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Noções de Direito Administrativo

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Noções de Direito Administrativo 
 
 
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Sumário 
 
Introdução ................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
Aula 1 – A Administração Pública- Instrumento de atuação do Estado. .................................. 3 
Introdução ................................................................................................................................. 3 
1. Conceito: ............................................................................................................................. 4 
2. Objetivos: ............................................................................................................................ 4 
3. Classificação: ....................................................................................................................... 5 
4. Princípios: ............................................................................................................................ 5 
Aula 2 – Atos Administrativos - Manifestação unilateral de vontade da administração. ....... 11 
Introdução ............................................................................................................................... 11 
1. Conceito: ........................................................................................................................... 11 
2. Elementos ou Requisitos dos Atos Administrativos: ........................................................ 12 
3. Atributos (qualidades) dos Atos Administrativos. ............................................................ 13 
4. Classificação dos Atos Administrativos: ............................................................................ 14 
5. Espécies de Atos Administrativos mais comuns: .............................................................. 15 
6. Extinção dos Atos Administrativos: .................................................................................. 16 
7. Formas de extinção dos Atos Administrativos: ................................................................. 16 
Aula 3 – Poderes Administrativos – Prerrogativas da administração pública. ....................... 20 
Introdução ....................................................................................Erro! Indicador não definido. 
1. Poder – dever: ................................................................................................................... 20 
2. Poderes administrativos em espécie ................................................................................ 21 
Aula 4 – Serviço público - Atividades da administração pública. .......................................... 31 
Introdução ....................................................................................Erro! Indicador não definido. 
1. Noções Gerais e Conceito: ................................................................................................ 31 
2. Classificação: ..................................................................................................................... 32 
3. Titularidade: ...................................................................................................................... 33 
4. Regulamentação: .............................................................................................................. 34 
5. Princípios norteadores do Serviço Público: ...................................................................... 34 
6. Formas atuais de prestação de Serviços Públicos: ........................................................... 37 
Aula 5 – Servidores Públicos – Atividades da Administração Pública. ................................... 41 
Introdução ............................................................................................................................... 41 
1. Conceito de agentes públicos: .......................................................................................... 41 
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2. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ........................................... 44 
3. CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS: ................................. 45 
Aula 6 – Responsabilidade Civil do Estado- Teoria da Responsabilidade. ............................. 50 
Introdução ............................................................................................................................... 50 
1. Responsabilidade Estatal no Direito Positivo: .................................................................. 51 
2. As excludentes de responsabilidade – Responsabilidade Subjetiva ................................. 52 
3. Ação regressiva do Estado ................................................................................................ 54 
Aula 7 e 8 – Direito Administrativo Disciplinar Militar – Controle da Administração. ............ 56 
Introdução ............................................................................................................................... 56 
1. Ato administrativo disciplinar militar: .............................................................................. 57 
2. Requisitos dos atos disciplinares militares: ...................................................................... 57 
3. Processo administrativo disciplinar militar- PAD (específico da atividade policial militar):
 59 
4. Princípios aplicáveis ao Direito Disciplinar Militar: ........................................................... 60 
5. Coisa Julgada Administrativa: ........................................................................................... 63 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 65 
 
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 Aula 1 – A Administração Pública- Instrumento de atuação 
do Estado. 
 
Introdução 
 
O Estado se organizou para atender ao interesse público, ao bem estar da 
coletividade, para isso a maior Lei do país, a Constituição da República Federativa do 
Brasil/ 1988, estabeleceu regras no Capítulo VII para o administrador administrar o que 
é público. 
A Administração Pública pode ser direta ou indireta, dividindo-se da 
seguinte maneira: 
Direta: União, Estados, Distrito Federal, Municípios; 
Indireta: Autarquias, Fundações públicas, Sociedade de Economia Mista e 
Empresa Pública. 
 A Administração Pública Direta fiscaliza a Indireta. 
A Administração Pública está consagrada na CRFB/88 no art. 37: 
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá, aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. 
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1. Conceito: 
 
Portanto, a administração pública é um conjunto das funções 
desempenhadas para organizar a administração do Estado em todas as suas instâncias, 
bem como o conjunto de normas e leis que se referem a estas funções. 
E também, podemos dizer que é o conjunto de agentes estatais, órgãos e 
serviços que desenvolvem a atividade ou função administrativa, sejam eles do Poder 
Executivo, Legislativo ou Judiciário. 
Administração designa tanto uma atividade (material - o quê?) tanto o órgão 
que a exerce (orgânica - quem?). 
Conjunto de órgãos pelos quais se executam as tarefas públicas. 
Persegue sempre o interesse público, que supera o particular. 
É a atividade por meio da qual as autoridades públicas provêm à satisfação 
das necessidades do interesse público, servindo-se das prerrogativas do poder público. 
 
2. Objetivos: 
 
Os objetivos da administração pública visam atender às necessidades dos 
cidadãos daquele Município, Estado, Distrito Federal ou União, tais como educação, 
segurança, saúde, etc. Portanto é uma atividade concreta e imediata queo Estado 
desenvolve com base no interesse público. Mas o que é o Interesse público? 
O interesse público é o motor da ação administrativa, essencialmente 
desinteressada, numa perspectiva de bem comum. O livre jogo das trocas e das relações 
de trabalho permite o provimento de algumas necessidades mais urgentes do Homem. 
Essas necessidades a que a iniciativa privada não pode responder e que são vitais para a 
comunidade como um todo e para cada um dos seus membros constituem o domínio 
próprio da Administração: a esfera do INTERESSE PÚBLICO. Logo o interesse 
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público deve ser o fim último da atuação do administrador, mesmo que haja interesse 
estatal. 
 
3. Classificação: 
 
A classificação dos órgãos públicos pode ser definida através de diversos 
critérios, porém segundo José dos Santos Carvalho Filho, destacamos os mais 
importantes: 
a) Quanto à pessoa federativa: os órgãos dividem-se em federais, 
estaduais, distritais e municipais; 
b) Quanto à situação estrutural: Diretivos- aqueles que detêm comando e 
direção como função e Subordinados - aqueles que praticam funções rotineiras; 
c) Quanto à composição: Os órgãos podem dividir-se em: Singulares - 
quando compostos por um só agente ( ex. Chefia do Executivo- Presidente, Governador 
ou Prefeito) e Coletivos - quando praticados por vários agentes, são os mais comuns. 
 
4. Princípios: 
 
 O que são os princípios no Direito Administrativo? 
São as bases do modo de agir da Administração Pública, cabe ressaltar que a 
Constituição da Republica Federativa do Brasil/ CRFB/88, consagra princípios básicos 
para a Administração. 
a) Princípios constitucionais ou explícitos da Administração Pública 
(Art 37, caput, CRFB/88) 
 
São aqueles que estão expressamente descritos na Constituição da República 
Federativa do Brasil (CRFB/88) 
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• Princípio da Legalidade (Art. 5°, inciso II CF): “Ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” 
Na Administração Pública, só é permitido fazer o que a lei expressamente 
autoriza, ao passo que ao particular tudo que a lei não proíba é permitido. 
Esta submissão à legalidade não implica em dizer que a Administração 
Pública seja mera executora de atos impostos pela norma geral; existe uma 
“zona de liberdade” do administrador chamada de juízo discricionário, em 
que o administrador examina a conveniência e oportunidade na prática de 
atos administrativos, visando o interesse público. 
• Princípio da Impessoalidade: Pressupõe que a Administração Pública não 
poderá praticar atos que favoreçam um indivíduo apenas, em detrimento 
da coletividade. 
• Princípio da Moralidade: Não bastará ao Administrador o cumprimento 
dos requisitos legais; além disso, deverá pautar-se pela mais estrita 
moralidade, ética e razoabilidade no exercício de suas funções. Veja o 
Art. 34, § 4°CRFB: ”Os atos de improbidade administrativa importarão 
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a 
indisponibilidade de bens e o ressarcimento ao erário, na forma e 
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.” 
• Quando o conteúdo do ato administrativo contrariar a honestidade, 
justiça, equilíbrio, respeito à dignidade humana estará ferindo a 
moralidade administrativa. 
O controle da moralidade na Administração Pública pode ser feito através 
de: (i) Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), normalmente utilizada pelo MP; (ii) Ação 
Popular (Art. 5°, inciso LXXIII, CRFB), instrumento à disposição do cidadão comum. 
A Jurisprudência brasileira (STF) consagrou a efetividade deste princípio 
em defesa da probidade administrativa: 
• “O agente público não só tem que ser honesto e probo, mas tem que 
mostrar que possui tal qualidade...” (RE 160.381 – SP –Rel. Min. Marco 
Aurélio Mello – RTJ 153/1.030) 
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• Princípio da Publicidade: A publicidade evita os atos arbitrariamente 
sigilosos, pois que a Administração Pública maneja interesses, poderes e 
direitos pessoais; daí a necessidade de total transparência, pois o Poder 
emana do povo e em seu nome deve ser exercido (Art. 1° § 1°CRFB). 
Materializa-se pela inserção do ato no D.O. ou por edital afixado em 
local de divulgação de atos públicos. 
• Princípio da Eficiência (Art. 37, § 8° CF): A EC 19/98 inseriu este 
princípio no art.37, caput CRFB. A Administração Pública tem por 
obrigação executar seu mister com rapidez, utilizando a melhor técnica 
existente e obtendo o resultado almejado. 
• É a imposição à Administração Direta e Indireta atingir o bem comum, 
sempre em busca da qualidade, evitando desperdícios e garantindo 
rentabilidade social. 
 
