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0 Cursos de Engenharias: Automação, Mecatônica e Telecomunicações Eletrônica de Potência e Acionamentos Elementos Básicos (Preliminar) Prof. Luiz Bizerra de Aguiar Agosto 2019 1 APRESENTAÇÃO Este texto sobre eletrônica de potência e acionamentos é orientado para os cursos de Engenharias de Automação, Mecatônica e Telecomunicações. Tem como objetivo apresentar os elementos básicos sobre a eletrônica de potência e suas aplicações em acionamentos elétricos, permitindo a compreensão dos problemas envolvidos para sua utilização especialmente na áreas de automação e mecatrônica. São apresentados vários tópicos sobre a eletrônica, envolvendo conceitos e características dos seus componentes, os diodos, transistores e tiristores, direcionados especialmente para as aplicaçõesas em acionamentos, assim como alguns aspectos básicos sobre as máquinas elétrica acionadas. Pressupõem-se já adquiridos os conhecimentos básicos sobre os fundamentos da eletricidade, os princípios da eletrônica analógica, além do que é vistos em disciplinas relacionadas a Física e Matemática. Os assuntos apresentados podem dar suporte a outras disciplinas que estão relacionadas às aplicações da eletrônica em geral, especialmente nos sistema que envolvem controle e automação, como nos equipamentos e sistemas eletrônicos empregados na indústria, na informática e nas telecomunicações. Trata-se, portanto, de um texto orientativo para os alunos das Engenharias mencionadas, que deve ser complementado com resoluções de exercícios, discussões em sala de aula, elaboração de projetos e consultas às referências indicadas. Prof. Luiz Bizerra de Aguiar Agosto de 2019 2 ÌNDICE 1. DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES ............................................................... 3 1.1 Introdução Geral à Eletrônica de Potência........................................................ 3 1.2 Dispositivos Básicos: Diodos e Transistores................................................... 10 1.3 Circuitos Retificadores Básicos........................................................................ 21 1.4 Tiristores e Componentes Derivados .............................................................. 29 2. COMUTAÇÃO CC ............................................................................................ 42 2.1 Retificadores Monofásicos não Controlados .................................................. 42 2.2 Retificadores Trifásicos não Controlados ....................................................... 51 2.3 Conversores CC-CC ....................................................................................... 56 2.4 Reguladores Abaixadores e Elevadores ......................................................... 58 3. CONTROLE DE TENSÃO CA .......................................................................... 63 3.1 Retificadores Monofásicos Controlados .......................................................... 63 3.2 Retificadores Trifásicos Controlados ............................................................... 72 3.3 Controladores de Tensão CA .......................................................................... 81 3.4 Fontes e Chaves Estáticas .............................................................................. 89 4. INVERSORES .................................................................................................. 97 4.1 Tipos de Inversores.......................................................................................... 97 4.2 Inversores Monofásicos ................................................................................... 97 4.3 Inversores Trifásicos ...................................................................................... 100 4.4 Inversores PWM ............................................................................................ 102 5. APLICAÇÕES PRÁTICAS .............................................................................. 105 5.1 Princípios dos Acionamentos ........................................................................ 105 5.2 Controle das Máquinas CC ........................................................................... 111 5.3 Partida e Controle do Motor de Indução ....................................................... 121 5.4 Controle das Máquinas Síncronas ................................................................ 131 GLOSSÁRIO ...................................................................................................... 141 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 145 3 1. DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES Inicialmente pode-se apresentar os objetivos da eletrônica de potência, no contexto da eletrônica em geral, com seus dispositivos semicondutores, os diodos, os transistores e os tiristores. 1.1 Introdução Geral à Eletrônica de Potência A Eletrônica pode ser dividida basicamente em Eletrônica Analógica e Eletrônica Digital tratando, em geral, de sinais com baixo valor de energia. Uma área da Eletrônica que tem se desenvolvido cada vez mais trata de sinais com energia relativamente mais elevada, podendo-se dizer sinais de potência. Essa área constitui- se na chamada Eletrônica de Potência. A Eletrônica de Potência é, portanto, a área da eletrônica que se ocupa dos processos que envolvem a energia elétrica, como a conversão de energia e o controle de equipamentos, com dispositivos eletrônicos, em geral da Eletrônica Analógica, mas pode também incorporar elementos da Eletrônica Digital. Com isso, tem como finalidade obter maior eficiência, com menores perdas nos processos e qualidade da energia. Os métodos empregados em Eletrônica de Potência baseiam-se na utilização de dispositivos semicondutores operados em regime de chaveamento para realizar o controle do fluxo de energia e a conversão de formas de onda de tensões e correntes entre fontes e cargas. Dispositivos semicondutores como os diodos, os transistores e os tiristores são fabricados especialmente para funcionar sob condições de potência mais elevada que as normais dos circuitos eletrônicos. Os componentes eletrônicos utilizados na Eletrônica de Potência são normalmente operados apenas no modo de chaveamento, tipo liga / desliga, sendo geralmente otimizados para este tipo de operação. A maioria deles não deve ser usada no modo de operação linear. http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletr%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Convers%C3%A3o_de_energia&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Convers%C3%A3o_de_energia&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Efici%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Qualidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Semicondutores http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaveamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Semicondutores http://pt.wikipedia.org/wiki/Componentes_eletr%C3%B4nicos http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaveamento http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Opera%C3%A7%C3%A3o_linear&action=edit&redlink=1 4 O desenvolvimento da Eletrônica de Potência proporcionou uma alternativa vantajosa para o processamento de energia, devido à baixa perda de energia no chaveamento somada à pouca necessidade de manutenção das chaves semicondutoras. Embora a ideia de conversão de energia através do chaveamento surgisse no início do século passado, somente com a invenção do tiristor, na década de 50 iniciou- se, propriamente dito, o desenvolvimento da Eletrônica de Potência, encontrando-se atualmente suas aplicações em muitas áreas. Aplicações da Eletrônica de Potência: A Eletrônica de Potência encontra aplicações em qualquer campo que requeira conversão e controle de potência elétrica, destacando-se os sistemas industriais e os sistemas de energia, envolvendo baixas potências e potênciasmuito elevadas. Os esquemas de eletrônica de potência são encontrados, por exemplo, em uma grande quantidade de equipamentos industriais, de motores pequenos, com menos de 1 HP, a acionadores industriais, com centenas e até alguns milhares de HP, e em fontes de alimentação reguladas CC de baixa potência. Encontram-se também esquemas em sistemas de transmissão de energia em corrente contínua de alta tensão, até mesmo ultrapassando potências de 1000 MW, assim como em reguladores de iluminação de baixa potência a compensadores estáticos VAR com capacidade de centenas de MVAr em sistema de potência. As aplicações da Eletrônica de Potência são, portanto, principalmente em acionamentos de máquinas elétricas e cargas de grande potência, em corrente contínua ou alternada, através do uso de diodos, transistores e tiristores de alta capacidade. O condicionamento da energia elétrica é todo processo que visa adequar o fornecimento de energia às necessidades da carga e/ou melhorar a qualidade da energia absorvida da rede elétrica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaveamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaveamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiristor http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina http://pt.wikipedia.org/wiki/Electricidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_cont%C3%ADnua http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_cont%C3%ADnua http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_alternada http://pt.wikipedia.org/wiki/Transistor http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiristor 5 A Eletrônica de Potência lida com o condicionamento da energia elétrica por meio circuitos eletrônicos denominados conversores estáticos que permitem converter a