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SAÚDE PÚBLICA – A POLUIÇÃO NA SOCIEDADE Jeane Émili de Medeiros INTRODUÇÃO AO MEIO AMBIENTE • Ao longo dos anos a sociedade foi se modificando de acordo com o desenvolvimento tecnológico e científico a que se propunha, em busca de melhorias na vida humana, e para atender a seus objetivos individuais e coletivos de crescimento econômico • O desenvolvimento tecnológico industrial, a busca desenfreada de riquezas naturais e a falta de um planejamento de recuperação do meio ambiente são origens de um grande apanhado de consequências terríveis, como grandes catástrofes naturais • Poluição industrial • Produção excessiva de lixo • Falta de reciclagem • Destruição da natureza PRÉ-HISTÓRIA No período pré-histórico, os ancestrais da espécie humana buscaram a sua sobrevivência através da caça e pesca, o que não provocava grandes transformações na natureza Povos primitivos – homem pré-socrático: se relacionava com a natureza de uma forma intensa – Tinham uma compreensão mítica da natureza Primeiras percepções Grécia Antiga: filósofos da natureza (século IV a V a.C) – primeiros a estudar a natureza e seus processos naturais. Compartilhavam a visão de que tudo integra a natureza: o ser humano, a sociedade por ele construída, o mundo exterior e até os deuses PRIMEIROS HOMENS – 1 MILHÃO A.C. Pré-História Vida nômade Período Neolítico Colonização EVOLUÇÃO DO SANEAMENTO (ROMA) Em 300 d.C. Banhos públicos – pontos de encontro (~300) Atendiam homens e mulheres separados Consumo médio = 3 milhões litro de água • Em 315 d.C. • Latrinas públicas • Haviam 144 latrinas públicas em Roma IDADE MÉDIA – EVOLUÇÃO DO SANEAMENTO (SÉCULO V D.C. AO SÉCULO XV D.C. - 500-1500) Os excrementos eram atirados pelas janelas diretamente nas ruas O rei Luiz XIV decretou em 1715, que os corredores dos palácios deveriam ser limpos uma vez por semana As pessoas costumavam atirar os excrementos nas ruas, às vezes atingindo os passantes Quadro de Peter Brueghel mostra um homem rico perto de um anexo que despeja os dejetos direto no rio IDADE MÉDIA Expansão e o fortalecimento da Igreja O cristianismo afirmava a existência de uma conexão fundamental entre a doença e o pecado Este mundo representava apenas uma passagem para purificação da alma – as doenças passaram a ser entendidas como castigo de Deus As práticas de cura deixaram de ser realizadas por médicos e passaram a ser atribuição de religiosos As ciências, e especialmente a medicina, eram consideradas blasfêmias diante do evangelho IDADE MÉDIA Assim, o desenvolvimento da medicina só teve continuidade entre os árabes e judeus, onde a tradição de Hipócrates (460-377 a.C.) e Galeno de Pérgamo foi acrescida de importantes estudos em farmacologia e cirurgia – “Livro: Ares, Águas e Lugares” Hipócrates desenvolveu uma teoria que entende a saúde como homeostase, isto é, como resultante do equilíbrio entre o homem e seu meio O suprimento de água através de aquedutos foi antes de tudo uma necessidade para os romanos – As cidades dependiam de poços, cisternas de água de chuva, canalizações extensas, banheiros e fontes públicas IDADE MÉDIA – ROMA Em seu livro De Aquis Urbis Romae (Os aquedutos da cidade de Roma), Sexto Júlio Frontino (40-104 a.C.), comissário de águas de Roma no ano 97 d.C., descreve os benefícios à saúde da população resultantes da substituição da captação de água do rio Tibre e de poços particulares pelo sistema de aquedutos, destacando a pureza da água obtida através da disposição de bacias de assentamento para depósito de sedimentos e do sistema de distribuição m O hábito romano dos banhos era extensivo a todos os moradores. Podia ter diversas finalidades, entre as quais a higiene corporal e a terapia pela água com propriedades medicinais. O grande número de banhos públicos tornou a higiene pessoal acessível, trazendo imensos benefícios ao povo antido por reservatórios e encanamentos O grande sistema de esgoto de Roma, a ‘cloaca máxima’, foi construído originalmente para realizar a drenagem de pântanos, sendo posteriormente utilizado para eliminar a água de superfície e os esgotos através de canos localizados sob as ruas INÍCIO DO PERÍODO MEDIEVAL (476 D.C.) Queda do Império Romano – 1 milênio Caracterizou-se por uma fusão de culturas clássicas, bárbaras e ensinamentos cristãos, centralizado em Constantinopla Conhecimentos científicos foram deslocados para o mundo árabe – Pérsia Europa – cultura a base de superstição – “Idade das Trevas” (500-1000 d.C) ESGOTAMENTO SANITÁRIO NOS MOSTEIROS O conhecimento científico restringia-se ao interior dos mosteiros – assim como instalações sanitárias, encanamento de água e esgotamentos canalizados Enquanto que no Cairo, já existia um serviço público de adução de água encanada Só em 1310, os franciscanos concordaram que habitantes de Southampton utilizassem água excedente de um convento que já possuía sistema próprio de abastecimento desde 1290 IDADE MÉDIA – BANHO EM 1494-95 • Os casamentos ocorriam normalmente no mês de junho (início do verão) – 1º banho do ano em maio • A tradição dos buquês das noivas • O chefe da família tinha o privilegio do primeiro banho na água limpa • Ilustração medieval de um banho com refeição 1494-95 PESTE NEGRA – SÉC. XVI • Quase metade da população europeia morreu vítima da peste • Considerada a primeira doença verdadeiramente pandêmica, a peste negra, em 1348 não só “acabou” com a Europa como também