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FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

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FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
G
Introdução
Antes de começar seus estudos, reflita: o que você compreende quando escuta o termo representação social? Qual seria a representação do aluno e do professor no contexto social contemporâneo? Enfim, o que é representação social? Você encontrará as respostas para estas e outras questões neste capítulo, no qual abordaremos as representações de educadores e de educandos na sociedade.
Vivemos em uma sociedade definida por representações sociais. Essas representações se dão em espaços e tempos conforme seu papel neste contexto. Assim, podemos definir que as representações sociais são aquelas que englobam as crenças, ideias e comportamento de um grupo de indivíduos,e essas representações são resultados de ações coletivas comuns entre eles, ou seja, resultado da interação social.
Essas representações também acontecem na escola, onde professores e alunos assumem papéis importantes na luta por transformações sociais. Dessa maneira, as representações sociais são fundamentais para entendermos como a realidade constrói os símbolos presentes no nosso cotidiano, e ao mesmo tempo, como pode revelar as necessidades diante o desafio da função social da escola no processo de desenvolvimento da aprendizagem.
Bom estudo!
3.1 Representação do educador
Frente aos grandes desafios presentes na educação escolar, devemos nos perguntar: por que alguém decide ser professor ou professora? O que motiva um sujeito a seguir seus estudos no campo das licenciaturas? Há vantagens em ser educador ou educadora?
Não é difícil responder, afinal, a educação é algo fantástico, sublime! Pois, por meio da educação, a sociedade se desenvolve a amplia suas possibilidades de bem-estar social.
A educação adquire esse encanto quando durante uma aula, por exemplo, o professor é capaz de levar o aluno do século XXI a viajar pelo Egito antigo e a perceber como a história tem influência nos dias atuais. Dessa forma, estimula a imaginação do estudante enquanto transmite conhecimentos e, também, produz novo saberes – essa magia contagia os educadores. Assim, todo o educador ganha uma representação social importante para a humanidade.
3.1.1 O ser professor
Ser professor é ser um contínuo estudante, alguém que sempre busca aprimorar-se para desempenhar cada vez mais e melhor sua função. É estar sempre comprometido com a educação e a tarefa de ensinar. Portanto, ser professor está para além do simples dom de educar, e é preciso demonstrar qualidade e competência para que a aprendizagem realmente ocorra.
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Figura 1 - Ser professor é muito mais do que transmitir conhecimento em sala de aula.Fonte: Shutterstock, 2018.
No desempenho de sua função, o professor deve apresentar habilidades emocionais, filosóficas, éticas, políticas, entre outras, e acima de todas ter o domínio do conhecimento de tal modo, que tenha capacidade de ser um constante pesquisador.
Sobre a importância da pesquisa, Fazenda (2008, p. 10) afirma que:
Aprender a pesquisar, fazendo pesquisa, é próprio de uma educação interdisciplinar, que, segundo nossos dados, deveria se iniciar desde a pré-escola. Uma das possibilidades de execução de um projeto interdisciplinar na universidade é a pesquisa coletiva, em que exista uma pesquisa nuclear que catalise as preocupações dos diferentes pesquisadores, e pesquisas-satélites em que cada um possa ter o seu pensar individual e solitário. Na pesquisa interdisciplinar, está a possibilidade de que cada pesquisador possa revelar a sua própria potencialidade, a sua própria competência.
Desse modo, ser professor ou professora é trabalhar para a evolução crítica e reflexiva dos alunos, oportunizando que o conhecimento possa ser manipulado e reconstruído pelos educandos. É dar aos estudantes a possibilidade de transformar suas vidas e das pessoas a sua volta. Contudo, esse conhecimento só apresentará resultados positivos por meio de uma educação transformadora, como propunha Paulo Freire (1980), uma formação que eduque para a vida problematizando a condição do ser humano, sempre em busca de aprimorar os sujeitos para viverem em sociedade.
Nesse sentido, para a sociedade, a representação do professor é a garantia de construção de um futuro melhor, de transformação social.
3.1.2 Ser professor no Brasil
Podemos afirmar que ser professor ou professora no Brasil é travar uma luta diária contra a desvalorização profissional e as péssimas condições de trabalho, ou contra a visão de que a formação docente serve apenas como um “trampolim” para outras profissões.
Não é raro encontrarmos professores que dizem atuar nessa profissão enquanto não conseguem coisa melhor. Se por um lado a docência traz tantos encantos por possuir o dom de transformar mentes, as mazelas encontradas nas escolas e os baixos salários são os principais motivadores do abandono desse ofício.
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Figura 2 - Momento de ensino-aprendizagem: relação entre professor e aluno.Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018.
