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Lucros Cessantes

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1
LUCROS CESSANTES
Davidson Guilherme Goncalves dos Santos Borba 
Geíza Cristina Freitas Pinto
 Joicy de Souza Nascimento
Renan Lucena dos Santos
 Valnei Muniz Siqueira
RESUMO:
O trabalho apresentado tem como principal objetivo demonstrar os procedimentos adotados na perícia contábil para elucidação de fundamentos e conceitos sobre lucros cessantes. Este estudo apresenta de forma objetiva, o tema exposto desde o princípio da responsabilidade fiscal até tipos de mensuração. Com um levantamento teórico, visando a elucidar as operações do perito-contador para procedimentos de lucros cessantes. Abrindo uma discussão sobre cálculos dos danos a vítima e qual deve ser o direcionamento dos cálculos de perdas das vítimas. Tendo como alicerce a obra de Antônio Lopes de Sá, Perícia Contábil.
Palavras-Chave: Lucros Cessante, Responsabilidade Civil, Perícia Contábil.
1. INTRODUÇÃO
Na legislação o tema, o lucro cessante está intimamente ligado ao tema Responsabilidade Civil, localizada a uma categoria de danos patrimoniais.
Segundo Sá, (2011, p179), são questões judiciais que envolvem a indenização por lucros que uma pessoa deixa de ter, em razão de impedimentos que outra lhe impôs. Seja pessoa física ou jurídica, os lucros cessantes abordados aqui tratam-se das perdas de lucros provocadas por interrupção das atividades operacionais exercidas pela vítima.
Utilizando o princípio do NEMINEM LAEDERE (advindo da Lei de Responsabilidade civil) "A ninguém é dado causar prejuízo a outrem"
E aos art. 402 do Novo Código Processual Civil. "Salvo as exceções expressamente prevista em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar."
E ao art. 403. "Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo disposto na lei processual." São a base do que temos para a definição de Lucros Cessantes.
Uma das prioridades das demandas pelos lucros cessantes é que o prejudicado comprove, de maneira objetiva, qual seria o grau operacional que teria atingindo se o evento que gerou o dano não ocorresse.
2. DANOS PATRIMONIAIS
O tema, como já dito anteriormente está associado aos estudos da Responsabilidade Civil, pertencendo à classe de danos denominadas 'danos patrimoniais'.
O fluxograma formulado abaixo, a partir das considerações, facilita a categorização dos danos estudados com os demais.
 (
Danos
Morais
Patrimoniais
Emergentes
Lucros 
Cessantes
Interrupção
Cessação
)
Figura 1: Identificação dos lucros cessantes como categoria de danos.
Fundamentalmente a figura demonstra que os danos possuem duas vertentes: danos Emergentes e os lucros cessantes. Esta última, foco do nosso assunto pode ainda ser subdivida em Interrupção e Cessação. Essa segregação auxilia a determinação de danos sofridos pelo prejudicado.
O art. 402 do Código Cívil Brasileiro diz:
Art. 402 - Salvo as exceções expressamente prevista em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além de do que ele "efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
2.1 DANOS EMERGENTES
No que tange a interpretação do "efetivamente perdeu" refere-se ao conceito de danos emergentes, que não se limita apenas a diminuição do ativo, mais também ao aumento do passivo. Sob a ótica contábil, tal conceito equivale a uma diminuição direta do patrimônio líquido do prejudicado, porém deve-se atentar-se ao detalhe tais danos devem ocorrer durante o evento gerador do fato, integralmente ou parcialmente.
2.2 - LUCROS CESSANTES.
Lucros Cessantes sob a determinação contábil é um "não aumento patrimônio" ou uma "falta de ganhos". Um exemplo claro, seria um ônibus ao perder o controle entra em uma loja fora de expediente, danificando todo o estabelecimento e mercadorias. Pois, neste caso, não se trata apenas de apenas do que "efetivamente perdeu", mas também do "que razoavelmente deixou de ganhar.
