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Pró-Reitoria de Graduação 
Curso de Farmácia 
Trabalho de Conclusão de Curso 
O CUIDADO FARMACÊUTICO NO TRATAMENTO DO 
DIABETES MELLITUS 
Autor: Júlia Carneiro Taulois 
Orientadora: MSc. Eloá Fátima Ferreira deMedeiros 
Brasília - DF 
2011 
2 
 
 
 
 
JULIA CARNEIRO TAULOIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CUIDADO FARMACÊUTICO NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
graduação em Farmácia da Universidade 
Católica de Brasília, como requisito 
parcial para obtenção do título de 
Farmacêutica. 
 
Orientadora: MSc. Eloá Fátima Ferreira 
de Medeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2011 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia de autoria de Júlia Carneiro Taulois, intitulada O cuidado farmacêutico 
no tratamento do Diabetes Mellitus, apresentada como requisito parcial para 
obtenção do grau de Bacharel em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, 
em 08 de Junho de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo 
assinada: 
 
 
 
 
Prof. MSc. Eloá Fátima Ferreira de Medeiros 
Orientadora 
Farmácia – UCB 
 
 
 
 
Professora Dr. Dayde Lane Mendonça da Silva 
Curso de Farmácia – UNB 
 
 
Professor Sérgio Augusto Coelho Diniz Nogueira Júnior 
Curso de Farmácia - UCB 
 
 
 
Brasília 
2011 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus e a pessoas 
muito especiais na minha vida, Papai, 
Mamãe e ao meu amor Rone, que não 
medem esforços nem sacrifícios para 
permitir a realização dos meus sonhos, 
fazendo deles os seus. 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em primeiro lugar agradeço a Deus por seu amor e sua misericódia 
infinita, pelos presentes diários, os desafios e as todas as conquistas. Nada 
posso sem Aquele que me fortalece! Tudo é Graça e Dom de Deus! 
 
A minha querida mamãe Rosana e ao meu querido papai Pedro por todo o 
amor, confiança e exemplo de vida. Obrigada por sempre acreditarem em mim! 
 
Ao grande amor da minha vida, Rone, obrigada por tanto incentivo, paciência 
e compreensão. Eu te amo. 
 
As minhas irmãs Mariana e Isabel, e ao meu tesouro Paulo Henrique. 
 
As minhas amigas Lu, Mariana, Lívia. Christiane e Rafaela, ao amigo William 
e a todos os meus colegas que compartilharam de tanta luta durante o período que 
estivemos juntos. 
 
A minha querida orientadora e amiga Eloá por todo o trabalho, paciência, 
carinho e incentivo. 
 
A todos os bons professores que já tive, com os quais muito aprendi a amar 
minha profissão e que continuo a aprender por toda a minha vida profissional. 
 
A todos os que sempre estiveram ao meu lado me incentivando e que 
permitiram que este sonho fosse realizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O Altíssimo deu-lhes a ciência da 
medicina para ser honrado em suas 
maravilhas; e dela se serve para acalmar 
as dores e curá-las; o farmacêutico faz 
misturas agradáveis, compõe ungüentos 
úteis à saúde, e seu trabalho não 
terminará, até que a paz divina se 
estenda sobre a face da terra”. 
Eclesiástico 38, 6-8 
 
7 
 
RESUMO 
 
 
Referência: TAULOIS, Júlia Carneiro. O cuidado farmacêutico no tratamento do 
Diabetes Mellitus. 2011. 60p. Trabalho de Conclusão de Curso (Farmácia) – 
Universidade Católica de Brasília, Taguatinga, 2011. 
 
 
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que está associada a altos índices 
de morbidade e mortalidade, sendo caracterizada por um aumento da concentração 
de glicose na corrente sanguínea devido a uma deficiência na secreção e/ou ação 
da insulina. Associados ao paciente diabético estão os elevados custos com 
medicamentos, aumento nas despesas médicas e no número de hospitalizações, 
perda na produtividade e mortes prematuras. O DM é uma doença que deve ser 
tratada, a fim de evitar complicações agudas e crônicas. Apesar do arsenal 
terapêutico, do longo período de tratamento medicamentoso e das medidas que 
exigem mudança no estilo de vida, o paciente diabético requer a orientação e 
cuidados de vários profissionais da saúde. A Atenção Farmacêutica (AF) é uma 
prática recente, inerente a profissão farmacêutica, que tem como foco o paciente. 
Com isso, o profissional farmacêutico passa a intervir de forma direta com o usuário 
do medicamento, priorizando orientações educativas em saúde, além do 
acompanhamento farmacoterapêutico, assumindo a responsabilidade de garantir 
uma farmacoterapia adequada e auxiliando na melhora deste paciente. 
 
 
Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Atenção Farmacêutica. Atenção Farmacêutica no 
paciente diabético. Intervenções farmacêuticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
 
Diabetes Mellitus (DM) is a chronic disease that is associated with high rates of 
morbidity and mortality and is characterized by an increased concentration of glucose 
in the bloodstream due to a deficiency in the secretion and / or insulin action. 
Diabetic patients are associated with high medication costs, increase in medical 
expenses and an increase in the number of hospitalizations, loss in productivity and 
premature deaths. DM is a disease that must be treated in order to prevent acute and 
chronic complications. Despite the therapeutic arsenal, the long period of medication 
treatment and measures that require changes in lifestyle, the diabetic patient requires 
the guidance and care of various health professionals. The Pharmaceutical Care 
(PC) is a recent practice, inherent in the pharmaceutical profession, which focuses 
on the patient. Thus, the pharmacist shall intervene directly with the user of the 
product, focusing health education guidelines, and monitoring drug use, taking 
responsibility to ensure an adequate pharmacotherapy and assisting in the 
improvement of this patient. 
 
 
Keywords: Diabetes Mellitus. Pharmaceutical Care. Pharmaceutical Care in diabetic 
patients. Pharmaceutical interventions. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 122 
2.1 GERAL............................................................................................................................ 12 
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 12 
3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 133 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 144 
4.1 DIABETES MELLITUS .................................................................................................. 14 
4.1.1 Formas de diagnóstico do Diabetes Mellitus ......................................................................... 16 
4.2 O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS NO MUNDO E NO 
BRASIL ................................................................................................................................. 19 
4.3 MORBIDADE E MORTALIDADE ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS ........... 20 
4.4 CUSTOS ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS .................................................. 21 
4.5 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NO PACIENTE DIABÉTICO ................................. 23 
4.5.1 Prevenção ........................................................................................................................................ 23 
4.5.2 Tratamento....................................................................................................................................... 25 
4.6 PROBLEMAS DA TERAPÊUTICA DO DIABETES MELLITUS.................................. 32 
4.6.1 Reações adversas ......................................................................................................................... 33 
4.6.2 Adesão .............................................................................................................................................. 34 
4.6.3 Acesso .............................................................................................................................................. 38 
4.7 ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO AO PACIENTE .............................. 40 
4.7.1 Atenção Farmacêutica .................................................................................................................. 41 
4.7.2 Problemas Relacionados ao Medicamento (PRMs) .............................................................. 45 
4.7.3 Estudos que avaliam a atenção farmacêutica no paciente diabético .............................. 48 
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 52 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 54 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O Diabetes Mellitus (DM), entre as doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT), se destaca como importante causa de morbidade e mortalidade, sendo um 
grande problema de saúde pública no contexto mundial e brasileiro (FRANCISCO et 
al, 2010). 
O paciente diabético necessita de, no mínimo, 2 a 3 vezes mais recursos para 
o cuidado com a saúde do que os não-diabéticos (TOSCANO, 2004), gerando um 
grande impacto econômico. Em 2007, só os Estados Unidos tiveram um gasto 
calculado em $174 bilhões entre custos diretos e indiretos com esta doença, 
enquanto que no Brasil R$7,5 bilhões/ano são gastos com todas as doenças 
crônicas não-transmissíveis (DCNT). Além desses custos, o DM gera custos 
intangíveis, que refletem na redução da qualidade de vida, na dor e sofrimento dos 
pacientes e dos seus familiares (ADA, 2008; MS, 2006). 
Os altos custos gerados pelos pacientes diabético estão diretamente 
relacionados com a freqüência em que ocorrem as complicações agudas e crônicas, 
tendo como conseqüências elevados índices de hospitalização, maiores 
necessidades dos recursos de saúde e medicamentos, além de gerar perdas de 
produtividade no trabalho, aposentadoria precoce e mortes prematuras (CAROLINO 
et al, 2008). 
Para diminuir esses custos gerados, principalmente pelo não tratamento ou 
pelo mau controle do DM, é importante que ocorram mudanças nos hábitos de vida 
e que se faça um controle glicêmico rígido por meio do tratamento farmacológico 
(GUIDONE, 2009a). 
Outro problema está relacionado com a baixa adesão ao tratamento proposto 
o que leva ao abandono e ao descontrole da doença. Os baixos índices de adesão à 
terapêutica, em pacientes com doenças crônicas, estão diretamente relacionados 
aos efeitos adversos, custo dos medicamentos, compreensão do paciente a respeito 
do seu tratamento, complexidade do tratamento, entre outros (RUBIN, 2005). 
Segundo a OMS, em média, 50% dos pacientes com tratamento a longo prazo, em 
países desenvolvidos, não aderem ao tratamento. Já em países em 
desenvolvimento, estima-se que o tamanho e o impacto da não-adesão sejam mais 
elevados devido as dificuldades de acesso aos cuidados de saúde (OMS, 2003b). 
11 
 
A Atenção Farmacêutica (AF) é uma área de atuação do farmacêutico, que 
tem como foco o paciente, constituindo um importante e fundamental elo na 
comunicação médico-farmacêutico-paciente. Na atenção farmacêutica o 
farmacêutico é responsável por prevenir, identificar e resolver os possíveis 
Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRMs), promovendo a melhora dos 
resultados terapêuticos e assim contribuindo para uma melhor qualidade de vida do 
paciente. O farmacêutico também pode atuar na prevenção de doenças e promoção 
da saúde, desenvolvendo atividades de educação em saúde, principalmente quando 
este trabalho ocorre com uma equipe interdisciplinar (AMARAL, 2008; FREITAS et 
al, 2006; REIS, 2010). 
Diante do exposto é percebido que o farmacêutico tem o um papel importante 
no cuidado do paciente diabético, sendo assim, o objetivo deste trabalho é descrever 
a importância das ações do farmacêutico como profissional da saúde no cuidado ao 
paciente diabético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 GERAL 
 
Descrever a importância das ações do farmacêutico como profissional da 
saúde no cuidado ao paciente diabético. 
 