A Finlândia é um bom exemplo de país que decidiu ampliar seus investimentos em educação. Desde os últimos 50 anos até os dias atuais, garantiu que mais de 90% de seus habitantes adultos tenham ensino superior. Lá, o trabalho docente é compreendido como o mais importante, pois foi por meio dos professores que o país elevou enormemente seu PIB (Produto Interno Bruto) e reduziu índices de criminalidade, homicídios e outros (ASSOCIAÇÃO GENTE DE BEM, 2017).
Aqui no Brasil a realidade é muito diferente, pois mesmo tendo praticamente dobrado os investimentos entre os anos de 2000 e 2012, apenas 4,7% do PIB era investido em educação básica até 2016. Apesar da melhora na qualidade das escolas brasileiras, avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), o resultado ainda é baixo quanto à qualidade do ensino que temos hoje (BRASIL, 2015). Essa informação pode ser constatada nas várias divulgações em 2016 da avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) que coloca o Brasil, numa lista de 70 países na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática (ASSOCIAÇÃO GENTE DE BEM, 2017).
Contudo, vale ressaltar que a tarefa do educador está para além da simples transmissão do conteúdo, mas também na sua capacidade de lidar com os problemas diários da educação brasileira, conseguir produzir conhecimento e, ainda, manter uma interação produtiva com seus alunos.
3.1.3 O trabalho interdisciplinar e a representação do professor
O mundo de hoje busca por soluções para os mais diversificados problemas da humanidade. Porém, apresenta dificuldades em identificar o que realmente é necessário para a transformação dos sujeitos e seu ambiente. Segundo Romanowsky (2012, p. 5): “[...] a sociedade contemporânea caracteriza-se por transformações no mundo do trabalho, avanço da ciência e da tecnologia, ampliação das informações, reestruturação econômica e proposições de alteração nas políticas de bem-estar social”. Contudo também é notório que toda e qualquer transformação exige mudanças e essas, por sua vez, ocorrem sempre mediadas por outros sujeitos ou fatos.
Conforme foi visto, é inquestionável que professores e professoras são mediadores no processo de transformação do sujeito estudante, e essa mediação se faz mais fácil e ganha maior impacto quando o educador se utiliza da interdisciplinaridade.  Construindo relações entre os saberes socialmente construídos e as situações de vida do cotidiano, o docente é capaz de tornar a aprendizagem mais significativa para os seus alunos, favorecendo uma formação crítica.
Entretanto, atuar como um mediador do conhecimento e da realidade requer muita dedicação, além de controle entre a razão e a emoção, uma vez que o educador tem de lidar diretamente com um mundo de incertezas.
Desse modo, a educação é uma área de atuação que compreende relações complexas entre o meio, o saber e o ser humano em busca de novas possibilidades de enxergar o mundo. A partir desses novos olhares, a educação se entrelaça com outras áreasdo conhecimento, tendo em vista a proposição de novos caminhos para a emancipação social.
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Figura 3 - A educação como caminho da emancipação social.Fonte: razorbeam, Shutterstock, 2018.
A representação do professor frente à contemporaneidade está, sobretudo, na capacidade de relacionar as mais diversas disciplinas de maneira inter e transdisciplinar, pois assim ele garante um aprendizado mais denso e eficaz para os alunos, que são os possíveis transformadores da sociedade atual. Isso significa que o educador deve tomar posse do pensamento complexo para realizar seu trabalho, pois segundo Severino (2003, p. 43):
[...] dadas as nossas condições e a complexidade da prática, precisamos de múltiplos enfoques mediatizados pelas abordagens das várias ciências particulares; mas não se trata apenas de uma justaposição de múltiplos saberes: é preciso chegar à unidade na qual o todo se reconstitui como uma síntese que, nessa unidade, é maior do que a soma das partes. Por isso, precisa ser também prática transdisciplinar.
Portanto, assim como o conhecimento encontra-se de maneira entrelaçada, também entrelaçado está o significado do ser humano enquanto sujeito sócio-histórico capaz de pensar e agir trabalhando em prol do desenvolvimento da humanidade. Esse desenvolvimento está relacionado à representação do aluno, conforme você estudará a seguir.
3.2 Representação do aluno
No cotidiano escolar, os alunos também têm representação significativa. Mas como se dá essa representação? De maneira mais evidente, ocorre na relação afetiva entre professor-aluno. Sem dúvidas, em sala de aula, o afeto entre professor-alunos e alunos-alunos tem um papel importante, pois é o elo para a aquisição do conhecimento.
Perceber o que acontece nas escolas e sua relação com as representações dos alunos é elementar para o processo de ensinar e aprender.