fez várias vítimas na Índia e na China • Condições de higiene na época eram • Sintomas: Glândulas linfáticas inchadas, febre, tosse, muco com sangue e dificuldade para respirar IDADE MODERNA (1453 – 1789) • Desenvolvimento de preocupação com a saúde publica • Entre os séculos XVI e meados XVIII generalizou-se as pavimentações das ruas e construção de obras de canais • Maus odores e águas poluídas – animais podiam morrer ao beberem a água • Poços e fontes contaminadas Antuérpia EPIDEMIAS IMPORTANTES DA HISTÓRIA Fonte: Metcalf e Eddy (1977) Tabela 1. Algumas epidemias registradas na Europa do século XIX Ano Ocorrência 1826 Terrível pandemia de cólera em toda a Europa 1831 Epidemia de cólera na Inglaterra com 50.000 vítimas fatais 1848 Epidemia de cólera na Inglaterra com 25.000 vítimas fatais IDADE MODERNA Homens da Igreja (São Jerônimo) não viam razões para o cristão se banhar – preconceito teológico X saúde Higiene corporal era feita com jarras e bacias domésticas (séculos XVI e XVII) Acreditava-se que a água era capaz de infiltrar no corpo abrindo os poros para ares malignos Água quente podia fragilizar os órgãos Durante o século XVII o banho era desaconselhado para pessoas doentes A SISTEMÁTICA DO CARREAMENTO DE DEJETOS Carreamento de dejetos domésticos com o uso de água passou a ser usado desde o século XVI – 1ª latrina no palácio da Rainha Isabel por John Harrigton Disseminação da técnica em 1778 por Joseph Bramah – bacia sanitária com descarga hídrica Inicialmente usada em hospitais e moradias nobres – afastar dejetos e outras sujeiras indesejáveis ao ambiente de vivência Os conhecimentos em saúde pública tornaram imprescindíveis a necessidade de canalizar as vazões de esgoto – galerias de águas pluviais Originando – o “sistema unitário de esgotos” REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Com o desenvolvimento industrial – meados do séc XVIII = êxodo rural A população passa a se concentrar nas grandes cidades Aumento e acúmulo de lixo Doenças IDADE CONTEMPORÂNEA (1790 ATÉ OS DIAS DE HOJE) Revolução termodinâmica (1764): cria-se a máquina a vapor que acelera o processo produtivo e causa forte impacto sócioeconômico e ambiental França (1829) combate à poluição das águas: era previsto punição com multa ou prisão para quem atirasse nas águas produtos que provocassem o envenenamento ou destruição dos peixes Meados do século XIX: inicia-se a implantação do saneamento, administraçãoe legislação deste e de outros serviços públicos Renascimento da relação entre saneamento e saúde pública: estudo de Edwin Chadwick (1842) fornece a base para o desenvolvimento das relações entre saneamento e saúde, início da MEDICINA preventiva DESTAQUES DA ENGENHARIA SANITÁRIA Décadas de 1830 e 1840 – mais importantes da história da Engenharia Sanitária As epidemias de 1831/32 despertou a preocupação dos ingleses com o saneamento das cidades 1842, o Relatório de Edwin Chadwick – atentava para medidas preventivas como drenagem e limpeza das casas – “The sanitary conditions of the labouring populations” Final do século XIX – propagou-se a construção de sistemas unitários pelas cidades do mundo: Londres, Amsterdam, Hamburgo, Viena, Chicago, Buenos Aires Em cidades de Regiões Tropicais o sistema unitário tornou-se inviável – elevado custo das obras BRASIL PRÉ-COLONIAL • Preocupação com o saneamento • Armazenamento de água • Cuidado especial com os dejetos • Área especificas para deposição de detritos HISTÓRICO DO SANEAMENTO NO BRASIL Século XVIII: O abastecimento público de água: chafarizes e fontes próprias Responsável pela captação e distribuição das águas: as vilas Remoção de dejetos e de lixo: cada uma das famílias Na 1ª República: o Rio de Janeiro foi a 5ª cidade no mundo a adotar um sistema de coleta de esgoto moderno, concluído em 1864. Década de 1950: surgem problemas com degradação dos corpos hídricos, devido: Ao processo de industrialização/urbanização, a conflitos sociais e aumento da pobreza, a má qualidade de vida, a concentração populacional, a exploração contínua dos recursos naturais Década de 1970: Criação do PLANASA e das Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESBs) CRIAÇÃO DO SISTEMA SEPARADOR PARCIAL •A evolução tecnológica nas nações mais adiantadas (Inglaterra) e a necessidade de intercambio comercial – medidas sanitárias eficientes •Proliferação de doenças contagiosas em cidades mais atrasadas – gerando insegurança •Temendo os efeitos desse desastre econômico, D Pedo II, contratou ingleses para elaborarem o sistema de esgoto para Rio e São Paulo – condições climáticas peculiares •Após criterioso estudo, foi adotado na ocasião um sistema inédito no qual eram coletadas e conduzidas às galerias, além das águas residuárias domésticas, apenas as vazões pluviais das áreas pavimentadas e (telhados e pátios) – “Sistema Separador Parcial” SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO • Em 1879, George Waring foi contratado para projetar um sistema de esgoto para a cidade de Memphis – predominantemente agrícola e relativamente pobre • Incapaz de custear um sistema convencional • Contra a opinião dos sanitaristas, projetou um sistema unicamente para a capitação de águas residuárias domesticas, excluindo as vazões pluviais – “Sistema Separador Absoluto” O SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO NO BRASIL • O sistema Separador Absoluto espalhou-se por todo o mundo • No Brasil, Saturnino de Brito divulgou