2.2 ESPECÍFICOS 
 
 Classificar os tipos de DM conforme as alterações fisiopatológicas. 
 Descrever o perfil mundial e nacional de acometimento de DM. 
 Descrever os custos (diretos e indiretos) associados ao DM. 
 Apresentar as formas de tratamento para os diferentes tipos de DM. 
 Abordar os principais problemas relacionados à terapêutica do DM. 
 Demonstrar o papel do farmacêutico no cuidado do paciente por meio de 
estudos relacionados à Atenção Farmacêutica no cuidado ao paciente 
diabético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
3 METODOLOGIA 
 
 
A revisão bibliográfica foi realizada nas bases de dados do MEDLINE, Literatura 
Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS), 
Biblioteca virtual em saúde (BVS) e Scielo (Scientific Eletronic Library Online) com 
as palavras-chave em inglês e português: “pharmacist”, “diabetes mellitus”, “diabetes 
mellitus type 1”, “diabetes mellitus type 2”, “pharmaceutical”, “pharmaceutical care”, 
“medication”, “Insulin”, “atenção farmacêutica”, “cuidado farmacêutico”, 
“Pharmaceutical interventions”, “Prevention of type 2 diabetes”, “Adherence”, 
“Assessment of adherence”. Os artigos analisados foram publicados no período de 
2000 a 2011, sendo incluídos na pesquisa artigos em inglês, português e espanhol. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
4.1 DIABETES MELLITUS 
 
O Diabetes Mellitus (DM) constitui um grande problema saúde pública e 
destaca-se pelos altos índices de morbidade e mortalidade. O DM é caracterizado 
por um aumento da concentração de glicose na corrente sanguínea devido a uma 
deficiência na secreção e/ou ação da insulina, hormônio secretado pelo pâncreas. 
Por ser uma síndrome metabólica crônica, o quadro hiperglicêmico crônico do DM 
pode gerar a disfunção em diversos órgãos como: coração, nervos, olhos e rins. A 
poliúria, polidipsia, perda de peso, visão turva e diminuição da acuidade visual são 
sinais e sintomas do quadro hiperglicêmico decorrentes da insulinopenia ou déficit 
na ação da insulina (ADA, 2006; OMS, 2003a). Outros sintomas, como fadiga, 
fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição 
levantam a suspeita clínica (MS, 2006). 
Por muito tempo, o DM foi classificado de acordo com o tipo de tratamento, 
sendo assim adotados os termos Diabetes Mellitus insulinodependente e Diabetes 
Mellitus insulinoindependente. Atualmente a classificação baseia-se na etiologia da 
doença, sendo então divida em: Diabetes Mellitus tipo 1, Diabetes Mellitus tipo 2, 
outros tipos específicos de Diabetes Mellitus e Diabetes Mellitus gestacional (SBD, 
2007). 
O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é resultado da destruição das células β-
pancreáticas que podem ser de natureza auto imune ou idiopática, resultando em 
uma deficiência na produção do hormônio insulina. Sendo assim, faz-se necessário 
a administração da insulina devido ao risco de cetoacidose diabética. Devido a 
natureza auto-imune, os auto-anticorpos são utilizados como marcadores: 
antiinsulina, antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65) e antitirosina-
fosfatases (IA2 e IA2B). Os genes do sistema antígeno leucocitário humano (HLA) 
podem ter alguma relação com a predisposição ou proteção no desenvolvimentoda 
doença. Já no de natureza idiopática, os pacientes também estão predispostos a 
desenvolver cetoacidose e a apresentam graus variáveis de deficiência de insulina, 
não apresentam auto-anticorpos e não associa-se com haplótipos do sistema HLA 
(ADA, 2006; SBD, 2007). 
15 
 
 O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é mais freqüente que DM1, correspondendo 
a aproximadamente 90-95% dos casos. No pacientes com DM2, a resistência 
insulínica está associada à disfunção das células β pancreáticas e as alterações são 
funcionais e quantitativas, resultando em uma elevação dos níveis glicêmicos. A 
etiologia deste tipo de DM ainda não foi definida, mas os mecanismos que podem 
estar envolvidos nessa disfunção são o estresse oxidativo, a disfunção mitocondrial, 
o estresse do retículo endoplasmático rugoso, inflamação local ou mecanismos 
associados à predisposição genética. A hiperglicemia e o aumento da concentração 
dos ácidos graxos livres também contribuem para o declínio das células β 
pancreáticas. É importante ressaltar que o risco ao desenvolvimento da doença é 
aumentado com a idade, obesidade, sedentarismo, e está associado a outras 
enfermidades como, por exemplo, hipertensão e dislipidemia (ADA, 2006; LEAL; 
VOLTARELLI, 2010; OMS, 2003a). 
O Diabetes Mellitus gestacional (DMG) afeta 3-8% das mulheres grávidas e 
representa 90% de todas as formas de manifestação do DM na gestação. Segundo 
a Sociedade Brasileira de Diabetes (2007, p.12), “Diabetes Mellitus gestacional é 
qualquer intolerância a glicose, de magnitude variável, tendo início ou diagnóstico 
durante a gestação”. Após o parto, a paciente pode apresentar ou não glicemia de 
jejum alterada, tolerância a glicose diminuída ou DM. O quadro de hiperglicemia 
gera risco elevado tanto para mãe quanto para o feto podendo causar 
anormalidades congênitas, abortamentos espontâneos, icterícia neonatal, 
hipoglicemia neonatal, entre outras complicações. Estudos comprovam a 
importância da terapia nutricional e do exercício físico no tratamento para o 
adequado do controle glicêmico em gestantes com DMG (LEE et al, 2007; LIRA; 
DIMENSTEIN, 2010; SBD, 2007). 
Os outros tipos específicos do Diabetes Mellitus estão exemplificados na 
tabela 1. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Tabela 1 - Outros tipos específicos do Diabetes Mellitus 
 
Outros tipos específicos de DM 
 Defeitos genéticos da função da célula β (MODY, DNA mitocondrial) 
 Defeitos genéticos na ação da insulina (Resistência à insulina do tipo 
A) 
 Doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, hemocromatose, 
neoplasias) 
 Endocrinopatias (acromegalia, síndrome de Cushing, 
Feocromocitoma) 
 Induzido por medicamentos ou agentes químicos (glicocorticóides, 
tiazídicos, Hormônio tireoidiano) 
 Infecções (citomegalovírus, rubéola congênita) 
 Formas incomuns de DM auto-imune (Anticorpos antirreceptores de 
insulina) 
 Outras síndromes genéticas por vezes associadas a DM (síndrome de 
Down, síndrome de Turner, síndrome de Prader Willi) 
 Fonte: SBD (2009) - Adaptado 
 
 
4.1.1 Formas de diagnóstico do Diabetes Mellitus 
 
 
A hiperglicemia intermediária ou pré-diabetes referem-se a um estado 
intermediário entre a homeostase normal da glicose e o DM. Neste caso, o paciente 
apresenta uma alteração na glicemia de jejum e um quadro de tolerância à glicose 
diminuída e alteração na hemoglobina glicada (ADA, 2010). Sendo assim, o paciente 
apresenta uma alteração dos níveis glicêmicos que gera um grande risco ao 
desenvolvimento do DM e riscos para doenças cardiovasculares (MS, 2006). A 
tabela 2 resume as categorias de aumento do risco do DM. 
 
 
 
 
17 
 
Tabela 2: Categorias de risco aumentado para DM 
Glicemia de jejum 100–125 mg/dl 
Tolerância à glicose diminuída Glicemia de 2h no TOTG-75g estiver entre 140-
199 mg/dL 
Hemoglobina Glicada (A1C) 5.7–6.4% 
Fonte: ADA (2010) – Adaptado 
 
Os valores da glicose plasmática para o diagnóstico do Diabetes Mellitus 
estão exemplificados na tabela 3. 
 
Tabela 3: Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de 
 Diabetes Mellitus e seus estágios pré-clinicos. 
 
Categoria Jejum* 
 
2h após 75g de 
glicose 
Casual** 
Glicemia normal < 100 < 140 
Tolerância à glicose 
diminuída 
> 100 a <126 ≥140 a <200 
Diabetes Mellitus ≥126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas 
clássicos) 
 
* O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas; ** glicemia plasmática 
casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última 
refeição; *** os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso. 
Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a 
menos que haja hiper-glicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas 
óbvios de DM. 
Fonte: SBD (2007) 
 
A dosagem da hemoglobina glicosilada ou hemoglobina glicada, mais 
especificamente a fração A1C (HbA1C) reflete na média da glicemia dos últimos dois 
a quatro meses. Atualmente, a A1C é utilizada no diagnóstico e acompanhamento 
do tratamento do paciente diabético. A Associação Americana de Diabetes (ADA) 
adota um limiar ≥ 6,5 que corresponde a 140 mg/dL dos níveis médios de glicemia 
dos últimos dois a quatro meses, os pacientes com dosagens de A1C de 5,7-6,4% 
são indicativos de alto risco para desenvolvimento de DM futura ou pré-diabético 
18 
 
(ADA, 2010). A A1C também pode ser utilizada em complementaridade com os 
outros testes de glicemia, sendo assim, a hemoglobina glicada é utilizada na 
avaliação do controle glicêmico e na avaliação da eficácia do tratamento. (SBD, 
2007; SBD, 2008). 
Os níveis de A1C demoram de 8 a 10 semanas, aproximadamente, para 
retomarem ao normal após a normalização dos níveis da glicose no sangue. Para 
uma avaliação da eficácia do tratamento, faz-se necessário uma avaliação dos 
níveis de A1C somente um a dois meses após o início ou modificação da terapia. Já 
a avaliação dos níveis de glicose sanguínea reage mais rapidamente ao início ou à 
alteração da terapia (NETTO et al, 2009). 
A tabela 4 reúne os atuais critérios utilizados pela Associação Americana de 
Diabetes (ADA) no diagnóstico do DM. 
 