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Figura 4 - A relação entre professor e aluno em sala de aula deve ser afetiva.Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2018.
Nesse sentido, assim como a relação professor-aluno é importante para o educador, é ainda mais importante para o estudante compreender seu papel na sociedade.
Em vídeo produzido pelo Grupo Editorial Record sobre o livro “A escola e os desafios contemporâneos”, da professora Viviane Mosé, a autora relata os principais desafios da escola na contemporaneidade, apontando ainda sobre a escola que temos e a escola que queremos ter. A docente também aborda a utilização das tecnologias por professores e alunos, além da necessidade de a escola acompanhar as transformações da sociedade. Para assistir, acesse o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g>. 
Dessa maneira, podemos dizer que a representação do aluno ocorre por meio do afeto, pois esse sentimento oferece subsídios para compreender que a aprendizagem só ocorrerá quando o estudante tiver consciência de que o cotidiano da sala de aula é um fenômeno, e se articula com a sua jornada no processo de aprendizagem.
3.2.1 A representação do aluno: vínculo afetivo
Conforme você estudou, a representação do aluno para o professor – e vice-versa – em sala de aula se dá por meio da relação afetiva. E essa relação é que possibilita, ou não, que o processo de ensino-aprendizagem avance de maneira positiva. Assim, as representações sociais são conceituadas por Kupfer (2000, p. 7):
[...] é a partir da análise dessa relação que se pode pensar no que faz um aluno aprender. O que o faz acreditar no professor, permitindo que um ensino seja eficaz. Pois, superando instituições escolares castradoras, coibitivas, “achatadoras” de individualidades, surgem alunos pensantes, desejosos de saber, capazes mesmo de produzir teorias.
Segundo Ornellas (2009), o conceito de representação social é compreendido a partir dessa análise como um conhecimento do senso comum, que ocorre por meio das relações afetivas entre os sujeitos e seu cotidiano. Ou seja, no caso do aluno, da sua relação com o professor e a sala de aula durante o seu processo de escolarização.
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Figura 5 - Em sala de aula, a convivência do aluno com seus pares consolida sua representação social.Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2018.
Ornellas (2009) compreende que as representações sociais são aquelas presentes nas relações da vida cotidiana, apesar de reconhecer que é difícil fazer a observação e identificação delas, pois é algo complexo, já que o tempo em que as relações são construídas nem sempre é o suficiente para que seja feita uma definição dessas interações. Por isso, o tempo do aluno com o professor na escola é fundamental para que sua representação enquanto estudante se torne perceptível.
Em sala de aula, a convivência com seus pares faz com que os alunos consolidem sua representação social de modo a deixar sua marca, e essa será positiva ou negativa dependendo do afeto disponibilizado na interação entre professor e aluno. Por isso, as representações são estudadas no campo da psicanálise.
3.2.2 As representações a partir do olhar da psicanálise
Ao falarmos de aspectos afetivos entre professor e alunos, adentramos os estudos da psicanálise – teoria formulada por Freud que estuda o comportamento e os processos mentais (AULETE, 2018) – para compreender as relações humanas e suas implicações no desenvolvimento dos sujeitos. Assim, as representações dos alunos construídas em sala de aula podem apontar para o exemplo de escola que queremos ter.
Kupfer (2005) afirma que o grande desejo de Freud era o de que a psicanálise tivesse contribuição direta para a sociedade e, de forma mais especial, para a educação. Segundo a autora, Freud observava os movimentos sociais e as representações dos sujeitos para tentar compreender todas as áreas do conhecimento, e assim aos pouco conseguiu adentrar os muros da escola.
Sigmund Schlomo Freud (1856-1939), médico neurologista, foi o criador da psicanálise. Iniciou seus estudos a partir da utilização da hipnose no tratamento de pacientes com histeria, motivação de seus estudos sobre o inconsciente. Suas teorias e seus tratamentos foram controversos, e até hoje continuam a ser muito debatidos. Sua teoria é de grande influência na psicologia atual e, além do contínuo debate sobre sua aplicação no tratamento médico, também é frequentemente discutida na educação e analisada como obra de literatura e cultura geral (FERRARI, 2008). Para saber mais sobre Freud, acesse o artigo disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1912/sigmund-freud-o-explorador-da-mente>.
Contudo, apesar do espaço que a psicanálise tem hoje na educação, esta teoria não traz fórmulas sobre o que fazer para que a aprendizagem aconteça, mas ajuda a refletir como o comportamento do aluno e seus aspectos afetivos na sua relação com o professor, e com a escola, dialogam com o seu sucesso ou fracasso escolar.
