Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estética Corporal Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Paula de França Carmo da Silva Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Fibro Edema Geloide • Definição; • Etiopatogenia do FEG; • Classificação; • Avaliação de FEG; • Princípios Ativos para FEG; • Eletroterapia x FEG; • Recursos Manuais x FEG. • Avaliar o FEG determinando tipos, graus e alterações; • Selecionar recursos de tratamento adequados, seguros e efi cazes de modo individual e personalizado; • Tratar de modo seguro e efi caz o FEG; • Indicar cosméticos para home care; • Orientar sobre práticas de vida diária que contribuem para o sucesso do tratamento. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Fibro Edema Geloide Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Fibro Edema Geloide Definição O Fibro Edema Geloide (FEG), conhecido popularmente como celulite (termo inadequado para a afecção estética, pois não se trata de inflamação ou infecção do tecido subcutâneo (AFONSO, TUCUNDUVA, PINHEIRO e BAGATIN, 2010)), é uma alteração do tecido conjuntivo, tecido adiposo e do sistema circulatório que envolve aspectos inestéticos, acometendo preferencialmente o sexo feminino. É caracterizado por um aspecto estofado ou aparência de “casca de laranja”. Etimologicamente, é definido como um distúrbio metabólico localizado no tecido subcutâneo que provoca uma alteração na forma do corpo feminino (ROSSI & VERGNANINI, 2000). Vários termos são utilizados para definir esta afecção estética. Na literatura, podemos encontrar diversas nomenclaturas que são sinônimos e que se diferenciam por alguns aspectos histopatológicos. Sinônimos científicos para “celulite” • Fibro Edema Geloide (FEG); • Hidrolipodistrofia Ginoide (HLDG); • Paniculopatia Edemato Fibroesclerótica (PEFE); • Lipoesclerose Nodular. O FEG tem grande prevalência nas mulheres, pois é desencadeado pela influ- ência dos estrógenos. Sendo assim, sua localização tem preferência por áreas que estão sob influência deste hormônio, como coxas, glúteos e quadris, mas também pode ser encontrada em mamas, nuca, abdômen e braços. A obesidade não é condição necessária para sua existência, mas as mulheres obesas apresentam maior tendência ao aparecimento do FEG. Importante! 80 a 90% das mulheres são acometidas pelo FEG. A que você atribui isso? Você Sabia? Etiopatogenia do FEG A etiopatogenia do FEG não está totalmente esclarecida, mas uma variedade de causas contribui para seu desenvolvimento, incluindo fatores estruturais, circulató- rios e hormonais. 8 9 Muitos fatores podem predispor o organismo à instalação do FEG. Os princi- pais são: • Hereditariedade: os genes determinam toda a nossa constituição, inclusive características do organismo, como o equilíbrio da produção hormonal, a qua- lidade da circulação sanguínea e o biotipo corporal, que estão envolvidos na formação do FEG. • Fatores Hormonais: o hormônio estrogênio é considerado um dos principais causadores no desenvolvimento do FEG, atuando como desencadeador, per- petuador e agravante do processo. • Fatores Circulatórios: a permeabilidade aumentada dos vasos sanguíneos constitui um dos fatores desencadeantes da afecção estética. • Fatores Inflamatórios: alguns autores sugerem um componente inflamatório dependente do grau de FEG (graus III e IV). Estes fazem esta defesa pois rela- tam um aspecto inflamatório difuso crônico, com presença de macrófagos e linfócitos, nos septos fibrosos, a partir de biópsias da pele. Os fatores secundários são: • Alimentação: uma dieta desequilibrada é causadora de obesidade e pode auxi- liar o desenvolvimento do FEG. • Sedentarismo: causa menos gasto calórico e aumento do depósito de gordura nos adipócitos. • Excesso de Toxinas: o álcool, refrigerantes, café e chá preto, fumo, falta do hábito de tomar água, tensão e cansaço auxiliam no acúmulo de toxinas. • Compressão: roupas muito apertadas favorecem a má circulação, colaborando no processo de instalação da celulite. • Estresse: causa retenção de toxinas, além de poder desencadear alterações no funcionamento do sistema nervoso central, sistema imunológico e endócrino. Histopatologia A epiderme não sofre alterações. Na derme, observa-se discreto infiltrado linfo- citário perivascular. As fibras colágenas apresentam-se edematosas, fibras elásticas diminuídas no plexo subdérmico. Há uma hiperplasia dos adipócitos, hipermolimerização da substância funda- mental amorfa. Classificação Conforme a classificação de Nüremberg e Müller em 1978, o FEG pode ser classificado em IV graus. 