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Multiculturalismo e Inclusão

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11/08/2020 Sumário Unidade4
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Aula 04
Multiculturalismo e Inclusão
Continue estudando e aprimorando os seus conhecimentos. E saiba o que é Multiculturalismo!
Bons estudos!
Já discutimos que inclusão se refere ao julgamento ou percepção de aceitação coletiva
das pessoas, sendo o sentimento de ser bem-vindo e valorizado como membro nas mais
diversas instituições, das empresas às escolas, e na sociedade como um todo. Os seres
humanos precisam ser incluídos no sistema social para que suas necessidades básicas
sejam saciadas e a inclusão (ou exclusão) de todos é um determinante do bem-estar
psicológico das pessoas. Porém, não pode haver inclusão se não há grupos diferentes
para serem incluídos! E por isso a inclusão é dependente do multiculturalismo .
De�nições
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Multiculturalismo signi�ca a existência de diversas culturas em uma mesma sociedade.
Você pode achar estranha a presença, em uma mesma cultura, de diversas culturas.
Parece paradoxal, não é? Mas isso se pensarmos em cultura nacional apenas. Na maioria
dos países, podemos considerar que há apenas uma cultura nacional, embora esse não
seja o caso para vários países, como a Espanha por exemplo, que reúne diversos grupos
nacionais, como os Bascos, os Catalães e até mesmo os Espanhóis. Porém, quando
pensamos que a cultura nada mais é do que uma lente que usamos para entender a
realidade, então podemos ver que outros grupos, como os raciais, de gênero e em
especial, os grupos étnicos.
Conceitos Básicos para Compreendermos o
Multiculturalismo
A palavra "etnia" é derivada do grego ethnos, e signi�ca "povo". Esse termo era
tipicamente utilizado para se referir a povos não-gregos, então também tinha
conotação de "estrangeiro".
VÍDEO
O signi�cado do multiculturalismo e a sua de�nição são muito bem explorados no
vídeo abaixo:
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Mais tarde, com o estabelecimento da religião Católica, essa palavra também ganhou a
conotação adicional de "gentio", para designar aquelas pessoas que não eram católicas,
como os pagãos e também pessoas da religião Judia. O uso atual da palavra, que é mais
próximo do original grego, começou na metade do Século XX, tendo se intensi�cado
desde então. Assim, um grupo étnico é um grupo de pessoas que se identi�cam umas
com as outras, ou são identi�cadas como pertencentes a um mesmo grupo por outras
pessoas, com base em semelhanças culturais ou biológicas.
A ideia de etnia como temos hoje se desenvolveu no contexto das colônias europeias e
se fortaleceu mais tarde, quando foram criados os estados-nação. Porém os estados-
nação sempre incluíram populações indígenas, que foram ou dizimadas, ou excluídas da
noção de nação, e em vários casos, também tinham trabalhadores do exterior das suas
fronteiras, que imigraram para lá por algum tipo de recrutamento (como foi o caso dos
italianos, alemães, japoneses e outros grupos no Brasil) ou então foram trazidos à força,
como escravos (como os diversos grupos étnicos africanos que foram escravizados no
Brasil). Estas pessoas constituem tipicamente grupos étnicos. Consequentemente, os
membros de grupos étnicos costumam conceber a sua identidade como algo que está
fora da história de uma nação. Esta identidade se expressa muitas vezes através de
"tradições" variadas que convivem com a cultura nacional de onde estão.
SAIBA MAIS
Um resumo sobre o que signi�cam os grupos étnicos é apresentado clicando aqui.
