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1 / 47 DEFINIÇÃO Apresentação dos ciclos biogeoquímicos e dos elementos provenientes dessas reações na natureza. PROPÓSITO Identificar as matérias coexistentes na biosfera, suas afinidades, propriedades e modificações, estabelecendo relações entre seus aspectos biológicos, geológicos e químicos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os ciclos biogeoquímicos e seu impacto no planeta MÓDULO 2 Reconhecer o ciclo biogeoquímico da água MÓDULO 3 Reconhecer o ciclo biogeoquímico do carbono MÓDULO 4 Reconhecer o ciclo biogeoquímico do nitrogênio 2 / 47 INTRODUÇÃO Você já se perguntou o que acontece quando os organismos morrem? Eles desaparecem? É comum ouvir respostas como: “Somos poeira estelar.”, “Do pó viemos e ao pó voltaremos.” ou “A energia não é produzida nem destruída, apenas se transforma.”. 3 / 47 OS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS, OS SERES HUMANOS E O PLANETA Vamos entender melhor essa relação! Para responder a esses questionamentos, é preciso saber que 99% das células vivas são constituídas por nitrogênio, carbono, fósforo, enxofre, oxigênio e hidrogênio. Essas substâncias interagem entre si e com o meio ambiente através de processos e trocas de energias dos diferentes elementos da natureza no planeta Terra. Os chamados ciclos biogeoquímicos* permitem que esses elementos sejam reciclados: circulem do ambiente físico para o corpo dos organismos e retornem para o meio ambiente, garantindo a continuidade da vida. *Biogeoquímicos: O termo biogeoquímico refere-se aos principais componentes desses ciclos: o ambiente geológico (atmosfera, oceanos, lagos, crosta terrestre), o biológico (produtores, consumidores e decompositores) e o químico, com todas as reações que o envolvem. Todos desempenham um papel nos ciclos e estão conectados. 4 / 47 Para conservar o ambiente natural, precisamos modificar as ideias de benefício a todo custo e de crescimento ilimitado que caracterizam nossa sociedade de consumo. Em resposta aos efeitos negativos que o ser humano gera ao meio ambiente, são desenvolvidas políticas ambientais mundiais com diferentes objetivos e mecanismos de ação. Em termos gerais, podemos identificar as seguintes: Políticas de proteção e conservação Preservam espaços naturais de alto valor ecológico por meio da criação de zonas de proteção, como parques, reservas nacionais e monumentos naturais. Políticas de correção Agem em espaços deteriorados e propõem a purificação da água, a reciclagem de resíduos, entre outras medidas. Políticas de prevenção Estabelecem controles para atividades prejudiciais ao meio ambiente e realizam estudos de avaliação de impacto ambiental. Essas medidas têm o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável, ou seja, para o crescimento econômico e social, baseado na conservação e proteção ambiental a fim de atender às necessidades do presente, sem comprometer o abastecimento das gerações futuras. Agora vamos tratar dos ciclos biogeoquímicos, seu conceito, principais características, tipos e importância para a continuidade da vida. AS TROCAS DE ENERGIA NO PLANETA TERRA Em nosso planeta, ocorre uma série de processos e trocas de energia mediados por ciclos biogeoquímicos, responsáveis pela renovação de diferentes elementos da natureza. Porém, para entender melhor como isso acontece, é preciso conhecer os compartimentos bióticos e abióticos que compõem o meio em que vivemos. 5 / 47 O compartimento biótico, chamado de biocenose ou comunidade biótica, é constituído por seres vivos reciprocamente ligados por cadeias tróficas em um ecossistema. É formado por três grupos: Produtores primários São seres autotróficos, que produzem substâncias orgânicas a partir de substâncias inorgânicas* (sais, minerais e cloretos), ou seja, sintetizam seus próprios alimentos. São exemplos as plantas verdes (no ecossistema terrestre) e as algas microscópicas ou fitoplâncton (no ecossistema aquático). Consumidores Vivem, direta ou indiretamente, das substâncias geradas pelos produtores e, por isso, são chamados heterotróficos. Animais, bactérias e fungos pertencem a esse grupo. Decompositores ou desintegradores São organismos heterotróficos que consomem matéria orgânica morta (plantas, animais e seus resíduos) e a decompõem em componentes inorgânicos. Pertencem a esse grupo os carniçais, que se alimentam de cadáveres; os coprófagos, que se alimentam de fezes; os saprofágicos, que se alimentam de matéria podre; os detritívoros, que se alimentam de detritos; e mineralizadores ou redutores, que reduzem os compostos às formas mais simples, como bactérias e fungos. *Substâncias inorgânicas: As substâncias inorgânicas não são feitas de carbono (salvo raras exceções, como o carbonato de cálcio – CaCO3) e não são fabricadas por seres vivos, mas pela natureza, por meio de reações químicas. O compartimento abiótico, chamado de biótopo, é composto por substâncias inorgânicas e inclui os materiais que formam a base da vida, como oxigênio, dióxido de carbono, água, carbono, nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio, cálcio e vários sais minerais, além da 6 / 47 energia do Sol, especialmente. Sua estrutura espacial pode variar de acordo com os ecossistemas (cavernas, lagos, praia, praia pedregosa etc.). Existem cerca de quarenta elementos químicos essenciais para a vida na Terra. Eles são convertidos, por meio dos seres vivos, em compostos orgânicos (biomassa) que participam de reações fundamentais às atividades metabólicas dos organismos. Esse processo de transformação e sua transferência entre os diferentes compartimentos bióticos e abióticos do planeta é o que se denomina de ciclos biogeoquímicos. Por se tratar de um ciclo, os elementos químicos inorgânicos podem se transformar e ser incorporados novamente pela biota*. Essas substâncias são provenientes de minerais das rochas, da água, de gases ou de compostos orgânicos - como proteínas, gorduras ou açúcares - produzidos, geralmente, por seres vivos. Os processos cíclicos baseados na transformação de elementos inorgânicos em orgânicos e vice-versa, mediados pela atividade biológica de síntese e degradação de matéria orgânica, são a base das atividades biogeoquímicas da Terra. *Biota: Trata-se do conjunto de espécies de plantas, animais e outros organismos que habitam uma determinada área. Os ciclos biogeoquímicos estão intimamente relacionados aos processos geológicos, hidrológicos e biológicos que ocorrem nos diferentes compartimentos da crosta terrestre, a exemplo da atmosfera (compartimento gasoso acima do solo), da hidrosfera (águas interiores e marinhas), da litosfera (rochas e solos) e da biosfera (seres vivos e suas relações). Principais esferas terrestres 7 / 47 Excluindo eventos aleatórios (como a queda de meteoritos), que podem incorporar novos elementos, nosso planeta é um sistema químico praticamente fechado, em que as reações que sustentam a biosfera são alimentadas pela energia solar e, em menor grau, pela energia dos processos geológicos internos, como vulcanismo, tectônica superficial e profunda, convecção do manto e outros. Devido à grande variedade de ecossistemas terrestres (continentais) e aquáticos (marinhos), desde baixas latitudes quentes até altas latitudes frias, os processos biogeoquímicos são muito diversos dadas as características geológicas e biogeográficas. O termo ciclo biogeoquímico deriva do movimento cíclico dos elementos químicos que formam os organismos biológicos (bio) e o ambiente geológico (geo). O termo ciclo biogeoquímico deriva do movimento cíclico dos elementos químicos que formam os organismos biológicos (bio) e o ambiente geológico (geo). Veja as principais características desses ciclos: 8 / 47 Podemos classificaresses ciclos e dividi-los em: Ciclos biogeoquímicos sedimentares Os nutrientes circulam na crosta terrestre (solo, rochas, sedimentos etc.), na hidrosfera e em organismos vivos, e os elementos costumam ser reciclados mais lentamente do que no ciclo do gás. Além disso, são transformados quimicamente com contribuição biológica na mesma localização geográfica e retidos em rochas sedimentares por um período que varia de milhares a milhões de anos. Exemplo: ciclos do fósforo e enxofre. Ciclos biogeoquímicos gasosos Os nutrientes circulam, sobretudo, entre a atmosfera e os organismos vivos. Em sua maioria, os elementos são reciclados rapidamente no período de horas ou dias. A transformação da substância envolvida altera sua localização geográfica e é fixada a 9 / 47 partir de matéria-prima gasosa. Exemplo: ciclos de gás carbônico, nitrogênio e oxigênio. Ciclo biogeoquímico hidrológico Trata-se do próprio ciclo da água (seres vivos, oceanos e atmosfera). Ao evaporar dos oceanos em função da energia do sol, a água se condensa, forma nuvens e volta para a terra na forma de chuva. Você deve estar se perguntando a razão de estudar os ciclos biogeoquímicos, certo? O que eles têm de importante? Podemos dizer que: • Tornam a vida possível; • Permitem a circulação de matéria entre organismos; • Regulam os elementos vitais para a Terra, que são usados repetidamente pelos seres vivos; • Fornecem os nutrientes necessários para a vida; • Regulam o clima atmosférico. A fim de estabelecer uma definição, podemos dizer que: Os ciclos biogeoquímicos são o conjunto de mecanismos, circuitos, movimentos ou deslocamentos de materiais ou substâncias químicas de um lugar para outro a fim de garantir a reciclagem de nutrientes na biosfera, na litosfera, na atmosfera e na hidrosfera. 10 / 47 Verificando o Aprendizado 1. (FUVEST) Uma das consequências do efeito estufa é o aquecimento dos oceanos. Esse aumento de temperatura provoca: a) Menor dissolução de CO2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de menor quantidade desse gás pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para o aumento do efeito estufa global. b) Menor dissolução de O2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de maior quantidade de CO2 pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. c) Menor dissolução de CO2 e O2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de maior quantidade de O2 pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. d) Maior dissolução de CO2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de maior quantidade desse gás pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. Comentário Parabéns! A alternativa A está correta. O aumento da absorção de carbono pelas águas afeta diretamente a fauna e a flora dos biomas aquáticos, pois altera não apenas sua temperatura, mas também a acidificação da água e os níveis de oxigênio e nutrientes essenciais para a manutenção de um ecossistema equilibrado. 