Basicamente, a representação do aluno pode ser compreendida a partir de sua relação afetiva com o professor, quase sempre identificada a partir do “bem-estar” ou “mal-estar” vividos no cotidiano da sala de aula. De acordo com Ornellas (2009), isso nos leva a refletir que:
A psicanálise fala que a relação transferencial pressupõe enamoramento, o que permite dizer que a transferência coloca o amor como referência, a qual alimenta a relação. (...) Em 1912, Freud distingue a transferência positiva, feita de ternura e amor, da transferência negativa, feita de sentimentos hostis e agressivos (ORNELLAS, 2009, p. 178-179).
Portanto o bem-estar ou o mal-estar na escola pode ter diversas faces. Segundo afirmam Outeiral e Cerezer (2003, p. 1 apud Ornellas, 2009, p. 177), mais especificamente sobre o mal-estar na escola, esse “[...] tem diversas faces para serem olhadas e pensadas: é como se olhássemos um cubo, que tem seis faces, como sabemos, mas só podemos, de um determinado lugar, ver três faces, é necessário que nos desloquemos para que vejamos todas as faces”.
Dessa forma, podemos concluir que as representações dos alunos podem ser identificadas a partir de um olhar cuidadoso sobresua relação de afeto com o professor e com a escola, e que o professor possui um papel elementar na contribuição para que essa relação seja favorável ao processo de desenvolvimento do aluno. Compreender que existe uma relação entre a psicanálise e a educação é um bom caminho para identificar a representação dos alunos enquanto sujeitos históricos e de direitos.
3.2.3 A sala de aula como espaço de escuta da representação do aluno
Se a psicanálise é um caminho para a compreensão da representatividade dos alunos, a sala de aula é o consultório para se identificar esse processo. Portanto, a sala de aula é um espaço de escuta das representações dos alunos e do próprio ato educativo.
É na sala de aula que a escuta da interação professor-aluno é compreendida como um instrumento da mediação entre os sujeitos e a disciplina do aluno ganha centralidade na análise dessa interação. Ter domínio da disciplina do aluno tornou-se um dos grandes desafios para o professor.
Na escola da atualidade, quando um professor adentra a sala de aula, depara-se com a dificuldade de administrar a falta de atenção às aulas, o interesse pelas atividades propostas, a dispersão, entre outros problemas. Esses desalentos encontrados pelo professor provocam mal-estar no ambiente escolar, exigindo, assim, uma escuta pedagógica atenta na expectativa de superar essas dificuldades. É nesse momento de escuta pedagógica que a representação do aluno é identificada com maior nitidez, podendo demonstrar o quanto a relação afetiva entre ele e o professor interfere em seu comportamento. Assim, o momento de escuta precisa ser um instrumento de trabalho da escola:
Uma leitura que inclua o discurso social que circula em torno do educativo e do escolar (...) estará produzindo uma inflexão na ação do psicanalista e o levará a uma prática que não coincida mais com a clínica psicanalista “ortodoxa”, pois ele terá de se movimentar o suficiente para ouvir pais e escola. Isso amplia o campo de ação do psicanalista, que passa a incluir a instituição escola como lugar de escuta (KUPFER, 2000, p. 34).
Nesse sentido, mais uma vez a psicanálise entra como um recurso para a compreensão das representações sociais. Escutar é uma forma de dar sentido ao mundo que cerca o aluno. Segundo Ornellas (2009, p. 188): “[...] a escuta da fala do outro é, na verdade, um diálogo dentro de nós mesmos, com as muitas falas que nos constituíram e nos constituem. Escutar e falar faz parte do processo educativo, porém este binômio na escola parece ter pesos diferentes entre os atores.”
A partir dos momentos de escuta em sala de aula, escola e professores podem trabalhar para produzir mais e melhor a qualidade do ensino. A representação do ensinar e aprender é um aspecto que também merece atenção no processo escolar, conforme você estudará a seguir.
3.3 Representação do ensinar e aprender
Como podemos pensar em educação sem considerar as habilidades e competências que se desenvolvem na relação entre professor e aluno? Você já se perguntou como a educação pode interferir na transformação da sociedade? Já tentou compreender o que o processo de ensinar e aprender pode representar?
Como futuro professor, é importante que você comece a observar comportamentos que favoreçam uma prática reflexiva. Assim, vale a pena assistir ao vídeo Reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem, no qual o Doutor em Educação João Luiz Gasparin   apresenta aspectos da teoria do conhecimento Materialismo Histórico-dialético. Assista ao vídeo e saiba como ele poderá refletir na atuação docente, acessando o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=d-DqNak7nU8>.
Diante de uma educação plural, em que a diversidade encontra-se presente em todos os seus campos e aspectos, pensar na representação do ensinar e do aprender torna-se essencial para assegurar o processo de desenvolvimento dos alunos.