O exemplo acima mostra o dano de lucros cessantes, que teve como consequência um ativo substancial subtraído de seu patrimônio, fora de sua responsabilidade e vontade. Tirado da entidade o elemento que seria capaz gerar benefícios futuros, sua expectativa de lucros.
Esse exemplo não significa que os lucros cessantes decorrem apenas de perdas sofridas por ativos físicos, pode ser também por quebra de contrato cometida por um fornecedor ou prestador de serviços. Porém a grande problemática está no trecho do art. 402 do código cívil ("o que razoavelmente deixou de lucrar"), que deixa uma elevada subjetividade que envolve a quantificação das perdas por lucros cessantes.
Tomando por base o conceito citado até o momento, vemos que a avaliação não é apenas umas perspectivas de ganhos possíveis, mas sim ressarcir as consequências que o dano causará sobre os lucros futuros que deixaram de ser obtidos.
Nesse contexto, a avaliação deve ter como alicerce um conjunto de probabilidades reais e palpáveis e não em meras possibilidades especuladas. O que tem como requisito a identificação e quantificação dos lucros cessantes que tenham por base o que seria plausível para o curso normal se o evento danoso não ocorresse.
Numa primeira ótica sobre o assunto, pode-se interpretar que os lucros cessantes têm a condição de reposição patrimonial, as quais requer uma avaliação, em primeiro momento, a definição dos resultados históricos do prejudicado. Isso não exclui que eventos novos e extraordinário não podem ser considerados, mas que suas inclusões devem estar galgadas às evidencias disponíveis e ao bom senso.
2.2.1 - SEGREGAÇÕES DOS DANOS PATRIMONIAIS;
Como vimos no fluxograma apresentado, a categoria dos danos patrimoniais é dividida em: danos emergentes e lucros cessantes.
O dano emergente tem como princípios de serem comprovados, por intermédio de documentos como: notas fiscais, recibos, extratos bancários, etc... Essas evidências são a base dos valores do danos são objetivas.
Os lucros cessantes têm como objetivo de representar uma estimativa de valor das perdas sofridas, as quais pode não ter integral documentação objetiva. Se apenas considerarmos que o valor do dano é visto por meio de um resultado orçado (antes do evento que causou o dano) e um resultado atual (que observa o efeito do dano). Os documentos usados para estimativa são os planos de produção, orçamentos, demonstrações contábeis, etc... O fato dos lucros cessantes serem estimados e não objetivados é uma condição presente em sua apuração.
2.3 - INTERRUPÇÃO VS. CESSAÇÃO DE ATIVIDADE OU NEGÓCIOS
Há algumas disputas relacionadas a litígios comerciais frequentemente envolvem o pleito por danos que são calculados com base na perda de lucros ou com base na perda do valor do negócio. 
Temos os Lucros perdidos: que correspondem à diferença entre o resultado ou o negócio teria ganho em condições razoáveis, e o que foi, efetivamente ganho. Essas perdas compreendem: o período em que o réu se comportou de maneira prejudicial ou, então, o período em que o prejudicado tenha sofrido de lucro.
E temos a perda do valor do negócio: ocorre quando uma atividade ou negócio é, completamente, destruído. É representada pelo valor presente dos lucros futuros que o negócio esperava razoavelmente auferir. Um exemplo seria um caso de incêndio que destrói todas as instalações.
Tem-se como distinção principal entre as duas categorias está no aspecto temporal. Enquanto a perda de lucros trata das perdas apuradas em um ou mais períodos, a perda do valor do negócio corresponde a um dano permanente.