c) Princípios derivados, implícitos, reconhecidos, setoriais ou 
infraconstitucionais: 
• São aqueles que não estão expressos na CRFB/88, mas estão contidos em 
outras leis: 
• Supremacia do Interesse Público sobre o Privado: mesmo quando 
aparentemente, tem em vista um fim estatal imediato, o fim último da 
atuação deve ser o interesse público. Ex.: desapropriação de bem privado. 
• Indisponibilidade dos Bens Públicos pelos Administradores: cabe a eles 
apenas geri-los e conservá-los, já que pertencem à coletividade. 
• Princípio da Autotutela: Por conta das múltiplas tarefas desenvolvidas 
diuturnamente, a Administração Pública comete equívocos a todo 
instante. Tais equívocos devem ser reparados, até pela impossibilidade de 
permanecer inerte a tais situações.O dever da autotutela enseja a revisão, 
de ofício, dos atos ilegais e o reexame de atos discricionários, a fim de 
mantê-los ou não. 
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• O STF consagrou o princípio da Autotutela em duas Súmulas: 376 e 473; 
a Lei do Processo Administrativo Federal (9.784/99), em seu art. 53 
também consagra esse princípio: 
• Art. 53: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando 
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.” 
• Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: um serviço estatal, para 
que seja rotulado como “público”, deve possuir o atributo da 
essencialidade e ser oferecido a todos (universalidade). A consequência 
desta afirmação é que um serviço público não pode ser interrompido. 
• Princípio da Segurança Jurídica: o constante conflito entre a legalidade 
dos atos praticados pela Administração Pública e a estabilidade das 
relações jurídicas é a semente deste princípio, que tem na prescrição e 
decadência suas principais ferramentas. 
O art. 54 da Lei 9.784/99 já adverte a Administração Pública para a 
observação da estabilidade das relações jurídicas e a previsibilidade de suas ações: 
Art. 54. “O direito da Administração de anular os atos administrativos de 
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da 
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.” 
• Princípio da Razoabilidade: Atrela-se às situações postas e as decisões 
administrativas, em que a harmonia, equilíbrio e as possibilidades 
ofertadas permitem decisões sensatas. O agente público deverá observar 
uma congruência lógica entre a situação posta diante de si e a decisão a 
tomar, a mais adequada à situação concreta. 
• Princípio da Proporcionalidade: Fundamenta-se no excesso de poder, que 
pode acarretar decisões administrativas que ultrapassem os limites do 
razoável, para alcançar os objetivos colimados. Nesta seara, as decisões 
dos agentes públicos devem obedecer a três critérios balizadores: (i) a 
adequação entre meios e fins; (ii) a proibição de utilizar-se de meios 
mais gravosos do que os necessários – vedação do excesso; (iii) a 
proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, o custo socioeconômico de 
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sua decisão não poderá ser superior aos benefícios trazidos por esta 
decisão à coletividade. 
 
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Exercícios: 
 
1) O Governador tem no caixa dinheiro para construir 10 escolas, mas ele 
constrói 5 de padrão mais elevado, ele não desviou o dinheiro público, porém 
ele não respeitou a um dos princípios constitucionais da administração pública. 
Marque a resposta certa: 
 
A ( ) Ele violou o princípio da moralidade, pois ele não atendeu ao bem estar 
maior; 
B ( ) Ele violou o princípio da publicidade pois não houve publicação ; 
C ( ) Ele violou o princípio da eficiência pois ele não prestou o serviço da melhor 
forma possível; 
D ( ) Ele violou o princípio da impessoalidade pois atendeu a um interesse 
particular. 
 
2) Analise a afirmação se é Verdadeiro (V) OU Falso (F) e marque a 
resposta certa: 
”A administração pública deve publicar edital prevendo data e local de 
realização de prova objetiva de concurso público.” 
 
I) A publicação do edital atende ao princípio da publicidade; 
II) O princípio da publicidade está expresso na CRFB/88, por isso é chamado 
princípio constitucional; 
III) Não há necessidade de publicação do edital; 
IV) O princípio da publicidade não está expresso na CRFB/88, por isso é chamado 
de infraconstitucional. 
 
Marque a resposta correta; 
a) VFVF 
b) VVFF 
c) VVVV 
d) FFFF 
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 Aula 2 – Atos Administrativos - Manifestação unilateral de 
vontade da administração. 
 
Introdução 
 
A atividade pública possui três categorias de atos, inconfundíveis entre si: 
os legislativos (leis, resoluções); os judiciais (sentenças etc.) e os administrativos 
(decretos, regulamentos, portarias, resoluções, instruções, ofícios, pareceres, certidões 
etc.). Este último será objeto do nosso estudo. 
 
1. Conceito: 
 
Para que ocorra um ato administrativo é necessário que a vontade venha do 
agente da Administração Pública ou de alguém dotado de suas prerrogativas, sob-
regime do Direito Público, visando a produção de efeitos jurídicos. 
De acordo com Hely Lopes Meirelles: “Ato administrativo é toda 
manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa 
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e 
declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.” 
Esses conceitos reportam-se aos atos unilaterais, ou seja, aqueles que se 
formam mediante vontade única, a da Administração Pública. A administração deve 
agir na qualidade de Poder Público, impondo sua vontade única, sobrepondo-se ao 
particular. O ato deve conter uma manifestação de vontade apta a produzir efeitos 
jurídicos para os administrados, para a Administração ou para seus servidores. O ato 
deve provir de agente público competente para praticá-lo, com finalidade pública e 
revestida da forma legal pressuposta. 
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2. Elementos ou Requisitos dos Atos Administrativos: 
 
Competência, forma, objeto, motivo e finalidade constituem a infraestrutura 
do ato administrativo, seja ele de que natureza for. Além desses, o mérito administrativo 
e o procedimento administrativo também concorrem para sua formação e validade. Sem 
esses elementos, o ato não será perfeito e não terá condições de produzir efeitos válidos. 
Será nulo ou anulável. 
COMPETÊNCIA (“quem pode o quê?”); FORMA (“como deve ser 
revestido?”); OBJETO (“o que mudará no mundo jurídico-administrativo?”); 
MOTIVO (“ que situação de fato ou de direito que causou a mudança?”); 
FINALIDADE (“quem é o beneficiado?”). 
A competência, finalidade e forma são elementos vinculados a Lei, em 
virtude do Princípio da Legalidade que norteia a Administração Pública. Já o objeto e o 
motivo são, em regra, discricionários, neste a Lei dá mais de uma opção para a escolha 
com critérios de conveniência e oportunidade, maior liberdade de atuação ao 
Administrador. 
Competência: É o poder atribuído ao agente público, ou delegatário, para o 
desempenho específico de suas funções. Resulta de lei e por ela é delimitada. Não é 
competente quem quer, mas quem pode, segundo a norma do Direito. 
Nenhum ato – discricionário ou vinculado – será válido se praticado por 
agente desprovido do poder legal para realizá-lo. 
 Finalidade: Trata-se do objetivo público a atingir. Não se aceita ato 
administrativo sem fim público a atingir ou desviado de sua finalidade específica. A 
finalidade está explícita ou implicitamente indicada na lei. 
Forma: A forma é o revestimento externo do ato. São os procedimentos 
exigidos para sua expressão legal válida. A regra geral é a forma escrita e pública (livre 
acesso de qualquer cidadão ao seu conteúdo). Contudo, admitem-se atos não escritos em 
caso de urgência (determinações de polícia administrativa); transitoriedade da 
manifestação (sinalização de trânsito feita por agente público competente) ou se o 
assunto é irrelevante para a Administração (ordens verbais de superior ao subordinado). 
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Motivo & Motivação: O motivo do ato é a situação de fato ou de direito 
que determina ou autoriza a realização do ato. É o motor da ação da Administração 
Pública em cada caso. Motivo é a intenção do agente em praticar o ato, é obrigatório, já 
a Motivação é a exposição escrita dos fundamentos do ato. É a sua justificativa, a 
indicação dos fatos e dos fundamentos que levaram a Administração a agir. Motivo e 
motivação expressam conteúdos jurídicos distintos. 
A motivação nos atos administrativos só será obrigatória, conforme alguns 
autores, somente se a Lei o dispuser, porém outros autores colocam que de acordo com 
o art. 93, inciso X, da CRFB/88, ela é obrigatória, logo não há um entendimento único 
doutrinário sobre o assunto. 
Objeto: É a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas 
concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação da Administração Pública. É 
o conteúdo do ato administrativo. Nos atos discricionários, o objeto depende da escolha 
do Poder Público, escolha essa que se baseia em critérios de valoração das 
circunstâncias existentes para a prática do ato e do próprio ato em si. É o chamado 
mérito administrativo que é a valoração das consequências ou vantagens da prática do 
ato administrativo discricionário. Na avaliação dessas circunstâncias, a Administração 
Pública utilizará critérios de proporcionalidade e razoabilidade, avaliando também 
elementos de conveniência, oportunidade, eficiência e justiça. Não há de se falar em 
mérito administrativo em atos vinculados, pois que seus objetos e motivos são baseados 
em disposições legais pré-existentes. É vedado ao Poder Judiciário exercer qualquer 
controle sobre o mérito administrativo do ato, exceto se caracterizado excesso (abuso) 
ou desvio de poder. 
 
