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CABANAGEM

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AS RVOLTAS REGENCIAIS (1831-1840)
O processo de formação política nacional do país no período regencial foi marcada por uma série de revoltas. Cada um desses movimentos foi formado por diversos grupos sociais que lutavam por diferentes interesses, mas todos estavam insatisfeitos com a situação econômica e social do Brasil.
CABANAGEM /PARÁ (1835-1840)
A Cabanagem (1835 – 1840), também denominada como Guerra dos Cabanos, foi uma revolta de cunho social ocorrida na então Província do Grão-Pará, no Brasil. Entre as causas dessa revolta citam-se a extrema miséria do povo paraense e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil.
A denominação Cabanagem remete ao tipo de habitação da população ribeirinha mais pobre, formada principalmente por mestiços, escravos libertos e índios. A elite fazendeira do Grão-Pará, embora morasse muito melhor, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste.
Antecedentes: Durante a Independência, o Grão-Pará se mobilizou para expulsar as forças reacionárias que pretendiam reintegrar o Brasil a Portugal. Nessa luta, que se arrastou por vários anos, destacaram-se as figuras do cônego e jornalista João Gonçalves Batista Campos, dos irmãos Vinagre e do fazendeiro Félix Antônio Clemente Malcher. Formaram-se diversos mocambos de escravos foragidos e eram freqüentes as rebeliões militares. Terminada a luta pela independência e instalado o governo provincial, os líderes locais foram marginalizados do poder. Em julho de 1831, estourou uma rebelião na guarnição militar de Belém do Pará, tendo Batista Campos sido preso como uma das lideranças implicadas. A indignação do povo cresceu, e em 1833 já se falava em criar uma federação. O governador da Província, Bernardo Lobo de Souza, não só deixava de tomar as medidas para melhorar a vida da população como desencadeou uma política altamente repressora, na tentativa de conter os inconformados. O clímax foi atingido em 1834, quando Batista Campos publicou uma carta do bispo do Pará, Romualdo de Sousa Coelho, criticando alguns políticos da província. Por não ter sido autorizada pelo governo da Província, o cônego foi perseguido, refugiando-se na fazenda de seu amigo Clemente Malcher. Se reunindo aos irmãos Vinagre (Manuel, Francisco Pedro e Antônio) e ao seringueiro e jornalista Eduardo Angelim, reuniram um contingente de rebeldes na fazenda de Malcher. Antes de serem atacados por tropas governistas, abandonaram a fazenda. Contudo, no dia 3 de novembro, as tropas conseguiram matar Manuel Vinagre e prender Malcher e outros rebeldes.
Batista Campos morreu no último dia do ano (31 de dezembro de 1834), existem duas versões sobre seu falecimento. Uma que indica morte provocada por uma infecção causada por um corte que sofreu ao fazer a barba e a outra provocada por ferimentos a bala no momento em que a fazenda onde estavam refugiada foi atacada e incendiada a mando das autoridades provinciais.
O movimento: Na noite de 6 de Janeiro de 1835 os rebeldes atacaram e conquistaram a cidade de Belém, assassinando o presidente Sousa Lobo e o Comandante das Armas, e apoderando-se de uma grande quantidade de material bélico. No dia 7, Clemente Malcher foi libertado e escolhido como presidente da Província e Francisco Vinagre para Comandante das Armas. O governo cabano não durou por muito tempo, pois enquanto Malcher, com o apoio das classes dominantes pretendia manter a província unida ao Império, Francisco Vinagre, Angelim e os cabanos pretendiam se separar. O rompimento aconteceu quando Malcher mandou prender Angelim. As tropas dos dois lados entraram em conflito, saindo vitoriosas as de Francisco Vinagre. Clemente Malcher, assassinado, teve o seu cadáver arrastado pelas ruas de Belém. Agora na presidência e no Comando das Armas da Província, Francisco Vinagre não se manteve fiel aos cabanos. Se não fosse a intervenção de seu irmão Antônio, teria entregue o governo ao poder imperial, na pessoa do marechal Manuel Jorge Rodrigues (julho de 1835). Devido à sua fraqueza e ao reforço de uma esquadra comandada pelo almirante inglês Taylor, os cabanos foram derrotados e se retiraram