Ou sob outra ótica, pode-se interpretar que a diferença está na interrupção parcial ou integral das atividades operacionais da entidade. Neste caso, é possível comparar o resultado que seria auferido, caso o dano não tivesse ocorrido.
2.4 - MENSURAÇÃO
Essa parte aborda alguns métodos de mensuração que se aplicam, unicamente, às apurações de lucros perdidos e, portanto, aos casos de interrupções.
Os métodos de mensuração abordados a seguir correspondem a estrutura como intuito de propor um modelo de mensuração.
2.4.1 - O MÉTODO DE FOSTER, TROUT E GAUGHAN (1993).
Segundo esses autores, a aplicação desse método considera que as perdas serão apuradas por meio da comparação entre o lucro obtido pelo prejudicado depois da ocorrência do dano e o que esperava obter se o dano não tivesse ocorrido, ou seja, o confronto do lucro apurado em dois distintos cenários. Ressalte-se que esse lucro hipotético não depende, apenas, dos anseios do prejudicado, mas, sim, das evidências objetivas que fundamentam os valores pretendidos.
Sob a ótica destes economistas; Foster, Trout e Gaughan (1993) assimilam que o lucro é a diferença entre o total das vendas e o total dos custos, os quais também incluem o custo de retorno de capital, isto é, o custo de oportunidade do capital investido na atividade.
Porém, esse entendimento é parcial, já que tanto o lucro líquido como margem de contribuição produzem montantes conciliáveis de lucros perdidos. Além do mais, verificou-se que, diante da existência de despesas extraordinárias, a margem de contribuição total ajustada corresponde, do ponto de vista da Contabilidade, à medida de lucro mais direta e simples para mensuração de perdas em caso de interrupções.
2.4.2 - O MÉTODO DE TORPEY (2004).
Torpey afirma que a correta aplicação de uma fórmula de apuração de perdas por interrupção de atividade ou negócio ajuda a resolver a maior parte dos elementos fundamentais da etapa de mensuração. Para esse autor, a apuração das perdas é um processo complexo que envolve: cálculos, premissas, conhecimento e criatividade.
Em seu trabalho, focado em contratos de seguros, Torpay (2004) apresenta a seguinte formulação geral para o cálculo dos lucros perdidos:
IN = T x Q x V
em que:
IN = Valor da Interrupção do Negócio;
T = Tempo (horas, dias, etc), em que as operações estiveram paralisadas;
Q = Quantidade de produtos normalmente produzidos ou vendidos na unidade de tempo utilizada em T;
V = Valor de cada unidade produzida, usualmente expressa na forma de lucro.
Como é comentado em vários momentos deste estudo, as evidências constituem um elemento fundamental das apurações de lucros perdidos. Do ponto de vista da Contabilidade, esse é o elemento que contribui, de maneira objetiva, para a identificação da extensão dos danos e para a adequada mensuração dos lucros perdidos. Sobre a participação de profissionais qualificados, observa-se que essa natureza de danos requer que o avaliador envolvido possua, além de consistente conhecimento técnico, experiência profissional que lhe permita avaliar aspectos de razoabilidade envolvidos no comportamento do negócio durante o período afetado e na mensuração do dano.
Esta proposta sugere que o cálculo das perdas seja realizado de maneira direta sem a confrontação de cenários (orçado e real). Todavia, essa forma de apuração não compromete o valor final dos lucros perdidos. Esse aspecto, fica evidente quando se discute os métodos propostos por Fannon (2011), os quais são apresentados a seguir.
2.4.3 - MÉTODO PROPOSTO DO FANNON (2011).
Neste método, o lucro líquido perdido, é geralmente, calculado com base em uma estimativa do faturamento que seria ganho se o dano não tivesse ocorrido, diminuindo os custos evitados. Esses custos, por ela, também denominados de custos incrementais, englobam os custos e as despesas em que o prejudicado não incorreria em função do faturamento perdido.
