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LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR

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LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
1 | P á g i n a 
 
Sumário 
 
Introdução ................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
Aula 1 – INTRODUÇÃO. ........................................................................................................ 4 
1. Introdução ........................................................................................................................... 4 
2. CRIMES MILITARES CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................ 5 
3. CONCEITO DE CRIME MILITAR (ART. 9º DO CPM) .............................................................. 6 
4. APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR. .................................................................................... 8 
5. LEI PENAL MILITAR NO TEMPO E NO ESPAÇO. ................................................................... 9 
6. LUGAR DO CRIME ................................................................................................................ 9 
6.1. COMENTÁRIOS SOBRE O LUGAR DO CRIME NA LEI PENAL MILITAR ........................... 10 
Aula 2 – CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA E CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ.
 ......................................................................................................................................... 15 
1. CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA ..................................................................... 15 
2. CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ. ........................................................................... 16 
Aula 3 – PENAS DO DIREITO PENAL MILITAR. ...................................................................... 35 
1. Penas Principais ................................................................................................................ 35 
Penas Principais................................................................................................................... 35 
2. Pena de Dois Anos Aplicada a Militar ............................................................................... 46 
Pena até dois anos imposta a militar ................................................................................... 46 
3. Pena Superior a Dois Anos Aplicada a Militar ................................................................... 47 
Pena superior a dois anos, imposta a militar ....................................................................... 47 
4. Penas Acessórias. .............................................................................................................. 47 
Penas Acessórias ................................................................................................................. 47 
COMENTÁRIOS: ............................................................................................................... 48 
Aula 4 – CRIME CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR. ...................................... 54 
1. Motim ............................................................................................................................... 54 
2. REVOLTA ........................................................................................................................... 56 
3. ORGANIZAÇÃO DE GRUPO PARA A PRÁTICA DE VIOLÊNCIA ............................................ 57 
4. Omissão de Lealdade Militar ............................................................................................ 58 
5. DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO .................................................................................. 60 
6. ALICIAÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA ............................................................................ 62 
7. INCITAMENTO ................................................................................................................... 64 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
2 | P á g i n a 
 
8. APOLOGIA DE FATO CRIMINOSO OU DO SEU AUTOR. ..................................................... 66 
Aula 5 – Da violência Contra Superior ou Militar de Serviço. ............................................... 70 
Introdução ............................................................................................................................... 70 
1. VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR ......................................................................................... 70 
2. VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIÇO ........................................................................ 75 
3. DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A SÍMBOLO MILITAR ..................................................... 76 
Aula 6 – Da Insubordinação. ............................................................................................... 83 
1. RECUSA DE OBEDIÊNCIA ................................................................................................... 83 
2. OPOSIÇÃO DE ORDEM DE SENTINELA .............................................................................. 84 
3. REUNIÃO ILÍCITA ............................................................................................................... 85 
4. PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA ................................................................................. 86 
5. USO INDEVIDO DE UNIFORME DE SUPERIOR ................................................................... 89 
6. USO INDEVIDO DE UNIFORME POR QUALQUER PESSOA ................................................. 90 
7. RIGOR EXCESSIVO ............................................................................................................. 90 
8. DA VIOLÊNCIA CONTRA SUBORDINADO ........................................................................... 91 
9. OFENSA AVILTANTE CONTRA SUBORDINADO .................................................................. 92 
Aula 7 – DA RESISTÊNCIA. .................................................................................................. 95 
1. DA RESISTÊNCIA ................................................................................................................ 95 
2. FUGA DE PRESO OU INTERNADO ...................................................................................... 97 
3. EVASÃO DE PRESO OU INTERNADO .................................................................................. 99 
4. ARREBATAMENTO DE PRESO OU INTERNADO. .............................................................. 102 
5. AMOTINAMENTO. ........................................................................................................... 104 
Aula 8 – Dos Crimes Contra o Serviço e os Deveres Militar. ............................................... 108 
1. Crime de Deserção .......................................................................................................... 108 
2. Do Abandono de Posto e de Outros Crimes em Serviço................................................. 113 
3. Dos Crimes Sexuais ......................................................................................................... 118 
4. Dos Crimes Contra o Patrimônio..................................................................................... 121 
4.1. DO ROUBO E DA EXTORSÃO .................................................................................. 124 
4.2. DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA ................................................................................. 127 
5. Do Dano .......................................................................................................................... 128 
Aula 9 – Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública. ......................................................... 133 
1. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE ............................................................................................ 133 
2. DO PERIGO RESULTANTE DA VIOLAÇÃO DE REGRA DE TRÂNSITO ................................. 136 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
3 | P á g i n a 
 
3. TRÁFICO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE OU SUBSTÂNCIADE EFEITO SIMILAR. .... 138 
Aula 10 – DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA. ............................................ 144 
1. DESACATO A SUPERIOR, MILITAR, FUNCIONÁRIO .......................................................... 144 
2. DESOBEDIÊNCIA .............................................................................................................. 146 
3. INGRESSO CLANDESTINO ................................................................................................ 148 
4. INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUÇÃO. ............................................ 149 
5. VIOLAÇÃO OU DIVULGAÇÃO INDEVIDA DE CORRESPONDÊNCIA OU COMUNICAÇÃO. . 151 
6. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGAL ....................................................................................... 153 
7. APLICAÇÃO ILEGAL DE VERBA OU DINHEIRO .................................................................. 153 
8. ABUSO DE CONFIANÇA OU BOA FÉ. ............................................................................... 154 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
4 | P á g i n a 
 
 Aula 1 – INTRODUÇÃO. 
 
1. Introdução 
 
O Direito Penal Militar é considerado pela doutrina como uma subdivisão 
do Direito Penal sendo um ramo do Direito Público que visa regular os crimes militares 
previsto no Decreto Lei 1001 de 21 DE OUTUBRO DE 1969 isto é, no Código Penal 
Militar. 
Preliminarmente é importante salientar que a Constituição de Republica 
Federativa de 1988, recepcionou quase na sua plenitude o CPM, existe um nítido 
paralelismo entre o Direito Penal Militar (DPM) e o Direito Penal Comum (DP), 
mormente a questão da tipicidade, excludentes de ilicitude e culpabilidade. 
Considerando as semelhanças com o Direito Penal Comum, aborda-se aqui, 
tão somente, as particularidades do DPM e diferenças em relação ao DP, de maneira 
pontual. Cita-se inicialmente que o bem jurídico tutelado no Direito Penal Militar 
(DPM) é diferente do Direito Penal Comum (DP). 
Direito Penal: visa proteger os bens jurídicos mais relevantes para a vida em 
sociedade. 
DPM: visa proteger a hierarquia e a disciplina (visando a segurança da 
nação e as instituições militares). Estes são os sustentáculos da atividade militar. 
Por isso, existem tipos penais no CPM, não previstos no CP, por exemplos: 
desrespeito a superior (art. 160), furto de uso (art. 241), publicação ou crítica indevida 
(art. 166), dano culposo (art. 266), pederastia (art. 235). 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
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2. CRIMES MILITARES CONTEXTO HISTÓRICO 
 
Historicamente, sobre a temática do Direito Penal Militar é fundamental o 
retorno o povos, culturas e exércitos antigos para a compreensão do tema, Evidências 
históricas permitem deduzir que alguns povos civilizados da antiguidade, como Índia, 
Atenas, Pérsia, Macedônia e Cartago, conheciam a existência de certos delitos militares 
e seus agentes eram julgados pelos próprios militares, especialmente em tempo de 
guerra. 
Mas foi em Roma que o Direito Penal Militar adquiriu vida própria 
considerado como instituição jurídica. As origens históricas do Direito Penal Militar, 
como de qualquer ramo do Direito, são, principalmente, as que nos oferecem os 
romanos. A política foi sempre dominar os povos antes de tudo pela força das armas e 
depois consolidar a conquista pela Justiça das leis e sabedoria das instituições. 
Cesar Godinho ao abordar o a temática destaca. 
“Teve, assim, o exército romano o seu Direito Criminal. Para as faltas 
graves da disciplina, o Tribuno convocava o Conselho de Guerra, julgava o delinqüente 
e o condenava a bastonadas. Esta pena, às vezes, eram aplicadas com tal rigor que 
acarretava a perda da vida do condenado. Tais penas estavam ligadas a certos crimes e 
atos de covardia. Nós também copiamos essa aflição física dos romanos, com a triste 
reminiscência no art. 184 do Regulamento de 20 Fev 1708 e o castigo corporal no Brasil 
somente foi abolido, inicialmente pelo Exército por meio da Lei n.º 2.556, de 26 Set 
1874, art. 8º e, na Marinha (Armada), pelo Decreto n.º 3, de 16 Nov de 1889, art.2º. A 
legislação castrense no Brasil tem origem nos artigos de guerra de autoria do Príncipe 
Alemão, a serviço do Rei da Inglaterra, e que recebeu a incumbência de organizar e 
disciplinar o exército Português, o Conde de Lippe em 1763. Os artigos vigoraram até a 
proclamação da republica. Com a chegada de D. João VI ao Brasil pelo alvará de 21 de 
abril de 1808, criou-se o Conselho Supremo militar e de Justiça e, em 1834, a provisão 
de 20 de outubro previa crimes militares, que foram separados em duas categorias: os 
praticados em tempos de paz e os praticados em tempo de guerra[...].” (GODINHO, 
1982, p.1). 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
6 | P á g i n a 
 