3. Atributos (qualidades) dos Atos Administrativos. 
 
Presunção de Legitimidade: presumidos verdadeiros e conformes ao 
direito (legalidade e veracidade); Imperatividade: os atos administrativos devem possuir 
o atributo da coercitividade, impondo seus dispositivos a terceiros, independentemente 
de sua concordância; AutoExecutoriedade: permite a coação material para o 
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cumprimento da exigibilidade, sem necessidade de recorrer ao Judiciário, ex: 
guinchamento de carro parado em local proibido. 
 
4. Classificação dos Atos Administrativos: 
 
A) Quanto aos destinatários: Gerais ou regulares: não têm destinatários 
determinados, atingindo todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato 
ou de direito. Devem ser publicados em órgão oficial; Individuais ou especiais: dirigem-
se a destinatários certos, criandosituação jurídica particular. Se de efeitos externos (ex. 
desapropriação), começam a viger na publicação em órgão oficial; se de efeitos internos 
(ex. mudança de rotina administrativa de servidor em especial), basta a comunicação 
direta. 
B) Quanto ao alcance (abrangência): Internos: são aqueles que produzem 
efeitos somente no âmbito do órgão da Administração Pública que o expediu. São 
materializados sob a forma de portarias e instruções. Podem ser gerais ou especiais; 
ordinatórios e punitivos, conforme a necessidade do serviço público. Não dependem de 
publicação em órgão oficial; basta a cientificação direta aos destinatários. As portarias e 
instruções deveriam ser utilizadas somente para consumo interno da Administração; 
Externos: São aqueles que alcançam os administrados, os contratantes ou os próprios 
servidores. Só entram em execução após publicação em órgão oficial. Atos que onerem 
o patrimônio público devem ter forma externa e submetem-se ao controle judicial. 
c) Quanto à vontade administrativa: Atos simples: Emana de uma só 
autoridade ou órgão colegiado (ato simples coletivo); Atos complexos: para aperfeiçoar-
se exige a concorrência de vontades de órgãos ou agentes diversos, intra ou entre 
Poderes. Ex.: nomeação de Magistrados; Atos compostos: demandam manifestação de 
uma autoridade hierarquicamente superior para verificação de sua legitimidade. Ex.: 
homologação de licitação. 
 D) Quanto aos efeitos: Atos constitutivos: alteram uma relação jurídica. 
Ex.: autorização, permissão, revogação, sanção (multa); Atos declaratórios: declaram 
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situação preexistente. Ex.: certidões; Atos enunciativos: indicam juízos de valor. Ex.: 
pareceres. 
 E) Quanto à retratabilidade: Revogáveis: existe liberdade para retirá-los do 
mundo jurídico-administrativo. Ex.: autorização para estacionamento em prédio 
público; Irrevogáveis: não é possível retirá-los do mundo jurídico-administrativo, salvo 
situações excepcionais. Ex.: licença para exercer atividade profissional; licença para 
construir, licença para dirigir veículo. 
 
5. Espécies de Atos Administrativos mais comuns: 
 
Admissão: ato unilateral e vinculado onde a Administração faculta a alguém 
a inclusão em órgão público para gozo de um serviço público (ex. internação em 
hospital público); Concessão: atos ampliativos da esfera jurídica de alguém; 
Autorização: ato unilateral discricionário onde a Administração faculta precariamente o 
exercício de atividade material ou utilização de bem público. (ex.festa comunitária); 
Permissão: ato unilateral onde a Administração faculta precariamente a alguém a 
prestação de serviço de utilidade pública ou utilização especial de um bem público, em 
casos emergenciais; Licença: ato vinculado, onde a Administração faculta a alguém o 
exercício de atividade, uma vez preenchidos os pressupostos legais exigidos (ex. licença 
para edificar);Homologação: ato vinculado onde a Administração concorda com ato 
jurídico já praticado: Aprovação: ato unilateral discricionário onde a Administração 
aprova ato jurídico já praticado; Decreto: forma de expedição dos regulamentos; 
Portaria: (escalões inferiores); Alvará: fórmula de expedição de autorizações e licenças; 
Instrução: fórmula de expedição de normas gerais de organização interna da 
Administração; Avisos: similar à instrução só que utilizada nas repartições militares; 
Circular: instrumento de transmissão de ordens aos subordinados pelas autoridades 
superiores; Ordem de serviço: determinações acerca de como proceder determinado 
serviço; Resolução: decisões de órgãos colegiados; Parecer: opinião de órgão 
consultivo; Ofício: fórmula de comunicação entre os órgãos da Administração Pública; 
Despachos: abrange situações rotineiras dos agentes e algumas manifestações de caráter 
decisório. 
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6. Extinção dos Atos Administrativos: 
 
Uma vez cumprida sua função, o ato administrativo exaure-se, desaparece, 
extingue-se. Por vezes fatos ou atos posteriores interferem de maneira a suspender ou 
eliminar os efeitos de um ato administrativo, extinguindo-o também. Uma outra 
hipótese é aquela em que ou a Administração Pública ou o Judiciário fulminam o ato 
antes de sua eficácia. 
Extinção Natural: decorre do cumprimento de seus efeitos, sem 
consequências posteriores. ex.: destruição de mercadorias estragadas em blitz da 
Vigilância Sanitária; autorização para festa junina em uma única data; Extinção 
Subjetiva: ocorre com o desaparecimento do sujeito beneficiário do ato. Ex.: morte de 
permissionário; Extinção Objetiva: perecimento do objeto logo após a prática do ato, 
ex.: interdição de estabelecimento que, logo após, desaparece. 
 
7. Formas de extinção dos Atos Administrativos: 
 
Caducidade: a retirada explica-se pelo surgimento de nova legislação 
incompatível com a situação vigente até o momento. Ex.: permissão de uso de bem 
público que desaparece por advento de restrição ao uso daquele bem. 
Desfazimento volitivo: decorre da manifestação de vontade do 
administrador público. Tem três formas: cassação, invalidação e revogação. 
I) Cassação: 
Forma extintiva aplicada quando o beneficiário descumpre as condições de 
manutenção do ato. Como o ato é vinculado e sancionatório, o atingido é punido por 
não mais preencher os requisitos legais para sua subsistência. Ex.: cassação de licença 
para construir, para possuir estabelecimento, para dirigir veículo, perda de autorização 
para porte de arma por intoxicação química ou alcoólica (Estatuto do Desarmamento – 
Lei 10.826/03) 
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II) Invalidação ou anulação: 
Pode ser efetivada pelo Judiciário ou pela própria Administração para conter 
o vício de ilegalidade: Atos nulos: aqueles que não observam as formas prescritas em 
lei. Não admite convalidação; Atos anuláveis: ato praticado com vício de consentimento 
(erro). Admite a convalidação se o vício for sanado. Seu pressuposto é a presença de 
vício de legalidade: (1) Vício de competência; (2) Vício de finalidade: prática de ato 
com finalidades particulares, desprezando o interesse público; (3) Vício de forma: 
inobserva ou omite o meio exigido em lei para que seus efeitos sejam válidos; (4) Vício 
de motivo: inexistência de fundamento ou fundamento falso ou desconexo com o 
objeto; (5) Vício de objeto: prática de ato com conteúdo diverso do previsto em lei. O 
objeto é ilícito, impossível ou indeterminável. 
O ato viciado pela legalidade pode ser anulado pelo Judiciário (Mandado de 
Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública) ou pela própria Administração (dever da 
autotutela - exercida ex officio). Existem alguns limites para a invalidação de atos 
administrativos: decurso de tempo (prescrição por criação de situações estáveis), efeitos 
já consolidados (a invalidação terá custo mais alto – preservação de direitos 
consolidados – “fato consumado”). Em certas ocasiões, a autotutela somente pode ser 
exercida mediante contraditório, em casos de violação de interesses de particulares ou 
de agentes públicos atingidos – evitar abuso de poder da Administração. Efeitos da 
Invalidação: Ex tunc ( tudo retroage); não se convalidam pelo decurso de tempo; a 
invalidação atinge o momento de sua edição. Direitos de terceiros de boa-fé são 
resguardados. Prazo decadencial para anular: 5 anos, salvo comprovada má-fé (Art. 54 
Lei 9.784/99). 
III) Revogação: 
É a extinção de um ato ou de seus efeitos por outro ato administrativo, 
devido a razões de conveniência e oportunidade, porém respeitando os efeitos 
anteriores. Efeitos da revogação: Ex nunc (nada retroage), atua para o futuro, 
mantendo os efeitos passados. 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
18 | P á g i n a 
 
Logo é o poder discricionário da Administração que poderá fazê-lo, 
somente. 
Sujeito ativo é o agentepúblico competente em exercício de função 
administrativo; Objeto: ato ou relação jurídica válida; Fundamento: competência 
discricionária para decidir acerca de determinada situação; Motivo: inconveniência e/ou 
inoportunidade de manter a situação revogada; Explícita: simples declaração de 
revogação; Implícita: expedição de ato incompatível com o anterior; a revogação, 
quando legítima, não dá margem à indenização e os efeitos atingem aos atos válidos.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
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Exercícios: 
 