para o interior. Reorganizando suas forças, os cabanos atacaram Belém, em 14 de agosto. Após nove dias de batalha, mesmo com a morte de Antônio Vinagre, os cabanos retomaram a capital. Eduardo Angelim assumiu a presidência. Durante 10 meses, a elite se viu atemorizada pelo controle cabano sobre a Província do Grão-Pará. A falta de um projeto com medidas concretas para a consolidação do governo rebelde provocou seu enfraquecimento. Em março de 1836, o brigadeiro José de Sousa Soares Andréia foi nomeado para presidente da Província. A sua primeira providência foi a de atacar novamente a capital (abril de 1836), em função do que os cabanos resolveram abandonar a capital para resistir no interior. As forças navais sob o comando de Grenfell bloquearam Belém e, no dia 10 de maio, Angelim deixou a Capital, sendo detido logo em seguida. Entretanto, ao contrário do que Soares Andréia imaginou, a resistência não terminou com a detenção de Angelim. Durante três anos, os cabanos resistiram no interior da província, mas aos poucos, foram sendo derrotados. Ela só cederia com a decretação de anistia aos revoltosos (1839). Em 1840 o último foco rebelde, sob liderança de Gonçalo Jorge de Magalhães, se rendeu. Calcula-se que de 30% a 40% de uma população estimada de 100 mil habitantes foi dizimada.
O movimento radical que explodiu na província do Grão-Pará, no ano de 1835, possuiu diversos significados e motivações. Aquela ideia de uma cabanagem revolucionária e puramente popular (geralmente feita por mamelucos e indígenas) hoje perde espaço para a descoberta de outras informações que nos apontam para um caminho diferente. A Cabanagem que hoje nos apresenta aos olhos, jamais foi totalmente popular e/ou indígena, mas, um movimento marcado pela diversidade de participantes e de propostas políticas.
Como evento múltiplo, “cabanagens” seria a palavra mais apropriada para analisar esse rico e complexo movimento político-social que conseguiu tomar o poder provincial das mãos do então Presidente da Província, Bernardo Lobo de Souza, nomeado pelo governo imperial.
Fase inicial e os grupos sociais que lideravam: Em primeiro plano, estavam à frente do movimento – devido às diversas negociações com a massa dos empobrecidos – uma “elite” política paraense formada por proprietários de terras e de escravos, homens remediados e letrados da província que tentaram assumir os postos políticos e cargos públicos do governo. Podemos dizer, portanto, que são esses ricos homens de famílias tradicionais que assumem o poder no dia 7 de janeiro, dia da eclosão do movimento e passam a direcionar suas ações contra o governo imperial. Para eles era a questão política que estava em primeiro lugar.
Causas populares: Nesse lance do movimento, a questão fundamental era o acesso à cidadania como melhoria social. Cidadania essa que, em muitas situações, foi interpretada pelos pretos escravos e forros como um canal para abolir a escravidão. Tínhamos também os homens livres, pequenos e médios comerciantes, artesãos, ambulantes, lavradores, pescadores, trabalhadores urbanos, enfim homens que viviam em grande dificuldade devido ao grande monopólio que os portugueses exerciam sobre a distribuição e venda de alimentos (principalmente a carne verde), gerando com isso o aumento da pobreza dessa gente. Em outro plano do movimento também participaram homens de cor, pardos e negros, livres, libertos e escravos que passaram a engendrar o movimento em suas experiências cravadas no mundo da desigualdade escravocrata. Aí temos uma diversidade não somente étnica, mas sobretudo social, que estava empurrando essas “massas” enraivecidas de encontro às estruturas que o processo de independência não conseguira concretizar.
Líderes e repressão do movimento: Essa “ralé” como as elites os chamavam, foi duramente reprimida pelos seus própriosgovernos (Clemente Malcher, Francisco Vinagre e Eduardo Angelim) que, logicamente não compartilhavam das propostas da cabanagem “de baixo” (camada popular).
Repressão: Em abril de 1836, a regência enviou uma poderosa esquadra com o novo presidente, o brigadeiro Francisco José de Souza Soares de Andréia. Assim foi desencadeada uma violenta repressão, onde houve aproximadamente 30 mil mortos.