Tabela 4 – Critérios para o diagnóstico do DM 
 
1. A1C≥ 6,5%. A prova deve ser executada num laboratório usando um método certificado 
pelo NGSP e padronizado pelo ensaio de DCCT.* 
OU 
 
2. Glicose plasmática em jejum Glicose plasmática de jejum ≥126 mg/dl (7,0 mmol/l). O 
jejum é definido como nenhuma ingestão calórica por no mínimo 8 h.* 
OU 
 
3. Glicemia plasmática ≥ 200 mg/dL (11.1 mmol/l) depois de 2 horas durante TOTG. O 
teste ser executado como descrito pela Organização mundial de saúde, usando uma 
carga de glicose contendo o equivalente de 75 glicose dissolvido em água.* 
OU 
 
4. Em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica, com 
glicose plasmática casual ≥200 mg/dl (11,1 mmol/l). 
* Na ausência de hiperglicemia inequívoca, critérios 1–3 devem ser confirmados com repetição da 
prova. 
Nota: NGSP - National Glycohemoglobin Standardization Program 
 DCCT- Diabetes Control and Complications Trial 
Fonte: ADA (2010) 
 
 
19 
 
4.2 O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS NO MUNDO E NO 
BRASIL 
 
 
O mundo vem passando por um envelhecimento populacional, fator conhecido 
como transição demográfica, e por uma modificação na qualidade de vida com 
aumento dos índices de sedentarismo, má alimentação e tabagismo. Toda esta 
mudança contribui de forma significativa para um aumento da incidência das 
doenças crônicas não-transmissíveis (DNCT), que representam a principal causa 
mundial de mortalidade e incapacidade funcional. O DM é uma DNCT e se tornou 
um importante problema de saúde pública no Brasil e em vários outros países 
(OPAS, 2003; TOSCANO, 2004). 
A prevalênciamundial do DM em adultos foi estimada em 4,0% em 1995 e pode 
aumentar para 5,4% até o ano 2025, o que equivalerá a aproximadamente 300 
milhões de diabéticos (KING, 1998). Segundo Wild e colaboradores (2004) o Brasil 
em 2000 ocupou o 8° lugar com 4,6 milhões de pessoas diagnosticadas com DM, 
estando entre os dez países com maior número de casos de DM, podendo este 
número chegar a 11,3 milhões em 2030 ocupando a sexta posição (WILD et al, 
2004). 
Em 2005, a estimativa foi de que 11,0% da população brasileira com idade igual 
ou superior a 40 anos apresentariam DM, o que representa cerca de 5 milhões de 
indivíduos, devendo alcançar 10 milhões de pessoas em 2010 (MS, 2006; e 
FERREIRA, 2008). 
Em 2006, foi realizado um estudo em Ribeirão Preto e determinou-se uma 
prevalência do DM de 15,02% da população estudada. Segundo o autor, estes 
resultados podem ser referentes ao envelhecimento populacional observado em 
Ribeirão Preto (MORAES et al, 2010). Já em um estudo sobre a prevalência de 
Diabetes Mellitus auto-referido em idosos com 60 anos de idade ou mais, 
demonstrou uma prevalência de 15,4%. Os resultados foram semelhantes a uma 
pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) em diversas cidades do 
Brasil, que obteve uma prevalência auto-referida em torno de 15% (FRANCISCO et 
al, 2010). 
Nos Estados Unidos, a prevalência do DM continua crescendo, alcançando em 
2007, 17,5 milhões de pessoas (ADA, 2008). 
20 
 
Atualmente, estima-se uma prevalência mundial em torno de 4,0% e, no Brasil, 
de aproximadamente 7,6%. Até 2030, espera-se que o número de casos de DM no 
mundo possa chegar a 367 milhões (WILD et al, 2004). 
 
4.3 MORBIDADE E MORTALIDADE ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS 
 
 
Associados ao DM estão os altos índices de morbidade e mortalidade, com uma 
perda expressiva da qualidade de vida, diminuindo a capacidade de trabalho e a 
expectativa de vida. Quando o DM não é tratado adequadamente ou o controle 
glicêmico não é ideal, complicações agudas e crônicas podem ocorrer (Tabela 5). As 
comorbidades associadas ao DM são obesidade, hipertensão e dislipidemia 
(TOSCANO, 2004). É importante ressaltar que tais complicações podem ser 
retardadas ou prevenidas quando o paciente possui controle e cuidados adequados 
(GUIDONE, 2009a). 
 
Tabela 5 - Complicações agudas e crônicas do DM 
Complicações agudas Complicações crônicas 
 
ü Cetoacidose diabética 
ü Hipoglicemia 
ü Acidose lática 
ü Estado hiperosmolar hiperglicêmico 
Microvasculares 
ü Retinopatia 
ü Nefropatia 
ü Neuropatia 
Macrovasculares 
ü Amputações 
ü Disfunção sexual 
ü Doenças cardiovasculares 
ü Doenças vasculares periféricas 
ü Doenças cerebrovasculares 
Fonte: GUIDONE (2009a); TOSCANO (2004) 
 
Em um estudo multicêntrico realizado com pacientes com DM2, em cidades 
brasileiras, observou uma prevalência de sobrepeso (42,1%) e de obesidade 
(32,9%). Segundo os autores, estes dados indicam que o sobrepeso e a obesidade 
já atingem um percentual de pacientes com DM2 no Brasil semelhante ao relatado 
21 
 
em estudos europeus, mas ainda menor do que o observado nos EUA (GOMES, 
2006). 
 A hipertensão afeta de 20 a 60% dos pacientes diabéticos e constitui uma 
importante comorbidade do DM (ADA, 2004). No Brasil, o DM junto com a 
hipertensão arterial, é responsável pela principal causa de mortalidade, de 
hospitalizações e de amputações de membros inferiores (MS, 2006). 
Anualmente, segundo dados da OPAS, pouco mais de 800 mil mortes são 
atribuídas ao DM, sendo que a maioria das vezes o DM é causa de morte 
secundária como, por exemplo, doenças cardiovasculares. Já o Ministério da Saúde 
estima que 4 milhões de mortes por ano são relativas ao DM e suas complicações 
(com muitas ocorrências prematuras), o que representa 9% da mortalidade mundial 
total (MS, 2006; OPAS, 2003). Os 73% das mortes atribuídas ao DM ocorrem entre 
os idosos com 70 anos ou mais (ADA, 2008). 
 
 
4.4 CUSTOS ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS 
 
 
Atualmente, verifica-se um aumento nos custos do tratamento do paciente 
diabético, fatores como prevalência da doença, novos casos diagnosticados, 
aumento na utilização de serviços médicos, desenvolvimento de novas tecnologias 
para o tratamento, aumento no número e na gravidade das complicações ao longo 
do tempo contribuem para este aumento (GUIDONE, 2009a). Muitas vezes os 
custos do DM são subestimados, pois não consideram as comorbidades associadas 
à doença (BARCELÓ, 2003). 
Grandes perdas sociais e econômicas estão relacionados ao DM causando um 
considerável impacto em virtude da demanda financeira gerada por esta síndrome e 
suas complicações. Estes custos, indiretos e diretos, estão associados às inúmeras 
complicações que geram altos gastos em hospitalizações, perdas na produtividade, 
aposentadoria precoce e mortes prematuras (BARCELÓ, 2001). 
Os custos indiretos muitas vezes não são possíveis mensurar, pois refletem na 
redução da qualidade de vida, na dor, ansiedade, sofrimento dos pacientes e seus 
familiares, principalmente quando não controlada (GUIDONE, 2009b). Alguns dos 
custos indiretos associados ao DM são: ausência no trabalho devido a fatores 
22 
 
relacionados à saúde, redução do desempenho no trabalho, produtividade reduzida 
no trabalho, incapacidade de desenvolvimento permanente das atividades no 
trabalho e perda da produtividade por morte prematura. Nos EUA, o custo nacional 
por perda de produtividade associada ao DM em 2007 foi estimado em 58,2 bilhões 
dólares (ADA, 2008). O Brasil não dispõe de estudos que quantificam os gastos 
gerados pelos custos indiretos (MS, 2005) 
Os custos diretos são relacionados a gastos com medicamentos, internações, 
consultas médicas, consulta a outros profissionais de saúde, cirurgias, atendimentos 
de urgência e emergência (ADA, 2008). 
Mundialmente, os custos diretos para o atendimento aos portadores do DM 
variam de 2,5% a 15% dos investimentos nacionais em saúde, dependendo da 
prevalência local e da complexidade do tratamento disponível (GUIDONE, 2009a). 
No Brasil, os pacientes diabéticos contribuem para os elevados custos gerados 
pelas doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Estima-se que R$7,5 
bilhões/ano, que representam 69,1% do total de gastos ambulatoriais e hospitalares, 
são gastos com DCNT (MS, 2005, MS, 2006). 
Nos EUA, em 2007, foi estimado um gasto de 174 bilhões de dólares em DM, em 
que 66% correspondem a excesso de despesas médicas e 34% corresponde à 
perda na produtividade. Os pacientes com diagnóstico de DM têm despesas 
médicas aproximadamente 2,3 vezes maiores do que seriam na ausência da doença 
(ADA, 2008). 
Em 2000, estudos na América Latina e no Caribe estimaram que o custo direto 
anual do DM seja de 10,7 bilhões de dólares ou 701 dólares por pessoa (BARCELÓ, 
2003). Caporale e colaboradores (2006) realizaram um estudo na Argentina e 
concluiram que o custo anual total dos pacientes portadores de DM hospitalizados 
foi de seis a sete vezes superiores quando comparados aos portadores não 
hospitalizados. Estes autores também sugerem a importância de intervenções 
médicas mais eficazes, para que se obtenha uma redução dos custos do 
atendimento e uma melhora na qualidade de vida do paciente pela redução no 
número de internações (CAPORALE et al, 2006). 
 