A educação é um processo reflexivo que envolve alunos e professores numa dinâmica em prol do conhecimento; assim, o aprender e o ensinar são a chave-mestra da qualidade da educação. É importante que a escola oportunize a professores e alunos refletirem sobre seus papéis e suas condições de ensinantes e aprendizes.
3.3.1 O ensino e a aprendizagem na escola contemporânea
Os avanços obtidos ao longo da história da educação permitiram que o processo de aprendizagem se tornasse reflexivo. Mas não só isso; na atualidade encontramos alunos, de diferentes níveis de ensino, familiarizados com as novas tecnologias de maneira surpreendente, principalmente com as tecnologias de comunicação – o que favorece muito a capacidade de produção de cada sujeito diante das mais diversas situações do cotidiano.
Contudo, essa é uma realidade entre alunos, mas nem sempre os professores detêm as mesmas habilidades e competências. Daí a necessidade de o professor buscar formação e pesquisa constantes. 
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Figura 6 - No processo de ensino-aprendizagem, a linguagem utilizada pelo professor deve ser compreendida por todos os alunos.Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018.
Assegurar a aprendizagem depende da capacidade que o ensinante tem de interagir com os conhecimentos, de modo que a linguagem utilizada em sala de aula esteja ao alcance de todos. É nesse contexto que as tecnologias são fundamentais no favorecimento da aprendizagem dos alunos que já nascem tendo acesso a elas.
Quando os recursos tecnológicos não são utilizados como mediadores do processo de ensino-aprendizagem, o canal de comunicação entre professor e alunos fica comprometido, pois o mundo que cerca os estudantes está repleto de novas tecnologias e, portanto, fazem parte do seu dia a dia. Ensinar sem ter condições de traçar relação com a vida cotidiana é comprometer a qualidade da aprendizagem, além de causar dispersão, desinteresse e indisciplina na sala de aula.
Para entender melhor, observe os exemplos descritos no caso a seguir.
Um exemplo de estudo de caso são os programas televisivos. Diariamente, os alunos estão expostos às inúmeras programações da TV que, por sua vez, trazem várias temáticas que poderiam ser aproveitadas em sala de aula.
O telejornal em tempo real transmite todas as ações políticas que implicam diretamente no direito dos cidadãos. As novelas abordam temas complexos como a diversidade de gênero, as crenças religiosas e as diferentes culturas no mundo. E o estudante experimenta tudo isso passivamente, sentado no sofá! Não dar vez, nem voz ao que o aluno assiste todos os dias é ignorar que ele já tenha algum conhecimento sobre esses assuntos. Sem contar o fato de que muito do que é passado na TV, principalmente nas novelas, pode ter significativa proximidade com a vida do aluno fora dos muros da escola.
O professor que consegue trazer para a sala de aula exemplos que fazem parte do dia a dia da turma, que tenta valorizar a vivência do estudante, terá menos dificuldades de desenvolver o seu trabalho. Em contrapartida, quando o aluno identifica-se com o assunto trazido pelo professor de determinada disciplina, ou em determinada aula, é possível notar que o interesse desse aluno muda, pois para ele a aprendizagem passa a ter significado.
Nesse sentido, a representação do ensinar e do aprender pode ser identificada de maneira mais fácil a partir do uso das tecnologias, quando o professor oportuniza momentos de debates, seminários e pesquisas. Ao expressar sua opinião, o aluno demonstrará se aprendeu ou não determinado conceito, o que não é tarefa fácil, mas quando o conhecimento é aproximado da realidade de vida do estudante, a aprendizagem passa a ter um significado especial e motivador, além de melhorar a relação com o professor.
Portanto, trabalhar o ensinar e o aprender, em consonância com a tecnologia, proporciona uma educação mais prazerosa. Com isso, aumenta a possibilidade de garantir que a escola cumpra o seu papel social na formação do cidadão, conforme você verá a seguir.
3.3.2 O ensino e a aprendizagem na formação cidadã
A função da escola hoje está para além da transmissão de conhecimentos, pois essa instituição é também responsável pelaformação cidadã de todos na sociedade. Dessa forma, a escola passa a ser vista dentro de uma totalidade uma instituição que compreende o ser humano e suas relações desde o nascimento.
Assim, cabe à escola preocupar-se com conceitos, valores e atitudes dos educandos, uma vez que ela também é responsável pela formação e orientação dos estudantes para viverem em sociedade. Desse modo, a gama de atribuições da escola aumenta e, com ela, a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso escolar, pois no caso do fracasso, poderá significar falha na execução de sua função – o que refletirá incisivamente na sociedade.