Considerando-se que os métodos de cálculo apresentados por Fannon geram os mesmos valores de resultados perdidos, pode-se afirmar que um fator de escolha está vinculado à didática de sua demonstração, a qual pode inclusive influenciar na avaliação da objetividade dos valores pleiteados.
2.4.4 - MEDIDAS DE LUCRO APLICÁVEIS À MENSURAÇÃO DAS INTERRUPÇÕES.
A interpretação sobre qualquer medida de lucro deve ser utilizada como referência às mensurações de lucros perdidos, por vezes, gera debates e dúvidas. Esse mesmo autor afirma que o lucro líquido tem pouca relevância nos casos de interrupções.
Contrariando essa última afirmação, a intenção dessa seção é demonstrar que, quando os custos e as despesas fixas não sofrem alteração, o uso dos conceitos do lucro líquido ou da margem de contribuição, como base das apurações dos lucros perdidos, produzem os mesmos valores de perdas.
2.4.5 - MENSURAÇÃO DO VALOR PRESENTE DOS LUCROS PERDIDOS.
Essa pratica é consequência de os casos de lucros perdidos frequentes possuírem um componente histórico e um futuro. O histórico compreende os lucros perdidos entre a data da violação e a do julgamento, enquanto o futuro refere-se aos lucros perdidos entre a data do julgamento e alguma data no futuro. Essa situação é melhor percebida nos casos de cessação, onde o conceito de perpetuidade de benefícios está geralmente implícito.
A aceitabilidade desse critério somente se justifica no cumprimento de uma sentença judicial, ou seja, quando a sentença requer, de forma especifica, a apuração dos lucros perdidos na data da ocorrência do dano. Nessa hipótese, admitir-se-ia o cálculo do valor presente, desde que a taxa de desconto fosse a mesma que é aceita pelo judiciário para a atualização de débito judiciais.
2.5 ESTUDO DE CASO 
As empresas Alfa e Beta firmaram entre si um contrato de distribuição de produtos X e Y, em 01.01.2000, com prazo inicial de 10 anos.
Porém, em 05.01.2004, a empresa Alfa, unilateralmente, rescindiu o contrato.
Em juízo, a empresa Beta pleiteou lucros cessantes do remanescente período contratual, tendo sido o respectivo pleito acolhido pelo juiz, determinando este, ao perito, o cálculo do valor deste lucro.
Inicialmente, o perito solicitou á empresa Beta, os balanços desta, assinados por contabilista responsável, do período de 01.01.2000 a 31.12.2003, solicitando também:
1. Notas fiscais de vendas dos produtos objeto do contrato rescindido.
2. Notas fiscais de compras dos produtos X e Y no período de vigência contratual.
3. Balancetes analíticos de 31.12.2000, 31.12.2001, 31.12.2002 e 31.12.2003.
4. Estoques finais de 31.12.2003 dos produtos X e Y, valorados a preço de compra, sem exclusão das parcelas do ICMS ou PIS recuperável.
Já da empresa Alfa, o perito solicitou uma listagem, assinada pelo representante legal desta, de todas as compras efetuadas pela empresa Beta, no período de vigência contratual, contendo: produto, data de compra, unidades adquiridas e valor total da nota fiscal.
Após a entrega de toda documentação ao perito, este constatou:
a) Não houve divergência da listagem de vendas da empresa Alfa com as notas fiscais de compra entregues pela empresa Beta.
b) A empresa BETA é optante pelo lucro real, e pagará o PIS e COFINS sobre as vendas sob a forma de não cumulatividade.
c) O último preço de aquisição (conforme nota fiscal) do produto X é de R$ 10,00 e de Y é de R$ 5,00.
Examinando as notas fiscais de compra e venda dos produtos X e Y, na empresa Beta, no período 2000 a 2003, o perito obteve o seguinte resumo:
	Ano
	Produto
	Vendas (unidades)
	Vendas R$
	Compras R$
	2000
	X
	25.000
	320.000,00
	180.000,00
	