 
 
 
23 
 
4.5 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NO PACIENTE DIABÉTICO 
 
 
O tratamento do paciente diabético envolve diversos fatores e é de grande 
importância que as abordagens dos profissionais de saúde tenham como focos os 
seguintes pontos (ADA, 2010): 
 Controle glicêmico rígido por meio da dieta, da mudança do estilo de vida, 
do exercício físico e do tratamento medicamentoso. 
 Tratamento de distúrbios associados, tais como dislipidemia, hipertensão, 
obesidade, coronariopatia, entre outros. 
 Pesquisa e tratamento das complicações da enfermidade, tais como 
retinopatia,doença cardiovascular, nefropatia, neuropatia ou outras 
complicações 
 
Medidas preventivas em pacientes com risco de desenvolver Diabetes 
Mellitus ou pacientes já diagnosticados auxiliam na redução dos agravos 
relacionados à doença. Estas medidas têm um papel importante, pois reduzem 
significativamente a morbimortalidade e podem gerar maior qualidade de vida. Já o 
tratamento adequado é responsável por uma melhor qualidade de vida do paciente 
diabético, sendo assim, os profissionais de saúde devem priorizar um cuidado 
integral e adequado à estes pacientes (CASSEB, 2005; FERREIRA, 2008; MS, 
2004;). 
 
 
4.5.1 Prevenção 
 
 
A prevenção tem seu foco na promoção da saúde e não exclusivamente no 
controle da doença. O desafio dos países, atualmente, é definir e implementar 
estratégias efetivas para a prevenção e controle de várias doenças (MS, 2004). 
A prevenção do DM e de suas complicações é hoje prioridade de órgãos 
fomentadores de políticas públicas, pois é possível reduzir os índices de 
mortalidade, melhorar o prognóstico e qualidade de vida dos doentes, apresentando 
24 
 
uma relação custo / benefício muito favorável (MS, 2004). Por isso, o 
desenvolvimento de programas eficazes e viáveis aos serviços públicos de saúde 
para a prevenção do DM é necessário para que se obtenha um controle da 
incidência e prevenção de suas complicações metabólicas (SARTORELLI, 2006). Os 
resultados que podem ser obtidos com a implementação de medidas preventivas 
são: melhoria na qualidade de vida, redução dos custos do controle da doença, 
redução dos custos dos tratamentos de suas complicações, podendo até reduzir os 
índices de mortalidade (FERREIRA et al, 2005). 
A portaria n° 95, de 26 de janeiro de 2001 do Ministério da Saúde estabelece 
a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS 01/2001) que tem como 
objetivo definir as responsabilidades e ações estratégicas mínimas da atenção 
básica a várias doenças, entre elas, ao DM. Sendo assim, as responsabilidades e 
atividades da atenção básica ao DM incluem: diagnóstico de casos, pela 
investigação de usuários com fatores de risco; cadastramento dos portadores; 
busca ativa de casos; tratamento dos casos, pelo acompanhamento ambulatorial e 
domiciliar e na educação terapêutica; do fornecimento de medicamentos e 
curativos; monitoramento dos níveis de glicose dos pacientes; diagnóstico precoce 
de complicações; primeiro atendimento de urgência; encaminhamento de casos 
graves para outros níveis de complexidade; medidas preventivas e de promoção da 
saúde através de ações educativas sobre condições de risco (obesidade,vida 
sedentária), ações educativas para prevenção de complicações (cuidados com os 
pés, orientação nutricional, cessação do tabagismo e alcoolismo; controle da PA e 
das dislipidemias) e ações educativas para auto-aplicação de insulina (BRASIL, 
2001). Essas ações são atividades em que o profissional farmacêutico, com seus 
conhecimentos técnico-científcos, poderiam atuar pelo seguimento 
farmacoterapêutico. 
A tabela 6 apresenta os tipos de prevenção do DM e de suas complicações 
na atenção básica. 
 
 
 
 
 
25 
 
Tabela 6 - Tipos de prevenção do DM e de suas complicações na atenção 
básica 
TIPO DE PREVENÇÃO 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
Prevenção de fatores de risco para DM como 
sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares 
não saudáveis. 
 
 
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 
Diagnóstico precoce de vários tipos de DM. 
Prevenção das complicações metabólicas do 
DM. 
 
 
PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
Tratamento dos indivíduos já afetados pela 
doença. 
Intensificação do controle de pacientes já 
diagnosticados visando prevenir complicações 
agudas e crônicas. 
Fonte: MS (2006); FERREIRA (2008). 
 
 
4.5.2 Tratamento 
 
 
Quando trata-se de intervenção terapêutica no paciente diabético, 
recomenda-se utilizar o tratamento não medicamentoso e o tratamento 
medicamentoso (SBD, 2007). O objetivo do tratamento é manter os níveis de glicose 
dentro de valores que não promovam danos a órgãos importantes ao organismo, 
reduzindo desta forma a incidência e a severidade das complicações (FLORES, 
2005). É importante lembrar que o esquema terapêutico no tratamento do DM deve 
levar em consideração a presença de fatores de risco como a hipertensão, 
obesidade, dislipidemia, entre outras comorbidades que podem estar associadas ao 
DM (FERREIRA, 2008). 
Inicialmente, recomenda-se como terapia de primeira escolha, em qualquer 
tipo de DM, o tratamento não medicamentoso que engloba medidas educativas, 
mudanças dos hábitos de vida como a prática de exercícios físicos frequentes, 
alimentação adequada e balanceada, redução ou abandono de vícios como o 
tabagismo e da ingestão de bebidas alcoólicas (ADA, 2011; INZUCCHI, 2002). Estas 
26 
 
medidas favorecem um melhor controle dos níveis glicêmicos, do metabolismo e do 
peso corporal (GUIDONE, 2009a; INZUCCHI, 2002). 
 No momento em que o paciente passa a não responder ao tratamento não 
medicamentoso ou deixa de fazê-lo, torna-se necessário associar o tratamento 
medicamentoso utilizando um ou mais dos possíveis antidiabéticos orais (ADOs) 
e/ou insulina para se obter o controle glicêmico e promover a diminuição dos níveis 
da hemoglobina glicada (SBD, 2007). 
No tratamento do DM1, utiliza-se a insulina exógena em consequência à 
diminuição patológica desse hormônio (SBD, 2007). A insulinoterapia é a opção 
terapêutica no tratamento do DM tipo 1 e deve-se ser administrada no intuito de 
mimetizar o padrão fisiológico de insulina. Ela pode ser administrada de três ou mais 
doses de insulina basal e prandial por dia (NPH e regular); ou administração dos 
análogos de insulina (lispro e asparte) que são insulinas obtidas por técnicas de 
DNA recombinante. O tratamento também permite fazer uma contagem de 
carboidratos e administrar quantidades insulina prandial correspondentes a 
quantidade de carboidratos que serão ingeridos na refeição. Sendo assim é possível 
alterar a dose da insulina em função da quantidade de carboidratos. As medidas não 
medicamentosas também são necessárias no controle metabólico do DM 1, mas 
como neste tipo do DM há uma deficiência de insulina, o tratamento medicamentoso 
é considerado primeira escolha (ADA, 2011). 
A tabela 7 resume as principais características dos perfis de ação das 
preparações insulínicas disponíveis. 
 
Tabela 7 – PERFIS DE AÇÃO DAS INSULINAS HUMANAS E DOS ANÁLOGOS 
DE INSULINA HUMANA 
Insulinas 
Humanas 
Tipo de insulina Início Pico de ação Duração da 
ação 
 
Ultra-rápida 
Análogos de 
Insulina de ação 
ultra-rápida 
 
Glulisina 
 
< 5 - 15 minutos 
 
 
 
 
1 hora 
 
4 horas 
Lispro 
 
< 15 minutos 0,5-1,5 horas 2-4 horas 
Asparte 5-10 minutos 1-3 horas 3-5 horas 
Rápida Regular 30-60 minutos 2-3 horas 3-6 horas 
27 
 
Intermediária NPH 2-4 horas 4-10 horas 10-16 horas 
 
Longa 
Análogos de 
insulina de 
longa 
duração 
 
Glargina 
 
 
1-2 horas 
 
Não tem 
 
Até 24 horas 
 
Detemir 
 
1-2 horas 
 
Não tem 
 
Até 24 horas 
Fonte: SBD (2009b) 
 
A figura 1 e figura 2, apresentam o perfil de ação das insulinas e um exemplo 
de esquema de insulinoterapia intensa, respectivamente. 
 
 
Figura 1 - Perfil de ação das insulinas (SBD, 2010) 
 
 
Figura 2 – Esquema de insulinoterapia intensa (SBD, 2010) 
28 
 
 
O tratamento do DM2, quando não responsivo ao tratamento não 
medicamentoso, faz necessário a administração dos antidiabético orais (ADO) que 
podem ser prescritos isoladamente ou em associações. Para a escolha do ADO 
deve-se observar os níveis plasmáticos de glicose em jejum e pós-prandial, valores 
da hemoglobina glicada, custo, mecanismos de ação, estágio da doença, segurança 
e eficácia do medicamento, e também fatores relacionados ao paciente como peso, 
idade, doenças associadas, uso de medicamentos e possíveisinterações 
medicamentosas (MS, 2002; NATHAN et al, 2006; SBD, 2007). 
Fazem parte dos antidiabéticos orais os agentes que incrementam a 
secreção pancreática de insulina (sulfonilureias e glinidas); os que reduzem a 
velocidade de absorção de glicídios (inibidores das alfaglicosidases); os que 
diminuem a produção hepática de glicose (biguanidas); os que aumentam a 
utilização periférica de glicose (glitazonas), análogos e os agonistas do GLP-1 
(Incretinomiméticos) e/ou agentes que aumentam a secreção de insulina glicose-
dependente e diminuem a secreção de glucagon (inibidores da DDP-IV ou gliptinas), 
(SBD, 2009a). A tabela 8 apresenta as opções farmacológicas para o tratamento do 
Diabetes Mellitus. 
O tratameto do DM2 pode ser iniciado muitas vezes com a monoterapia, mas 
as associações podem ser necessárias devido a característica progressiva da 
doença. A metformina é recomendada como terapêutica inicial e em geral, tem 
poucos efeitos adversos, custo relativamente baixo e boa aceitação. Ao atingir a 
dose máxima da metformina e ocorrer falha com o tratamento, recomenda-se 
acrescentar outro medicamento, sendo que a escolha do medicamento vai depender 
de características específicas do paciente e do seu quadro clínico (NATHAN et al, 
2006; SBD, 2007). É importante ressaltar que cada paciente necessitará de um 
tratamento distinto, considerando sempre o estágio que a doença se encontra e 
outros fatores, citados acima, que são importantes na escolha do ADO. A SBD 
recomenda o fluxograma a seguir (Tabela 9) que é um algoritmo que pode auxiliar 
no manejo do tratamento. 
 