Nesse sentido, a elaboração de um projeto de vida para os estudantes pode motivar o sujeito a correr atrás de objetivos e lutar por eles. Um projeto de ensino também deve ser realizado para que tanto alunos quanto professores tenham claro um caminho a seguir, um norte que os desvie dos obstáculos impostos no interior da escola e pela sociedade, como as questões que envolvem as diferenças de raças, credos, gêneros e classes sociais.
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Figura 7 - A educação deve ser compreendida como formação para a cidadania.Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2018.
O processo de ensino-aprendizagem é compreendido como algo que precisa ser arquitetado para que não haja interferências na sua execução e para que ele alcance todos os objetivos traçados. No entanto é um processo de mão dupla que abraça tanto o professor quanto o aluno, de modo que ambos, em algum momento, serão ensinantes e, em outro, serão aprendizes.
Hoje, o ensinar e o aprender são responsáveis pela construção de um mundo melhor, em que professores e alunos, por meio do conhecimento, podem transformar a realidade em que vivem a partir de uma prática cidadã, crítica e reflexiva, tendo em vista sempre a emancipação social.
3.3.3 Ensinar e aprender são atos dialógicos
Não há como pensarmos em educação, em aprendizagem, sem que haja diálogo. O diálogo é o principal recurso do professor, pois nele há troca de informações e conhecimentos que favorecem a autoaprendizagem, já que na educação contemporânea professores e alunos aprendem entre si.
Desse modo, ensinar é fazer com que os alunos estejam sempre comprometidos com a dialogicidade, desenvolvendo estratégias de aprendizagem. É possibilitar ao estudante uma análise mais profunda sobre o papel da escola e o seu próprio papel. Assim, ensinar é o mesmo que orientar os alunos de maneira que, a partir do diálogo, possam se apropriar dos conhecimentos específicos de cada ano ou série escolar para que ocorra a “interiorização do saber sistematizado, historicamente acumulado.” (LOPES, 1996, p. 111).
Ensinar é dar as condições básicas para que os alunos desenvolvam habilidades que os façam capazes de dominar as diversas linguagens. É também ajudá-los a desenvolver sua capacidade reflexiva, de maneira a buscar as soluções para as angústias do dia a dia. Mais do que um diálogo, a aprendizagem é também uma forma de colaboração entre professores e alunos propiciando aos estudantes a ajuda mútua na investigação e análise dos dados. Assim, a relação entre alunos também faz parte do processo de aprendizagem. 
Nesse sentido, da mesma forma que a interação entre professor e aluno, a relação aluno-aluno e professor-professor se dá de forma colaborativa no processo de aprendizagem, permitindo a constituição e trocas de experiências tão importantes para o desenvolvimento pessoal.
Todavia, a formação inicial do professor precisa oferecer condições necessárias para que o profissional atue como um colaborador e, também, se compreenda como colaborativo, num processo dialógico da construção do saber.
3.4 Transformação da escola
A relação entre educação e sociedade é caracterizada pelos paradigmas que sustentam os modelos pedagógicos e as práticas de ensino que, ao longo da história da educação, foram se modificando mediante as necessidades da sociedade. Você já parou para pensar por que a escola sofreu tantas modificações? Como os aspectos filosóficos podem ter influenciado nessas tantas mudanças? Atualmente, a educação ainda é compreendida como caminho para a transformação da sociedade?
Sabemos que muitas foram as mudanças na educação. Por exemplo, o aluno deixou de ser um depósito de informações, e a educação passou a preocupar-se com as relações afetivas e as interações dos alunos no meio em que vivem, e com os professores.
Vamos agora aprender um pouco mais sobre a transformação da escola e sobre o modo como os contextos filosóficos apontam para as carências em que vivem as escolas e também para os caminhos que indicam a superação dos desafios impostos pela sociedade contemporânea.
3.4.1 Paradigmas sociais e a educação
Partimos do pressuposto de que a educação é um fenômeno social que dialoga diretamente com os contextos políticos, culturais, econômicos e científicos de uma nação. Esse conceito nos leva a inferir que a educação é um processo em constante transformação, que atravessa a história rompendo tempos e lugares sempre na busca por um mundo menos desigual.
O estudo das raízes históricas da educação contemporânea nos mostra a estreita relação entre a mesma e a consciência que o homem tem de si mesmo, consciência esta que se modifica de época para época, de lugar para lugar, de acordo com um modelo ideal de homem e de sociedade (SAVIANI, 1991, p. 55).
