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Características e descrição da tecnologia de turbinas eólicas Prof. Dr. Eduardo Verri Liberado 1Engenharia de Energia Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:HAWT_and_VAWTs_in_operation_medium.gif Aula anterior • Energia cinética do vento • Potência disponível pelo vento – Considerações • Natureza estocástica do vento – Distribuição de Weibull – Distribuição de Rayleigh – Direção do vento • Potencial eólico brasileiro – Atlas eólicos de alguns Estados – Atlas do potencial eólico brasileiro – simulações 2013 – Outros estudos de potencial • Complementaridade eólica-hídrica Engenharia de Energia 2 Nesta aula • Aerodinâmica da turbina • Classificação das turbinas eólicas – Turbinas de eixo vertical – Turbinas de eixo horizontal • Conversão de energia no sistema eólico – Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Potência mecânica e torque – Efeito do “sombreamento” • Número de pás em turbinas de eixo horizontal • Variação do coeficiente de potência • Curva de potência Engenharia de Energia 3 Bibliografia • Milton Oliveira Pinto, Fundamentos de energia eólica, LTC, 2013. (Milton, 2013) • Eliane A. Fadigas, Energia Eólica, Manole, 2011. (Fadigas, 2011) • Ahmad Hemami, Wind Turbine Technology, CENGAGE Learning, 2012. ISBN: 978-1-4354-8646-1 • Ricardo Dutra (CRESESB), Energia Eólica: Princípios e Tecnologias, 2008 (Tutorial, 2008). • Selênio Rocha Silva, Notas de aula da disciplina “Impacto de GD às redes elétricas”, UFMG, 2014. • José Antenor Pomilio, Apostila da disciplina “Eletrônica de potência para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica”, UNICAMP, 2012. 4Engenharia de Energia Aerodinâmica da turbina • Objeto imerso em uma corrente de ar (ex.: um aerofólio): – V: velocidade do vento – A: força de arrasto (paralela à V) – S: força de sustentação (perpendicular a V) – R: força resultante: 𝑅 = Ԧ𝑆 + Ԧ𝐴 Engenharia de Energia 5 Retirado de: Fadigas, 2011. Aerodinâmica da turbina • A diferença de pressão exercida pelo vento nas partes superior (menor pressão) e inferior (maior pressão) resulta na força de sustentação Engenharia de Energia 6 Retirado de: Fadigas, 2011. Aerodinâmica da turbina • Força de arrasto: 𝐹𝑎 = 𝐶𝑎0,5𝜌𝑉 2𝐴 • Força de sustentação: 𝐹𝑠 = 𝐶𝑠0,5𝜌𝑉 2𝐴 – Nas quais • 𝐴: área do aerofólio (linha de corda x comprimento) [m] • 𝐶𝑎: coeficiente de arrasto (função de α) • 𝐶𝑠: coeficiente de sustentação (função de α) • 𝜌: massa específica do ar [kg/m³] Engenharia de Energia 7 Aerodinâmica da turbina Engenharia de Energia 8 Retirado de: Fadigas, 2011. Aerodinâmica da turbina • Aerofólio girando em torno do plano de rotação – Vt: velocidade tangencial (corresponde ao vento resistente ao giro do aerofólio) – Vr: velocidade resultante: 𝑉𝑟 = 𝑉𝑡 + 𝑉 – β: ângulo de passo – Ângulo de ataque passa a ser relacionado a Vr 9 Retirado de: Fadigas, 2011. Aerodinâmica da turbina • Aerofólio girando em torno do plano de rotação – Forças de arrasto e sustentação se relacionam com a velocidade resultante – Fr: força resultante: Ԧ𝐹𝑟 = Ԧ𝐹𝑎 + Ԧ𝐹𝑠 10 Aerodinâmica da turbina • A força resultante pode ser calculada também através das forças axial (Fax, paralela ao plano de rotação) e tangencial (também chamada de força de potência, Fp) 𝐹𝑎𝑥 = 𝐹𝑠 cos 𝛼 + 𝛽 + 𝐹𝑎 sin 𝛼 + 𝛽 𝐹𝑝 = 𝐹𝑎 cos 𝛼 + 𝛽 + 𝐹𝑠 sin 𝛼 + 𝛽 Engenharia de Energia 11 Fo n te: Selên io , 2 0 1 4 ; Classificação das turbinas eólicas Engenharia de Energia 12 Retirado de: Milton, 2013. Turbinas de eixo vertical • Vantagens – Não necessitam de controle para acompanhar a direção do vento – Componentes mecânicos e o gerador são instalados no solo • Desvantagens – Baixo torque de partida – Problemas com o controle da potência extraída do vento – Ficam mais próximas do solo Engenharia de Energia 13 Turbinas de eixo vertical • Darrieus (1925) – Georges Darrieus (1888-1979) – Dentre as forças de sustentação e arrasto, predomina a força de sustentação – Caixa de engrenagens e gerador montados no solo – Necessita de motor de partida (baixo torque com ventos fracos) Engenharia de Energia 14Fonte: Selênio, 2014 Turbinas de eixo vertical • Darrieus (1925) – Utilização: EUA e Canadá (anos 1970 e 1980) – Mais alta turbina de eixo vertical instalada: 110 m, 3,8 MW (Canadá) – Configurações: Engenharia de Energia 15 Retirado de: Milton, 2013. Turbinas de eixo vertical • Savonius (1926) – Sigurd Savonius (1884-1931) – Predomina a força de arrasto – Funcionamento similar ao anemômetro de copos – Alto torque, baixas velocidades (problemas com ventos fortes) – Eficiência máxima entre 25-35% 16 Savonius: funcionamento e arranjo com três conjuntos de pás Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3563774 https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3178843 Turbinas de eixo vertical • Savonius (1926) – Fabricação simples e de baixo custo – Aplicações: bombeamento de água, ventilação, carregamento de baterias em sistemas isolados de baixa potência 17 Retirado de: Milton, 2013. Turbinas de eixo vertical 18 R etirad o d e: M ilto n , 2 0 1 3 . Turbinas de eixo horizontal • Dominante entre as tecnologias atuais • Vantagens – Controle da velocidade do rotor e da potência extraída – Formato aerodinâmico otimizado das pás – Alturas maiores • Desvantagens – Desafios de construção, transporte e instalação Engenharia de Energia 19 Turbinas de eixo horizontal • Pequeno porte – Predomina a força de sustentação – Turbinas de uma, duas e três pás – Rotações mais altas que as de grande porte – Centenas de Watts até 20 kW – Aplicações isoladas Engenharia de Energia 20Fonte: Selênio, 2014; Turbinas de eixo horizontal • Grande porte – Predomina a força de sustentação – Geralmente são utilizadas 3 pás – Rotações mais baixas – Geração de energia elétrica (sistemas conectados à rede) – Grande desenvolvimento tecnológico Engenharia de Energia 21 Fonte: https://www.publicdomainpictures.net/en/ Turbinas de eixo horizontal Engenharia de Energia 22 downwind • Vento passa primeiro pela torre, depois pelo rotor • Torre passa a ser um obstáculo, causando vibrações nas pás • Não necessita de controle de orientação do rotor em relação à direção do vento up-wind • Vento passa primeiro pelo rotor, depois pela torre • Esforço adicional no eixo e na torre • Necessita de mecanismo de controle de orientação do rotor, movimento mais suave • Configuração mais utilizada Turbinas de eixo horizontal Engenharia de Energia 23 Retirado de: Milton, 2013. Conversão de energia no sistema eólico Engenharia de Energia 24 Retirado de: Milton, 2013. Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Redução da velocidade e da pressão; e aumento da área Engenharia de Energia Retirado de: Tutorial, 2008; 25 V1 > V2 > V3 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Porém, se o fluxo de massa é constante: • A energia cinética extraída pelo aerogerador é a diferença entre a energia cinética a montante e a energia cinética a jusante do conjunto de pás: Engenharia de Energia 26 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Já a potência extraída pela turbina pode ser escrita como: • Utilizando • E aproximando o valor de 𝑣2 pelo Teorema de Rankine-Froude: Engenharia de Energia 27 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Pode-se reescrever 𝑃𝑒𝑥 como: • Sendo a potência disponível pelo vento igual a: Engenharia de Energia 28 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Define-se o coeficiente de potência 𝐶𝑃 , o qual representa a quantidade de potência que pode ser extraída dapotência eólica disponível: Engenharia de Energia 29 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Variando a razão Τ𝑣3 𝑣1 entre 0 e 1 e calculando o valor de 𝐶𝑃, obtém-se: Engenharia de Energia 30 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • O ponto máximo desta curva ocorre para e • Este valor de é conhecido como Limite de Lanchester-Betz-Joukowsky (ou simplemente Limite de Betz), e é considerado como o valor máximo de potência que pode ser extraída da potência eólica disponível Engenharia de Energia 31 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Albert Betz foi um físico alemão que em 1919 concluiu que nenhuma turbina eólica pode converter mais do que 16/27 (59.3%) da energia cinética do vento em energia mecânica no rotor • Este limite tem a ver com a natureza das turbinas eólicas. Os aerogeradores extraem energia ao freiar o vento – Para um aerogerador ser 100% eficiente precisaria provocar a parada total na massa de ar mas, nesse caso, em vez de pás seria necessário um corpo sólido cobrindo 100% da área de passagem e o rotor não rodaria e não converteria a energia cinética em mecânica. – No outro extremo, uma turbina com apenas uma pá, a maior parte do vento passaria "sem obstáculo, mantendo toda a energia cinética. – Entre estes dois extremos existe um ponto máximo de rendimento, que é o limite de Betz. • O Teorema de Rankine-Froude foi desenvolvido para hélices marítimas e foi utilizado por Betz. O livro “Processos de energias renováveis: fundamentos” (A. V. da Rosa) apresenta o teorema e discute a sua utilização em energia eólica Engenharia de Energia 32 Conversão da energia cinética do vento (eólica) em energia cinética de rotação (mecânica) • Estudos recentes buscam uma revisão do Limite de Betz, apresentando valores maiores ou menores que 0,59 (59,3 %). – Exemplo: modelo GGS (Gorban-Gorlov-Silantyev), 2001. Considerando distribuição não uniforme de pressão e fluxo curvilíneo de ar próximo à turbina, o limite é reduzido a aprox. 30 % para hélices de avião Engenharia de Energia 33 Retirado de: Milton, 2013. Potência mecânica e torque • Potência mecânica: 𝑃𝑚𝑒𝑐 = 𝜌𝐴𝑣3 2 𝐶𝑃 • Torque: função da potência mecânica e da velocidade angular do rotor ω : 𝑇 = 𝑃𝑚𝑒𝑐 𝜔 • Se as pás percorrem uma área circular: 𝐴 = 𝜋𝑅2 • A velocidade angular vale: 𝜔 = 𝑣 𝑅 • Logo, 𝑇 = 𝜌𝜋𝑅3𝑣2 2 𝐶𝑃 Engenharia de Energia 34 Potência mecânica e torque • Em sistemas com caixa de engrenagens: – Relação de transmissão: 𝑟 = 𝜔2 𝜔1 – Desprezando perdas: 𝑇1𝜔1 = 𝑇2𝜔2 → 𝑇1 = 𝑟𝑇2 – O torque de saída vale: 𝑇2 = 𝜌𝜋𝑅3𝑣2 2∙𝑟 𝐶𝑃 Engenharia de Energia 35 Efeito de “sombreamento” • Ocorre quando uma das pás passa em frente à torre do aerogerador. Este efeito produz uma redução do torque, a qual pode ser modelada como: 𝑇𝑠 = 𝑘𝑠 2 𝑐𝑜𝑠 𝑓 𝜃 − 1 𝑇 – Na qual: • 𝑘𝑠: fator de sombreamento (constante) • 𝑓 𝜃 : função da posição angular das pás – 𝑇𝑠 deve ser somado ao torque definido anteriormente Engenharia de Energia 36 Efeito de “sombreamento” Engenharia de Energia 37 