energia elétrica de corrente alternada para corrente contínua, como também de corrente contínua para corrente alternada. Dentre os dispositivos e equipamentos industriais dotados de eletrônica de potência estão as fontes chaveadas, os conversores de frequência e dispositivos de partida suave (soft-starter) utilizados para controlar principalmente o funcionamento de motores elétricos. Importância da Eletrônica de Potência: A Importância da Eletrônica de Potência pode ser observada através de sua utilização em diversas áreas de atividades, onde aparecem algumas de suas aplicações: Área residencial e comercial: iluminação com reatores eletrônicos, computadores pessoais, equipamentos eletrônicos de entretenimento, elevadores, sistemas ininterruptos de energia (no-break) e equipamentos de escritório; Área industrial: acionamento de bombas, compressores, ventiladores, máquinas ferramentas, iluminação, aquecimento indutivo e soldagem; Em transportes: veículos elétricos, carga de baterias, locomotivas e metrô; Nos sistemas elétricos: transmissão em altas tensões CC, fontes de energia alternativa (vento, solar, etc.) e armazenamento de energia; Atividades aeroespaciais: sistema de alimentação de satélites, sistema de alimentação de naves e aviação em geral; Telecomunicações: carregadores de baterias, fontes de alimentação CC e sistemas ininterruptos de energia (UPS). Dispositivos e Circuitos Básicos A Eletrônica de Potência utiliza vários dispositivos ou componentes básicos nos circuitos de potência. A transferência de potência elétrica de uma fonte para uma carga pode ser http://pt.wikipedia.org/wiki/Conversores_est%C3%A1ticos http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_alternada http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_cont%C3%ADnua http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_alternada http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_cont%C3%ADnua http://pt.wikipedia.org/wiki/Conversor_de_frequ%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Soft-starter http://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_el%C3%A9trico 6 controlada pela variação da tensão de alimentação, através de transformador variável, ou pela inserção de um regulador, como um reostato, um reator variável ou uma chave. Os dispositivos semicondutores utilizados como chaves têm a vantagem pelo porte pequeno, baixo custo, alta eficiência e utilização para o controle automático da potência. Reostato e chave como dispositivo de controle: Um exemplo com um circuito simples pode ilustrar como pode ser feito o controle de uma carga utilizando um reostato, conforme mostra a Figura 1.1. Figura 1.1 - Circuito com um reostato controlando uma carga Quando a resistência R1 tem valor igual a zero a carga recebe toda a potência e quando tem valor máximo a potência entregue à carga é praticamente igual a zero. Nas aplicações em que a potência a ser controlada é grande, a eficiência de conversão é importante, pois uma eficiência baixa significa grandes perdas e gera calor, que tem de ser removido do sistema para evitar superaquecimento. Outro exemplo simples pode ser ilustrado com uma chave usada para o controle da carga, como mostra a Figura 1.2. 7 Figura 1.2 - Circuito com chave controlando uma carga Quando a chave está ligada, um máximo de potência é transferido para a carga. A perda de potência na chave é nula, pois não há tensão sobre ela. Quando a chave está desligada, não há potência entregue à carga. Nesse caso não há perda de potência na chave, pois não passa nenhuma corrente por ela. A eficiência da chave é, portanto, de 100%, porque ela não consome energia em nenhum um dos dois casos. Dispositivos e circuitos de potência: Os dispositivos e os circuitos da Eletrônica de Potência são compostos por semicondutores de potência e elementos passivos (indutores, capacitores e resistores), podendo assumir várias configurações em função das características de tensão, corrente e frequência da fonte de alimentação e da carga. Os circuitos de potência são chamados de conversores estáticos por não conter partes móveis. Eles podem ser classificados como: conversores CA – CC (retificadores), conversores CC – CA (inversores), conversores CC – CC (choppers) e conversores CA – CA (ciclo conversores e controladores CA). Os conversores estáticos utilizados para acionamento com velocidade variável de motores de indução são chamados comercialmente de conversores de frequência, ou simplesmente inversores. Em sua maioria, são conversores CA – CA em dois estágios, formados de retificadores associados a inversores. Para entender as diversas topologias dos conversores estáticos e seus funcionamentos é importante que se conheça bem os dispositivos semicondutores 8 que compõem a parte ativa destes conversores, através de suas características de tensão, corrente, comando e velocidade de comutação. Os sistemas de Eletrônica de Potência alem da parte de conversão de energia utiliza filtros para reduzir ruídos e harmônicos de tensão e corrente gerados pelo circuito de potência, que operam em regime chaveado. Utiliza também circuitos de comando, para impor ao semicondutor do conversor sua entrada em condução ou bloqueio, e de realimentação e controle, que mantém o sistema operando no ponto desejado, mesmo com mudanças na entrada (fonte) ou na saída (carga). Tipos de circuitos de potência: Os circuitos de Eletrônica de Potência podem ser divididos, com mais detalhes, nas seguintes categorias: • Retificadores não controlados (CA para CC) - O retificador não controlado converte uma tensão monofásica ou trifásica em uma tensão DC. Para essa conversão de potência são usados diodos como elementos de retificação; • Retificadores controlados (CA para CC) - O retificador controlado converte uma tensão monofásica ou trifásica em uma tensão DC variável. Para essa conversão de potência e controle são usados SCR como elementos de retificação; • Choppers CC (CC para CC) - O chopper CC converte uma tensão CC fixa em tensões CC variáveis; • Controladores de tensão CA (CA para CA) - O controlador de tensão CA converte uma tensão CA fixa em uma tensão CA variável na mesma frequência. Há dois métodos básicos utilizados em controladores de tensão CA: controle liga-desliga e controlede fase; • Inversores (CC para CA) - O inversor converte uma tensão CC fixa em uma tensão monofásica ou trifásica CA, fixa ou variável, e com frequências também fixas ou variáveis. • Conversores cíclicos (CA para CA) - O conversor cíclico converte uma 9 tensão e frequência CA fixa em uma tensão e frequência CA variável. Essa conversão pode ser obtida de forma indireta, primeiramente por meio de uma retificação CA para CC e depois retomando de CC para CA, na frequência desejada. • Chaves estáticas (CA ou CC) - Os dispositivos eletrônicos de potência como o SCR e o TRIAC podem ser operados como chaves CA ou CC, substituindo, dessa maneira, as chaves mecânicas e eletromagnéticas tradicionais. Chaves semicondutoras: Em Eletrônica de Potência, os semicondutores podem ser considerados como chaves, podendo estar no estado fechado ou conduzindo (ON) e aberto ou bloqueado (OFF). Podem ser divididos em três grupos de acordo com o grau de controlabilidade. Esses grupos são: • Chaves não controladas: estado ON e OFF, dependendo do circuito de potência. Ex.: diodos; • Chaves semi-controladas: estado ON controlado por um sinal externo e OFF dependendo do circuito de potência. Ex.: SCR, TRIAC; • Chaves Controladas: os estados ON e OFF são controlados por sinal externo. Ex.: Transistor (BJT), MOSFET, IGBT, GTO. Conversores de potência e aplicações: Alguns tipos de aplicações dos conversores de potência são indicados a seguir: • Retificador não controlado: Fonte CC para circuitos eletrônicos; • Retificador controlado: Controle de velocidade de motor CC a partir de uma fonte CA, controle de velocidade para ferramentas elétricas portáteis, transmissão CC em alta tensão; • Chopper CC: Controle de velocidade de motor CC a partir de fonte CC, 10 fonte de alimentação chaveada; • Controlador de tensão CA: Chave para regulagem de iluminação, Controle de aquecedores, controle de velocidade para aparelhos eletrodomésticos, controle para potência reativa, partida leve para motores de indução; • Inversor: Fonte de alimentação de funcionamento contínuo (UPS) controle de velocidade de motores CA trifásicos, aquecimento por indução; • Conversor cíclico: Controle de velocidade de motores AC, fonte de frequência constante para aeronaves; • Chave estática: Substituição de chaves mecânicas e eletromagnéticas. 