3. CONCEITO DE CRIME MILITAR (ART. 9º DO CPM) 
 
O conceito de Crime Militar não é tão fácil de entender, “pelo contrário é 
difícil uma vez que os tipos penais militares tutelam bens de interesses das instituições 
militares e por cuidar a legislação castrense, não só dos crimes praticados pelo militar 
no exercício da função.” (ASSIS, 2010, p. 44). 
A Constituição Federal de 1988 não esclarece o que é crime militar, mas a 
ele faz-se referência em vários dos seus artigos: 5°, inciso LXI; 124; 125, § 4°; 144, § 
4°. Deixando clara a existência do Crime Militar. 
Ao analisar a Carta Magna, em seu artigo 5°, inciso LXI, excepciona os 
casos de transgressão disciplinar ou "crimes propriamente militares" ao assegurar que 
"... ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar, definidos 
em lei;" (ASSIS, 2010, p.43). Com isso, estabelece o direito à segurança, a proteção da 
liberdade contra a prisão ilegal ou abusiva. 
Existe a exceção para a prisão, entende-se que mesmo não estando em 
flagrante delito ou sem ordem da autoridade judiciária competente, em devido ao fato da 
necessidade que têm as instituições militares seus princípios basilares da hierarquia e 
disciplina dentro das respectivas casernas. (LOBÃO, 2009). 
Ao afirmar que "à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes 
militares definidos em lei" (art. 124 da CF 1988) estabelece competência ampla para a 
Justiça Militar julgar qualquer pessoa, inclusive civis, porém, tal entendimento aplica-se 
aos Crimes Militares da União e não a Justiça Militar Estadual. 
Aspecto importante nesta introdução é trazer a diferença entre o Crime 
Propriamente Militar, também chamado de Crime Militar Próprio e Crime 
Impropriamente Militar, também chamado de Crime Militar Impróprio. Os Crimes 
Militares Próprios são aqueles que estão previstos somente no CPM e só pode ser 
praticado por militar como Exemplo o Art. 187 do CPM, que configura o Crime de 
Deserção. Os crimes Impropriamente Militar, são aqueles previstos no CPM e no CP e 
podem ser praticados, tanto por militar, quanto por civil, como exemplo o crime de 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
7 | P á g i n a 
 
homicídio (art. 205) do CPM e tendo também a previsão no Código Penal Comum no 
Artigo 121. 
 Os critérios de interpretação das normas de direito militar, segue princípios 
constitucionais e penais, sendo fundamental compreender o princípio da especialidade 
da norma penal militar, suas aplicações, a orientação das normas comuns existentes no 
nosso ordenamento jurídico, como também, as interpretações da jurisprudência. 
O crime militar próprio enseja duas situações distintas para o seu autor, que 
será sempre o militar da ativa, poder ser preso pela autoridade de polícia judiciária 
militar competente, mesmo sem ser em flagrante delito e sem ordem escrita da 
autoridade judiciária, por expressa disposição constitucional (art 5°, inciso LXI), 
recepcionando, enquanto a competência da Justiça Militar da União (artigo 124 da CF) é 
ampla, julgando todos os crimes capitulados no CPM,tendo os militares e os civis como 
jurisdicionados. (ASSIS, 2007). 
As Justiças Militares dos Estados têm competência restrita (ratione 
personae) julgando os crimes militares previstos na lei mas, apenas, quando praticados 
por policiais militares e por bombeiros militares dos respectivos Estados e do Distrito 
Federal, nos termos do art. 125, § 4°: compete à Justiça Militar Estadual processar e 
julgar os policiais militares e bombeiros militares nos crimes militares, definidos em lei, 
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais 
e da graduação das praças.(LOBÃO, 2009). 
Já o art. 144, § 4°, estabelece a competência das Polícias Civis, suas funções 
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares devendo estas 
ser analisadas pela Polícia Judiciária Militar no que tange às Infrações penais militares. 
(LOBÃO, 2009). 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
8 | P á g i n a 
 
 
4. APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
MILITAR. 
 
Ao verificar o DECRETO-LEI 
Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE 
1969, instituiu o Código Penal Militar 
verifica se que no tocante a aplicação da 
Lei Penal Militar as definições se 
apresentam como o Direito Penal Comum. 
O principio da Legalidade está previsto no 
Art 1° do CPM e trás a seguinte definição, 
Não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal. 
COMENTÁRIOS AO 
ARTIGO 1° DA LEI: 
Muitos doutrinadores 
entendem que este princípio seria como 
sinônimo do princípio da reserva legal. 
Outros já entendem este contendo aquele, 
sendo acompanhado pela irretroatividade 
da lei penal. Melhor explicando, para 
muitos, reserva legal se confunde com 
legalidade; para outros tantos, a reserva 
legal é um princípio maior, composto pela 
legalidade e pela irretroatividade. 
Para o Douto Cesar Bitencourt, 
o “princípio da legalidade ou da reserva 
legal constitui uma verdadeira limitação 
do poder punitivo estatal”, consagrado 
por Feuerbach, no início do século 
Conceito de Crime Militar 
O Código Penal Militar não define crime 
militar, mas sim enumera segundo critério ex 
vis legis. Critério este fundamental para a 
caracterização de crime militar estabelecido 
pelo Código na qual crime militar é o que a 
Lei considera como tal, ou enumera desta 
forma. 
Nas palavras do doutrinador Assis ao 
aprofundar o conceito, afirma que: “Crime 
militar é toda violação acentuada ao dever 
militar e aos valores das instituições 
militares”. (ASSIS, 2008, p. 15). 
Para conceituar o Crime Militar o autor 
esclarece que a doutrina estabeleceu os 
seguintes critérios: ratione materiae, ratione 
personae, ratione temporis e ratione legis. O 
critério ratione materiae exige que se 
verifique a dupla qualidade militar no ato e 
no agente; são delitos militares ratione 
personae aqueles cujo sujeito ativo é militar 
atendendo exclusivamente à qualidade de 
militar do agente. (LOBÃO, 2008). 
O critério ratione loci leva em conta o lugar 
do crime, bastando, portanto, que o delito 
ocorra em lugar sob administração militar. 
São delitos militares, ratione temporis, os 
praticados em determinada época (LOBÃO, 
2008). 
Conclui-se que a qualificação do crime 
militar se faz pelo critério ratione legis, ou 
seja, é crime militar aquele que o Código 
Penal Militar diz que é, ou melhor, 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
9 | P á g i n a 
 
XIX, pela fórmula latina nullum crimen, nulla poena sine lege. Nitidamente, para o 
caro mestre, a distinção entre legalidade e irretroatividade é desnecessária, 
podendo ambos os princípios ser condensados no disposto no inciso XXXIX do 
art. 5 o da Constituição Cidadã, transcrito no art. 1 o do CPM. 
O mestre Luiz Luisi, aponta que para quem o princípio da legalidade, em 
vertente contemporânea, desdobra-se em três postulados, a saber: reserva legal, 
determinação taxativa e irretroatividade. 
5. LEI PENAL MILITAR NO TEMPO E NO ESPAÇO. 
 
Tempo do crime 
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o do resultado. 
COMENTÁRIOS: 
A resposta sobre o tempo do crime está grafada no art. 5 o do CPM, cujo 
texto é semelhante ao do art. 4 o do CP comum: “Considera-se praticado o crime 
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado”. 
O nosso Código Penal Militar adotou, dessarte, a teoria da ação ou da 
atividade, afastando assim as teorias do resultado e mista, uma vez que o momento 
da conduta (ação ou omissão) será considerado o da prática do crime 
 
6. LUGAR DO CRIME 
 
Conforme preconiza o Código Penal Militar o lugar do crime se relaciona a 
sistema misto de interpretação deste lugar conforme a norma abaixo transcrita: 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
10 | P á g i n a 
 
“Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a 
atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato 
considera-se praticado no lugar em que 
deveria realizar-se a ação omitida. “ 
6.1. COMENTÁRIOS SOBRE O 
LUGAR DO CRIME NA LEI PENAL 
MILITAR. 
São três as teorias que gravitam em 
torno do assunto: 
1. Teoria da Atividade: lugar do crime 
é aquele em que se iniciou a execução da 
conduta típica; 
2. Teoria do resultado: lugar do crime é 
aquele em que se produziu o resultado da 
ação/omissão; 
3. Teoria da Ubiquidade: lugar do 
crime é tanto aquele em que se iniciou sua 
execução, como aquele em que ocorreu o 
resultado. 
No que tange ao lugar do crime, o 
CPM adotou um sistema misto (Jorge César 
de Assis). 
Crimes comissivos – Teoria da 
Ubiquidade 
Crimes omissivos – Teoria da 
Atividade (o CPM, em relação aos crimes 
omissivos, adota esta teoria, já que considera 
praticado o fato no lugar em que deveria 
realizar-se a ação omitida – art. 6º). 
 