o sistema • E em 1912, o sistema passou a ser obrigatório em todo o país • Em 1905, para solucionar o saneamento de Santos – modernizou o sistema de abastecimento de água e coletor de esgoto, projetou as avenidas principais e os canais de drenagem, aterros em pântanos e construiu parques e obras de proteção ambiental SANEAMENTO • A história do saneamento se confunde com a formação das cidades • O abastecimento de água era feito através de coleta em bicas e fontes nos povoados • As ações de saneamento se resumiam à drenagem dos terrenos e à instalação de chafarizes BRASIL, SÉCULO XIX - RJ • Crescimento das cidades • 23 epidemias de febre amarela (1830 e 1851) • Meados do séc XIX inicio da organização dos serviços de saneamento BRASIL, SÉCULO XX - RJ • 1º arqueduto construído (1723) • 1965 – fundo Nacional do Financiamento para abastecimento de água – 21 cidades atendidas • 1971 – PLANASA (Regime Militar) autonomia e auto-sustentação através de tarifas HISTÓRICO • Século XX – Problemática Ambiental – Os recursos existentes na natureza, no entanto, não acompanham o crescimento das populações, de suas necessidades cada vez maiores e do desenvolvimento de meios tecnológicos e científicos, começando a preocupar aqueles que, de alguma forma, foram afetados por sua diminuição ou falta • UMA NOVA COMPREENSÃO DO RELACIONAMENTO DO HOMEM COM A NATUREZA No final do século XX • No final do século XX - década de Nova compreensão: O universo passa a ser visto como uma rede de relações vivas DIAS ATUAIS Substituição do trabalho braçal por máquinas Aumento da produção Necessidade por recursos naturais Necessidade por energia Consumo de combustíveis fósseis CONSUMO DE ÁGUA NO MUNDO CONSEQUÊNCIAS Aumento do lixo no meio ambiente Ausência de reciclagem Acidentes trágicos ao meio ambiente Fim dos recursos naturais Aquecimento global Destruição do nosso próprio ambiente PRODUÇÃO DE LIXO NO BRASIL PRODUÇÃO DE LIXO NO BRASIL Brasileiro produz tanto lixo quanto Europeu Os aceanos recebem 13 milhões de toneladas de plástico por ano Brasil ocupa 16ª posição em ranking dos 20 países mais poluidores LIXO PRODUZIDO NO PAÍS PNRS – Política Nacional de Residuos Sólidos 2014 – substituição de lixões por aterros sanitários CONCEITOS AMBIENTAIS • Seres vivos – equilíbrio da natureza • Fatores do ambiente – Biodiversidade (bio = vida e diversidade = grande variedade) • Cada espécie pertence a um ecossistema constituído de: • Fatores Bióticos: os efeitos causados pelas diversas populações umas as outras • Fatores Abióticos: são os efeitos causados por fatores externos: água, solo, ar, sol etc • Biocenose: os seres vivos em geral (fauna, flora, micróbios etc) • Bioma: conjunto de ecossistemas, e todos os biomas do planeta formam a biosfera POLUIÇÃO – DEFINIÇÃO E CONCEITOS • A poluição é definida na legislação brasileira (Lei 6.938/81, Art.3, III) como a “...degradação da qualidade ambiental...” que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população, que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, que afetem desfavoravelmente a biota, as condições estéticas ou sanitárias do ambiente ou que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos • Poluição sonora • Poluição atmosférica • Poluição visual • Poluição da água • Poluição do solo • Poluição nuclear POLUIÇÃO – DEFINIÇÃO E CONCEITOS Agentes poluentes O lançamento de produtos químicos e outros resíduos nocivos nas águas, causam prejuízo ao homem, à economia, à natureza e à sociedade, como: • Mortandade de peixes e outras espécies aquáticas no ecossistema • Aumento de doenças causadas por produtos tóxicos, bactérias, ratos e outras pragas • Proliferação de forte odor no ambiente • Desvalorização imobiliária em áreas urbanas • Perdas econômicas em setores de turismo e pesca • Custos elevados para recuperação de fontes poluídas SAÚDE E SANEAMENTO Qualidade ambiental SANEAMENTO BÁSICO – DIREITO DO CIDADÃO São muitos os problemas que podem acarretar a queda da qualidade ambiental O saneamento básico tem a sua importância na qualidade ambiental, pois é a forma de controlar todos os fatores do meio físico no qual o homem vive e que de alguma maneira possam interferir negativamente no seu bem estar físico, mental ou social Principais medidas de prevenção que visam promover o bem estar dos homens são: • Abastecimento de água • Manutenção dos sistemas de esgotos • Coleta, remoção e destinação final do lixo • Controle de insetos e roedores • Controle da poluição ambiental • Saneamento aplicado ao planejamento territorial OBJETIVO DA SAÚDE PÚBLICA “O objetivo da saúde pública é promover, proteger e restaurar a saúde” Em termos gerais, saúde pública refere- se a ações coletivas visando melhorar a saúde das populações A epidemiologia é uma das ferramentas para melhorara saúde pública SAÚDE E SANEAMENTO DOENÇAS •15 crianças de 0 a 4 anos morrem por dia no Brasil em decorrência da falta de saneamento básico • 38% dos distritos são abastecidos com água • 63% não adiciona flúor à água • 47% dos abastecidos tem vigilância da qualidade da água • Cada metro cúbico de água utilizada produz, pelo menos, outro metro cúbico de esgoto sanitário DADOS SOBRE A FALTA DE SANEAMENTO • 1,1 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso a água potável • 2,6 bilhões vivem sem saneamento básico • Água inadequada e falta de saneamento causam 80% das doenças de países em desenvolvimento • Diarreia mata 1,4 milhões crianças