9 UNIDADE Fibro Edema Geloide Grau I Essa é a fase inicial em que o FEG ainda não é perce- bido. O processo ainda não causa alterações visíveis nem palpáveis (Figura 1). Ocorre um aumento da permeabilidade capilar, isto é, o capilar sanguíneo deixa extravasar mais líquido para o tecido do que o costume, onde há somente uma estase venosa e linfática, comprometendo o sistema de retorno, dificultando a drenagem do líquido intersticial. A percep- ção visual deste grau se dá à contração muscular intensa e/ou ao teste de prega. Grau II Se o FEG progredir, inicia-se um com- prometimento maior, já que a eliminação das toxinas produzidas no metabolismo celular tende a se alojar na substância fundamental amorfa, modificando a sua consistência de gel fluido para um gel mais condensado. Neste estágio, as tro- cas metabólicas começam a ficar com- prometidas, dificultando a chegada de nutrientes para as células que compõem este tecido, o que acarreta uma série de mudanças, principalmente nos fibroblastos e adipócitos. Os fibroblastos começam a produzir substância fundamental amorfa com pH alterado e excesso de proteínas, além de ocorrer uma hipertrofia das células adiposas por excesso de triglicerídeos. A partir deste estágio, o aspecto conhecido como casca de laranja começa a ter forma e pode torna-se percebível, principalmente quando o local é pressionado (Figura 2). Grau III No grau III, ocorre a perda do limite entre derme e o tecido adiposo. O tecido intersticial (substância fundamental amorfa) torna-se quase impermeável, as fibras de colágeno enrijecem (esclerosam) progressivamente, envolvendo toda a estruturavascular, terminações nervosas e adipócitos. A partir deste estágio, o aspecto conhecido como casca de laranja torna-se visí- vel, sendo que na maioria das vezes o local não necessita ser pressionado para se notar as ondulações “casca de laranja” (Figura 3). Figura 1 – FEG grau I Fonte: Getty Images Figura 2 – FEG grau II Fonte: Getty Images 10 11 Figura 3 – FEG grau III Fonte: GettyImages Grau IV Torna O FEG um estágio praticamente irreversível, o tecido intersticial completa- mente impermeável, as fibras colágenas e elásticas esclerosadas se agrupam formando cápsulas ao redor dos adipócitos, que, por sua vez, aumentam de tamanho pelo excesso de triglicerídeos estocados e das termina- ções nervosas, causando dor sob palpação. Devido ao estrangulamento dos capi- lares pelas fibras e pela condensação da substância fundamental amorfa, a deficiência do sistema circulatório do local é ine- vitável, causando um comprometimento metabólico em todas as células que fazem parte deste tecido (Figura 4). O FEG pode ser ainda classificado pelos tipos, que se diferem por sua consistên- cia. Estes podem ser: • FEG Dura: acomete mulheres jovens que fazem esportes regularmente. Estas apresentam tecido firme e músculos bem delineados e não apresentam sinais de flacidez. Não é muito aparente e, quando comprimida, observa-se que a pele apresenta aspecto de “casca de laranja”. Normalmente causa dor. • FEG Flácida: é comum ocorrer em mulheres que levam vida sedentária e que emagrecem e engordam rápida e constantemente. É visível mesmo sem a com- pressão, e a região acometida é mole e trêmula. • FEG Edematosa: é o tipo mais grave de FEG, por ser doloroso. Apresenta edema e nódulos e geralmente é causado por diabetes e distúrbios de tireoide, de ovários ou do metabolismo. • FEG Mista: abrange a mistura de alguns ou todos os tipos. Figura 4 – FEG grau IV Fonte: Getty Images 11 UNIDADE Fibro Edema Geloide Avaliação de FEG A avaliação clínica de FEG é subjetiva e depende de muito treino do esteticista que a realizará. Os métodos de avaliação de FEG são diversos, desde simples e baratos, como men- surações antropométricas, palpação e documentação fotográfica, até caros e comple- xos, como ressonância nuclear magnética. No entanto, não existe método