III, pp. 57 a 78
NOTÍCIA........................HISTÓRICO – HERÁLDICA
FAMÍLIA DOS CAVALCANTIS
Nesta 3a ficha o autor critica Monaldo Monaldeschi, Antônio Manetti, Fanúsio Campano,
Sansovino; os considera “pouco cautos” e os torna suspeitos por achar que não se basearam em
“instrumentos autênticos” e que não se pode dar como certa a origem dos Cavalcantis por eles
referida. Adiante diz: (...) “Não negamos nós que isto seja possível, já que sabemos que esta
Família caminhava com passo de nobreza no século do Imperador Carlos Magno e mais
poderosa se mostrava naqueles tempos, que nos sucessivos. Por outro lado é certíssimo que,
desde o ano 1000, desfrutava as melhores posições, na cidade de Florença. Se se conservassem
os documentos de antes do ano 1000, de que raros se encontram, poderiam esclarecer-nos sobre
quanto diz Monaldo, com os supraditos autores e ver se de fato é invenção ou verdade. Pois
Piero, de João Monaldi, que escreveu sobre a nobreza florentina, profere, quanto a esta família,
as seguintes palavras: “A mui nobre Família dos Cavalcantis teve origem em Colônia, nobre
cidade da Germânia, tendo eles vindo à Itália, em favor do Imperador Carlos Magno, contra
Desidério, Rei dos Longobardos. Na cidade de Florença fixaram domicílio no Bairro de
Calimara, onde ergueram magníficos palácios e “Loggias”; foram, depois, crescendo tanto em
família e bens que foram considerados entre os principais de nossa cidade, mercê de sua
grandeza e se tornaram senhores dos mais fortes castelos como o de Montecalvi, no Vale do
Pesa, o de Le Stinche, no Vale de Greve e, em seguida, o de Luco e o de Ostina, no Mugollo.
Além disso, mui valiosos ramos dessa generosa estirpe estenderam-se, ainda, pelo Reino de
Nápoles, onde possuiram vários senhorios como os de Turana, Sellittari, Burzelle e outros
lugares, etc.” (...) “.este supracitado autor, tendo escrito em 1585 a citada História, como se
pode ver, apoiou-se, fortemente, nas Histórias Florentinas, quer manuscritas, quer impressas”.
Em seguida discorre, largamente, sobre a geração de CAVALCANTE e a linha de Nápoles, e
sobre D. Américo, da Família CAVALCANTI. (...) “Não silenciarei ainda o desprendimento da
cobiçosa ganância de riquezas que revelou o nosso excelente Cavaleiro, D. Américo, da família
Cavalcanti que, de fato, foi muito grande.” (...) “.Foi, também, D. Américo, amigo de Boccaccio.
E no ano 1380, seu irmão Mainardo fez testamento e deixou como executor de sua vontade a
Francisco Acciaioli, juntamente com a mulher dele, Américo”.
Em seguida o autor relaciona muitos membros da família que, por muito extensa, deixamos
de transcrever.
NOTAS DO TRADUTOR
I - Notas do Prólogo
(1) Giovanni Villani (sec. XIV), principal autor destas crônicas, continuadas pelo irmão 
Matteo Villani, e, por morte deste, por Felippo Villani, seu filho. Edição em 8 
20
volumes, em Florença, 1625. Cf. Vittorio Rossi, Storia della leterat. Italiana, I, pgs. 
218 e Seg. Ed. Villardi, Milano, 1935.
(2) Fiésole, cidade Toscana de orígem etrusca.
(3) Família nobre, em Florença, inimiga dos Médicis. Da conspiração (24|VI|1478), 
resultou a morte de Juliano Médici e saiu ferido Lourenço Medici, cognominado O 
Magniíico.
(4) Título onorífico nas antigas Órdens Militares
(6) Aldeia, a leste de Sena, em que, a 4 de setembro de 1260 os refugiados gibelinos 
venceram, em áspera batalha, os guelfos dominadores da cidade
(7) Boccaccio, DECAMERONE, giornata VI, novella IX.
(11) Cidade da Ligúria, na Italia setentrional.
(12) Em agosto de 1300.
(14) “Baccano”quer dizer balbúrdia, confusão.
(15) “Loggia”, edifício aberto para o exterior, mediante colunas.
III - Notas do Documento de Tettoni e Saladini.
Não encontramos referências sobre Tettoni e Saladini e seu “Teatro Araldico” (sic) nos 
vários Compêndios e tratados da literatura italiana, dicionários e enciclopédias que 
consultamos.
Apenas os vimos citados entre outros heraldistas e genealogistas, na documentação 
bibliográfica de alguns artigos da Enciclopédia Italiana.
(16) Orvieto, cidade da Umbria. O nome vem de “Urbs vetus”, cidade velha.
(18) Sic: talvez Reformações.
(20) “O outro era aquele que o Granville chorava”. Sic: verso de Dante, no Inf. XXV, 151.
 