por ano • Mal nutrição mata 860 mil crianças por ano WHO, 2008 CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS RELACIONADAS A FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO • Doenças de veiculação hídrica • Doenças infecciosas relacionadas com excretas (esgotos) • Doenças infecciosas relacionadas com o lixo • Doenças infecciosas relacionadas com a habitação DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA E ESGOTOS Um grama de fezes pode conter 10 milhões de partículas virais, um milhão de bactérias, mil cistos de parasitas e 100 ovos de parasitas EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO SOBRE A SAÚDE OBJETIVOS DO SANEAMENTO • As melhorias no ambiente, para que proporcione bem- estar e prevenção de doenças • Proteção dos recursos hídricos e controle da poluição • Valorização social e econômica dos recursos ambientais EPIDEMIOLOGIA • A palavra “epidemiologia” é derivada das palavras gregas: • epi = “sobre”, um lugar, um tempo ou uma causa • demos “povo”, população • logos “estudo”, conhecimento • estudo da ocorrência de doenças em populações, suas causas determinantes e as medidas profiláticas para seu controle ou erradicação DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA • A doença era sinal de desobediência ao mandamento divino • A enfermidade proclamava o pecado, quase sempre em forma visível, como no caso da lepra • A lepra, com seu contágio, sugere contato entre corpos humanos, contato que pode ter evidentes conotações pecaminosas • Os gregos (sec. VII a V a.C) cultuavam duas deusas: Higieia, a Saúde, e Panacea, a Cura • Higieia: a deusa da razão, o seu culto valoriza as práticas higiênicas • Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado - uma crença basicamente mágica ou religiosa – A cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA • Hipócrates: há 2.500 anos, buscou apresentar explicações, com fundamento no racional e não no sobrenatural, a respeito da ocorrência de doenças na população. Ele analisava as doenças em bases racionais, como produto da relação do indivíduo com o ambiente. O clima, a maneira de viver, os hábitos de comer e de beber deveriam ser levados em conta ao analisar as doenças. Considerado o “Pai da Medicina” ou o 1° epidemiologista. Seu Juramento: a ética médica e a importância do exame minucioso para correto diagnóstico e fiel descrição da história natural da doença DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – TEORIA DOS MIASMAS • Do Grego = manchas • O termo "malária", por exemplo, tem origem em mala aria (maus ares) • Miasmas: o conjunto de odores fétidos provenientes de matéria orgânica em putrefacção nos solos e lençóis freáticos contaminados • Teoria biológica formulada por Thomas Sydenham e Giovanni Maria Lancisi durante o século XVII • Teoria dos Miasmas prevaleceu na Idade Média a qual considerava que a doença era causada pela má qualidade do ar, como odores venenosos, gases ou resíduos nocivos que tinha origem da atmosfera ou a partir do solo. A teoria prevaleceu até metade do século XIX DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA • A visão histórica defendia que uma patologia tinha origem na geração espontânea • Em 1546 Girolamo Fracastoro propôs que as doenças epidêmicas seriam causadas por entidades semelhantes a sementes, capazes de transmitir infecções por contato direto ou indireto, ou mesmo sem qualquer contato e a longas distâncias • A primeira referência escrita a uma teoria microbiana das doenças é atribuída ao Italiano Girolamo Fracastoro, com base nas suas observações nas doenças dos bichos- da-seda • Em 1835, atribuiu inequivocamente a causa da morte dos insetos a um agente vivo e contagioso, visível a olho nu sob a forma de esporos, que seria posteriormente designado por Beauveria bassiana DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – TEORIA MICROBIOLÓGICA • Os microrganismos foram observados diretamente pela primeira vez por Anton van Leeuwenhoek, considerado o pai da microbiologia. Com base no seu trabalho, o médico Nicolas Andry defendeu em 1700 que os microrganismos a que chamava vermes eram responsáveis pela varíola, entre outras doenças • Robert Koch foi o primeiro investigador a criar uma série de exames destinados a confirmar a teoria microbiana das doenças. Em 1890 publicou os Postulados de Koch, com base no seu trabalho de demonstração da bactéria Bacillus anthracis como causa do antraz • É uma teoria científica que sustenta que os microrganismos são a causa de inúmeras doenças • A teoria microbiana foi confirmada no final do século XIX e é hoje parte integrante da microbiologia clínica e medicina modernas DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA • SÉCULO XIX – Europa como o centro das ciências - Revolução industrial (deslocamento de populações) • Epidemias de cólera, febre amarela e febre tifóide (preocupação com a higiene e condições sanitárias nas cidades) • Teoria miasmática X Teoria dos germes • Os franceses e ingleses tiveram destaque na história da medicina e da epidemiologia daquela época DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – PIERRE LOUIS (1787-1872) • Introduziu o método estatístico na investigação de doenças e tratamentos, revelou a letalidade da pneumonia em relação à época em que era iniciado o tratamento por sangria • Considerado o “ verdadeiro pai da epidemiologia moderna” DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – LOUIS