Retirado de: Milton, 2013. Número de pás em turbinas de eixo horizontal • Rotores com uma pá são possíveis se for instalado um contrapeso no lado oposto à pá. Embora operando numa faixa de velocidades maior, são menos eficientes que os rotores com mais pás • Rotores com duas pás são um pouco mais eficientes, mas também mais instáveis e propensos a turbulências, trazendo risco à sua estrutura: quando uma passa pelo ponto mais elevado, estará submetida à máxima forma do vento, enquanto a pá inferior estará passando pela torre, ou seja, com a mínima força. Isso produz um esforço adicional sobre o eixo e sobre a torre • O esforço adicional é minimizado com o uso de três pás, quando tal situação não ocorre, dado o posicionamento a 120° das pás • Assim, rotores de três pás são muito mais estáveis, barateando seu custo e possibilitando a construção de aerogeradores mais altos e com maior capacidade de captação de energia Engenharia de Energia 38 Variação do coeficiente de potência • O coeficiente de potência varia em função do ângulo de passo (β) e das velocidades do vento e da pá, sendo representado como 𝐶𝑃(𝜆, 𝛽) – λ, também chamado tip speed ratio, é a razão entre a velocidade tangencial da ponta da pá (𝑢) e a velocidade do vento incidente (𝑣) Engenharia de Energia 39 Variação do coeficiente de potência • Variação do 𝐶𝑃(𝜆, 𝛽) em função de λ para alguns valores de β Engenharia de Energia 40 Fonte: Selênio, 2014; Variação do coeficiente de potência • Variação do 𝐶𝑃(𝜆, 𝛽) em função de λ para alguns valores de β Engenharia de Energia 41 Fonte: Selênio, 2014; Variação do coeficiente de potência Engenharia de Energia 42 R etirad o d e: Fad igas, 2 0 1 1 . Variação do coeficiente de potência Engenharia de Energia 43 • Exemplos de curvas de turbinas comerciais Fonte: Selênio, 2014; Variação do coeficiente de potência Engenharia de Energia 44 • CP = 0 para λ = 0 e λ = λmáx • Para cada β, o valor máximo de CP ocorre para um determinado valor de λ, logo existe uma velocidade ótima para o rotor: Fonte: Selênio, 2014; Variação do coeficiente de potência • Como CP máx ocorre para λótimo, pode-se determinar a potência máxima em função da velocidade do vento ou da rotação do rotor: • Assim, tem-se para cada velocidade do vento e β, uma rotação que será imposta à turbina (no caso, 𝜔ó𝑡𝑖𝑚𝑜, devido ao controle do beta) que produzirá a máxima potência mecânica possível Engenharia de Energia 45 Variação do coeficiente de potência Engenharia de Energia 46 Fonte: Selênio, 2014; Curva de potência • Ideal Engenharia de Energia Fonte: Selênio, 2014; 47 Curva de potência • Comercial Engenharia de Energia 48 Fonte: Selênio, 2014; Curva de potência • Comercial – Para baixas velocidades do vento, o ângulo de passo pode ser controlado para obter a potência máxima, daí CP é maximizado e a curva de potência se assemelha à da potência máxima – Já na região de potência nominal, o ângulo de passo é controlado visando limitar a potência ao valor nominal. Assim, CP não é mais o máximo e começa a diminuir Engenharia de Energia 49 Atividades • Vídeos relacionados a esta aula: – https://www.youtube.com/watch?v=qSWm_nprfqE – https://www.youtube.com/watch?v=x3AfhSHAcqg • Exercícios (Fadigas, 2011): – Capítulo 2 (aula passada) Engenharia de Energia 50 https://www.youtube.com/watch?v=qSWm_nprfqE https://www.youtube.com/watch?v=x3AfhSHAcqg Próxima aula • Características e descrição da tecnologia de aerogeradores 51Engenharia de Energia
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