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HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 1 | P á g i n a Sumário Introdução ....................................................................................................................... 2 Aula 1 – Aspectos Históricos da Policia Militar........................................................... 3 1. Resumo Histórico .................................................... Erro! Indicador não definido. 2. Divisão Militar da Guarda Real de Polícia ............. Erro! Indicador não definido. 3. O Corpo de Guardas Municipais Permanente e a Regência ... Erro! Indicador não definido. 4. O Segundo Reinado ................................................ Erro! Indicador não definido. 5. Atividades ............................................................... Erro! Indicador não definido. Aula 2 – A Polícia Militar na Contemporaneidade. .................................................. 16 1. A República e o Corpo Militar de Polícia do Município Neutro ......................... 16 2. República Velha ...................................................... Erro! Indicador não definido. 3. Estado Novo e a Redemocratização ........................ Erro! Indicador não definido. 4. A constituição de 1946 ............................................ Erro! Indicador não definido. 5. O Golpe Militar ....................................................... Erro! Indicador não definido. 6. A fusão .................................................................... Erro! Indicador não definido. 7. Atividades ............................................................... Erro! Indicador não definido. Aula 3 – O Início da Polícia Cidadã. ........................................................................... 21 1. Constituição de 1988 ............................................................................................ 21 2. Nascimento do Sistema Penal Moderno ................. Erro! Indicador não definido. 3. Ordenações Afonsinas e Manuelinas ...................... Erro! Indicador não definido. 4. A Constituição de 1824 e o Código Criminal de 1930 ........... Erro! Indicador não definido. 5. Atividades ............................................................... Erro! Indicador não definido. Aula 4 – A Trajetória Democrática no Brasil. ........................................................... 28 1. Código Criminal de 1890 e a Constituição de 1891 .............. Erro! Indicador não definido. 2. As Polícias Militares e a Constituição de 1934. A Lei 192, de 17/01/1936. ....... 21 3. A Constituição de 1946 e as Policias Militares ..................................................... 23 4. Constituição de 1967 e 1969. .................................. Erro! Indicador não definido. 5. As Polícias Militares e a Constituição Cidadã de 1988 ........................................ 24 6. Atividades. .............................................................. Erro! Indicador não definido. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 2 | P á g i n a Referências Bibliográficas ........................................................................................... 32 HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 3 | P á g i n a Introdução PRECISO ESTUDAR HISTORIA PARA SER POLICIAL MILITAR? Em um primeiro momento pode causar surpresa o estudo desta matéria tão particular como História em nosso Curso. A função Policial Militar em um Estado como o Rio de Janeiro é uma atuação muito especial, tudo que aqui acontece repercute de forma vigorosa nacionalmente e internacionalmente. Aqui foi a capital desta nação nos momentos mais importante de sua construção, conhecer o passado nos favorece no entendimento do presente e nos faz entender que o futuro esta em nossas ações. Vamos juntos conhecer a origem de nossa profissão e em especial da nossa Corporação, não apenas seus heróis, mas principalmente a história daqueles que de forma anônima trabalham, diuturnamente, com objetivo de proporcionar a sensação de segurança tão importante para nossa população, principalmente aos mais humildes. Este namoro inicial entre você e a PMERJ recebera nas próximas páginas a ação do cupido da Historia: o conhecimento. Temos a certeza que após conhecer a nossa história uma paixão definitiva brotara neste jovem profissional que você ira se transformar ao termino do curso. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 4 | P á g i n a Aula 1 – Aspectos Históricos da Policia Militar. UM RÁPIDO HISTÓRICO DA POLÍCIA NO MUNDO “Quando tudo corre bem, pouco se fala da polícia. Mas, em período conturbado, é para ela que se voltam os cidadãos.” John Benyon – Diretor do Centro de Estudos da Polícia da Universidade de Leicester. Polícia é a denominação das corporações governamentais incumbidas da aplicação das leis destinadas a garantir a segurança de uma coletividade, a ordem pública e a prevenção e elucidação de crimes. O termo provém do vocábulo grego ("politeia"), donde derivou para o latim ("politia"), ambos com o mesmo significado: governo de uma cidade, administração, forma de governo. Presente em todos os países, com funções de prevenção e repressão ao crime e manutenção da ordem pública, através do uso legítimo da força se necessário, fazendo respeitar e cumprir as leis. A Polícia não se fez necessária em todas as sociedades, como exemplo podemos apontar os Nueres do Sudão, um grupo de notáveis com independência socioeconômica, é encarregado de ditar as regras e promover soluções para impasses, contudo, não possuíam poder coercitivo a fim de fazer valer suas decisões. Em caso de fracasso das negociações, a guerra privada era usada. