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Desenvolvimento do Sistema Locomotor SISTEMA ESQUELÉTICO O seu início de desenvolvimento ocorre, mais ou menos, na 4º semana de gestação, após o estabelecimento do plano corporal, no mesênquima embrionário (origem mesodérmica, podendo ou não ser associado à crista neural). Há dois tipos de ossificação: ● Endocondral: requer formação de molde cartilaginoso. Os ossos que são criados dessa maneira são o esqueleto axial (coluna vertebral, costelas e esterno), apendicular (membros) e base do crânio. As células necessárias para essa ossificação são os condrócitos (advindos do mesoderma paraxial, lateral e células da crista neural), osteoblastos (células-tronco mesenquimais) e osteoclastos (sistema hematopoiético). ● Ossificação intramembranosa: diretamente a partir de células mesenquimais. Os ossos formados são os da face e do crânio. As células necessárias para essa ossificação são osteoblastos (mesênquima cefálico - células da crista neural ou mesoderma) e osteoclastos (sistema hematopoiético) Então, o decorrer dos passos do tecido que sofre ossificação são os seguintes: ● Mesênquima embrionário (mesoderma ou mesoderma + células da crista neural) sofre indução ● Passam a expressar N-caderinas (proteínas transmembranas que faz parte do complexo juncional), fazendo a condensação das células mesenquimais - ficam mais juntas e fazem aglomeração. ● Diferenciação dessas células. Essa diferenciação vai depender do tipo de ossificação em questão, ○ se for a endocondral, as células vão passar a expressar o gene Sox-9, que as fazem virar condroblastos (secretam colágeno tipo II), secretores de matriz cartilaginosa, que é posteriormente substituída por tecido ósseo primário; ○ já se for a intramembranosa, as células passam a expressar o gene Runx-2 e viram osteoblastos (secretam colágeno tipo I) - formando tecido ósseo primário (imaturo) OBS! Se houver alguma inativação do fator de transcrição Sox9 ou Runx2, todo o desenvolvimento inicial de todos os ossos cartilaginosos ou de formação intramembranosa são afetados. OBS! Mutações no Sox9 causa Displasia Campomélica, causando o encurtamento de ossos longos e defeitos em todos os ossos endocondrais - baixa taxa de sobrevivência devido a insuficiência respiratória. OBS! Mutações em Runx2 causa Displasia Cleidocraniana, que acompanha de hipoplasia clavicular, grandes suturas abertas no crânio, ampla sínfise púbica, anomalias dentárias (erupção retardada de dentes ou dentes supranumerários). Crânio A ossificação do crânio é provinda do mesênquima cefálico (mesoderma + células da crista neural). No crânio, certas células mesenquimais vão expressar Runx2 (ossificação membranosa) e outras Sox9 (ossificação cartilaginosa). Segue a imagem que demonstra alguns ossos e suas ossificações. O neurocrânio membranoso (ossificação intramembranosa) é parte do osso occipital, parietal, frontal e parte do temporal. No recém nascido, há a formação das fontanelas (moleiras), pois ainda não houve toda a expansão desse ossos - as moleiras são importantes para a cabeça da criança diminuir na passagem pelo canal vaginal. O desenvolvimento cranial pós-natal pode perdurar acentuadamente até os 16 anos, podendo crescer até os próximos 20 anos. Os seios paranasais surgem apenas após o nascimento. O neurocrânio cartilaginoso (condrocrânio - ossif. endocondral, originado das células da crista neural e somitos occipitais) é formado pelo occipital, esfenoide, etmoide e parte do temporal, formando a base do crânio. Com relação à ossificação do viscerocrânio, formado a partir do mesênquima cefálico, tem como ossif. membranosa a maxila e o zigomático, todos os outros ossos são por endocondral. Defeitos na formação do crânio ● Craniosquise: não fechamento da abóbada craniana, causado pelo não fechamento do neuróporo rostral; o tecido cerebral degenera (anencefalia). ● Meningocele: herniação