11 / 47 2. (UDESC) Com relação aos ciclos biogeoquímicos, analise as seguintes afirmativas: I. No ciclo do carbono: as cadeias de carbono formam as moléculas orgânicas através dos seres autotróficos que fazem fotossíntese. A seguir, o gás carbônico é absorvido, fixado e transformado em matéria orgânica pelos produtores. Depois, o carbono volta ao ambiente através do gás carbônico por meio da respiração. II. No ciclo do oxigênio: o gás oxigênio é produzido durante a construção de moléculas orgânicas pela respiração e consumido quando essas moléculas são oxidadas na fotossíntese. III. No ciclo da água: a energia solar possui um papel importante, pois permite que a água em estado líquido sofra evaporação. O vapor de água, nas camadas mais altas e frias, condensa-se e forma nuvens que, posteriormente, precipitam-se na forma de chuva, retornando ao solo para formar rios, lagos, oceanos ou, ainda, infiltrando-se no solo para formar os lençóis freáticos. IV. No ciclo do nitrogênio: uma das etapas é a de fixação do nitrogênio, quando algumas bactérias utilizam o nitrogênio atmosférico e fazem-no reagir com oxigênio para produzir nitrito, que será transformado em amônia no processo de nitrificação. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. Comentário Parabéns! A alternativa D está correta. No ciclo do oxigênio, os processos de fotossíntese liberam oxigênio para a atmosfera, enquanto os processos de respiração e de combustão o consomem. 12 / 47 O CICLO DA ÁGUA A Terra possui aproximadamente 1,386 bilhão de km3 de recursos hídricos, dos quais 97,5% são compostos por água salgada. Dos 2,5% restantes de água doce, 69% estão dispostos nas geleiras e 30% em aquíferos, demandando energia para sua retirada. Apenas 1% é encontrado em lagos e rios, bem como cerca de 13.000 km3 estão na atmosfera. Por que é importante saber disso? Porque a utilização desse bem precisa ser planejada e pensada para não prejudicar a vida no planeta. Nos últimos anos, muito ouvimos falar sobre a necessidade de economizar energia e de reduzir as emissões de carbono. E isso tem feito com que a questão água versus energia esteja se tornando uma das maiores preocupações mundiais. (ROCHA, 2013). Água e energia estão inteiramente conectadas, já que, para produzirmos eletricidade, uma quantidade expressiva de água é consumida. Por outro lado, é indispensável a utilização de energia para o tratamento e abastecimento de água. Além disso, a água é necessária para a geração, exploração, processamento e transporte dos combustíveis fósseis. 13 / 47 Outros usos estão relacionados à exploração de petróleo e gás, sistemas de refrigeração em usinas termelétricas, produção de eletricidade em usinas hidrelétricas e no cultivo das matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis. Tudo isso necessita de quantidades assombrosamente altas de água para sua obtenção. Segundo o site da Agência Nacional de Águas - ANA, o Brasil possui, em comparação a outros países do mundo, uma boa quantidade de água. Avalia-se que o nosso país possui aproximadamente 12% da água doce existente, porém, a sua distribuição natural não é equilibrada: A região Norte concentra aproximadamente 80% da quantidade de água disponível, mas apenas 5% da população brasileira. As regiões próximas do Oceano Atlântico, onde estão mais de 45% dos habitantes, possuem menos de 3% dos recursos hídricos do país. 14 / 47 OS COMPONENTES DO CICLO HIDROLÓGICO O ciclo hidrológico é definido como o processo integral dos fluxos de água, energia e algumas substâncias químicas. A seguir, você pode observar os principais componentes desse ciclo: 15 / 47 CICLO BIOGEOQUÍMICO DA ÁGUA Vamos conhecer o ciclo da água! Como vimos, é possível dizer que temos um ciclo hidrológico externo e um interno. CICLO HIDROLÓGICO EXTERNO É caracterizado pelo vapor de água que evapora da superfície do mar, condensa-se e, sob a forma de precipitação, cai nos continentes. CICLO HIDROLÓGICO INTERNO É limitado a uma determinada superfície continental, pois o vapor de água evaporado dessa área se condensa e, sob a forma de precipitação, cai dentro dos limites da mesma região. 16 / 47 A fração de água que se infiltra na crosta terrestre pode seguir três rotas bem definidas: 1 Ser absorvida pelas raízes das plantas e tornar-se parte ativa de seus tecidos ou ser transpirada de volta para a atmosfera. 2 Mover-se paralelamente à superfície terrestre através da área não saturada, como um fluxo subterrâneo, até surgir nas nascentes. 3 Infiltrar-se até a áreasaturada, onde recarregará o armazenamento hídrico subterrâneo. As águas subterrâneas, limitadas em sua parte inferior por depósitos impermeáveis de argilas, formações rochosas etc., não permanecem estáticas, mas se movem entre dois locais com diferença de potencial. Não podemos esquecer que a evaporação é um processo contínuo quase estacionário, presente em todos os pontos da bacia, que varia desde a evapotranspiração nos vegetais até a proveniente da superfície da Terra, dos corpos abertos de água, dos principais fluxos e áreas secundárias, insaturadas e saturadas. Vimos que o ciclo hidrológico compreende uma série de interações contínuas bastante complexas e não lineares. Então, podemos defini-lo como a sucessão de estados pelos quais a água passa no caminho da atmosfera para a Terra e no retorno à atmosfera. São eles: Evaporação do solo, mar ou superfície da água continental Condensação 17 / 47 Precipitação Acumulação no solo e nas superfícies aquáticas Evaporação A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS A água é um fator determinante para o desenvolvimento econômico e social e, ao mesmo