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 5 | P á g i n a GRÉCIA É na Europa, mais precisamente na Grécia Antiga, que surge, talvez pela primeira vez na História da Humanidade, os encarregados de fazer respeitar as leis na cidade. Os Gregos criavam forças policiais para cada demanda surgida, assim tínhamos as Polícias das Águas, Polícia dos Reservatórios de Cereais, Polícia dos Portos, etc. Apenas o “Chefe de Policia” era contratado pelo Estado, a escolha dos policiais e sua a administração era de competência deste “Chefe de Polícia”. A polícia já desempenhava uma ação política, em Atenas consistia tanto em evitar as fugas e rebeliões de escravos ou impedir que a aristocracia rural, que ocupava progressivamente Atenas, conspirasse contra o regime democrático instaurado. ROMA Na antiga Roma entre a publicação da Lei das Doze Tábuas, que foi a primeira legislação escrita em tábuas de bronze por volta de 450 ªC., até meados do século III ªC cabia ao cidadão com apoio de amigos conduzirem o acusado a presença do magistrado público e a execução da sentença, se fosse o caso, que poderia chegar a pena de morte ou a escravidão do condenado. Já com Augusto é criado em Roma o posto de “praefectus urbi” – prefeito da cidade - que ficava responsável de comandar os VIGILES que patrulhavam as ruas, a polícia noturna. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 6 | P á g i n a Esta organização era composta por funcionários nomeados e pagos pela autoridade política central. Com as transformações ocorridas no evento conhecido como “a queda de Roma”, os órgãos especializados de polícia escasseiam em toda Europa, transformando- se em poderes locais, ficando cada vez mais autônomos. “A Gendarmerie é a melhor forma de manter a paz no País” Napoleão Bonaparte Durante a guerra dos cem anos, (1337-1453) o Rei francês João II, cria a Maréchaussée, para reprimir hordas de desertores do exército francês que cometiam crimes e perturbavam a boa ordem nos territórios recém-conquistados. Posteriormente o rei Francisco I, irá expandir as suasatribuições contra qualquer tipo de autor (inclusive civis) que cometa crimes em território francês. Em 1791 a Maréchaussée por ser um símbolo do Poder Real é transformada em Gendarmerie Nationale No século XIX, vários países copiam o modelo Francês da Gendarmerie Nationale e criam as suas Polícias Militares. Em alguns, a criação será forçada, com a ocupação Francesa nas Guerras Napoleônicas e mantida com a retirada dos Franceses. Até o século XXI, veremos países recém-surgidos, criarem suas Gendarmeries Holanda, Prússia, Espanha, Grécia, Bélgica e o Brasil aderiram a este modelo, tendo se iniciado em nosso país com a vinda de D. João VI para o Brasil, criando a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia do Rio de Janeiro, nos mesmos moldes da Divisão Militar da Guarda Real de Lisboa criada oito anos antes Encontramos hoje modelos de polícia MONISTA e PLURALISTA. Como exemplo de policia pluralista podemos apontar a Holanda com 142 Corpos de Polícia, Grã Bretanha com seus 51 Corpos de Policia e os EUA com mais de uma centena de Corpos de Policia, em que convive a polícia federal subordinada ao HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 7 | P á g i n a Ministério de Justiça e as policias municipais subordinadas aos prefeitos, neste universo esta o Brasil com suas Policiais Estaduais e Federais, alem de França e Portugal. Como países que adotam o modelo Monista podemos citar Israel, Luxemburgo e Japão. PORTUGAL Até o início do seculo XIX não existiam instituições policiais militarizadas em Portugal. Em 1801, o Conde de Oyenhausen, Embaixador de Portugal em Viena, apresenta em Portugal a sugestão da criação de uma força de segurança interna nos moldes da Maréchauseé (que daria origem à atual Gendarmeria Francesa). A idéia tem o apoio do Intendente de Polícia da Corte e do Reino, D. Diogo Inácio de Pina Manique. Em 10 de Dezembro de 1801 é criada pelo Príncipe Regente D. João VI, a Guarda Real de Polícia de Lisboa, com efetivo inicial de 642 homens e 227 cavalos. Atualmente a Guarda Real de Polícia encontra-se renomeada como Guarda Nacional Republicana (GNR), e atua efetivamente no policiamento e segurança Interna de Portugal, além de participar da FGE (ou EGF - European Gendarmerie Force) aos moldes da Gendarmeria francesa instiuida em 1791. DIVISÃO MILITAR DA GUARDA REAL DA POLÍCIA NO RIO DE JANEIRO O inicio do século XIX o velho mundo foi palco de profundas divergências políticas entre França e Inglaterra, levando a Napoleão Bonaparte a exigir que todas as nações europeias fechassem seus portos para a Inglaterra. Portugal que já dependia economicamente da Inglaterra se viu em uma situação difícil, a diplomacia portuguesa trabalhou um bom tempo tentando conciliar o seu antigo relacionamento com os ingleses sem afrontar Napoleão Bonaparte. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 8 | P á g i n a Enquanto negociava com os franceses a coroa portuguesa assinava um acordo secreto com a Inglaterra que lhe garantiria a retirada da família real portuguesa e sua corte para o Brasil, projeto já estudado desde 1750. “Este Português foi o único Homem que conseguiu me enganar” Napoleão Bonaparte Em 27 de novembro de 1807 a corte abandona Portugal, atravessando em 36 embarcações o Oceano Atlântico em direção ao Brasil, primeiro Salvador e em 07 de março de 1808 o Rio de Janeiro. . Para um melhor entendimento do que era o Rio de Janeiro, em 1808, vejamos o que diz Luiz Gonçalves dos Santos, o Padre Perereca em seu livro de memórias: . “A população desta cidade nos princípios do ano de 1808 chegaria a 60.000 almas, repartidas pelas quatro freguesias: Sé, Candelária, São José e Santa Rita; porém, mais da metade deste numero se compreende na escravatura...” Largo do Paço (atual praça XV) no início do séc XIX Com a chegada de aproximadamente quinze mil pessoas as acomodações eram muito difíceis, as tensões sociais eram inevitáveis, principalmente após a solução encontrada pelo Príncipe Regente para instalar seu séqüito, que trouxera metade do dinheiro que circulava em Portugal alem de ouro e prata, usou do expediente da desapropriação, a casa escolhida por um membro da corte recebia em sua porta a sigla P.R. – Príncipe Regente - e o proprietário