	Y
	10.000
	70.000,00
	40.000,00
	2001
	X
	30.000
	380.000,00
	230.000,00
	
	Y
	15.000
	100.000,00
	60.000,00
	2002
	X
	50.000
	700.000,00
	410.000,00
	
	Y
	35.000
	260.000,00
	140.000,00
	2003
	X
	70.000
	1.150.000,00
	700.000,00
	
	Y
	40.000
	350.000,00
	200.000,00
	Estoque Final
	X
	
	
	(70.000,00)
	
	Y
	
	
	(20.000,00)
	SOMAS
	X
	
	2.550.000,00
	1.450.000,00
	
	Y
	
	780.000,00
	420.000,00
	
	
	
	
	
	Preço Venda/(Compra-Estoques)
	X
	75,9%
	
	
	
	Y
	85,7%
	
Agora, é necessário que se calcule a margem de contribuição (preço de venda menos custos e despesas variáveis) de cada produto, a fim de se projetar o que seria o resultado de tais operações, antes do imposto de renda e CSLL.
Examinando a contabilidade, a tributação dos produtos X e Y, e os contratos com representantes, bem como o histórico de custos com fretes de venda da empresa Beta, o perito concluiu que os custos e despesas variáveis sobre a venda correspondem a:
	Custo/Despesa
	% sobre Preço deVenda
	ICMS
	18%
	PIS e COFINS
	9,25%
	Comissões
	7%
	Fretes
	8%
	Total
	42,25%
Para determinar o custo da mercadoria, utilizou-se dos seguintes parâmetros para impostos recuperáveis (o frete é CIF – ou seja, entregue pela empresa Alfa a Beta com custo pago pela Alfa):
	Tributo
	% sobre Preço de Compra
	ICMS
	12%
	PIS e COFINS
	9,25%
	Frete
	0%
	Total
	21,25%
Então, pode-se projetar o custo das mercadorias X e Y, como segue:
	Custo da Venda Projetada (Unitária)
	Produto
	Vl.Compra
	ICMS Recuperável
	Crédito PIS/Cofins
	Vl.Custo
	X
	 10,00 
	 (1,20)
	 (0,93)
	 7,88 
	Y
	 5,00 
	 (0,60)
	 (0,46)
	 3,94 
Ora, se a fixação dos preços de venda dos produtos X e Y, baseados no histórico de operações de 2000 a 2003, correspondem a 75,9% para X e 85,7% para Y (conforme demonstrado no mapa de vendas e compras/estoques), pode-se projetar o respectivo preço de venda em:
	Produto
	Vl.Compra
	Margem Bruta
	Preço Venda
	X
	 10,00 
	75,9%
	 17,59 
	Y
	 5,00 
	85,7%
	 9,29 
Então, elaborou o seguinte demonstrativo unitário da margem de contribuição:
	Custos
	ICMS
	 R$ X 
	R$ Y
	ICMS
	18%
	 3,17 
	 1,67 
	PIS/COFINS
	9,25%
	 1,63 
	 0,86 
	Comissões
	7%
	 1,23 
	 0,65 
	Fretes
	8%
	 1,41 
	 0,74 
	Mercadoria
	 7,88 
	 3,94 
	Total Custos e Despesas
	 15,31 
	 7,86 
	Preço de Venda
	 17,59 
	 9,29 
	Margem de Contribuição
	 2,28 
	 1,43 
DETERMINAÇÃO DAS VENDAS
Não é razoável supor que, apesar de vendas (em unidades) crescentes, ano a ano, haja uma expansão de vendas dos produtos X e Y. Observe que o objetivo da lei é “o que razoavelmente deixou de lucrar”, e não “o que poderia ter lucrado se mantido o ritmo dos negócios”. Então, entende este autor que não é cabível, no exemplo presente, fazer-se projeção crescente de vendas (em unidades), por que tais “lucros extraordinários” poderiam não existir, e não é razoável seu cálculo, a não ser que haja evidências específicas que determinem a expansão do mercado. 
Novamente, o espírito da lei é que o lucro cessante seja calculado “por efeito dela direto e imediato”. Não se atribuem efeitos indiretos ou como suposição.
De qualquer forma, o perito só calcularia vendas crescentes, se houvesse uma previsão contratual de garantia de mercado fixada em unidades, para o restante do período do contrato. Assim, se a garantia de mercado foi fixada, contratualmente, como passível de expansão em 10% ao ano, será este o percentual de crescimento das vendas, para fins de cálculo. 
Outra hipótese admissível de vendas crescentes, é que houvesse, na petição da empresa Beta em juízo, a projeção de vendas esperada para o restante do contrato, e a empresa Alfa não contestasse tal projeção nos autos. Mas para isso o perito precisa conhecer o processo e verificar seus detalhes, antes de iniciar os trabalhos.
Fora estas hipóteses, específicas e objetivas, não cabe ao perito extrapolar e determinar (mesmo que estatisticamente correto) uma vendagem crescente dos produtos. É o efeito “indireto”, que não é admissível no espírito da lei. Somente os efeitos “diretos e imediatos” são passíveis de lucros cessantes.
Agora, qual o nível de vendas? Seria simplesmente a média aritmética dos anos de 2000 a 2003?
Para o exemplo aqui citado, a média aritmética, pura e simples, não representa, para a empresa Beta, uma medida adequada para reparar o lucro cessante, já que o esforço de vendas mais recente (ano de 2003) representa mais adequadamente o nível dos ganhos presentes da empresa.
Assim, objetivamente, o perito considerou que as vendas unitárias de 2003 são indicativo objetivo do volume de vendas futura, para cálculos do lucro cessante.
Desta forma, teremos:
	Projeção de Vendas, Custos e Despesas
	Ano
	Produto
	Vendas (unidades)
	Vendas R$
	Custos e Despesas R$
	Lucro R$
	2004
	X
	 70.000 
	 1.231.034,48 
	 1.071.362,07 
	 159.672,41 
	