 
 
29 
 
Tabela 8 – Opções farmacológicas para o tratamento do 
Diabetes Mellitus 
 
CLASSES FÁRMACOS PERFIL E MECANISMO DE AÇÃO 
 
Inibidores 
 da alfaglicosidase 
 
Acarbose 
Retarda a absorção intestinal de glicose. Baixo potencial de 
redução da A1C (0,5 – 0,8%). 
Intolerância gastrintestinal. 
 
 
Biguanidas 
 
 
Metformina 
Reduz primariamente a produção hepática de glicose e 
combate a resistência à insulina. Alto potencial de redução da 
A1C (2%). Intolerância gastrintestinal. Não causa hipoglicemia. 
Pode promover discreta perda de peso. Contra-indicada na 
disfunção renal. 
 
 
 
Glitazonas 
 
 
 
Rosiglitazona 
Pioglitazona 
Combate primariamente a resistência à insulina e reduz a 
produção hepática de glicose. Aumentam a sensibilidade do 
músculo, tecido gorduroso e fígado à insulina. Potencial 
intermediário de redução de A1C (0,5 – 1,4%). Promovem 
retenção hídrica e ganho de peso, aumentando o risco de 
insuficiência cardíaca. Também aumentam o risco de fraturas. 
 
 
 
 
Sulfoniluréias 
 
 
Clorpropamida 
Glibenclamida 
Glipizida 
Gliclazida 
Gliclazida MR 
Glimepirida 
Estimulam a produção endógena de insulina pelas células beta 
do pâncreas, com duração de ação de média a prolongada (8-
24 horas). Úteis para o controle da glicemia de jejum e da 
glicemia de 24 horas. Alto potencial de redução de A1C (2%). 
Podem causar hipoglicemia. Clorpropamida e glibenclamida 
apresentam maior risco de hipoglicemia. Uma alegada ação 
deletéria em células beta humanas ainda não está 
estabelecida. 
 
 
Glinidas 
 
 
Repaglinida 
Nateglinida 
Estimulam a produção endógena de insulina pelas células beta 
do pâncreas, com duração rápida de ação (1-3 horas). Úteis 
para o controle da hiperglicemia pós-prandial. Potencial 
intermediário de redução de A1C (1,0 – 1,5%). Podem 
promover aumento de peso e hipoglicemia. A repaglinida é 
mais potente que a nateglinida. 
 
 
 
 
Incretinomiméticos 
e 
Inibidores da DPP-4 
 
 
 
Exenatida 
Vildagliptina 
Sitagliptina 
Esta é uma nova classe terapêutica para o tratamento do DM, 
cujo mecanismo inclui o estímulo das células beta para 
aumentar a síntese de insulina e a ação nas células alfa do 
pâncreas reduzindo a produção de glucagon. O glucagon tem 
efeito de aumentar a glicemia. Potencial médio de redução da 
A1C (0,5 – 0,8%, dependendo do valor basal de A1C). Não 
causam hipoglicemia. Intolerância gastrointestinal e ocorrência 
de pancreatite (exenatida). 
Fonte: SBD (2009a) - Adaptada 
 
 
30 
 
Tabela 9 – ALGORITMO PARA O TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 2 
– ATUALIZAÇÃO 2009 – 
ETAPA 1: CONDUTA INICIAL CONFORME A CONDIÇÃO CLÍNICA ATUAL 
Manifestações 
leves 
 
Manifestações 
moderadas 
 
Manifestações 
severas 
 
Hospitalização se 
glicemia >300 
mg/dL 
 
•Glicemia <200 mg/dL 
+ 
•Sintomas leves ou 
ausentes 
+ 
•Ausência de outras 
doenças agudas 
concomitantes 
• Qualquer glicemia 
entre 
200 e 300 mg/dL 
+ 
• Ausência de 
critérios para 
manifestação 
leve ou grave 
• Qualquer glicemia 
acima 
de 300 mg/dL 
= Ou = 
• Perda significante de 
peso 
= Ou = 
• Sintomas graves 
e significantes 
= Ou = 
• Presença de 
cetonúria 
 
Nas seguintes 
condições: 
• Cetoacidose 
diabética e estado 
hipereosmolar 
= Ou = 
• Doença grave 
intercorrente ou 
comorbidade 
 
Metformina (500 
mg/dia, 
intensificando até 
2.000 mg/dia) + 
modificações de 
estilo de vida. 
Se não atingir 
A1C<7% em 4 a 6 
semanas. 
Nota: Em caso de 
intolerância à 
metformina, as 
formulações de ação 
prolongada podem 
ser úteis. Persistindo 
o problema, escolha 
uma das opções da 
Etapa 2 
Metformina (500 
mg/dia, intensificando 
até 
2.000 mg/dia) + 
modificações de 
estilo de vida + 
outros antidiabéticos 
orais 
 
CRITÉRIOS PARA 
INCLUSÃO DE 
SEGUNDO ADO. 
Iniciar 
insulinoterapia 
imediatamente. 
Iniciar a terapia de 
acordo com as 
recomendações do 
algoritmo e conforme o 
controle glicêmico 
obtido após a alta. 
 
31 
 
ETAPA 2: ADICIONAR OU MODIFICAR SEGUNDO AGENTE CONFORME NÍVEL DE A1C. 
7- 8% 8-10% >10% 
• Sulfoniluréia 
• iDPP-4 
• Glitazona 
• Glinidas (predomínio de 
hiperglicemia pós-prandial) 
• Acarbose (predomínio de 
hiperglicemia pós-prandial) 
• Exenatida (sobrepeso ou 
obesidade) 
• Sulfoniluréia 
• iDPP-4 
• Glitazona 
• Insulina basal ao deitar 
• Exenatida (sobrepeso 
ou obesidade) 
Insulinoterapia 
• Insulina basal 
 
+ insulina 
prandial 
Com ou sem: 
• Metformina 
• Sulfoniluréia 
• iDPP-4 (estudos em 
andamento) 
MONITORAÇÃO E AJUSTES NO TRATAMENTO APÓS 2-3 MESES COM 
DOSES MÁXIMAS EFETIVAS PARA ATINGIR AS METAS: A1C<7%, GLICEMIA 
DE JEJUM <130 mg/dL OU GLICEMIA PÓS-PRANDIAL (2 HORAS) <160 mg/dL 
ETAPA 3: ADICIONAR UM TERCEIRO AGENTE ORAL OU INTENSIFICAR O 
TRATAMENTO INSULÍNICO. 
 
Adicionar um terceiro ADO com diferente 
mecanismo de ação. Se em 2 ou 3 meses não 
atingir as metas de A1C<7%, glicemia de 
jejum <130 mg/dL ou glicemia pós-prandial (2 
horas) <160 mg/dL, iniciar insulinização. 
Intensificar a insulinização até atingir as metas 
de A1C<7%, glicemia de jejum <130 mg/dL ou 
glicemia pós-prandial (2 horas) <160 mg/dL. 
Abreviações: A1C = hemoglobina glicada; iDPP-4 = inibidores da dipeptidil peptidase-4; ADO 
= antidiabéticos orais. 
Fonte: SBD (2009b) 
 
No tratamento da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) recomenda-se iniciar 
com controle dietético para manter controle metabólico adequado, nutrição materno-
fetal e ganho ponderal recomendado, com refeições balanceada, com menor 
volume, intervalos regulares (5-6 refeições por dia). A prática de atividades físicas 
pode ser recomendado desde que não se tenha nenhuma contra-indicação 
obstétrica e que evite exercícios de alto impacto ou que predisponham à perda de 
equilíbrio. Quando o controle glicêmico não é atingido com estas medidas, inicia-se 
a insulinoterapia (PADILHA et al, 2010). A metformina pode ser uma opção 
32 
 
terapêutica no tratamento do DMG, mas poucos são os ensaios clinicos que avaliam 
a segurança e eficácia de seu uso (ROWAN et al, 2008). 
A utilização de terapias com células-tronco (CT) pluri ou multipotentes no 
tratamento do Diabetes Mellitus já estão sendo estudados.Os estudos em animais 
são muitos, já em humanos são raros relatos que verificaram o efeito de tratamento 
com CT sobre o controle glicêmico no DM devido a várias dificuldades. Os desafios 
para a utilização da terapia regenerativa são muitos e inúmeras são as 
necessidades de novas estratégias no tratamento do DM (LEAL; VOLTARELLI, 
2010). 
A cirurgia bariátrica, que surgiu como um tratamento para obesidade mórbida, 
hoje é considerada uma opção terapêutica no tratamento do DM2 e pode levar à 
melhoria ou resolução do DM. Ainda não existem dados sobre o impacto da cirurgia 
nas complicações crônicas micro e macrovasculares do DM (SPECTOR; SHIKORA, 
2010). A meta-análise e revisão da literatura realizada por Bushwald e 
colaboradores (2004) mostraram que de todos os tipos de cirurgias bariátricas a 
resolução das manifestações clínicas do DM ocorreu em 76,8% dos pacientes, 
enquanto o controle do DM melhorou em 86% dos casos. Atualmente, muitos 
aspectos sobre o tratamento cirúrgico do DM2 ainda são questionáveis e 
inexplicáveis, ainda não está claro qual o aspecto do procedimento cirúrgico é 
responsável pelo aumento observado na sensibilidade a insulina, sabe-se que a 
perda de peso é importante, mas acredita-se que outros mecanismos também 
estejam envolvidos, e vários são os estudos que estão sendo realizados para 
tentarem explicar tais efeitos (MINGRONE; CASTAGNETO-GISSEY, 2009). 
 