VILLERMÉ (1782-1863) • Investigou a pobreza, as condições de trabalho e suas repercussões sobre a saúde e a estreita relação entre situação socioeconômica e mortalidade, um dos pioneiros dos estudos sobre etiologia (estudo das causas) social das doenças • Pesquisa sobre saúde dos trabalhadores das indústrias de algodão, lã e seda DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – WILLIAM FARR (1807-1883) •Trabalhou no Escritório Geral de registros da Inglaterra: classificação das doenças , descrição das leis das epidemias (lei de Farr) e a produção de informações epidemiológicas sistemáticas usado para planejar ações de prevenção e controle • Conclusões da gravidade da situação da população: mais da ½ das crianças não chegava à idade de 5 anos; a idade média do óbito nas classes altas era de 36 anos, trabalhadores do comércio 22 anos e da indústria 16 anos DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – JOHN SNOW (1813-1858) John Snow, é considerado por muitos com o responsável pelo desenvolvimento do campo moderno da epidemiologia Realizou grande investigação de epidemias de cólera em Londres (1849-1854), elucidando com um minucioso trabalho de campo a relação da cólera com o fornecimento de água (contaminada) de uma certa companhia de abastecimento. Pai da “epidemiologia de campo”: coleta planejada de dados, em geral, na comunidade JOHN SNOW: A CÓLERA E A BOMBA DE ÁGUA EM 1854 LONDRES – contrariando a teoria do miasma DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – LOUIS PASTEUR (1822-1895) • “Pai da bacteriologia”, bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas, identificou e isolou numerosas bactérias, estudo da fermentação da cerveja e do leite, investigação das bactérias patogênicas e dos meios de destruí-las ou impedir sua multiplicação e os princípios da “pasteurização” : consolidação das teoria do agente • O microscópio revela a existência de microrganismos causadores de doença e possibilita a introdução de soros e vacinas• Pela primeira vez, fatores etiológicos até então desconhecidos estavam sendo identificados; doenças agora poderiam ser prevenidas e curadas DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA – NO BRASIL Formou-se em 1892, com a tese A veiculação microbiana pelas águas Em 1896 estagiou durante três anos no Instituto Pasteur, em Paris, sendo discípulo de Émile Roux, seu diretor. Voltou ao Brasil em 1899 e organizou o combate ao surto de peste bubônica registrado em Santos (SP) e em outras cidades portuárias – Demonstrou que a epidemia era incontrolável sem o emprego do soro adequado. Como a importação era demorada, propôs ao governo a instalação de um instituto para fabricá-lo Dirigiu o Instituto Soroterápico do Rio de Janeiro e foi convidado a assumir a Diretoria Geral de Saúde Pública, correspondente ao atual Ministério da Saúde Oswaldo Cruz (1872-1917): sanitarista brasileiro fundou o Instituto em Manguinhos-RJ (1900), propiciando uma gama de pesquisas e investimentos na área, além de combate à febre tifóide, peste e varíola, reconhecido como um dos grandes vultos da saúde pública brasileira OSWALDO CRUZ – A REVOLTA DA VACINA • Diretor-geral da Saúde Pública (1903) – Organizou os batalhões de "mata-mosquitos", encarregados de eliminar os focos dos insetos transmissores • Convenceu Rodrigues Alves a decretar a vacinação obrigatória, o que provocou a rebelião de populares e da Escola Militar (1904) contra o que consideram uma invasão de suas casas e uma vacinação forçada • Os vacinadores invadiam as casas e exigiam que todos expusessem braços e coxas. Na "Revolta da Vacina" uniram-se sindicalistas, monarquistas, anarquistas, positivistas, capoeiras, todos contra Oswaldo cruz, que acabou perdendo o cargo A revolta da vacina em charge de Leonidas, publicada na revista O Malho, em 29/10/1904. SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL • A saúde pública no Brasil foi se configurando como uma política nacional de saúde a partir do início do século XX • Sistematização das práticas sanitárias, emergindo no contexto sociopolítico do País O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL – HISTÓRICO • A primeira iniciativa do Estado brasileiro na construção do que poderia se aproximar da noção de proteção social, data de 1923 com a edição da Lei Eloi Chaves e a criação das Caixas de Pensão e Aposentadoria que também garantiam a assistência médica aos contribuintes • Da década de 1920 até o final de 1980, o que pode ser reconhecido como sistema de saúde se pautava majoritariamente pela noção de seguro social (garantia de acesso apenas a quem contribui) e se caracterizava por uma miríade de instituições públicas e algumas privadas, sem manter nenhuma articulação entre si • Na década de 1940 foram instituídas as primeiras modalidades de assistência médica suplementar, inicialmente dirigidas aos funcionários públicos da união e de alguns Estados O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL • A primeira empresa de medicina de grupo brasileira surge em 1957, para prestar serviços a Volkswagen que inaugurava a sua fabrica em S. Bernardo do Campo • Este arremedo de sistema imperou no Brasil durante 65 anos, voltado à população urbana, mais especificamente, para os trabalhadores formais e parcelas do funcionalismo público federal e de alguns estados, como S. Paulo – Suas bases de financiamento eram as contribuições compulsórias sobre as folhas de salário • Aos demais