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/etnia.htm
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Assim, multiculturalismo na maioria das vezes se refere a diversos grupos étnicos que
estão em uma mesma nação, ou em uma mesma cultura nacional. No nosso caso, todos
os grupos indígenas que aqui estavam quando os colonizadores portugueses chegaram,
os diferentes grupos africanos que foram forçados a virem para o Brasil colônia, os
descendentes de italianos, alemães e outras nações europeias, os japoneses, atraídos
para o Brasil nos séculos XIX e XX, mais recentemente os coreanos e chineses, e diversos
outros grupos, todos constituem grupos étnicos. Multiculturalismo, então, se refere à
forma que esses grupos são tratados, incluídos ou não, na cultura dominante brasileira.
A discussão sobre multiculturalismo remete diretamente aos paradigmas de
multiculturalismo que podem ser adotados por uma sociedade. Também de origem grega
(“paradeigma”), paradigma é um termo que signi�ca modelo, padrão. No sentido geral,
corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada
situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que
determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites. Os paradigmas, ou
modelos, sob os quais o multiculturalismo é enfocado em uma sociedade foram tomados
emprestados dos três paradigmas que Thomas e Ely (1996) propuseram para as
organizações e ressaltam os motivos da importância das empresas lidarem com
multiculturalismo. Os autores nomeiam esses paradigmas como ‘discriminação e justiça’,
‘acesso e legitimidade’ e ‘aprendizagem e efetividade’. O primeiro deles é o paradigma
moral. É prudente para uma empresa promover a responsabilidade social e a igualdade
de chances de ascensão para todos os seus membros. Certamente os indivíduos
preferem trabalhar em locais onde eles não são discriminados por sua cor. O segundo diz
respeito a requerimentos legais. No Brasil, assim como em muitos países, exige-se que
haja uma cota reservada para trabalhadores de algumas minorias. Isso obriga as
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organizações a conviverem com o multiculturalismo, como é o caso de cotas para
de�cientes físicos no Brasil. O terceiro, e talvez mais importante tendo em vista o
contexto mundial atual, é o do multiculturalismo como um fator de desempenho
organizacional. Com certeza, esse é o paradigma que faz com que o multiculturalismo
venha sendo cada vez mais procurado pelas organizações. Vamos detalhar esses
paradigmas no que se segue.
Apesar de uma consciência generalizada da necessidade de se preocupar com o
multiculturalismo, existem diferentes abordagens sobre como uma sociedade pode
tratar essa questão. Thomas e Ely (1996) identi�caram três diferentes paradigmas de
multiculturalismo e suas relações com os resultados nos grupos de trabalho e nas formas
de lidar com as tensões advindas da convivência de diferentes grupos étnicos numa
mesma sociedade.
No primeiro paradigma, chamado de Discriminação e Justiça, o
multiculturalismo é enxergado através da lente da igualdade de oportunidades,
tratamento justo e cumprimento de requisitos legais.
Paradigmas de Multiculturalismo e
Inclusão
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Sob esse paradigma, o progresso em lidar com o multiculturalismo é medido através do
quanto a sociedade inclui formalmente, por meio de políticas de recrutamento, por
exemplo, os diversos grupos. Essa talvez seja a forma mais dominante de se entender o
multiculturalismo e, ainda que seja bem-sucedida em promover a inclusão das diferentes
etnias em termos numéricos, normalmente adota uma postura de cegueira em relação à
diferença cultural, a partir da pressuposição de que todos são iguais, o que permite
pouco espaço às reais diferenças entre os grupos.
Embora o foco, com essa perspectiva,esteja na promoção da diversidade numérica,
existe a preocupação com a adaptação desses novos grupos na sociedade dominante.
Para tanto, são adotados programas que visam “encaixar” as outras etnias na cultura
mais ampla, a dominante. Quanto às características das sociedades que adotam essa
perspectiva, podemos dizer que elas valorizam o tratamento igual entre os grupos,
sendo que há uma hierarquia na sociedade, em que as ordens ou políticas são dadas de
cima a baixo, fazendo cumprir iniciativas que se baseiam nessas atitudes. Além disso,
pode-se considerar também que tais sociedades possuem culturas �rmemente
estabelecidas e facilmente observáveis, nas quais os valores de justiça são difundidos e
implantados profundamente e seus códigos de conduta são claros e inequívocos.