tempo, cumpre a função básica de manter a integridade do ambiente natural. Apesar disso, ela é apenas um dos recursos naturais vitais e, portanto, é imperativo que essas questões não sejam tratadas isoladamente. Setores do governo e do setor privado precisam tomar decisões sobre a disponibilidade e a alocação de água. Frequentemente, eles enfrentam uma oferta que diminui diante da demanda crescente. Fatores como mudanças demográficas e climáticas também aumentam a pressão sobre os recursos hídricos. A abordagem fragmentada tradicional não é mais válida e uma abordagem holística do gerenciamento da água se torna essencial. Essa é a base da Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH), aceita internacionalmente como o caminho para o desenvolvimento e gerenciamento eficiente, equitativo e sustentável de recursos hídricos cada vez mais limitados a fim de atender às demandas concorrentes. 18 / 47 Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) A GIRH é um conceito que decorre da própria experiência de campo de seus profissionais. Embora muitos dos elementos desse conceito já estivessem presentes há décadas — desde a primeira conferência global em Mar del Plata, em 1977 — somente durante a Agenda 21 e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em 1992 no Rio de Janeiro, o GIRH foi objeto de debates profundos que incluíram suas implicações na prática. A definição dada pela Associação Mundial para a Água (GWP) da GIRH é hoje a mais aceita: “A GIRH é um processo que promove o gerenciamento e desenvolvimento coordenados da água, do solo e de outros recursos relacionados a fim de maximizar os resultados econômicos e o bem-estar social de maneira equitativa, sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas vitais.” Existem grandes diferenças entre regiões em termos de disponibilidade de água, desde a extrema escassez nos desertos até a abundância nas florestas tropicais. Além disso, há também oscilação em termos de fornecimento ao longo do tempo, como resultado de variações sazonais. Com muita frequência, o grau de variabilidade, o tempo e a duração dos períodos de fornecimento, altos ou baixos, são imprevisíveis demais. Isso implica a falta de confiabilidade do recurso, o que representa um desafio importante para a gestão desse bem, seja de modo particular, seja para a sociedade como um todo. Os países mais desenvolvidos superaram amplamente a variabilidade natural com infraestrutura para gerenciar o fornecimento, o que garante um suprimento confiável e reduz riscos, embora a um preço alto e, frequentemente, com um impacto negativo no meio ambiente. Muitos dos países menos desenvolvidos, e alguns dos desenvolvidos, perceberam que considerar apenas a gestão da oferta não é adequado para atender a uma demanda cada vez maior — causada por pressões demográficas, econômicas e climáticas. Em vista disso, foram implementadas medidas de tratamento de águas residuais, reciclagem dos recursos hídricos e gerenciamento de demanda. 19 / 47 VERIFICANDO O APRENDIZADO 3. No ciclo da água, usado para produzir eletricidade, a água de lagos e oceanos, irradiada pelo Sol, evapora-se dando origem a nuvens e se precipita como chuva. É então represada, corre de alto a baixo e move turbinas de uma usina, acionando geradores. A eletricidade produzida é transmitida através de cabos e fios e é utilizada em motores e outros aparelhos elétricos. Assim, para que o ciclo seja aproveitado na geração de energia elétrica, constrói-se uma barragem para represar a água. Entre os possíveis impactos ambientais causados por essa construção, devem ser destacados: a) Aumento do nível dos oceanos e chuva ácida. b) Chuva ácida e efeito estufa. c) Alagamentos e intensificação do efeito estufa. d) Alagamentos e desequilíbrio da fauna e da flora. Comentário Parabéns! A alternativa D está correta. Apesar das usinas hidrelétricas utilizarem um recurso natural renovável e de custo zero, como a água, e não poluírem o ambiente, elas alteram a paisagem, pois ocorrem grandes desmatamentos, que provocam prejuízos à fauna e à flora. Além disso, para a construção dessa fonte energética, muitas áreas verdes são inundadas e famílias são deslocadas de suas residências. Existem, ainda, problemas relacionados à quantidade e qualidade de água disponível, visto que a contaminação das fontes é um dos principais problemas enfrentados e representa uma ameaça à manutenção dos ecossistemas naturais. A demanda por esse bem também é aumentada em virtude do crescimento populacional e de outras mudanças demográficas, como a urbanização, e expansão agrícola e industrial resultante da modificação dos padrões de consumo e produção. Como consequência, algumas regiões estão em estado permanente de níveis de demanda excedidos e muitas outras sofrem com isso em épocas críticas ou em anos de escassez de água. Em muitas regiões, a disponibilidade de água, tanto em quantidade quanto em qualidade, está sendo severamente afetada pela variabilidade e mudança climática, com mais ou menos chuvas, de acordo com as diferentes regiões e maior frequência de eventos climáticos extremos. 