Significado do movimento: A Cabanagem envolveu diversos movimentos sociais, políticos e principalmente questões sobre relações de trabalho. Onde se destacaram diversificados grupos sociais, que possuíram interesses diferentes dentro dos Movimentos Cabanos. Este painel demonstra os diferentes partidos que participaram do processo de formação do Estado Nacional Brasileiro. (Do 1º ao 2º Reinado).
QUESTÕES BÔNUS...
1. “Apesar de ser associada à participação popular - em especial, de indígenas, camponeses e ex-escravos - as revoltas também envolveram membros da elite, e têm seus antecedentes marcados pela resistência à Independência do Brasil, em 1822, e pela recusa ao reinado de Dom Pedro I por parte da Província de Belém do Grão-Pará -- atuais estados do Pará, Maranhão e Tocantins. Dessas tensões surge a aliança entre o povo e as elites em um dos maiores movimentos vividos pelo povo paraense.” (Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/01/08/cabanagem-movimento-paraense-completa-185-anos)
Num sentido amplo, define-se a Cabanagem como:
a) levantes populares no período regencial organizados por lideranças oligárquicas e/ou por clãs rebeldes formados por caboclos, escravos, negros livres, dentre outros, que se opunham à dominação socioeconômica portuguesa na Amazônia.
b) o levante que se iniciou com a tomada do governo provincial em Belém em 1835 e que se encerrou com a deposição e captura de Eduardo Angelim pelas forças legalistas imperiais do comandante Soares de Andréa.
c) variedade de motins políticos espalhados pela Província do Pará, que se iniciaram com a Revolução Liberal do Porto em 1821 e se concluíram com a anistia aos cabanos fugitivos concedida pelo Império em 1840.
d) verdadeira revolução paraense de caráter socialista, que instituiu um regime de democracia do proletariado, invertendo as relações de poder político e dominação econômica na Província do Pará.
e) uma luta independentista, que objetivava garantir a emancipação do Pará em relação ao Império Brasileiro. Exemplo disso foram as eleições de governantes cabanos para a Presidência da Província.
2. “No dia 6 de janeiro de 1835, ocorreu a tomada da cidade de Belém e, no dia seguinte foi instituído o governo cabano, que duraria até 19 de fevereiro.” (Fonte: Catarina Barbosa (PA), Brasil de Fato, Belém (PA), 2020)
A Cabanagem foi uma importante revolta provincial ocorrida durante o período regencial, entre os anos de 1835 e 1840. A Cabanagem,
a) ocorreu devido à crise na produção alimentos, fato que levou enorme fome à Província do Pará.
b) foi uma disputa entre as elites políticas da Província do Pará abriu espaço para que as camadas excluídas da sociedade se revoltassem e atacassem estrangeiros, legalistas e maçons.
c) surgiu no Pará após a derrota dos Cabanos em Pernambuco.
d) constituiu-se em uma revolta de escravos contra os maus-tratos sofridos, e os inúmeros quilombos surgidos no interior da província serviram de apoio a eles.
e) deveu-se inteiramente as disputas políticas travadas entre os membros do Partido Conservador e o Partido Liberal.
3. “No Grão-Pará, agitado desde a Revolução do Porto, ocorria a revolta dos cabanos – a Cabanagem – que se distinguiria dos demais movimentos do período pela amplitude que assumiu, chegando a dominar o governo da província por alguns anos.” (Ilmar Rohlof de Mattos, História do Brasil Império.)
A respeito da Cabanagem, assinale a afirmativa correta.
a) Os descendentes de índios não participavam de nenhuma forma de manifestação política e foram apenas utilizados nos conflitos entre os grandes fazendeiros.
b) A ordeira massa dos cabanos, sem qualquer experiência anterior em conflitos, foi usada pelas tropas do governo imperial contra os fazendeiros locais.
c) A Cabanagem foi o conflito em que os fazendeiros paraenses, reagindo às intervenções do Poder Moderador, exigiram a extinção do Conselho de Estado.
d) A Cabanagem foi um conflito social semelhante à Balaiada, em que a participação das forças oligárquicas foi sempre secundária.
e) O Ato Adicional deu grande poder à oligarquia dominante, provocando a reação armada da oligarquia oposicionista, que recorreu às lideranças radicais e atraiu para o conflito a massa cabana.

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