Essa perspectiva traz como benefício o aumento da diversidade numérica e o
tratamento justo entre as pessoas, no entanto, também possui claras limitações. O ideal
de cegueira, por exemplo, sugere implicitamente a ideia de que somos todos iguais ou
que aspiramos a essa condição. Sob esse paradigma, não é desejável que o
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multiculturalismo in�uencie a cultura dominante, que deve operar como se todas as
pessoas fossem todas do mesmo grupo. Ele também impede que as pessoas se
identi�quem pessoalmente com o seu próprio grupo (o que, como vimos, é crítico para a
formação da identidade social) uma vez que não podem ser quem verdadeiramente são
em suas diferenças.
O segundo paradigma, de Acesso e Legitimidade, surgiu durante o clima
competitivo dos anos 80 e 90 e fez emergir uma nova razão para se lidar com o
multiculturalismo. Ele compreende e utiliza o multiculturalismo como estratégia
para atingir diferentes segmentos da sociedade, garantindo acesso e legitimidade
ao equiparar a demogra�a aos grupos que são importantes na sociedade no
sentido de consumo, o que, em alguns casos, leva a um aumento substancial do
multiculturalismo.
As características que são comuns às sociedades que utilizam a perspectiva de Acesso e
Legitimidade são estarem cientes que existe uma diversidade crescente de diferentes
grupos de consumidores, vindos de diferentes grupos étnicos e usar isso como forma de
alavancar a economia do país. Enquanto no paradigma de Discriminação e Justiça as
sociedades são rápidas em subverter as diferenças no interesse de preservar a
harmonia, no Acesso e Legitimidade elas são ágeis em se darem conta que precisam
atingir os nichos de mercado diferenciados e que não conseguirão fazer isso com a
promoção de programas de quotas, mas sim com programas voltados para o incremento
do consumo em grupos especí�cos. Mas ao fazer isso, deixam de compreender como as
particularidades desses grupos podem ser integradas ao cotidiano da sociedade.
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Talvez essa perspectiva tende a ser mais notável por suas limitações, uma vez que as
sociedades que adotam essa perspectiva tendem a limitar a participação efetiva dos
diversos grupos étnicos, colocando-os em categorias diferenciadas e por demais
especializadas, sem realmente analisar como essas diferenças afetam a vida das pessoas
e como esses grupos podem ser incorporadas ao cotidiano. Muitas vezes, esse tipo de
perspectiva pode gerar a sensação de que alguns grupos estão sendo explorados e
desvalorizados quando estes percebem que oportunidades em vários setores da
sociedade, como educação superior por exemplo, estão fechadas para eles. Além disso,
eles tendem a serem os primeiros a serem excluídos em situações de crise, criando
situações tênues e pouco sustentáveis para esses grupos na sociedade em termos gerais.
A Aprendizagem e Efetividade, terceiro paradigma, é visto como uma perspectiva
emergente. Nela, a sociedade reconhece que esses grupos têm valor e os inserem
em termos das suas culturas, ou seja, das suas identidades grupais.
Dessa forma, desenvolve-se uma visão que permite a incorporação das contribuições
dessas pessoas, rede�nindo suas normas, práticas e sua própria cultura. Esse paradigma
transcende aos dois modelos anteriores por, assim como a perspectiva de Discriminação
e Justiça, promover a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos; e por ,como
a perspectiva do Acesso e Legitimidade, reconhecer as diferenças culturais e as
valorizar. Levando a sociedade a internalizar as diferenças entre os grupos de forma a
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aprender a crescer com essas diferenças. Enquanto as duas anteriores representam
respectivamente a assimilação e a diferenciação, a terceira representa a integração, por
meio da internalização das diferenças de modo a aprender a crescer com elas.