21
Á página 31 consta uma árvore genealógica:
“Ramo emigrado para o Brasil
 Da Árvore Genealógica fornecida pelo Arquivo de Estado de Florença
 ARRIGO 
 I 
 JACOPO 
 _______________________ _I 
 I I 
 RIDOLFO GUIDO
 Por D. Agnolo de Latino 
 De S. Domino - 1408
 Felipa de Neri Buondalmonte
 Gab. no 15 - 1399
 __________ __________________________________ 
I_____________________________________ I I I 
I I I I 
ANTÔNIO JACOPO ANDRÉ JOÃO BARTOLOMEA ISABETTA 
DIAMANTE
 Pippa de Tomás ou
 Viera - 1456 n. 108
 I
______________________________________________ 
_I_______________________________I I I I
 BERNARDO GUIDO TOMÁS 
PAULO 
 I 
___________________________________________ _ 
_I_______________________________________
 I I I I I 
I
 JULIANO RODOLFO ANTÔNIO FREDERICO FELIPE 
JOÃO 
 N. 1482
 ___________________I___________________
 I I I
 GUIDO JOÃO BARTOLOMEU 
 .............Manelli 
 ___________________I____________________ 
 I I I
 GUIDO FELIPE SCHLITTA
 (foi para o Brasil c. 1570 ) Maria de 
Alexandre Caponni 
 D.Catarina de Albuquerque I 
 I I
 I I
 I 
______________________________
 I I 
I
22
 I ALEXANDRE 
LISABETTA 
I I + sob Chiaverino com 
Duccio de Balda
 I na Hungria 1596 ssare 
Mancini 1590
 ______________________________________________ 
__I____________________________________ 
 I I I I I 
I 
 FELIPA JERÔNIMO ANTÔNIO JOÃO 
LOURENÇO FELIPE
 Isabel de Vanconcelos 
 I
 I I I I 
I
 JERÔNIMO FELIPE JOÃO Fr. FRANCISCO Fr. 
EMANUEL” 
DESCENDÊNCIA DE FELIPE CAVALCANTI
Nesta Árvore Genealógica fornecida pelo Arquivo de Estado de Florença constam, apenas,
6 filhos do casal FELIPE CAVALCANTI - CATARINA DE ALBUQUERQUE mas Borges
da Fonseca nos dá 11 filhos:
João - Antônio - Lourenço - Jerônimo - Felipe - Genebra - Joana - Margarida -
Catarina - Felipa - Brites.
De Antônio Cavalcanti de Albuquerque, casado com Isabel de Goes de Vasconcelos,
Borges da Fonseca nos dá 10 filhos: Jerônimo - Manoel - Paulo - Felipe - Brites - Isabel -
Maria - Ursula - Paula - Joana.
Curiosamente, o nome “GUIDO”, não aparece na descendência de FELIPE
CAVALCANTI
De Brites Cavalcanti de Albuquerque descendem dois de meus bisavós – Victor Pedro
Melo.
Brites casou com João Gomes de Melo e tiveram a Anna Cavalcanti de Albuquerque
(bisneta de Jerônimo de Albuquerque) a qual casou com Gaspar Accioli de Vasconcelos e
tiveram a João Baptista Accioli, que casou com Maria de Melo.
Felipe Cavalcanti
Catarina de Albuquerque
I
___________________________________________ I_______________________________ 
I I I I I I I I I I
João Antônio Lourenço Jerônimo Felipe Genebra Joana Margarida Catarina Felipa
Brites
 Casou com
João Gomes de Melo
I
Ana Cavalcanti de Albuquerque
I
Gaspar Accioli de Vasconcelos
I
23
(1º) João Baptista Accioli
Maria de Melo
(2º) João Baptista Accioli
Maria de Melo
I
Maria Accioli
José de Barros Pimentel
I
(3º) João Baptista Accioli
Maria Wanderley
I
Ignácia Victoria de Barros Wanderley
Sebastião Luis
I
Maria de Barros
Sebastião Luís Wanderley
I
Maria de Barros Wanderley
Antonio Franco da Silveira
 
___________________________________________________________________I__________
__
 I I I I
Ernesto Arcelio José Marcelino Sebastião doLanda Anna Francisca Bezerra
Accioli Luis
de Barros Franco de Barros Franco Accioli Luis Ignácio Ferreira
Melo Lessa
 Maria José do Nascimento I
 I Pedro Mílicio da
Silveira Lessa
 Victorio do Nascimento Accioli Luis Maria
Tranquilina Theodoro
 Anna Joaquina I 
 I Francisca Miliano
Anlioge Ferreira
 José B. de F. Lima I
 Julita Lessa Ferreira Julita
 __________I____________ José B. da F. 
Lima
 I I I I 
________I_________
 José Jorge Alberto Zilda I 
I
José
24
ARNAU DE HOLANDA
ARNAL - ARNAU - ARNAUD - ARNAULD
Com todas essas denominações aparece o nosso ARNAU DE HOLANDA.
Na realidade as informações sobre sua pessoa são poucas. Ele deve ter sido um homem
pacato, sem atos de bravura nem escândalos em sua vida
Encontramos algumas referências em Pereira da Costa, “Anais Pernambucanos”, volumes
1-2-3 e 6. No volume 1, tratando das “capelas” existentes na Igreja Matriz do Salvador do
Mundo, à página 471: “(...) Havia, ainda, mais uma outra

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