 
4.6 PROBLEMAS DA TERAPÊUTICA DO DIABETES MELLITUS 
 
 
Alguns problemas podem estar associados à terapêutica do Diabetes Mellitus, 
a seguir os mesmos serão abordados mais detalhadamente. 
 
 
 
 
33 
 
4.6.1 Reações adversas 
 
A Reação Adversa a Medicamento (RAM) é definida como “uma resposta a 
um medicamento que é nociva e não-intencional e que ocorre nas doses 
normalmente usadas em seres humanos” (OPAS; OMS, 2005a). As RAMs são 
responsáveis por causas significativas de hospitalizações, aumento de tempo de 
permanência hospitalar, causas de óbitos, afetam a qualidade de vida do paciente, 
aumentam os custos e influenciam na adesão ao tratamento (MENON et al., 2005; 
RUBIN, 2005). 
É importante ressaltar que reação adversa é diferente de efeito colateral. 
Sendo assim define-se efeito colateral como sendo “qualquer efeito não-intencional 
de um produto farmacêutico, que ocorre em doses normalmente utilizadas por um 
paciente, relacionadas às propriedades farmacológicas do medicamento” (OPAS; 
OMS, 2005a). 
A metformina é um antidiabético oral (ADO) muito utilizado no tratamento do 
DM, o efeito adverso mais significativos são os distúrbios gastrointestinais, incluindo 
náuseas, vômitos, anorexia e diarréias. Estes efeitos ocorrem particularmente 
durante o início do tratamento e quando o escalonamento da dose é muito rápida. 
Tais efeitos adversos podem prejudicar na adesão ao tratamento, mas os mesmos 
dissipam ao longo do tratamento. Doses baixas no início do tratamento e o uso de 
formulações de liberação prolongada ajudam a reduzir tais reações adversas 
(FOWLER, 2007; PETRIE et al, 2011) 
A grande problema da insulinoterpia é a falta de adesão ao tratamento devido 
ao alto índice de hipoglicemia gerada por estes medicamentos. A hipoglicemia 
acomete 90% da pessoas tratadas com a insulina, mas esse risco pode ser 
diminuido pela insulinização adequada e com um monitoramento diário dos níveis de 
glicose no sangue por meio do teste de glicemia capilar. Os sintomas da 
hipoglicemia podem ser classifcados em duas categorias: os neurogênicos ou 
autonômicos e os neuroglicopênicos (NERY, 2008). A tabela 10 exemplifica alguns 
dos sinais e sintomas da hipogligemia. 
 
 
 
34 
 
Tabela 10 - Sinais e sintomas da hipogligemia 
Sintomas neuroautonômicos (causados 
pela resposta 
autonômica) 
Sintomas neuroglicopênicos (causados pela 
concentração 
reduzida de glicose no SNC) 
Falta de estabilidade, tremor 
Ansiedade 
Nervosismo 
Palpitações 
Sudorese 
Pele pegajosa 
Boca seca 
Fome 
Palidez 
Dilatação da pupila 
Sensações estranhas (calor, formigamentos) 
Irritabilidade 
Confusão mental 
Difculdade de raciocínio 
Difculdade de fala 
Visão borrada 
Ataxia 
Parestesias 
Dor de cabeça 
Confusão mental 
Convulsão 
Coma 
Morte 
Fonte: NERY (2008) 
 
 
4.6.2 Adesão 
 
 
O conceito de adesão varia entre vários autores, segundo LEITE & 
VASCONCELLOS (2003, p. 777), a adesão “é compreendida como a utilização dos 
medicamentos prescritos ou outros procedimentos em pelo menos 80% de seu total, 
observando horários, doses, tempo de tratamento.” O Projeto Adesão da 
Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua a adesão como a participação 
voluntária e ativa do paciente no seu tratamento, em que seus comportamentos 
representados pela ingestão de medicamentos, seguimento da dieta, mudanças no 
estilo de vida correspondem e concordam com as recomendações de um médico ou 
outro profissional de saúde dividindo assim as responsabilidades (OMS, 2003b). 
Na adesão, o paciente participa ativamente e diretamente no tratamento, no 
que diz respeito a freqüência das consultas, modificações dos hábitos e 
comportamentos que contribuem efetivamente para um bom tratamento (COUTO, 
2010). 
35 
 
Pacientes diabéticos requerem mudanças de vidas e na maioria das vezes, 
uma grande quantidade de medicamentos, porém os benefícios do tratamento 
adequado podem ser limitados devido à falta de adesão ao tratamento (RUBIN, 
2005). 
A falta de acesso ao medicamento, de conhecimento acerca da doença e dos 
medicamentos, presença de reações adversas, polifarmácia, entre outros, 
contribuem para não adesão a farmacoterapia. Para investigação da adesão, fatores 
relacionados ao paciente, sociais, à relação profissional-paciente, ao esquema 
terapêutico e à doença podem ser utilizados (Figura 3). É evidente em vários 
estudos que quando o paciente confia na prescrição e na equipe de saúde, e 
entende a forma como vem sendo conduzido seu tratamento e a sua importância, a 
adesão é verificada e o profissional de saúde influencia na promoção da adesão 
(GIMENES et al, 2009; LEITE; RUBIN, 2005; VASCONCELLOS, 2003). 
 
Figura 3 – Fatores que influenciam na adesão (MACHADO, 2008). 
 
Sistema de saúde / 
Equipes de saúde 
Fatores 
socioeconômicos 
Fatores 
relacionados à terapêutica 
Fatores relacionados ao 
paciente 
Fatores relacionados 
à doença 
36 
 
Um importante problema no tratamento das doenças crônicas está nos baixos 
índices de adesão ao tratamento. Vários aspectos no tratamento do DM contribuem 
para a baixa adesão, são eles: mudança do estilo de vida, esquemas terapêuticos 
complexos, desconfortos, necessidade de monitoramento e vigilância, e ter como 
meta a prevenção ou controle dos sintomas e não a cura da doença (COELHO et al., 
2008). Os três elementos do tratamento e da própria doença têm sido associados 
com a adesão: a complexidade do tratamento, a duração da doença e prestação de 
cuidados que são necessários (OMS, 2003b) 
A não adesão a tratamentos é comum e contribui para aumento do número de 
mortes, agravos das doenças e aumento dos custos no cuidado a saúde. Nos 
Estados Unidos, de todas as internações hospitalares relacionadas com a 
medicação, 33-69% são devidos à má adesão à farmacoterapia, com um custo 
resultante de aproximadamente $ 100 bilhões por ano (OSTERBERG; BLASCHKE, 
2005). 
Em estudo que monitorou a adesão a prescrição de sulfoniluréias por 
pacientes com DM tipo 2, utilizando o método MEMS (Medication Event Monitoring 
System), obteve-se 93% de adesão ao tratamento com antidiabéticos orais, neste 
mesmo estudo, quando utilizou-se a contagem de comprimidos, obteve-se adesão 
de 87% para o tratamento com 2 ou 3 comprimidos por dia (WINKLER et al, 2002). 
Segundo os resultados publicados pelo estudo DAWN (Diabetes Attitudes, Wishes 
and Needs Study), a adesão ao tratamento medicamentoso do DM1 e DM2 foi de 
83% e 78%, respectivamente.Já a adesão a dieta e exercício físico foi de, 
aproximadamente, 72% e 36%, respectivamente (PEYROT et al, 2005). 
Outro estudo realizado em um centro de pesquisa e extensão universitária do 
interior paulista, no Programa de Educação em Diabetes, em 2007, os autores 
observaram uma adesão ao tratamento de 78,3%. O estudo avaliou também a 
prevalência da adesão em outros fatores que podem influenciar neste 
comportamento do paciente ao tratamento. Em relação aos fatores referentes à 
relação profissional-paciente, a adesão ao tratamento medicamentoso foi maior nos 
pacientes que referiram ter recebido informações acerca da doença (84,6%) e 
informações específicas em relação ao medicamento prescrito (86,7%). Dos 
pacientes que referiram efeitos colaterais relacionados ao medicamento, a 
37 
 
prevalência de adesão foi 70%. Já os que não referiram efeitos colaterais foram 
93,8% (GIMENES et al., 2009, FARIA, 2008). 
Outro desafio dos profissionais da saúde está na adesão do paciente 
diabético ao tratamento não-medicamentoso, tais como: atividade física, mudanças 
dos hábitos alimentares, uso do álcool e tabaco. Em estudo realizado por Couto 
(2010), 78,1% dos diabéticos referiram não seguir regularmente a dieta 
recomendada e 87,5% referiram não praticar nenhuma atividade física. 
Vários métodos podem ser utilizados para melhorar a adesão ao tratamento. 
A tabela 11 apresenta algumas intervenções que podem facilitar a adesão do 
paciente ao tratamento. 
 
Tabela 11 - Intervenções para facilitar a adesão ao tratamento 
 
Objetivo/Meta Intervenção 
Recorde e melhore a compreensão do 
tratamento 
 
Reforças os benefícios percebidos do 
tratamento 
 
 
Minimizar os efeitos adversos 
 
 
Minimizar os custos 
 
 
Minimizar a complexidade do tratamento 
 
Facilitar o bem-estar emocional 
 Verificar a compreensão do paciente 
durante a consulta 
 Utilize auxílios visuais 
 Esclarecer o alívio dos sintomas 
limitados 
 Encontrar benefícios a longo prazo 
 Discutir e monitorar 
 Fazer ajustes necessários 
 Discutir e monitorar 
 Alterar o tratamento quando adequado 
 Monitorar 
 Alterar o esquema quando necessário 
 Verificar sintomas de depressão 
 Tratar pacientes deprimidos 
 Considerar sofrimentos relacionados ao 
diabetes 
 Promover a educação em DM 
Fonte: RUBIN (2005) – Adaptado 
 
São poucos os relatos e as informações na literatura a respeito da adesão do 
paciente diabético. Sendo assim, fazem-se necessárias outras investigações a 
38 
 
respeito da adesão ao tratamento medicamentoso em DM (GIMENES et al, 2009; 
RUBIN, 2005). 
 