melhor ou aceito unanimemente, pois tais conceitos dependem de variáveis, como custo, grau de invasão, riscos, acessibilidade, etc. Por isso, tantos métodos têm sido descritos. Para a avaliação clínica, podemos usar o teste de palpação, sinal de Godet (Figura 5). É um sinal clínico, avaliado por meio da pressão digital sobre a pele, por pelo menos 5 segundos, a fim de se evidenciar edema. É considerado positivo se a depressão (“cacifo”) formada não se desfizer imediatamente após a descompressão. Teste de casca de laranja (Figura 6): pressiona-se o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos e a pele adquire uma aparência rugosa, tipo casca de laranja. Teste de preensão (Figura 7): após a preensão da pele juntamente com a tela subcutânea entre os dedos, promove-se um movimento de tração. Se a sensação dolorosa for mais incômoda do que o normal, este também é um sinal do FEG, onde já se encontra alteração da sensibilidade. Figura 5 – Sinal de Godet ou teste de cacifo Fonte: Getty Images Figura 6 – Teste casca de laranja Fonte: Getty Images Figura 7 – Teste de Preensão Fonte: Getty Images A documentação fotográfica é um outro recurso fundamental na avaliação de FEG. O cliente deve posicionar-se em posição ortostática, os pés afastados lateral- mente (cerca de 30cm), o avaliador em uma distância de aproximadamente 1,50 – 2,00 metros de distância do avaliado e a área fotografada deve ser do pescoço até os joelhos. O fundo deve ser azul escuro ou verde escuro. As fotos devem ser tiradas sempre com a mesma iluminação e a mesma lingerie (esta não deve ser apertada e nem com estampas). Perimetria é um outro recurso que utilizamos na avaliação do FEG, posiciona-se a fita métrica e toda a circunferência da área a ser tratada. Além de perimetria, é importante avaliar peso, altura e prega cutânea para melhor controle do tratamento. 12 13 Algo muito relevante na avaliação do FEG é a bioimpedância (um equipamento que através de corrente elétrica alternada percorre o corpo por meio de eletrodos posicionados em membros su- periores e inferiores e quantifica porcentagem de massa magra, massa gorda e líquidos corporais). A termografia também se torna relevante, visto que temos prejuízo circulatório nos casos de FEG, esta pode ser realizada por meio de placas termográficas ou de máquinas fotográfi- cas que fazem a leitura das alterações da tem- peratura corporal e, desta forma, nos trazem informações sobre prejuízos circulató- rios. A interpretação destes se dá pela alteração da escala de cores (Figura 8). Importante! Embora no tratamento de FEG não tenhamos como foco a redução de medidas, esta redu- ção de volume pode acontecer pela redução do edema ou do líquido no espaço intersticial! Importante! Princípios Ativos para FEG Princípios ativos são as matérias-primas responsáveis pelo efeito do produto quan- do aplicado corretamente. Podemos dizer que são os responsáveis pelo “tratamento”. Cabe ressaltar que na maior parte dos casos a eficiência de um princípio ativo depende da sua capacidade de permear a pele e atingir seu local de ação. Tal capaci- dade depende de fatores relacionados à estrutura da pele, ao próprio princípio ativo e ao veículo adequado. Sendo assim, podemos concluir que os princípios ativos são misturados aos veícu- los para a obtenção do produto final desejado, o qual vai ter uma indicação específica. Para o tratamento da FEG, utilizamos princípios ativos das classes que seguem. Lipolíticos Lipolíticos são substâncias (princípios ativos) coadjuvantes que atuam na lipólise do adipócito. Mecanismos da atividade dos lipolíticos Através de receptores específicos localizados na membrana celular, os lipolíticos desencadeiam as seguintes ações no adipócito: Figura 8. Representação de termografi a Fonte: Getty Images 13 UNIDADE Fibro Edema Geloide • aumento do nível de AMP cíclico intracelular, favorecendo a lipólise nos adi- pócitos; • inibição da atividade da fosfodiesterase, favorecendo o sistema adenilciclase AMP cíclico dos adipócitos; • permissão para que o AMP cíclico atue por mais tempo, ativando os triglecerí- deos a se transformarem em ácidos graxos livres numa velocidade maior. Enzimas A função das enzimas é diminuir a energia de ativação