Desta forma, se pensarmos bem, várias oportunidades serão perdidas nos outros dois
paradigmas. As tensões serão tratadas erroneamente e as contribuições que os grupos
étnicos podem dar para a sociedade em termos gerais são perdidas. Então, podemos nos
perguntar: o que acontece com as sociedades que seguem esse terceiro paradigma,
como o Canadá ou a Nova Zelândia por exemplo, que faz com que elas obtenham o
melhor do multiculturalismo? As linhas de pesquisa orientadas por Thomas e Ely (1996)
sugerem oito pré-condições que ajudam as sociedades a utilizarem as diferenças de
grupos de identidade ao seu serviço e ao serviço do seu crescimento e renovação. Em
resumo, essas pré-condições são:
1. Tem que �car claro que o multiculturalismo vai embasar perspectivas diversas e
novas visões e deve realmente valorizar a variedade de opiniões e descobertas. A
sociedade deve chegar a conclusão de que existe mais de uma maneira de se obter
resultados positivos.
2. Deve-se reconhecer tanto as oportunidades de aprendizagem e crescimento quanto
os desa�os que a expressão de perspectivas diferentes pode trazer para a sociedade.
Em outras palavras, a segunda pré-condição é que a sociedade esteja comprometida
a perseverar durante o longo processo de aprendizagem e reaprendizagem que
requer essa perspectiva.
3. A cultura deve criar a expectativa de altos padrões para todos. Essa não é uma
cultura que espera menos de alguns do que de outros. Algumas agem como já
esperassem que as mulheres e as pessoas de outros grupos de minoria tenham um
baixo desempenho – uma pressuposição negativa que geralmente leva a um
resultado negativo. Para entrar na terceira perspectiva, a sociedade deve acreditar
que todos os seus membros podem e devem contribuir para um bem comum.
4. A cultura deve estimular o desenvolvimento pessoal. Esse tipo de cultura pede toda a
amplitude dos conhecimentos e habilidades relevantes das pessoas – normalmente
através de políticas públicas cuidadosamente elaboradas, que permitem o
crescimento e desenvolvimento pessoal, além do desenvolvimento do próprio país.
5. A cultura deve encorajar a abertura. Tal cultura instiga uma alta tolerância e debates
que dão suporte aos con�itos construtivos nos assuntos relacionados ao
multiculturalismo.
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6. Essa cultura deve fazer os seus membros se sentirem valorizados. Se essa pré-
condição é satisfeita, os diferentes grupos se sentirão comprometidos com o ideal de
formação de uma nação e logo se sentirão confortáveis para tomar iniciativas e
aplicar suas experiências de forma a aumentar o bem comum.
7. A sociedade deve buscar alcançar coisas de maneira articulada e amplamente
compreendida. Ela guia as discussões sobre mudanças relacionadas ao dia-a-dia que
possam ser sugeridas pelos seus membros.
8. A culturadeve ter uma estrutura relativamente igualitária. É importante ter uma
estrutura que promova o intercâmbio de ideias e que aceite críticas construtivas
sobre o modo de se fazer as coisas.
Talvez a maior limitação desse paradigma esteja na inabilidade da organização em
atingir os benefícios esperados, vindos do propósito de se ter um verdadeiro
multiculturalismo e cultura de inclusão implementados. A perspectiva da aprendizagem-
e-efetividade está, sem dúvida, em uma fase ainda emergente. Espera-se que à medida
que mais e mais países aceitem o desa�o de verdadeiramente se engajar em sua
multiculturalidade, dilemas novos e desconhecidos apareção. Assim, talvez mais do que
nada, a mudança para essa perspectiva requeira uma vontade para aprender mais com o
novo, do que a com a segurança do que já é conhecido. Esse não é um desa�o fácil, mas
permanecemos convencidos de que a não ser que as organizações deem esse passo,
qualquer iniciativa de diversidade não conseguirá cumprir sua rica promessa.

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