deveria abandonar a casa o quanto antes. Com toda essa riqueza e tensões sociais instauradas o Corpo Militar da Guarnição da Cidade não mais atendia as necessidades da Coroa. O Príncipe Regente já possuía a experiência de criar em Portugal uma Divisão Militar da Guarda Real de Policia HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 9 | P á g i n a Com esta nova realidade o Príncipe Regente D. João atendendo a proposta do desembargador Paulo Fernandes Vianna, decretava em 13 de maio de 1809 – sábado - aniversario do Príncipe Regente, a criação da Divisão Militar da Guarda Real de Policia formada por 218 homens, escolhidos, como previa o segundo artigo do decreto de criação, entre os homens do Regimento de Infantaria e Cavalaria de Linha da Guarnição da Corte e os Oficiais e soldados que integravam a Divisão Militar criada em Portugal e que acompanharam D. João. D E C R E TO SENDO de absoluta necessidade prover á segurança,e tranqüilidade Publica desta Cidade, cuja população, e trafico tem crescido consideravelmente, e se argumentará todos os dias pela affluencia de Negócios inseparável das grandes Capitães; e havendo mostrado a experiência, que o Estabelecimento de huma Guarda Militar de Policia he o mais próprio não só para aquelle desejado fim da boa ordem, e sossego Publico, mas ainda para obstar ás danosas especulações do Contrabando, que nenhuma outra Providencia, nem mais rigorozas Leis prohibitivas tem podido cohibir : Sou Servidor Crear huma Divizão Militar da Guarda Real da Policia desta Corte, com a possível semelhança daquella, que com tão reconhecidas vantagens Estabeleci em Lisboa, a qual se organizará na conformidade do Plano, que com este baixa, assinado pelo Conde de Linhares, do Meu Conselho de Estado dos Negócios Estrangeiros, e da Guerra. O Conselho Supremo Militar o tenha assim entendido, e o faça executar na parte, que lhe toca. Palácio do Rio de Janeiro em treze de Maio de mil oitocentos e nove. Com a Rubrica do PRINCIPE REGENTE N.S. UNIFORME DA GUARDA REAL DE POLÍCIA DA CORTE HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 10 | P á g i n a As primeiras unidades foram assim divididas: 1ª Companhia de Infantaria do Valongo (atual Sacadura Cabral – Saúde); 2ª Companhia Infantaria de na Prainha (Pça Mauá); 3ª Companhia de Infantaria na Ajuda ( Pça Marechal Floriano Peixoto); e 1ª Companhia de Cavalaria no Campo de Santana. 2ª Companhia de Cavalaria – Quartel de Mata porco (Na Rua Mata porcos, atual Rua Salvador de Sá) O Major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a este ramo da administração; era o Juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação das sentenças que dava, fazia o que queria, e ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquisição policial. Entretanto façamos-lhe justiça, dados os descontos necessários às idéias do tempo, em verdade não abusava ele muito de seu poder, e o empregava em certos casos muito bem empregado”.’ (Manoel Antônio de Almeida em “Memórias de um Sargento de Milícias”) “O DIA DO FICO” Em abril de 1821, D. João VI, retorna para Portugal, cedendo a pressões políticas vindas de lá, mas deixa no Brasil o Príncipe herdeiro D. Pedro. A presença epermanência do príncipe-herdeiro D. Pedro no Brasil, produzia inquietação nos setores conservadores de Portugal. Temia-se que a sua presença em terras brasileiras fosse um estímulo à Independência da Colônia. Por conta disto, o mesmo recebeu determinação de retornar para Portugal. Patriotas brasileiros, membros da Maçonaria, conclamaram o povo a comparecer em massa à casa do Capitão-Mor José Joaquim da Rocha, para assinar um manifesto endereçado ao Príncipe Regente D. Pedro, rogando ao mesmo pela sua permanência. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 11 | P á g i n a Ao tomar conhecimento de tal manifesto, soldados Portugueses da Divisão Auxiliadora (unidade do Exército Português fiel ao Governo de Portugal e aquartelada no Rio de Janeiro), dirigiram-se ao local, com intuito de intimidar os Brasileiros e coibir a realização do manifesto. O Coronel Vidigal, que era Maçom, tomou conhecimento disto e não se fez de rogado: Enviou uma patrulha da GRP para a casa do Capitão-Mor, com ordens de garantir o movimento popular. Em seguida os mesmos escoltaram o abaixo assinado para ser entregue ao Príncipe Regente. O próprio Vidigal foi um dos que assinaram. A conseqüência do manifesto foi à permanência de D. Pedro, selada com a famosa frase: ”Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação estou pronto. Digam ao povo que fico!”. Era 9 de janeiro de 1822, dia que entraria para a história como o “Dia do Fico”. A Guarda Imperial da Polícia nos Tempos de D. Pedro I Uniforme em 1822 Ao proclamar a independência em 07 setembro 1822 o Príncipe D. Pedro vestia uma farda da polícia. A partir da aclamação de D. Pedro I como Imperador em 12 de dezembro de 1822 a Corporação passa a denominar-se Guarda Imperial da Polícia. PRIMEIRO POLICIAL MORTO EM SERVIÇO Em 23 de setembro de 1827, o Tenente Joaquim Antônio Ferreira morre em sério entrevero com delinqüentes. É o primeiro Policial Militar a morrer em combate. CORPO DE GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 12 | P á g i n a Em 1831 D. Pedro retorna para Portugal, abdicando seu trono em favor de seu filho de cinco anos D. Pedro II, gerando o período regencial. O Ministro da Justiça, Padre Feijó, em 10 de outubro de 1831, transforma a Guarda Real de Polícia no Corpo de Guardas Municipais Permanentes com o seu quartel no convento dos Barbonos (onde é o atual Quartel General, no Centro do Rio de Janeiro). O discurso inicial do Padre Feijó é emblemático, marcando sua administração com a sua visão da conduta do Policial Militar, vejamos: “...cumprir com o seu dever sem exceção de pessoa alguma, serão com todas prudentes, circunspectos, guardando aquela civilidade e respeito devidos aos direitos do cidadão.” GUARDA POLICIAL DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO BRASÃO DA