20 / 47 4. As plantas têm uma espécie de poros em suas folhas, chamados estômatos, que permitem a transferência de gases, como vapor de água, de dentro para fora da planta. Que função as plantas desempenham no ciclo da água? a) Ajudam a circulação da água à medida que muda de um estado líquido para um estado gasoso. b) Transporte de água do solo para a atmosfera. c) Transporte de água da atmosfera para o solo. d) Produção de gotas sob a forma de chuva. Comentário Parabéns! A alternativa B está correta. Um dos principais processos envolvidos no ciclo da água é a evaporação, dada pelos efeitos do sol na superfície oceânica e terrestre, produzindo transpiração nas plantas e nos animais. Durante esse processo, a água é transportada das raízes para as partes aéreas das plantas através de tecidos especializados, representando, aproximadamente, 10% de toda a água evaporada que sobe para a atmosfera até se condensar, ser absorvida e iniciar o ciclo novamente. 21 / 47 O CICLO DO CARBONO O carbono é um elemento integrante de todos os componentes orgânicos, o que o torna essencial para todas as formas de vida conhecidas. Ele também é o elemento básico na formação de moléculas de carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos, uma vez que todas as moléculas orgânicas são formadas por cadeias de carbono ligadas entre si. Desequilíbrios nos ciclos de C, N e P causados por eventos naturais catastróficos (impactos meteorológicos, vulcanismo) ou por atividades dos seres humanos podem ter consequências importantessobre a dinâmica e o funcionamento dos ecossistemas. Desde a Revolução Industrial (1760-1840), houve um crescimento exponencial do uso de combustíveis fósseis e da agricultura intensiva, causando um desequilíbrio nos ciclos biogeoquímicos de quase todos os elementos. O resultado disso se manifesta por meio de fenômenos, como a deposição de N e o aumento da concentração do CO2 atmosférico — o principal responsável pelo aquecimento global —, além das contribuições de P em vários ecossistemas mundiais, afetando sua produtividade e biodiversidade. 22 / 47 Estudos sobre os efeitos das mudanças globais na biogeoquímica do planeta têm se tornado cruciais para qualquer planejamento de uso de recursos do ecossistema. ETAPAS DO CICLO DO CARBONO Na biosfera, o carbono pode ser encontrado como parte de matéria inorgânica, na forma de carbonatos ou bicarbonatos, ou como componente de compostos produzidos pelo metabolismo de organismos (matéria orgânica). Para que você compreenda o ciclo do carbono, é preciso entender o conceito essencial de biomassa. A biomassa é um tipo de energia renovável proveniente do uso de matéria orgânica e inorgânica formada em algum processo biológico ou mecânico das substâncias que constituem seres vivos ou de seus restos. Podemos classificar a biomassa a partir do material usado como fonte de energia: 23 / 47 Biomassa Natural Abrange florestas, árvores, arbustos, plantas cultivadas etc. Por exemplo, uma série de resíduos ou subprodutos de fazendas florestais não são utilizados na fabricação de móveis ou papel, como pequenas folhas e galhos, podendo servir como fonte de energia. Biomassa Residual É o subproduto ou desperdício gerado em atividades agrícolas, como poda ou desbaste (lenha), silvicultura e pecuária, bem como resíduos da indústria agroalimentar (como casca de amêndoa e caroço de azeitona) e de processamento de madeira (serragem). Seja na forma de compostos estruturais ou de substratos de armazenamento de energia, o carbono é o constituinte essencial da biomassa de todos os organismos vivos conhecidos, uma vez que eles obtêm sua energia quebrando as ligações químicas dos compostos orgânicos. A circulação dessas diferentes formas de C entre os variados compartimentos da Terra é conhecido como ciclo do carbono. Do ponto de vista metabólico, existem dois tipos de organismos: aqueles que produzem sua própria biomassa para formar sua estrutura corporal e fabricar reservas de energia (produtores primários ou seres autotróficos) e aqueles que obtêm biomassa de outros organismos (seres heterotróficos). As vias metabólicas mais importantes do planeta são a produção e a decomposição de matéria orgânica por fotossíntese e por respiração, respectivamente. 24 / 47 Fotossíntese É a via que captura o dióxido de carbono (CO2) e libera oxigênio livre (O2), produzindo a biomassa de organismos verdes, ou seja, daqueles que possuem clorofila (algas, musgos e plantas) a partir do consumo de energia solar. Respiração É o caminho da degradação da biomassa e produz CO2 a partir do consumo de O2. Além da fotossíntese, possível graças à energia solar, existem outras rotas de produção primária mais comuns em áreas sem luz, como o fundo dos oceanos, chamadas vias quimiossintéticas, realizadas por organismos que produzem biomassa a partir de energia gerada por reações químicas e não pela radiação solar. Esquema da fotossíntese 25 / 47 A reação geral do processo de fotossíntese pode ser expressa da seguinte forma: Existem vias metabólicas de degradação orgânica que não precisam de O2 (anaeróbicas) e podem produzir não apenas CO2, mas também metano (CH4). Elas adquirem grande relevância em áreas sem O2, como no fundo dos ecossistemas aquáticos, a exemplo de oceanos e lagos. A produção de CO2 por degradação orgânica pode ocorrer tanto por vias aeróbicas (mais eficientes), na presença de O2 (respiração), quanto por vias anaeróbicas, que não precisam de O2; enquanto a produção de CH4 é estritamente anaeróbica. A matéria orgânica se acumula nos organismos vivos e nos ecossistemas, formando grandes reservas de C no solo e sedimentos nas bacias dos lagos e oceanos. Outra importante reserva de C da biosfera não é encontrada na biomassa, mas em compostos carbonatados nas águas alcalinas dos mares e oceanos. O CO2 é uma molécula altamente reativa que tende a reagir com a água e produzir ácido carbônico (H2CO3), que pode ser convertido fisicamente e quimicamente (sem mediação biológica) em bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO3-2). 