Fica evidente, a partir da consideração de Saviani (1991), que a educação enquanto processo social se enquadra numa concepção de sociedade que varia conforme os interesses de uma classe. Assim, o fenômeno educativo precisa ser compreendido de maneira unificada e sólida, e não fragmentado da realidade, interpondo-se entre os valores culturais, políticos e éticos que fazem parte da vida humana.
A Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de Negrelos, conhecida como Escola da Ponte, é uma instituição pública de ensino, localizada em Vila das Aves e São Tomé de Negrelos, em Santo Tirso, no distrito do Porto, em Portugal. No sistema idealizado pelo educador José Pacheco “as crianças e os adolescentes que lá estudam definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo quanto individuais. O sistema tem se mostrado viável por pelo menos dois motivos: primeiro, porque os educadores estão abertos a mudanças; segundo, porque as famílias dos alunos apóiam e defendem a escola idealizada por Pacheco” (MARANGON, 2004, s. p.). Para saber mais, leia o artigo disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-escola-da-ponte>.
Temos assim instalada uma crise paradigmática que precisa ser analisada enquanto fenômeno cultural que se relaciona diretamente com a história.  Podemos pensar que a construção da ciência moderna compreende a educação como um modelo único de conhecimento, materializado a partir da produção de novos saberes que podem ser cientificamente comprovados, razão principal da crise. Desse modo, a perspectiva do conhecimento científico dominante adquire maior rigor, colocando o modelo racionalista em profunda crise. Todavia, “os sinais nos permitem tão só especular acerca do paradigma que emergirá desse período revolucionário.” (SANTOS, 1996, p. 123).
“Epistemologias do Sul”, livro organizado por Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses (2009), aborda o pensamento epistemológico do ocidente sobre os padrões da hierarquização das culturas dominantes. Destaca a necessidade de resgatar o diálogo como uma possibilidade de saberes. Discute as sobre cultura, intersubjetividades e relações sociais no processo epistemológico e, sua obra nos permite compreender as suas relações e desdobramentos das transformações sociais.
Portanto, as transformações da escola, tanto teórica quanto práticas, desenvolvem-se a partir dos paradigmas dominantes de um determinado período histórico, o que faz com que a educação aconteça, quase que exclusivamente, como um instrumento reprodutor dos interesses políticos, econômicos e culturais da sociedade demarcada por interesses da classe dominante.3.4.2 As transformações do mundo contemporâneo e a escola
As transformações políticas, sociais e culturais que ocorreram em todo o mundo impactaram a escola e colocaram em pauta o seu papel na sociedade, já que hoje é exigido um perfil de trabalhador mais flexível e empreendedor, que precisa estar sempre atualizado para mostrar diversidade de competências. Nesse cenário, a escola passa a ter a responsabilidade de formar esses sujeitos dinâmicos e plurais, capazes de exercer sua cidadania de maneira autônoma, crítica e criativa. De forma ampla, a sociedade contemporânea busca, nos diferentes processos educativos, a reprodução das relações sociais, o que significa que a classe dominante busca na escola a possibilidade de reprodução das necessidades impostas pela industrialização e sua estrutura econômica. As mudanças e inovações tecnológicas que impõem a divisão do trabalho, assim como a força de trabalho, fazem da escola um espaço de formação humana que atenda a essas demandas. Mészáros (1981, p. 260), sobre as mudanças no mundo do trabalho e a educação, afirma que:
Além da reprodução, numa escala ampliada, das múltiplas habilidades se nas quais a atividade produtiva não poderia ser realizada, o complexo sistema educacional da sociedade é também responsável pela produção e reprodução da estrutura de valores dentro da qual os indivíduos definem seus próprios objetivos e fins específicos. As relações sociais de produção capitalistas não se perpetuam automaticamente.
Assim, a sociedade do conhecimento como é conhecida de todo o mundo, deixou de lado o modelo pedagógico que valoriza o trabalho taylorista/fordista “fundadas na divisão entre o pensamento e ação, na fragmentação de conteúdos e na memorização, em que o livro didático era responsável pela qualidade do trabalho escolar” (SANTOS, 2018, s. p.).
As transformações do mundo permitem que os sujeitos aprendam nos mais diferentes espaços educativos – na TV, no computador, na rua, entre outros. Desse modo, os espaços educativos foram ampliados; isso não significa que a escola formal tenha chegado ao fim, mas um alerta que indica a necessidade urgente de mudanças estruturais nessas escolas para atender às demandas da contemporaneidade. De acordo com Frigotto (1999, p. 26):
Na perspectiva das classes dominantes, historicamente, a educação dos diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a função social da educação de forma controlada para responder às demandas do capital.
A partir da citação deste autor, podemos afirmar que a educação é a instituição na qual a sociedade molda seus participantes segundo seus interesses. Isso revela, dentro do contexto educacional, que a diversidade e os sujeitos variam segundo os diferentes contextos sociais aos quais pertencem e são constituídos.