4.6.3 Acesso 
 
 
O falta de acesso a medicamentos, principalmente os de uso contínuo, pode 
levar ao agravamento do quadro clínico do paciente, aumentar os gastos com a 
atenção secundária e terciária e interferir na adesão farmacoterapêutica. Muitos 
pacientes não têm acesso ao medicamento por não terem condições financeiras 
para aquisição ou por muitas vezes não encontrar na rede pública devido a baixa 
disponibilidade e descontinuidade da oferta destes produtos (PANIZ et al, 2008). 
Segundo a Lei nº 8.080/90, o acesso universal e gratuito a serviços públicos e 
a medicamentos essenciais padronizados pelo SUS são garantidos pela 
Constituição. A OMS define medicamentos essenciais: 
 
São aqueles que servem para satisfazer às necessidades de atenção à 
saúde da maioria da população. São selecionados de acordo com a sua 
relevância na saúde pública, evidência sobre a eficácia e a segurança e os 
estudos comparativos de custo efetividade. Devem estar disponíveis em 
todo momento, nas quantidades adequadas, nas formas farmacêuticas 
requeridas e a preços que os indivíduos e a comunidade possam pagar. 
(OMS, 2004) 
 
 
No Brasil, a Relação Nacional de Medicamentos é a RENAME, e a adoção da 
RENAME faz parte das diretrizes da Política Nacional de Medicamentos. A lista de 
medicamentos essenciais abrange medicamentos destinados a assistência primária 
na atenção básica e a assistência à saúde de média e alta complexidade (MS, 
2001). 
 As relações de medicamentos essenciais no Brasil são utilizadas no âmbito 
do SUS, mas a disponibilização de medicamentos no serviço público não está 
restrita aos medicamentos constantes na Rename. Além dos medicamentos da 
Rename, existem outras listas de medicamentos que contemplam o tratamento em 
vários programas de saúde, como por exemplo: medicamentos de alto custo e 
medicamentos excepcionais; medicamentos para o Programa da Saúde da Família, 
medicamentos da Farmácia Popular (Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus); 
39 
 
medicamentos para Saúde Mental; medicamentos que atendem a programas 
nacionais como DST/Aids (Anti-Retrovirais), Tuberculose, Hanseníase, entre vários 
outros (OPAS; OMS, 2005b). 
A situação mundial do acesso a medicamentos essenciais é ainda 
considerada crítica. A OMS estima que cerca de dois bilhões de pessoas (1/3 da 
população mundial) não têm acesso regular a medicamentos essenciais e que 
apenas 15% da população mundial consomem mais de 90% da produção mundial 
de medicamentos (OPAS; OMS, 2005b). 
A visão da OMS na estratégia de Medicamentos 2004-2007, no que diz 
respeito aos medicamentos, prevê “que em todas as partes, as pessoas tenham 
acesso aos medicamentos essenciais que necessitam; que os medicamentos sejam 
seguros, efetivos e de boa qualidade; e que os medicamentos sejam prescritos e 
utilizados racionalmente”. Os quatro objetivos principais dessas estratégias são: (a) 
melhorar o acesso a medicamentos essenciais; (b) fortalecer as políticas nacionais 
de medicamentos; (c) melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos; e (d) 
promover seu uso racional (OMS, 2004). 
O Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) é uma iniciativa do Governo 
Federal para reduzir os preços e aumentar o acesso aos medicamentos, onde o 
Ministério da Saúde (MS), por meio das redes próprias ou estabelecimentos 
farmacêuticos privados conveniados com o programa, disponibilizam a venda para a 
população, medicamentos e/ou correlatos a preços inferiores aos comercializados 
nas drogarias particulares não aderentes a este programa. O PFPB tem como 
objetivo oferecer medicamentos essenciais a um baixo custo à população, 
melhorando o acesso e beneficiando uma maior quantidade de pessoas. Em uma 
medida recente do Governo Federal pela Portaria n.° 184, de 3 de fevereiro de 2011, 
foi definido que os medicamentos estabelecidos pelo programa para o tratamento da 
hipertensão arterial e/ou Diabetes Mellitus, tornam-se gratuitos aos usuários, 
mesmo aqueles disponibilizados em drogarias privadas (BRASIL, 2011). Não são 
todos os medicamentos utilizados pelos pacientes diabéticos que estão 
disponibilizados no PFPB, apenas os medicamentos conforme tabela 12. 
 
 
 
 
40 
 
 
 
Tabela 12 - Medicamentos gratuitos do programa aqui tem 
farmácia popular para o tratamento Diabetes Mellitus 
Glibenclamida 5 mg, comprimido 
Cloridrato de metformina 500 mg, comprimido 
Cloridrato de metformina 850 mg, comprimido 
Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, frasco-ampola 10 
ml 
Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, frasco-ampola 5 
ml 
Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, refil 3ml (carpule) 
Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, refil 1,5ml 
(carpule) 
Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola 10 
ml 
Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola 5 
ml 
Insulina Humana Regular 100UI/ml, solução injetável, refil 3ml 
(carpules) 
Insulina Humana Regular 100UI/ml, solução injetável, refil 1,5ml 
(carpules) 
 Fonte: BRASIL (2011) 
 
 
4.7 ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO AO PACIENTE 
 
 
Após o fenômeno industrial, o farmacêutico perdeu um pouco sua identidade 
e passou cada vez mais a ser visto pela sociedade como um mero dispensador de 
medicamentos,perdendo sua característica de profissional da saúde. Com o 
advento dos medicamentos industrializados e com a grande variedade de produtos 
farmacêuticos surge a necessidade do profissional farmacêutico como responsável 
pela farmacoterapia do paciente. A automedicação, o uso desnecessário de 
medicamentos e a utilização de fármacos em situações contra-indicadas é uma 
prática muito comum e expõe os pacientes aos riscos de ocorrência de reações 
41 
 
adversas, mascaramento de condições clínicas mais graves e/ou evolutivas, 
interações medicamentosas e intoxicações, constituindo-se assim uma importante 
causa de morbidade e mortalidade A farmácia clínica e atenção farmacêutica (AF) 
permitem que o farmacêutico se apresente como um profissional da saúde e não 
apenas como um profissional do medicamento (FREITAS et al, 2006; MENEZES, 
2000). 
Como profissional de saúde e último elo entre a prescrição e a administração 
do medicamento, o farmacêutico atuando na atenção farmacêutica e em conjunto 
com outros profissionais da saúde podem significativamente contribuir para uma 
melhor farmacoterapia e obter bons resultados clínicos, humanísticos e econômicos, 
tais como, Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM) evitados e resolvidos, 
melhor qualidade de vida, redução do número de hospitalizações e consultas de 
médicas, redução nos custos e no número de medicamentos utilizados, redução no 
absenteísmo no trabalho (CARVALHO, 2007). 
 
Para a Organização Mundial de Saúde, há Uso Racional de Medicamentos 
(URM) quando o paciente em uma condição clínica recebe medicamento seguro, 
eficaz e apropriado, na dose e forma farmacêutica correta, por um período 
adequado, que esteja disponível ao menor custo. É considerado uso irracional uso 
inapropriado de antimicrobianos, polimedicação, automedicação feita de forma 
inapropriada, prescrições inadequadas, entre outras práticas (OPAS, 2007) 
 
 
4.7.1 Atenção Farmacêutica 
 
 
A Atenção farmacêutica está inserida no contexto da Assistência 
Farmacêutica no momento da dispensação e utilização dos medicamentos. A 
primeira tem como foco o paciente, já a segunda o medicamento, mas ambas 
buscam promover o Uso Racional de Medicamentos (URM). Na atenção 
farmacêutica o farmacêutico assume a responsabilidade de garantir uma 
farmacoterapia que seja a mais indicada, eficaz e segura (CARVALHO, 2007; 
PERREIRA; FREITAS, 2008; SILVA; PRANDO, 2004). 
42 
 
 Na década de 90, Hepler & Strand propõe o conceito da atenção 
farmacêutica com o objetivo de diminuir os índices de mortalidade e morbilidade que 
podem estar associados aos medicamentos. Segundo Hepler e Strand (1999, p.43), 
o conceito clássico de atenção farmacêutica é “a provisão responsável da 
farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados definidos que melhorem a 
qualidade de vida dos pacientes”. No Brasil, foi preparado um relatório que propôs 
um conceito de Atenção farmacêutica de acordo com a realidade brasileira. Após a 
avaliação de diversos modelos executados no exterior a atenção farmacêutica foi 
definida: 
 
É um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da 
Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, 
comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na 
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma 
integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o 
usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados 
definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. 
Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, 
respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da 
integralidade das ações de saúde (OPAS, 2002). 
 
 
Além do conceito de Atenção Farmacêutica, foram definidos nesse mesmo 
encontro os macro-componentes da prática profissional para o exercício da Atenção 
Farmacêutica, são eles: educação em saúde (promoção do uso racional de 
medicamentos), orientação farmacêutica, dispensação de medicamentos, 
atendimento farmacêutico, acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico e 
registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resultados. (OPAS, 
2002). 
 A tabela 16 aborda os conceitos de cada um dos macro-componentes da 
atenção farmacêutica. 
A orientação do farmacêutico por meio da atenção farmacêutica permite 
enumerar várias vantagens, tais como: diminuir a necessidade de assistência 
médica, diminuição dos custos do sistema público e privado de saúde com 
medicamentos e atendimentos médicos, resolução de problemas relacionados aos 
medicamentos (PRMs), permite ao usuário do medicamento maior segurança, 
melhor adesão ao tratamento, manutenção de objetivos terapêuticos e melhor 
43 
 
autocuidado, facilita na detecção de reações adversas e está continuamente 
promovendo o uso racional de medicamentos (MENEZES, 2000). 
 
 
 
Tabela 16 - Conceitos dos macro-componentes da Atenção Farmacêutica 
MACRO-COMPONENTES CONCEITOS 
 
Problema relacionado com 
medicamento (PRM) 
“É um problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar 
relacionado à farmacoterapia, que interfere nos resultados 
terapêuticos e na qualidade de vida do usuário.” 
 
 
 
Acompanhamento/seguimento 
farmacoterapêutico 
“É um componente da Atenção Farmacêutica e configura um 
processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas 
necessidades do usuário relacionadas ao medicamento, por 
meio da detecção, prevenção e resolução de Problemas 
Relacionados aos Medicamentos (PRM), de forma sistemática, 
contínua e documentada, com o objetivo de alcançar 
resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de 
vida do usuário.” 
 