Sobre o Lugar do Crime Militar tem-se 
ainda: Territorialidade e 
extraterritorialidade 
A Territorialidade é a aplicação da lei 
penal ao crime praticado no território 
nacional e a extraterritorialidade retrata a 
aplicação da lei ao crime praticado fora 
do território brasileiro. No CP, a 
territorialidade da aplicação da lei 
encontra-se no art. 5º e a 
extraterritorialidade (alguns casos) no art. 
7º. 
A extraterritorialidade da aplicação da lei 
é exceção no CP, e uma regra no CPM. A 
lei penal militar aplica-se ao crime 
MILITAR praticado dentro e fora do 
território nacional, sem prejuízo de 
tratados e convenções internacionais (art. 
7º). Exemplos: 
• Um Sgt do Exército no Haiti, em 
serviço, agride uma civil haitiana. 
• Um Cap PM em missão de paz em 
Angola divulga informações 
privilegiadas a um estrangeiro, causando 
prejuízo à administração militar (art. 326-
violação de sigilo funcional) No intuito 
de se evitar o “bis in idem”, ou dupla 
punição pelo mesmo, no mesmo ramo do 
direito público, o art. 8º determina que a 
eventual pena aplicada no estrangeiro, 
atenua a pena no Brasil, se diversa, e nela 
é computada, se idêntica. Haverá 
situações em que o crime militar poderia 
ser cometido no exterior, inclusive, em 
detrimento do Brasil (favor ao inimigo – 
art. 356) e, nestas condições, 
provavelmente, não haveria interesse da 
outra nação em processar e julgar o 
agente. 
Fonte: apostila de direito penal militar 
prof. Rogério disponível em: 
www.fatimasoares.com.br 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
11 | P á g i n a 
 
 
Dica 1 - A Distinção feita pelos textos legais e discutida pela doutrina é a 
distinção entre crime propriamente militar (ou crime militar próprio) e crime 
impropriamente militar (ou crime militar impróprio), devemos saber a fundo. 
Por que devo saber o que são crimes impropriamente militares e 
propriamente militares? 
Devido a aplicações penaise processuais que só abarcam os determinados 
tipos penais militares, entre outros, cita-se os aspectos abaixo alguns permissivos legais 
aplicáveis apenas no caso dos crimes propriamente militares. 
 A permissão para a prisão do militar, mesmo ausentes o estado de 
flagrância ou o Mandado de Prisão expedido por autoridade 
judiciária, conforme dicção do art. 5º inc. LXI: Ninguém será preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 
 No art. 18 do CPPM existe a previsão de detenção do indiciado do 
IPM, pelo prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 20, sendo a prisão 
apenas comunicada à autoridade judiciária e, para estar em perfeita 
sintonia com a Carta Magna, a permissão contida naquele artigo, diz 
respeito ao crime propriamente militar; 
 O crime militar próprio não gera reincidência ao agente que 
responder a processo por crime comum, nos termos do art. 64, II, do 
CP. 
 
Dica 2 - Crime propriamente militar (ou militar próprio) São aqueles que 
estão previstos somente no CPM e só podem ser praticados por militar. Ex: deserção 
(art. 187), abandono de posto (art. 195), abandono de posto (art. 196) embriaguez em 
serviço (art. 202), dormir em serviço (art. 203). 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
12 | P á g i n a 
 
 Todos os crimes propriamente militares enquadram-se no inc. I do 
art. 9º do CPM. Mas, cuidado, nem todos os crimes que se 
enquadram naquele inciso são propriamente militares, como por 
exemplo: ingresso clandestino (art. 302), furto de uso (art. 241). 
 Crime impropriamente militar (ou militar impróprio), são aqueles 
previstos no CPM e no CP e podem ser praticados, tanto por militar, 
quanto por civil, Ex: lesão corporal (art. 129), homicídio (art. 205), 
ameaça (art. 223), furto (art. 240), falsidade ideológica (art. 319). 
 Registra-se aqui que existe uma terceira categoria de crime militar 
elaborada por uma doutrina minoritária. Trata-se do crime 
tipicamente militar mencionado por Ione de Souza e Cláudio Amim 
Miguel (previsto só no CPM – insubmissão, ingresso clandestino, 
furto de uso, etc). 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
13 | P á g i n a 
 
 
 
Aconteceu... STJ - CONFLITO DE COMPETÊNCIA: CC 92547 RS 
2007/0298197-3: 
 
 
Figura 1 Interior do Superior Tribunal de Justiça 
Observe que: Conflito de competência entre a justiça comum e a justiça castrense. Uso indevido de 
farda e estelionato. Conflito aparente de normas. Crime militar usado como meio necessário ao 
estelionato. Aplicação do princípio da consunção. Conflito conhecido para declarar a competência 
do juízo de direito da 2a. Vara criminal de são leopoldo/rs, determinando-se o trancamento da ação 
penal instaurada na justiça castrense, em conformidade com o parecer do mpf. Usado como meio 
necessário ao estelionato. Aplicação do princípio da consunção. Conflito conhecido para declarar a 
competência do juízo de direito da 2a. Vara criminal de são leopoldo/rs, determinando-se o 
trancamento da ação penal instaurada na justiça castrense, em conformidade com o parecer do mpf. 
1. Se um crime é meio necessário ou Normal fase de preparação ou de execução de outro crime, 
encontrando-se, portanto, o fato previsto em uma lei inserido em outro de maior amplitude, 
permite-se uma única tipificação, por óbvio, a mais ampla. 
2. No caso específico, o uso indevido de uniforme militar, que a princípio poderia ser tipificado 
como crime militar (art. 172 do cpm), ), com o intuito de ludibriar a vítima oferecendo-lhe, 
mediante prévio pagamento, uma oportunidade de ingressar nas forças armadas, foi, na verdade, 
meio necessário para a prática do crime de estelionato (art. 171 c.c. O art. 14, ii, ambos do cpb). 
Dest'arte, deve ser reconhecida a absorção daquele por este, em observância ao princípio da 
consunção. 
3. Ocorrendo a consunção, não se legitima o processamento e julgamento de réu em dois feitos 
distintos. 
4. Conflito conhecido para declarar competente o juízo de direito da 2a. Vara criminal de são 
leopoldo/rs, ora suscitado, determinando-se o trancamento da ação penal 08/07-4 instaurado 
perante a justiça castrense, em conformidade com o parecer ministerial 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
14 | P á g i n a 
 
 
Exercícios: 
 
1. Diferencie crime impropriamente miliar de crime militar próprio? 
 
 
2. Em regra quais são os bens jurídicos tutelados pelo direito penal militar? 
 
 
Saiba mais... 
 
 Programa Jurídico Saber Direito do STF 
1 Vídeo Aula - Justiça Militar 
In: http://www.youtube.com/watch?v=vGHsAoDn0Fg. 
 Texto: O princípio da territorialidade e extraterritorialidade no Código Penal 
Militar Autor Territorialidade e Extraterritorialidade - Autor Paulo Tadeu 
Rodrigues Rosa - Publicado em 04/2015. 
in: http://jus.com.br/artigos/38515/o-principio-da-territorialidade-e-
extraterritorialidade-no-codigo-penal-militar#ixzz3q6JHcRvE 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
15 | P á g i n a 
 
 
 Aula 2 – CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA E 
CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ. 
 
1. CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA 
 
O Art. 10° do Código Penal Militar trás no seu bojo as considerações que 
possibilitam a interpretação da Lei para os Crimes Militares em tempo de guerra 
conforme a citação abaixo transcrita: 
 
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em 
tempo de guerra: 
I - os especialmente previstos neste Código 
para o tempo de guerra; 
II - os crimes militares previstos para o tempo 
de paz; 
III - os crimes previstos neste Código, embora 
também o sejam com igual definição na lei penal comum 
ou especial, quando praticados, qualquer que seja o 
agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, 
militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou 
podem comprometer a preparação, a eficiência ou as 
operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam 
contra a segurança externa do País ou podem expô-la a 
perigo; 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
16 | P á g i n a 
 
IV - os crimes definidos na lei penal comum 
ou especial, embora não previstos neste Código, quando 
praticados em zona de efetivas operações militares ou em 
território estrangeiro, militarmente ocupado. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
Observa se que a Lei Penal Militar define o período classificado como 
tempo de guerra, pois, de acordo com o Art. 15 do CPM, o tempo de guerra, para os 
efeitos da aplicação da Lei Penal Militar, começa com a declaração ou o 
reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver 
compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das 
hostilidades. 
Importante também esclarecer o mecanismo de aplicação das penas neste 
período classificado como tempo de guerra, sendo as mesma penas no período de 
guerra, com um aumento de um conforme o Artigo 20 do CPM. 
Em síntese, aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição 
especial, aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um 
terço. 
 
2. CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ. 
 
O Art. 9° do Código Penal Militar trás no seu bojo as considerações que 
possibilitam a interpretação da Lei para os Crimes Militares em tempo de paz conforme 
a citação abaixo transcrita: 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em 
tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, quando 
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
17 | P á g i n a 
 
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição 
especial; 
II - os crimes previstos neste Código, embora 
também o sejam com igual definição na lei penal comum, 
quando praticados: 
a) por militar em situação de atividade ou 
assemelhado, contra militar na mesma situação ou 
assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou 
assemelhado, em lugar sujeitoà administração militar, 
contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, 
ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão 
da função, em comissão de natureza militar, ou em 
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração 
militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
(Alínea com redação dada pela Lei nº 9.299, de 8/8/1996) 
d) por militar durante o período de manobras 
ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou 
assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou 
assemelhado, contra o patrimônio sob a administração 
militar, ou a ordem administrativa militar; 
f) (Revogada na Lei nº 9.299, de 8/8/1996) 
III - os crimes praticados por militar da 
reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições 
militares, considerando-se como tais não só os 
compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos 
seguintes casos: 
http://www2.camara.gov.br/internet/legislacao/legin.html/textos/visualizarTexto.html?ideNorma=349052&seqTexto=1&PalavrasDestaque=
http://www2.camara.gov.br/internet/legislacao/legin.html/textos/visualizarTexto.html?ideNorma=349052&seqTexto=1&PalavrasDestaque=
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
18 | P á g i n a 
 
a) contra o patrimônio sob a administração 
militar, ou contra a ordem administrativa militar; 
b) em lugar sujeito à administração militar 
contra militar em situação de atividade ou assemelhado, 
ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça 
Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
c) contra militar em formatura, ou durante o 
período de prontidão, vigilância, observação, exploração, 
exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito à 
administração militar, contra militar em função de 
natureza militar, ou no desempenho de serviço de 
vigilância, garantia e preservação da ordem pública, 
administrativa ou judiciária, quando legalmente 
requisitado para aquele fim, ou em obediência a 
determinação legal superior. 
Parágrafo único. Os crimes de que trata este 
artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra 
civil serão da competência da justiça comum, salvo 
quando praticados no contexto de ação militar realizada na 
forma do art. 303 da Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 
1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Parágrafo 
único acrescido pela Lei nº 9.299, de 7/8/1996, com 
redação dada pela Lei nº 12.432, de 29/6/2011) 
 
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO 9° DO CÓDIGO PENAL 
MILITAR: 
 
http://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/1996/lei-9299-7-agosto-1996-349052-publicacaooriginal-1-pl.html
http://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/1996/lei-9299-7-agosto-1996-349052-publicacaooriginal-1-pl.html
http://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/1996/lei-9299-7-agosto-1996-349052-publicacaooriginal-1-pl.html
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
19 | P á g i n a 
 
 O artigo 9º do CPM possui três incisos. Os incisos I e II referem-se a 
crimes praticados por militares da ativa, enquanto o inciso III condensa as hipóteses em 
que um civil ou militar inativo (reformado ou da reserva remunerada) figuram como 
sujeito ativo do crime militar. É fato que os incisos I e II não mencionam em seu caput o 
fato de aplicarem-se somente a militares da ativa, contudo, sabendo que o inciso III 
refere-se aos inativos e aos civis, o que faz expressamente, por contraposição os dois 
primeiros incisos só podem se referir aos militares da ativa. 
Na diferenciação entre os incisos I e II, deve-se notar que a lei penal militar 
usa o critério de semelhança ou não do delito militar praticado a um delito previsto na 
legislação penal comum. Assim, quando um militar da ativa praticar um crime militar 
que somente esteja capitulado no Código Penal Militar ou que esteja neste capitulado de 
forma diversa da legislação penal comum, aplicaremos o inciso I, que não possui alíneas 
complementadoras da tipicidade. Por outro bordo, se o crime praticado pelo militar da 
ativa possuir capitulação no Código Penal Militar e na legislação penal comum, 
aplicaremos o inciso II com suas alíneas complementadoras. 
Visando aprofundar o tema segue o texto do professor Jorge César de Assis 
sobre o Art. 9º do CPM: A ofensa às instituições militares como elemento determinante 
na caracterização do crime militar: 
INTRODUÇÃO 
A caracterização do crime militar enseja várias 
discussões que a jurisprudência procura sedimentar, mas 
que uma análise imparcial revela estar longe de acontecer. 
De crucial importância se apresenta o art. 9º do 
Código Penal Militar, ao estabelecer as diversas hipóteses 
em que ocorrem os crimes militares em tempo de paz. 
Percebam que estou a me referir aos diversos 
critérios de ocorrência de crime militar, portanto, daí 
decorre o primeiro questionamento: os incisos e suas 
diversas alíneas do art. 9º do CPM encerram um rol 
fechado, numerus clausus? Hoje, penso que não. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
20 | P á g i n a 
 
Sabe-se que a caracterização do que seja crime 
militar pelo art. 9º do Código aponta para uma tipicidade 
indireta, que enseja uma reflexão, como no caso dos 
crimes culposos e também do concurso de agentes. 
Partindo deste pressuposto, uma vez constatado um fato 
delituoso, ao qual se imputa, preliminarmente, a pecha de 
crime militar segue dois passos básicos: 1º) verificar se 
aquele fato está descrito na Parte Especial do Código 
Penal Militar e; 2º) se aquele fato se enquadra em uma das 
várias hipóteses do art. 9º, encerrando aqueles critérios já 
conhecidos de todos: ratione legis, ratione materiae, 
ratione personae, ratione loci e ratione temporis. 
O Código não define o que seja crime militar. 
Nem mesmo a Constituição Federal tem essa definição, 
mas ao se referir aos crimes propriamente militares, 
excepcionando-os da necessidade de ordem judicial ou 
situação de flagrância permissivas da prisão, sugere a 
existência de seu correlato, crime impropriamente militar. 
Cumpridos os dois passos iniciais, outros 
também devem ser dados, como aquele que verifica a 
existência de eventual causa excludente de criminalidade, 
pois o tipo legal indicia a antijuridicidade. Mas Interessa 
também analisar a efetiva ofensa à instituição militar 
considerada como elemento determinante da 
caracterização de crime militar e, para isso, irei considerar 
fatos delituosos praticados por militares de esferas 
diversas entre si, e, também aqueles praticados por civis. 
MILITAR FEDERAL versus MILITAR 
ESTADUAL (tutela da instituição militar estadual) 
Nas primeiras edições de meu livro 
Comentários ao Código Penal Militar, sempre me 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
21 | P á g i n a 
 
posicionei contra a não aceitação, da parte do Superior 
Tribunal Militar, da ocorrência de crime militar, na 
hipótese em que um militar federal da ativa, de folga, 
cometesse crime tido como militar, contra militar estadual 
da ativa, estando este último em serviço de policiamento 
ostensivo. 
Para mim, àquela época, havia de se 
considerar o conceito constitucional de militar, inaugurado 
com a Carta de 1988, ou seja, militar brasileiro passou a 
ser um gênero com duas espécies distintas, o federal – 
aquele pertencente às forças armadas – e o estadual ou do 
Distrito Federal, aquele pertencente à polícia militar ou 
corpo de bombeiro militar. Enquadrava o fato, portanto, 
no art. 9º, inciso II, alínea „a‟, do CPM: simples critério 
ratione personae, militar da ativa contra militar na mesma 
situação. Isso porque a lei penal militar não exige a 
circunstância de o agente ativo (militar federal) estar 
exercendo sua missão constitucional, situação que poderia 
estar ocorrendo com o sujeito passivo (militar estadual, ou 
do DF) na ampla, nobre e difícil missão da preservação da 
ordem pública (art. 144, § 5º) 
Uma reflexão mais detida sobre o tema, a 
partir da 4ª edição, me fez mudar de entendimento, e aliar-
me entãoà posição do STM, e considerar que fatos 
daquela natureza seriam da competência da Justiça 
comum. Além da tipicidade indireta inicial, e também da 
verificação da existência ou não de alguma excludente de 
criminalidade, também deveria ser analisado o fator da 
ofensa à instituição militar envolvida, com reflexo na 
Justiça Militar competente para processar e julgar o fato. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
22 | P á g i n a 
 