26 / 47 A contribuição dos ácidos orgânicos terrestres transportados pelas águas interiores, como lençol freático e rios, e o aumento da atmosfera de CO2, resultante da atividade metabólica e dos vulcões, podem se tornar ácidos ao reagir com a água, contribuindo para o processo natural de acidificação dos oceanos. A acidificação reduz o pH e aumenta as concentrações de H2CO3 (a forma ácida do carbono inorgânico) na água, que pode ser convertida em CO2 na interface água-ar e atingir a atmosfera. Esse processo não ocorre com reservas inorgânicas de carbono na forma de bases dissolvidas no ambiente aquático (HCO3- e CO3-2). O CO2 é a principal moeda da biogeoquímica global de carbono, movendo-se entre sua forma livre e a que constitui as reservas de carbono orgânico e inorgânico. Devido à sua capacidade de absorver o calor, alguns gases de carbono presentes na atmosfera, especialmente CO2 e CH4, produzidos em ecossistemas terrestres e aquáticos de diferentes vias metabólicas, contribuem para o efeito estufa, processo fundamental para a manutenção da temperatura. 27 / 47 CICLO BIOGEOQUÍMICO DO CARBONO Vamos conhecer o ciclo do carbono! Em resumo, as etapas mais importantes do ciclo do carbono são: O carbono também é trocado entre os oceanos e a atmosfera. Isso acontece nos dois sentidos da interação entre ar e água. Além disso, o ciclo do carbono possui processos que variam de muito rápidos até muito lentos. O CO2 vem de várias fontes. Por exemplo, as plantas absorvem dióxido de carbono para madeira, galhos e folhas e o liberam para a atmosfera quando as folhas caem ou a árvore morre. 28 / 47 Atualmente, há uma preocupação relacionada aos combustíveis fósseis, que têm sido responsáveis pelas grandes concentrações de CO2 liberadas na atmosfera a uma taxa maior do que a capacidade do sistema climático de tolerar ou se adaptar. Fontes de dióxido de carbono (Fonte: CIIFEN) Segundo um estudo realizado pelo Observatório Mauna Loa, o planeta alcançou seu patamar mais crítico de concentração de fontes poluidoras em 2019. A concentração de dióxido de carbono (CO2) encontrada, então, na atmosfera foi de 415 miligramas por litro (mg/L). Veja a evolução no gráfico: Segundo a National Oceanic Atmospheric Administration - NOAA, esse valor representa a maior concentração dessa substância química no planeta desde os primeiros apontamentos de vivência humana. A emissão de CO2 está relacionada à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. Concentração de dióxido de carbono atmosférico. (Fonte: NOAA) 29 / 47 O que fazer? VERIFICANDO O APRENDIZADO 5. Entre os processos listados abaixo, marque aquele em que não ocorre devolução do dióxido de carbono à atmosfera. a) Fotossíntese b) Combustão c) Respiração d) Decomposição Comentário Parabéns! A alternativa A está correta. A reação de fotossíntese produz açúcar, oxigênio e água. 6 CO2 + 12 H2O + energia luminosa → C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O As evidências científicas indicam que, para reduzir significativamente as emissões de carbono na atmosfera, é essencial substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica, o biogás ou o hidrogênio. A perda de coberturavegetal, mesmo que seja motivada pela geração de hidrelétrica ou por criação de plantações para biocombustíveis, deve ser analisada com muito cuidado devido às consequências potencialmente negativas dos processos de desmatamento. Além de todos os valores materiais e intangíveis de biodiversidade, as taxas de produção primárias da vegetação são essenciais para regular o ciclo do carbono e o clima do nosso planeta. A regulação climática mediada pelo ciclo do carbono está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade, questão que deveria estar presente em qualquer planejamento sobre o uso de recursos naturais a médio e longo prazo. 30 / 47 6. (ENEM 2015) Na natureza, a matéria é constantemente transformada por meio dos ciclos biogeoquímicos. Além do ciclo da água, existem os ciclos do carbono, do enxofre, do fósforo, do nitrogênio e do oxigênio. O elemento que está presente em todos os ciclos nomeados é o: a) Fósforo b) Enxofre c) Carbono d) Oxigênio Comentário Parabéns! A alternativa D está correta. O elemento que está presente em todos os ciclos citados é o oxigênio. No ciclo da água, por exemplo, o oxigênio aparece constituindo essa molécula. No ciclo do carbono, por sua vez, o oxigênio está formando, juntamente ao carbono, o gás carbônico. Também podemos citar o ciclo do nitrogênio, em que o oxigênio aparece na composição dos nitritos e nitratos. 