das meninges, que envolvem o SN, causado pela fissura entre os ossos do crânio, o que cria um dano neurológico dependente da lesão ao tecido neural. ● Craniossinostose: fechamento prematura de suturas do crânio, causando deformações na cabeça das crianças. Esqueleto axial O esqueleto axial (coluna vertebral e costelas) é oriundo de células mesenquimais presentes do esclerótomo (região diferenciada dos somitos). Esses ossos fazem ossificação endocondral (expressam Sox9). Os somitos, que é, por sua vez, oriundo do mesoderma paraxial, apresenta células progenitoras do esqueleto axial, musculatura e derme do tronco. Sendo assim, os somitos se diferenciam em, de acordo com a sua porção, em: ● Porção dorsal (próximo ao ectoderma de revestimento) - diferencia-se em dermomiótomo ● Porção ventromedial (próximo ao endoderma e na porção medial do embrião) - diferencia-se em esclerótomo, sofrendo a diferenciação do epitélio-mesenquimal. OBS! Fatores produzidos pela notocorda e porção ventral do tubo neural (Shh e nogina) estimulam a diferenciação do esclerótomo OBS! O dermomiótomo forma os miótomos e dermátomos As células do esclerótomo estão próximas ao tubo neural e à notocorda, pois elas irão envolver - motivo da sua transformação epitélio-mesenquimal - a notocorda (formando o corpo da vértebra) e o tubo neural (formando o arco da vértebra); as células localizadas mais lateralmente formam o processo transverso vertebral. Cada segmento do esclerótomo (segmento oriundo da separação dos somitos) é subdividido em porção cranial e caudal, com base em diferenças de expressão gênica e densidade celular: ● Porção cranial (seta verde): apresenta baixa densidade celular ● Porção caudal (seta azul): apresenta grande densidade celular e alta taxa de proliferação celular. Essa diferença de densidade é importante para permitir, na porção cranial (de menor densidade), a migração de células da crista neural e axônios motores, a fim de formar outras estruturas, como o SNP. Após um tempo, a porção caudal de um segmento de associa à porção cranial do segmento abaixo, formando uma nova segmentação do esclerótomo, esse processo é chamado de ressegmentação do esclerótomo. A região que fica entre os novos segmentos do esclerótomo, formará a um fenda (fissura de Von Ebner), onde passará a as raízes nervosas da medula. Cada novo segmento do esclerótomo forma as vértebras separadas entre si. Dessa forma, os 4 somitos occipitais (O4) + porção cranial do primeiro somito cervical fundem-se para formar o osso occipital na base do crânio. Os somitos mais caudais formarão as demais vértebras. A ossificação das vértebras tem início durante a sétima semana e termina por volta dos 25 anos de idade. Os genes Hox são um grupo de genes, em que, se expressos em certos grupos, irão formar cada tipo de vértebra (regulação pelo ácido retinóico). OBS! O gene Hox 10 faz a inibição do aparecimento de costelas no local da vértebra; assim, se vértebras lombares e sacras deixarem de expressar esse gene, elas virão com costelas, bem como, se as vértebras torácicas passarem a expressar a Hox 10 elas virão sem costelas. Entre as vértebras, nos limitesintersegmentares, surgem os discos intervertebrais (fibrocartilagem), oriundos de células remanescentes da região de ressegmentação dos esclerótomos. O núcleo pulposo no centro do disco é oriundo da notocorda remanescente, trata-se de uma substância gelatinosa rica em proteoglicanos e ácido hialurônico. As vértebras se associam a células mesenquimais laterais do esclerótomo, formando os processos costais, os quais formarão as costelas na região torácica, e o sacro na região sacral. O desenvolvimento das costelas depende da sinalização do miótomo e tem seu início a partir do 35º dia de desenvolvimento. O osso do esterno é formado pelo mesoderma lateral somático, no qual, ocorrem condensações mesenquimais na parede ventral corpórea, formado barras esternais, as