brasileiros, a maior parte da população, estava reservada a assistência médica privada, por meio das santas casas ou a estatal realizada pelas poucas instituições públicas de saúde existentes, geralmente vinculadas ao governo federal e ao de estados e municípios mais ricos O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL • A promulgação da Constituição Federal de 1988 veio romper com esta situação, ao menos no plano do ideário • A adoção do conceito de seguridade social e a criação do sistema único de saúde representam uma grande inflexão na política de saúde no Brasil • O sistema de saúde brasileiro é constituído pelo menos por dois subsistemas: um governamental, o Sistema Único de Saúde (SUS) e outro privado, o Sistema Supletivo de Assistência Médica (SSAM) PROPOSIÇÕES PARA ESSE SÉCULO Fonte: Nuvolari, 2011 • 200 mil anos = 1 bilhão e 500 milhões de habitantes • Século XX – 6 bilhões de habitantes • Previsão de 8 – 10 bilhões em 2025 • Pressão sobre os recursos naturais SANEAMENTO NO BRASIL É UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA • O saneamento básico é considerado como um dos piores serviços públicos no País • 92,7% dos lares brasileiros têm luz elétrica e 75,2% possuem acesso à rede de água em geral, apenas 47% dos domicílios têm coleta de esgoto • Somente 20% dos esgotos produzidos no Brasil são tratados, o que significa que os demais 80% vão parar em rios, lagos, mares e mananciais • 53% dos brasileiros não tem acesso à rede geral de esgoto Fundação Getúlio Vargas - FGV (2008) EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA A epidemiologia, uma das ferramentas para melhorar a saúde pública, e é utilizada de várias formas • Causalidade das doenças • História natural das doenças EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA • Estado de saúde das populações • Avaliação de intervenções DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA • OXFORD ENGLISH DICTIONARY – O ramo da ciência médica que trata das epidemias • KULLER LH: AM J. EPID, 1991:134:1051 – o estudo das epidemias (doenças) e sua prevenção • ANDERSON G. QUOTED IN ROTHMAN KL: MODERN EPOIDEMIOLOGY – estudo da ocorrência da doença • LAST JM: A DICTIONARY OF EPIDEMIOLOGY – O estudo da distribuição e determinantes dos estados e eventos relacionados à saúde em populações e a aplicação desse estudo no controle de problemas de saúde DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA • “Campo da ciência médica preocupada com o inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam a frequência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade humana (1951)” • “Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde” (1978) • “A ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração, e avaliação das ações de saúde” (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1990) OS PROPÓSITOS DA EPIDEMIOLOGIA Lilienfield A e Stolley: em Foundations of Epidemiology 1. Esclarecer a etiologia 2. Avaliar a frequência com as hipóteses de laboratório 3. Prover as bases para prevenção Jeremiah Morris: USES OF EPIDEMIOLOGY 1. Entender a história da doença (e prever os modelos da doença) 2. Diagnóstico comunitário – medir a carga da doença numa comunidade 3. Avaliação de risco para o individuo 4. Estudos da efetividade dos serviços de saúde 5. Completando o quadro clínico 6. Identificação dos sintomas 7. Seguindo pistas sobre as causas TRIUNFOS DA EPIDEMIOLOGIA • Identificação da ÁGUA como o maior reservatório e veículo das doenças comunicáveis, tais como: cólera e febre tifoide (1849 – 1856) • Identificação de ARTROPODES vetores de muitas doenças – malária, febre amarela, doença do sono, tifo (1895 – 1909) • Identificação do portador assintomático como um importante vetor da febre tifóide, difteria e poliomielite (1893 – 1905) • TABAGISMO encontrado como a causa principal do câncer pulmonar, enfisema e doença cardiovascular • Erradicação da VARÍOLA (1978) • Identificação da AIDS, prognóstico das causas por um vírus transmitido via sexual (1981 – 1983), e desenvolvimento das medidas preventivas ANTES da identificação do vírus SAÚDE, DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA • A Saúde se caracteriza pelo completo bem estar físico, mental e social, e não somente pela ausência de doença • AurélioBuarque de Holanda – a saúde é o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal • Pereira, 1995 – Saúde é o resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo e o seu meio ambiente • Sousa e Oliveira, 2004 – O significado de saúde e da doença, enquanto processo pertinente a vida das pessoas e que, ao longo dos anos, tem sido compreendido ou enfrentado de acordo com as diversas culturas e formas de organizações sociais • Artigo 196 da Constituição Brasileira – A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante as políticas públicas, sociais e econômicas, que visam a redução dos riscos de doenças e de agravos. E ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde EPIDEMIOLOGIA • A epidemiologia é uma ciência fundamental para a saúde pública – controlar a propagação de doenças, a partir da determinação de seu agente etiológico • A epidemiologia tem dado grande contribuição à melhoria da saúde das populações • A epidemiologia é essencial no processo de identificação e mapeamento de doenças emergentes MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS • Várias medidas da ocorrência de doenças são baseadas