31 / 47 O CICLO DO NITROGÊNIO A atmosfera é o principal reservatório de nitrogênio (N), concentrando até 78% dos gases, mas a maioria dos seres vivos não conseguem utilizá-lo. A produção de aminoácidos e outros compostos nitrogenados dependem do nitrogênio presente nos minerais do solo. Portanto, apesar da grande quantidade desse elemento na atmosfera, a escassez dele no solo é um fator limitante para o crescimento das plantas. O processo pelo qual o nitrogênio circula pelo mundo orgânico e pelo mundo físico é chamado de ciclo do nitrogênio. O N é um elemento essencial para a vida em nosso planeta, uma vez que faz parte das moléculas que constituem as proteínas (aminoácidos) e o código genético (ácidos nucleicos) e é um componente basilar das enzimas, proteínas que permitem a maioria das reações metabólicas de síntese e degradação da matéria orgânica. A forma molecular de N (N2) constitui 78,1% da atmosfera da Terra e é o tipo de nitrogênio mais abundante na Terra. Porém, é uma molécula praticamente inerte e não disponível para a maioria dos organismos vivos. Como N está ausente na maioria dos substratos primários (rochas da crosta terrestre), o nitrogênio disponível para a biota deriva do processo conhecido como fixação de N, que é basicamente a transformação de N2 atmosférico em nitrogênio reativo (Nr), o qual é utilizável pelos seres vivos. 32 / 47 Esse processo é realizado de forma natural, principalmente, por algumas espécies de micro-organismos, tanto os de vida livre (em lagos, solos e sedimentos) como os associados às raízes das plantas simbioticamente e, em menor medida, por relâmpagos. O N2 da atmosfera acabaria gradualmente, mas alguns micro-organismos são capazes de executar a desnitrificação. Nesse processo, utilizam-se formas reativas de N nas vias metabólicas que, em última análise, produzem como subproduto o N2 que retorna à atmosfera, fechando o ciclo biogeoquímico nitrogênio global. Os incêndios florestais também podem produzir uma saída importante de N para a atmosfera, uma vez que cerca de 30% de todo o conteúdo de N contido na biomassa afetada se volatiliza na forma de N2 através de um processo chamado pirodesnitrificação. AS FASES DO CICLO DO NITROGÊNIO O ciclo do nitrogênio, como os outros ciclos biogeoquímicos, tem um histórico definido, mas talvez ainda mais complicado do que os demais, visto que deve seguir uma série de processos físicos, químicos e biológicos. O nitrogênio é considerado o elemento mais abundante na atmosfera. Porém, dada sua estabilidade, é muito difícil que reaja com outros elementos e, portanto, há um baixo aproveitamento, motivo pelo qual a abundância passa para o segundo plano. É necessária muita energia para desdobrar ou combinar o nitrogênio com outros elementos como carbono ou oxigênio, por exemplo. Dois mecanismos podem desenvolver esses processos e fornecer energia suficiente para formar nitratos (NO3): 33 / 47 Descargas elétricas Fixação fotoquímica (reproduzido nas plantas produtoras fertilizantes). 34 / 47 Existe uma terceira forma de fixação de nitrogênio que é realizada por bactérias que usam enzimas em vez de luz solar ou descargas elétricas. Essas bactérias podem ser as que vivem livres no solo ou aquelas que, em simbiose, formam nódulos com as raízes de certas plantas (leguminosas) para fixar nitrogênio, destacando os gêneros Rhizobium ou Azotbacter, os quais também atuam livremente. Outro grupo importante são os cianobactérias aquáticas (algas verde- azuladas) e bactérias quimiossintéticas, como o gênero Nitrosomas e Nitrosococus, que desempenham um papel significativo no ciclo de nitrogênio ao transformar amônio em nitrito. Já o gênero Nitrobacter continua com a oxidação de nitrito (NO2-) em nitrato (NO3-), que pode ser absorvido ou dissolvido em água, passando assim para outros ecossistemas. Todas as bactérias pertencentes a esses gêneros fixam nitrogênio, nitratos (NO3-) ou amônio (NH3). Os animais herbívoros também sintetizam suas proteínas a partir dos vegetais, ao passo que os carnívoros a obtêm a partir dos herbívoros. Todos os seres vivos armazenam grandes quantidades de nitrogênio orgânico na forma de proteínas, que retornam ao solo nos excrementos ou na decomposição dos cadáveres. 35 / 47 No metabolismo de compostos nitrogenados, os animais acabam formando íons amônio, que são muito tóxicos e devem ser removidos para serem, posteriormente, transformados por bactérias nitrificantes. Sua eliminação é feita na forma de: A fixação de nitrogênio tem um papel muito importante na agronomia, já que os agricultores dão um descanso a suas terras depois de um certo número de cultivos. Essa prática antiga dá oportunidade às bactérias nitrificantes de transformar nitrogênio atmosférico em compostos de nitrogênio utilizáveis para as plantas. Ciclo do nitrogênio (Fonte: Khan Academy) AMÔNIA (alguns peixes e organismos aquáticos) UREIA (humanos e outros mamíferos) ÁCIDO ÚRICO (aves e outros animais de áreas secas) 36 / 47 CICLO BIOGEOQUÍMICO DO NITROGÊNIO Vamos conhecer o ciclo do nitrogênio! Nesse ciclo existem seis fases importantes, dentre as quais a assimilação não é realizada por bactérias. Fixação A fase do ciclo em que o nitrogênio presente na atmosfera da Terra é integrado à vegetação por meio de micro-organismos presentes no solo e em ambientes aquáticos é chamada de fixação. Esse processo, no qual o N2 é convertido em amônio, é representado da seguinte forma: N2 → NH4+ Essa fase é essencial porque é a única maneira de os organismos obterem nitrogênio diretamente da atmosfera. Algumas bactérias, como as do gênero Rhizobium, são os únicos organismos que fixam nitrogênio através de processos metabólicos. Essa simbiose ocorre de uma maneira bem conhecida na família das leguminosas, como feijão, ervilha e trevo. Nitrificação A nitrificação é a oxidação biológica de amônio com oxigênio, resultando em nitrito, seguida pela oxidação desses nitritos em nitratos. Essa é uma etapa importante no ciclo do nitrogênio nos solos. A oxidação do amônio a nitrito e a subsequente oxidação a nitrato são feitas por duas