“Em verdade, não só a condição de os agentes, 
ativo e passivo, serem militares, e o fato de estar previsto 
na legislação castrense, são suficientes para firmar a 
competência da Justiça Militar da União. 
Há que se considerar que a Justiça Militar – 
tanto a estadual quanto a federal – têm em vista a natureza 
dos bens juridicamente tutelados. 
Quem protege a instituição policial militar, nos 
casos em que ela é ofendida, é a Justiça Militar estadual, 
que tem competência restrita, somente julgando policiais e 
bombeiros militares (CF, art. 125, § 4º). 
A Justiça Militar da União, por sua vez, tutela 
as instituições das Forças Armadas, julgando os crimes 
contra ela cometidos e dela (Justiça Militar Federal) 
escapam os crimes contra os valores das Corporações 
estaduais. 
Logo, é a Justiça Comum a competente para 
julgar militar federal que, de folga, cometa crime contra 
policial militar em serviço, ou contra a instituição militar 
estadual, ocasião em que se coloca o agente militar federal 
na mesma condição do civil “. 
Curiosamente, o STM, mudando seu 
entendimento anterior, passou a decidir de modo oposto, 
em caso em que um sargento do EB da ativa, mas de folga, 
desacatou policiais militares que estavam de serviço de 
policiamento ostensivo. 
A denúncia ofertada pelo Ministério Público 
Militar havia sido rejeitada e, ante o recurso ministerial, o 
Superior Tribunal Militar determinou seu recebimento, ao 
argumento da prevalência do conceito constitucional de 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
23 | P á g i n a 
 
militar e por entender ainda que a Justiça Militar da União 
tutela os interesses da Federação, como a manutenção da 
ordem, da disciplina e hierarquia nas corporações militares 
estaduais e das forças armadas. 
Tenho por mim, respeitados entendimentos 
contrários que a r. decisão do E. STM extrapolou sua 
competência judicante, pois pretendeu tutelar, também, a 
instituição policial militar atingida, competência 
constitucional que não lhe coube. 
O Supremo Tribunal Federal foi chamado a se 
manifestar sobre esse interessante julgado do STM, por 
meio de julgamento do HC 83.003, sendo relator o 
Ministro Celso de Mello, e, em julgamento datado de 
16.08.2005, por unanimidade, deferiu o pedido de habeas 
corpus nos termos do voto do relator, invalidando o 
acórdão proferido pelo E. Superior Tribunal Militar e 
determinando a imediata extinção do processo penal 
militar. 
Portanto, em que pese o fato delituoso ter sido 
cometido por militar federal da ativa contra militar 
estadual da ativa[7], o simples critério ratione personae 
não prevaleceu, porque a instituição militar ofendida era 
estadual, tutelada pela Justiça Militar Estadual que tem 
competência restrita, somente julgando policiais e 
bombeiros militares, dela escapando além dos civis, os 
militares federais. Seria impossível o deslocamento de 
competência para a Justiça Militar da União porque não 
houve ofensa às instituições militares federais. 
O E. STM ainda pontua decisões nesse 
sentido, de fatos delituosos envolvendo militares de 
esferas diversas, como no caso em que considerou ser 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
24 | P á g i n a 
 
competente a Justiça Militar da União, para processar e 
julgar Cabo da Polícia Militar que, estando em serviço de 
polícia ostensiva, agrediu um Soldado Fuzileiro Naval, 
que se encontrava de folga, em via pública, tendo sido 
abordado pela guarnição PM, tendo o marinheiro sofrido 
lesões de natureza leve. 
A decisão privilegiou, uma vez mais o critério 
ratione personae, com base no conceito constitucional de 
militar, para enquadrar o fato no art. 9º, inciso II, alínea 
„a‟, do CPM, tendo novamente ampliado os limites da 
tutela jurisdicional da Justiça Militar federal para nela 
incluir os valores das instituições militares estaduais, com 
o que, peço vênia para discordar, ante o mandamento 
cristalino do art. 125, § 4º, da Carta Magna. 
MILITAR ESTADUAL CONTRA MILITAR 
FEDERAL (tutela da instituição militar federal) 
Inverto agora a posição dos agentes, para 
prever a hipótese em que o militar estadual da ativa 
cometa um crime militar contra um militar federal também 
da ativa. 
Novamente, além das duas etapas de análise da 
tipicidade indireta, da verificação da ocorrência ou não de 
excludentes, há que se levar em conta a efetividade da 
ofensa à instituição militar envolvida. 
Imaginemos um caso em que um sargento da 
PM dispara um tiro acidental contra um capitão do 
Exército. Nos termos do art. 125, § 4º, da CF, pode o 
intérprete ser levado a responder, de forma apressada, que 
a competência é da Justiça Militar Estadual, afinal esta 
tem a competência para processar e julgar PM e BM nos 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
25 | P á g i n a 
 
crimes militares definidos em lei, a lesão corporal culposa 
é prevista no Código, e assim por diante. 
No caso em questão, verídico, o sargento PM 
estava realizando um curso de técnicas militares, em uma 
organização militar do Exército – o 28º Batalhão de 
Infantaria Leve, sendo que o capitão era seu instrutor. 
Portanto, a instituição militar Exército ainda que não 
houvesse organizado e ministrado o curso, deu autorização 
para sua realização, sob a coordenação de seus oficiais, e o 
evento danoso ocorreu em área sob administração militar 
(aliás, uma das hipóteses do referido art. 9º do CPM). 
Foi dessa forma que o Superior Tribunal de 
Justiça decidiu em sede de conflito de competência entre a 
Justiça Militar estadual e a Justiça Militar da União, 
declarando a competência em favor da Justiça Militar 
federal, em face de terem os fatos ocorridos em uma 
unidade militar da Força Terrestre, e a vítima foi um 
oficial do Exército, havendo, portanto, ainda que de forma 
indireta, lesão a interesses da União. A decisão 
considerou, ainda que as Forças Armadas, como 
instituições destinadas à garantia dos poderes 
constitucionais, da lei e da ordem estão, em última ratio, 
em posição de supremacia às polícias militares dos 
estados. 
Por outro lado, considerado o mesmo fato nas 
mesmas circunstâncias, caso o curso fosse organizado pela 
Polícia Militar e ministrado em uma de suas organizações, 
a competência seria da Justiça Militar Estadual, pois em 
que pese a vítima ser militar federal, a instituição militar 
ofendida seria a Polícia Militar. Novamente se levaria em 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
26 | P á g i n a 
 
conta a natureza do bem jurídico tutelado e sua relação 
com a justiça militar competente. 
MILITAR CONTRA MILITAR (a consciência 
da condição de militar da vítima) 
Outro aspecto importante no exercício da 
análise da tipicidade do crime militar – e aqui incidindo 
diretamente sobre o art. 9º, inciso II, alínea „a‟ (critério 
ratione personae)– é a possibilidade de que possa ocorrer 
fato delituoso tido em tese como crime militar, praticado 
por militar da ativa contra militar na mesma situação, sem 
que os envolvidos soubessem da condição profissional um 
do outro. 
Tome-se, por exemplo, o fato em que, um 
cabo e um soldado, ambos do Exército, os dois da ativa, 
desentenderam-se à saída de um baile, ocasião em que o 
cabo desfechou um soco na cabeça do soldado, que 
chegou a desmaiar por alguns instantes, resultando lesões 
de natureza leve. 
Uma análise fria do fato delituoso enquadraria 
o mesmo no já conhecido dispositivo da alínea „a‟, do 
inciso II, do art. 9º, do CPM, sob o fundamento de que a 
lei penal castrense não exigeo conhecimento prévio da 
qualidade de militar para a fixação da competência da 
Justiça especializada. 
Se os envolvidos desconheciam a condição de 
militar um do outro, se houve crime este será comum, não 
podendo prevalecer, tão-somente, o critério ratione 
personae. 
Não se trata, é bom que se diga, de afastar a 
tipicidade penal, mas apenas a tipicidade do crime militar. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
27 | P á g i n a 
 