necessária para que as reações metabólicas ocorram e aumentar a velocidade das reações químicas. Con- fira abaixo alguns exemplos de enzimas utilizadas na estética. Ativadores da Microcirculação São substâncias que têm como finalidade desencadear a vasodilatação e, conse- quentemente, o aumento da temperatura do organismo em local pré-determinado. Crioterápicos Possuem a capacidade de aumentar a circulação e a temperatura no local da apli- cação após um resfriamento provocado por uma vasoconstricção local. Ação dos Crioterápicos • Desencadeiam um esfriamento local e contração dos vasos sanguíneos periféricos; • Aumentam o fluxo sanguíneo, descongestionando os tecidos e diminuindo a retenção de água; • Esta ação ocorre pelo estímulo do sistema nervoso central, que é responsável pela termorregulação. Termogênicos São substâncias que possuem a capacidade de aumentar a circulação e a tempe- ratura no local da aplicação. Ação dos Termogênicos Em nível celular • Aumento da oxigenação e nutrição dos tecidos; • Aumento das trocas metabólicas do meio; • Aumento da permeabilidade cutânea. 14 15 Em nível circulatório • Aumento da circulação; • Vasodilatação local; • Aumento da oxigenação e nutrição dos tecidos; • Aumento das trocas metabólicas do meio; • Aumento da permeabilidade cutânea. Exemplos de princípios ativos para tratamento de FEG: • Cafeisilane (Complexo cafeína-silício);• Theophylisilane C (Complexo metilsilanol teofilina); • Cafeína; • Triac; • T3; • Argisil L (Arginina combinada ao Silício orgânico); • Xantalgosil (Acefilina combinada ao Silício orgânico); • Nicotinato de Metila; • Extrato de arnica; • Castanha da Índia; • Centella asiática; • Cavalinha; • Fucus; • Hialuronidase; • Thiomucase. Eletroterapia x FEG Recursos eletroterápicos são de fundamental importância para o tratamento do FEG. O recurso mais utilizado nesta afecção estética é o ultrassom de 3 Mhz, que tem efeito tixotrópico quando utilizado no modo contínuo, que tem maior predominân- cia de efeito térmico, que transformará a substância fundamental amorfa coloide gel em sol, deixando-a em um estado mais amolecido e mais emulsificado (graus II e III são os que mais se beneficiam deste efeito). O efeito mecânico, que promove uma micromassagem no tecido, também traz benefício em relação a esta afecção, pois facilita a retirada de catabólitos e oferta nutrientes. 15 UNIDADE Fibro Edema Geloide O aumento da permeabilidade da membrana através da fonoforese potencializa a permeação dos ativos direcionados ao tratamento do FEG, neovascularização, aumento da microcirculação local, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras de colágeno. Pode ser usado no modo contínuo ou pulsado, dependendo do grau e tipo do FEG; a literatura recomenda doses terapêuticas que giram em torno de 1,2 a 1.5 w/cm2. Sugestões de dosimetria • MODO CONTÍNUO: indicado para FEG graus III e IV (no local onde se tem fibrose/nódulos). • MODO PULSADO: indicado para FEG com presença de edema importante, independentemente do grau. • INTENSIDADE: Se a escolha for Modo Contínuo: FEG grau II: 0,8 A 1,0 w/cm². FEG grau III: 1,5W/cm². FEG grau IV: 2,0W/cm². Se a escolha for Modo Pulsado: 25% - se desejar mais efeito mecânico – FEG com grande presença de edema, sinal de Godet +. 50% - se desejar efeito mecânico com leve aquecimento e consequente vaso- dilatação – FEG com edema, porém com sinal de Godet – mas com alteração de coloração à palpação. 75% - se desejar efeito mecânico com ação na alteração de permeabilidade de membrana, FEG com presença de edema, com sinal de Godet – e que seja inte- ressante vasodilatação (tecido com alteração de temperatura e baixa oxigenação e nutrição). A intensidade segue como descrita anteriormente. A radiofrequência RF será utilizada em casos de FEG flácida, sem edema impor- tante, pois a vasodilatação promovida pelo calor aumenta a ultrafiltração e, conse- quentemente, piora o edema. A radiofrequência será utilizada em FEG flácida, quando a flacidez for tissular, ou seja, flacidez de pele. Neste caso, chegamos a uma temperatura entre 39°C e 42°C, mantendo a temperatura entre 3 e 7 minutos, como sugere a literatura. Para o tratamento dos pontos de graus III, podemos utilizar a radiofrequência para deixar estes pontos mais amolecidos, para posterior massagem desfibrosante ou vacuoterapia no local. Neste caso, utiliza-se a radiofrequência chegando a uma tem- peratura de no máximo 36,5°C, sem tempo de manutenção para não desencadear um processo inflamatório com posterior piora dos pontos de fibrose. 