Gaudêncio Frigotto (1984) escreveu o livro “A produtividade da escola improdutiva” sob uma postura metodológica que busca entender a educação no interior da totalidade social, envolvendo, assim, uma análise articulada com dimensões econômicas, políticas, filosóficas e socioculturais. Nesse sentido, essa obra é fonte obrigatória para pesquisadores e professores da educação (economia, filosofia, política, sociologia), das áreas de planejamento, administração, orientação e supervisão da educação, como também para profissionais que atuam nas ciências sociais.
Dessa maneira, é possível perceber que as transformações no mundo contemporâneo também transformam a escola, bem como todo o processo de escolarização e formação humana.
3.4.3 A representação da escola na contemporaneidade
A escola representa uma solidificação de meios que servem como mecanismos de participação da família nos diversos espaços educativos de socialização do conhecimento e de informações, que ganham importância no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.
A participação dos professores na construção do Projeto Político Pedagógico da escola está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em seu Título IV – Da Organização da Educação Nacional –, a lei define no artigo Art. 14 que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme alguns princípios; e um deles está no Inciso I, que é a garantia da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola (BRASIL, 1996).
As transformações tecnológicas e a globalização fazem com que a docência seja reconfigurada, adquirindo um caráter ideológico frente às necessidades do mundo do trabalho. Dessa forma, a escola deve superar e romper com os modelos tradicionais do ensino para fazer diferença e buscar soluções aos novos desafios da sociedade.
No movimento de reconfiguração de trabalho e formação docente, outro aspecto parece constituir objeto de consenso a possibilidade da presença das chamadas “novas tecnologias” ou, mais precisamente, das tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Essa presença tem sido cada vez mais constante no discurso pedagógico, compreendido tanto como o conjunto das práticas de linguagem desenvolvidas nas situações concretas de ensino quanto as que visam a atingir um nível de explicação para essas mesmas situações (SANTOS, 2018, s. p.).
Assim, segundo Santos (2018), as tecnologias de informação e comunicação (TICs) têm sido fundamentais na construção dos discursos atuais sobre o ensino. Todavia, apesar de esse tema estar entre os mais discutidos pelos estudiosos da educação das academias, a sua aplicação tem ganhado sentidos tão diferentes que acabam desqualificando as leituras mais específicas, mostrando que não há um consenso para a sua utilização no processo formativo.
Diante desse contexto de transformação, a instituição escolar tem como função não só garantir o acesso e a permanência de jovens e crianças na escola, mas também permitir que esses sujeitos tenham a possibilidade de suprir suas necessidades e realizar seus desejos. Da mesma forma, deve prepará-los para lidar com as demandas do mundo capitalista, industrializado e contemporâneo.
Por fim, a educação de qualidade é aquela que consegue oferecer aos alunos uma formação plena que atenda a necessidade de uma formação profissional assim como a formação propedêutica, social, política e cultural da sociedade.
Síntese
Você concluiu esta etapa da disciplina, que abordou a representação do aluno e do professor no contexto social contemporâneo, mostrando como as relações entre esses sujeitos podem interferir e determinar o processo de aprendizagem e a função social da escola.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
· compreender a identidade do educador como um profissional do ensino, assim como a sua representação no contexto social;
· refletir sobre a representatividade do educador na perspectiva de uma sociedade dinâmica e polivalente;
· identificar a representação do aluno, tendo por base o vínculo afetivo;
· entender que a representação social do aluno contribui positivamente no cotidiano escolar;
· perceber os benefícios que partem dos princípios de ensinar e aprender como ícones estruturadores da prática educativa;
· refletir sobre a transformação da escola no mundo contemporâneo;
· conhecer as reais necessidades de transformação da escola que queremos.
O(a) professor(a) do século XXI precisa estar preparado(a) para atuar com a superação do distanciamento entre os diversos campos de conhecimento. Para isso, a interdisciplinaridade se apresenta como uma metodologia que possibilita o desenvolvimento de um trabalho de integração de uma disciplina com outras áreas de conhecimento.
Considerando que a interdisciplinaridade oferece uma nova postura diante do conhecimento, rompendo com os limites das disciplinas, escolha duas áreas do conhecimento diferentes, por exemplo: Matemática e Geografia; Biologia e Filosofia; Matemática e Língua Portuguesa; dentre outras, e crie uma proposta interdisciplinar para ser trabalhada comalunos do Ensino Fundamental.
É importante informar o ano em que a proposta será aplicada e a metodologia, se será um projeto, uma apresentação, um registro etc.
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