PMRJ Em 1763, a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 1834, com o Ato Adicional promulgado pelo Governo Regencial, foi criado o Município Neutro. Assim a Cidade do Rio de Janeiro ficou separada da Província do Uniformes do Corpo de Guardas Municipais Permanentes HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 13 | P á g i n a Rio de Janeiro com uma população de aproximadamente 137.000 habitantes, já a província do Rio de Janeiro passa a ter como sede administrativa a cidade de Niterói. A criação da Guarda Policial da Província do Rio de Janeiro (Lei nº 16 de 14 abril de 1835, foi o inicio da outra “raiz” da PMERJ). Até o ato de 1834, a segurança pública no município, eventualmente era feito pelos Corpos Policiais da Corte. A Guarda Policial da Província do Rio de Janeiro foi a instituição responsável pela ordem pública. A Guarda Policial fluminense inicialmente, era composta de um Estado-Maior e três Companhias, sendo duas de Infantaria e uma de Cavalaria, todas comandadas por tenentes. O efetivo, fixado em 241 homens, foi preenchido por voluntários, cidadãos brasileiros com idade entre 17 e 40 anos, “de boa moral”. Os oficiais eram nomeados pelo Presidente da Província dentre os cidadãos aptos para as funções, com as honras e prerrogativas das “patentes”. Os voluntários serviriam por dois anos; os recrutados eram obrigados a servir por quatro, podendo, para ambos, se engajarem por mais tempo. O uniforme era azul e semelhante ao do Corpo de Guardas Municipais Permanentes da capital do Império. Por indicação do futuro Duque de Caxias, então comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanentes, foi da Guarda Policial da Província do Rio de Janeiro, em seus primeiros passos, seu companheiro, o Capitão a JoaoNepomuceno Castrioto, exercendo o cargo de Comandante Geral por mais de vinte e cinco anos. Entretanto, com a diminuição do seu efetivo, a Corporação é obrigada a recrutar às pressas novos membros, de forma voluntária e temporária, mudando, inclusive, sua denominação para Corpo Policial Provisório da Província do Rio de Janeiro. Com a Republica recebe nova denominação, agora Força Militar do Estado do Rio de Janeiro sendo uma das duas Corporações policiais a se fazer presente naquele momento (a outra seria sua co-irmã que então era chamada de "Corpo Militar de Polícia do Município Neutro"), com suas tropas estacionadas no Campo de Santna. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 14 | P á g i n a GUERRA DO PARAGUAI UNIFORME 12º CORPO DE VOLUNTARIOS A guerra do Paraguai foi uma página importante na história da Corporação. UNIFORME DO 31º CORPO DE VOLUNTÁRIOS E CANHÃO USADO NO CONFLITO (SALA DO MUSEU DA PMERJ) No início da guerra 1864/65, o somatório das forças dos exércitos da tríplice aliança era aproximadamente de 30 mil a 40 mil homens. Com o desenrolar da guerra o governo imperial lança mão dos Corpos de Voluntários que cada província enviava a sangrenta guerra, este Corpo de Voluntários HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 15 | P á g i n a era composto boa parte por policiais e negros, em um total de 51 (cinqüenta e um) Corpos de Voluntários, nos coube o 12º com aproximadamente 400 (quatrocentos) praças e o 31º Corpo de Voluntários da Pátria, que com aproximadamente 510 (quinhentos e dez) praças, além de seus oficiais, partiram em 18 de fevereiro e 10 de julho em 1865 respectivamente. Do antigo Estado do Rio de Janeiro parte o 12º Corpo de Voluntários da Pátria sob o Comando do Ten. Cel. João José de Brito que daria origem durante a guerra ao 44º Corpo de Voluntários da Pátria, formado por integrantes do Corpo Policial Provisório da Província do Rio de Janeiro. Seria injusto se aqui não fosse citado a participação das coirmãs que igualmente enviaram tropas para esta guerra: a PM da Bahia com os 10º/41º de Voluntários; a PM de Pernambuco com os 51/53º de Voluntários; a PM de Alagoas com os 20º/52º de Voluntários; a PM do Maranhão com o 22º de Voluntários; a PM da Paraíba com os 21º/51 de Voluntários; a PM do Pará com o 13º de Voluntários; a PM do Rio Grande do Sul com os 9º/39º de Voluntários; as PM do Ceará, de Sergipe e do Piauí com os 19º/50º de Voluntários. Total: 4.600 homens O 31º Corpo de Voluntários hoje é homenageado na denominação do Centro de Formação e Aperfeiçoamentos 31º de Voluntários da Polícia Militar do Estado do Rio Janeiro e o 12º Batalhão de Policia Militar faz lembrança ao 12º Corpo de Voluntários Com o retorno do 31º ao fim da Guerra do Paraguai, o Coronel Assunção que era devoto de Nossa Senhora das Dores construiu uma capela para essa santa católica. Esta triste página de nosso Continente Sul-americano, que levou irmão as armas teve seu fim em 1870. Durante a Guerra do Paraguai, em 1866, ocorre nova mudança de nome na Corporação para Corpo Militar da Polícia da Corte, através do decreto nº 3.598. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 16 | P á g i n a O cão “Bruto”MUSEU DA PMERJNenhuma outra instituição na história do Brasil tem algum animal associado a sua história como ocorre com a PMERJ, em relação ao cão BRUTO. O cão BRUTO era um cachorro de rua, tipo mastim, que freqüentava o quartel do Corpo Municipal Permanente da Corte e se tornou mascote da tropa. Com a eclosão da Guerra do Paraguai e a conseqüente criação do 31º Corpo de Voluntários da Pátria, o cachorro voluntariamente acompanhou os soldados, para a campanha. Era comum, no fragor das batalhas vê-lo correndo latindo de um lado para o outro, ajudando a localizar Voluntários da Pátria, feridos. Ele mesmo foi ferido uma vez nos combates. Sobreviveu a guerra, retornando com o vitorioso 31º. Morreu posteriormente, envenenado por uma bola de carne, das que era usada pela prefeitura para erradicar os cães vadios. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 17 | P á g i n a Aula 2 – A Polícia Militar na Contemporaneidade. 