quais, por sua vez, se fundem, formando o esterno. A ossificação do processo xifóide se inicia somente após o nascimento. Defeitos vertebrais ● Espinha bífida oculta: não houve o fechamento do arco vertebral; começa a nascer pelos nessa região. ● Meningocele: o arco da vértebra não fecha e ocorre uma herniação das meninges. ● Mielosquise: não ocorre o fechamento do arco vertebral e há herniação da medula, danificando-a ● Defeitos de segmentação vertebral: formam vértebras incompletas ● Vértebras fundidas. ● Cordoma: tumor raro causado por remanescente da notocorda, que pode ocorrer na base do crânio. Esqueleto apendicular É formado pelo mesoderma lateral somático, o qual apresenta como componentes a bacia, a escápula e os membros. Todos os componentes do esqueleto apendicular apresentam ossificação endocondral (Sox9), exceto a clavícula, que apresenta endocondral e intramembranosa. A ossificação dos ossos dos membros se inicia ao final do período embrionário (56 dias após a fecundação). A formação dos ossos longos está completa na matéria de histologia. Aos 20 anos de idade as epífises são totalmente ossificadas. A área entre os primórdios dos ossos, chamada de interzona, possui células mesenquimais que originam todos os componentes da articulação. SISTEMA MUSCULAR Tem início a partir da 4º semana de gestação, oriunda do mesênquima embrionário. Os músculos têm locais de formação específicos: ● Liso: oriundo do mesoderma lateral esplâncnico e células da crista neural ● Estriado cardíaco: mesoderma cardiogênico ● Estriado esquelético: apresenta mioblastos, miócitos pós-mitóticos e células satélites; oriundos dos somitos e mesoderma cefálico; desenvolve-se em associação com o sistema esquelético. Os músculos dos membros e tronco são oriundos do mesoderma paraxial, que forma os somitos e, por sua vez, origina os miótomos (parte dorsal do somito). Os músculos craniofaciais são oriundos do mesênquima cefálico. As células que originam os músculos do tronco se diferenciam em mioblastos, os quais são mitoticamente ativos, e começam a se dividir rapidamente; posteriormente, essas células se diferenciam em miócitos (estão na fase de G0), no quais, apresentam proteínas contráteis e fundem-se (caderinas) para formar as fibras. Certos mioblastos podem manter-se indiferenciados e virarem as células satélites, que podem se fundir aos miócitos ou se diferenciarem em miócitos com certos estímulos, como crescimento pós-natal, lesão e exercício. Cada miótomo proveniente dos somitos se divide em: ● Epímero dorsal: músculos epaxiais das costas ● Hipômero ventral: músculos hipaxiais da parede lateral e ventral do corpo Com relação aos músculos dos membros, em determinadas regiões específicas durante o desenvolvimento embrionário, há um espessamento da ectodérmica de superfície (a crista ectodérmica apical), que estimula o mesoderma lateral somático a formar o broto do membro. Dessa forma, há a migração de progenitores musculares do miótomo para os brotos dos membros na 5º semana de desenvolvimento. Essas células posicionam-se ao redor do mesoderma lateral somático precursor de ossos e tendões e, o se posicionarem, se dividem em duas regiões: ● Massa muscular ventral: músculos flexores e pronadores dos membros superiores, bem como o os flexores e adutores dos membros inferiores ● Massa muscular dorsal: músculos extensores e supinadores dos membros superiores, bem como os extensores e abdutores dos membros inferiores. Os músculos da face tem um desenvolvimento celular igual a das células dos troncos (mesênquima - mioblasto - miócito - fibra muscular). Defeitos no desenvolvimento muscular ● Anomalia de Poland: ausência do músculo grande peitoral de um lado do corpo ● Distrofia muscular de Duchenne: mutações na distrofina; morte aos 30 anos ● Síndrome de Prune-Belly: ausência dos músculos da parede abdominal
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