1.2 Dispositivos Básicos: Diodos e Transistores Materiais semicondutores: Os materiais semicondutores são os que apresentam uma resistividade elétrica intermediária entre os materiais condutores e aos materiais isolantes, apresentando algumas propriedades específicas. Os semicondutores mais comuns são: o germânio (Ge) e o silício (Si). O átomo semicondutor é classificado como tetravalente porque apresenta quatro elétrons na camada de valência. Os semicondutores são os materiais empregados na obtenção dos componentes básicos da Eletrônica, em particular da Eletrônica de Potência: são os diodos, os transistores e os tiristores. Junção pn e Diodos: O diodo semicondutor é um dispositivo ou componente eletrônico composto de cristal semicondutor de silício ou germânio numa película cristalina cujas faces opostas são dopadas por diferentes gases durante sua formação. A junção pn é o processo utilizado para a fabricação de componentes ou dispositivos eletrônicos. O nome diodo de junção deriva do processo de junção pn. A função do diodo de junção é permitir que a corrente elétrica, contínua ou alternada, http://pt.wikipedia.org/wiki/Componente_eletr%C3%B4nico http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal http://pt.wikipedia.org/wiki/Semicondutor http://pt.wikipedia.org/wiki/Sil%C3%ADcio http://pt.wikipedia.org/wiki/Germ%C3%A2nio http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s 11 passe somente em um único sentido. Esta operação é chamada de retificação. O diodo retificador é um dispositivo eletrônico formado por duas pastilhas em uma junção pn, sendo representado conforme a Figura 1.3. Sua função é permitir à passagem de corrente elétrica somente em um único sentido. Pode ser fabricado a partir do cristal de silício ou germânio. Figura 1.3 – Representação do diodo retificador O terminal da pastilha p chama-se anodo (sinal positivo) e o outro terminal chama-se de catodo (sinal negativo). O símbolo é semelhante a uma flecha indicando o sentido da corrente elétrica do positivo para o negativo. Somente há passagem de corrente elétrica se o diodo estiver polarizando diretamente. O diodo polarizado diretamente é como uma chave fechada e o diodo polarizado reversamente como uma chave aberta, conforme mostram os circuitos da Figura 1.4. Figura 1.4 – Diodos polarizados 12 A Figura 1.5 mostra algumas formas físicas dos diodos. Figura 1.5 – Formas físicas de diodos Comportamento elétrico do diodo: A compreensão do funcionamento do diodo pode ser através da análise da sua curva característica mostrada na Figura 1.6. Figura 1.6 – Curva característica do diodo Quando a tensão entre o anodo e o catodo for positiva e maior que determinado valor (em torno de 0,7 V), o diodo está diretamente polarizado e está no estado de condução, isto é, começa a conduzir corrente com uma pequena tensão sobre ele. Quando o diodo é reversamente polarizado, ou seja a tensão entre anodo e catodo é negativa, ele está no estado de corte, bloqueando a passagem de corrente no sentido reverso. 13 Transistores: O transistor é um componente eletrônico semicondutor, que funciona como resistência de transferência (transfer resistor). Os transistores têm sido o principal responsável pela revolução da eletrônica desde a década de 1960, sendo utilizado principalmente como amplificador e interruptor de sinais elétricos. Os transistores básicos são dos tipos bipolares e de efeito de campo. Transistor bipolar de junção – BJT: O transistor bipolar de junção – BJT (Bipolar Junction Transistor) está relacionado à sua construção. O conceito bipolar decorre de esses transistores serem formados pela junção de dois materiais do tipo n com outro material do tipo p, ou dois materiais do tipo p com outro material do tipo n. O transistor bipolar de junção é, portanto, um dispositivo semicondutor de três camadas que consistem em duas camadas tipo n e um tipo p, ou duas tipo p e uma tipo n. O primeiro é chamado de transistor npn e o segundo transistor pnp. A Figura 1.7 mostra as configurações correspondentes a esses tipos de transistores. A parte central forma a base e as outras duas partes constituem o emissor e o coletor. Figura 1.7- Configurações de transistores O emissor tem a função de emitir elétrons na base, que permite que a maioria dos elétrons injetados passe para o coletor, que coleta os elétrons vindos da base. Os transistores bipolares podem ser polarizados diretamente e reversamente. A Figura 1.8 ilustra a forma de polarização direta do transistor. http://pt.wikipedia.org/wiki/Componente_eletr%C3%B4nico http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletr%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1960 14 Figura 1.8 - Polarização direta do transistor. O diodo BE está polarizado diretamente, enquanto que o diodo BC está polarizado reversamente. É dessa forma que um transistor funciona. Um fluxo estável de elétrons sai do terminal negativo da fonte V1 e entra na região do emissor. A polarização direta VBE força esses elétrons do emissor a entrarem na região da base. Na maioria dos transistores, mais de 95 % dos elétrons que são injetados no emissor fluem para o coletor e menos de 5 % conseguem preencher as lacunas da base e fluir para fora pelo terminal externo da base. Uma forma de se visualizar como um transistor funciona é através das curvas de coletor, gráficos que relacionam as correntes com as tensões do transistor conforme mostra a Figura 1.9. Figura 1.9 - Curvas características de coletordo transistor bipolar Essa curva mostra como um transistor funciona tipicamente como fonte de corrente. A corrente de coletor é praticamente constante entre o joelho e a região de ruptura, mesmo com a variação do Voe (tensão entre coletor e emissor). A corrente de coletor varia proporcionalmente à corrente de base. 15 Transistores especiais são considerados os tipos de transistores que dependem de um só tipo de carga sendo, portanto unipolares. Há dois tipos básicos: os transistores de efeito de campo de junção (JFET) e os transistores de efeito de campo de óxido metálico (MOSFET). Transistores de Efeito de Campo de Junção – JFET: O transistor de efeito de campo de junção, JFET (Junction Field Effect Transistor) é mostrado na Figura 1.10 com sua estrutura e o símbolo utilizado. Figura 1.10 - Estrutura e símbolo de um transistor JFET. A condução se dá pela passagem de portadores de carga da fonte (S - Source) para o dreno (D), através do canal entre os elementos da porta (G - Gate). O transistor pode ser um dispositivo com canal n (condução por elétrons) ou com canal p (condução por lacunas). O que for dito sobre o dispositivo com canal n aplica-se ao dispositivo com canal p, com sinais opostos de tensão e corrente. A polarização convencional de um JFET com canal n pode ser vista na Figura 1.11. Uma alimentação positiva VDD é ligada entre o dreno e a fonte, estabelecendo um fluxo de corrente através do canal. Esta corrente também depende da largura do canal. 16 Figura 1.11 - Polarização convencional de um JFET Transistores de Efeito de Campo de Óxido Metálico – MOSFET: O MOSFET (Metal Oxid Semiconductor Field Effect Transistor) é um transistor de óxido de semicondutor e metal que tem uma fonte, uma porta e um dreno. A diferença básica para o JFET é porta isolada eletricamente do canal. Por isso, a corrente de porta é extremamente pequena, para qualquer tensão positiva ou negativa. A Figura 1.12 mostra um MOSFET de modo depleção canal n e o seu símbolo. O substrato em geral é conectado a fonte (pelo fabricante). Figura 1.12 - MOSFET de modo depleção canal n e o seu símbolo Em algumas aplicações usa-se o substrato para controlar também a corrente de dreno. Neste caso o encapsulamento tem quatro terminais. Os elétrons livres podem fluir da fonte para o dreno através do material n. A região p é chamada de substrato, e ela cria um estreitamento para a passagem dos elétrons livres da fonte ao dreno. 17 O transistor como chave: Um transistor pode operar como chave eletrônica, bastando para tal polarizá-lo de forma conveniente: corte ou saturação. Quando um transistor está saturado opera como um curto (chave fechada) entre o coletor e o emissor de forma que VCE 0 V e quando está no corte, opera como um circuito aberto (chave aberta) entre o coletor e o emissor, de forma que VCE VCC. No ponto de saturação (chave fechada) a corrente de base é alta (IB SAT) e no ponto de corte (chave aberta) a corrente de base é zero. A Figura 1.13 mostra um transistor operando como chave eletrônica e sua respectiva reta de carga. Figura 1.13 - Transistor operando como chave eletrônica Quando a tensão de entrada for zero, o transistor estará em corte. Neste caso ele se comporta como uma chave aberta. Sem nenhuma corrente pelo resistor do coletor, a tensão de saída iguala-se a +15 V. Quando a tensão de entrada for +5V, o transistor estará saturado (considerando- se os valores de Rb e Rc adequados ). Neste caso, ele se comporta como uma chave fechada. Com uma intensa corrente pelo resistor do coletor, a tensão de saída iguala- se a 0 V, pois a queda de tensão Vce iguala-se a zero. O transistor operando como chave só pode assumir os estados de saturação e corte, e nunca um estado intermediário. Em nível de projeto, uma maneira de se garantir que o transistor opere como chave é provocar no componente uma saturação forte, ou seja, projetar o circuito com uma corrente de base suficientemente alta para 18 que Ic seja máxima quando da saturação. O transistor como amplificador: O esquema da Figura 1.14 ilustra um transistor operando como amplificador. Figura 1.14 - Transistor operando como amplificador Nesse tipo de circuito, a malha Rb1 - Rb2 é ajustada de modo que na condição de repouso (Vin = 0), a tensão Vce seja igual à metade da tensão Vcc. O ponto da reta de carga onde o transistor opera nestas condições é chamado de ponto quiescente. Quando a tensão na entrada sofre variação, a tensão na saída acompanha a entrada, porém com a fase do sinal invertida. Um circuito desse tipo é amplificador, pois serve para aumentar a amplitude do sinal de entrada. Os capacitores C1 e C2 são usados para desacoplar a componente DC das fontes de sinal. Esse tipo de circuito é muito comum em aplicações de áudio, vídeo, instrumentação etc. Transistor como fonte de corrente: Com a inclusão de um resistor do emissor à terra ao circuito do transistor operando como chave, obtém-se um circuito que se constitui num transistor que opera como fonte de corrente, uma vez que a corrente de coletor se mantém constante para uma vasta gama de CC e variações de VCC. A Figura 1.15 mostra o circuito resultante. 