1) “Os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários” 
De acordo com a assertiva acima coloque V (verdadeiro) ou F (Falso) e marque 
a reposta certa: 
a) ( ) Os Atos administrativos vinculados estão atrelados a Lei; 
b) ( ) Os Atos Administrativos discricionários ocorrem de acordo com os 
critérios de conveniência e oportunidade do Administrador; 
c) ( ) Os elementos do ato administrativo: competência, forma e finalidade são 
vinculados; 
d) ( ) Os elementos do ato administrativo: competência e finalidade são 
discricionários. 
a) VVVV 
b) FVVV 
c) VVVF 
d) FFVF 
2- Marque a resposta certa: Os efeitos da invalidação são chamados de “ 
Ex tunc”, pois: 
a) Nada retroage anteriormente, só ocorre invalidação a partir daquele 
momento, logo, somente para os efeitos futuros; 
b) Tudo retroage, pois atinge o momento da sua edição, atinge os momentos 
passados e futuros; 
c) A Administração não pode efetivar a invalidação do ato, somente o Judiciário; 
d) O Judiciário não pode anular o vício de legalidade. 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
20 | P á g i n a 
 
 Aula 3 – Poderes Administrativos – Prerrogativas da 
administração pública. 
 
 
 
1. Poder – dever: 
 
Os poderes administrativos são concedidos aos agentes do Poder Público 
para que possam agir com base no interesse público, por isso eles são irrenunciáveis e 
devem ser exercidos pelos seus titulares, vedando assim a inércia para que não haja 
reflexos na coletividade.Portanto é uma obrigação do administrador público atuar, 
sempre em benefício da coletividade. A Administração Pública está calcada numa ideia 
de função, em que um sujeito dispõe de um poder que deve ser utilizado para satisfazer 
interesse de outrem, a coletividade. 
a) Desvio (ou Abuso) de Poder: 
O Desvio de poder é a utilização de uma competência em desacordo com a 
finalidade que lhe preside a instituição. Ocorre quando a autoridade administrativa 
cumpre um ato de sua competência, mas em vista de fim diverso daquele para o qual o 
ato poderia ser legalmente cumprido. É a violação jurídica do poder legítimo, para 
atender a fins diversos dos supostos na sua investidura. É uma modalidade de abuso de 
direito. Logo, é a utilização de uma competência em desacordo com a finalidade que lhe 
foi concedida. Ocorre quando a autoridade administrativa cumpre um ato de sua 
competência, mas com fim diverso daquele para o qual o ato poderia ser legalmente 
cumprido. 
b) Modalidades de Desvio de Poder. 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
21 | P á g i n a 
 
O agente, servindo-se de competência que possui, busca finalidade alheia ao 
interesse público. Ex.: favoritismo, interesse pessoal etc. 
O agente, manejando competência que lhe é investida, busca atender 
finalidade pública diversa da que a competência investida lhe confere poderes. 
Ex.:utilização de orçamento público para fim diverso, improbidade com danos ao Erário 
por erro administrativo etc. 
Desvio alheio a qualquer finalidade pública: utilizada para dar vazão a 
interesses pessoais, normalmente no uso de competência discricionária. De difícil 
constatação, demandando investigação sobre a motivação. Desvio praticado com vistas 
a um fim legal, mas diverso da competência investida. 
 
2. Poderes administrativos em espécie 
 
A) Poder Vinculado: 
Existem atividades administrativas que estão pautadas na Lei, conforme 
visto anteriormente na Unidade II- Atos Administrativos, logo não há qualquer 
liberdade quanto à atividade a ser desempenhada, neste caso, o agente público é um 
mero executor da Lei, pois ele deve submeter-se inteiramente ao mandamento legal, ele 
não tem nenhuma liberdade de escolha, pois a lei não lhe dá tal possibilidade. 
B) Poder Discricionário: 
É a faculdade que a lei confere à Administração Pública para apreciar um 
caso concreto, segundo critérios de oportunidade e conveniência, e escolher uma dentre 
duas ou mais soluções, todas válidas perante a ordem jurídica vigente. Aplica-se em 
quatro situações: 
 A lei expressamente a confere à Administração; 
 A lei é insuficiente e não previu situação nova; 
 A lei prevê determinada competência, mas não estabelece conduta a ser 
adotada (ex. poder de polícia fiscalizador); 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
22 | P á g i n a 
 
 A lei utiliza conceitos jurídicos indeterminados (ordem pública, motivo 
urgente, notório saber etc.). 
A seara do Direito Público é dominada pela noção de função, de dever da 
boa administração, da rapidez, eficiência e do rendimento; a Administração está posta 
em uma situação de sujeição ao dever de atingir a uma finalidade. Desse dever decorre 
um poder instrumental, absolutamente necessário, para que sejam atingidas essas 
finalidades públicas, poder esse que é mera decorrência da lógica do dever. A lei pode 
regular as várias situações possíveis, estabelecendo de antemão os critérios objetivos em 
que será aplicada, de modo completo; ou seja, um comportamento padronizado que o 
julgador deve obrigatoriamente proceder ao deparar-se com tal situação. Contudo, 
raramente as leis chegam a tais detalhes, pois que a evolução social humana cria 
situações novas a todo instante. 
Há casos em que o Direito se omite em mencionar a situação de fato, 
utilizando expressões vagas e abrangentes: ordem pública; notável saber; situação 
urgente ou relevante. São os conceitos jurídicos indeterminados. Deflui então, no 
comando da norma certa liberdade do agente público em praticar ou não o 
comportamento, de determinada forma (caso decida praticá-lo), e em que momento (o 
mais propício). Neste caso diz-se que há o juízo discricionário do administrador. Como 
se dá o Uso da Discricionariedade? Determinação ou reconhecimento da situação fática; 
Decisão de agir ou não agir; Escolher a ocasião propícia para agir; Escolher a forma 
jurídica de agir; Escolher a medida considerada idônea, razoável e proporcional para 
aquela situação fática e que satisfaça a determinação legal. O Que Limita a 
Discricionariedade? Legalidade (controle judicial), Controle legislativo, Razoabilidade 
(sensatez), Proporcionalidade (ponderação). 
C) Poder Regulamentar: 
É a prerrogativa da Administração Pública de detalhar como será o 
cumprimento de uma lei, emitindo regulamentos (decretos, portarias, circulares, 
instruções normativas etc.). O regulamento é expedido pelo Poder Executivo, já a lei 
vem do Legislativo; o regulamento não cria direitos, apenas descreve como serão 
exercidos. Ex.: O Decreto Lei 220/75 cria o Estatuto do servidor Público RJ, instituindo 
os direitos e deveres do servidor; já o Decreto 2.479/79, regulamenta tais direitos e 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
23 | P á g i n a 
 
deveres, detalhando como serão concretizados. O termo regulamento é por demais 
amplo para que possamos denominar uma só espécie de ato de administração. Os pontos 
em comum são o fato de possuírem caráter abstrato e geral e de serem expedidos por 
órgão diverso do Legislativo. O princípio da legalidade atribui ao regulamento caráter 
estritamente de ato subordinado, subalterno e dependente de lei. Cumpre ao 
regulamento resolver o problema da execução de lei.Trata-se de mero cometimento 
técnico, desimportante no aspecto de direito material. Caberesaltar que, a lei provém do 
Legislativo, o regulamento do Executivo. Ao regulamento não cabe alterar situação 
jurídica anterior ou vigente, mas apenas pormenorizar as condições de modificação 
originária de outro ato, qual seja a lei. De acordo com o art. 5º, II c/c art. 84 IV, ambos 
da CRFB/88, não há lugar para regulamentos executivos, mas tão somente para a “fiel 
execução da lei”. 
D) Poder hierárquico e disciplinar: 
O Poder disciplinar decorre do Poder Hierárquico, a estrutura da 
Administração Pública contém os cargos de chefes e seus subordinados, o exercício do 
Poder Hierárquico permite que as chefias imponham às suas equipes o cumprimento das 
tarefas inerentes o serviço público, caso os subordinados não as cumpram ou as 
cumpram com ineficiência, entra em ação o Poder Disciplinar, que permite a orientação, 
correção ou punição do servidor, chamada de penalidades que podem ser: advertência, 
suspensão, demissão, cassação de aposentadoria, por exemplo, cabe ressaltar que a 
exoneração não tem natureza disciplinar, é o direito unilateral de pedir desligamento por 
vontade exclusiva da pessoa. 
 E) PODER DE POLÍCIA: 
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à 
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade 
pública ou ao respeito à propriedade e a expressão poder de polícia tem um sentido 
amplo, em que significa toda e qualquer ação restritiva de direitos individuais oposta 
pelo Estado. Em sentido estrito, é a atividade administrativa em que aos agentes 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
24 | P á g i n a 
 