16 17 Vasodilatação promove aumento da ultrafiltração, desta forma aumenta o extravasamento de líquido para o espaço intersticial. A RF é o recurso de primeira escolha para o tratamento de FEG? Ex pl or A eletrolipoforese ou eletrolipólise promoverá um estímulo circulatório que tem grande relevância na drenagem da área, além do estímulo da lipólise que ocorre pela excitação das terminações nervosas simpáticas e liberação de adrenalina e noradrenalina (catecolaminas), que atuarão sobre os receptores do adipócito que estimularão a enzima lipase hormônio sensível, potencializando o efeito lipolítico. Dosimetria Frequência: 5 a 50Hz. Intensidade: de acordo com a sensibilidade do cliente. Tempo: 50 minutos. Onda: retangular. Resumindo, a sugestão para tratamento de FEG com a eletrolipólise é: Onda: retangular ampla. Frequência: 30 Hz. Intensidade: de acordo com a sensibilidade do cliente. Tempo: 10 minutos. Após aplicar Onda: retangular. Frequência: 25 Hz. Tempo: 30 minutos. Intensidade: de acordo com a sensibilidade do cliente. Finalização Onda: trapezoidal. Frequência: 5 Hz. Tempo: 5 minutos. Intensidade: de acordo com a sensibilidade do cliente. Este protocolo pode ser aplicado até 3 vezes por semana, em dias alternados. Outro recurso bastante utilizado para o tratamento de FEG é a endermotera- pia ou vacuoterapia. A vacuoterapia pode ser aplicada com intuito de estimular a 17 UNIDADE Fibro Edema Geloide drenagem de fluidos, de incrementar a circulação sanguínea e favorecer as trocas gasosas e a nutrição celular. Para o estímulo de drenagem, utiliza-se uma pressão negativa entre -30 e -50 mmHg, realizando movimentos no sentido do trajeto linfático do segmento a ser drenado. Para os casos de FEG compacta, pode-se utilizar pressão negativa entre -100 e -150 mmHg. Os movimentos podem ser ascendentes e em 8. Para os pon- tos de fibrose, utiliza-se o método palper roller para mobilização deste tecido. O laser infravermelho pode ser utilizado para estimular a drenagem linfática. Este deve ser utilizado com uma fluência de 2 a 4 J/cm2, sendo aplicado de forma pontual nas redes ganglionares (linfocentros) e no trajeto do direcionamento da linfa na área a ser drenada. Os pontos de fibrose também se beneficiam da aplicação da combinação do laser vermelho e infravermelho. Ambos com uma fluência de 2 a 4 J/cm2, aplicados pontualmente por toda a área de fibrose, com um distanciamento entre os pontos de em média 2cm. O LED âmbar trará benefícios nos casos de FEG flácida (flacidez tissular), este pode ser utilizado por um tempo de aproximadamente 5 minutos, em quadrantes de aproximadamente 20cm2. A pressoterapia é um método que se caracteriza pela utilização de massagem pneumática, que é realizada no fluxo da circulação linfática através da aplicação de pressão positiva sobre o segmento a ser drenado. É composta por câmeras independentes que insuflam e desinsuflam, estimulando o fluxo linático de forma sequencial. A dosimetria varia entre 20 e 40 mmHg, por um tempo recomendado pela literatura entre 30 e 60 minutos. A microcorrentes (MENS) aumenta a mobilização de proteínas do sistema linfáti- co, a pressão osmótica dos canais linfáticos é aumentada, absorvendo os fluidos do espaço intersticial. Utiliza-se a MENS para tratamento de FEG através de uma luva utilizada durante a drenagem linfática manual. Recursos Manuais x FEG A drenagem linfática manual (DLM) é, sem dúvidas, o principal recurso para o tratamento de FEG, isso pode ser afirmado pois a retenção hídrica, o edema, está presente em todos os graus. A DLM auxilia na evacuação da linfa, normalizando o pH intersticial e favorecen- do a oxigenação e nutrição celular. Deve estar associada a todos os programas de tratamentos personalizados para FEG. Podem ser utilizados os métodos de Vodder, Leduc, entre outros comprovados cientificamente. A DLM para tratamento de FEG pode ser realizada de 1 a 3 vezes por semana. A