	Y
	 40.000 
	 371.428,57 
	 314.428,57 
	 57.000,00 
	2005
	X
	 70.000 
	 1.231.034,48 
	 1.071.362,07 
	 159.672,41 
	
	Y
	 40.000 
	 371.428,57 
	 314.428,57 
	 57.000,00 
	2006
	X
	 70.000 
	 1.231.034,48 
	 1.071.362,07 
	 159.672,41 
	
	Y
	 40.000 
	 371.428,57 
	 314.428,57 
	 57.000,00 
	2007
	X
	 70.000 
	 1.231.034,48 
	 1.071.362,07 
	 159.672,41 
	
	Y
	 40.000 
	 371.428,57 
	 314.428,57 
	 57.000,00 
	2008
	X
	 70.000 
	 1.231.034,48 
	 1.071.362,07 
	 159.672,41 
	
	Y
	 40.000 
	 371.428,57 
	 314.428,57 
	 57.000,00 
	2009
	X
	 70.000 
	 1.231.034,48 
	 1.071.362,07 
	 159.672,41 
	
	Y
	 40.000 
	 371.428,57 
	 314.428,57 
	 57.000,00 
	TOTAL
	 9.614.778,33 
	 8.314.743,84 
	 1.300.034,48 
Portanto, concluiu o perito, que no período remanescente contratual (05.01.2004 a 31.12.2009), a empresa Beta deixará de ter lucros oriundos da cessação do contrato de distribuição com a empresa Alfa de R$ 1.300.034,48.
OUTRAS QUESTÕES DO PRESENTE EXEMPLO
LUCROS A VALOR PRESENTE
O cálculo do perito levou em conta o valor monetário na data da rescisão do contrato, sem levar em conta que estão somados lucros de diferentes datas futuras.
Assim, pode-se considerar:
1. Não há necessidade de reajustar preços, pois o valor monetário das vendas e custos utilizados se baseiam no valor presente (preço de venda e custos atuais). Portanto, o lucro já está ajustado, em termos inflacionários, ao vigente na data da rescisão contratual.
2. Se considerarmos qualquer taxa de oportunidade de aplicação do dinheiro, desde que diferente de zero, então o valor presente dos lucros deve ser inferior a soma pura e simples dos lucros futuros. Mas o perito só calculará este valor presente, utilizando-se a matemática financeira, se isto for indicado no processo. Entende este autor que não cabe ao perito a fixação de (eventual) taxa de oportunidade.
PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA E CSLL
No valor do lucro cessante, não se estipulou, no exemplo, o valor da tributação do IRPJ e CSLL sobre o lucro.
Isto porque, ocorrendo o pagamento dos lucros cessantes, a empresa BETA terá que tributar tais lucros.
Então seria injusto o perito calcular tais valores e apresentar, no laudo, o valor líquido dos lucros cessantes (valor futuro menos IRPJ e CSLL) porque a empresa BETA seria duplamente onerada em seu direito: uma vez, pelo desconto do IRPJ e CSLL nos cálculos do lucro cessante, pelo perito, e na segunda vez, pelo pagamento efetivo de tais tributos, ao receber a indenização.
CUSTOS FIXOS
Se, em decorrência da rescisão contratual, a empresa BETA tivesse que rescindir um ou mais contratos, que caracterizam despesas e custos fixos (como, por exemplo, aluguel de galpão para armazenar especificamente os produtos X e Y), o custo desta indenização não seria, propriamente, “lucro cessante”, mas sim, indenização adicional por perdas e danos.
Não cabe ao perito determinar quais são os custos fixos que a empresa deixará de ter, ou as indenizações que terá de pagar, em função da rescisão contratual, pois trata-se de uma ação de lucros cessantes, e não de perdas e danos.
Também, a simples hipótese que, tendo menor volume de vendas, a empresa BETA irá despedir funcionários, economizar luz, etc. é apenas presumível, mas não certa. Não cabe ao perito “calcular” tais reduções de custos como um “ganho” da BETA na rescisão contratual. O perito não é contratado para sugerir, tomar decisões ou participar de qualquer ato de gestão de qualquer uma das partes envolvidas. Cabe a ele, com base nos dados contábeis e documentais que dispuser, cumprir especificamente sua incumbência, sem presumir eventos aleatórios e incertos.
Novamente, ressaltando: no cálculo do lucro cessante, se procura indenizar a perdado lucro em decorrência da cessação do negócio, e tal cálculo não se confunde com perdas e danos decorrentes de eventos específicos (como indenizações contratuais com outros fornecedores, empregados e prestadores de serviços).