1. A República e o Corpo Militar de Polícia do Município Neutro As conturbações que antecederam o fim do Segundo Reinado aguçaram o desejo de um novo modelo político no Brasil. Com o fim da Guerra do Paraguai, o exército brasileiro ganhou grande relevância, tornou-se popular nos quartéis a corrente filosófica do positivismo, que defendia a República como um sistema político superior. O sucesso do café fez com que parte dos lucros fosse revertida na industrialização do país, e as camadas urbanas passara a ver como retrógrado, os conceitos aristocráticos da época. Neste cenário de intensas expectativas e transformações, um levante político- militar ocorrido em 15 de novembro de 1889, instaurou a forma Republicana Federativa Presidencialista do governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do imperador D. Pedro II. A POLÍCIA MILITAR E A REPÚBLICA Na origem, a palavra república (do latim, res = coisa; publica = do povo) significa governo da coisa do povo, da coisa pública, do bem comum. Em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a República, findando a existência do Império Brasileiro. O país mudava a forma de governo sem revolucionar a sociedade: trocava de bandeira, separava a Igreja do Estado, fazia uma nova Constituição, 450 homens da infantaria do Corpo Militar de Polícia da Corte, juntou-se aos revoltosos e foi posicionado à esquerda junto com um contingente da Marinha HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 18 | P á g i n a Pelo Decreto nº 14.327, de 25 de agosto de 1920, foi estabelecida a coloração cáqui para a maior parte dos uniformes (alteração que permaneceria por mais de 40 anos), bem como o uso de “cintos-talabartes”, botas com esporas e perneiras Pelo Decreto nº 14.447 de 11 de novembro de 1920, a Brigada Policial da Capital Federal é transformada em Polícia Militar do Distrito Federal. A Corporação começa a adquirir autonomia Automitrailleuse White A primazia entre unidades militares de emprego de blindados com rodas no Brasil é da PMDF. Em 1921, ela recebeu dois Automitrailleuse White, de origem francesa. Estes blindados eram armados com uma metralhadora HOTCHKISS 7mm, montada em uma torre giratória. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 19 | P á g i n a As décadas seguintes do século XX são marcadas por grandes conturbações políticas, o ano de 1930 é marcado pelo golpe de Estado promovido por Getulio Vargas apoiado pela burguesia brasileira que não mais aceitava que o Estado patrocinasse os prejuízos do café. A Polícia do Distrito Federal atuou também na revolução constitucionalista ocorrida em São Paulo em 1932 , no eixo Parati – Cunha com a Cavalaria. • Força Pública (PMESP) reforçada por alguns militares do Exército baseados no estado de São Paulo rebelam-se contra o “governo provisório” de Getúlio Vargas e exigem eleição de uma assembleia constituinte. • Na Constituição de 1934, pela primeira vez, as policias militares do Brasil são citadas em uma Constituição Federal (Art 167 e pelo seu Regulamento, a Lei nº. 192 de 17/01/1936, que determinava que as PM se estruturassem conforme as unidades de infantaria e cavalaria do Exército, Porém as proibia de possuir artilharia e aviação. • Getúlio Vargas percebeu que até o movimento Constitucionalista, em São Paulo no ano de 1932, as Policias Militares Estaduais não sofriam qualquer controle por parte do Governo Federal, não se tinha idéia da quantidade de material bélico ou mesmo de efetivo das corporações militares estaduais. • Para os planos de Getúlio de continuidade no poder era assustador esta independência, medidas de controle foram criadas e como solução para esta situação a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de Julho de 1934, passa a garantir a União o direito de ter competência privativa para legislar sobre as organizações Policiais Militares Estaduais, competência que era dos Estados que foram praticamente banidos, passando a ter uma corporação militar paga pelos seus cofres mais com total controle do governo central. • O controle era total das condições gerais da sua utilização em caso de mobilização ou de guerra, passando as Polícias Militares a condição nefasta de força reserva do Exército, levando definitivamente as Polícias Militares Estaduais a executar como prioridade as funções de interesses do Estado, pelo Governo Federal, afastando oficialmente de um processo de interação com a sociedade. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 20 | P á g i n a • Mais tarde, após o movimento revolucionário patrocinado pelo Partido Comunista em 1935, veio a Lei Federal nº 192 de 17 de janeiro de 1936, que possuía o “curioso” título Reorganização das Polícias Militares – que em seu 6º artigo possibilitou o Comando das Polícias Militares a serem exercidos por Oficiais do Exército, que já consolidavam a formação do soldado-pofissional em seus quadros. • Este ponto inicial já em nosso entendimento explica o porquê Getúlio Vargas em 1933, já com a Chefia de Polícia tendo a frente à figura do Capitão de Exército Filinto Muller que substitui o Cap de Exército João Alberto Lins de Barros, criou a 13 de maio de 1933 a Escola de Recrutas da Polícia Militar do Distrito Federal. • Com esta iniciativa Getúlio Vargas teve o controle sobre a Polícia Militar no efetivo já existente, pois ali fariam os Cursos de Aperfeiçoamento e o controle dos novos policiais nos cursos de formação, isto é, no nascedouro do profissional formando uma nova geração de Policiais cada vez mais reprimidos em que o soldado-cidadão perdia rapidamente espaço para o soldado- profissional. A Corporação e a 2ª Guerra Mundial 2º Sargento Max Wolf Filho Herói de guerra O 2º Sargento Max Wolf Filho iniciou sua carreira militar com o seu alistamento voluntário no então 15º Batalhão de Caçadores (Paraná). Foi transferido para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Polícia Militar do Rio de Janeiro, (á época PMDF). Em 1944, com o ingresso do Brasil na 2ª Guerra Mundial e a perspectiva do envio de tropas para a Itália, Max Wolf apresentou-se voluntariamente para ser enviado HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 21 | P á g i n a para a guerra, tendo sido designado para o 11°Regimento de Infantaria (São João Del Rei) . Demonstrou grande coragem em combate, tornando-se querido e admirado pelos subordinados e respeitado pelos superiores. Faleceu em combate em 1945, quando a sua patrulha foi emboscada. RJ CAPITAL E PROVINCIA Em 1763 o Rio de Janeiro passa ser a capital da Colônia e sede do Vice-Reino do Brasil, já em 1834, a cidade do Rio de Janeiro foi transformada no Município Neutro da Corte, permanecendo como capital do Império do Brasil, enquanto que Niterói passou a ser a capital da província do Rio de Janeiro. Em1889 a cidade transformou-se em capital da República, o município neutro em Distrito Federal e a província em Estado. Com a mudança da capital para Brasília, em 21 de abril de 1960, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se o estado da Guanabara. Após o movimento político de 1964 a Polícia Militar do Estado da Guanabara e a Polícia do Estado do Rio de Janeiro foram unidas em 1975. 1565 a 1763 Rio de Janeiro, simples cidade do litoral sudeste do Brasil. 1763 a 1808 Rio de Janeiro, capital da Colônia e sede do Vice-Reino do Brasil 1808 a 1821 Rio de Janeiro, capital da Colônia e sede do Governo Português. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 22 | P á g i n a 1822 a 1831 Rio de Janeiro, capital Do Primeiro Reinado. 1831 a 1840 Rio de Janeiro, sede da Regência. Em 1834 surge o Município da Corte ou Neutro. 1840 a 1889 Rio de Janeiro, capital do Segundo Reinado. 1889 a 1960 Rio de Janeiro, capital da República. Em 1891 transformou-se em Distrito Federal. 1960 a 1975 Rio de Janeiro, capital do Estado da Guanabara. 1975 em diante Rio de Janeiro, capital do novo Estado do Rio de Janeiro. Transforma-se o Estado da Guanabara em Município do Rio de Janeiro, com a fusão do antigo Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara. A delimitação do atual Município do Rio de Janeiro foi feita em 1834, pelo Ato Adicional, quando se criou o Município da Corte, vulgarmente chamado de Neutro. Aula 3 – O Início da Polícia Cidadã. 1. As Polícias Militares e a Constituição de 1934. A Lei 192, de 17/01/1936. O século XIX é um período de grande transformação em nossa história, e dentro deste contexto a década de 30, também vai ter seu destaque. Além das revoluções de 1930, e da Constitucionalista de 1932, a constituição de 1934 vai complementar todo este processo de mudanças. E dentro desta conjuntura, as Polícias Militares de nosso HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 23 | P á g i n a país vão estar ligadas a essas mudanças, pois a partir de Janeiro de 1934, vemos a ação do Estado e da União, em atribuir os papéis das Forças Militares Estaduais, determinando a sua atuação junto ao Exército, e as funções a serem desempenhadas na Constituição Federal. 2.1- A Lei 192, de 17/01/1936. Nesta lei observaremos as atribuições concedidas as Polícias Militares de nossa federação, e aqui destacamos alguns pontos: Art. 1º As Policias Militares serão reorganizadas pelos Estados e pela União. Na conformidade desta Lei, e são consideradas reservas do Exercito, nos termos do art. 167 da Constituição Federal, Art. 2º Compete ás Policias Militares: a) Exercer as funções de vigilância e garantia da ordem: publica, de acordo com as leis vigentes; b) garantir o cumprimento da lei, a segurança das instituições e o exercício dos poderes constituídos; c) atender á convocação do Governo Federal em casos guerra externa ou grave comoção intestina, segundo a lei de mobilização. Em face da análise da lei 192 de 1936, percebe-se a atribuição das policias militares estaduais, sendo denominadas reservas do exército, e constituindo desempenhos específicos definidos. Logo caracterizar as atribuições das policias militares em um período de instabilidade na política nacional, possibilitou que as tropas militares estaduais e federais, atuassem de forma harmônica e objetiva, no combate a movimentos tido como subversivos, no governo Vargas. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 24 | P á g i n a E como forma de reação e repressão a estes movimentos, o governo Vargas institui a Lei de Segurança Nacional, que buscou reprimir estes movimentos de insurreição política-militar, concedendo poderes aos Estados da federação no combate aos subversivos. E assim, as Polícias Militares continuaram em sua atuação assídua no cenário nacional, em preservação da legislação em vigor, e na derrocada do nazi- fascismo, desempenhando assim mais uma vez o seu papel de braço do Estado. 2. A Constituição de 1946 e as Policias Militares A Constituição promulgada em 1946 concedia autonomia política administrativa, para estados e municípios, pois o governo anterior em determinado período, buscou alojar-se no poder através de uma rígida centralização política. No entanto com a subida ao poder do General Eurico Gaspar Dutra, foi promulgada a quinta constituição brasileira, concedendo as bases necessárias para a instalação de governos futuros como: Getúlio Vargas, Café Filho, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. Em termos de inovação, a Constituição de 1946 reserva pela primeira vez em matéria constitucional um Título de seu texto, o VII, para as Forças Armadas: Nesta Constituição Federal, de 18 de Setembro de 1946, vai salientar a atuação da Policia Militar como mostra a seguir: Art. 183 - As polícias militares instituídas para a segurança interna e a manutenção da ordem nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, são consideradas, como forças auxiliares, reservas do Exército. Parágrafo único - Quando mobilizado a serviço da União em tempo de guerra externa ou civil, o seu pessoal gozará das mesmas vantagens atribuídas ao pessoal do Exército. 