nos conceitos fundamentais de incidência e prevalência • Um importante fator a considerar no cálculo das medidas de ocorrência de doenças é o total de pessoas expostas, ou seja, indivíduos que podem vir a ter a doença – população de risco • Podem ser estudadas conforme fatores demográficos, geográficos e ambientais MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS •Incidência: indica o número de casos novos ocorridos em um certo período de tempo em uma população específica •Prevalência: refere-se ao número de casos (novos e velhos) encontrados em uma população definida em um determinado ponto no tempo MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS A medida da prevalência e da incidência envolve, basicamente, a contagem de casos em uma população em risco A simples quantificação do número de casos de uma doença, sem fazer referência à população em risco, pode ser utilizada para dar uma ideia da magnitude do problema de saúde ou da sua tendência, em curto prazo, em uma população como, por exemplo, durante uma epidemia MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS • Epidemia – É a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. O conceito operativo usado na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando valores do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstância e doença. Devemos tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo • Pandemia – caracterizada por uma epidemia com larga distribuição geográfica, atingindo mais de um país ou de um continente. Um exemplo típico deste evento é a epidemia de AIDS que atinge todos os continentes MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS • Endemia – ocorrência coletiva de um agravo, que no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços limitados e caracterizados, mantém sua incidência constante • Surto – tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc.) MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS • Morbidade: variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquiriram doenças num dado intervalo de tempo. Denota-se morbidade ao comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta • Coeficiente de morbidade – Relação entre o número de casos de uma doença e a população exposta a adoecer. Discriminado em coeficiente de incidência e coeficiente de prevalência. Muito útil para o objetivo de controle de doenças ou de agravos, bem como para estudos de análise do tipo causa/efeito Coeficiente de Morbidade = Nº de casos de uma doença x 10n População MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS • Mortalidade - variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo de tempo • Coeficiente de mortalidade - Relação entre a frequência absoluta de óbitos e o número dos expostos ao risco de morrer. Pode ser geral, quando inclui todos os óbitos e toda a população da área em estudo, e pode ser específico por idade, sexo, ocupação, causa, etc... • Letalidade - entende-se como o maior ou menor poder que uma doença tem de provocar a morte das pessoas. Obtém-se a letalidade calculando-se a relação entre o número de óbitos resultantes de determinada causa e o número de pessoas que foram realmente acometidas pela doença, com o resultado expresso em percentual. A letalidade da escabiose é nula, e a da raiva é de 100%, havendo uma extensa gama de porções intermediárias entre esses extremos • Coeficiente de letalidade - Coeficiente resultante da relação entre o número de óbitos decorrentes de determinada causa e o número de pessoas que foram realmente acometidas pela doença, expressando-se sempre em percentual. É um indicador útil para avaliar a virulência de um determinado agente MEDINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS NÍVEIS DE PREVENÇÃO HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA • Doenças, tanto transmissíveis como não transmissíveis, agudas ou crônicas • Esse modelo assume que os casos clínicos da doença passam por uma fase pré-clínica detectável e que, na ausência de intervenção, a maioria dos casos pré-clínicos evoluem para a fase clínica CONCEITOS E DEFINIÇÕES • Período de latência é o tempo que transcorre desde a infecção até que a pessoa se torne infectada • Período de incubação é o tempo que transcorre desde a infecção até a apresentação dos sintomas • Agente causal um agente é um fator que está presente para a ocorrência de uma doença; de modo geral, um agente é considerado uma causa necessária porém não suficiente para a produção da doença – É um fator que pode ser um micro- organismo, substância química, ou forma de radiação, cuja presença, presença excessiva ou relativa ausência é essencial para a ocorrência da doença CONCEITOS E DEFINIÇÕES • Hospedeiro é uma pessoa ou animal vivo, incluindo as aves e os artrópodes que, em circunstâncias naturais, permite a subsistência e o alojamento de um agente infeccioso • Infecção é a entrada, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal • Infectividade é a capacidade do agente infeccioso de poder alojar-se e multiplicar-se dentro de um hospedeiro • Patogenicidade é a capacidade de um agente infeccioso de produzir doença em pessoas infectadas • Infecção inaparente é a presença de um agente infeccioso em um hospedeiro sem que apareçam sinais ou sintomas clínicos manifestos CONCEITOS E DEFINIÇÕES • Virulência é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos graves e fatais • Letalidade