públicos são conferidas certas prerrogativas que consistem no poder de restringir e 
condicionar a liberdade e a propriedade. É a chamada polícia administrativa. 
Poder de Polícia Administrativa (Exercido pela Polícia Militar). 
O poder de polícia administrativo tem como aspecto da Administração os 
eventos ou relações jurídicas que geralmente constituiriam de direito particular, mas que 
a influência da entidade pública delonga obrigatoriamente, a responsabilidade do regime 
jurídico de direito público. 
O objetivo da polícia administrativa é a manutenção da ordem pública geral, 
impedindo preventivamente infrações das leis. Prova disso é que pode agir 
preventivamente, como repressivamente. Nas duas hipóteses, a sua função é evitar que o 
comportamento do indivíduo cause prejuízos para toda a coletividade. 
O poder de polícia administrativa protege vários valores como, por 
exemplo, o da segurança pública, da ordem pública, tranquilidade pública, de higiene e 
saúde públicas, dentre outros com mesmo nível de importância para a Administração 
Pública. A Polícia Administrativa tem caráter predominantemente preventivo, atuando 
antes de o crime ocorrer, para evitá-lo, submetendo-se essencialmente às regras do 
Direito Administrativo. No Brasil, a polícia administrativa é associada ao chamado 
policiamento ostensivo, sendo realizada pela Polícia Militar. 
Podemos estabelecer que o poder de polícia do Estado se encontra, 
tipicamente, nos Órgãos Policiais. Tal afirmação tem fundamento no artigo 144 da 
Constituição Federal de 1988 que estabelece as Instituições Policiais que compõem a 
Segurança Pública em cada um de seus níveis. Temos ainda, nos parágrafos do artigo 
que deixam expresso as atribuições e competências de cada órgão policial. 
O Poder de Policia que abrange a Administração Pública precisa ressalvar o 
objetivo do interesse público em detrimento do interesse particular. É de grande valia 
que a Administração Pública cumpra seus atos com proporcionalidade, para que não 
ultrapassem o que a lei permite, observando, assim os princípios constitucionais. 
Portanto, o principio da proporcionalidade atua como limitador. Assim, como todo ato 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
25 | P á g i n a 
 
da Administração Pública, a polícia administrativa mesmo discricionária, sempre terá 
limite imposto pela lei e ressaltando sempre o princípio da proporcionalidade. 
Fundamentação 
O poder de polícia administrativa tem fundamento no principio da 
predominância do interesse público sobreposto o do particular, oferecendo a 
Administração Pública a posição de preeminência sobre os particulares. 
Portanto o poder que a atividade da polícia administrativa proclama é o 
efeito da sua propriedade de executiva das leis administrativas. No entanto que ao 
exercer estas leis, a Administração Pública não tem o dever de deixar de cumprir sua 
autoridade indistintamente sobre os cidadãos que permaneçam sujeitos ao império 
destas leis. 
É dever da polícia administrativa a conservação da ordem, cautela, e amparo 
da sociedade, afirmando os direitos singulares e ajudando no cumprimento dos atos e 
decisões da justiça. Portanto é necessário que a polícia faça sua intervenção sem 
restrições na ocasião oportuna, razão pelo qual certa flexibilidade ou até mesmo a livre 
escolha dos meios é inerente da polícia administrativa. 
Partindo, assim, da premissa da vital necessidade do poder de polícia para 
manter a ordem de toda sociedade e preservar o interesse público, quando este estiver 
ameaçado por interesse particular, concede-se a caráter de discricionariedade para o 
poder de polícia, a fim de se atuar conforme os casos concretos requeiram. Uma vez que 
cada caso é um caso específico, cada questão deve ser tratada a partir de sua 
singularidade, dotando a Polícia Militar com o poder de polícia para atuar relativamente 
autônomo. 
POLICIA MILITAR E SUAS ATRIBUIÇÕES 
Na policia militar feito uma formação com base na disciplina militar para a 
execução das atividades. Através das instruções com base na hierarquia e disciplina, e 
ensinamento em legislações atuais para poder saber como atuar perante de ações que um 
agente da segurança pública lhe é atribuído. Através da hierarquia é feito a distribuição 
https://jus.com.br/tudo/propriedade
Noções de Direito Administrativo 
 
 
26 | P á g i n a 
 
de funções. Por meio da disciplina é definido a distribuição de funções e as ações 
inerentes. 
 A estrutura hierárquica da polícia militar possui dois quadros com base na LEI 
Nº 443, de 01 de julho de 1981, que tratam sobre o Estatuto da Polícia Militar do Estado 
do Rio de Janeiro. O quadro dos oficiais, formado por Coronel, seguido de Tenente-
Coronel e Major; oficial intermediário: o Capitão; e os oficiais subalternos: 1º Tenente e 
2º Tenente. Quadro de Praças, formado por Subtenente, 1º Sargento, 2º Sargento e 3º 
Sargento, Cabo e Soldado. 
 A Polícia militar é responsável pelo policiamento preventivo e 
ostensivo, assim como elenca o artigo 144, parágrafo 5º da CRFB/88, que fala sobre as 
atribuições das policias militares, que diz: 
Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e 
a preservação da ordem pública; aos corpos de 
bombeiros militares, além das atribuições 
definidas em lei, incumbe a execução de 
atividades de defesa civil. 
Caso o policial militar venha ultrapassar a sua finalidade administrativa e 
passando do limites de suas responsabilidades ou abusando do uso proporcional da 
força ferindo o princípio da proporcionalidade, além das responsabilidades 
administrativas o policial militar também pode ser responsabilizado penalmente nos 
Tribunais da Justiça Comum conforme a Súmula 172 do STJ, e na Justiça Militar. 
Perante do poder de polícia que o policial militar possui muito se debate a 
proporcionalidade da força para que o mesmo não alcance o abuso de autoridade. 
Mesmo autorizado por lei para empregar a força necessária para manter o sossego da 
sociedade. 
O princípio da proporcionalidade é bastante empregado em umaocorrência 
policial. Observando os limites para que a ação conduza contida na legalidade. Todo o 
policial militar tem que manusear bem a lei e a natureza jurídica, para cumprir o seu 
serviço e para não cometer abusos, pois o policial militar age em nome do Estado. Sobre 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
27 | P á g i n a 
 
o uso da proporcionalidade ela varia dependendo de como se encontra o cenário da 
ocorrência, podendo ser usado até a arma de fogo em casos mais severos. 
Agir diante da legalidade é uma obrigação que todo policial militar tem. 
Quando o polícia militar age com violência diante de uma situação de risco e ultrapassa 
os limites do uso da proporcionalidade da força respaldado pelo poder de polícia, o 
policial deverá responder por esse excesso que poderá até ocasionar o abuso de 
autoridade estando sujeito as sanções da lei 4.898/1965. Além do que a administração 
pública abre um PAD para os procedimentos desse ato cometido pelo policial militar e 
seja verificado e executado o que for cabível ao Militar Estadual, respeitando sempre o 
direito da ampla defesa e do contraditório. 
Todo policial militar tem que passar por diversos cursos de aperfeiçoamento 
e qualificação, e doutrinas que o levam a ter uma postura no perfil de uma policia 
comunitária. Deve ter uma qualificação em estudos das leis pertinentes a sua atuação de 
forma que não venha aproveitar dos atributos que o poder de policia lhe concede e usar 
de forma indevida e abusiva. 
Podemos assim dizer, que, o poder de polícia administrativa se fundamenta 
basicamente no principio da predominância do interesse público sobre o do particular, 
passando para a Administração Pública uma posição de supremacia sobre os 
particulares. 
 O poder que a atividade da polícia administrativa expressa é a decorrência 
da sua característica de executora das leis administrativas. Para cumprir estas leis, a 
Administração não deve deixar de cumprir sua autoridade indistintamente sobre todos 
os cidadãos que fiquem sujeitos cumprimento destas leis. Assim se manifesta na 
Administração uma supremacia geral. 
Compete a polícia administrativa, a sustentação da ordem, vigilância, e 
proteção da sociedade, garantindo os direitos individuais e amparando a execução dos 
atos e decisões da justiça. A polícia precisa intervir sem restrições no momento 
oportuno, motivo pelo qual certa flexibilidade ou a livre escolha dos meios é 
inseparável da polícia administrativa. 
https://jus.com.br/tudo/abuso-de-autoridade
https://jus.com.br/tudo/abuso-de-autoridade
Noções de Direito Administrativo 
 