19 Figura 1.15 - Transistor como fonte de corrente Nestas condições, presume-se o circuito operando em qualquer ponto da reta de carga (ponto Q), dependendo da corrente necessária. A Figura 1.16 ilustra a reta de carga, onde a corrente IC é calculada da mesma forma seguindo o procedimento anterior, porém com a inclusão do resistor de emissor: IC = VCC / (RC + RE) Figura 1.16- Ilustração de uma reta de carga Os transistores bipolares são os mais comuns e servem como base dos circuitos com semicondutores controlados. Os transistores unijunção são aplicados em circuitos osciladores e são compostos de uma única junção p-n. e os transistores FET, que funcionam através de um princípio de efeito de campo elétrico em um pórtico da pastilha, são muito empregados em circuitos de sinais muito pequenos, onde sensibilidade e alta impedância de entrada são necessárias. Um transistor permite, portanto, o controle de corrente a partir de pequenas variações de tensão. A corrente efetivamente aplicada à base, Ib, é pequena em 20 comparação à corrente que passa pelo emissor, Ie, fornecido pela junção base-coletor. O transistor é tanto mais eficiente quanto maior for a fração de corrente de emissor relativamente à corrente de coletor. A Figura 1.17 mostra Imagens de transistores. Figura 1.17 - Imagens de transistores 1.3 Circuitos Retificadores Básicos Processo de conversão: Os equipamentos eletrônicos geralmente são alimentados por uma fonte de tensão contínua. Porém a concessionária de distribuição de energia elétrica fornece uma tensão alternada. Logo, é necessário transformar a tensão alternada em tensão continua. O circuito responsável por essa transformação é o retificador. O circuito retificador faz parte de uma fonte de alimentação. Para compreender o funcionamento de uma fonte, pode-se analisar a transformação de tensão alternada em tensão contínua em blocos, através da Figura 1.18. 21 Figura 1.18 - Diagrama em blocos de uma fonte de alimentação O transformador de força tem a função de reduzir a tensão alternada de entrada (127 V ou 220 V) para uma tensão compatível com a entrada do próximo bloco. O circuito retificador transforma a tensão alternada em tensão contínua. Porém, a forma do sinal da tensão de saída do retificador, é contínua pulsante. Esta forma de sinal não é compatível com a grande maioria dos circuitos eletrônicos. O bloco do filtro é responsável em eliminar a forma de onda contínua pulsante em contínua com filtro. Mas este sinal ainda não é o ideal, pois apresenta variações de tensões. O último bloco é o regulador de tensão. A tensãofiltrada, com variações, é regulada para um valor de tensão tornando o sinal uma função constante. Uma das mais importantes aplicações do diodo é nos retificadores. Por isso, estes dispositivos levam o nome de diodo retificador. Diodo Zenner: Há certos tipos de diodos com finalidades específicas. Os diodos retificadores de pequeno sinal são otimizados para a retificação, mas há outras aplicações para os diodos. A seguir serão mostrados alguns diodos que têm finalidades específicas que não a retificação de sinais, em particular os diodos Zener e os LEDs. Um diodo comum não pode trabalhar na região de ruptura, pois pode ser danificado. O diodo Zener é otimizado para trabalhar nessa região, como regulador de tensão. Ele é um diodo construído especialmente para trabalhar na tensão de ruptura. Outra particularidade é que ele trabalha polarizado reversamente no circuito, o que não ocorre com o diodo comum. O princípio de funcionamento um diodo Zener será apresentado a seguir, de forma simplificada. Um diodo Zener é um diodo especialmente dopado para operar na região de ruptura, embora ele possa operar também nas regiões de fuga e direta, 22 conforme mostra a Figura 1.19. Figura 1.19 – Característica do diodo Zener No diodo Zener, a região de ruptura tem um joelho bem pronunciado, seguido de um aumento de corrente praticamente vertical. Pode-se observar que a tensão é praticamente constante, aproximadamente igual a Vz em quase toda região de ruptura. E é por operar na região de ruptura que o diodo Zener tem que ser polarizado reversamente. A Figura 1.20 mostra o símbolo do diodo Zener, conforme a norma ANSI, e o modo de ligação em um circuito. Figura 1.20 – Representação do diodo Zener O diodo Zener às vezes é chamado de diodo regulador de tensão porque mantém uma saída constante, mesmo que a corrente que passa por ele varie. Em funcionamento normal, a ligação do diodo deve ser reversa, a tensão da fonte tem que ser maior que a tensão Vz e deve ser usado um resistor para limitar a corrente que passa pelo Zener para evitar a sua queima. 23 A Figura 1.21 mostra tipos de diodo Zener. Figura 1.21 - Tipos de diodo Zener Retificadores: Os circuitos retificadores são divididos em três tipos: retificador de meia onda, retificador de onda completa com derivador central e retificador de onda completa em ponte. Retificador de meia onda: O circuito retificador de meia onda é formado apenas por um diodo. A tensão de saída do transformador é retificada através do diodo D1 e este alimenta a carga, conforme mostra a Figura 1.22. Figura 1.22 – Circuito retificador de meia onda O diodo D1 conduz corrente quando polarizado diretamente e isso somente ocorre em metade da onda alternada. Ou seja, o diodo conduz somente na meia onda positiva, e na meia onda negativa o diodo está reversamente polarizado, portanto sem condução de corrente para a carga. A Figura 1.23 mostra a entrada e saída de um 24 circuito retificador de meia onda. Figura 1.23 – Entrada e saída do circuito retificador de meia onda No retificador de meia onda, um diodo é colocado em série com a carga, de modo que somente um semiciclo da senoide possa passar pelo diodo. Esse tipo de circuito, embora econômico, apresenta algumas desvantagens, como por exemplo, o baixo rendimento da energia fornecida pelo circuito de AC (no caso o transformador), pois só é utilizado metade de cada ciclo. Por exemplo, um retificador de meia onda com carga de 100 Ω e o secundário do transformador com uma tensão de pico de 18 V, a tensão e a corrente CC na carga é igual a 5,7 V e 57, 2 mA, respectivamente. Aparelhos que usam a rede elétrica precisam de um circuito para converter a tensão alternada para tensão ou tensões contínuas necessárias. Mesmo em aparelhos que usam pilhas ou baterias, pode haver necessidade de conversão da tensão destas para níveis de operação dos circuitos. Uma fonte ideal não deve apresentar perdas, a tensão fornecida deve ser contínua pura, sem ondulações e constante, independente da variação da carga. É evidente que isso não existe na prática, mas a evolução dos circuitos (de fontes ou quaisquer outros) ocorre sempre no sentido da aproximação com o ideal. Retificador de onda completa com derivador central: O retificador de onda completa com derivador central é um circuito que 25 retifica as duas metades do sinal alternado da tensão de entrada fornecendo tensão contínua à carga. O terminal central no secundário do transformador gera nos terminais das extremidades tensões defasadas em 180º. Isto quer dizer que quando um terminal estiver com meia onda positiva o outro estará com meia onda negativa. Com isso, a cada meia onda o sinal alternado, um diodo conduz enquanto outro não (Figura 1.24). Figura 1.24– Circuito retificador de onda completa com derivador central No gráfico da Figura 1.25 pode-se observar que a tensão na carga apresenta as duas metades do sinal da tensão alternada de entrada do circuito retificador. Figura 1.25 – Entrada e saída do circuito retificador de onda completa com derivador central. O secundário do transformador é Center tape, Figura 1.26, com a derivação central como referencial, devendo cada lado ter a tensão desejada na saída da fonte. A ondulação da corrente de saída é visivelmente menor que a do circuito de meia onda. A tensão na carga é VP. 26 Figura 1.26 - Cape Center No circuito com ponte de diodos, Figura 1.27, faz-se o mesmo trabalho de retificação em onda completa sem necessidade de duplo secundário no transformador. A contrapartida é o uso de quatro diodos em vez de dois. Figura 1.27 - Ponte de diodos Assim pode-se notar que a tensão na carga RL é a tensão de pico de saída do transformador, sendo então: VRL = VP. Filtragem: Para obter-se uma tensão de nível DC (contínua) o mais próxima do ideal, utiliza-se o processo de filtragem com capacitor, conforme mostra as Figura 1.28 e 1.29. O capacitor de filtro, irá se carregar com a tensão de entrada até atingir Vmax. A partir daí, como seu potencial é maior que a entrada, iniciará um processo descarga através de RL até que um novo semiciclo reinicie um processo de carga. 27 Figura 1.28 - Processo de filtragem (a) Figura 1.29 – Processo de filtragem (b) A Figura 1.30 mostra exemplos de retificadores. 