 
 
Atendimento Farmacêutico 
“É o ato em que o farmacêutico, fundamentado em sua praxis, 
interage e responde às demandas dos usuários do sistema de 
saúde, buscando a resolução de problemas de saúde, que 
envolvam ou não o uso de medicamentos. Este processo pode 
compreender escuta ativa, identificação de necessidades, 
análise da situação, tomada de decisões, definição de 
condutas, documentação e avaliação, entre outros.” 
 
 
Intervenção Farmacêutica 
“É um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário 
e profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir 
problemas que interferem ou podem interferir na 
farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de 
acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico.” 
FONTE: OPAS (2002) 
 
Strand et al (2004) avaliaram o impacto sobre os profissionais, impacto clínico 
e econômico da atenção farmacêutica. Inicialmente, os profissionais participaram de 
um programa de treinamento onde aprenderam a respeito da filosofia da atenção 
farmacêutica, de como identificar, resolver e evitar problemas relacionados a 
medicamentos e a documentação das ações. A atenção farmacêutica aconteceu no 
44 
 
período entre janeiro de 2000 e dezembro de 2003 e contou com a participação de 
2.985 pacientes adultos. No início do estudo, 61% desses pacientes tinham um ou 
mais PRMs identificados e resolvidos. Ao final, ocorreu uma melhora no estado 
clínico ou manutenção de um estado estável em 83% dos pacientes. Dos 863 
pacientes com DM tipo II, 51% apresentaram melhora clínica ao receber atenção 
farmacêutica. Com relação ao impacto econômico, o estudo demonstrou uma 
redução de custos no valor de US$ 1.134.162,00. 
Lyra Júnior (2005) realizou um estudo com idosos no Brasil e constatou que 
intervenções educativas foram capazes de otimizar a utilização de medicamentos, 
resultando na resolução e prevenção de aproximadamente 70% dos PRMs 
identificados e um aumento de 35% na adesão a farmacoterapia. Os resultados 
humanísticos também foram satisfatórios, pois os idosos demonstraram melhoras 
significativas em seus índices de qualidade de vida após o programa. 
Nos EUA, em uma análise farmacoeconômica, revelou que a revisão dos 
regimes terapêuticosmelhora em 43% os resultados finais do tratamento e gera uma 
economia de US$3,6 billões de dólares, por ano, relacionada à prevenção de 
problemas relacionados a medicamentos ou complicações oriundos da 
farmacoterapia, pois quando farmacêuticos não revisam as prescrições, os gastos 
com problemas ou complicações são da ordem de US$7,6 billhões, por ano, contra 
um gasto de US$4 bilhões, por ano, quando esta revisão é efetuada (ARAÙJO, 
2001). 
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, faz-se necessário buscar uma 
assistência farmacêutica de qualidade que garanta o acesso aos medicamentos da 
atenção primária para que seja possível a implantação e implementação de uma 
Atenção Farmacêutica com solidez. Alguns fatores dificultam a implantação dos 
serviços de atenção farmacêutica no Brasil, sendo eles: a falta de reconhecimento 
da sociedade da importância do farmacêutico como um profissional da saúde, pouca 
inserção do profissional nas equipes multiprofissionais de saúde, escassez de 
oportunidades da educação continuada na área clínica, falta de estruturação dos 
serviços de saúde, dificuldade de acesso ao medicamento por parte dos usuários do 
Sistema Único de Saúde (SUS) e ausência de documentação científica que 
possibilite demonstrar aos gestores do sistema público e privado que a 
implementação da Atenção Farmacêutica representa um investimento e não custo 
(PERREIRA; FREITAS, 2008; SILVA; PRANDO, 2004). 
45 
 
Segundo a pesquisa realizada em Curitiba por Oliveira et al. (2005), os 
obstáculos enfrentados para a implantação da Atenção Farmacêutica nas Farmácias 
Comunitárias incluem desmotivação devido ao excesso de atividades no 
gerenciamento das farmácia e a falta de tempo no atendimento ao paciente, falta de 
liberdade por parte dos farmacêuticos e de interesse por parte dos proprietários em 
realizar tal programa, dificuldade de relacionamento com os atendentes da farmácia 
e necessidade de atualizações na parte clínica. Sendo assim é necessário um 
estimulo na atuação do farmacêutico dentro da atenção farmacêutica para que a 
partir daí ocorra um reconhecimento da sociedade a respeito da importância do 
farmacêutico como profissional de saúde (OLIVEIRA et al, 2005). 
 
 
4.7.2 Problemas Relacionados ao Medicamento (PRMs) 
 
 
A morbimortalidade relacionada aos medicamentos é um problema para o 
sistema de saúde, sendo que as principais causas são: prescrições inadequadas; 
não adesão ao tratamento; reações adversas aos medicamentos; superdosagem ou 
subdosagem; erros de medicação; falta da farmacoterapia necessária (CARVALHO, 
2007; MORRIS et al, 2002). A atenção farmacêutica objetiva identificar os possíveis 
problemas relacionados ao medicamento e com isso solucionar por uma intervenção 
farmacêutica (OLIVEIRA et al, 2005; PERREIRA; FREITAS, 2008). As circunstâncias 
clínicas que podem gerar um PRM podem estar relacionadas ao próprio 
medicamento, paciente, prescritor, farmacêutico ou ao sistema de atenção em saúde 
(CORRER et al, 2007). 
Em 2002, na Espanha, o segundo consenso de Granada definiu o conceito de 
Problema Relacionado ao Medicamento (PRM) como “problema de saúde, 
entendido como resultados clínicos negativos derivados da farmacoterapia que são 
produzidos por diversas causas e tem como conseqüência o não alcance do objetivo 
terapêutico ou o aparecimento de efeitos indesejáveis” (GRUPO DE 
INVESTIGACIÓN EN ATENCIÓN FARMACÉUTICA et al, 2002). No mesmo ano no 
Brasil, o consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica definiu PRM como “um 
problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, 
46 
 
que interfere nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário” (OPAS, 
2002). 
A tabela 14 descreve a classificação dos PRMs estabelecida pelo segundo 
consenso de Granada. 
Tabela 14 – Classificação dos PRMs 
NECESSIDADE 
PRM 1: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de não utilizar o 
medicamento de que necessitam. 
PRM 2: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de utilizar o 
medicamento de que não necessitam. 
EFETIVIDADE 
PRM 3: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia à ineficácia não 
quantitativa da medicação. 
PRM 4: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia a uma ineficácia 
quantitativa da medicação. 
SEGURANÇA 
PRM 5: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de uma insegurança 
não quantitativa de um medicamento. 
PRM 6: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de uma insegurança 
quantitativa de um medicamento. 
FONTE: GRUPO DE INVESTIGACIÓN EN ATENCIÓN FARMACÉUTICA et 
al (2002) 
Devido à necessidade de termos mais técnicos e apropriados na definição de 
PRM, o terceiro consenso de Granada propõe novas definições e inseriu o conceito 
de Resultados Negativos associados à Medicamentos (RNM). Sendo assim, PRM 
passa a ser definido como: “aquelas situações que o processo do uso de 
medicamentos causam ou podem causar a aparição de um Resultado Negativo 
associado ao Medicamento (RNM)” e a definição de RNM estabelecida é “resultados 
na saúde do paciente não adequado ao objetivo da farmacoterapia e associados ao 
uso ou não uso de medicamentos”. Considerando a nova definição de PRM, são 
47 
 
exemplos de PRMs: administração incorreta de medicamentos, armazenamento 
inadequado, contra-indicação, erros de dispensação, interações medicamentosas, 
não cumprimento da terapia, doses inadequadas, outros problemas de saúde que 
afetam o tratamento, entre outros (GRUPO DE INVESTIGACION EM ATENCION 
FARMACEUTICA et al, 2007). 
Já a classificação do RNMs foi proposta considerando os requisitos principais 
que devem ser os medicamentos para serem utilizados, são eles: necessidade, 
efetividade e segurança (Tabela 15) (GRUPO DE INVESTIGACION EM ATENCION 
FARMACEUTICA et al, 2007). 
 
Tabela 15 – Classificação dos Resultados Negativos associado ao 
Medicamento (RNMs) 
NECESSIDADE 
Problema de saúde não tratado: o paciente tem um problema de saúde por não receber um 
medicamento que necessita. 
Problema de saúde por medicamento desnecessário: o paciente tem um problema por utilizar um 
medicamento que não necessita. 
EFETIVIDADE 
Ineficácia não quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma ineficácia não 
quantitativa do medicamento. 
Ineficácia quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma ineficácia quantitativa 
do medicamento. 
SEGURANÇA 
Insegurança não quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma insegurança 
não quantitativa do medicamento. 
Insegurança quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma insegurança 
quantitativa do medicamento. 
FONTE: GRUPO DE INVESTIGACIÓN EN ATENCIÓN FARMACÉUTICA et 
al (2007). 
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Considerando as novas definições para termos PRM e RNM, no seguimento 
farmacoterapêutico, o farmacêutico é responsável por detectar os PRMs de modo a 
prevenir e/ou resolver os RNMs. Todo este processo deve ser realizado de forma 
contínua, sistemática e documentada, em conjunto com o paciente e outros 
profissionais da saúde, a fim de alcançar resultados que melhorem a qualidade de 
vida dos pacientes (GRUPO DE INVESTIGACION EM ATENCION FARMACEUTICA 
et al, 2007). 
Correr et al (2009), realizou seguimento terapêutico (SFT) em pacientes com 
Diabetes Mellitus tipo 2 em farmácias comunitárias. Foram documentadas 119 
intervenções farmacêuticas no grupo intervenção ao longo do período de estudo, 
com uma média de 2,3 intervenções por paciente. Em 52,9% dos casos foi 
necessário encaminhamento do paciente ao médico. As intervenções farmacêuticas 
foram aceitas, em média, em 76,5% dos casos. Para os pacientes encaminhados ao 
médico, em 68% dos casos, as condutas médicas coincidiram com as sugestões 
feitas pelos farmacêuticos ao paciente, por escrito ou verbalmente. No mesmo 
estudo, 92% dos pacientes apresentaram

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