 
28 | P á g i n a 
 
a) Características do Poder de Polícia: 
 Discricionariedade: o poder de polícia é discricionário, pois a 
Administração Pública exerce sua liberdade de decisão nos 
parâmetros do interesse público. 
 Autoexecutoriedade: as medidas da polícia administrativas são 
autoexecutórias, ou seja, a Administração pode promover a 
obediência a seus atos independentemente de julgamento ou ordem 
de execução do Poder Judiciário. Exemplo: interrupção de 
espetáculo teatral obsceno sem prévia declaração judicial; 
fechamento de planta industrial sob o argumento de excesso de 
emanação de gases tóxicos, acima do tolerável. 
 Coercibilidade: se a atividade corresponde a um poder da 
Administração Pública de obrigar todos os administrados a obedecer 
aos comandos, podendo a Administração utilizar-se até de força 
física para fazer valer seus comandos e vencer resistências. 
b) Modalidade de Aplicação da Administração Pública com Poder de 
Polícia: 
- Atos Normativos: tem conteúdo genérico, abstrato e impessoal, com 
ampla abrangência. São as portarias, resoluções, decretos e equivalentes. Exs: condições 
de venda de bebidas alcoólicas em certos locais; proibição de soltar balões; 
- Atos Concretos: são editados a indivíduos preordenados e identificados. 
Podem ser sancionatórios (multas), ou de consentimento (licenças, autorizações). 
Subdividem-se em: Consentimentos: é a resposta da Administração em relação a 
pedidos de particulares que dependam de uma resposta positiva para legitimar suas 
atividades. Ex.: licenças (atos vinculados e definitivos), e autorizações (atos 
discricionários e precários). O instrumento desses atos é o alvará ou similares. E Atos 
de Fiscalização: apresenta o aspecto preventivo (impedimento de dano à coletividade), 
e repressivo (face à transgressão de uma norma de polícia, enseja uma sanção - via de 
regra multa). Ex.: fiscalização de estabelecimentos comerciais em relação à sua higiene; 
segurança de eventos organizados em locais públicos por particulares; fechamento de 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
29 | P á g i n a 
 
estabelecimento comercial sem licença; interdição de casa de exploração de lenocínio; 
retirada de veículo que esteja obstruindo a via pública etc. 
c) Competência para Exercício do Poder de Polícia: 
A competência originária é do ente federativo (União, Estados e 
Municípios); estes entes delegam tais competências a órgãos ou entidades da 
Administração Direta (Receita Federal do Brasil) ou Indireta (Guarda Municipal, 
ANVISA etc.) para executá-los; tais entidades ou órgãos têm competência derivada. 
Quando a restrição se origina das pessoas federativas, que minudenciam as 
leis restritivas, diz-se que está em ação o poder de polícia originário; quando as 
atividades restritivas emanam dos agentes e órgãos internos da Administração Pública, 
vinculados às pessoas federativas competentes originárias, diz-se que está em ação o 
poder de polícia derivado. Essas pessoas recebem delegação para serem a longa manus 
do Estado. 
d) Delegação do Poder se Polícia: 
Essa delegação deve ocorrer em lei formal, criada pelo Legislativo (em 
regra). A existência de lei é um pressuposto formal de validade do poder de polícia 
administrativa e o delegatário deve ser integrante da Administração Pública. Três 
condições devem ser preenchidas: (i) a pessoa jurídica deve integrar a Administração 
Pública Indireta; (ii) a delegação de competência deve ser conferida por lei; (iii) o poder 
de polícia deve cingir-se à prática de atos de natureza executória e não inovadora. O 
poder de polícia administrativa não pode ser delegado a particulares, salvo 
circunstâncias muito especiais (ex: capitães de navios), pois que não lhes cabe exercer 
poderes típicos do Estado, quando estão em jogo valores como a liberdade e a 
propriedade. Alguns atos predecessores de atos de polícia: os chamados 
credenciamentos (controle de infrações de trânsito por “pardais”) - não há sanção ou 
decisão, mas mera constatação de infração de trânsito. Particulares praticarem atos 
materiais após os atos de polícia administrativa: contratação de empresa privada para 
demolição de edificação fora das normas do plano diretor do Município. 
 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
30 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exercícios: 
 
1) As características do Pode de Polícia são: 
 
a) Discricionariedade, vinculação e autoexecutoriedade; 
b) Discricionariedade, coercibilidade e autoexecutoriedade; 
c) Vinculação, coercibilidade e autoexecutoriedade; 
d) Disciplinar; vinculação; discricionariedade. 
 
2) A competência originária para exercer o Poder de Polícia: 
I) União; 
II) Estado; 
III) Município; 
IV) Entes Federativos 
Marque a resposta certa: 
a) Todas as afirmativas são falsas; 
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras; 
c) As afirmativas III e IV são falsas 
d) Todas as afirmativas são verdadeiras 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
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 Aula 4 – Serviço público - Atividades da administração 
pública. 
 
 
1. Noções Gerais e Conceito: 
 
As instituições jurídicas estão conexas com o contexto socioeconômico da 
sociedade e suas relações com o Estado. Tais relações são mutantes e transcendem 
ideologias. Um dos melhores exemplos destamutatividade são os serviços públicos , 
que na sua abrangência pode alcançar, a todo e qualquer serviço prestado pelo Estado. 
Basicamente através do regime de direito público, o serviço público é toda 
atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, com vistas à satisfazer as 
necessidades essenciais e secundárias da coletividade 
 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
32 | P á g i n a 
 
 
2. Classificação: 
 
Os serviços públicos podem ser divididos em quatro categorias: 
 
a) Serviços delegáveis e indelegáveis: 
Os serviços delegáveis podem ser executados pelo Estado ou por 
particulares colaboradores, como por exemplo, os serviços de transporte coletivo, 
sistema de telefonia, etc.. 
Os serviços indelegáveis só podem ser prestados pelo Estado, quer dizer por 
seus próprios órgãos ou agentes, como por exemplo, fiscalização de atividades, os 
serviços de defesa nacional, segurança pública, etc. 
b) Serviços administrativos e de utilidade: 
Consideram-se serviços administrativos são aqueles que a administração 
executa para atender suas necessidades internas, como por exemplo, quando edita a 
imprensa oficial para publicação de ato administrativo. 
Já os serviços de utilidade pública se destinam ao indivíduo, a administração 
presta diretamente ou permite que seja prestado por terceiros (permissionários, 
concessionários) em condições regulamentadas e sob seu controle, como por exemplo, a 
energia domiciliar, fornecimento de gás. 
c) Serviços coletivos e singulares: 
Serviços coletivos: São aqueles destinados indeterminados indivíduos, de 
acordo com a conveniência e possibilidade administrativa, como por exemplo: 
iluminação pública, abastecimento de água e etc. 
Serviços singulares: Os destinatários são individualizados, exemplo: uso de 
linha telefônica, energia domiciliar. 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
33 | P á g i n a 
 
 
d) Serviços Sociais e Econômicos: 
Serviços sociais: são executados pelo Estado para atender as necessidades 
básicas, como por exemplo: serviço de assistência à criança e ao adolescente, assistência 
educacional, etc 
Serviços econômicos: são aqueles que dão lucros de sua execução, parecida 
com as atividades de caráter tipicamente empresarial, como exemplo : serviços de 
energia elétrica, gás canalizado, transportes coletivos, etc. 
 
3. Titularidade: 
 
A forma de Estado do Brasil é a Federação, portanto os entes federativos: 
União, Estado, Município e Distrito Federal, que são pessoas jurídicas de Direito 
Público, controlam, instituem e regulamentam os diversos serviços públicos e podemos 
acrescentar as autarquias e fundações públicas. 
Existem serviços comuns e outros privativos em relação à Federação, os 
serviços privativos são dados a somente uma esfera federativa, como prescreve o art. 21 
da CRFB/88, incisos VII, X, XXII, como por exemplo, emissão de moeda, serviço 
postal, são privativos da União, Já o art. 25, § 2º, da CRFB/88, consagra o que é 
privativo do Estado, como por exemplo o serviço de distribuição de gás canalizado, o 
art. 30, inciso III e V, da CRFB/88, reza a respeito do que é privativo do município, 
como por exemplo a arrecadação de tributos municipais. 
Os serviços comuns são aqueles que podem ser prestados por mais de um 
ente federativo, também está disposto na CRFB/88, que consagrou no art. 23, vários 
serviços comuns em relação a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, como por 
exemplo a proteção ao meio ambiente. Cabe resaltar que o art. 175 da CRFB/88, prevê 
as formas de prestação de serviço público, no caput: “Incumbe ao Poder Público, na 
forma da lei, diretamente ou sob-regime de concessão ou permissão, sempre através de 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
34 | P á g i n a 
 
licitação, a prestação de serviços públicos.” Logo, a prestação é apenas temporária e 
nunca há delegação da titularidade do serviço público. 
4. Regulamentação: 
 
É necessário que haja uma regulamentação para que os serviços públicos 
sejam executados, seja através de leis, decretos ou outros atos regulamentares é uma 
garantia para o Poder Público, ao prestador do serviço e aos próprios indivíduos. 
 