28 Figura 1.30 – Exemplos de retificadores 1.4 Tiristores e Componentes Derivados Os tiristores são dispositivos semicondutores multicamadas, que operam em regime de chaveamento, tendo em comum uma estrutura de no mínimo quatro camadas semicondutoras numa seqüência P-N-P-N (três junções semicondutoras), apresentando um comportamento funcional. São componentes eletrônicos cujo princípio de funcionamento é baseado em uma ação regenerativa. Dois tipos principais de tiristores, muito utilizados em eletrônica industrial, são os SCR e os TRIAC. Outros tipos derivados são o IGBT, o GTO. Outros dispositivos eletrônicos básicos que podem ser também utilizados em associação com os transistores e tiristores são os Varistores e os DIAC Varistor: Um Varistor ou VDR (Voltage Dependent Resistor) é um componente eletrônico cujo valor de resistência elétrica é uma função inversa da tensão aplicada nos seus terminais. Isto é, à medida que a diferença de potencial sobre o varístor aumenta, sua resistência diminui. O varistor é um componente muito simples e bastante comum nas aplicações eletrônicas. Ele é feito normalmente de um óxido sobre um cristal ou metal. O http://pt.wikipedia.org/wiki/Semicondutores http://pt.wikipedia.org/wiki/Resist%C3%AAncia_el%C3%A9trica http://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_el%C3%A9trica 29 funcionamento do varistor apresenta uma característica conforme a curva mostrada na Figura 1.31. Figura 1.31 - Funcionamento característico dovaristor O gráfico mostra a relação entre a corrente e a tensão aplicada sobre o varistor. O ponto Vn é o valor da tensão nominal do varistor. O funcionamento do varistor consiste no seguinte: Aplicando-se uma tensão sobre o varistor, ele se comporta como se fosse uma chave aberta se a tensão aplicada for menor que a tensão Vn. Quando a tensão V atingir um valor superior a Vn, o varistor passa a conduzir fortemente, comportando-se como uma chave fechada. Esse tipo de comportamento pode ser aplicado em circuitos como dispositivo de proteção de sobretensão. Fontes, inversores de frequência, módulos de telefonia etc., são equipamentos onde o uso de varistores é bastante difundido. A Figura 1.32 mostra um dos símbolos mais comuns usados para os varistores: Figura 1.32 - Símbolo usado para os varistores O esquema mostrado na Figura 1.33 ilustra um circuito que utiliza um varistor para proteção contra sobretensão de entrada. 30 Figura 1.33 - Varistor para proteção contra sobretensão Caso a tensão de entrada exceda o limite de 250 V, o varistor conduz fortemente, causando uma espécie de curto-circuito, que pode romper o fusível de entrada de modo que a sobretensão não atinja o primário do transformador. Com o restabelecimento da tensão correta ao circuito, o varistor volta à sua condição de chave aberta. A Figura 1.34 mostra imagens exemplos de varistores. Figura 1.34 – Imagens exemplos de varistores. DIAC: O DIAC (Diode for Alternating Current) - É um gatilho bidirecional, ou diodo que conduz corrente apenas após a tensão de disparo ser atingida, e pára de conduzir quando a corrente elétrica cai abaixo de um valor característico, chamada de corrente de corte. É um tipo de dispositivo que permite condução nos dois sentidos tendo aplicações em baixos níveis de potência. Entretanto, a entrada em condução não http://pt.wikipedia.org/wiki/Diodo 31 ocorre devido a um pulso de corrente no gate, mas a partir de uma tensão de disparo aplicada entre seus terminais. A Figura 1.35 mostra a característica tensão x corrente e o símbolo comumente utilizado para a representação do DIAC. Fig. 1.35 – Símbolo e característica do DIAC. Quando o DIAC está submetido a uma tensão inferior a VD (tensão de disparo), o mesmo não conduz. Depois de atingido o valor da tensão de disparo, o DIAC entra em condução, mantendo uma pequena tensão entre seus terminais. Para o seu bloqueio é necessário que a corrente assuma valor inferior a IH (corrente de manutenção). A Figura 1.36 mostra imagens exemplos de DIAC. Figura 1.36 - Imagens exemplos de DIAC. 32 Tiristores e Derivados: Será mostrada a seguir a classe de componentes eletrônicos, a dos tiristores. Os tiristores são componentes eletrônicos cujo princípio de funcionamento é baseado em uma ação regenerativa. Dois tipos principais de tiristores, muito utilizados em eletrônica industrial, são os SCR e os TRIAC. SCR: O SCR é um retificador controlado de silício (Silicium Controller Retifier), tipo de tiristor que pode dissipar grande quantidade de calor. Por isso, é utilizado em controles de equipamentos de transmissão em CC, entre outros. O SCR consiste basicamente de um diodo retificador controlado externamente. A Figura 1.37 mostra uma representação simbólica dos SCR e imagens de dois tipos desse dispositivos, como exemplo. Figura 1.37 – Símbolo e imagens de SCR Como se pode verificar, o SCR possui um anodo e um catodo, típicos de um diodo, e um terminal de controle denominado de gate. O funcionamento do SCR pode ser entendido através de uma analogia aproximada com dois transistores dispostos conforme apresentado na Figura 1.38. 33 Figura 1.38 - Funcionamento do SCR Assume-se que ambos os transistores possuem uma corrente de base relativamente grande. Com o circuito acontece o seguinte: - No instante to, o nível do sinal no gate é zero. O transistor T2 está em corte, logo T1 também está em corte; - No instante t1, o nível do sinal no gate é 1. Logo, o transistor T2 passa do corte para a saturação. Saturando, T2 leva a base de T1 a nível zero o que força também a sua condução. T1 conduzindo, realimenta T2 que se mantém, então, definitivamente saturado. Flui então uma corrente do anodo para o catodo; - No instante t3, o nível do sinal de gate retorna a zero. T1 e T2 permanecem saturados devido à realimentação na base de T2. Logo, o único meio de se desligar o circuito é interrompendo-se a alimentação da fonte. O SCR funciona da mesma maneira, ou seja, permanece bloqueado enquanto não recebe um nível de tensão positivo no gate. Depois de recebido um impulso de disparo ele conduz corrente do anodo para o catodo. A condução do SCR só pode ser interrompida se o nível de tensão da fonte cair para valor zero. As tensões de disparo de um SCR podem variar, estando em torno de 1,5 V. A Figura 1.39 mostra um circuito típico com um SCR para controlar uma bobina de campo de um varimot: 34 Figura 1.39 - Circuito típico com SCR para controle de bobina de campo Nota-se que o circuito não passa de uma ponte retificadora controlada pelo disparo dos SCR. Neste caso, os SCR desligam ao final de cada semiciclo, pois em corrente alternada a tensão assume o valor de 0 V duas vezes no ciclo. A melhor maneira de se especificar um SCR é através das especificações do fabricante. Contudo, pelo menos dois tópicos precisam ser observados: a capacidade de corrente e a tensão de isolação do SCR. Determinado tipo de SCR, por exemplo, modelo Texas TIC 106, apresenta corrente máxima de 30 A e tensão de isolação de 400 V. O modelo SKT 490 / 16 da SEMIKRON têm seus códigos dados de maneira análoga aos diodos: 490 indica a máxima corrente de condução em A e 16 - é a tensão de isolação = 1600 V. As considerações para substituição de um SCR são análogas aos diodos, mantendo-se os mesmos critérios. O teste do SCR com o multímetro, embora seja fácil de ser efetuado, não é tão simples de ser explicado. Para se medir um SCR, é recomendável o uso de um multímetro analógico, pois com ele fica mais fácil, que um digital, de verificar se há algum defeito. Os passos do teste podem ser os seguintes: - Com o gate desligado (não tocar, mesmo com os dedos), medir a resistência entre o anodo e o catodo do SCR; a resistência deve ser alta nos dois sentidos; - Medir a resistência entre o anodo e o gate nos dois sentidos; a resistência deve ser alta; - Medir a resistência entre o gate e o catodo; essa junção deve se comportar como um diodo, ou seja, deve haver uma alta resistência em um sentido e uma baixa no outro. 35 O esquema da Figura 1.40 ilustra o comportamento das medições. Figura 1.40 - Comportamento das medições O teste de disparo consiste no seguinte: - Com o positivo do multímetro no anodo e o negativo no catodo, não deve haver condução, em princípio; - Sem desligar a ponta positiva do anodo, tentar provocar um contato desta com o gate; o SCR deve disparar (conduzir); - Ainda sem retirar as pontas de prova dos terminais anodo e catodo, desligar a conexão da ponta de prova com o gate; o SCR deverá permanecer em condução, comprovando o disparo; - Retirar a ponta de prova do anodo por um instante e depois a recolocar novamente; a condução deve cessar e a resistência anodo/catodo voltar a ser alta. É importante observar, porém que não são todos os componentes que possibilitam o teste do disparo dessa maneira, mas em muitos casos ele funciona bem. Esse tipo de procedimento é mais coerente somente para SCR de baixa potência e baixa tensão, que operam com cores de gate muito pequenas. Outra observação importante diz respeito aos SCR de disco. Esses componentes normalmente funcionam presos sob duas placas de cobre, e o contato interno do cristal com o catodo só ocorre quando o componente sofre uma pressãosuperficial. Logo, no caso de se testar esse tipo de componente, deve-se prender antes sob pressão, por exemplo, em uma morsa (isolada). 36 TRIAC: Um TRIAC (Triode for Alternating Current), é um componente eletrônico equivalente a dois retificadores controlados de silício (SCR/tiristores) ligados em antiparalelo e com o terminal de disparo gate ligados juntos. Esse tipo de ligação resulta em uma chave eletrônica bidirecional que pode conduzir a corrente elétrica nos dois sentidos. O TRIAC é um tipo de componente construído de dois SCR colocados em antiparalelo. É muito utilizado no controle de dispositivos de CA, visto sua configuração que, diferentemente do SCR (que conduz em um único sentido), é bidirecional. O esquema da Figura 1.41 ilustra um circuito análogo a um TRIAC, feito a partir de dois SCR: Figura 1.41 - Circuito análogo a um Triac, feito a partir de dois SCR. A Figura 1.42 mostra imagens exemplos de TRIAC. Figura 1.42 – Imagens exemplos de TRIAC http://pt.wikipedia.org/wiki/Componente_eletr%C3%B4nico http://pt.wikipedia.org/wiki/SCR http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiristor http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_el%C3%A9trica 37 Agora os terminais não são chamados de anodo e catodo, pois o anodo de um SCR é o catodo de outro e vice-versa. Esses componentes, no entanto, só são indicados para utilização com frequências abaixo dos 500 Hz. Acima dessa frequência deve-se utilizar SCR em antiparalelo. O símbolo mais usual do TRIAC tem a mesma forma que a mostrada na Figura 4.50 acima, sendo a semelhante no símbolo com dois SCR em oposição. Assim como os SCR, os TRIAC devem ser especificados principalmente pela sua capacidade de