 
CRIMES MILITARES PRATICADOS POR 
CIVIS 
Finalmente, por envolver, ainda, a análise do 
art. 9º do CPM, tecerei algumas considerações sobre os 
crimes militares cometidos por civis. 
Ainda que na Justiça Militar estadual não haja 
julgamento de civis, por expressa vedação constitucional, 
na Justiça Militar da União esta possibilidade é freqüente, 
pois como se sabe, a Justiça Militar federal processa e 
julga os crimes militares definidos em lei, sem se importar 
com quem seja o seu autor, que pode inclusive ser o civil. 
Pela letra do Código, o civil para cometer 
crime militar terá, necessariamente, que ofender as 
instituições militares, é o que diz o inciso III de nosso art. 
9º. Essa ofensa, no entanto, terá que ser efetivamente 
demonstrada, sob pena da competência de julgamento 
deslocar-se para a Justiça comum. 
O Supremo Tribunal Federal vem 
estabelecendo contornos para o enquadramento de civis 
nos seguintes casos: Se o militar federal estiver em serviço 
externo de policiamento de trânsito (isso é comum de se 
visualizar nas grandes cidades), havendo desacato 
praticado por civil contra militar empenhado nesse tipo de 
serviço, a competência será da Justiça comum, porque tal 
tipo de atividade não se enquadra como serviço de 
natureza militar. Não há, portanto, ofensa às instituições 
militares. 
Este entendimento do STF fica mais bem 
evidenciado, se verificarmos o caso em que um civil 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
28 | P á g i n a 
 
atropelou soldado do Exército que exercia a função de 
balizamento de trânsito nas proximidades do Quartel 
General do Exército e restou processado pela Justiça 
Militar da União. Ao decidir a questão em sede de habeas 
corpus, entendeu a Corte Suprema, com base no parecer 
da Procuradoria-Geral da República, que, por crime contra 
as instituições militares deve-se tomar aquele crime cujo 
dolo esteja exatamente em ferir tais instituições, ou seja, 
em que pese existir a previsão da alínea „d‟, do inciso III 
do art. 9º do CPM, a competência da Justiça Militar é de 
caráter excepcional, e sobre o mencionado artigo deve 
recair interpretação mais criteriosa e restrita do que a 
desenvolvida pelo Superior Tribunal Militar, ainda que o 
crime houvesse sido praticado por civil, fora de lugar sob 
administração militar, mas contra militar no desempenho 
de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem 
pública, em obediência à determinação legal de superior, o 
que, a princípio, ensejaria a incidência do dispositivo já 
mencionado. 
Em recente decisão, e no mesmo sentido, a 
Excelsa Corte, por meio de sua 2ª Turma, extinguiu por 
unanimidade, em julgamento ocorrido em 19.10.2010, 
processo penal militar em que um civil respondia por 
crime de dano a patrimônio público, acusado de colidir 
veiculo particular contra uma viatura militar. 
“Na concreta situação dos autos, não se extrai, 
minimamente que seja a vontade do paciente [o civil] de 
se voltar contra as Forças Armadas e tampouco querer 
obstaculizar e impedir a continuidade de qualquer 
operação militar” ressaltou o ministro Carlos Ayres Britto, 
relator do processo. Ao votar, ele declarou a “absoluta 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
29 | P á g i n a 
 
incompetência da Justiça militar para conhecer dessa 
causa”. 
Na mesma linha se posicionaram os demais 
ministros da Corte. “O que eu acho grave é que se 
instaure, em tempo de paz, inquérito policial militar contra 
civil. E que seja ele submetido a julgamento perante a 
Justiça militar, perante uma auditoria militar, em tempo de 
paz”, ponderou o ministro Celso de Mello, decano do 
Supremo. 
CONCLUSÃO 
A classificação dos fatos tidos como delituosos 
em crime militar encerra um exercício de reflexão própria 
da tipicidade indireta. 
Esta tipicidade indireta admite um iter e sugere 
as seguintes observações: 
Verificação se o fato tido como delituoso 
encontra-se previsto como crime militar na Parte Especial 
do Código; 
Não havendo identidade, de crime militar não 
se trata. Em sendo positiva a identificação, há que se 
verificar, então, se o fato delituoso foi praticado em uma 
das várias hipóteses previstas nos incisos e nas alíneas do 
art. 9º do CPM; 
Ultrapassadas as duas primeiras fases, deve-se 
verificar, ainda, se o fato tido por delituoso encontra-se ou 
não acobertado por alguma excludente de criminalidade. 
Nos crimes ocorridos entre militares da ativa, é essencial 
determinar se o agente tinha consciência da condição de 
militar da vítima; 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
30 | P á g i n a 
 
Finalmente, deve ser analisado se ocorreu 
efetiva ofensa à instituição militar considerada, lembrando 
que a Justiça Militar – tanto a federal quanto a estadual – 
tem em vista a natureza dos bens juridicamente tutelados 
como fator determinante de sua competência; 
Por crimes contra as instituições militares 
praticados por civis, deve ser considerado aquele crime 
cujo dolo esteja exatamente em ferir tais instituições, 
situação extremamente difícil de ocorrer nos crimes 
culposos, em especial os decorrentes de acidente de 
trânsito. 
 Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leit
ura&artigo_id=8798 
 
Dica 1 – Observações Doutrinárias Importantes 
 Crimes dolosos contra a vida de militar praticado por militar: crime 
militar: se o fato se enquadrar no art. 9º, será crime militar, pois, a 
exceção do parágrafo único do referido artigo refere-se à vítima 
civil, e não, militar. Todavia, se o autor do delito desconhecer a 
condição de militar da vítima será crime comum, conforme 
construção doutrinária e jurisprudencial, baseando-se na 
interpretação extensiva do art. 47, I, do CPM. 
 Militar federal X militar estadual: considerando que a própria 
Constituição Federal, reservou artigos diferentes para definir os 
militares estaduais (art. 42 da CF) e os militares federais (art. 142 da 
CF), a doutrina e jurisprudência tem entendido que o fato 
envolvendo tais militares será crime comum. 
 Policial Militar X Bombeiro: crime militar: será crime militar, pois 
ambos pertencem à instituições militares estaduais e podem ser 
julgados pela Justiça Militar Estadual. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
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Dica 2 - Observações Doutrinárias Importantes 
 Os casos em que a vítima militar for pessoa do sexo feminino X Lei 
Federal n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha): Cita-se por exemplo um 
casal de militares da ativa, ou mesmo pai e filha. Neste caso, a 
doutrina tem defendido que se o caso concreto afetar somente a 
esfera íntima da família será crime comum e, se abalar os pilares da 
hierarquia e disciplina militares (afetar a instituição militar) será 
crime militar. 
 Fato envolvendo militares estaduais pertencentes a instituições de 
Unidades Federativas diferentes (PMRJ X PMES): será crime 
militar, e o autor será julgado pela Justiça Militar Estadual da 
Unidade a que cada um pertence. (Súmula 78 STJ). 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
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Aconteceu... 
 
Quarta-feira, 23 de setembro de 2015 
Ministro decide que não cabe à Justiça militar julgar crime de falsidade praticado 
por civil 
 
Aconteceu... 
Quarta-feira, 23 de setembro de 2015 
Ministro decide que não cabe à Justiça militar julgar crime de falsidade praticado por civil 
 
 
 
 
Observe que: 
 
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeuHabeas Corpus (HC 
130210) a fim de declarar a incompetência da Justiça militar para processar e julgar o civil C.L.M., 
denunciado pela suposta prática do crime de falsidade ideológica. Conforme os autos, o acusado teria 
apresentado ao Comando da 2ª Região Militar documentação falsa para renovar certificado de 
colecionador, atirador e uso desportivo de tiro prático. 
Segundo o HC, impetrado pela Defensoria Pública da União (DPU), com a conclusão da instrução 
processual, o Conselho Permanente de Justiça para o Exército condenou o acusado à pena de 1 ano de 
reclusão, em regime inicial aberto, com benefício do sursis, pelo prazo de 2 anos. A defesa interpôs 
apelação perante o Superior Tribunal Militar (STM), que rejeitou a preliminar de incompetência da 
Justiça militar e negou provimento ao pedido. Para o STM, a legislação penal militar não exige que a 
atividade seja tipicamente militar para a caracterização do crime contra a administração militar. O 
presente HC questiona essa decisão. 
A DPU mantém a argumentação de incompetência da Justiça militar para processar e julgar o fato 
descrito na denúncia. Alega que a conduta atribuída ao acusado não atinge as funções típicas das 
Forças Armadas: a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem (artigo 
142, caput, da Constituição Federal). Subsidiariamente, sustenta ausência de justa causa, porque “não 
foi demonstrado que a conduta do acusado teria constituído ou mesmo concorrido para a infração 
penal, uma vez que sempre negou, de forma veemente, a prática delituosa, de modo que a acusação 
não cumpriu adequadamente com seu mister probatório.” 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
33 | P á g i n a 
 
 
 Exercícios: 
 
1. Defina o que se entende por Crime Militar? 
 
 
 
2. Explique se é possível ou não um civil ser processado e julgado na Justiça Militar 
Estadual? 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
34 | P á g i n a 
 
 
Saiba mais... 
 