5. Princípios norteadores do Serviço Público: 
 
Através dos anos, a doutrina tem atribuído diversos princípios jurídicos 
inerentes aos serviços públicos, alguns indispensáveis, outros apenas opcionais, 
dependendo do perfil da atividade econômica designada como serviço público. 
Princípio da Continuidade: 
O serviço público deve ser prestado sem interrupções, a não ser nas 
hipóteses previstas em lei. Deriva de sua indispensabilidade, no tocante à sua 
essencialidade e no interesse geral como objeto de sua satisfação. 
O ordenamento de defesa do consumidor (Lei 8.078/90) dispõe que a 
atividade deve ser contínua, quando o serviço for essencial. Evidente que interrupções 
de ordem técnica são suportáveis, ou até mesmo o inadimplemento do usuário, 
consoante a lei de concessões. Esta última situação tem sido tratada de maneira 
antagônica pelos nossos tribunais, em especial nos casos de fornecimento de energia 
elétrica ou de água e esgotos. O entendimento é que se é ou não serviço obrigatório, 
prestado coercitivamente pelo Estado, através de um delegado concessionário. 
Alinhamo-nos com a corrente que afirma que serviços obrigatórios não podem ser 
suspensos, já que sua prestação se faz no sentido público comum (o famigerado 
“interesse público”), e são essenciais à dignidade da pessoa humana. 
Princípio da Regularidade 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
35 | P á g i n a 
 
Nada tem a ver com continuidade de prestação, mas sim com a anuência em 
relação às normas que lhe sejam aplicáveis. Se a prestação do serviço deve abranger a 
todos que possam exigi-la e utilizá-los, este serviço deve ater-se a regulamentos de 
natureza intervencionista por parte do Estado. 
Princípio da Uniformidade 
A prestação do serviço deverá ser sempre igual para os que se encontrem em 
situações idênticas, com respeito, é claro com as diferenças de algumas condições. 
Qualquer distinção deve ser com base na razoabilidade, e na proporcionalidade em 
relação a cada caso concreto. 
Princípio da Neutralidade 
Devendo ser observado por todos os que colaboram nos serviços públicos, 
trata-se da observância do bom senso, para que a prestação do serviço se configure, 
onde liberdade e consciência caminhem juntas, evitando que a prestação de serviços 
públicos seja foco de propaganda ideológica ou política, ou mesmo de interesses 
pessoais ou corporativos. 
Princípio da Universalidade 
É a possibilidade de o serviço público ser exigido e utilizado por todos, 
indistintamente, sem elitização de seu uso. Influenciou a noção de serviços universais. 
Princípio da Obrigatoriedade 
A obrigatoriedade da prestação e a sua exigibilidade por parte dos usuários 
são apontadas como traços inerentes aos serviços públicos. Este dever pesa sobre quem 
tem a responsabilidade de realizar o serviço sempre que requerido, já que o usuário não 
tem de utilizá-lo sempre. 
Princípio da Modicidade 
A contraprestação exigida dos usuários seja o prestador Estado ou 
concessionário, deve estar num patamar razoável para que dê acesso à coletividade e 
não inviabilize o acesso àquele serviço (compatível com a natureza social deste). 
Podemos ver que este princípio é uma continuação do princípio da universalidade. 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
36 | P á g i n a 
 
 
Princípio da Participação dos Usuários 
Novidade na área de doutrina nos serviços públicos, este princípio está 
associado às regras pertinentes à organização dos serviços públicos e seus usuários, num 
processo de interação. É o chamado controle social dos serviços públicos, em que, ao 
sistematizar no ordenamento jurídico os serviços públicos, a sociedade seja chamada a 
participar.A Constituição já prevê a participação do usuário, em seu artigo 37, § 3º, 
incisoI (redação dada pela EC 19/98) . 
Princípio da Cortesia 
Traduz-se no bom acolhimento ao público, sendo um dever, tanto do agente 
público, quanto do concessionário dos serviços, e um direito do cidadão. 
 Princípio da Eficiência: 
Os serviços prestados pelo Estado devem ser com a maior eficiência 
possível, em conformidade com o princípio da continuidade, deve o Poder Público s e 
atualizar cada vez mais com o avanço tecnológico, com maior proveito e menor custo. 
Logo, é satisfazer as necessidades de maneira menos onerosa, está consagrado no art. 
37, da CRFB/88. 
 Princípio da Responsabilidade 
A Administração Pública tem responsabilidade patrimonial pela sua atuação 
em geral. Tal já está pacificado, especialmente no âmbito dos serviços públicos 
prestados por pessoas de Direito Privado, no artigo 37, § 6º da Constituição da 
República. 
 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
37 | P á g i n a 
 
 
6. Formas atuais de prestação de Serviços Públicos: 
 
a) As Parcerias Público Privadas ( PPP-LEI 11079/2004) 
É a parceria feita pela Administração Pública e a iniciativa privada com base 
no fornecimento de serviços de qualidade para a população, por um grande período de 
tempo. Com o objetivo de melhor atendimento de uma demanda social, o setor privado 
projeta, financia, executa e opera uma obra/serviço, devendo o setor público pagar no 
decorrer do contrato, com os serviços já prestados com o melhor padrão de qualidade. 
b) As Organizações não governamentais (ONGs) – Lei 9637/98 
São as organizações ou entidades sem fim lucrativo, criadas sob a forma 
jurídica de associações ou fundações privadas. São criadas com o trabalho voluntário 
das pessoas em defesa de uma causa, seja ela: proteção do meio ambiente, defesa dos 
direitos humanos, erradicação do trabalho infantil, dentre outras. Portanto são entidades 
dedicadas ao trabalho de ensino e à pesquisa. 
c) Convênios- Lei 8666/93 
São instrumentos jurídicos que permitem com que os Entes Federativos, 
realizem esforços conjuntos com base no interesse público, embora seja determinada a 
competência de um ente, os demais cooperam no que for possível. Logo, é o 
instrumento que permite que uma determinada pessoa jurídica de Direito Público una 
esforços com outros entes com vistas ao interesse público. 
d) Concessões- Lei 8987/95 
A lei de permissões e concessões da prestação de serviços públicos 
(8.987/95), em seu artigo 6º, § 1º, dispõe sobre o que seria um serviço público prestado 
de maneira adequada: § 1º - “Serviço adequado é o que satisfaz as condições de 
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na 
sua prestação e modicidade de tarifas”. Quando o Estado estabelece uma concessão, o 
faz no legítimo interesse social (qualidade e regularidade na prestação), e econômico 
(fomento do progresso empresarial), repassando os riscos do negócio em troca de 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
38 | P á g i n a 
 
remuneração justa e equilibrada, sem sacrifício da coletividade, em especial do cidadão 
contribuinte.Esta descentralização de atividades estatais ocorre por via de delegação, o 
que também, importa numa coresponsabilidade do Estado na correta consecução dos 
fins que foram objeto da concessão. 
A Lei de Concessões (8.987/95), reforça esta corrente ao dispor, em seu 
artigo 4º, que a concessão de serviço público se dará “mediante contrato”; observemos 
que a concessão de serviços públicos tem caráter regulatório, já que o Estado cria regras 
para transferir o serviço a um ente privado sob condições em que tal operação não 
implique em perda de qualidade (muito ao contrário), ou empobrecimento de quaisquer 
dos atributos ideais dos serviços público, materializados pelos seus princípios 
norteadores. A moderna administração de concessões de serviços públicos deverá levar 
em consideração a competitividade e eficiência dos mercados a serem geridos, temos 
como exemplo: pagamento pelo usuário para utilização da Linha amarela e Ponte Rio 
Niterói. Cabe resaltar, que tanto a concessão, como a permissão estão previstas no art. 
175 da CRFB/88. 
e) Permissão- Lei 8987/95 
Ocorre muita confusão entre a concessão e a permissão de serviço público, 
pois ambas estão em busca do mesmo fim, a prestação do serviço público. 
Porém, a permissão é um contrato administrativo de adesão, no qual o Poder 
Público, chamado de permitente, transfere a um particular, que é chamado de 
permissionário, com normas de Direito Público para fixação de tarifas, de acordo com o 
advento da Lei 8987/95, é a execução de certo serviço de modo descentralizado, bem 
como o art. 175 da CRFB/88, apesar de inúmeras discussões sobre a natureza jurídica 
da permissão, o STF já considerou que a concessões e a permissão de serviços públicos 
têm a mesma natureza jurídica. 
As permissões só podem ser firmadas com pessoa física ou jurídica e a 
delegação só pode ser a título precário, quer dizer que o contrato pode ser extinto pela 
Administração a qualquer momento sem pagamento de indenização por prejuízos. Note-
se que ambos os institutos, a concessão e a permissão, além de retratarem uma anuência 
para desempenho de funções inerentes ao Poder Público (serviços públicos), somente se 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
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materializam após procedimento licitatório, cumprindo o disposto na Lei de Licitações e 
Contratos Administrativos (8.666/93).. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
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Exercícios: 
 
1) De acordo com os Princípios norteadores do Serviço Público, qual é 
aquele em que dispõe que a atividade deve ser contínua quando o 
serviço for essencial: 
 
a) Eficiência 
b) Modicidade 
c) Cortesia 
d) Continuidade. 
 
2) Coloque F( Falso) ou V( Verdadeiro): 
I) Tanto as Concessões como as Permissões são feitas por contrato 
II) As Concessões apresentam uma precariedade, quer dizer, a Administração 
pode encerrar o contrato sem pagamento de indenizações; 
III) As Organizações não governamentais são atividades sem fim lucrativo 
Marque a resposta certa: 
a) VFF 
b) VVV 
c) VFV 
d) FFF 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
41 | P á g i n a 
 
 Aula 5 – Servidores Públicos – Atividades da Administração 
Pública. 
 
Introdução 
 
A Administração Pública não é apenas um conjunto de pessoas, mas uma 
instituição abstrata, agindo continuamente e comprometida com valores fundamentais. 
Não perde sua identidade com a eventual substituição de seus agentes, pessoas jurídicas 
encarregadas de materializar a vontade dessa Administração. Tal assertiva deriva da 
teoria do órgão, em que o sistema jurídico atribui todos os atos materiais dos agentes 
públicos à vontade estatal. 
Isso não significa que há na Administração Pública um corpo homogêneo de 
sujeitos; muito ao contrário, a manifestação das competências estatais, no exercício de 
suas prestações públicas, muitas vezes exige modos diversos de concretizá-las, como 
por exemplo, concessão de serviços públicos, em que um terceiro exterioriza a vontade 
estatal. Os servidores públicos tem um dever único funcional de satisfazer a vontade do 
Estado e suportar todos os ônus trazidos por essa responsabilidade. 
 