massagem modeladora pode ser realizada nos casos de FEG compacta e geralmente é associada a cosméticos hiperemiantes com intuito de promover 18 19 vasodilatação e consequente melhora da oxigenação e nutrição celular. É contrain- dicada em FEG com presença de telangectasia, geralmente presente nos graus III e IV. Massagem modeladora e DLM não são compatíveis fisiologicamente, desta for- ma não devem ser associadas. A massagem de tecido conjuntivo ou massagem desfibrosante é realizada nos pontos de fibrose de FEG grau III. Os movimentos devem ser firmes, porém sem muito vigor para que não agrida o tecido fibrose e não cause piora. Os recursos apresentados para o tratamento de FEG podem e devem associar recurso manual, eletrofototermoterápico e cosméticos. A compatibilidade destes recursos deve ter um raciocínio clínicono qual se leve em consideração a fisiopa- tologia do FEG, o grau e tipo de FEG e os efeitos fisiológicos de cada um destes recursos. Não há sentido em uma mesma sessão utilizar dois ou mais recursos com o mesmo efeito fisiológico, independentemente de seu mecanismo de ação. Por exemplo, não há sentido em realizar DLM e pressoterapia na mesma sessão, pois ambas estimulam e drenagem dos líquidos; bem como não há sentido realizar massagem modeladora e endermologia na mesma sessão, ambas têm o intuito de promover vasodilatação e modelar a área trabalhada. O tratamento para FEG de grau I se basta apenas com DLM e uso de cosméticos que estimulem a microcirculação; já o tratamento de FEG de graus II e III, além da DLM, requer o uso de eletrofotermoterapia e cosméticos com todas as proprieda- des já citadas anteriormente. Os pontos de FEG grau IV exigem um procedimento médico chamado Sucision ou Subincisão. A periodicidade do tratamento para FEG vai depender da disponibilidade de sua cliente e do grau em que se encontra o FEG. Para FEG grau I, é suficiente nossa intervenção 1 vez por semana. Para FEG graus II e III, de duas a três vezes por semana. Caso a cliente não tenha esta dispo- nibilidade, deve-se intervir ao menos 1 vez por semana. As orientações para esta cliente que esteja em tratamento para FEG são prática de atividade física, consumo de doces e sódio reduzido, ausência de refrigerantes, alimentação balanceada, redução do uso de roupas que reduzam a circulação linfá- tica, ingestão de H2O adequada. Importante! O trabalho multidisciplinar enriquece demais os resultados dos tratamentos estéticos; desta forma, se observar a necessidade, encaminhe sua cliente para nutricionista, edu- cador físico e outros profissionais que contribuam com o sucesso do tratamento. Você Sabia? Em casa, a cliente deve ser instruída a utilizar cosméticos com ativos venolinfá- ticos, lipolíticos, entre outros, duas vezes ao dia, preferencialmente após o banho. 19 UNIDADE Fibro Edema Geloide Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Fisiobrasil CHAVES, A. M. S.; VIANA, F.; MELO, P. M. Avaliação de medida abdominal utilizando a técnica de destoxi-redução: estudo de caso. Fisiobrasil, ano 11 – Edição 87 – fevereiro 2008. Leitura Revista Saúde e Pesquisa KRUPEK, T.; COSTA, C. E. M. Mecanismo de ação de compostos utilizados na cosmética para o tratamento da gordura localizada e da celulite. Revista Saúde e Pesquisa, v. 5, n. 3, p. 555-566, set./dez. 2012. http://bit.ly/2M2Y4YV XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação PIRES, V. A; ARRIEIRO, A. N; XAVIER, M. Fibro edema geloide: etiopatogenia, avaliação e aspectos relevantes – uma revisão de literatura. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. http://bit.ly/2X5pmik Revista Inspirar. Movimento & Saúde SANTANA, A. P.; UCHÔA, E. P. B. L. Avaliação fisioterapêutica em mulheres com fibro edema geloide em uma clínica na cidade do Recife – PE. Revista Inspirar. Movimento & Saúde. Vol. 7 – Número 4 – out/ nov/ dez 2015. http://bit.ly/2M5yVN2 20 21 Referências BORGES, Fábio Santos. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfun- ções estéticas. São Paulo: Phorte. 2010 CUCÉ, Luiz Carlos; FESTA NETO, Ciro. Manual de dermatologia. São Paulo: Atheneu, 2001. FONSECA, Aureliano da; PRISTA, L. Nogueira. Manual de terapêutica derma- tológica e cosmetologia. São Paulo: Roca, 2000. 21
Compartilhar