Artigo 9º do CPM: uma nova proposta de interpretação - 07/09/2009 Cícero 
Robson Coimbra Neves 
Sob nosso enfoque, uma das principais dificuldades no estudo do Direito Penal está 
em diferenciar o delito militar do delito comum, sendo tal distinção de suma 
importância, uma vez que várias consequências tomarão corpo após tal posição. 
Entendemos que o… 
 
 Leia mais: http://jus.com.br/tudo/direito-penal-militar/3#ixzz3sMKKDF65 
Competência nos crimes militares praticados por civil contra as instituições 
militares estaduais - 10/08/2012 João Paulo Fiuza da Silva 
Persiste ainda o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que não há outra 
solução para o caso do cometimento de crime militar por civil contra as instituições 
militares, ainda que com previsão exclusiva no CPM, que não seja sua submissão ao 
foro civil. 
 Leia mais: http://jus.com.br/tudo/direito-penal-militar/2#ixzz3sMIf8uq3 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
35 | P á g i n a 
 
 
 Aula 3 – PENAS DO DIREITO PENAL MILITAR. 
 
1. Penas Principais 
 
Penas Principais 
 
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão; 
e) impedimento; 
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; 
g) reforma. 
 
Pena de morte 
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. 
 
Comunicação 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
36 | P á g i n a 
 
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo 
que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão 
depois de sete dias após a comunicação. 
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode 
ser imediatamente executada, quando o exigir o interêsse da ordem e da disciplina 
militares. 
Mínimos e máximos genéricos 
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta 
anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos. 
Separação de praças especiais e graduadas 
Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de 
prisão, atender-se-á, também, à condição das praças especiais e à das graduadas, ou não; 
e, dentre as graduadas, à das que tenham graduação especial. 
Pena superior a dois anos, imposta a militar 
Art. 61. A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a 
militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento 
prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação 
penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Artigo com 
redação dada pela Lei nº 6.544, de 30/6/1978) 
Pena privativa da liberdade imposta a civil 
Art. 62. O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em 
estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação 
penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. 
 
Cumprimento em penitenciária militar 
Parágrafo único. Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o 
civil ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
37 | P á g i n a 
 
benefício da segurança nacional, assim o determinar a sentença. (Artigo com redação 
dada pela Lei nº 6.544, de 30/6/1978) 
 
Pena de impedimento 
Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no 
recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar. 
Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função 
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou 
função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade 
do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento 
regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer 
efeito, o do cumprimento da pena. 
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria 
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na 
reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em 
pena de detenção, de três meses a um ano. 
Pena de reforma 
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, 
não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem 
receber importância superior à do soldo. 
Superveniência de doença mental 
Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a 
manicômio judiciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe seja 
assegurada custódia e tratamento. 
Tempo computável 
Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão 
provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
38 | P á g i n a 
 
bem como o excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no 
cumprimento da pena, por outro crime, desde que a decisão seja posterior ao crime de 
que se trata. 
Transferência de condenados 
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma região, distrito ou zona 
pode cumprir pena em estabelecimento de outra região, distrito ou zona. 
 
Fixação da pena privativa de liberdade 
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a 
gravidade do crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a 
intensidade do dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de 
dano, os meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as 
circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, 
indiferença ou arrependimento após o crime. 
Determinação da pena 
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve determinar qual delas 
é aplicável. 
Limites legais da pena 
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos limites legais a 
quantidade da pena aplicável. 
Circunstâncias agravantes 
Art. 70. São circunstânciasque sempre agravam a pena, quando não 
integrantes ou qualificativas do crime: 
I - a reincidência; 
II - ter o agente cometido o crime: 
a) por motivo fútil ou torpe; 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
39 | P á g i n a 
 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime; 
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, 
engano ou força maior; 
d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou mediante outro recurso 
insidioso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima; 
e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer 
outro meio dissimulado ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 
f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, 
ministério ou profissão; 
h) contra criança, velho ou enfermo; 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou 
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
l) estando de serviço; 
m) com emprego de arma, material ou instrumento de serviço, para esse fim 
procurado; 
n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua 
administração; 
o) em país estrangeiro. 
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c, salvo no caso de embriaguez 
preordenada, l , m e o , só agravam o crime quando praticado por militar. 
 
Reincidência 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
40 | P á g i n a 
 
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, 
depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha 
condenado por crime anterior. 
Temporariedade da reincidência 
§ 1º Não se toma em conta, para efeito da reincidência, a condenação 
anterior, se, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e o crime posterior, 
decorreu período de tempo superior a cinco anos. 
Crimes não considerados para efeito da reincidência 
§ 2º Para efeito da reincidência, não se consideram os crimes anistiados. 
Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
Circunstância atenuantes 
I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos; 
II - ser meritório seu comportamento anterior; 
III - ter o agente: 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o 
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado 
o dano; 
c) cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato 
injusto da vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, 
ignorada ou imputada a outrem; 
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei. Não atendimento de 
atenuantes 
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, 
ao juiz é facultado atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
41 | P á g i n a 
 
 
Quantum da agravação ou atenuação 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem 
mencionar o quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os 
limites da pena cominada ao crime. 
Mais de uma agravante ou atenuante 
Art. 74. Quando ocorre mais de uma agravante ou mais de uma atenuante, o 
juiz poderá limitar-se a uma só agravação ou a uma só atenuação. 
Concurso de agravantes e atenuantes 
Art. 75. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se 
do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que 
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente, e da 
reincidência. Se há equivalência entre umas e outras, é como se não tivessem ocorrido. 
Majorantes e minorantes 
Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais de aumento ou diminuição da 
pena, não fica o juiz adstrito aos limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos 
da espécie de pena aplicável (art. 58). 
Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se 
a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais 
aumente ou diminua. 
Pena-base 
Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada ou diminuída, de quantidade 
fixa ou dentro de determinados limites, é a que o juiz aplicaria, se não existisse a 
circunstância ou causa que importa o aumento ou diminuição. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
42 | P á g i n a 
 
 
Criminoso habitual ou por tendência 
Art. 78. Em se tratando de criminoso habitual ou por tendência, a pena a ser 
imposta será por tempo indeterminado. O juiz fixará a pena correspondente à nova 
infração penal, que constituirá a duração mínima da pena privativa da liberdade, não 
podendo ser, em caso algum, inferior a três anos. 
Limite da pena indeterminada 
§ 1º A duração da pena indeterminada não poderá exceder a dez anos, após 
o cumprimento da pena imposta. 
Habitualidade presumida 
§ 2º Considera-se criminoso habitual aquele que: 
a) reincide pela segunda vez na prática de crime doloso da mesma natureza, 
punível com pena privativa de liberdade em período de tempo não superior a cinco 
anos, descontado o que se refere a cumprimento de pena; 
 
Habitualidade reconhecível pelo juiz 
b) embora sem condenação anterior, comete sucessivamente, em período de 
tempo não superior a cinco anos, quatro ou mais crimes dolosos da mesma natureza, 
puníveis com pena privativa de liberdade, e demonstra, pelas suas condições de vida e 
pelas circunstâncias dos fatos apreciados em conjunto, acentuada inclinação para tais 
crimes. 
Criminoso por tendência 
§ 3º Considera-se criminoso por tendência aquele que comete homicídio, 
tentativa de homicídio ou lesão corporal grave, e, pelos motivos determinantes e meios 
ou modo de execução, revela extraordinária torpeza, perversão ou malvadez. 
Ressalva do art. 113 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
43 | P á g i n a 
 
§ 4º Fica ressalvado, em qualquer caso, o disposto no art. 113. 
Crimes da mesma natureza 
§ 5º Consideram-se crimes da mesma natureza os previstos no mesmo 
dispositivo legal, bem como os que, embora previstos em dispositivos diversos, 
apresentam, pelos fatos que os constituem ou por seus motivos determinantes, 
caracteres fundamentais comuns. 
 