1. Conceito de agentes públicos: 
 
Para uma praticidade didática, utilizamos o conceito contido na Lei de 
Improbidade Administrativa (8.429/92), em seu art. 2º: “Reputa-se agente público, para 
os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de 
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas 
no artigo anterior”. 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
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As entidades mencionadas são todas as da AdministraçãoIndireta, Direta, 
de qualquer das entidades da Federação (União, Estado, Município e Distrito Federal), 
ou quaisquer outras em que o Erário contribua para sua subsistência. 
Os servidores podem vincular-se a estes Entes Federativos e aos respectivos 
poderes desses entes (Executivo, Legislativo e Judiciário); os servidores dos Tribunais 
de Contas e do Ministério Público podem submeter-se a regime diferenciado, por conta 
dos preceitos constitucionais que dispõem sobre tais entidades (arts. 73 e 75 – Tribunais 
de Contas; e 127 a 130 – Ministério Público). Por conta da diversidade de prestações 
públicas devidas pelo Estado, este se reveste de uma heterogeneidade no tocante ao 
vínculo jurídicos de seus agentes. 
Vejamos esse quadro simplificado: 
I) AGENTES PÚBLICOS COM VÍNCULO DE DIREITO PÚBLICO 
a) Agentes Políticos 
Executivo: 
1) Mandato eletivo (Governantes) 
2) Cargo em comissão (Ministros, Secretários estaduais etc.) 
Legislativo (Deputados, Senadores, Deputados distritais, vereadores) 
b) Agentes não Políticos 
SERVIDORES CIVIS 
1) Executivo 
1.1) Servidor 
- Estatutário 
- Trabalhista ou Emprego Público 
- Temporário (Art. 37 IX CRFB/88) 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
43 | P á g i n a 
 
1.2) Não Servidor 
- Lei 8.666/93 (contratos administrativos); 
- Lei 8.987/95 (concessionários de serviços públicos) 
- Lei 9.637/98 (Organizações Sociais) 
- Lei 9.790/99 (Sociedades Civis de Interesse Público – “ONG’s”) 
2) Legislativo 
2.1) Estatutário 
2.2) Não estatutário 
3 )Judiciário 
3.1) Não servidor 
3.2) Servidor 
Magistrados 
Estatutários 
Não estatutários 
SERVIDORES MILITARES X MILITARES ESTADUAIS 
(Regime estatutário definido por legislação própria) 
1) Policiais Militares dos Estados e Distrito Federal (art. 42 da CRFB/88); 
2) Corpo de Bombeiros dos Estados e Distrito Federal (art. 42 da CRFB/88); 
3) Membros das Forças Armadas (Exército, Marinha, e Aeronáutica, art.142 
da CRFB/88). 
Os servidores públicos civis comuns podem submeter-se a um regime 
jurídico comum (ex. servidores federais em sentido amplo – Lei 8.112/90, servidores 
estaduais - Decreto 2479/79) ou especial (ex.. professores, policiais, fiscais de rendas 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
44 | P á g i n a 
 
etc.), situação em que, por conta da especialidade de sua função, mereceram lei 
específica. 
Já os servidores públicos civis especiais executam funções específicas, em 
regra vinculadas a normas programáticas dispostas na Constituição Federal, e por isso 
mereceram diplomas legais organizando seus estatutos. Ex.: Ministério Público; 
Defensoria Pública, Advocacia Geral da União, Tribunais de Contas; Magistrados. 
II) AGENTES PÚBLICOS COM VÍNCULO DE DIREITO PRIVADO 
SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS: Indica os agentes que integram os 
quadros da Administração Direta e Indireta, vinculando-se por relação permanente de 
trabalho, regendo-se por estatutos específicos. 
 
2. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
 
QUADRO: é o conjunto de carreiras (profissões), cargos isolados 
integrantes de órgão ou pessoa federativa. Ex.: os quadros do INSS, os quadros do 
Município do RJ; CARREIRA: é o conjunto de classes, cujos integrantes têm o mesmo 
cargo e a mesma profissão. Ex.: a carreira de delegado de polícia civil; CLASSE: são os 
níveis profissionais, dentro de determinada carreira, a que o servidor pode ascender 
(promoção). Ex.: o cargo de inspetor de polícia civil possui 6 classes; o concursado 
mais novo tem o cargo de inspetor de 6ª classe; CARGO PÚBLICO: é o menor lugar 
na Administração Pública que pode ser ocupado pelo servidor; identificado pela 
profusão de estatutos – pluralidade normativa – e com funções específicas e 
remuneração especificada em lei (vide art. 3º Lei 8.112/90); os cargos podem ser: 
a)Vitalícios: têm garantia de permanência (Ex.: Magistrados - Art. 95, I CRFB/88); 
b)Efetivos: têm caráter de permanência, pela estabilidade (art. 41, § 1º CRFB/88); c) 
Em comissão: têm caráter transitório, enquanto existir a relação de confiança entre o 
servidor e a autoridade nomeante (nomeação e exoneração– art. 37, II in fine c/c V 
CRFB/88). EMPREGO PÚBLICO: identifica a relação contratual do servidor em 
relação ao Estado; FUNÇÃO PÚBLICA: é a atividade exercida pelo servidor; existem 
funções específicas que requerem um grau de confiança dos superiores em relação aos 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
45 | P á g i n a 
 
servidores que as desempenham, por isso a CRFB/88 as chama de “funções de 
confiança” (art. 37, V). Todo cargo tem função, mas nem sempre toda função tem cargo 
(contratação temporária, por exemplo). 
 
3. CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS: 
 
Ocorre somente por lei, no Poder Executivo, com iniciativa privativa do 
Chefe do Executivo (art. 61, § 1º, II, “a” CRFB/88). Note-se que o art. 84, I, “b” 
outorga competência ao Presidente da República (e aos demais Chefes dos executivos 
estaduais e municipais) para extinguir cargos, quando vagos, mediante decreto (ato 
administrativo). Quando a criação de cargos for pertinente ao Poder Legislativo 
(Câmara e Senado), aplica-se o disposto no art. 48, X CRFB/88; tais cargos serão 
criados, extintos ou transformados através de resolução. No tocante ao Judiciário, a 
iniciativa da proposição ao Legislativo cabe ao Tribunal interessado (art. 96, II, “b” 
CRFB/88). O MP também tem competência para propor ao Legislativo a criação, 
extinção ou transformação de cargos em seu âmbito funcional (art. 127, § 2º CRFB/88). 
O QUE É PROVIMENTO DE CARGOS PÚBLICOS? 
É o preenchimento do cargo público. Pode ser originário, quando a relação 
jurídica é nova (recém concursado); ou derivado, quando o servidor já tem vínculo com 
a Administração Pública (ex. promoção funcional). 
Quanto às formas, pode ser: Nomeação; Promoção (o servidor passa a uma 
classe mais elevada); Readaptação (a cargo diverso, em virtude de limitação física ou 
mental); Recondução (retorno ao cargo anterior em função de reprovação em estágio 
probatório ou reintegração do servidor ocupante anterior do cargo). 
COMO OCORRE O PREENCHIMENTO DOS CARGOS 
PÚBLICOS? 
O fato administrativo chama-se investidura. A investidura é ato complexo, 
dividido em fases: Aprovação em concurso público; Nomeação: o cargo é oferecido ao 
aprovado; Posse: o cargo é aceito pelo concursado e as prerrogativas do cargo lhe são 
Noções de Direito Administrativo 
 
 
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impostas, bem como os deveres e direitos inerentes; Exercício: desempenho das 
funções que lhe são atribuídas. 
Pode ocorrer o reingresso quando o servidor retorna ao serviço público por 
medida judicial ou mandamento contido em seu Estatuto, como por exemplo a 
REINTEGRAÇÃO: o servidor retorna ao seu cargo por sentença judicial, 
reconhecendo a ilegalidade de sua demissão (art. 41 § 2º CRFB/88). 
 
3) Direitos e deveres dos servidores 
Tanto os direitos quanto os deveres estão estabelecidos na Constituição da 
República, do art. de 37 a 41, bem como na Constituição Estadual do Rio de Janeiro, 
por tratarmos aqui de servidores públicos do Rio de Janeiro, e no Estatuto do servidor 
público Civil, dependendo do Ente federativo, está consagrado leis federais e 
municipais, ao qual o servidor está atrelado. O interesse coletivo deve basear a 
imposição dos deveres e a concessão dos direitos, não esquecendo que os serviços são 
para o público e os seus agentes são servidores para o público. 
3.1. Direitos: vencimentos (é espécie de remuneração e corresponde à soma 
do vencimento e das vantagens pecuniárias, constituindo a retribuição pecuniária devida 
ao servidor pelo exercício de cargo público), indenizações, gratificações, diárias, 
adicionais de férias, licenças, concessões, contagem de tempo de serviço, direito de 
petição, dentre outros. 
3.2. Deveres: 
- Dever de lealdade: Chamado também de dever de fidelidade, exige de todo 
servidor a maior

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