corrente e sua tensão de isolação. Os códigos dos fabricantes se assemelham aos utilizados para os SCR. Devido a essa semelhança é deve-se ter cuidado para não se utiliza um SCR no lugar de um TRIAC, ou vice-versa. Um exemplo ilustra a semelhança entre os códigos: Um TIC 116 D é um SCR e um TIC 216 D é um TRIAC. As medições dos TRIAC também se assemelham aos SCR: - Com o gate desligado, medir a resistência entre M1 e M2. A resistência deve ser alta nos dois sentidos; - Medir a resistência entre M1 e o gate nos dois sentidos. Essa junção deve se comportar como um diodo, ou seja, deve haver uma alta resistência em um sentido e uma baixa no outro; - Medir a resistência entre o gate e M2. Essa junção também deve se comportar como um diodo, ou seja, deve haver uma alta resistência em um sentido e uma baixa no outro. O esquema mostrado na Figura 1.43 ilustra o comportamento da medição: Figura 1.43 - Comportamento da medição 38 O teste de disparo, que é possível com alguns SCR, não é normalmente eficaz para os TRIAC; teste mais apurado deve ser feito ligando-se o TRIAC a um circuito. IGBT: O IGBT (Isolated Gate Bipolar Transistor) associa a característica de comando dos MOSFET com a característica de condução dos BJT. Nos últimos anos, vem tendo considerável evolução, com o crescimento de sua velocidade de comutação. A Figura 1.44 mostra o símbolo e a curva característica do IGBT, onde se nota que o componente apresenta os terminais coletor e emissor (como no BJT) e gate (como no MOSFET). Fig. 1.44 – Símbolo e curva característica do IGBT O IGBT apresenta a vantagem de ser comandado por tensão requerendo baixa quantidade de energia do circuito de comando, e em condução tem a vantagem do BJT de baixas tensões VCE ON, podendo conduzir elevadas correntes com baixas perdas. A Figura 1.45 mostra imagens de IGBT. 39 Figura 1.45 - Imagens de IGBT GTO: O GTO (Gate Turn Off Tyristor), ou tiristor de desligamento por porta, é uma chave semicondutora de potência que passa para o estado ligado como um SCR normal, isto é, com um sinal positivo na porta e pode passar para o estado desligado por meio de uma corrente de porta negativa.Tanto as operações em estado ligado como as em estado desligado são, portanto, controladas pela corrente de porta. Uma segunda característica muito importante do GTO são suas qualidades melhoradas de chaveamento. O tempo ligação do GTO é similar ao do SCR, mas o de desligamento é muito menor. Isso permite o uso desses dispositivos em aplicações de alta velocidade. Entretanto, os valores nominais de tensão e de corrente dos GTO existentes no mercado são mais baixos do que os dos SCR, Os GTO também têm quedas de tensão mais altas no estado ligado e corrente de fuga menor. Os GTO são usados em acionadores de motores, fontes de alimentação de funcionamento contínuo (uninterruptible power supplies - UPS), compensadores reativos volt-ampere estáticos (static volt-amperes reactive - VAR), choppers e inversores em nível de alta potência. A estrutura de um GTO é quase igual à de um SCR, conforme pode visto na Figura 1.46. 40 Figura 1.46 - Estrutura e símbolo de um GTO Quando o ânodo (A) tornar-se positivo em relação ao cátodo (K) e um sinal positivo for aplicado na porta, o GTO passará para o estado ligado. Permanecerá assim até que a corrente do ânodo alcance um valor abaixo da corrente de sustentação. Para o dispositivo passar para o estado desligado, basta aplicar um sinal negativo na porta. A Figura 1.47 mostra a curva característica de um GTO ideal. Figura 1.47 - Curva característica de um GTO ideal A Figura 1.48 mostra imagens de GTO Figura 1.48 - Imagens de GTO 41 2. COMUTAÇÃO CC A maior parte das aplicações em eletrônica de potência necessita de alimentação em tensão ou corrente contínua. A entrada de energia tem a forma de uma tensão alternada senoidal em 60 Hz, proveniente da rede, que é convertida em tensão contínua para ser aplicada à carga. Isto é realizado através dos conversores CA-CC, também chamados de retificadores. Certas aplicações empregam conversores CC-CC, ou seja, convertem tensão ou corrente contínua de um determinado nível ou valor para outro. 2.1 – Retificadores Monofásicos não Controlados Retificador Monofásico de Meia Onda: Dependendo do semicondutor utilizado, tiristor ou diodo, pode-se ter os retificadores controlados e os retificadores não controlados, respectivamente. Os retificadores a diodo são encontrados em muitas aplicações, em geral como estágio de entrada de fontes de potência, acionamento de máquinas, carregadores de baterias e outros. Neste caso a tensão de saída do retificador não pode ser controlada. Em algumas aplicações, como em acionamentos de máquinas CC e de máquinas CA, controle de temperatura e sistemas de transmissão em corrente contínua, o controle da tensão de saída é necessário. Nestas situações são utilizados retificadores controlados. Encontram-se também retificadores monofásicos e retificadores trifásicos, assim como retificadores de meia onda como retificadores de onda completa, dependendo do tipo de aplicação ou configuração. Retificador Monofásico de Meia Onda com cargas: a) Com carga resistiva Um circuito do retificador monofásico de meia onda alimentando uma carga resistiva R, assim como as principais formas de ondas, é mostrado na Figura 2.1. 42 Figura 2.1– Retificador a diodo em meia ponte e principais formas de onda. No semiciclo positivo da tensão de entrada, o diodo está polarizado diretamente, logo o mesmo conduz e a tensão da fonte é aplicada sobre a carga. No semiciclo negativo o diodo fica polarizado reversamente, logo se bloqueia, levando a tensão sobre a carga a zero. A tensão média aplicada sobre a carga neste caso é: Em relação ao valor máximo ou de pico tem-se que: Onde VS RMS é o valor eficaz da tensão da fonte de entrada. Por exemplo, para uma tensão da rede de 127 V, eficaz, a tensão eficaz de saída deste retificador é de 57 V. E a corrente média sobre na carga é dada por: Ou: 43 b) Com carga RL A estrutura do retificador monofásico de meia ondaalimentando uma carga RL, bem como as formas de onda resultantes, estão representadas na Figura 2.2. Fig. 2.2 - Retificador monofásico de meia onda alimentando carga RL e formas de onda. Devido a presença da indutância, a qual provoca um atraso da corrente em relação a tensão, o diodo não se bloqueia quando wt = π. O bloqueio ocorre no ângulo β (ângulo de extinção), que é superior a π. Enquanto a corrente de carga não se anula, o diodo se mantém em condução e a tensão de carga, para ângulos superiores a π, torna-se instantaneamente negativa. A presença da indutância causa uma redução na tensão média na carga, sendo que quanto maior a indutância, maior será o valor do ângulo de extinção, com consequente redução da tensão média de saída. c) Com carga RL com diodo de "roda-livre" Para evitar que a tensão na carga se torne instantaneamente negativa devido à presença da indutância, emprega-se o diodo de roda livre, também chamado de diodo de circulação, diodo de retorno ou de diodo de recuperação. A estrutura do retificador é apresentada na Figura 2.3. Fig. 2.3 - Retificador Monofásico de Meia Onda com Diodo de "Roda-Livre" 44 O retificador contendo o diodo de roda-livre possui duas etapas de funcionamento, representadas na Figura 2.4. Fig. 2.4 - Etapas de funcionamento para o retificador com diodo de "roda-livre". A primeira etapa ocorre durante o semiciclo positivo da tensão VS de alimentação. O diodo D1 conduz a corrente de carga IL e o diodo DRL, polarizado reversamente, encontra-se bloqueado. Nessa etapa a tensão na carga é igual à tensão de entrada. A segunda etapa ocorre durante o semiciclo negativo da tensão VS. A corrente de carga, por ação da indutância, circula no diodo de "roda-livre" DRL, polarizado diretamente nesta etapa. Em consequência, o diodo D1 polarizado reversamente está bloqueado e a tensão na carga é nula. O diodo de roda-livre permanece em condução até que a corrente de carga caia até zero. Isso se dá quando a energia armazenada no indutor é completamente descarregada. As formas de onda estão representadas na Figura 2.5. Fig. 2.5 - Formas de onda na carga. 45 Verifica-se que a corrente de carga se anula em cada ciclo de funcionamento do retificador, nesta situação a condução é dita descontínua. Se a corrente na carga não se anula antes do inicio do próximo ciclo, a condução é dita contínua. A condução pode tonar-se contínua ou descontinua, por consequência da constante de tempo da carga. Para constantes de tempo elevadas (L muito grande) a condução pode ser contínua. A condução contínua pode apresentar maior interesse prático, pois implica numa redução do ripple (ondulação) de corrente na carga. As formas de onda do retificador funcionando em condução contínua estão representadas na Figura 2.6. Fig. 2.6 - Formas de onda na carga para condução contínua. Da mesma forma que no caso de uma carga resistiva pura, a tensão média na carga para o retificador de meia onda com diodo de roda livre é dada por: Como o indutor é magnetizado e desmagnetizado a cada ciclo de funcionamento, conclui-se, portanto, que o valor médio da tensão no indutor é nulo. Sendo assim, a tensão média na carga é igual à tensão média na parcela resistiva. Daí: Nota-se, então, que o valor da indutância não altera o valor médio da corrente na carga. O efeito do indutor é de filtragem da componente CA de corrente, ou seja, quanto maior o valor da indutância, menor será a ondulação (ripple) da corrente. 46 Observa-se com a corrente e tensão nos diodos: 1. A máxima tensão reversa sobre os diodos é dada pelo valor de pico da tensão de entrada do retificador. 