Se o trabalho do perito, determinado em juízo, envolver cálculos de lucros cessantes + perdas e danos, terá que levar em conta a somatória de ambas as perícias. São 2 cálculos, que, somados, irão compor o valor indenizável total, constante no laudo. Mas no nosso exemplo, a ação é específica: lucro cessante, não cabendo calcular-se perdas e danos.
LUCRO NEGATIVO OU ZERO
Se, em função dos cálculos, o lucro cessante determinado fosse zero ou negativo (prejuízo), o perito teria que rever todos os cálculos e dados, pois possivelmente há algum erro que levou a esta conclusão.
Ainda, se aferidos todos os dados e cálculos, constatar-se que, de fato, o valor do lucro cessante é negativo (ou seja, a empresa teria prejuízo com o contrato), então o perito concluirá que “em função da rentabilidade negativa dos produtos citados, e sem evidenciação que tal valor fosse revertido em lucro, conclui-se que não há lucro cessante para indenização”.
Mas, sob hipótese alguma, o perito declararia que a indenização seria “negativa”, ou seja, a empresa prejudicada reembolsaria ao contratante que a prejudicou! Trata-se, simplesmente, de inexistência de lucros cessantes, caso raro, mas possível, na prática, desde que provado (por isso, o laudo, apresentando os cálculos e premissas utilizados, para produção da prova da inexistência dos lucros cessantes).
3 - CONSIDERAÇÕESFINAIS
Ao finalizarmos o presente trabalho concluímos que, por lucros cessantes, entende-se o que razoavelmente se deixou de lucrar em determinado tempo em razão de um ou mais atos praticados por terceiros e que infrinjam tais danos. Isto envolve perícias de alta qualidade técnica já que o lucro cessante não se presume, nem pode ser imaginário, sendo assim necessário obter provas da existência do dano efetivo.
O Laudo pericial deve quantificar ou determinar o valor do lucro cessante, evidenciando as causas e demonstrando com detalhes como ocorreu o dano sofrido sendo necessário estudar as causas, efeitos, qualidade, quantidade, tempo e espaço do fato ou dos fatos que geraram o impedimento de obter lucros. Os cálculos irão depender da natureza da formação dos lucros e daquela do impedimento, variando para cada caso. Vale ressaltar que o poder de lucrar deve ser medido por indicadores capazes em traduzir os efeitos ocorridos em todo um ciclo ou conjunto de anos, porque isolados são impotentes para uma análise comparativa para que assim possam assegurar uma “capacidade efetiva e constante”.
O Trabalho pericial faz-se necessário para que a realidade dos fatos seja esclarecida de maneira imparcial, realizada por profissional contábil e utilizando as técnicas contábeis na apuração de valores referentes aos lucros cessantes com base em fundamentos sólidos e seguros, auxiliando na tomada de decisão.
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SÁ, Antônio Lopes de . Pericia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova perícia contábil: aspectos práticos & fundamentais. 6. ed. Curitiba: Jurua, 2003.
JUNIOR, Edgar Nogueira. Lucros Cessantes: analises das medidas de mensuração contábil utilizadas pelo tribunal de justiça do estado de São Paulo. 2013. Dissertação (doutorado em contabilidade financeira) - Universidade de São Paulo, São Paulo.
PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA DO BRASIL, LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015.código processual civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 7 de setembro de 2016
PASCHOAL, Thaís Amoroso. Afinal, o que são lucros cessantes. Disponível em: <http://www.tre-rs.gov.br/arquivos/PASCHOAL_lucros_cessantes.pdf>. Acesso em: 7 de setembro de 2016
MAYER, Walter Cardozo. Perícia contábil e a mensuração de lucros cessantes: um estudo de caso com ênfase na interrupção de atividade empresarial. 2014. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Contábeis). Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Criciúma – SC.
MARTINS, Sergio Pinto. Instituições de Direito público e privado. 11. ed. - São Paulo: Atlas, 2014.

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