COMENTÁRIOS: 
O Direito Penal Militar possui um sistema sancionatório próprio. Há 
previsão de penas e medidas de segurança. As penas são classificadas em principais e 
acessórias. As acessórias dependem da imposição de uma pena principal, sendo 
aplicadas cumulativamente. As penas principais são decorrência natural do cometimento 
da conduta típica e estão previstas na parte especial do código. Estão disciplinadas na 
parte geral do diploma castrense. 
O art. 55, do CPM, prevê as seguintes penas principais: morte, reclusão, 
detenção, prisão, impedimento, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou 
função e reforma. 
Dentro das sete penas previstas no CPM temos as penas de morte, as penas 
privativas de liberdade (Reclusão, detenção e prisão); Restritiva de liberdade 
(impedimento); restritivas de direitos (suspensão e reforma). 
a) Pena de Morte: é prevista em caso de guerra declarada, nos termos do art. 
84, XIX, da CF (art. 5º, XLVII). A exceção, portanto, autorizada pela Constituição 
Federal, que recebe interpretação restritiva, só ocorre quando houver guerra motivada 
por agressão estrangeira. Ver crimes de traição, art. 355 e de favor ao inimigo, art. 356. 
Se vier a ser aplicada, pode o Presidente da República indultar o condenado ou comutar 
a pena em outra menos grave. 
b) Reclusão e detenção: constituem as penas privativas de liberdade que, 
praticamente não guardam diferença entre si, exceto aquela que se liga à gravidade do 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR44 | P á g i n a 
 
delito. As penas de reclusão são previstas para os delitos mais graves, sendo a pena 
mínima de um ano. Na detenção a pena mínima é de 30 dias (art.58,CPM). 
c) Prisão: a diferença relaciona-se à questão do cumprimento. Ver art. 59. do 
CPM. 
d) Impedimento: é a pena prevista para o crime de insubmissão. Segundo o 
art. 63, do CPM, o condenado por insubmissão poderá locomover-se dentro dos limites 
de sua unidade, estando sujeito à instrução militar durante o cumprimento da pena. 
e) Suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função: é aquela 
que está disciplinada no art. 64, do CPM. O tempo de suspensão não é contado como 
tempo de serviço. 
f) Reforma: esta pena sujeita o militar à situação de inatividade. Está 
prevista no art. 65, cuja segunda parte não foi recepcionada pela Constituição Federal de 
1988. 
OBS. O Código Penal militar não prevê penas alternativas ou pena de multa. 
Ao condenado militar que cumpre a pena em estabelecimento militar não se aplica LEP 
e o regime é sempre o fechado. Aos civis ou ex-militares que cumprem pena em 
Presídio Comum aplica-se a LEP, sendo que a execução fica a cargo do Juiz da VEC. 
A suspensão condicional da pena está autorizada no art. 84, do CPM e no 
art. 606, do CPPM. Nos crimes enumerados nos arts. 88, do CPM e 617, do CPPM, não 
pode ser aplicado o sursis. 
A orientação do STM é de que o regime deve ser fechado, sujeitando-se o 
condenado que cumpre pena em estabelecimento militar ao regramento da legislação 
castrense. A Lei de execução Penal não se aplicaria enquanto o sujeito mantivesse a 
condição de militar. 
A substituição da pena privativa de liberdade prevista no Artigo 44 do 
Código Penal não é aplicado ao Código Penal Militar (ARE779938-STF) 
Recente decisão do STF tem mitigado o rigor da legislação militar, no RHC 
92746 de 2008, foi concedido a ordem para que um oficial cumprisse pena privativa de 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
45 | P á g i n a 
 
liberdade superior a dois anos em regime aberto, no estabelecimento militar, sem que 
houvesse a decretação da perda de estado de militar. A condenação em primeira 
instancia fixava o regime inicial aberto caso o condenado viesse a adquirir a condição 
de civil. 
O Código Penal Militar não prevê a pena de multa. 
A legislação Penal Militar define que a pena 
de morte é executada por fuzilamento e que nesta 
situação o condenado militar deverá deixar a prisão com 
o uniforme sem insígnias 
O CPM não faz distinção substancial entre 
as penas de reclusão e detenção. A diferença é formal e 
está previsto no artigo 58 do CPM, que aponta que o 
mínimo da pena de reclusão é um ano e no máximo 
trinta e de detenção a pena mínima é trinta dias e a 
máxima é dez anos. 
A pena privativa de liberdade até dois anos 
aplicada a militar é obrigatoriamente convertida da em 
pena de prisão conforme o Art. 59 do CPM, se não for 
possível a aplicação do Sursis, sendo o condenado 
praça, a pena será cumprida em estabelecimento penal 
militar, sendo observado a separação entre praças que 
cumpre prisão e aqueles que cumprem sansão 
disciplinar e pena superior a dois anos. 
Se a pena aplicada a militar for superior a 
dois anos, não haverá substituição por prisão e será 
cumprida em penitenciária militar, a pena será 
executada em estabelecimento penal comum, sujeitando 
se o condenado ao regramento da lei de execução penal. 
O cumprimento da pena em estabelecimento 
civil,é necessário que o condenado tenha perdido a 
TRF-5 - AGEXP Agravo em 
Execução Penal AGEPN 
87514320134050000 
(TRF): 
 
Data de publicação: 08/10/2013 
Ementa: PENAL. EXECUÇÃO. 
UNIFICAÇÃO DAS PENAS. 
COMPETÊNCIA DO JUÍZO 
ESTADUAL. SÚMULA 192/STJ. 1. 
A jurisprudência do E. Superior 
Tribunal de Justiça há muito 
consolidou o entendimento no 
sentido de que, mesmo que a 
condenação advenha da Justiça 
Federal, cabe à Justiça Estadual a 
execução da pena, a teor da dicção da 
Súmula 192/STJ, posicionamento 
ainda homenageado naquela Corte 
Superior (3ª Seção, CC 109299/MG, 
rel. Min. Jorge Mussi, DJE 
06/09/10). 2. Manutenção de decisão 
que, com esteio naquele enunciado 
sumular, declinou da competência em 
favor do Juízo Estadual, onde o 
apenado se acha custodiado, para que 
ali se proceda à unificação das penas 
impostas ao sentenciado por crimes 
de competência federal e estadual. 3. 
Agravo em execução penal 
desprovido. 
Encontrado em: -FED DEL- 2848 
ANO-1940 ART- 171 PAR-3 LEG-
FED SUM-192 (STJ) AGEXP 
Agravo em Execução Penal AGEPN 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
46 | P á g i n a 
 
condição de militar. 
O impedimento é uma pena em que sujeita o condenado a permanecer no 
recinto da unidade, sem prejuízo da instrução, conforme inteligência do Artigo 63 do 
CPM, trata-se de pena restritiva de liberdade, em que não há encarceramento. A pena de 
Impedimento é cominada exclusivamente ao crime de insubmissão (art. 183 do CPM) 
A Pena de suspensão consiste na agregação, no afastamento ou 
licenciamento temporário do condenado Art. 64 do CPM). Trata –se de pena principal, 
de natureza restritiva de direitos, que acarreta a suspensão do exercício do 
posto(oficial), graduação das (praças), pelo prazo determinado na sentença onde este 
prazo não será computado como tempo de serviço. 
A pena de reforma sujeita o militar estável condenado a situação de 
inatividade compulsória, com proventos proporcionais ao tempo de serviço. Trata-se de 
um pena restritiva de direitos prevista para alguns crimes militares 
2. Pena de Dois Anos Aplicada a Militar 
 
Pena até dois anos imposta a militar 
 
Art. 59. A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a 
militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão 
condicional: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 6.544, de 30/6/1978) 
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; 
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de 
presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo 
superior a dois anos. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
47 | P á g i n a 
 
 
3. Pena Superior a Dois Anos Aplicada a Militar 
 
Pena superior a dois anos, imposta a militar 
 
Art. 61. A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a 
militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento 
prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação 
penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Artigo com 
redação dada pela Lei nº 6.544, de 30/6/1978) 
 
4. Penas Acessórias. 
 
Penas Acessórias 
 
Art. 98. São penas acessórias: 
I - a perda de posto e patente; 
II - a indignidade para o oficialato; 
III - a incompatibilidade com o oficialato; 
IV - a exclusão das forças armadas; 
V - a perda da função pública, ainda que eletiva; 
VI - a inabilitação para o exercício de função pública; 
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; 
VIII - a suspensão dos direitos políticos. 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
48 | P á g i n a 
 
 
COMENTÁRIOS: 
 
Nos dizeres de Jorge Romeiro, penas acessórias “são penas 
complementares e ligadas à natureza do crime. Formas de repressão mediata, 
dependentes de outras”. Como se vê, tais penas, trazidas pelos arts. 98 e seguintes 
do Código Penal Militar, não surtem efeitos por si sós, porquanto dependem da 
aplicação de uma sanção principal: a pena principal. À guisa de comparação, o Código 
Penal comum já não fala em pena acessória, mas em efeitos da condenação, sendo o 
assunto em questão peculiaridade do Direito Penal Militar. Embora entendamos que a 
nova ordem constitucional tenha reduzido muito o âmbito de aplicação das penas 
acessórias, vejamos essas penas em espécie. 
O art. 98, do CPM enumera as chamadas

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