2. Os valores médios das correntes nos diodos podem ser considerados como iguais à metade do valor calculado para a carga, quando a constante de tempo for elevada (condução contínua). Retificador Monofásico de Onda Completa em Ponte: a) Com carga resistiva Na configuração do retificador monofásico de onda completa em ponte também chamada de ponte monofásica, durante o semiciclo positivo da tensão de entrada os diodos D1 e D4 conduzem corrente à carga e os diodos D2 e D3 estão bloqueados. No semiciclo negativo, D2 e D3 passam a conduzir e D1 e D4 bloqueiam. Desta forma, a tensão sobre a carga é sempre positiva. A Figura 2.7 mostra as duas etapas de operação deste retificador com as principais formas de onda. Fig. 2.7 – Retificador a diodo em ponte: etapas e principais formas de onda O valor médio da tensão na carga é dado por: 47 E a corrente média na carga é obtida de: Observa-se com a corrente e tensão nos diodos da ponte: 1. A máxima tensão reversa sobre os diodos é dada pelo valor de pico da tensão de entrada da ponte retificadora; 2. Os valores médios das correntes nos diodos são iguais à metade do valor calculado para a carga. As oscilações que aparecem na tensão sobre a carga, denominam-se “ripple”. Este ripple de tensão pode ser reduzido com a inclusão de um filtro capacitivo, normalmente um capacitor eletrolítico de alto valor em paralelo com a carga. b) Com filtro capacitivo As formas de onda da Figura 2.8 comparam a tensão na carga e a corrente na fonte nas duas situações, com e sem o capacitor de filtro. Quanto maior a capacitância menor será o ripple. Como o capacitor se mantém carregado, os diodos são polarizados somente quando a tensão da rede ultrapassa o valor da tensão de saída sobre o capacitor, portanto durante pequenos intervalos de tempo. Isto provoca correntes não senoidais na fonte de alimentação, gerando harmônicas que reduzem o fator de potência e poluem o sistema elétrico. Figura 2.8 – Tensão de saída e corrente da rede para retificadores 48 c) Com carga RL A ponte monofásica alimentando carga RL, bem como as principais formas de onda, estão representados na Figura 2.9. Fig. 2.9 – Retificador em ponte monofásica alimentando carga RL e formas de onda Com o uso do indutor, pode-se obter uma corrente de carga menos ondulada. Assim, quanto maior o valor da indutância, menor será o ripple de corrente. As expressões para cálculo de tensão e corrente médias são as mesmas para carga resistiva. d) Com carga RLE Em algumas aplicações, os retificadores alimentam cargas RLE, ou seja, cargas constituídas de resistência, indutância e uma tensão CC. Como exemplo típico, cita-se um motor de corrente contínua, cujo enrolamento de armadura pode ser representado eletricamente por uma resistência, uma tensão contínua (tensão gerada ou contraeletromotriz) e uma indutância. Normalmente se utiliza um indutor em série com o motor para diminuir a ondulação da corrente. A Figura 2.10 apresenta um retificador em ponte com carga RLE e as principais formas de onda. 49 Fig. 2.10 – Retificador em ponte alimentando carga RLE. Considerando condução contínua, o que é assegurado pelo alto valor da indutância, a corrente na carga nunca se anula. Assim, a forma de onda da tensão na carga (VL) não sofre alteração devido à existência da tensão E. Sabendo que o valor médio da tensão na carga é dado por: E como a tensão média no indutor é zero, tem-se que: Então, a corrente média na carga é dada por: 2.2 Retificadores Trifásicos não Controlados Na indústria onde a rede trifásica está disponível, às vezes é preferível utilizar retificadores trifásicos, que são constituídos de três pontos de entrada, cada conectado a uma das fases da rede, sendo indicados para níveis maiores de potência (maior que 2 kW). 50 Nessa configuração, o ripple de tensão e de corrente são menores, consequentemente os filtros serão menores. Além disso, os retificadores trifásicos apresentam maior valor médio de tensão de saída. Retificador Trifásico de Meia Onda: A estrutura apresentada na Figura 2.11 pode ser considerada uma associação de três retificadoresmonofásicos de meia onda. .Cada diodo é associado a uma das fases da rede de alimentação trifásica. Fig. 2.11 - Retificador trifásico com ponto médio. Nesse tipo de retificador, também conhecido como retificador com ponto médio, é indispensável o emprego do neutro do sistema de alimentação. As formas de onda deste retificador alimentando uma carga resistiva estão apresentadas na Figura 2.12. Cada diodo do retificador conduz durante um intervalo de tempo que corresponde a 120 graus elétricos da tensão da rede, sendo que o diodo em condução é sempre aquele conectado à fase que apresenta o maior valor de tensão instantânea. O valor médio da tensão na carga é dado pela expressão: Onde VRMS de FASE é o valor eficaz da tensão de fase (entre fase e neutro). 51 Fig. 2.12 - Formas de onda do retificador de ponto médio. O valor médio da corrente na carga é obtido de: Com o uso de um indutor em série com a carga resistiva, pode-se obter um ripple de corrente ainda menor comparado com carga resistiva pura. Observa-se que as expressões para o cálculo da tensão e corrente médias continuam sendo válidas para carga RL. Corrente e tensão nos diodos A máxima tensão reversa sobre os diodos é dada pelo valor de pico da tensão de linha (tensão entre fases) aplicada na entrada do retificador. Calcula-se que: Como cada diodo conduz durante um terço do período, a corrente média nos diodos é dada por: 52 Retificador Trifásico de Onda Completa: O retificador trifásico de onda completa, apresentado na Figura 2.13, é conhecido também como ponte trifásica ou como Ponte de Graetz, se tratando de uma das estruturas mais empregadas industrialmente. Fig. 2.13 – Retificador trifásico de onda completa. Este retificador apresenta seis etapas de operação ao longo de um período da rede, sendo que cada etapa é caracterizada por um par de diodos em condução. Em cada instante a corrente da carga flui por um diodo da parte superior (D1, D2 ou D3) e um da parte inferior (D4, D5, ou D6). A operação pode ser explicada assumindo as tensões nas três fases conforme a sequência mostrada na Fig. 2.14. 53 Fig. 2.14 - Tensões nas três fases e diodos em condução nas seis etapas. Como pode ser visto a tensão da fase A é a maior das três entre o período de 30º a 150º levando D1 a condução. A fase B é a maior de 150º a 270º, fazendo D2 conduzir. E a fase C é a maior entre 270º e 390º (ou 30º do próximo ciclo), o que provoca a condução de D3. De forma análoga, cada diodo inferior da ponte conduz quando a fase ligada ao mesmo apresenta o menor valor instantâneo dentre as três. Desta forma, pode-se constatar que a fase A tem menor tensão de 210º a 330º, fazendo D4 conduzir. A fase B de 330º a 450º (90º do próximo ciclo), o que faz D5 conduzir. E a fase C de 90º a 210º, levando D6 a condução. O resultado final dos estados de condução são seis etapas de operação, tal que em cada etapa, dois diodos (um da parte superior e um da parte inferior) estão conduzindo, como mostra a Figura. 2.14. Em cada etapa de operação duas fases estão conectadas a carga, uma através de um diodo superior e a outra através de um diodo inferior. A tensão de saída é dada pelo valor instantâneo das tensões entre as fases conectadas à carga em cada uma das seis etapas de operação mostradas, conforme mostra a Fig. 2.15. 54 Fig. 2.15 – Forma de onda da tensão de saída de um retificador trifásico de onda completa. Note que a frequência da componente fundamental da tensão é igual a 6 vezes a frequência das tensões de alimentação. Ou seja, para a rede de 60 Hz, a tensão de saída apresenta oscilação de 360 Hz. O valor médio da tensão de saída é dado por: Onde VRMS é o valor eficaz da tensão entre fase e neutro. O valor médio da corrente de saída é: O ripple na corrente de carga pode ser reduzido ainda mais se for utilizado um indutor série. Observa-se que as expressões para o cálculo da tensão e corrente médias continuam sendo válidas para carga RL. A máxima tensão reversa e a corrente média nos diodos são obtidas da mesma forma que no retificador de ponto médio. Entre as vantagens do retificador em ponte de Graetz sobre o retificador de ponto médio, citam-se: maior tensão de saída (para uma mesma tensão de entrada); 55 menor ripple da tensão de saída; e maior frequência da componente fundamental da tensão de saída (isso requer filtros de menor peso e volume). 2.3 Conversores CC-CC Princípios Básicos: Os conversores CC-CC são largamente aplicados em fontes de alimentação chaveadas e em acionamento de motores de corrente contínua. Nas fontes chaveadas, eles sucedem os retificadores não controlados, reduzindo o ripple e regulando a tensão de saída da fonte, por isso são conhecidos também por “reguladores chaveados”. Existem duas topologias básicas de conversores CC-CC, que são o abaixador de tensão (conversor buck) e o elevador de tensão (conversor boost). Com a combinação e alterações nestas duas estruturas chega-se em várias outras estruturas de conversores CC–CC. A inserção de um transformador, operando em alta frequência, nestes conversores, dá origem a uma família de conversores CC-CC isolados, muito utilizados em fontes chaveadas. Modulação por Largura de Pulso (PWM): Nos conversores CC-CC a tensão de saída deve ser controlada mediante alterações na tensão de entrada ou variações de carga. Isto é feito controlando os tempos em que as chaves semicondutoras estão ligadas ou desligadas. Para ilustrar este conceito utiliza-se o conversor abaixador elementar da Figura 4.36. O valor médio da tensão de saída depende dos tempos ton e toff. O método de controle empregando frequência de comutação constante e controlando-se o tempo de condução da chave é denominado Modulação por Largura de Pulso (PWM – Pulse Width Modulation). Por exemplo, desejando-se diminuir o valor médio da tensão de saída (Vo), basta reduzir o tempo de condução da chave S (ton). A relação entre o tempo de condução da chave ton e o período total de comutação T é definido por razão cíclica (D) 56 A Figura 2.16 mostra um conversor abaixador elementar. Figura 2.16 - Conversor abaixador elementar. A Figura 2.17 mostra o método PWM, onde os sinais que controlam os estados das chaves são gerados a partir da comparação entre uma tensão de controle e uma forma de onda periódica (dente de serra). Figura 2.17 – Modulação por largura de pulso. A frequência da onda dente de serra define a frequência de comutação da chave S.A tensão de controle varia lentamente quando comparada com a onda dente de serra, podendo ser considerada constante a cada período de comutação. Enquanto esta tensão de controle for maior que a onda dente de serra, o sinal que comanda a chave fica em nível “alto”, mantendo a chave em condução, caso 57 contrário a chave abre. Tipos de conversores: Os conversores CC-CC normalmente exercem a função de reguladores, sendo os mais utilizados dos seguintes tipos: conversor ou regulador abaixador (buck) e conversor ou regulador elevador (boost). 