espécies de bactérias nitrificantes. A primeira etapa é realizada por bactérias dos gêneros microbiológicos Nitrosomonas e Nitrosococcus, entre outras. O segundo estágio (oxidação do nitrito em nitrato) é formado principalmente por bactériasdo gênero Nitrobacter e, em ambos os estágios, é produzida energia destinada à síntese de ATP. Esses micro-organismos nitrificantes são autotróficos e usam o dióxido de carbono como fonte de carbono para crescer. Outro fator importante é a temperatura do solo e seu PH. Ainda nessa fase, há a oxidação de bactérias nitrogenadas por outras que as oxidam, transformando-as em amônio e outras em nitratos, sendo o segundo passo representado da seguinte forma: 2 NH3 + O2 → 2 HNO2 + 2 H2O + Energia 2 HNO2 + 2 O2 → 2 HNO3 + Energia 37 / 47 Assimilação Na fase de assimilação, as plantas, através das raízes, absorvem nitrato ou amônia, processam-nos e geram proteínas importantes para o consumo animal, visto que aceitam o nitrogênio em seus corpos sem prejudicá-las. Amonificação A decomposição dos materiais orgânicos ocorre durante a amonificação. O desperdício de alguns ajuda outros a absorverem indiretamente o nitrogênio na forma de amônia processada em combinação com o ácido úrico e os organismos mortos que estão no solo. Imobilização Nesta fase, o que não é inorgânico é incorporado ao nitrogênio para formar nitrogênio orgânico, ocorrendo o oposto da nitrificação. As plantas não o absorvem porque não há decomposição anterior e, portanto, não podem usá-lo. Desnitrificação Por último, temos a desnitrificação, que é a transformação biológica do nitrato em gás nitrogênio, óxido nítrico e óxido nitroso. Esses são compostos gasosos e não são facilmente acessíveis ao crescimento microbiano, logo, são normalmente liberados na atmosfera. A desnitrificação biológica é uma reação respiratória anaeróbica, em que o nitrato é removido pela conversão nos compostos citados. Observe a seguir uma representação do ciclo do nitrogênio: 38 / 47 Outra representação do ciclo do nitrogênio. 39 / 47 VERIFICANDO O APRENDIZADO 7. (ENEM 2015) O nitrogênio é essencial para a vida, e o maior reservatório global desse elemento, na forma de N2, é a atmosfera. Os principais responsáveis por sua incorporação na matéria orgânica são micro-organismos fixadores de N2, que ocorrem de forma livre ou simbiontes com plantas. Adaptado de: Os grandes ciclos biogeoquímicos do planeta, de R. E. ADUAN et al. Animais garantem suas necessidades metabólicas desse elemento pela: a) Absorção do gás nitrogênio pela respiração. b) Ingestão de moléculas de carboidratos vegetais. c) Incorporação de nitritos dissolvidos na água consumida. d) Transferência da matéria orgânica pelas cadeias. Comentário Parabéns! A alternativa D está correta. Como o nitrogênio gasoso não pode ser absorvido pelos animais diretamente da atmosfera, eles conseguem esse importante nutriente por meio da alimentação. 40 / 47 8. (Fuvest-SP) No ciclo do nitrogênio, os seres que devolvem N2 à atmosfera são as bactérias: a) Que transformam nitritos em nitratos. b) Desnitrificantes. c) Que transformam resíduos orgânicos em amônia. d) Decompositoras. Comentário Parabéns! A alternativa B está correta. Nessa questão, observamos que foi abordada a desnitrificação, uma das etapas do ciclo do nitrogênio. Nessa etapa, as bactérias conhecidas como desnitrificantes utilizam nitratos para formar gás nitrogênio. 41 / 47 CONCLUSÃO Através de ciclos biogeoquímicos, a matéria circula pelos ecossistemas, ou seja, do meio ambiente para os seres vivos e de volta ao meio ambiente. Os organismos vivos selecionam elementos químicos com base em suas necessidades fisiológicas e a captação desses elementos leva a transformações químicas lideradas por esses organismos. Por outro lado, os ciclos biogeoquímicos mantêm dinâmica a composição da matéria viva e os demais componentes da biosfera. Assim, quando os organismos morrem, seus componentes são renovados por processos químicos e geológicos para serem usados por outros organismos vivos. A Terra é um sistema fechado, onde não entra nem sai matéria. As substâncias usadas não são perdidas, embora possam chegar a lugares onde são inacessíveis aos organismos por um longo período. No entanto, a matéria quase sempre é reutilizada e circula muitas vezes, dentro e fora dos ecossistemas. CONTEUDISTA Luciana Barreiros de Lima REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Statistical Yearbook 2013 - World Food and Agriculture. Roma, 2013. HADIAN, S.; MADANI, K. The Water Demand of Energy: Implications for Sustainable Energy Policy Development. In: Sustainability 5, n. 11, p. 4674-4687. Publicado em: 5 nov. 2013. MCMAHON, J.E.; PRICE, S.K. Water and energy interactions. In: Annual Review Environmental Resources, n. 36, p. 163-191. 2011. ROCHA, G. O. et al. Química Sem Fronteiras: o desafio da energia. In: Quím. Nova, v. 36, n.10. São Paulo, 2013. ZHANG, C.; ANADON, L.D. Life cycle water use for energy production and its environmental impacts in China. 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D. González, UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. • Níveis de CO2 na atmosfera aumentaram de forma nunca vista antes, de Maria E. Cury, Revista Exame, 2019. • A liberação do metano ártico pode criar um cenário apocalíptico, de José Eustáquio Diniz Alves, Portal EcoDebate, 2017. 43 / 47 44 / 47 45 / 47 46 / 47 47 / 47
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