1. Constituição de 1988 Após o Brasil ter passado por um grande período de ditadura militar, que ocorreu de 1964 a 1985, o país se via em um novo processo para a redemocratização, agora, HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 25 | P á g i n a coma necessidade de devolver ao povo todos os direitos que haviam sido retirados durante este período de exceção. E assim Decretada e Promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, em 5 de outubro de 1988, nascia a Constituição da República Federativa do Brasil, que estabelecia o nosso país como um Estado democrático de Direito de estrutura federativa. Garantindo que o Presidente da República, os Governadores dos Estados, os Prefeitos Municipais e os representantes do poder legislativo, fossem eleitos pelo povo, por voto direto e secreto. Devido os vários aspectos que garantem o acesso à cidadania, a constituição de 1988, que é a atual carta magna, ganhou o apelido de constituição cidadã, por ser considerada a mais completa entre as constituições brasileiras. 1. As Polícias Militares e a Constituição Cidadã de 1988 A Constituição Cidadã segundo as palavras do presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, presidindo a Assembleia Nacional Constituinte, entre 1987 e 1988. É promulgada no dia 5 de outubro de 1988, reestabelecendo as garantias dos direitos, cassados pela ditadura, com destaque para os vários aspectos que garantem o acesso à cidadania. Esta Constituição prevê como missão da Policia Militar, em seu artigo 144: “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todo, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]”. E ainda como competência das Policias Militares, em seu artigo 144, § 5º: “Às Polícias Militares cabem à polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos Corpos de Bombeiros Militares, além das atribuições definidas em lei, incumbem a execução de atividades de defesa civil”. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 26 | P á g i n a 1982 – NOVOS RUMOS “ Policiar não significa violentar os direitos dos cidadãos” Carlos Magno Nazareth Cerqueira No ano de 1982, em razão das mudanças políticas que começavam a impulsionar o país rumo a democracia, recebe PMERJ o Comando do Coronel Carlos Magno de Nazareth Cerqueira. Oficial com uma visão muito a frente de sua época, com espírito democrático encaminhou a corporação para uma reaproximação com a sociedade civil. A abertura dos portões da Corporação à sociedade civil foi uma marca do Comando do Cel. PM Cerqueira. Não só participou dos eventos patrocinados pela sociedade, como os transcrevia na íntegra,no Boletim da PM, divulgando eventos, como a participação da Polícia Militar, como foi registrada no Boletim da PM número 25, de 06 de fevereiro de 1984, pág. 18 – 21, da Ata da 3ª Reunião Ordinária do Conselho de Justiça e Segurança Pública e Direitos Humanos. QUAL RUMO TOMAR? Estudioso e pesquisador na prática do Comando, o Cel. Cerqueira deixa claro que sabia muito bem o rumo que a Corporação precisava seguir para um desempenho mais técnico profissional, sem descuidar do fortalecimento de um espírito democrático essencial para o desempenho da função policial militar. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 27 | P á g i n a O Boletim da PM número 155 de 15 de agosto 1984, pág. 24-28, traz um verdadeiro caminho a ser seguido pela Corporação, vejamos: “Assim, a partir das atribuições cometidas à Corporação e em face do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro, o Comando interpretou a missão e estabeleceu a sua FISOLOSOFIA. Daí, o OBJETIVO- SÍNTESE: PROMOVER, ADAPTANDO A ESTRUTURA POLICIAL-MILITAR ÀS EXIGÊNCIAS DA SEGURANÇA PÚBLICA, O AJUSTAMENTO COMPORTAMENTAL DA ORGANIZAÇÃO DENTRO DE UMA NOVA CONCEPÇÃO DE ORDEM PÚBLICA, NA QUAL A COLABORAÇÃO E A INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIA SEJAM OS NOVOS E IMPORTANTES REFERENCIAIS, O QUE IMPLICA EM UM NOVO POLICIAL E UMA NOVA POLÍCIA'' “c. A PM É UMA ORGANIZAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS. POLICIAMENTO. A melhoria do policiamento não implica necessariamente no aumento dos efetivos. “Buscar-se-á essa melhoria através de avaliações das técnicas utilizadas atualmente, de forma a se construir planejamento mais flexíveis, no sentido de otimizar os resultados...” Com estas idéias, fica claro que o trabalho do Cel. PM Cerqueira iniciou uma ponte de real aproximação entre a Corporação e a sociedade. Desmistifica o Cel. Cerqueira a concepção de uma polícia como única responsável e capaz de resolver o problema da falta de segurança pública, conclamando o público interno a assumir sua condição de servidor público, e dividindo com a sociedade a construção de alternativas para o campo da segurança pública. Marcas consagrada de sua primeira gestão foi inclusão das mulheres (1982) já em sua segunda gestão o Policiamento Comunitário. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 28 | P á g i n a 158 recrutas policiais militares femininas no CFAP (as 36 mil) Ao longo do seu segundo comando (1991 - 1994) o Coronel Nazareth Cerqueira tentou implantar a filosofia de Polícia Comunitária na PMERJ. À iniciativa, pioneira para época, era muito avançada e não foi entendida havendo considerável resistência à estas ideias. Apesar disto A PMERJ foi pioneira na implantação de um programa efetivo de Polícia Comunitária. Hoje a filosofia de Policiamento Comunitário é o cerne para se pensar em Polícia no Rio de Janeiro e no Brasil HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 29 | P á g i n a 4 – Berço de Formação. A LENDÁRIA FAZENDA DOS AFONSOS Fonte d’agua no CFAP 31 Vol retratando a Fazenda dos Afonsos em 1906. Não fugindo ao que era comum nos século que vieram após o domínio português das terras tupiniquins, a fazenda na freguesia de Irajá era parte de uma sesmaria de propriedade do português nascido em Lisboa em 1670, João AFONSO de Oliveira que veio para o Brasil, casando-se com uma brasileira e pai de catorze filhos. Apesar de faltar provas materiais, acredita-se que parte desta sesmaria, conhecida como Fazenda dos Afonsos foi adquirida mais tarde por Carlos José de Azevedo Magalhães. No ano de 1906 o Ministério da Justiça adquiriu a “Fazenda dos Afonsos” que passou a servir como Invernada para o Regimento de Cavalaria da Polícia Militar do Distrito Federal. A compra destas terras que totalizavam 3.189,629m² (três milhões cento e oitenta e nove mil e seiscentos metros quadrados), realizou-se em 31 de março de 1906 pela importância de 40.000$00 (quarenta contos de réis). Foram outorgantes vendedores os menores filhos herdeiros do Coronel Carlos José de Azevedo Magalhães. A escritura definitiva para então Brigada Policial foi em 07 de outubro de 1907, por escritura lavrada no livro 471 do 2º Ofício de Notas. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 30 | P á g i n a Em 1912 foram cedidos 725.00m² ao então Aéreo Clube Brasileiro e no ano seguinte mais 390.000m² e em seguida mais 970.000m² cedidos agora o Ministério da Guerra da parte leste da fazenda, a atual Escola de Aeronáutica. SEÇÃO DE TERRA AO EXERCITO “Art. 1º : A Polícia Militar cede ao Ministério da Guerra mais a faixa de terra que fica ao norte do Campo e que está situada a leste da Invernada, entre esta e o Campo compreendendo 1.071,340m². Art 2º : O Ministério da Guerra obrigar-se-á : a) A desviar a linha de bonde; b) A cercar com moirões de ferro, revestidos de cimento e cinco ordens de arame farpado, a faixa de terreno que dá para Invernada; c) A ceder 500 espadas com bainhas, para praça, do modelo em uso no Exercito, modificadas para o tipo adotada na Polícia Militar e dois fuzis metralhadoras “MADSEN”, com respectivos acessórios; d) A tomar providencias para evitar que continuem a cair, na parte edificada da Invernada, os projéteis que procedem de uma linha de tiro existente próximo, utilizada pelos corpos aquartelados na Vila Militar.” 1933 – ESCOLA DE RECRUTAS Em 1933 o país governado já três anos por Getulio Vargas o Distrito Federal sofre importantes transformações na Área de Segurança Pública como a substituição do titular do ministério da Justiça e Negocio Interiores em que o Cap Exercito João Alberto Lins de Barros pelo Capitão Exercito Filinto Muller que inaugura em 13 de maio de 1933, em um sábado, a Escola de Recrutas da Policia Militar do Distrito Federal. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 31 | P á g i n a INAUGURAÇÃO DA ESCOLA DE RECRUTAS Em 08 de abril de l933 a Escola de Recrutas, que funcionava no 4º Batalhão de Infantaria, é transferida para a Invernada dos Afonsos. Com o comando do Cap ALFREDO MONTEIRO CAVALCANTE e um número muito pequeno de oficiais e praças teve inicio os preparativos para a formação de uma nova turma de recrutas que incorporaram no dia 15 de abril de l933, esta turma era composta de 120 alunos a seleção era composta por apenas um exame físico/médico. TURMA DE FORMANDOS DE 1937 HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 32 | P á g i n a SÍNTESE HISTÓRICA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RJ Até a chegada de D. João VI ao Brasil, os vice-reis enfeixavam nas mãos, não só as funções administrativas mas também as policiais, juntamente com os ouvidores gerais. Com a chegada do monarca, o sistema policial experimentou com a criação da Intendência Geral de Polícia da Corte do Estado do Brasil uma fase de efetivo progresso. Pelo Alvará de 10 de maio de 1808, Dom João VI criou com as mesmas atribuições que tinha em Portugal – o cargo de Intendente Geral de Polícia da Corte, nomeando para exercê-lo o Desembargador e Ouvidor da Corte, Paulo Fernandes Viana, iniciando, assim, uma nova fase para a vida da cidade, e grandes modificações no organismo policial. Com a queda do Império tivemos entre 1902 a 1916, o período áureo, este surgiu com o advento da Lei no. 947, de 29 de dezembro de 1902, que reformou a organização policial. O Chefe de Polícia tinha de ser formado em Direito, obrigatoriedade extinta no governo de Artur Bernardes. Foi o Decreto n. 22.332, de 1933, que autorizou o chefe de polícia a criar a Escola de Polícia, sem ônus para o Tesouro Federal. Um marco na História da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro surgiu nos anos 90 do século XX com as Delegacias Legais, que possuem alem de um sistema de informatização avançado e melhores instalações físicas, uma característica fundamental no oferecimentode um serviço cada vez mais profissional por parte de nossa Polícia Civil é o de não abrigar presos, condenados ou não em suas dependências. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 33 | P á g i n a Referências Bibliográficas CERQUEIRA, Carlos Magno Nazareth. Remilitarização da Segurança Pública e a operação Rio. Discursos Sediosos – Crime, Direito e Sociedade, ano 1. Rio de Janeiro. Relume & Dumará, 1996. SILVA, Jorge. Criminologia Crítica - Segurança e Polícia - 2ª Edição - Jorge da Silva. Forense. ALMEIDA, Manoel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. Porto Alegre. L&PM, 1997. AZEVEDO, Luiz Fernando Santos de. A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro na Defesa Social: Uma visão sobre serviços prestados à comunidade segundo a percepção de seus componentes. Niterói. Dissertação de Mestrado em Administração – Faculdade de Economia e Administração/UFF, 1998. Carvalho, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República do Brasil. São Paulo Companhia das Letras, 1990. Debret, Jean Baptiste. Viagem pitoresca ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1989. Doratioto, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita guerra: a nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO POLICIAL 34 | P á g i n a Fausto, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2002. Furtado, Celso. A formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. Gomes, Ângela de Castro. (org.). A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: CPDOC, 2002. Gomes, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Macedo, Joaquim Manuel de. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1991.
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