2.4 Reguladores Abaixadores e Elevadores Conversor Abaixador (buck): A maneira elementar de se representar um conversor buck está mostrada na Figura 2.18. A chave S pode assumir as posições A e B. Na posição A, a tensão de entrada é aplicada sobre a carga e na posição B a tensão na carga é zero. Desta forma, a tensão média de saída (VO) é menor que a tensão de entrada, podendo ser controlada pelo tempo de permanência da chave na posição A. Figura 2.18 - Conversor buck simplificado A equação abaixo define o valor da tensão média de saída em função da razão cíclica e da tensão de entrada: A forma de onda da tensão de saída apresenta uma componente contínua Vo e uma componente alternada, conforme mostra a decomposição da Figura 2.19. 58 Figura2.19 - Componentes da forma de onda de saída do conversor Buck Para reduzir a componente alternada na carga, o circuito original será modificado, introduzindo-se os filtros. Na Figura 2.20 foi adicionando um indutor L em série com a carga, reduzindo- se o ripple de corrente na mesma e consequentemente o ripple da tensão de saída. Com a chave na posição A, a corrente no indutor cresce, armazenando energia no mesmo. Quando a chave está na posição B, ton toff o indutor atua como fonte transferindo a energia armazenada anteriormente para a carga, decrescendo sua corrente. Figura 2.20 - Filtro indutivo em um conversor buck simplificado. Quanto maior o valor da indutância menor será o ripple de corrente. Da mesma forma como tratado no capítulo de retificadores, a condução de corrente poderá ser contínua ou descontínua. O próximo passo para melhorar o conversor buck é adicionar um capacitor em paralelo com a carga como mostra a Figura 2.21, reduzindo ainda mais o ripple de tensão sobre ela. 59 Figura 2.21- Filtro LC em um conversor buck O último passo é substituir a chave S de duas posições. Na prática um único semicondutor não pode realizar esta função, então são introduzidos a chave controlada M1 e o diodo D1, mostrado em Figura 2.22. Quando M1 é comandado a conduzir, substitui a chave na posição A, armazenando energia no indutor. Quando M1 é bloqueado, a corrente circula pelo diodo D1 (diodo de circulação), substituindo a chave na posição B. Figura 2.22- Conversor CC – CC abaixador buck com chave controlada e diodo. No modo de condução contínuo o conversor buck é equivalente a um transformador CC, onde a relação de transformação pode ser continuamente alterada através da razão cíclica D. A Figura 2.23 apresenta as etapas de operação e formas de onda para o conversor buck operando no modo de condução contínuo. 60 Figura 2.23 - Etapas de operação e principais formas de onda de um conversor Buck. Conversor boost ou elevador: O conversor mostrado na Figura 2.24 é chamado de conversor boost ou elevador. Quando a chave M1 está conduzindo, a corrente através do indutor L cresce, aumentando a energia armazenada no mesmo. Quando a chave M1 é aberta, a corrente do indutor continua fluindo, agora através do diodo D1, da rede RC e de volta à fonte. Nesta etapa o indutor transfere a energia armazenada na primeira etapa para a carga. Figura 2.24 - Conversor CC – CC Elevador “Boost” A tensão sobre o capacitor C deve ser maior que a tensão da fonte para que haja transferência de energia na segunda etapa. Além disso, a constante de tempo RC deve ser muito maior que o período de comutação, para garantir que a tensão de 61 saída permaneça aproximadamente constante na primeira etapa quando o capacitor fornece energia para a carga. Para isso um capacitor de valor relativamente elevado é necessário. A Figura 2.25 mostra as etapas de operação do conversor boost bem como suas principais formas de onda, para operação em condução contínua e em regime permanente, ou seja, após um tempo suficiente para estabilizar as tensões e correntes no circuito. A tensão de saída é dada por: Figura 2,25 – Etapas de operação e principais formas de onda de um conversor boost. 62 3. CONTROLE DE TENSÃO CA Neste item são apresentados os retificadores controlados usando principalmente tiristores do tipo SCR, enfocando o funcionamento da parte de potência dos retificadores. Os circuitos de disparo dos SCR são apresentados mais adiante. 3.1 Retificadores Monofásicos Controlados Retificador Monofásico Controlado de Meia Onda: Substituindo o diodo do retificador de meia onda por um SCR, tem-se um retificador controlado, o qual permite variar a tensão de saída. a) Com carga resistiva O circuito e as formas de onda do retificador monofásico de meia onda a tiristor estão representados na Figura 3.1. Figura 3.1 - Retificador monofásico de meia onda a tiristor e principais formas de onda. No semiciclo positivo da tensão de entrada VS o SCR está diretamente polarizado, entretanto o mesmo não conduz, pois é necessária a aplicação de um 63 pulso de corrente entre os terminais gate e catodo para que ele entre em condução. Assim, no intervalo (0, a) o SCR encontra-se bloqueado e a tensão de carga é nula. Transcorrido certo ângulo ad (ângulo de disparo) após a passagem da tensão Vs por zero, o circuito de disparo aplica um pulso de corrente (IG) entre os terminais gate e catodo do SCR provocando seu disparo. Com isso, a tensão na carga passa ser igual à tensão de entrada. Como a carga é resistiva, a forma de onda de corrente segue a forma de onda de tensão. No instante em que a tensão de alimentação e consequentemente a tensão na carga passam por zero, a corrente de carga também se anula provocando o corte do SCR. No intervalo (p, 2p) a tensão da fonte torna-se negativa e o SCR se mantém bloqueado. Portanto, durante este intervalo, a tensão e corrente de carga permanecem nulas. Somente no próximo ciclo, quando for atingido o ângulo de disparo ad, é que ocorre o disparo e o processo se repete. Observa-se então, que se variando o ângulo de disparo αd varia-se a tensão média de carga. Sendo VL MÉDIO a tensão média na carga, esta pode ser obtida pela expressão: Onde VS RMS é a tensão eficaz de entrada. As variações extremas ocorrem quando: _ ad = 0°, então tem-se que: VL MÉDIO = 0,45 VS RMS (semelhante ao retificador não controlado); _ ad = p (180°), onde tem-se que: VL MÉDIO = 0. Na Figura 3.2 está representada graficamente a tensão média na carga em função do ângulo de disparo αd. 64 Figura 3.2– Gráfico representativo da tensão na carga em função de αd, para um retificador monofásico controlado de meia onda com carga resistiva. Nota-se que a tensão média de saída é dada em p.u. (valor por unidade). Assim, este gráfico pode ser utilizado para qualquer valor de tensão de entrada. Por exemplo: se o ângulo de disparo for 90°, pelo gráfico se obtém o valor 0,225. Então, para uma tensão eficaz de entrada de 127 V, a tensão média de saída será 0,225 x 127 V = 28,5 V. b) Com carga RL O circuito e as formas de onda para carga RL estão representados na Figura 3.3 Figura 3.3- Retificador de meia onda a tiristor alimentando carga RL. Com carga RL o ângulo de extinção b da corrente através do SCR é maior que p. Desta forma, enquanto a corrente através do SCR (corrente de carga) não se anula, 65 a tensão na carga se mantém igual à da fonte. Observa-se neste caso que, sendo o ângulo de extinção b maior que p, a tensão de carga assume valores negativos. Como consequência, o valor médio da tensão na carga se reduzirá, em relação àquele para carga puramente resistiva. A tensão média na carga depende da tensão de entrada, do ângulo de disparo a e do ângulo de extinção b. O ângulo b, por sua vez, depende da carga. Portanto, ao se variar a carga varia-se também a tensão média na mesma. Esta dependência do valor médio da tensão na carga, com a própria carga, torna-se um grande inconveniente para esta estrutura retificadora. c) Com carga RL com diodo de “Roda Livre” O circuito e as formas de onda para o retificador de meia onda com diodo de circulação estão representados na Figura 3.4. Figura 3.4 - Retificador monofásico de meia onda a tiristor com diodo de circulação No intervalo (0, ad) o SCR encontra-se bloqueado, sendo assim a tensão de carga é nula. No instante correspondente ao ângulo ad, o SCR é disparado por ação da corrente de gatilho IG. Assim, no intervalo (a, p) a tensão na carga é igual à tensão da fonte. No instante em que a tensão da fonte passa por zero, e na eminência da tensão na carga se tornar negativa, o diodo de retorno é polarizado diretamente desviando a corrente de carga e fazendo com que o SCR bloqueie. A corrente passa a circular
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