é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos fatais • Fonte de infecção é a pessoa, animal, objeto ou substância de onde o agente infeccioso passa a um hospedeiro • Reservatório de agentes infecciosos é qualquer ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada, onde normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso e do qual depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de forma que possa ser transmitido a um hospedeiro suscetível • Zoonose é uma infecção ou doença infecciosa transmissível que em condições naturais ocorre entre animais vertebrados e o homem CONCEITOS E DEFINIÇÕES • Reservatório é o habitat normal em que vive, se multiplica e/ou cresce um agente infeccioso • Portador é um indivíduo (ou animal) infectado, que abriga um agente infecciosoespecífico de uma doença, sem apresentar sintomas ou sinais clínicos desta e constitui uma fonte potencial de infecção para o ser humano - portador assintomático (ou sadio), portador em incubação; e portador convalescente. Em todos os casos, o estado de portador pode ser breve (portador transitório ou temporal) ou prolongado (portador crônico) • Período de incubação é o intervalo de tempo que transcorre entre a exposição a um agente infeccioso e o surgimento do primeiro sinal ou sintoma da doença • Período de latência é o intervalo de tempo que transcorre desde que se produz a infecção até que a pessoa se torne infecciosa RESERVATÓRIOS Para uma doença se perpetuar, deve haver uma fonte contínua de organismos da doença. Esta fonte pode ser o microrganismo vivo ou um objeto inanimado que fornece ao microrganismo condições adequadas para sobreviver e se multiplicar • Reservatórios humanos O principal reservatório vivo de doença humana é o corpo humano em si. Muitas pessoas abrigam patógenos e os transmitem direta ou indiretamente para outras pessoas Portadores – pessoas podem abrigar os patógenos e transmiti-los a outras, sem exibir quaisquer sinais de doença RESERVATÓRIOS • Reservatórios inanimados Os principais reservatórios inanimados de doenças infecciosas são o solo, a água e os alimentos (tétano, hepatites, cólera, salmonelose, brucelose, etc • Reservatórios animais Tanto os animais selvagens como os domésticos são reservatórios de doenças => zoonoses AGENTES CAUSAIS • Os agentes biológicos são organismos vivos capazes de causar uma infecção ou doença no ser humano e nos animais • As espécies que ocasionam doença humana são denominadas patogênicas • A entrada do agente, biológico ou não biológico, no hospedeiro inicia o processo de infecção ou o período de latência nas doenças não transmissíveis MODO DE TRANSMISSÃO DO AGENTE • Transmissão direta – é a transferência direta do agente infeccioso por uma porta de entrada para que se possa efetuar a infecção, pode acontecer através da dispersão de gotículas ou da boca ao espirrar, tossir, cuspir, falar ou cantar, e pelo contato direto • Transmissão indireta – a) Mediante veículos de transmissão através de objetos ou materiais contaminados, tais como brinquedos, lenços, instrumentos cirúrgico, água, alimentos, leite, produtos biológicos, incluindo soro e plasma; b) Por meio de um vetor, um inseto ou qualquer portador vivo que transporta um agente infeccioso desde um indivíduo ou seus excrementos até um indivíduo suscetível, sua comida ou seu ambiente imediato ESTÁGIOS DA PATOGÊNESE 1 – transmissão a partir de uma fonte externa para a porta de entrada 2 – evasão das defesas primárias do hospedeiro, como a pele e a acidez do estômago 3 – aderência às membranas mucosas do hospedeiro 4 – colonização e multiplicação no sítio da infecção 5 – Sintomas da doença causados pela produção de enzimas/toxinas ou pela invasão acompanhada por inflamação 6 – respostas do hospedeiro inespecíficas ou específicas (sistema imunológico) durante a invasão, multiplicação ou produção de toxinas 7 – Prosseguimento ou término da doença PORTAS DE ELIMINAÇÃO OU SAÍDA DE UM AGENTE • Respiratórias – as doenças que utilizam esta porta de saída são as de maior difusão e as mais difíceis de controlar (tuberculose, influenza, sarampo, etc) • Genitourinárias – leptospirose, sífilis, AIDS, gonorréia e outras doenças de transmissão sexual • Digestivas – próprias da febre tifóide, hepatite A e E, cólera e amebíase • Pele – através de contato direto com lesões superficiais, como na varicela, herpes zoster e sífilis. Por picadas, mordidas, perfuração por agulha ou outro mecanismo que tenha contato com sangue infectado, como na sífilis, doença de Chagas, malária, leishmaniose, febre amarela, hepatite B, etc • Placentária – em geral, a placenta é uma barreira efetiva de proteção do feto contra infecções da mãe; no entanto, não é totalmente efetiva para alguns agentes infecciosos como os da sífilis, rubéola, toxoplasmose, AIDS e doença de Chagas TRANSMISSÃO DE DOENÇAS Transmissão Vertical: Transmissão da mãe para o embrião/feto Transmissão Horizontal: • Contato: direto (pessoa-pessoa) ou indireto (fômites/vetores) • Veículo: água, alimentos, ar, sangue e líquidos corporais, drogas e líquidos intravenosos • Vetores: insetos e artrópodes, que podem transmitir doenças mecanicamente (transporte passivo dos patógenos) ou biologicamente (transporte ativo, onde o vetor pica uma pessoa ou animal infectado com os patógenos e estes se multiplicam no vetor, que vai transmiti-los mais tarde para um hospedeiro em potencial.
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